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A Autora

Marizélia Ribeiro de Souza

Mestre em Administração pela Universidade Federal de Goiás (2017). Especialista em


Gestão Pública pela Faculdade Brasileira de Educação e Cultura (2016). Graduada em
Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Goiás (2015) e em Administração
Pública pela Universidade Estadual de Goiás (2019). Atualmente é professora Auxiliar na
Faculdade Araguaia.

Contato: marizeliaribeiro@yahoo.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

V658p Vieira, Maria de Fátima


Planejamento estratégico / Maria de Fátima Vieira –
Goiânia: NUTEC, 2018.
79 p. - (Educação a distância Araguaia).

Possui bibliografia.

1. Planejamento Estratégico. 2. Níveis de planejamento.


3. Estratégia. 4. Avaliação de planejamento. I. Faculdade
Araguaia. II. Título.

CDU:
65.012.2(07)

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marta Claudino de


Moraes CRB-1928

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FACULDADE ARAGUAIA - FARA
1º Edição - 2019

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer
fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

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Apresentação

Caro discente, com as mudanças e modernidades que a tecnologia tem


trazido ao nosso mundo contemporâneo, disciplinas ou cursos na modalidade
Ensino à Distância (EAD) é uma realidade. Diante disso, a disciplina de
Administração Financeira I foi trabalhada para que possa auxiliá-lo numa formação
que envolva a temática, como é o caso das finanças, por exemplo.

Essa disciplina trabalhará assuntos relacionados às operações financeiras


das empresas, pois seu objetivo é apresentar uma visão panorâmica da Gestão
financeira empresarial na prática diária do futuro administrador. Dessa forma, vamos
procurar entender a dinâmica da linguagem financeira, reconhecer a relevância das
decisões financeiras para o sucesso da empresa, e, finalmente, saber o que
influencia as decisões financeiras no resultado da empresa, bem como o que
devemos e podemos esperar delas.

Desse modo, é objetivo dessa disciplina que, ao final, você seja capaz de:

1. Utilizar as técnicas e os instrumentos de analyses econômico-financeiro e


patrimonial nos aspectos decisórios.
2. Analisar a integração e modelagem financeira, bem como as ligações com
outras áreas da empresa.
3. Elaborar diagnósticos econômico-financeiros consistentes, centrados no
conhecimento da lógica de finanças.
Com o intuito de que o objetivo seja alcançado serão apresentadas cinco
unidades no decorrer do semestre, sendo a unidade I Os Fundamentos de
Finanças e o Sistema Financeiro Nacional, em que estudaremos a evolução e os
objetivos da Administração Financeira, o ambiente financeiro brasileiro, o sistema
financeiro nacional e os principais produtos do mercado financeiro. Na unidade II,
trataremos das Demonstrações Contábeis e Análises Financeiras, estudaremos
os índices de liquidez, índices de endividamento, índices de rentabilidade, índices de
atividade, análise vertical e horizontal. Na terceira unidade veremos Análise Custo-
Volume-Lucro, em que trataremos da diferenciação de custos e despesas, análise
do ponto de equilíbrio, break even point de um único produto, break even point de

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uma empresa. Na unidade IV discutiremos a Alavancagem Operacional e
Financeira, o conceito e como calcular o grau de cada uma delas. Na última
unidade o assunto abordado será sobre Educação Ambiental, Direitos Humanos
E Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira, Africana e Indígena e relacionar estes temas tão importantes a serem
postos para reflexão com a disciplina de Administração Financeira.

Sucesso a todos, e mãos à obra!

Atenciosamente,

A autora.

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SUMÁRIO

Apresentação............................................................................................................. 5

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS DE FINANÇAS E SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


.................................................................................................................................... 9
1.1. Evolução e Objetivos da Administração Financeira ................................. 9
1.2. Ambiente Financeiro Brasileiro ................................................................ 10
1.3. Sistema Financeiro Nacional e Principais Produtos do Mercado
Financeiro............................................................................................................. 11
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 15
ATIVIDADES ....................................................................................................................... 16

UNIDADE 2: DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E ANÁLISES FINANCEIRAS ...... 18


2.1. Entendendo as Demonstrações Contábeis Brasileiras .......................... 18
2.2. Índices de Liquidez .................................................................................... 25
2.2.1 Liquidez Corrente .................................................................................... 25
2.2.2 Liquidez Seca .......................................................................................... 26
2.2.3 Liquidez Imediata .................................................................................... 27
2.2.3 Liquidez Geral.......................................................................................... 27
2.3. Índices de Endividamento ......................................................................... 28
2.4. Índices de Rentabilidade e Lucratividade ................................................ 29
2.5. Índices de Atividade................................................................................... 31
2.6. Análise Vertical e Horizontal ..................................................................... 33
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 42
ATIVIDADES ....................................................................................................................... 44

UNIDADE 3: ANÁLISE CUSTO-VOLUME-LUCRO ................................................. 45


3.1. Diferenciação de Custos e Despesas ....................................................... 45
3.2. Análise do Ponto de Equilíbrio ................................................................. 47
3.3. Break-Even Point de um único produto ................................................... 51
3.4. Break-Even Point de uma empresa .......................................................... 54
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 57
ATIVIDADES ....................................................................................................................... 58

UNIDADE4: ALAVANCAGEM OPERACIONAL E FINANCEIRA ............................ 61


4.1. Conceito de Alavancagem Operacional ................................................... 61
4.2. Grau de Alavancagem Operacional .......................................................... 62
4.2.1 A relação da alavancagem operacional com os gastos fixos da empresa 63
4.2.2 A relação com o Ponto de Equilíbrio ......................................................... 64
4.3. Conceito de Alavancagem Financeira ...................................................... 66
4.4. Grau de Alavancagem Financeira ............................................................. 66
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 71
ATIVIDADES ....................................................................................................................... 72
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UNIDADE 5: EDUCAÇÃO AMBIENTAL, DIREITOS HUMANOS e EDUCAÇÃO
DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA
AFRO-BRASILEIRA, AFRICANA E INDÍGENA ....................................................... 73
5.1. Reflorestamento urbano, Consumo e sustentabilidade e geração de
resíduos ................................................................................................................ 73
5.2. Conquista da democracia, Consolidações da Lei de Trabalho e
Constituição Federal 1988 .................................................................................. 74
5.2.2 Consolidações da Lei de Trabalho ............................................................ 77
5.3. Educação das relações étnico-raciais e o ensino de história e cultura
afro-brasileira, Africana e Indígena .................................................................. 748
5.3.1 Tráfico negreiro e alforrias ...................................................................... 778
5.3.2 A sustentabilidade dos povos indígenas ................................................... 81
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 85
ATIVIDADES ....................................................................................................................... 86

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UNIDADE I - FUNDAMENTOS DE FINANÇAS E SISTEMA FINANCEIRO
NACIONAL

Em nosso dia a dia normalmente gerimos algo que tem relação com o dinheiro.
Pessoas físicas recebem salários e os utilizam para pagamento de contas, como,
por exemplo, água, luz, internet, dentre outros. As empresas vendem produtos e
serviços e também têm obrigações a cumprir, como aluguéis, impostos, salários e
outras obrigações e estas situações fazem parte da gestão de recursos financeiros.
Na presente apostila trabalharemos a Administração Financeira empresarial, o
exemplo dado com pessoas físicas é para que nos familiarizemos com o processo e
vejamos que lidamos cotidianamente com situações nesse segmento tal como uma
empresa. Nessa primeira unidade serão abordados a evolução e os objetivos da
Administração Financeira, o ambiente financeiro brasileiro, o sistema financeiro
nacional e os principais produtos do mercado financeiro.

1.1. Evolução e Objetivos da Administração Financeira

Devido às diversas mudanças no cenário mercadológico, novos fatores


determinantes do sucesso da empresa surgiram. Tal evolução vem exigindo dos
administradores rapidez e perspicácia na tomada de decisões frente a algumas
situações, e é nesse contexto que entra a administração financeira.

De acordo com Assaf Neto e Lima (2010), por exemplo, a Administração


Financeira pode ser definida como um campo de estudo teórico e prático com o
objetivo de captar e alocar recursos de maneira eficiente. Dessa forma, a
administração financeira está inserida tanto com a escassez, quanto com a
operacionalização e gestão financeira de recursos.

A administração financeira, segundo Gitman (2004), tem o objetivo de gerir os


recursos econômicos, analisar e planejar as atividades financeiras de
uma organização. Entre as principais funções estão: fazer orçamentos, previsões
financeiras, administração do caixa e do crédito, análise de investimentos e
captação de recursos que auxiliam para que o objetivo da organização seja
alcançado.

9
Kato (2012) ressalta que as funções do administrador financeiro podem ser
sintetizadas em: planejamento, execução, controle e análise das finanças, cujo
objetivo deve ser o alcance dos resultados econômicos e financeiros pretendidos
pela organização. Esse processo, de modo geral, consiste em coordenar, monitorar
e avaliar as atividades da empresa, por meio de relatórios financeiros e participação
ativa das decisões de investimento. Além destas funções, o administrador financeiro
é ainda responsável pela tomada de decisão de investimento, que consiste em
destinar recursos para aplicação em ativos circulantes (correntes) e não circulantes
(realizáveis a longo prazo e permanentes) considerando o risco e o retorno. É
responsável também pela tomada de decisão de financiamento, isto é, captar
recursos financeiros para financiar ativos correntes e não correntes, considerando
uma combinação de ativos de curto e longo prazo e a estrutura de capital
(HOJI,2010).

Planejar Decisões de Investimento

Administração Executar
Financeira
Controlar Garantir o melhor e mais
eficiente meio de captar e
Analisar alocar os recursos financeiros.

1.2. Ambiente Financeiro Brasileiro

A expansão econômica que vem ocorrendo a nível mundial requer que haja a
formação de uma poupança com o intuito de subsidiar os investimentos em setores
produtivos da economia. Diante disso, é evidente que se faz necessário um órgão
que regulamente e fiscalize o processo inerente a tais investimentos, por isso há o
Sistema Financeiro Nacional (SFN), pois uma empresa somente gera valor quando o
retorno daquilo que fora investido é maior que seu custo de oportunidade. (ASSAF
NETO, 2010).

Ainda segundo o autor:

10
Na realidade brasileira, as decisões financeiras em condições ideais de
equilíbrio são bastante prejudicadas pela persistente insuficiência de
recursos de longo prazo para as empresas. Basicamente, os recursos
oficiais são as grandes fontes de capital permanente e, mesmo assim, em
volume, bastante aquém das efetivas necessidades de mercado. As linhas
de crédito oficiais são limitadas e geralmente direcionadas a programas
específicos, atendendo a um número reduzido de empresas. As instituições
financeiras privadas, por seu lado, diante do próprio desequilíbrio da
economia, não conseguem captar poupança de longo prazo e,
conseqüentemente, suprir as necessidades de capital para investimento.

(ASSAF NETO, 2010, p. 24).

Sendo assim, a capacidade de crescimento das empresas brasileiras fica


prejudicada. Logo, é preciso buscar compreender como funciona todo o processo
para assim analisar os diferentes cenários que a empresa apresenta e tomar as
decisões necessárias.

1.3. Sistema Financeiro Nacional e Principais Produtos do Mercado


Financeiro

A estrutura do Sistema Financeiro Brasileiro está dividida em três grandes partes,


sendo a primeira a normativa, a segunda supervisora e a terceira operacional. O
Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão máximo do Sistema Financeiro
Nacional e normatiza o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional, além de
formular a política monetária da economia.

Os órgãos supervisores são: Banco Central do Brasil (BACEN), que tem como
função emitir moedas, receber compulsórios, autorizar, regular e fiscalizar as
instituições financeiras, controlar fluxo de capital estrangeiro; Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), quem autoriza, normatiza e fiscaliza o mercado de capitais,
coíbe fraudes e estimula a poupança em capital social de companhias negociadas
em bolsa; Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de
Capitais (ANBIMA), uma autorreguladora voluntária representante das entidades no
mercado; e, por fim, Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) que
autoriza, normatiza e fiscaliza o mercado de seguros.

Os órgãos operacionais do BACEN são os agentes especiais, as instituições


bancárias e as instituições não bancárias. Enquanto os órgãos operacionais
vinculados à CVM são a bolsa de valores, as corretoras de valores e as sociedades
11
anônimas de capital aberto. Diferentemente do BACEN e da CVM, a ANBIMA não
tem braço operacional. Os órgãos vinculados à SUSEP são as seguradoras, as
corretoras de seguros.

Normativo Conselho Monetário Nacional

Supervisor BACEN CVM ANBIMA SUSEP

Não Bolsa de Valores Seguradora


Operacional
Bancárias s
Agentes Especiais Corretora de valores Corretoras
de Seguros
Bancária SA de capital
s aberto Títulos de
Capitalização

Um produto financeiro é utilizado para trazer retorno ao investidor sobre o


valor que fora investido. Tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas podem
utilizar os produtos financeiros. Há muitas opções de produtos financeiros, nesta
seção serão apresentados os mais utilizados: caderneta de poupança, Certificado de
Depósito Bancário, Debêntures e títulos públicos.

A caderneta de poupança é considerada um dos investimentos mais


populares em nosso país, além de ser também a mais conservadora. É bastante
simples, há um baixo risco envolvido, é isento para pessoas físicas, pessoas
jurídicas são tributadas quando têm valores superiores a cinquenta mil reais. Por
outro lado, há a desvantagem da rentabilidade ser mensal, ou seja, caso haja
retirada de valores antes desse período haverá perda total da rentabilidade do
investimento que foi feito. Ademais, as oscilações da inflação podem causar um
ganho real muito baixo.

O Certificado de Depósito Bancário (CDB) diz respeito a um investimento de


renda fixa que pode ser pré-fixado ou pós-fixado. No caso do pré-fixado, você
quando da aplicação já conhece a taxa que irá render o montante investido, são

12
utilizadas a taxa referencial ou o Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
Quando o investimento é pós-fixado, normalmente é o percentual de um indexador,
o indexador mais comum é o CDI. A aplicação mínima e a liquidez dependerão da
instituição em que o investimento estará sendo feito.

Debênture é um título de crédito emitido pela empresa para se capitalizar,


desta forma o investidor está contribuindo para que esta empresa cresça, enquanto
os títulos públicos se tratam de um investimento de renda fixa que podem ser pré-
fixados e pós-fixados.

Fonte: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/titulos-da-divida-interna

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Resumo

Nesta primeira unidade vimos que a administração financeira tem como


objetivo gerir os recursos econômicos, analisar e planejar as atividades financeiras
de uma organização. É função de um administrador financeiro coordenar, monitorar
e avaliar as atividades da empresa, por meio de relatórios financeiros e participação
ativa das decisões de investimento. Além disso, entendemos que a capacidade de
crescimento das empresas brasileiras é prejudicada devido à insuficiência de
recursos de longo prazo.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão máximo do Sistema


Financeiro Nacional e normatiza o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional,
além de formular a política monetária da economia. Os órgãos supervisores são o
Banco Central do Brasil (BACEN), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a
Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais
(ANBIMA). Os órgãos operacionais são os agentes especiais, as instituições
bancárias, as instituições não bancárias, a bolsa de valores, as corretoras de
valores, as sociedades anônimas de capital aberto, as seguradoras e as corretoras
de seguros.

Um produto financeiro é utilizado para trazer retorno ao investidor sobre o


valor que fora investido. Os produtos financeiros mais utilizados são a caderneta de
poupança, o Certificado de Depósito Bancário, Debêntures e títulos públicos.

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Curiosidade

Você sabia que o estudo da Administração Financeira surgiu como um desdobramento da


crise de 1929?

Após a crise de 1929 os estudiosos voltaram à atenção para questões ligadas às


falências e concordatas, liquidez das empresas e regulamentação dos mercados de
títulos. Posteriormente, o leque foi ampliado, ou seja, foram incluídas questões teóricas
com o intuito de maximizar lucro e mais tarde foram incluídas questões como inflação,
diversificação de serviços financeiros, o uso de computadores e da internet e a
globalização dos negócios.

Link:

http://administracaograduacao.blogspot.com/2015/09/a-historia-da-evolucao-da-
administracao.html

Para pesquisar:

www.acionista.com.br
www.andima.com.br
www.bcb.gov.br

Fonte: Disponível em: http://www.ung.br/noticias/ung-divulga-aprovados-para-bolsa-de-


iniciacao-cientifica-20172. Acesso em: 30/01/2019.

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REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, Alexandre & LIMA, Fabiano Guasti. FUNDAMENTOS DE


ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. São Paulo: Atlas, 2010.

GITMAN, Lauwrence J. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. São


Paulo: Harbra, 2004.

HOJI, Masakazu. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA: Matemática


Financeira Aplicada, Estratégias Fin/anceiras, Orçamento Empresarial. 10ª edição.
São Paulo: Atlas, 2012.
KATO, Jerry. CURSO DE FINANÇAS EMPRESARIAIS: FUNDAMENTOS DA
GESTÃO FINANCEIRA EM EMPRESAS. São Paulo: M. Books, 2012.

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EXERCÍCIOS DA UNIDADE I

1. Vimos que há no conjunto de órgãos operacionais aqueles que são chamados de


especiais. Pesquise quais são eles e porque recebem esse nome.
2. Segundo Gitman (2004) o objetivo da administração financeira é:
a) Gerir os recursos econômicos, analisar e planejar as atividades financeiras de
uma organização.
b) Planejar, Executar, Controlar e analisar.
c) Consolidar o negócio cada vez mais e oferecer possibilidades de ampliações
e bons rendimentos.
d) Maximizar o valor de mercado do capital e auferir maiores lucros.
3. Pesquise outros tipos de produtos financeiros e dê uma breve explicação sobre cada
um dos produtos pesquisados.

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UNIDADE 2: DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E ANÁLISES FINANCEIRAS

Vimos, na unidade I, que estamos sempre lidando de alguma forma com


situações que envolvem finanças, atuando profissionalmente como um
administrador, essa realidade não será diferente. Para continuar nosso processo de
formação nesta disciplina, veremos na presente unidade conceitos e a prática de
como realizar alguns cálculos para entender e acompanhar a saúde financeira de
uma empresa e a partir disso realizar análises para a tomada de decisão. Veremos
as principais demonstrações contábeis brasileiras, os índices de liquidez, os índices
de endividamento, os índices de rentabilidade, índices de atividade e análise vertical
e horizontal.

2.1. Entendendo as Demonstrações Contábeis Brasileiras

Assaf Neto e Lima (2010) conceituam as demonstrações contábeis como “um


conjunto de informações apuradas e divulgadas pelas empresas, revelando os
vários resultados de seu desempenho em um exercício social”. Segundo os autores,
por meio das demonstrações contábeis, há diversas possibilidades de se conhecer a
situação em que a empresa se encontra.

Demonstrações contábeis também são conhecidas como relatórios contábeis


ou ainda demonstrações financeiras. Podemos dizer que tais demonstrações são
produtos do processamento dos dados contábeis. As principais demonstrações
contábeis são:
 Balanço patrimonial,
 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE),
 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e
 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC).

O balanço patrimonial é o relatório contábil mais importante e conhecido. A partir


dele é possível observar a situação financeira da empresa. A estrutura do balanço
patrimonial segundo a Lei de nº 11.941do ano de 2009 está apresentada na figura
abaixo:

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Figura 1 - Estrutura do Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

ATIVO NÃO CIRCULANTE Exigível a Longo Prazo

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Realizável a Longo Prazo Capital Social

Investimentos Reserva de Capital

Imobilizado Ajustes de Avaliação Patrimonial

Diferido Reserva de Lucros

Prejuízos Acumulados

TOTAL TOTAL

Fonte: Elaboração própria com dados da Lei nº 11.941

Os ativos dizem respeito ao conjunto de bens e direitos, enquanto o passivo


trata-se das dívidas, obrigações, riscos e contingências e, por fim, o patrimônio
líquido representa a diferença entre o Ativo e o Passivo do balanço patrimonial.

Essa é a estrutura básica do balanço patrimonial, ou seja, não está completo,


pois em cada uma das contas dentro do ativo circulante, como dito, há um conjunto
de bens e direitos distribuídos em caixa ou disponível, aplicações financeiras, contas
a receber no curto prazo, estoques dentre outros. Do mesmo modo, dentro do
passivo há os que compõem as obrigações.

As empresas de capital aberto apresentam seus balanços e


Demonstrações de Resultado por Exercício publicamente. Um canal bastante
utilizado na academia para acessar tais informações é o Instituto Assaf Neto. A título
de exemplo, abaixo é apresentado o balanço patrimonial da JBS do ano de 2014 a
2107.
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BALANÇO PATRIMONIAL JBS 2014 2015 2016 2017
ATIVO TOTAL
82.043.682 121.752.954 102.815.763 108.695.951
ATIVO CIRCULANTE
37.542.232 49.810.038 33.919.805 36.105.544
Disponibilidades
8.368.528 10.776.155 5.608.922 5.884.806
Aplicações Financeiras
6.541.899 8.067.833 3.746.700 5.856.502
Valores a Receber
9.577.548 12.119.662 9.589.185 9.333.291
Estoques
8.273.110 11.109.744 9.608.474 9.684.878
Outros Ativos Circulantes
4.781.147 7.736.644 5.366.524 5.346.067
ATIVO NÃO CIRCULANTE
44.501.450 71.942.916 68.895.958 72.590.407
Ativo Realizável a Longo Prazo
4.670.891 5.653.710 8.493.651 10.962.980
Ativo Permanente
39.830.559 66.289.206 60.402.307 61.627.427
Investimentos
295.350 354.134 362.627 64.006
Imobilizado
24.098.697 35.381.110 33.110.891 33.563.104
Intangível
15.436.512 30.553.962 26.928.789 28.000.317
PASSIVO TOTAL E PATRIMÔNIO 82.043.682 121.752.954 102.815.763 108.695.951
LÍQUIDO
PASSIVO CIRCULANTE 24.868.001 39.707.467 33.348.624 29.179.341
Obrigações Sociais e Trabalhistas 1.861.612 2.891.953 2.595.381 3.007.816
Fornecedores 6.942.933 12.421.018 10.716.987 9.992.778
Obrigações Fiscais 749.465 843.919 500.930 1.392.755
Empréstimos e Financiamentos 13.686.975 20.906.613 18.148.818 13.526.051
Outros Passivos de Curto Prazo 1.627.016 2.643.964 1.386.508 1.236.636
Provisões 0 0 0 0
Passivos sobre Ativos Não-Correntes 0 0 0 23.305
à Venda e Descontinuados
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 31.533.156 52.744.122 44.552.512 53.375.942
Passivo Exigível a Longo Prazo 31.533.156 52.744.122 44.552.512 53.375.942
Empréstimos e Financiamentos 26.392.165 44.976.113 38.111.596 43.498.600
Tributos Diferidos 2.839.966 4.310.495 3.828.080 3.697.195
Provisões de Longo Prazo 705.844 1.533.100 1.245.239 2.888.150
Outros Passivos de Longo Prazo 1.595.181 1.924.414 1.367.597 3.291.997
Passivos sobre Ativos Não- 0 0 0 0
Correntes à Venda e Descontinuados
Lucros e Receitas a Apropriar 0 0 0 0
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 25.642.525 29.301.365 24.914.627 26.140.668
Capital Social 21.506.247 23.576.206 23.576.206 23.576.206
Reservas de Capital -148.569 -791.230 -1.743.893 -289.295
Reservas de Reavaliação 87.877 81.066 73.516 67.906
Reservas de Lucros 4.261.815 4.756.937 5.045.937 2.277.205
Ajustes de Avaliação Patrimonial 101.658 205.576 197.069 8.023
Lucros/Prejuízos acumulados 0 0 0 0
Participação de acionistas não 1.768.702 1.592.135 1.143.302 1.853.056
controladores
Ajustes Acumulados de Conversão -1.935.205 -119.325 -3.377.510 -1.352.433
Outros Resultados 0 0 0 0
20
A Demonstração de Resultados por Exercício (DRE) se trata de um diagnóstico
contábil produzido em conjunto com o balanço patrimonial, onde são descritas as
operações realizadas pela empresa em um determinado período. Este diagnóstico
tem como objetivo demonstrar a formação do resultado líquido em um exercício por
meio do confronto das receitas, despesas e resultados apurados gerando
informações significativas para a tomada de decisão. Ademais, é possível verificar
se a empresa está com retorno lucrativo ou operando com prejuízo.

A Lei de nº 11.941/2009 no artigo 187 diz que:


Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:

I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os


abatimentos e os impostos;

II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e


serviços vendidos e o lucro bruto;

III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das


receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas
operacionais;

IV - o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras


despesas;

V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão


para o imposto;

VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e partes


beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições
ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se
caracterizem como despesa;

VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do


capital social.

§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:

a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da


sua realização em moeda; e

b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos,


correspondentes a essas receitas e rendimentos.

§ 2º), somente depois de realizado poderá ser computado como lucro para
efeito de distribuição de dividendos ou participações.

Adiante é apresentado o demonstrativo do Resultado do Exercício da


empresa JBS, dando continuidade ao assunto. Utilizaremos os dados do balanço
patrimonial e da DRE para calcularmos os índices presentes no tópico 2.2.

21
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO
EXERCÍCIO 2014 2015 2016 2017

(=) RECEITA DE VENDAS 120.469.719 162.914.526 170.380.526 163.169.981

(-) Custo dos bens e serviços vendidos (101.796.347) (140.324.213) (149.066.700) (139.397.749)

(=) RESULTADO BRUTO 18.673.372 22.590.313 21.313.826 23.772.232

(-) Despesas Operacionais (10.843.929) (13.411.016) (14.566.137) (17.025.150)

Despesas com Vendas (7.154.335) (9.377.895) (9.849.683) (8.861.996)

Despesas Gerais e Administrativas (3.330.042) (4.025.330) (4.861.262) (8.216.252)


Perdas pela Não Recuperabilidade de
Ativos - - - -

Outras Receitas Operacionais - - 192.797 559.702

Outras Despesas Operacionais (385.655) (66.726) (65.492) (525.234)

Resultado da Equivalência Patrimonial 26.103 58.935 17.503 18.630


(=) RESULTADO ANTES DOS JUROS E
NÃO OPERACIONAL 7.829.443 9.179.297 6.747.689 6.747.082

(+) Receitas Financeiras 5.575.202 19.457.464 4.477.128 1.986.857

(-) Despesas Financeiras (9.212.822) (20.758.080) (10.788.437) (7.582.183)


(=) RESULTADO OPERACIONAL ANTES
IR/CSSL E DEDUÇÕES 4.191.823 7.878.681 436.380 1.151.756

(-) Provisão para IR e CSLL (1.785.396) (2.750.034) 271.118 (126.287)


(=) RESULTADO LÍQUIDO DAS
OPERAÇÕES CONTINUADAS 2.406.427 5.128.647 707.498 1.025.469
(+) Resultado Líquido de Operações
Descontinuadas - - - -

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 2.406.427 5.128.647 707.498 1.025.469

As Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) consistem


num relatório contábil que apresenta as variações ocorridas nas contas que integram
o patrimônio líquido e tem por objetivo informar todas as transações. Logo, as contas
que o compõem são as que integram o patrimônio líquido. A DMPL passou a ser
obrigatória desde a publicação da resolução de nº 1.185 do ano de 2009,
substituindo as Demonstrações de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA).

A demonstração de fluxo de caixa (DFC) tornou-se obrigatória no Brasil a


partir da Lei de nº 11.638 do ano de 2007, com exceção de empresas de capital
fechado que tenham patrimônio líquido até dois milhões de reais. O objetivo principal
é apresentar informações acerca de pagamentos ou recebimentos, em dinheiro, de
uma empresa, ocorridos durante determinado período.

22
A DFC vai explicar a variação líquida de caixa, que é um dos principais
instrumentos do administrador financeiro, justamente o seu fluxo, que permite
monitorar os movimentos financeiros de entrada e saída, de maneira que estes
estejam sincronizados com as metas dos acionistas, como afirmam Lemes, Rigo e
Cherobim (2002).

Mas o que é fluxo de caixa? De maneira muito simples, pode-se dizer que o
fluxo de caixa é o instrumento que permite ao profissional planejar, organizar,
coordenar, dirigir e controlar as movimentações financeiras, de entrada e saídas de
recursos financeiros em um determinado período da empresa.

Segundo Gitman (2004), parte da importância do fluxo de caixa para o


administrador financeiro vai além de adquirir os ativos necessários para alcançar os
objetivos propostos, é o fluxo de caixa que garantirá que a empresa honre suas
obrigações pontualmente. Ainda segundo o autor, esse controle independe de lucro
ou prejuízo, dado que toda empresa deve ter um fluxo de caixa hábil para atender
seus compromissos no período determinado. Zdanowicz (1992) completa afirmando
que o controle de todo ativo é importante, pois deve considerar as metas
simultâneas da administração financeira: liquidez e rentabilidade.

LIQUIDEZ: um investimento líquido é aquele de fácil solvência, isto é, pode ser


trocado por moeda rapidamente.

RENTABILIDADE: um investimento é rentável quando se tem um alto retorno sobre


o capital investido.

O fluxo de caixa pode ser dividido em três tipos:

 Fluxo de caixa operacional: está relacionado com as entradas e saídas de caixa.


As entradas incluem, entre outros, o recebimento à vista de bens e serviços e contas
a receber. Já as saídas envolvem os pagamentos realizados a fornecedores, matéria
prima, salários, serviços, impostos, taxas, juros de empréstimos e financiamentos.
Pode-se dizer, ainda, que o fluxo de caixa operacional pode ser definido como o
lucro antes dos juros mais depreciação e subtraído os tributos. Se o fluxo de caixa
operacional for negative por muito tempo, significa que a empresa está com
23
problemas, dado que não está gerando caixa suficiente para pagar os custos
operacionais.
Fluxo de caixa de atividades operacionais

() Depreciação

() Tributos diferidos

() Variação de ativos e passives

() Contas a receber

() Estoques

() Fornecedores

() Despesas a pagar

() Outros

(=) Fluxo de caixa operacional

 Fluxo de caixa de financiamento: está diretamente relacionado com os


empréstimos e financiamentos. Incluem os recebimentos de empréstimos e demais
entradas de recursos financeiros. Já as saídas consideram os pagamentos de
dividendos, amortizações e bens adquiridos. Além disso, incluem variações no
capital próprio e na dívida.
Fluxo de caixa de financiamento

() Amortizações de dívidas de longo prazo

() Receitas de dívidas de longo prazo

() Variações nos empréstimos

() Dividendos

() Recompra de ações

() Receitas de novas ações

() Fluxo de caixa de atividades de financiamento

24
 Fluxo de caixa de investimento: referem-se aos investimentos relacionados quanto
ao aumento ou diminuição dos ativos de longo prazo utilizados na produção de bens
e serviços. Isto é, envolve os ativos imobilizados, bem como aquisições e vendas.
Fluxo de caixa de investimento

() Aquisições de ativos imobilizados

() Vendas de ativos imobilizados

() Fluxo de caixa de atividades de investimento

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA JBS 2014 2015 2016 2017


Caixa Líquido Atividades OPERACIONAIS 8.987.035 21.206.366 3.667.395 5.203.974
Caixa Líquido Atividades de INVESTIMENTO -4.276.845 -21.603.867 -3.539.397 -2.426.424
Caixa Líquido Atividades de FINANCIAMENTO 876.875 2.191.682 -8.096.847 -634.373
Dividendos e Juros sobre Capital Próprio 0 0 0 -1.102.158
Variação Cambial sobre Caixa e Equivalentes 310.215 2.139.380 -1.519.517 242.509
AUMENTO/REDUÇÃO CAIXA E EQUIVALENTES 5.897.280 3.933.561 -9.488.366 2.385.686
Saldo Inicial de Caixa e Equivalentes 9.013.147 14.910.427 18.843.988 9.355.622
Saldo Final de Caixa e Equivalentes 14.910.427 18.843.988 9.355.622 11.741.308

2.2. Índices de Liquidez

No ambiente financeiro liquidez é entendido como a facilidade, ou a velocidade,


que um bem pode ser convertido em dinheiro. Os índices de liquidez são divididos
em: liquidez corrente, liquidez seca, liquidez imediata e liquidez geral.

2.2.1 Liquidez Corrente

A liquidez corrente é dada pela razão entre o ativo circulante e o passivo


circulante e tem como principal objetivo medir a capacidade da empresa de cumprir
com suas obrigações de curto prazo. Ou seja, para calcular a liquidez corrente basta
dividir o ativo circulante pelo passivo circulante. Estas informações são fornecidas
pelo balanço patrimonial.

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

25
Assaf Neto e Lima (2010) destacam que quando essa razão é superior a 1,0 há
um capital de giro positivo, caso o resultado seja igual a 1,0 não há capital de giro e
no caso dessa razão ser menor que 1,0 há um capital de giro líquido negativo.

Exemplo: Utilizando o Balanço Patrimonial da JBS apresentado anteriormente, para


os dados do ano de 2014 temos a seguinte situação:

37.542.232
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒2014 =
24.868.001
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒2014 = 1,51

Como o resultado é maior que 1,0, significa que o capital de giro da empresa em
questão é positivo.

2.2.2 Liquidez Seca

No caso da liquidez seca haverá uma diferença da liquidez corrente, aqui será
retirado o estoque do ativo circulante. Segundo Gitman (2004, p.52):

O índice de liquidez seca assemelha-se ao de liquidez corrente, mas exclui


do cálculo o estoque, que costuma ser o menos líquido dos ativos
circulantes. A liquidez geralmente baixa do estoque resulta de dois fatores
principais: (1) muitos tipos de estoque não podem ser facilmente vendidos
porque são itens semi-acabados, itens de propósito especial e
assemelhados; e (2) o estoque costuma ser vendido a prazo, o que significa
que se torna uma conta a receber antes de se converter em caixa.

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠


𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑠𝑒𝑐𝑎 =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

Para calcular a liquidez seca é necessário subtrair a conta “estoques” do ativo


circulante e o que restar basta dividir pelo passivo circulante. Vale lembrar que estas
informações são fornecidas pelo balanço patrimonial.

Exemplo: Ainda utilizando o balanço patrimonial da empresa JBS.


37.542.232 − 8.273.110
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑠𝑒𝑐𝑎2014 =
24.868.001
29.269.122
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑠𝑒𝑐𝑎2014 =
24.868.001
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑠𝑒𝑐𝑎2014 = 1,18

26
A partir desse resultado é possível inferir que a cada R$ 1,00 de dívida circulante
a empresa possui R$ 1,18 de ativos monetários circulantes.

2.2.3 Liquidez Imediata

Como o nome sugere, esse índice mede o quanto a empresa possui em caixa
para liquidar obrigações de curto prazo, ou seja, esse índice representa a proporção
do passivo circulante que pode ser liquidado com o disponível (caixa ou equivalente
de caixa). Sua fórmula é apresentada abaixo:

𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝐼𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑡𝑎 =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

A partir da fórmula é possível notar que para se calcular esse índice é necessário
dividir a conta disponível pelo passivo circulante. É importante frisar que o
numerador, ou seja, a conta disponível recebe também os nomes de caixa ou
equivalentes de caixa. Ou ainda que essas contas podem ser apresentadas
separadamente e então nesse caso é necessário somar todas as contas que fazem
parte do disponível, tais como conta Banco, conta caixa.

Exemplo:

8.368.528
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝐼𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑡𝑎2014 =
24.868.001
8.368.528
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝐼𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑡𝑎2014 =
24.868.001
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝐼𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑡𝑎2014 = 0,336

A partir desse resultado pode-se afirmar que 33,6% das dívidas de curto prazo
podem ser liquidadas com o disponível.

2.2.4 Liquidez Geral

Esse índice vai medir a capacidade da empresa de cumprir com suas obrigações
tanto de curto quanto de longo prazo, por isso soma-se o realizável a longo prazo ao
ativo circulante no numerador e o exigível a longo prazo é somado ao passivo
circulante no denominador.

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧á𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝐿𝑜𝑔𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜


𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙 =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝐿𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜
27
37.542.232 + 4.670.891
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙2014 =
24.868.001 + 31.533.156
42.213.123
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙2014 =
56.401.157
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙2014 = 0,75
Para cada R$1,00 de dívida a JBS possui R$ 0,75 de ativos para conseguir saldá-la.

2.3. Índices de Endividamento

Para Gitman (2004 p. 117) o índice de endividamento “(...) mede a proporção dos
ativos totais da empresa financiada pelos credores”. Assaf Neto e Lima (2010)
destacam três tipos de índices de endividamento e estrutura. O primeiro é a relação
Capital de Terceiros (P) com Capital Próprio, que é obtido por:

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙𝑎𝐿𝑜𝑔𝑜𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜𝑑𝑒𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠𝑑𝑒𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 =
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

Importante: Exigível a longo Prazo é o mesmo que Passivo não Circulante!

24.868.001 + 31.533.156
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜𝑑𝑒𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠𝑑𝑒𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠2014 =
25.642.525
56.401.157
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜𝑑𝑒𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠𝑑𝑒𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠2014 =
25.642.525
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜𝑑𝑒𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠𝑑𝑒𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠2014 = 2,20

Logo, a cada R$1,00 de capital próprio a empresa possui R$ 2,20 de capital


de terceiros.
Outro índice é a relação de Capital de Terceiros com ativo total dada por:

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙𝑎𝐿𝑜𝑔𝑜𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑑𝑜 𝐸𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
24.868.001 + 31.533.156
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑑𝑜 𝐸𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜2014 =
82.315.588
56.401.157
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑑𝑜 𝐸𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜2014 =
82.315.588
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑑𝑜 𝐸𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜2014 = 0,69

28
Para cada R$ 1,00 investido nos ativos da JBS, R$ 0,69 provém de capital de
terceiros.
Por fim, há o imobilizado de Recursos Permanentes sendo calculado da
seguinte maneira:

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒
𝐼𝑚𝑜𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑠 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 = 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙𝑎𝐿𝑜𝑔𝑜𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜+𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

Importante: O Ativo Permanente é o somatório de investimento, do imobilizado e intangível.

39.830.559
𝐼𝑚𝑜𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑠 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠2014 =
31.533.156 + 25.642.525
39.830.559
𝐼𝑚𝑜𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑠 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠2014 =
57.175.681
𝐼𝑚𝑜𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑠 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠2014 = 0.70
Isso significa que ficam 30% para o ativo circulante.

2.4. Índices de Rentabilidade e Lucratividade

O Retorno Operacional dos Ativos (ROA) mede a capacidade da empresa de


gerar retorno com sua atividade fim, pois trata de uma relação entre o lucro
operacional e o ativo total. Quanto maior melhor.

É calculado por meio da fórmula:

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
𝑅𝑂𝐴 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
Importante: Lucro operacional é o lucro antes dos juros e dos impostos de renda (LAJIR).

4.191.823
𝑅𝑂𝐴2014 =
82.315.588
𝑅𝑂𝐴2014 = 0,05

Isso significa que em um ano o ativo retornou 0,05 vezes, ou seja, 5% do valor do
ativo.

O Retorno sobre o Investimento (ROI) indica o quanto está sendo obtido de


retorno em termos percentuais sobre o que fora investido.

Dado pela fórmula:


29
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 − 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜
𝑅𝑂𝐼 =
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜
120.469.719 − 101.796.347
𝑅𝑂𝐼2014 =
101.796.347
18.673.372
𝑅𝑂𝐼2014 =
101.796.347
𝑅𝑂𝐼2014 = 0,1834

Isso significa que no ano de 2014 o retorno sobre o que foi investido é de
18,34%.

O Retorno sobre o Patrimônio (ROE) mede o poder de ganho dos


proprietários, mede o quanto de retorno uma companhia é capaz de gerar com o
dinheiro que foi aplicado pelos acionistas (shareholders).

A fórmula empregada para calcular este índice é:

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑅𝑂𝐸 =
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

2.406.427
𝑅𝑂𝐸2014 =
25.642.525

𝑅𝑂𝐸2014 = 0,09

Os índices de lucratividade permitem analisar se os ganhos da empresa estão


trazendo lucratividade ou não e sua interpretação normalmente é quanto maior
melhor. A margem bruta é o índice de lucratividade que relaciona o lucro bruto com
a receita líquida (menos os descontos concedidos, devoluções de mercadorias e vendas
canceladas, no caso da JBS que não foi apresentada nada nesse sentido na DRE
consideraremos receita líquida = receita bruta), também chamada de “vendas“.

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑜
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎 =
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎
18.673.372
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎2014 =
120.469.719

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎2014 = 0,16


Para cada R$ 1,00 de vendas líquidas fica R$ 0,16 após a dedução do custo da
mercadoria vendida.

30
A margem operacional é o índice de lucratividade que relaciona o lucro
operacional com as vendas. O lucro operacional será dado pela diferença do lucro
bruto e as despesas operacionais mais as receitas operacionais.

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 =
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎
4.191.823
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 =
120.469.719

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 0,035


A margem líquida é o índice de lucratividade que relaciona o lucro líquido com
as vendas.
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 =
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎
2.406.427
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 =
𝟏𝟐𝟎. 𝟒𝟔𝟗. 𝟕𝟏𝟗

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 = 0,20

2.5. Índices de Atividade

Estes indicadores mostram os aspectos operacionais da atividade desenvolvida


pela empresa.

O Prazo médio de Estocagem diz respeito à quantidade de dias que o estoque


leva para ser renovado e, quanto menor for a razão, melhor.
Para calcular o prazo médio é usada a média aritmética simples, ou seja, soma-se o
período de interesse e divide pela quantidade de períodos.
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒1 + 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒2
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑀é𝑑𝑖𝑜 =
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜𝑠
8.273.110 + 11.109.744
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑀é𝑑𝑖𝑜 =
2
19.382.854
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑀é𝑑𝑖𝑜 =
2
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑀é𝑑𝑖𝑜 = 9.691.427
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑀é𝑑𝑖𝑜
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝐸𝑠𝑡𝑜𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 (𝑃𝑀𝐸) = *360
Custo do Produto Vendido
9.691.427
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝐸𝑠𝑡𝑜𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 (𝑃𝑀𝐸) = *360
101.796.347

𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝐸𝑠𝑡𝑜𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 (𝑃𝑀𝐸) = 0,095*360

31
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝐸𝑠𝑡𝑜𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 (𝑃𝑀𝐸) = 34,2
O Prazo médio de estocagem é de 34 dias, ou seja, um produto fica no
estoque por 34 dias entre o recebimento do mesmo pelo fornecedor até ser retirado
pelo comprador.
O giro dos estoques corresponde à quantidade de vezes que o estoque é
renovado. É calculado da seguinte forma:

360
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 =
𝑃𝑀𝐸
360
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 =
34
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 = 10
Sendo assim, podemos concluir que o estoque da empresa analisada girou 10
vezes no período de um ano.
O prazo médio de pagamento a fornecedores (PMPF), como o próprio nome
sugere, corresponde ao tempo que se tem para pagar uma obrigação. Nesse caso,
quanto maior o resultado da razão, melhor para a empresa, pois indica que o prazo
para pagamento da empresa é grande. Isso porque a empresa consegue trabalhar
com o disponível de forma a ter mais lucratividade, por exemplo, com um simples
investimento em fundos de renda fixa.

Neste índice é necessário fazermos uma aproximação do valor real de


compras anuais a prazo, ou simplesmente compras. Para tanto, é necessário três
variáveis: o custo das vendas, fornecedor do ano anterior e fornecedor do ano atual.

𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 − (𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 + 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑛𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 )

Logo as compras a prazo da empresa JBS será:

𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 − (𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 + 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑛𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 )

𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 = 140.324.213 − (8.273.1102014 + 11.109.7442015 )

𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 = 120.941.359

Substituindo os valores na fórmula do prazo médio de pagamento a fornecedores,


temos:
𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑑𝑒𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠(𝑃𝑀𝑃𝐹) = ∗ 360
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠
32
12.421.018
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑑𝑒𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠(𝑃𝑀𝑃𝐹) = ∗ 360
120.941.359
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑑𝑒𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠(𝑃𝑀𝑃𝐹) = 0,10
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑑𝑒𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠(𝑃𝑀𝑃𝐹) = 0,10 ∗ 360
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑑𝑒𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠(𝑃𝑀𝑃𝐹) = 36

Assim, constatamos que o prazo médio de pagamento aos fornecedores da


empresa é de 36 dias.
O prazo médio de cobrança (PMC) consiste no saldo médio das duplicatas a
receber dividido pelas vendas brutas menos as devoluções e abatimentos, o
resultado deve ser multiplicado por 360 e sua interpretação é quanto menor melhor.

Receita Bruta diz respeito ao total de bens ou serviços vendidos por uma empresa.

𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑎 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 (𝑚é𝑑𝑖𝑎)


𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝐶𝑜𝑏𝑟𝑎𝑛ç𝑎(𝑃𝑀𝐶) = ∗ 360
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎 − (𝑑𝑒𝑣𝑜𝑙𝑢çõ𝑒𝑠 𝑒 𝑎𝑏𝑎𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠)
9.577.548 + 12.119.662 (𝑚é𝑑𝑖𝑎)
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝐶𝑜𝑏𝑟𝑎𝑛ç𝑎(𝑃𝑀𝐶)2015 = ∗ 360
162.914.526
10.848.605
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝐶𝑜𝑏𝑟𝑎𝑛ç𝑎(𝑃𝑀𝐶)2015 = ∗ 360
162.914.526
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝐶𝑜𝑏𝑟𝑎𝑛ç𝑎(𝑃𝑀𝐶) = 0,067 ∗ 360
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝑀é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝐶𝑜𝑏𝑟𝑎𝑛ç𝑎(𝑃𝑀𝐶) = 24

Ou seja, o prazo médio de cobrança da empresa é de 24 dias.

2.6. Análise Vertical e Horizontal

A análise vertical apresenta quanto de participação relativa cada elemento do


balanço patrimonial ou da DRE representa dentro do total. Assaf Neto (2010, p.222)
define essa análise como um modo de “constituir identicamente um processo
comparativo, sendo desenvolvida por meio de comparações entre os valores afins”.

Para realizar o cálculo basta dividir os itens de forma individual pelo total do ativo,
quando a conta pertencer a este grupo, e pelo total do passivo quando o item
escolhido pertencer a este grupo e posteriormente transformar em porcentagem, ou
seja, multiplicar por 100.

Fórmula para a análise vertical do ativo:

33
𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎
𝐴𝑛á𝑙𝑖𝑠𝑒 𝑉𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 = ∗ 100
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

Exemplo: Utilizemos o ano de 2016 do balanço patrimonial da JBS para realizar a


análise vertical.
Onde AV leia-se análise vertical.
Consolidado 31/12/2016 AV
ATIVO 102.815.763 100%
ATIVO CIRCULANTE 33%
𝟑𝟑.𝟗𝟏𝟗.𝟖𝟎𝟓
33.919.805 ( ) ∗ 𝟏𝟎𝟎 = 𝟑𝟑%
𝟏𝟎𝟐.𝟖𝟏𝟓.𝟕𝟔𝟑
Caixa e equivalência caixa 5,5%
5.608.922
5.608.922 (102.815.763) ∗ 100 = 5,5%
Aplicações financeiras 3,7%
3.746.700
3.746.700 (102.815.763) ∗ 100 = 3,7%
Contas a receber no Curto Prazo 9,3%
9.589.185
9.589.185 (102.815.763) ∗ 100 = 9,3%
Estoques 9,4%
9.608.474
9.608.474 (102.815.763) ∗ 100 = 94%
Ativos Biológicos no Curto Prazo 2,5%
2.673.113
2.673.113 (102.815.763) ∗ 100 = 2,5%

Impostos a Recuperar 1,6%


1.677.791
1.677.791( )∗ 100 = 1,6%
102.815.763
Despesas pagas antecipadamente 0
Outros ativos circulantes 1,0%
1.015.620
1.015.620 ( )∗ 100 = 1,0%
102.815.763
ATIVO NÃO CIRCULANTE 67%
𝟔𝟖.𝟖𝟗𝟓.𝟗𝟓𝟖
68.895.958 (𝟏𝟎𝟐.𝟖𝟏𝟓.𝟕𝟔𝟑) ∗ 𝟏𝟎𝟎 = 𝟔𝟕%
Realizável no Longo Prazo 8,26%
8.493.651
8.493.651 (102.815.763) ∗ 100 = 8,26%
Investimentos 0,35%
362.627
362.627 (102.815.763) ∗ 100 = 0,35%
Imobilizado 32,20%
33.110.891
33.110.891 (102.815.763 ∗ 100) = 32,20%
Intangíveis líquidos 26,19%
26.928.789
26.928.789 (102.815.763) ∗ 100 = 26,19%

Para realizar o cálculo de cada conta foram substituídos pelos valores das contas
correspondentes:

34
5.608.922
𝐴𝑛á𝑙𝑖𝑠𝑒 𝑉𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑒 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 = ∗ 100
102.815.763
𝐴𝑛á𝑙𝑖𝑠𝑒 𝑉𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑒 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 = 5,5%
E assim foi feito em todas as contas que compõem o ativo, conta aplicações
financeiras, contas a receber no curto prazo, estoques, ativos biológicos no curto
prazo, impostos no curto prazo, impostos a recuperar, despesas pagas
antecipadamente, outros ativos circulantes, realizável no longo prazo, investimentos,
imobilizado, intangíveis líquidos.
Assim como é feita a análise vertical com as contas que compõem o ativo, da
mesma forma é realizada tal análise com as contas do passivo. Entretanto, neste
caso cada conta que compõe o passivo será dividida pelo passivo total, por meio da
fórmula abaixo:
𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎
𝐴𝑛á𝑙𝑖𝑠𝑒 𝑉𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 = ∗ 100
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
Exemplo utilizando o passivo do ano de 2016 do balanço patrimonial da JBS:

Consolidado 31/12/2016 AV
PASSIVO 77.901.136 100%
PASSIVO CIRCULANTE 42,80%
33.348.624
33.348.624 (
77.901.136
∗ 100) = 42,8%
Obrigações sociais e trabalhistas 3,33%
2.595.381
2.595.381 (
77.901.136
∗ 100) = 3,33%
Fornecedores no Curto Prazo 13,76%
10.716.987
10.716.987 (
77.901.136
∗ 100) = 13,76%
Impostos a pagar 0,6%
500.930
500.930 (
77.901.136
∗ 100) = 0,6%
Total empréstimos e financiamentos no 23,30%
Curto Prazo 18.148.818
18.148.818 (
77.901.136
∗ 100) = 23,30%
Outras obrigações no Curto Prazo 1,8%
1.386.508
1.386.508 (
77.901.136
∗ 100) = 1,8%
Provisões no Curto Prazo 0 0%
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 57,20%
44.552.512
44.552.512 (
77.901.136
) ∗ 100 = 57,20%
Total empréstimos e financiamentos no 48,93%
Longo Prazo 38.11.596
38.111.596 (
77.901.136
) ∗ 100 = 48,93%
Outras obrigações 1,75%
1.367.597
1.367.597 (
77.901.136
) ∗ 100 = 1,75%
Impostos Diferidos no Longo Prazo 4,91%
3.828.080
3.828.080 (
77.901.136
) ∗ 100 = 4,91%
Provisões no Longo Prazo 1,6%
1.245.239
1.245.239 (
77.901.136
) ∗ 100 = 1,6%

35
Para realizar a análise da DRE deverá ser considerado o valor da receita líquida. Desse
modo a fórmula será a seguinte:

𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎
𝐴𝑛á𝑙𝑖𝑠𝑒 𝑉𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜𝐷𝑅𝐸 = ∗ 100
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎

Análise Vertical da Demonstração do Resultado do Exercício JBS do Ano de 2014


Consolidado 31/12/2014 AV
Receita liquida operacional 120.469.719 100%
(-) Custo Produtos Vendidos 84,5%
101.796.347
101.796.347 (120.469.719) ∗ 100 = 84,5%
(=) Lucro Bruto 15,50%
18.673.372
18.673.372 (120.469.719) ∗ 100 = 15,5%
(-) Despesas operacionais 9%
10.843.929
10.843.929 (120.469.719) ∗ 100 = 9%
(=) Lucro antes de juros e impostos 6,5%
7.829.443
7.829.443 (120.469.719) ∗ 100 = 6,5%
(+/-) Resultado financeiro -3%
−3.637.620
-3.637.620 ( )∗ 1003,0%
120.469.719
(=) Lucro Antes do IR/CSSL 3,5%
4.191.823
4.191.823 ( ) ∗ 100 = 3,5%
120.469.719
(-) Imposto de renda e contribuição social 1,5%
1.785.396
1.785.396 (120.469.719) ∗ 100 = 1,5%
(=) Lucro Após IR/CSSL 2,0%
2.406.427
2.406.427 (120.469.719) ∗ 100 = 2,0%
(-) Participação dos acionistas minoritários 0,3%
370.517
370.517 (120.469.719) ∗ 100 = 0,3%
(=) Lucro líquido 1,7%
2.035.910
2.035.910 (120.469.719) ∗ 100 = 1,7%

As análises horizontais vão permitir que seja avaliada a evolução por item da
demonstração financeira realizada, ou seja, ela permite verificar a evolução da conta
ao longo de determinado período de tempo.

A fórmula para realizar o cálculo da análise horizontal é apresentada a seguir.


Importante destacar que ela é utilizada para calcular tanto o ativo, quanto o passivo
e a DRE.

36
Na coluna cálculo da análise horizontal foram substituídos os valores
correspondentes a cada conta na fórmula apresentada acima, em que valor da conta
atual corresponde aos valores apresentados no ano de 2015 (que diz respeito ao
valor da conta atual) e valor da conta anterior corresponde aos valores do balanço
do ano de 2014 (que diz respeito ao valor da conta anterior) e multiplicado por 100
para ser apresentado em porcentagem.

Por exemplo, a conta “Ativo Total”:

121.752.9542015
𝐴𝐻𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (( ) ∗ 100)
82.043.6822014

𝐴𝐻𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 48,4%

Na coluna AH significa Análise Horizontal.

Análise Horizontal do ATIVO (Balanço Patrimonial)

BALANÇO
PATRIMONIAL 2014 2015 Cálculo da análise horizontal AH
121.752.954
ATIVO TOTAL 82.043.682 121.752.954 (( 82.043.682 ) − 1) ∗ 100 = 48,4% 48,4%
ATIVO 49.810.038
CIRCULANTE 37.542.232 49.810.038 ((37.542.232) − 1) ∗ 100 = 32.7% 32,7%
10.776.155
Disponibilidades 8.368.528 10.776.155 (( 8.368.528 ) − 1) ∗ 100 = 28,8% 28,8%
Aplicações 8.067.833
Financeiras 6.541.899 8.067.833 (( ) − 1) ∗ 100 = 23,3% 23,3%
6.541.899
Valores a 12.119.662
Receber 9.577.548 12.119.662 (( ) − 1) ∗ 100 = 26,5% 26,5%
9.577.548
11.109.744
Estoques 8.273.110 11.109.744 (( 8.273.110 ) − 1) ∗ 100 = 34.3% 34,3%
Outros Ativos 7.736.644
Circulantes 4.781.147 7.736.644 ((4.781.147) − 1) ∗ 100 = 61,8% 61,8%
ATIVO NÃO 71.942.916
CIRCULANTE 44.501.450 71.942.916 ((44.501.450) − 1) ∗ 100 = 61,7% 61,7%
Ativo Realizável 5.653.710
a longo Prazo 4.670.891 5.653.710 (( ) − 1) ∗ 100 = 21,0% 21,0%
4.670.891
Ativo 66.289.206
Permanente 39.830.559 66.289.206 ((39.830.559) − 1) ∗ 100 = 66,4% 66,4%
354.134
Investimentos 295.350 354.134 ((295.350) − 1) ∗ 100 = 19,9% 19,9%
35.381.110
Imobilizado 24.098.697 35.381.110 ((24.098.697) − 1) ∗ 100 = 46,8% 46,8%
30.553.962
Intangível 15.436.512 30.553.962 ((15.436.512) − 1) ∗ 100 = 97,9% 97,9%

Da mesma forma que é realizada a análise horizontal com as contas que compõem
o ativo, é possível fazer com as contas que compõem o Passivo, o Patrimônio
Líquido e a DRE. Estas estão apresentadas a seguir:

37
Análise Horizontal do PASSIVO e do PATRIMÔNIO LÍQUIDO

BALANÇO PATRIMONIAL 2014 2015 Cálculo da análise horizontal AH

PASSIVO TOTAL E PATRIMÔNIO 121.752.954


LÍQUIDO 82.043.682 121.752.954 (( ) − 1) ∗ 100 = 48,4% 48,4%
82.043.682

39.707.467
PASSIVO CIRCULANTE 24.868.001 39.707.467 (( ) − 1) ∗ 100 = 59,7% 59,7%
24.868.001

Obrigações Sociais e 2.891.953


Trabalhistas 1.861.612 2.891.953 (( ) − 1) ∗ 100 = 55,3% 55,3%
1.942.933
(
12.421.018
Fornecedores 6.942.933 12.421.018 ( ) − 1) ∗ 100 = 78,9% 78,9%
6.942.933

843.919
Obrigações Fiscais 749.465 843.919 (( ) − 1) ∗ 100 = 12,6% 12,6%
749.465

20.906.613
Empréstimos e Financiamentos 13.686.975 20.906.613 (( ) − 1) ∗ 100 = 52,7% 52,7%
13.686.975

2.643.964
Outros Passivos de Curto Prazo 1.627.016 2.643.964 (( ) − 1) ∗ 100 = 62,5% 62,5%
1.627.016

52.744.122
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 31.533.156 52.744.122 (( ) − 1) ∗ 100 = 67,3% 67,3%
31.533.156

52.744.122
(( ) − 1) ∗ 100 = 67,3%
Passivo Exigível a longo Prazo 31.533.156 52.744.122 31.533.156 67,3%

Empréstimos e 44.976.113
(( ) − 1) ∗ 100 = 70,4%
Financiamentos 26.392.165 44.976.113 26.392.165 70,4%

4.310.495
(( ) − 1) ∗ 100 = 51,8%
Tributos Diferidos 2.839.966 4.310.495 2.839.966 51,8%

1.533.100
(( ) − 1) ∗ 100 = 117,2%
Provisões de Longo Prazo 705.844 1.533.100 705.844 117,2%

29.301.365
(( ) − 1) ∗ 100 = 14,3%
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 25.642.525 29.301.365 25.642.525 14,3%

23.576.206
(( ) − 1) ∗ 100 = 9,6%
Capital Social 21.506.247 23.576.206 21.506.247 9,6%

−791.230
(( ) − 1) ∗ 100 = 432,6%
Reservas de Capital -148.569 -791.230 −148.569 432,6%

81.066
(( ) − 1) ∗ 100 = −7,8%
Reservas de Reavaliação 87.877 81.066 87.877 (7,8)%

4.756.937
(( ) − 1) ∗ 100 = 11,6%
Reservas de Lucros 4.261.815 4.756.937 4.261.815 11,6%

205.576
(( ) − 1) ∗ 100 = 102,2%
Ajustes de Avaliação Patrimonial 101.658 205.576 101.658 102,2%

1.592.135
Participação de acionistas não (( ) − 1) ∗ 100 = 10,0%
controladores 1.768.702 1.592.135 1.768.702 (10,0)%

−119.325
Ajustes Acumulados de (( ) − 1) ∗ 100 = −93,8%
Conversão -1.935.205 -119.325 −1.935.205 (93,8)%

38
Análise Horizontal da DRE

DEMONSTRAÇÃO DO
RESULTADO DO Cálculo da Análise
EXERCÍCIO 2014 2015 Horizontal 100,0%

162.914.526
(( ) − 1) ∗ 100 = 35,2%
(=) RECEITA DE VENDAS 120.469.719 162.914.526 120.469.719 35,2%

(-) Custo dos bens e serviços 140.324.213


(( ) − 1) ∗ 100 = 37,8%
vendidos (101.796.347) (140.324.213) 101.796.347 37,8%
22.590.313
(=) RESULTADO BRUTO 18.673.372 22.590.313 (( ) − 1) ∗ 100 = 21,0% 21,0%
18.673.372

−13.411.016
(( ) − 1) ∗ 100 = 23,7%
(-) Despesas Operacionais (10.843.929) (13.411.016) −10.843.929 23,7%

−9.377.895
(( ) − 1) ∗ 100 = 31,1%
Despesas com Vendas (7.154.335) (9.377.895) −7.154.335 31,1%

Despesas Gerais e 4.025.330


(( ) − 1) ∗ 100 = 20,9%
Administrativas (3.330.042) (4.025.330) 3.330.042 20,9%
Perdas pela Não
Recuperabilidade de Ativos - - -
Outras Receitas
Operacionais - - -

Outras Despesas 66.726


(( ) − 1) ∗ 100 = −82,7%
Operacionais (385.655) (66.726) −385.655 (82,9)%

Resultado da 58.935
(( ) − 1) ∗ 100 = 125,8%
Equivalência Patrimonial 26.103 58.935 26.103 125,8%
(=) RESULTADO ANTES
DOS JUROS E NÃO 9.179.297
(( ) − 1) ∗ 100 = 17,2%
OPERACIONAL 7.829.443 9.179.297 7.829.443 17,2%

19.457.464
(( ) − 1) ∗ 100 = 250,0%
(+) Receitas Financeiras 5.575.202 19.457.464 5.575.202 250,0%

20.758.080
(( ) − 1) ∗ 100 = 125,3%
(-) Despesas Financeiras (9.212.822) (20.758.080) 9.212.822 125,3%

(=) RESULTADO ANTES 7.878.681


(( ) − 1) ∗ 100 = 88,0%
IR/CSSL E DEDUÇÕES 4.191.823 7.878.681 4.191.823 88,0%

2.750.034
(( ) − 1) ∗ 100 = 54,0%
(-) Provisão para IR e CSLL (1.785.396) (2.750.034) 1.785.396 54,0%
(=) RESULTADO LÍQUIDO
DAS OPERAÇÕES 5.128.647
(( ) − 1) ∗ 100 = 113,1%
CONTINUADAS 2.406.427 5.128.647 2.406.427 113,1%
(+) Resultado Líquido de
Operações Descontinuadas - - -

(=) RESULTADO LÍQUIDO 5.128.647


(( ) − 1) ∗ 100 = 113,1%
DO EXERCÍCIO 2.406.427 5.128.647 2.406.427 113,1%

39
Para pesquisar:

Com tantos índices assim, que tal pesquisarmos


em um dicionário financeiro o que significa e como
calcular cada um deles? Vamos lá!

Fonte da imagem: Disponível em:


https://queroficarrico.com/blog/wpcontent/uploads/2010/08/dicionario-finan%C3%A7as.jpg. Acesso
em: 27/01/2019.

Fonte imagem: Disponível em: https://www.treasy.com.br/blog/alavancagem-


financeira-operacional/. Acesso em 27/01/2019.

Saiba mais:

https://www.dicionariofinanceiro.com/indices-de-liquidez/

https://www.dicionariofinanceiro.com/balanco-patrimonial/

https://www.dicionariofinanceiro.com/patrimonio-liquido/

40
RESUMO
Nesta unidade aprendemos a calcular alguns índices que vão nos auxiliar no
processo de tomada de decisão. Vimos que as demonstrações contábeis são
conhecidas como relatórios contábeis ou ainda demonstrações financeiras e que as
principais demonstrações contábeis são balanço patrimonial, demonstração do
resultado do exercício (DRE), demonstração das mutações do patrimônio líquido
(DMPL) e demonstração do fluxo de caixa (DFC). Por fim, aprendemos como fazer
as análises verticais e horizontais, as diferenças entre elas e sua utilidade no
processo decisório.

41
REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, Alexandre & LIMA, Fabiano Guasti. FUNDAMENTOS DE


ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. São Paulo: Atlas, 2010.

_______. Lei nº 11.941 de 27 de maio de 2009. Conversão da Medida Provisória nº


449/08. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de
débitos tributários; concede remissão nos casos em que especifica; institui regime
tributário de transição, alterando o Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, as
Leis nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 8.218, de 29
de agosto de 1991, 9.249, de 26 de dezembro de 1995, 9.430, de 27 de dezembro
de 1996, 9.469, de 10 de julho de 1997, 9.532, de 10 de dezembro de 1997, 10.426,
de 24 de abril de 2002, 10.480, de 2 de julho de 2002, 10.522, de 19 de julho de
2002, 10.887, de 18 de junho de 2004, e 6.404, de 15 de dezembro de 1976, o
Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e as Leis nºs 8.981, de 20 de
janeiro de 1995, 10.925, de 23 de julho de 2004, 10.637, de 30 de dezembro de
2002, 10.833, de 29 de dezembro de 2003, 11.116, de 18 de maio de 2005, 11.732,
de 30 de junho de 2008, 10.260, de 12 de julho de 2001, 9.873, de 23 de novembro
de 1999, 11.171, de 2 de setembro de 2005, 11.345, de 14 de setembro de 2006;
prorroga a vigência da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995; revoga dispositivos
das Leis nºs 8.383, de 30 de dezembro de 1991, e 8.620, de 5 de janeiro de 1993,
do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, das Leis nºs 10.190, de 14 de
fevereiro de 2001, 9.718, de 27 de novembro de 1998, e 6.938, de 31 de agosto de
1981, 9.964, de 10 de abril de 2000, e, a partir da instalação do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais, os Decretos nºs 83.304, de 28 de março de
1979, e 89.892, de 2 de julho de 1984, e o art. 112 da Lei no 11.196, de 21 de
novembro de 2005; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil, Brasília, DF, 28 mai. 2009. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm > Acesso
em: 25 de janeiro. 2019.

GITMAN, Lauwrence J. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. São


Paulo: Harbra, 2004.

42
Instituto Assaf Neto. Análise financeira e de valor dos setores da economia brasileira
desde 2000. Disponível em: http://www.institutoassaf.com.br Acesso em: 26 de
janeiro de 2019.
LEMES, Antônio Barbosa. RIGO, Cláudio Miessa. CHEROBIM, Ana Paula
MussiSzabo. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA: PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E
PRÁTICAS BRASILEIRAS. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

ZDANOWICZ, José Eduardo. FLUXO DE CAIXA: UMA DECISÃO DE


PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIROS. Porto Alegre: Sagra, 1992.

43
EXERCÍCIOS UNIDADE II
1) Aqui foi apresentada a estrutura do balanço patrimonial segundo a Lei de nº 11.941
do ano de 2009. Entretanto, essa estrutura há algum tempo era regida pela Lei de nº
6.404 do ano de 1976, posteriormente pela Lei de nº 11.638 do ano de 2007.
Pesquise o porquê de essas mudanças terem ocorrido.

2) A título de exemplo foram calculados os índices da empresa JBS do ano de 2014.


Pede-se que sejam calculados os índices de liquidez, de endividamento, de
rentabilidade e de atividade dos anos de 2015, 2016 e 2017 da referida empresa.

3) Diferencie análise vertical e análise horizontal.

44
UNIDADE 3: ANÁLISE CUSTO-VOLUME-LUCRO

Na unidade anterior tomamos conhecimento de alguns índices e análises


realizadas que auxiliam o administrador financeiro no processo de tomada de
decisão. Nesta unidade veremos a diferença entre custo e despesa, definição de
break even point, ou ponto de equilíbrio, e os diferentes pontos de equilíbrio
utilizados. Aprenderemos também como calcular o ponto de equilíbrio para um
produto e para uma empresa. Vamos lá!

3.1. Diferenciação de Custos e Despesas

As empresas tendem a buscar cada vez mais a redução de desperdícios e o


aumento da lucratividade, como forma de se manterem ativas no mercado. Esse
comportamento faz com que as instituições busquem de forma progressiva a
aplicação e o uso de técnicas gerenciais que ajudem e auxiliem os gestores no
processo de tomada de decisão. Ter completo conhecimento sobre seus custos e
despesas pode subsidiar o momento de verificar o que está impedindo a geração de
lucros positivos pela organização.

Os custos de uma empresa estão diretamente ligados à atividade final da


empresa, ou seja, são todos os gastos envolvidos na produção de bens e serviços
de uma organização. Exemplos: matéria-prima utilizada na produção, gastos com
manutenção de máquinas, enérgica elétrica da área de produção, salário da equipe
de vendas ou funcionários envolvidos no processo produtivo.

Já as despesas são os gastos referentes à administração da empresa e que não


estão envolvidos com a parte de produção da instituição. Estes são gastos
necessários para que se mantenha a parte de estrutura organizacional em pleno
funcionamento. Exemplos: aluguel, salário do pessoal administrativo, marketing,
material de escritório, material de limpeza, entre outros.

Além dessa classificação, os custos e despesas ainda podem ser


subclassificações em fixos, variáveis, diretos, indiretos e mais. Ao longo desta seção
veremos mais alguns tipos e seus respectivos exemplos.

45
De acordo com Assaf Neto e Lima (2010), os custos e despesas fixos são os
gastos que não dependem do volume de produção e vendas em um determinado
período. São gastos cobrados todos os meses, que independem se a empresa teve
algum nível produção. Exemplo de despesa fixa é a água e de custo fixo é a mão de
obra que precisa ser paga.

Já os custos e despesas variáveis são os gastos que variam de acordo com a


produção e nível de vendas em determinado período. Estes acompanham o nível de
atividade da instituição, ou seja, quanto maior a produção/atividade, maiores serão
estes custos e despesas. Exemplo de custo e despesa variável pode ser um brinde
dado aos funcionários como prêmio por bom desempenho, fretes de entrega de
produto, gastos com combustível, embalagens, comissão de vendas e impostos.

Além disso, os custos podem ser vistos como diretos e indiretos. Os diretos são
aqueles onde é possível atribuir um valor facilmente, por exemplo, matéria prima e
mão de obra direta que é possível calcular o valor unitário com facilidade. Já o custo
indireto é aquele difícil de atribuir um valor para cada unidade produzida.
Imagem 1: Custos versus Despesas

Fonte: Disponível em: http://vivendocontabilidade.blogspot.com/2014/05/custos-x-despesas-


saiba-diferenca.html. Acesso em: 30/01/2019.
46
3.2. Análise do Ponto de Equilíbrio

Analisar o ponto de equilíbrio é o mesmo que realizar uma análise de custo


volume lucro, esta é utilizada com o intuito de conhecer o volume necessário das
atividades de uma empresa para cobrir todos os custos e despesas operacionais e
analisar o lucro associado a um determinado nível de vendas. Além disso, o conceito
de ponto de equilíbrio (break even point) está relacionado com a contabilidade,
economia e administração, ele funciona como um indicador de risco operacional dos
negócios, isso ocorre por que ele opera como uma margem de segurança para as
movimentações comerciais.

Imagem 2: Equilíbrio

Fonte: Disponível em: http://financeirobemestar.blogspot.com/. Acesso em: 30/01/2019.

De maneira geral, o mercado de um determinado produto ou de uma empresa


estará em equilíbrio quando a oferta e demanda por este bem forem iguais.

Ponto de equilíbrio: vendas (demanda) = produção (oferta)

47
Preço

Oferta

Ponto de Equilíbrio

Demanda

Quantidade
Quantidade de equilíbrio

Hoji (2000) corrobora afirmando que o ponto de equilíbrio ocorre quando o


número de unidades vendidas é suficiente para cobrir os custos variáveis e fixos da
empresa, de forma que não gere lucro ou prejuízo. Além do custo fixo e variável,
outro elemento que afeta o ponto de equilíbrio é a margem de contribuição, que
pode ser entendida como o quanto sobra das receitas para pagar os custos e
despesas fixos e gerar o lucro após deduzir todos os custos e despesas variáveis.
Sendo a margem de contribuição positiva é um sinalizador de possível lucro para a
empresa. Abaixo é apresentada como obter essa margem:

Margem de contribuição = preço de venda – (despesas variáveis + custos variáveis)

Além disso, a margem pode ser vista como uma porcentagem sobre as
vendas/receita. Para obter esse valor, divide a margem de contribuição pelo preço
de venda. É possível calcular a margem de contribuição em porcentagem e para
isso a seguinte fórmula é utilizada:

𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎 − (𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 + 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙)


𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% =
𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎
Exemplo: Sávia adquire calças jeans na cidade de Goiânia e as revende no interior
de Goiás. Sabe-se que o custo variável de Sávia foi de R$ 40,00, a despesa variável

48
foi de R$ 20,00, o preço de venda foi de R$ 100,00 e a quantidade vendida foram 30
unidades. A partir dessas informações foram calculadas as margens de contribuição
unitária e total dessa operação.

Na coluna “unitária” são apresentadas as informações contidas no exemplo,


em que a receita operacional corresponde ao preço de venda de uma calça, o custo
variável e a despesa variável e a partir disso são calculadas as margens de
contribuição absoluta e percentual.

Para calcular a margem de contribuição são substituídos os valores na


fórmula:

Margem de contribuição = preço de venda – (despesas variáveis + custos variáveis)


Margem de contribuição = 100 – (20 + 40)
Margem de contribuição = 100 – 60
Margem de contribuição = 40
O procedimento para calcular a margem de contribuição em percentual é o mesmo,
substituindo na fórmula:
𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎 − (𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 + 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙)
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% =
𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎
100 − (20 + 40)
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% =
100
100 − 60
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% =
100
40
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% =
100
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% = 0,4
Para apresentar o valor encontrado em percentual basta multiplicá-lo por 100:
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% = 0,4 ∗ 100
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% = 40%

Na coluna Total o procedimento é similar ao da coluna unitária. Entretanto,


são consideradas as quantidades vendidas. Logo, a receita operacional de uma
calça vendida (100) é multiplicada pela quantidade vendida (30), o que totaliza em
3.000 conforme apresentado na Tabela 1. Da mesma forma, ocorre com o custo
variável (40 * 30 = 1.200) e a receita variável (20 * 30 = 600). A margem de
contribuição e a margem de contribuição em percentual são calculadas seguindo os
49
mesmos passos para se calcular para a venda de uma calça, ou seja, basta
substituir os valores nas fórmulas:
Margem de contribuição = preço de venda – (despesas variáveis + custos variáveis)
Margem de contribuição = 3.000 – (1200 + 600)
Margem de contribuição = 3.000 – 1.800
Margem de contribuição = 1.200
E a margem de contribuição percentual é:
𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎 − (𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 + 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙)
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% =
𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎
3.000 − (1.200 + 600)
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% =
100
3.000 − 1.800
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% =
3.000
1.200
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% =
3.000
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% = 0,4
Para apresentar o valor encontrado em percentual basta multiplicá-lo por 100:
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% = 0,4 ∗ 100
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜% = 40%

Tabela 1 – Calculando a Margem de Contribuição Unitária


Unitária Total
(+) Receita Operacional 100,00 3000,00
(-) Custo Variável 40,00 1200,00
(-) Despesa variável 20,00 600,00
(=) Margem de contribuição 40,00 1.200,00
(=) Margem de contribuição % 40% 40%
Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

O ponto de equilíbrio pode ainda ser visto sob três óticas distintas:

Ponto de equilíbrio contábil (PEC): é o mais comum e tradicional para análise. Seu
cálculo leva em consideração todos os custos e despesas contábeis que fazem
parte do funcionamento da empresa.

50
Ponto de equilíbrio econômico (PEE): considera, além dos custos de
funcionamento da empresa, os custos de oportunidade referentes ao capital próprio,
dessa forma, existe uma visão de lucro mínimo aceitável pelo empresário.

Ponto de equilíbrio financeiro (PEF): considera os valores desembolsados pela


empresa para manter sua atividade, excluindo os valores que não representem
desembolso efetivo de recurso, como por exemplo, o valor de depreciação.

Suas respectivas equações são:

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠


𝑃𝐸𝐶 =
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑖𝑠

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜


𝑃𝐸𝐸 =
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑖𝑠

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 − 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑛ã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑜𝑙𝑠á𝑣𝑒𝑖𝑠


𝑃𝐸𝐹 =
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑖𝑠

Resumindo, o ponto de equilíbrio é uma ferramenta que fornece a informação do


nível de vendas no qual a empresa consegue honrar com suas obrigações e o ponto
onde ela irá começar a obter rendimento.

3.3. Break-Even Point de um único produto

Agora que já vimos as definições das diferentes maneiras de obter o ponto de


equilíbrio, vamos calcular o break even point de um único produto para o ponto de
equilíbrio contábil, econômico e financeiro. Para isso vamos considerar os dados
fictícios contidos na Tabela 2 abaixo e posteriormente substituir os valores contidos
na tabela nas fórmulas do ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro
respectivamente:

51
Tabela 2 – Calculando o ponto de equilíbrio de um único produto
Total

Receita Operacional R$ 60,00

Custo variável R$ 25,00

Despesas variáveis R$ 20,00

Margem de contribuição R$ 15,00

Margem de contribuição (%) 30%

Custo e despesas fixas R$ 6.000,00

Lucro bruto R$ 9.000,00

Depreciações R$ 1.500,00

Custo do capital próprio R$ 10.000,00

Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

Sabendo que os custos e despesas fixas são de R$ 6.000 e a margem de


contribuição é R$15,00 e esses são os dados necessários para calcular o ponto de
equilíbrio contábil, são substituídos na fórmula para se encontrar o ponto, ou a
quantidade de unidades necessárias para cobrir os custos e despesas fixos da
empresa.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠/𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠
𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜 𝐶𝑜𝑛𝑡á𝑏𝑖𝑙 =
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜
6.000
𝑃𝐸𝐶 =
15
𝑃𝐸𝐶 = 400

De acordo com o ponto de equilíbrio contábil é necessário vender 400 unidades


para cobrir todos os custos e despesas da empresa.

Para calcular o ponto de equilíbrio econômico, além dos custos e despesas fixas,
é considerado o custo do capital próprio, sendo essa a diferença entre este ponto de

52
equilíbrio e o contábil. Abaixo é calculado o ponto de equilíbrio econômico a partir da
fórmula que deve ser usada para este fim.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠/𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 + 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑑𝑜𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜
𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑑𝑒𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜𝐸𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑜 =
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚𝑑𝑒𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜
6.000 + 10.000
𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑑𝑒𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜𝐸𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑜 =
15.000

𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑑𝑒𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜𝐸𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑜 = 1,07

No ponto de equilíbrio econômico é levado em consideração o custo do


capital próprio.

No ponto de equilíbrio financeiro são subtraídas as variações não


desembolsáveis dos custos e despesas fixas. Um exemplo dessas variações é a
depreciação, sendo essa a diferença em relação ao ponto de equilíbrio contábil.

𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑑𝑒𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜
𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠/𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 − 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑛ã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑜𝑙𝑠á𝑣𝑒𝑖𝑠
=
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚𝑑𝑒𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜
6.000 − 1.500
𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑑𝑒𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 =
15
𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑑𝑒𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 = 300

Aqui a quantidade suficiente a ser vendida para pagar os custos e despesas é de


300 unidades.

Nota-se que há alterações nas quantidades que são necessárias vender para se
alcançar o ponto de equilíbrio, dependendo qual o tipo de break even point está
sendo considerado. Importante lembrar que o ponto de equilíbrio mais utilizado é o
contábil.

Todos os pontos de equilíbrio foram encontrados com relação à quantidade


unitária, o indicador ainda pode variar de acordo com o nível de vendas do período.
Sendo assim, na próxima seção veremos o mesmo exemplo, porém para os valores
totais de um período. Para tanto, serão consideradas mil unidades de um produto e
os valores de referência serão os apresentados na Tabela 2.

53
3.4. Break-Even Point de uma empresa

Utilizando o exemplo para um único produto vamos aplicar para quantidade de


vendas de 1000 unidades. Logo, a receita operacional é de R$ 60.000 obtida por
meio da multiplicação de preço de um único produto e a quantidade vendida (50 *
1000 = 60.000). O custo variável é obtido pelo custo de um único produto
multiplicado pela quantidade (25 * 1000 = 25.000) e da mesma forma a despesa
variável (20 * 1000 = 20.000). A margem de contribuição é a diferença entre receita
operacional e custo e despesa variável (50.000 – (20.000 + 15.000) = 15.000).

Tabela 3 – Calculando o ponto de equilíbrio de uma empresa


Total

Receita Operacional R$ 60.000,00

Custo variável R$ 25.000,00

Despesas variáveis R$ 20.000,00

Margem de contribuição R$ 15.000,00

Margem de contribuição (%) 30%

Custo e despesas fixas R$ 6.000,00

Lucro bruto R$ 9.000,00

Depreciações R$ 1.500,00

Custo do capital próprio R$ 10.000,00

Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

Agora com os valores totais de um período, considerando uma venda de 1000


unidades/mês, vamos encontrar os pontos de equilíbrio contábil, econômico e
financeiro utilizando o mesmo método empregado anteriormente para a venda de
um único produto.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠/𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠
𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜 𝐶𝑜𝑛𝑡á𝑏𝑖𝑙 =
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜
6.000
𝑃𝐸𝐶 =
15.000
𝑃𝐸𝐶 = 0,4

54
De acordo com o ponto de equilíbrio contábil é necessário obter um nível de
vendas de 0,4 sob a quantidade de vendas mensais (1000) para conseguir pagar
todos os custos e despesas da empresa. Essa quantidade equivale a 400 unidades
(0,4*1000). Ou seja, é necessário vender 40% da produção para atingir o ponto de
equilíbrio contábil.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠/𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 + 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑑𝑜𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜
𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑑𝑒𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜𝐸𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑜 =
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚𝑑𝑒𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜
6.000 + 10.000
𝑃𝐸𝐸 =
15.000
𝑃𝐸𝐸 = 1,06
A quantidade necessária para arcar com os custos e despesas corresponde ao
nível de 1,06 de vendas com relação às vendas mensais. Em termos percentuais
equivale a 106%, isso ocorre porque no ponto de equilíbrio econômico são
considerados os custos do capital próprio.

Por fim, vamos calcular o ponto de equilíbrio financeiro.

𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑑𝑒𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜
𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠/𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 − 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠𝑛ã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑜𝑙𝑠á𝑣𝑒𝑖𝑠
=
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚𝑑𝑒𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜
6.000 − 1.500
𝑃𝐸𝐹 =
15
𝑃𝐸𝐹 = 0,3

Um ponto de equilíbrio financeiro de 0,3 relacionado com um nível de vendas


de 1.000 unidades equivale dizer que a empresa precisa vender 300 unidades para
honrar com seus custos e despesas totais.

Se ao invés de usar o valor absoluto da margem o administrador financeiro


optar por usar o valor em porcentagem, o que mudará na análise é que, ao contrário
de obter o valor do ponto de equilíbrio em unidades, ele obterá em unidades
monetárias.

Por exemplo, o PEC foi de 0,4, que equivale dizer que a empresa precisa
vender 400 unidades (quantidade) para cumprir com suas obrigações. No cálculo foi
utilizada uma Margem de contribuição de 15.000. Agora se o analista opta por
utilizar o valor de 30% (0,3), então o PEC será de 20.000 unidades monetárias, ou
55
seja, o empresário precisa obter esse nível de vendas para conseguir arcar com
seus custos e despesas.

RESUMO

Nesta unidade foi esclarecida a diferença entre os principais custos e despesa


fixos e variáveis. O primeiro não possui relação com o nível de produção e venda da
empresa, enquanto o segundo está diretamente relacionado com esse volume. Em
seguida, foi visto que ponto de equilíbrio é o nível de produção/venda onde a
empresa não obtém lucro nem prejuízo, conseguindo apenas se responsabilizar
pelos custos e despesas básicos. Além disso, existem três tipos de pontos de
equilíbrio: o contábil, econômico e financeiro, sendo o contábil o mais comum e mais
visto em análises.

56
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre & LIMA, Fabiano Guasti. FUNDAMENTOS DE
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. São Paulo: Atlas, 2010.

HOJI, Masakazu. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA: Matemática


Financeira Aplicada, Estratégias Financeiras, Orçamento Empresarial. 10ª edição.
São Paulo: Atlas, 2012.

57
EXERCÍCIOS DA UNIDADE III

1) Complete a frase abaixo com a opção que melhor se encaixa:


________________ são fatores de produção independentes do nível de atividades
da empresa.
a) Custos variáveis
b) Despesas variáveis
c) Custos fixos
d) Despesas fixas
2) O(s) indicador(s) que varia(m) em função do volume produzido ou vendido é
(são):
a) Custo e despesa variável
b) Despesa variável
c) Custo variável
d) Despesa fixa
3) Suponha que uma determinada empresa de computadores possui as seguintes
informações:

Unitário

Receita Operacional R$ 700,00

Custos e despesas variáveis R$ 400,00

Margem de contribuição R$ 300,00

Margem de contribuição (%) 0,42%

Custo e despesas fixas R$ 310.000,00

Depreciações R$ 25.000,00

Custo do capital próprio R$ 50.000

Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

Qual o ponto de equilíbrio financeiro dessa empresa em unidades?


a) 800
b) 850
c) 900

58
d) 950
Qual o ponto de equilíbrio econômico da empresa em unidades?

a) 1000
b) 1150
c) 1250
d) 1200
4) De acordo com os dados a seguir, encontre o ponto de equilíbrio contábil em
unidades.
Custo variável unitário R$ 40,00

Custo fixo R$ 120.000,00

Margem de contribuição R$ 60,00

Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

a) 2.000
b) 2.150
c) 2.250
d) 1.200
5) Utilize os dados a seguir para responder o que se pede.
Uma determinada empresa, que produz 3 tipos distintos de produto, possui os
seguintes dados financeiros:

Produto A Produto B Produto C

Preço R$ 3.000,00 R$ 6.000,00 R$ 5.000,00

CustoVariável R$ 2.474,00 R$ 4.046,00 R$ 3.728,00

CustoFixo R$ 2.122,00 R$ 2.122,00 R$ 2.122,00

Participaçãonasvendas 21,43% 42,86% 35,71%

Depreciação R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00

Custo capital próprio R$ 1.100,00 R$ 1.100,00 R$ 1.100,00

Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

59
 Encontre o valor da margem de contribuição média e assinale a resposta correta.
a) 39,45%
b) 28,7%
c) 26,84%
d) 25,89%
 Qual o ponto de equilíbrio contábil?
a) R$ 7.906,11
b) R$ 8.111,00
c) R$ 7.800,09
d) R$ 8.087,15
 Qual o ponto de equilíbrio financeiro?
a) R$ 6.850,06
b) R$ 6.868,98
c) R$ 6.853,03
d) R$ 6.845,65
 Qual o ponto de equilíbrio econômico?
a) R$ 11.540,98
b) R$ 12.540,98
c) R$ 12.631,89
d) R$ 11.631,89

60
UNIDADE4: ALAVANCAGEM OPERACIONAL E FINANCEIRA

Agora que já sabemos calcular o ponto de equilíbrio e como ele pode auxiliar
no processo decisório, vamos nos aventurar em um novo assunto. Tratemos nesta
unidade de alavancagem operacional e financeira, seus conceitos, os diferentes
tipos e como calculá-las.

Imagem 3: Alavancagem

Fonte: Disponível em: http://academiadotrader.com/forex/alavancagem-forex-o-que-e-isso-como-


usar/. Acesso em: 30/01/2019.

4.1. Conceito de Alavancagem Operacional

Se consultarmos em um dicionário o significado da palavra alavancagem


veremos:

“Substantivo feminino Ação ou efeito de alavancar, de erguer ou levantar algo. Ato


de tornar mais favorável para o desenvolvimento de melhora, aprimoramento.” In:
MICHAELIS dicionário on-line.

Pode-se dizer então que alavancagem é uma forma de multiplicar uma força
exercida sobre outro objeto. Dito em termos financeiros, ao falar em alavancagem é
o mesmo que falar da utilização de recursos, instrumentos e oportunidades externas
com o objetivo de multiplicar um determinando resultado, ou seja, é um esforço para
obter mais ganhos.

De acordo com Gitman (2004) e Assaf Neto e Lima (2010), a alavancagem


operacional pode ser definida como a forma de uso potencial de custos operacionais
fixos para ampliar os efeitos de variações nas vendas sobre o lucro da empresa
antes dos juros e imposto de renda. Ou seja, é a variação do lucro operacional
61
resultante de uma alteração no volume de vendas (e de produção) da empresa.
Outra forma de descrever essa ferramenta é como uma forma de prever a variação
do lucro líquido a partir de um ponto no nível de vendas, isto é, é o grau de
sensibilidade do lucro em relação às variações percentuais (CHING, 2003).

4.2. Grau de Alavancagem Operacional

A fórmula a seguir permite encontrar o valor da alavancagem operacional ou grau


de alavancagem operacional (GAO):

Δ% Lucro
GAO =
Δ% Volume de vendas

Margem de contribuição
𝐺𝐴𝑂 =
𝐿𝐴𝐽𝐼𝑅

Exemplo 1: Suponha que Elaine, dona de uma loja de maquiagem, tenha as


seguintes informações financeiras sobre sua loja: preço unitário de R$10,00, custo
variável de R$5,00 e custos fixos de R$2.500,00. Além disso, a loja vende 1000
unidades/mês. Qual o seu grau de alavancagem?

Tabela 1 – Calculando o GAO da loja de maquiagem


Total

Receita (Preço * Quantidade) R$ 10.000,00

Custo fixo R$ 2.500,00

Custo variável (Custo Variável unitária * Quantidade) R$ 5.000,00

Custo total (soma do custo fixo e custo variável R$ 7.500,00

Margem de contribuição (Receita – custo variável) R$ 5.000,00

Lucro (antes juros e imposto de renda) R$ 2.500,00

Grau de alavancagem 2,0

Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

62
O grau de alavancagem da loja de maquiagem é de dois, isto significa dizer
que os lucros crescem duas vezes mais rápido do que de vendas. Para chegar
nesse valor foram substituídos os valores na fórmula.

Margem de contribuição
𝐺𝐴𝑂 =
𝐿𝐴𝐽𝐼𝑅

5.000
𝐺𝐴𝑂 =
2.500

𝐺𝐴𝑂 = 2

4.2.1 A relação da alavancagem operacional com os gastos fixos da empresa


Continuando com o exemplo 1. Agora, suponha que Elaine percebeu uma
alteração em seus custos, o custo variável reduziu para R$4,50 e o custo fixo
aumentou para R$ 3.000,00. Mantendo o restante das informações, qual o novo
grau de alavancagem de Elaine e qual impacto sobre seu negócio?

Tabela 2 – Calculando o GAO da loja de maquiagem com mudanças nos custos


Total

Receita (Preço * Quantidade) R$ 10.000,00

Custo fixo R$ 3.000,00

Custo variável (Custo Variável unitário * Quantidade) R$ 4.500,00

Custo total (Custo Fixo + Custo unitário) R$ 7.500,00

Margem de contribuição (Receita – custo variável) R$ 5.500,00

Lucro (antes juros e imposto de renda) R$ 2.500,00

Grau de alavancagem 2,2

Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

Margem de contribuição
𝐺𝐴𝑂 =
𝐿𝐴𝐽𝐼𝑅

5.500
𝐺𝐴𝑂 =
2.500

𝐺𝐴𝑂 = 2,2

63
Houve uma alteração de 2,0 para 2,2 no grau de alavancagem da loja. Com a
variação do custo fixo e do custo variável, temos que o lucro cresce 2,2 vezes mais
rápido do que as vendas. Dessa forma, é possível dizer que um custo fixo maior do
que um custo variável afeta positivamente o grau de alavancagem de uma empresa.

Comparando os dois valores de alavancagem, pode-se afirmar que, quanto


mais elevados os custos fixos de uma organização em relação aos seus custos
variáveis, maior será seu grau de alavancagem. E, quanto maior o grau de
alavancagem, mais rápido o lucro crescerá em relação às vendas.

Com o exemplo é possível observar de maneira mais clara à forma como os


custos fixos afetam a alavancagem operacional e como estes podem incorrer em
risco para o funcionamento da empresa. Além disso, o grau de alavancagem reflete
o comprometimento da organização em relação ao seu nível de produção e com isso
o grau de risco no que se refere à lucratividade da empresa, por isso, esse grau
deve ser bem analisado.

O exemplo nos permite ainda concluir que uma alta alavancagem operacional
é caracterizada por altos custos fixos e baixos custos variáveis. Isso implica que
pequenas mudanças no volume de vendas resultarão em grandes alterações nos
lucros.

4.2.2 A relação com o Ponto de Equilíbrio

Recapitulando, o ponto de equilíbrio é o volume de vendas necessário para


que uma empresa possa alcançar seu equilíbrio, nesse ponto o resultado final da
empresa não resulta em lucro ou prejuízo. E a alavancagem é uma forma de antever
a variação do lucro em relação às vendas.

Dessa forma, pode-se afirmar que existe uma relação entre esses dois
indicadores, ambos são de extrema importância para a gestão financeira e para
tomada de decisão. As duas ferramentas dependem dos custos e despesas de uma
organização e estes são fatores decisivos para a sobrevivência no mercado
competitivo. Além disso, é a partir destas informações que a empresa definirá ou
reavaliará suas metas quanto às vendas e faturamentos necessários para cobrir
gastos e também possibilitem lucro positivo.
64
Exemplo 2: utilizando os dados do exemplo 1 anterior.

Tabela 3 - Calculando o Ponto de Equilíbrio Contábil da loja de maquiagem


Situação A Situação B

Custo fixo R$ 2.500,00 R$ 3.000,00

Margem de contribuição R$ 5.000,00 R$ 5.500,00

Grau de alavancagem 2,0 2,2

Ponto de equilíbrio 0,5 0,6

Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

O ponto de equilíbrio apresentado é o contábil, que é calculado por meio da


divisão do custo fixo pela margem de contribuição.

O ponto de equilíbrio da situação A é 0,5 e esse valor é obtido da seguinte maneira:

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠


𝑃𝐸𝐶𝐴 =
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢çã𝑜
2.500
𝑃𝐸𝐶𝐴 =
5.000
𝑃𝐸𝐶𝐴 = 0,5
Da situação B é 0,6 e o cálculo é:

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠


𝑃𝐸𝐶𝐵 =
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢çã𝑜
3.000
𝑃𝐸𝐶𝐵 =
5.500
𝑃𝐸𝐶𝐵 = 0,545
𝑃𝐸𝐶𝐵 ≈ 6 (Aproximadamente 6)

Com um ponto de equilíbrio de 0,5, Elaine precisa obter um nível de vendas


de 0,5 para conseguir arcar com seus custos e despesas. Já com a alteração nos
custos fixos e variáveis, o ponto de equilíbrio é maior, 0,6, ou seja, em um nível de
vendas de 0,6 a loja consegue arcar com seus gastos essenciais e possuir lucro
nulo.

Comparando, os indicadores apontam que o impacto da alavancagem


operacional será reduzido na medida em que o crescimento das vendas estiver
acima do ponto de equilíbrio, resultando assim em um lucro maior.

65
4.3. Conceito de Alavancagem Financeira

Segundo Gitman (2004), alavancagem financeira ocorre quando a instituição


opta por utilizar na sua estrutura de capital um volume potencial de custos
financeiros fixos, como uma forma de aumentar o efeito sobre as variações do lucro
antes de juros e imposto de renda (LAJIR). Ou seja, a alavancagem financeira está
na forma como a empresa decide captar seus recursos para financiar seus
investimentos. Esta pode ser constituída por recursos de terceiros, como
debêntures, ações preferências e outros.

Esse meio de impulsionar e alcançar as metas estipuladas pela organização é


mais comumente utilizado para evitar que as operações sejam financiadas com o
próprio patrimônio da empresa. Essa estratégia tem a ver com a relação ente o
LAJIR e o valor do lucro por ação (LPA).

4.4. Grau de Alavancagem Financeira

O grau de alavancagem financeira (GAF) é o valor da alavancagem, que


determina a variação ocorrida no lucro antes dos juros e do imposto de renda
(LAJIR) decorrente de uma variação no lucro operacional. A equação a seguir
representa a forma de obter o GAF:
𝐿𝐴𝐽𝐼𝑅
𝐺𝐴𝐹 = 1
𝐿𝐴𝐼𝑅 − [𝐷𝑃 ∗ 1−𝐼𝑅]

ou

𝑅𝑂𝐸
𝐺𝐴𝐹 =
𝑅𝑂𝐴

Onde:

Lajir: Lucro antes dos Juros e do Imposto de Renda

Lair: Lucro antes do imposto de renda

DP: Dividendos Preferenciais

66
IR: Imposto de Renda

ROE: Retorno sobre o Patrimônio Líquido (Return on Equity)

ROA: Retorno sobre Ativos (Return on Assets)

Dada uma variação no lucro antes dos juros e do imposto de renda (ΔLAJIR),
ocorrerá uma variação no lucro por ação (ΔLPA), se essa variação for maior do que
a ΔLAJIR, então está ocorrendo alavancagem financeira. Outra forma de analisar a
alavancagem é:

Se GAF=1 a alavancagem financeira é nula.

Se GAF >1 a alavancagem financeira é positiva.

Se GAF <1 a alavancagem financeira é negativa.

67
Além disso, quanto maior for o grau de alavancagem, maior será o risco e o
nível de endividamento de uma empresa.

Exemplo 3: Dadas as seguintes informações:

Tabela 4 – Dados para calcular o lucro por ação e Grau de Alavancagem Financeira
Lucro R$ 30.000,00

Juros R$ 5.000,00

LAIR R$ 25.000,00

IR (30%) R$ 7.500,00

Lucro líquido R$ 17.500,00

Lucro disponível acionistas (DP) R$ 8.750,00

Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

Qual o grau de alavancagem da instituição?

A fórmula do GAF é Lucro por ação (LPA) divido por lucro antes dos juros e
imposto de renda (LAJIR). Como já temos o LAJIR, precisamos encontrar o lucro por
ação. A fórmula utilizada para calcular o LPA é:

LPA= LAIR – [DP * (1/ (1-IR))]

Substituindo os valores

LPA= 25.000 - [8.750 * (1/ (1-0,3))]


LPA= 25.000 - [8.750*(1/0,7)]
LPA= 25.000 - [8.750*(1,42)]
LPA= 25.000–12.500
LPA=12.500
Agora que achamos o valor de LPA, basta jogar na fórmula de GAF.
𝐿𝐴𝐽𝐼𝑅
𝐺𝐴𝐹 =
𝐿𝑃𝐴
30.000
𝐺𝐴𝐹 =
12.500
𝐺𝐴𝐹 = 2,4

68
Logo, esse grau de alavancagem é positivo, pois seu valor é superior a 1.

Exemplo 4: Considere as seguintes informações:

Tabela 5 – Dados para calcular o ROE, o ROA e o Grau de Alavancagem Financeira


Ativo R$ 43.070,00

Patrimônio líquido R$ 13.551,00

Lucro Operacional R$ 16.038,00

Exigível a longo prazo R$ 13.519,00

Lucro Líquido R$ 2.519,00

Fonte: Elaborado pela autora (dados fictícios).

Conforme visto na unidade 2, para calcular o ROE é necessário dividir o lucro líquido para o
patrimônio líquido.

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑅𝑂𝐸 =
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
2.519
𝑅𝑂𝐸 =
13.551
𝑅𝑂𝐸 = 0,19
Enquanto para calcular o ROA
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
𝑅𝑂𝐴 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
16.038
𝑅𝑂𝐴 =
47.070
𝑅𝑂𝐴 = 0,4

Desses dados podemos inferir que ROE =0,19 e o ROA =0,4. Portanto,

0,19
𝐺𝐴𝐹 =
0,4
𝐺𝐴𝐹 = 0,48

Conclui-se que o grau de alavancagem nesse caso é negativo, dado que seu valor é
inferior a 1.

69
RESUMO

Sintetizando o que foi visto nesta unidade, é possível conceituar


alavancagem operacional e financeira como uma forma de impulsionar os
investimentos, apesar de serem análogas, elas se diferem na forma de obter
incentivos financeiros para tais investimentos. O primeiro se baseia no uso de
custos operacionais fixos maiores (reduzindo o custo variável) para aumentar a
variação da venda sobre os lucros, porque dessa forma o custo unitário do produto
reduz. Já a segunda conta com o financiamento de capital de terceiros para apoiar
as novas ideias da empresa.

70
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre & LIMA, Fabiano Guasti. FUNDAMENTOS DE
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. São Paulo: Atlas, 2010.

GITMAN, Lauwrence J. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. São


Paulo: Harbra, 2004.
HOJI, Masakazu. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA: Matemática
Financeira Aplicada, Estratégias Financeiras, Orçamento Empresarial. 10ª edição.
São Paulo: Atlas, 2012.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

CHING, Hong Yuh .CONTABILIDADE E FINANÇAS PARA NÃO ESPECIALISTAS, 1


edição. São Paulo: Prentice Hall, 2003.

MATARAZZO, Dante C. ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS: ABORDAGEM


BÁSICA E GERENCIAL. 7° ed. São Paulo: Atlas. 2010.

71
EXERCÍCIOS DA UNIDADE IV

1) Utilize os seguintes dados para encontrar o grau de alavancagem financeira.

Receita total R$ 4.500,00

Custo e despesa variável R$ 310,00

Custo e despesa fixo R$ 966,00

a) 0,9
b) 1,4
c) 7,16

2) Utilizando os seguintes dados, determine o grau de alavancagem:


Lucro R$ 10.000,00

Juros R$ 2.000,00

LAIR R$ 8.000,00

IR (40%) R$ 3.200,00

Lucro disponível acionistas (DP) R$ 2.400,00

a) 2,5
b) 2,0
c) 1
d) 1,4

3) A partir das informações a seguir encontre o grau de alavancagem financeira.


Ativo R$ 64.500,00

Patrimônio líquido R$ 27.400,00

Lucro Operacional R$ 16.000,00

Exigível a longo prazo R$ 13.500,00

Lucro líquido R$ 2.500,00

72
UNIDADE 5: EDUCAÇÃO AMBIENTAL, DIREITOS HUMANOS e EDUCAÇÃO
DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA
AFRO-BRASILEIRA, AFRICANA E INDÍGENA

5.1. Reflorestamento urbano, Consumo e sustentabilidade e geração de


resíduos.
Consumo consciente vem sendo uma discussão difundida na sociedade
moderna. Mas afinal o que é isso e o que tem a ver com reflorestamento urbano,
sustentabilidade e geração de resíduos? E, ainda, qual a relação desse assunto
com administração financeira? Grandes companhias e também pequenos negócios
têm apostado em transmitir uma imagem de preocupação com a natureza e com o
meio ambiente com o intuito de conquistar a simpatia do consumidor.
Imagem 1: Meio Ambiente

Fonte: Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/407998047481094898/. Acesso em: 30/01/2019.

Para respondermos às perguntas feitas no início da unidade vamos à


definição de reflorestamento urbano. Reflorestamento urbano pode ser entendido
como a recuperação de áreas verdes que por ventura tenham sido degradadas com
o intuito de promover a manutenção dos rios, fauna e flora, dentre outras
73
benfeitorias. Neste processo ocorre uma reaproximação do ser humano com a
natureza e consequentemente eleva sua preocupação com questões voltadas a
este tema.

Neste seguimento, segundo Dourado e Belisário (2012, p. 29), “Ampliam-se


os atores cujas ações passam a fazer parte de um repertório compartilhado por
aqueles que vêem na mudança de atitudes e escolhas a possibilidade de interferir
na qualidade do Meio Ambiente”. Desta forma, notamos ações como das empresas
Faber Castell com a campanha “Floresta sem fim”, Natura com “... quando a
natureza gera beleza, ela gera ekos”, Ypê, com florestas ypê usando slogan ”é
ótimo, é do bem, é ypê”. Exaltam a sustentabilidade, o consumo de produtos de
empresas que estão fazendo ações para que os recursos naturais sejam
respeitados, tendo em vista a máxima pregada pela economia de que “os recursos
são escassos”.

A relação com a administração financeira num primeiro momento parece


distante, mas quando se tem uma sociedade que tem despertado essa consciência,
as empresas precisam acompanhar as mudanças para continuar a ter
consumidores que optam por seus produtos. Dessa forma, continuarão no mercado,
aumentarão seu poder competitivo e, caso seja uma empresa de capital aberto,
atrairá investidores.

5.2 Conquista da democracia, Consolidações da Lei de Trabalho e


Constituição Federal 1988

De acordo com o dicionário, democracia pode ser definida como a “forma de


governo em que a soberania é exercida pelo povo; sistema de governo em que cada
cidadão tem sua participação; sistema político dedicado aos interesses do povo;
forma de governo que tem o compromisso.” MICHAELIS dicionário on-line.

Direitos como o de votar e ser votado, o direito de participar da vida política


do país são exemplos de garantias que uma sociedade regida democraticamente
assegura aos seus cidadãos. Mas nem sempre foi assim, pode-se dizer que o
processo de transição para a democracia começou em 1984, logo após o período de
20 anos de ditadura no Brasil.
74
No período colonial, por exemplo, os direitos políticos eram restritos a uma
pequena parte de proprietários de terras e cabia a eles decidir quem ocuparia os
cargos mais importantes, e a eles também cabia o direto de votar e ser votado. A
esse grupo também pertencia a tarefa de determinar quais leis entrariam em vigor.
Já no século 20 aqueles que não eram proprietários de terra conquistaram o direito
de votar, mas estes só podiam se fossem alfabetizados. As mulheres por sua vez
continuavam sem direito algum. Dessa forma, cerca de 5% representavam a
população total de eleitores.

Segundo Mondaini (2009), um importante personagem na história política do


Brasil foi Getúlio Vargas, seu papel foi de líder revolucionário (1930), a ditador
(1937-1945) e como presidente da república (1950). Os direitos humanos no Brasil
após 1930 levaram ao fim as limitações como a indicação de grupos sociais que
deveriam permanecer como submissos (trabalhadores rurais) e aqueles que
poderiam ascender para uma condição de cidadão (trabalhadores urbanos), o que
reduzia os direitos e garantias para aqueles que viviam no campo.

A ditadura militar (1964-1985) foi a mais longa fase de privações de


liberdades e direitos que o país viveu durante a República. Foi um cenário
caracterizado pela monopolização do Executivo pelos generais, o arbítrio, a sujeição
do Legislativo e do Judiciário, as cassações, censura, repreensão militar-policial,
prisão, tortura, assassinato daqueles que se opusessem ao regimento vigente.
Nesse período o número de indivíduos reivindicando direitos e garantias sociais
cresceram intensamente por parte das classes subordinadas da sociedade. Esse
aumento de demanda esteve diretamente vinculado à autonomia conquistada com a
democracia, o que levou ao incentivo de aumento dos direitos e garantias sociais
além dos limites impostos pela República nova (MODAINI, 2009).

Em 1984 o movimento “Diretas Já” foi o responsável pelo avanço de algumas


questões sobre as eleições democráticas no país, dado que esse movimento
reivindicava a realização de eleições diretas para eleger o novo presidente do país.
O direito de votar pelo qual muitos lutavam só foi contemplado com a aprovação da
Constituição de 1988, que contempla, entre muitos outros direitos, a garantia de voto
e participação na política. Só então, em 1989, que foi possível eleger o primeiro
presidente através das eleições diretas.
75
Imagem 2: Democracia

Fonte: Disponível: https://guerus.blogspot.com/2018/01/e-democracia-no-brasil.html. Acesso em:


30/01/2019.

A Constituição Federal (CF) de 1988 foi a sétima constituição do Brasil e


primeira Constituição do país após o fim do período da ditadura militar e por isso é
considerada um marco da democracia brasileira, pois garantiu o Estado democrático
de direito e a justiça social. Foi a primeira Constituição brasileira a permitir a
participação popular na sua elaboração. A Constituição de 1988 é chamada de lei
suprema do país, pois é nela que foi estabelecida a estrutura e organização do
Estado, onde estão as normas, os direitos fundamentais individuais e coletivos.

Com a nova constituição, o direito maior de um cidadão que vive em uma


democracia representativa foi conquistado: foi determinada a eleição direta para os
cargos de Presidente da República, Governador, Prefeito, Deputado Federal,
Estadual e Distrital, Senador e Vereador.

A Constituição é dividida em três partes principais:

 Preâmbulo: é a introdução do texto, que deixa claro quais os objetivos


principais do documento;

 Parte dogmática: é o texto da constituição, composto por 250 artigos;

 Disposições transitórias: são normas temporárias, que foram úteis durante


o período de transição, até que se completasse a instalação da nova ordem
constitucional.

76
5.2.2 Consolidações da Lei de Trabalho

A Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) é uma lei referente aos direitos
dos trabalhadores brasileiros e ao direito processual do trabalho, cujo principal
objetivo é regulamentar as relações individuais e coletivas de trabalho, tanto no
cenário urbano quanto no âmbito rural. Ela foi criada por meio de um Decreto nº
5.452 em 1º de maio de 1943, sancionada pelo presidente vigente Getúlio Vargas, e
tinha o objetivo de unificar toda a legislação trabalhista existente no país.

A CLT surgiu como uma necessidade durante um momento de


desenvolvimento, dado o cenário da economia nacional, que passava por uma
transição de foco do comércio fortemente agrário para a economia industrial. Desde
então ela vem regulando as relações trabalhistas e as mudanças sob a legislação
são feitas com o intuito de acompanhar as alterações do mercado.

Imagem 3: Consolidação das Leis de Trabalho.

Fonte: Disponível em: http://grradvogados.com.br/proteja-se-importancia-de-conhecer-as-leis-


trabalhistas/. Acesso em: 30/01/2019.

Sua estrutura, segundo Modaini (2009), está dividida em:

A) Tutela do trabalho: jornada de trabalho, períodos de descanso, salário


mínimo, direto às férias, segurança no trabalho, proteção do trabalho das
mulheres e dos menores.

B) A organização sindical: enquadramento de patrões e empregados dentro de


uma estrutura sindical de caráter corporativista.

C) Justiça do trabalho: voltada para a arbitragem dos conflitos trabalhistas.

Além de definir as regras que determinam os direitos e deveres do


empregado e do empregador, a CLT é de extrema importância na ação contra

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relações abusivas de trabalho, discriminações trabalhistas e segregações injustas.
Ela vem regulamentando a carga de horário trabalhista e garantindo condições de
trabalho e benefícios mínimos.
As leis trabalhistas preveem igualdade de salários para pessoas que prestem
os mesmos serviços, independentes de gênero ou cor. Também garantem aos
trabalhadores direitos como carteira de trabalho assinada e previdência social. Nela
devem ser registradas todas as informações da vida profissional formal do indivíduo,
pois são esses dados que garantirão acesso, por exemplo, ao FGTS e outros
benefícios previdenciários. O salário mínimo, também previsto na legislação, é a
menor remuneração que um trabalhador pode receber.

Situações em que são deflagrados trabalho análogo ao trabalho escravo podem gerar
impactos profundos nas ações da empresa. Ademais, muitos consumidores deixam de
adquirir produtos, pois não querem sentir que fazem parte de algo tão destrutivo.

Um exemplo pode ser visto no link a seguir, que foi uma situação muito noticiada na
época, a respeito da empresa Zara.

http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2011/08/acao-da-inditex-dona-da-
zara-cai-apos-denuncias-de-trabalho-escravo.html.

Busque pesquisar outras empresas de capital aberto que tiveram impacto em suas
ações por estarem na mesma situação!

5.3 Educação das relações étnico-raciais e o ensino de história e cultura afro-


brasileira, Africana e Indígena

5.3.1Tráfico negreiro e alforrias

O Brasil é composto por diferentes grupos étnico-raciais que o caracterizam


como um dos mais ricos do mundo no sentido cultural. Apesar disso, sua história é
marcada por desigualdades e discriminações, principalmente quando se trata de
negros e indígenas, o que acaba sendo um obstáculo para o desenvolvimento
econômico, político e social do país.
Tráfico negreiro foi o envio de negros africanos na condição de escravos para
as Américas e outras colônias de países europeus durante o período caracterizado
como colonialista. O comércio de escravos aumentou após a descoberta da
América, estes eram vendidos como mercadoria. A travessia ocorria em porões dos

78
navios negreiros, com os negros empilhados da maneira mais insalubre e
desumana. Muitos não chegavam ao destino final devido às más condições a eles
estabelecidas.
A prática de escravidão está presente em vários pontos da história, uma
explicação é que o uso dessa mão de obra escrava se baseava em questões
religiosas e morais comuns da cultura europeia. O uso dessa força de trabalho em
Portugal data desde o ano de 1432 e passou a fazer parte do cenário brasileiro na
primeira metade do século XVI, pois os portugueses traziam os escravos para
trabalharem nas lavouras. Estima-se que entre 1550 e 1855 entraram cerca de
quatro milhões de africanos nos portos brasileiros, sua maioria do gênero masculino.
A vida do negro não era fácil, este era proibido de realizar qualquer ritual,
festa ou sequer falar a própria língua. Além do trabalho pesado e das longas horas
de serviço, qualquer resistência ao trabalho ou tentativa de fuga eram punidas com
grande violência pelos feitores, castigos como ficar sem água e sem comida,
inúmeras chicotadas, ficar amarrado no troco e até mesmo a morte, eram riscos
cotidianos da vida dos escravos que residiam no país. Essa rotina culminou em
diversas fugas, muitos fugiam em bandos e se refugiavam nos chamados quilombos.
O escravo foi obtendo pequenas vitórias, primeiro o fim do comércio negreiro,
depois a lei do ventre livre, que concedia liberdade aos filhos dos escravos que
nascessem a partir daquela data e, por fim, a lei dos sexagenários, que contemplava
com liberdade os escravos com mais de 60 anos. O fim definitivo da escravidão só
ocorreu no final do século XIX, com a Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel em
1888, que abolia a escravidão.
A lei Áurea libertou os escravos, mas não trouxe mais nada consigo. Os
negros foram largados à própria sorte, não houve nenhum tipo de reforma ou política
que os integrassem socialmente como cidadãos livres. Abandonados e sem
qualquer tipo de indenização pelo tempo de trabalho forçado, os negros na maioria
dos casos eram analfabetos, passaram a ser vítimas de muito preconceito. Dessa
forma, foram obrigados a permanecer nas fazendas em que trabalhavam, vendendo
sua força de trabalho em troca de sobrevivência, outros que arriscaram ir para as
cidades, acabaram em subempregos (trabalho informal e artesanato). Isso resultou
no aumento de negros morando na rua e ex-escravas sendo tratadas como
prostitutas. O preconceito e discriminação são sequelas de uma abolição da

79
escravatura até os dias atuais. Um exemplo desse tipo de situação é o caso do
sindicato dos bancários, no ano de 2017, apontarem a falta de funcionários negros
uma instituição bancária em nosso país e cobrarem um posicionamento no sentido
de mudar essa realidade.
Segundo o IBGE (2018), o país está distante de se tornar uma democracia
racial, muito distancia o negro do branco, desde as diferenças salariais,
empregatícias e educação. Alguns dados do IBGE apontam estatisticamente essa
diferença:

Taxa de analfabetismo Rendimento médio de todos os


Brancos: 4,2% trabalhos
Pretos ou pardos: 9,9% Brancos: R$2814
Pardos: R$ 1606
Pretos: R$ 1570

Taxa de desocupação
Brancos: 9,5%
Pardos: 14,5%
Pretos 13,5%

As desigualdades raciais podem ser observadas não somente no


comportando em sociedade, como também nos indicadores que expressam a
recorrente exclusão social, seja de educação ou de um emprego com melhores
rendimentos.
Com o intuito de “garantir à população negra a efetivação da igualdade de
oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o
combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica” foi promulgada
a Lei de nº 12.288 de 20 de julho de 2010.

Imagem 4: Cor não define

Fonte: Disponível em:http://ditadosereflexoes.

blogspot.com/2010/11/nem-negro-nem-branco.branco.

Acesso em: 30/01/2019.


80
5.3.2 A sustentabilidade dos povos indígenas

É importante destacar que não há uma cultura indígena, mas várias, e cada
povo desenvolveu suas próprias tradições religiosas, musicais, de festas,
artesanatos, dentre outras. As tribos, de modo geral, se tratam de uma sociedade
sem propriedade privada (a terra é de todos), de habitação é coletiva, igualitária,
descentralizada no quesito política e status social. A liderança de uma tribo não é
hereditária, passado de pai para filho, mas meritória, isto é, o índio deve merecer um
cargo de tanta importância para o grupo.
O líder de uma tribo é denominado cacique, este representa a figura de chefe
político e administrativo. Já do ponto de vista religioso, a cultura indígena possui o
xamã, também chamado de pajé, que é o responsável por intermediar o plano
espiritual e material. Além dessa intervenção, o xamã também é responsável por
preservar e compartilhar o conhecimento da tribo e de tratamentos por meio de
ervas, plantas e rituais religiosos. Já a religião indígena era baseada na crença em
espíritos de antepassados e forças da natureza. Outra característica cultural desse
povo é a fabricação de objetos com elementos da natureza, como, por exemplo,
cerâmica, palha, cipó, madeira e dentes de animais.
A história mostra que quando os portugueses chegaram a terras brasileiras
encontraram uma floresta densa e com as mais diferentes tribos que já viviam aqui.
Esses povos nativos foram chamados de índios, porque os portugueses achavam
que tinham chegado à Índia. No entanto, esses nativos já possuíam sua cultura,
língua, tradições e costumes bem definidos. Com a chegada dos portugueses os
índios foram escravizados, enganados, explorados e, em muitos casos,
massacrados pelos portugueses e sofriam de retaliações por tentarem manter suas
tradições e costumes. Perderam terras e foram forçados a abandonar sua cultura em
favor da europeia.
As poucas tribos que sobreviveram à colonização tentam se adaptar na
sociedade construída e luta para manter sua herança cultural e de subsistência em
meio à sociedade atual. Esses descendentes dos antigos índios vivem, geralmente,
em encostas de rodovias, na biodiversidade de cidades, em lotes e terras cedidos
pelo governo, na tentativa de manter o mais próximo das suas antigas tradições,
plantando e cultivando para sua sustentabilidade.

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Os índios mantêm boa parte de suas tradições, como cultivar o próprio
alimento, tratar todos da tribo como iguais, o trabalho na tribo deve ser realizado por
todos, havendo apenas uma divisão por gênero e idade. Outros hábitos foram
adicionados às suas práticas diárias, por exemplo, frequentar a escola com o
principal objetivo de aprender o português.
A sociedade indígena que resta das antigas tribos é protegida por algumas
ONG’s em conjunto com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e pela Organização
das Nações Unidas (ONU). Estes são órgãos que têm a missão de defender os
direitos indígenas, o seu reconhecimento e espaço na sociedade moderna, além de
proteger os direitos dos índios como humanos no plano nacional e internacional.
Imagem 4: Produtos Indígenas

Fonte: Disponível em: http://meioambiente.culturamix.com/recursos-naturais/como-


preservar-a-mata-atlantica/attachment/produtos-indigenas. Acesso em: 30/01/2019.

Com a utilização de tantos produtos industrializados e o surgimento de tantas


doenças, muitas pessoas têm buscado por produtos naturais/veganos, dentre outras
denominações e classificações. Com isso há empresários que firmam contrato com
aldeias e desse modo fazem a ponte entre o que é produzido na aldeia e o
consumidor final, como é o caso da empresa “Incausa”.
Ademais, há aqueles que exortam para que aprendamos a viver de um modo
mais calmo e respeitando a natureza, como os índios.

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RESUMO

Vimos nesta unidade que grandes companhias e também pequenos negócios


têm apostado em transmitir uma imagem de preocupação com a natureza e com o
meio ambiente com o intuito de conquistar a simpatia do consumidor.

Em relação à democracia discutimos que a Constituição Federal (CF) de 1988


foi a sétima constituição do Brasil e primeira Constituição do país após o fim do
período da ditadura militar e por isso é considerada um marco da democracia
brasileira, pois garantiu o Estado democrático de direito e a justiça social.

Já sobre a Consolidação das Leis Trabalhistas analisamos que esta surgiu


como uma necessidade durante um momento de desenvolvimento, dado o cenário
da economia nacional, que passava por uma transição de foco do comércio
fortemente agrário para a economia industrial. Desde então ela vem regulando as
relações trabalhistas e as mudanças sob a legislação são feitas com o intuito de
acompanhar as alterações do mercado.

Acerca das relações étnico-raciais foi dito que o Brasil é composto por
diferentes grupos que a caracterizam como uma das mais ricas do mundo no sentido
cultural. Apesar disso, sua história é marcada por desigualdades e discriminações,
principalmente quando se trata de negros e indígenas, o que acaba sendo um
obstáculo para o desenvolvimento econômico, político e social do país. Por fim,
tratamos sobre a produção indígena e o processo de comercialização desses
produtos por meio de um case da empresa Incausa.

Curiosidade: Muito foi herdado da cultura indígena, dois exemplos serão citados:

 Um pesquisador inglês levou consigo sementes da árvore de Seringueira para


começar uma plantação na Malásia. Após o cultivo da árvore, a Malásia se
tornou o principal exportador de látex.
 A quinina é uma planta que costuma ser usada pelos índios como tratamento
contra a febre. A planta foi contrabandeada para a Indonésia e no século 19,
aproximadamente, 94% de toda quinina no mundo vinha desse país. A planta é
comumente usada no tratamento da malária.
 Alguns hábitos alimentares também foram herdados dos primeiros habitantes
do país, como tapioca, farinha, pirão e o mingau.

83
Saiba mais:

Você sabe o que é uma ecovila?

Abaixo há sugestões de leituras para que você


se inteire do assunto.

http://www.ecoeficientes.com.br/o-que-e-
uma-ecovila/

https://irradiandoluz.com.br/2015/10/ecovilas
-e-comunidades-no-brasil.html

Fonte da imagem: Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/485192559847667937.


Acesso em: 30/01/2019.

Propagandas:

Caixa Econômica

https://www.youtube.com/watch?v=1Er8AtFeQeQ

Natura

https://www.youtube.com/watch?v=sUTadyEuLSY

https://www.youtube.com/watch?v=oacxBbwy4uw

Faber Castell

https://www.youtube.com/watch?v=NsRctFp1-zM

Ypê

http://www.ype.ind.br/projetos/meio-ambiente/observando-os-rios

84
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agência IBGE notícias. IBGE mostra as cores da desigualdade. Disponível em:


<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-
noticias/noticias/21206-ibge-mostra-as-cores-da-desigualdade>Acesso em: 22 de
janeiro de 2019.

Associação de Defesa Etnoambiental. Aprenda a Cuidar do Planeta com a


Cultura da Tribo PaiterSurui. Disponível em: https://www.kaninde.org.br/aprenda-
a-cuidar-do-planeta-com-a-cultura-da-tribo-paiter-surui/.> Acesso em: 20 de janeiro
de 2019.

DOURADO, Juscelino e BELIZÁRIO, Fernanda. Reflexões e práticas em


Educação Ambiental: discutindo o consumo e a geração de resíduos. (org.). São
Paulo: Oficina de textos, 2012.p. 29 a 32. Disponível
em:https://bv4.digitalpages.com.br/?term=educa%25C3%25A7%25C3%25A3o%252
0ambiental&searchpage=1&filtro=todos&from=busca&page=3&section=0#/edicao/4
7449

EZABELLA, Fernanda. Consumo consciente globaliza arte indígena. Disponível em:


<https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/consumo-consciente-
globaliza-arte-indigena.shtml> Acesso em: 23 de janeiro de 2019.
MONDAINI, Marco. Direitos humanos no Brasil. São Paulo: Contexto 2009.
Disponível em:
https://bv4.digitalpages.com.br/?term=direitos%2520humanos&searchpage=1&filtro
=todos&from=busca&page=9&section=0#/edicao/1268

MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em:


http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php. Acesso em: 27 jan. 2019.

Pensamento Verde. As influências indígenas presentes na cultura brasileira.


Disponível em:<https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/influencias-
indigenas-resentes-cultura-brasileira/> Acesso em: 20 de janeiro de 2019.

Redação Spbancários. Bradesco, cadê os bancários negros? Disponível em:


<http://spbancarios.com.br/11/2017/bradesco-cade-os-bancarios-
negros>Acesso em: 24 de janeiro de 2019.

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EXERCÍCIOS DA UNIDADE V

1) Pesquise e apresente a seus colegas empresas da região que fazem uma produção
sustentável. Se possível fale sobre o(s) produto(s) e explique o porquê se
classificam como sustentáveis.

2) Um evento de extrema importância para a concretização da democracia dentro dos


termos atuais foi:
a) Revolução 30
b) Golpe militar
c) Eleição de um novo presidente
d) Criação da CLT

3) Uma das reivindicações dos indivíduos ao fim do golpe militar, a partir dos anos 60,
era:
a) Volta completa da escravidão
b) Redução do direito das mulheres
c) Mais garantias e direitos à população
d) Menos educação

4) A Criação da CLT veio para:


a) Garantir direitos trabalhistas
b) Reduzir os salários
c) Aumentar tempo de trabalho
d) Garantir maiores direitos aos empregadores e menos aos empregados
5) Os negros chegam ao país por meio de:

a) Navios
b) Bicicleta
c) Carroças
d) Avião
6) Os negros conseguiram a liberdade graças a:
a) Chegada dos portugueses
b) Descoberta dos índios
c) Assinatura da Lei Áurea
d) Nenhuma das alternativas anteriores
7) Quando os portugueses chegam ao Brasil, o que eles encontraram?
a) Mercado de especiarias indianas
b) Índios
c) Negros
d) Nenhuma das alternativas anteriores

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