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AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Bem vindo(a)!
Seja bem-vindo(a)!
Ressalto ainda, caro(a) aluno(a), que o ato de estudar é o mais valioso dos
investimentos, pois permite o ganho e a elevação de conhecimentos que jamais
serão perdidos.
Bom estudo!
Prof. Me. Luiz Henrique Paloschi Tomé
Sumário
Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que
você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da
unidade, assista ao vídeo de considerações nais.
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Introdução
Caro(a) aluno(a), bem vindo(a) à primeira unidade da apostila, em que veremos
conceitos fundamentais sobre a análise de investimentos.
Bons estudos!
Noções sobre o mercado
nanceiro
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é composto por instituições nanceiras
públicas e privadas as quais possuem o objetivo de realizar transações entre agentes
superavitários e de citários ou transferir recursos daqueles que detêm alguma
poupança para aquelas pessoas que não possuem nenhuma reserva nanceira e,
portanto, precisam assumir empréstimos para cobrir o saldo negativo. O SFN é
regido por um órgão normativo superior, o Conselho Monetário Nacional (CMN), o
qual determina as normas e regras que o sistema deve seguir para manter o pleno
funcionamento. A criação do sistema é regulamentada pela Lei de Reforma
Bancária de 1964, Lei de Mercado de Capitais de 1965 e pela Lei de Criação dos
Bancos Múltiplos de 1988 (ASSAF NETO, 2014).
A estrutura do SFN pode ser dividida entre dois subsistemas, de acordo com Assaf
Neto (2014), sendo: normativo e intermediário. É competência do subsistema
normativo o funcionamento do mercado nanceiro e suas instituições tendo por
parâmetro a scalização e regulamentação das suas atividades via Conselho
Monetário Nacional (CMN) e Banco Central do Brasil (Bacen) (Figura 1).
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Um investimento é qualquer ação que implique renunciar o usufruto de recursos no
presente na expectativa de ampliar esses recursos no futuro. Para se obter a melhor
proposta de investimento, Samanez (2002) a rma que deve ser aplicada a
orçamentação de capital, cujo processo consiste em um conjunto de técnicas e
métodos capazes de avaliar os projetos de investimento, são estes:
Decisões de Investimento e de
Financiamento
Devido à necessidade de as companhias investirem, substituírem máquinas,
equipamentos, ferramentas e a ampla gama de alternativas existentes no mercado,
se revela de fundamental importância o conhecimento das técnicas de avaliação
aplicadas à análise de investimentos para mensurar as possibilidades de retorno do
empreendimento. Portanto a tomada de decisão de investimentos envolve a
elaboração, avaliação e seleção das propostas de aplicação do capital, estruturadas
com objetivos de médio e longo prazo, visando produzir riqueza para os
proprietários (HOJI, 2009). Uma medida de avaliação amplamente utilizada por
gestores é estimar a rentabilidade do empreendimento usando a Taxa Mínima de
Atratividade (TMA) ou a taxa estipulada pelo proprietário do capital como referência.
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
O orçamento de capital, de acordo com Gitman (2010), engloba o processo que
avalia e seleciona os investimentos de longo prazo que estão de acordo com os
objetivos do empresário de maximizar as riquezas. Com o objetivo de maximizar os
lucros, as empresas fazem investimentos em ativos imobilizados (terrenos,
máquinas e equipamentos etc.), que por vezes são denominados como ativos
geradores de lucros e costumam sustentar a estrutura de rentabilidade da empresa.
Independentes;
Dependentes;
Mutuamente excludentes.
Podemos dividir em cinco tipos o processo de orçamento de capital, sendo estes: (i)
geração de propostas; (ii) revisão e análise; (iii) tomada de decisão; (iv)
implementação; e (v) acompanhamento (Quadro 1).
Quadro 1 – Disposição dos cinco passos do processo de orçamento de capital
As decisões podem incluir o curto prazo, sendo de aspecto tático quando tem por
objetivo estabelecer investimentos em capital de giro, caixa, contas a receber ou em
estoques. E podem envolver o longo prazo, investindo em instalações, como
expansão de fábricas para aumento da capacidade produtiva, ou área de vendas,
quando aplicado ao segmento varejista, podem ser adquiridas ações de outras
empresas como estratégias de futuras sinergias (fusão, aquisição etc.), pode-se
ainda aumentar a e ciência no ciclo do produto ou disponibilizar produtos com
valores personalizados para os clientes, todas essas estratégias re etem nos
resultados da empresa (COSTA et al., 2009).
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
O uxo de caixa pode ser de nido, segundo Samanez (2007), como o resumo de entradas e
saídas efetivas de dinheiro no tempo à uma determinada taxa de desconto. Permitindo, dessa
forma, conhecer a rentabilidade e calcular a viabilidade econômica do projeto, representando a
renda econômica gerada ao longo da vida útil do empreendimento. As informações obtidas a
partir do uxo de caixa se constituem como a principal fonte para estimar os valores da empresa,
estimar a rentabilidade de um projeto e planejar ações de aquisições, substituições, ampliações
entre outros relacionados a empresa. Para Gitman (2010), os principais componentes do uxo de
caixa são: (i) investimento inicial; (ii) entradas de caixa (recebimentos); e (iii) uxo de caixa
terminal (descontado o imposto de renda; não operacional; término do projeto). Sendo que os
projetos, na sua totalidade, apresentam com frequência os dois primeiros componentes, com
exceção do último. Na Figura 3 temos uma representação do uxo de caixa por meio do
diagrama de capital no tempo.
Sendo,
Por convenção matemática aplicada ao uxo de caixa, os sinais positivos (setas apontadas para
cima) signi cam entradas ou recebimentos e os sinais negativos (setas apontadas para baixo), as
saídas ou pagamentos. Present value ou valor presente signi ca o valor do investimento inicial
do projeto e future value ou valor futuro o valor nal, ou montante dos valores aplicados no
tempo (linha horizontal) à uma determinada taxa de juros. Estudaremos mais sobre o uxo de
caixa é as técnicas de viabilidade econômico- nanceira na Unidade II.
Padrões de Fluxo de Caixa
Os uxos de caixa de uma organização podem ser divididos em convencionais e não
convencionais. No uxo convencional temos um conjunto de entradas (recebimentos),
conforme demonstrado na Figura 4.
Na sequência temos o uxo de caixa não convencional, representado, segundo Gitman (2010),
por uma sucessão de entradas e saídas alternadas por períodos, conforme observamos na Figura
5.
No diagrama de capital no tempo, representado pela Figura 5, temos um uxo de caixa não
convencional que pode exempli car a compra de uma máquina ou equipamento, a qual exige
uma saída do caixa, representada pelo PV, a depender de manutenções periódicas (reparos,
troca de óleo, peças novas etc.) correspondendo a nova saída de caixa FC2. As receitas
produzidas pelo investimento são representadas pelas entradas de caixa FC3.
Investir ou não em um projeto envolve um custo de oportunidade (trade off) contra não investir
em outro projeto, ou aplicar a taxas superiores no mercado de capitais. Dessa forma, Gitman
(2010) explica que essas decisões nanceiras podem ser assumidas com base em técnicas de
valor futuro ou valor presente. As técnicas de valor futuro estimam o uxo de caixa no m do
projeto e as de valor presente no início ou data zero. Tomando o exemplo da Figura 6, aplicamos
a técnica de estimação de valor futuro por meio da expressão a seguir
n
n−t
F Vn = ∑ CFt (1 + i) (1.1)
t=1
O método de cálculo da equação (1.1) consiste em “capitalizar” a uma determinada taxa de juros
todas as entradas e saídas de uxo de caixa (somatório) com o objetivo de descobrir o montante
nal ou o valor futuro do investimento em uma data futura, no nosso exemplo, ao m de um
semestre. Dessa forma, se aplicarmos a 2% ao mês de taxa de juros, quanto nosso uxo de caixa
acumularia? Vamos calcular:
5 4 3 2
F V = 850 ∗ (1, 02) + 1.000 ∗ (1, 02) − 500 ∗ (1, 02) + 1.100 ∗ (1, 02)
1 0
+1.250 ∗ (1, 02) + 1.650 ∗ (1, 02)
F V = R$5.559, 74
Se esse uxo pertencesse a uma empresa qualquer e investindo a taxa de 2% ao mês, os uxos
de caixa recebidos e pagos nos próximos seis meses acumularia o valor de R$ 5.559,74.
Os uxos operacionais são compostos pelas entradas e saídas de caixa os quais são relacionados
com as vendas e a produção dos bens e serviços. Os uxos de investimento são equivalentes aos
uxos de caixa associados à compra (saídas) e venda (entradas) de ativo imobilizado e
investimentos em participações societárias. E, por m, o uxo de caixa de nanciamentos
representa as transações nanceiras que envolvem capital de terceiros (endividamento) ou
capital próprio (GITMAN, 2010).
A distinção entre o uxo de caixa operacional e nanceiro deve ser respeitada, possuindo
relevância para a empresa ao diferenciar o lucro operacional dos uxos que determinam a
valoração da empresa, representado pelo uxo de caixa livre e o uxo do acionista segundo as
legislações do Brasil e EUA (SAMANEZ, 2007). Na Tabela 1 são apresentados os demonstrativos de
apuração dos lucros.
Tabela 1 – Demonstrativos de apuração de lucros
Lucro Líquido 63
Segundo Gitman (2010), o uxo de caixa operacional (FCO) é o uxo de caixa gerado pela
empresa nas suas operações normais e é calculado por LAJIR. Samanez (2007) a rma que o
LAJIR é lucro operacional antes de juros e imposto de renda (Tabela 1) sendo conhecido também
por Ebit (termo em inglês - earnings before interest and taxes).
A diferença entre as legislações que regem as práticas contábeis de demonstração entre os dois
países se evidencia, por exemplo, na composição da natureza dos juros, sendo considerado de
ordem operacional no Brasil, o que resulta em perda entre as partes operacionais e nanceiras
em relação aos resultados da empresa. Na demonstração norte-americana o lucro operacional é
calculado antes dos efeitos dos juros dos nanciamentos, considerando a separação entre as
decisões econômicas nanceiras. A crítica do modelo contábil norte-americano é baseada no
fato de ignorar a dupla tributação do imposto de renda (SAMANEZ, 2007).
Um ajuste se fez necessário para realizar a devida separação entre as partes nanceiras e
operacionais das contas, adequando, assim, o imposto de renda (Tabela 2).
Tabela 2 – Demonstrativos de lucros ajustado
Depreciação (despesas
Depreciação (despesas não-caixa) (10) (10)
não-caixa)
Mudanças no capital de
Benefício scal dos juros (0,3 * R$ 10) 3 (8)
giro
Juros 10
~
F CO = N OP AT + DEP RECI A ÇAO (1.3)
~
F CO = [LAJ I R ∗ (1 − T )] + DEP RECI A ÇAO (1.4)
O uxo de caixa livre (FCL), segundo Samanez (2007), é o montante de recursos que pode ser
retirado sem que o valor da empresa diminua. Esse valor representa a remuneração que a
empresa pode dispor de forma contínua aos seus acionistas e credores. É o recurso que permite
às empresas a retornar o capital aos investidores bem como pagar juros, dívidas, dividendos e
praticar a recompra de suas ações.
Com relação à depreciação e outras despesas não-caixa, Samanez (2007) a rma que devem ser
incluídas no FCL o impacto scal dessas contas, porque não são caracterizadas como saídas de
recursos.
SAIBA MAIS
A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é uma taxa utilizada para descontar todos os
valores futuros do uxo de caixa. Essa taxa mede a taxa de juros ou retorno mínimo
que o investidor, empresário ou gestor deseja ser remunerado. No Brasil é comum
utilizar a taxa Selic como referência para analisar esse custo de oportunidade (TOSI,
p. 183, 2009).
Fonte: o autor.
Conclusão - Unidade 1
Na próxima unidade vamos abordar dar continuidade nos estudos sobre análise de
investimentos com a inclusão de alguns indicadores contábeis de avaliação, como
retorno médio e índices de rentabilidade. Seguiremos com a apresentação e cálculo
de indicadores de viabilidade econômico- nanceiro sobre os dados das séries de
uxo de caixa, como VPL, TIR e payback simples e descontado.
Livro
Filme
Unidade 2
Técnicas de avaliação de
investimentos
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Introdução
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à segunda unidade da apostila, na qual abordaremos
as principais técnicas de avaliação de investimentos.
Bons estudos!
Técnicas de avaliação de
investimentos
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Técnicas de Avaliação Contábil
O nosso propósito nesta seção não é aprofundar sobre análises de relatórios contábeis, mas
sim prover as condições de leitura e identi cação de forma simpli cada, clara e objetiva de
uma Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e do Balanço Patrimonial (BP) das
variáveis empregadas nas Técnica de Avaliação Contábil. Assim sendo, vamos iniciar
abordando os preceitos básicos de um DRE que, segundo Gitman (2010), fornece um resumo
nanceiro dos resultados operacionais da empresa durante um determinado período. É
comum esse período ser de um ano, encerrando em uma data especí ca, usualmente 31 de
dezembro do ano vigente. Uma segunda abordagem é adotada com um ciclo nanceiro de 12
meses, denominado de ano scal, cuja conclusão ocorre em alguma data distinta. A Tabela 1
apresenta as demonstrações de resultados da Petrobrás S.A. para os anos encerrados em 31
de dezembro de 2019 e 2018.
Tabela 1 – Demonstrativo de Resultados – DRE – Petrobrás
-40.951 -58.142
Atribuível aos:
Arrendamentos 23.126 89
Nós vamos utilizar algumas informações contidas nesse balanço para efetuar os cálculos dos
índices que estudaremos a seguir.
í
Lucro L quido M é dio
T MR = (2.1)
V alor Contábil M é dio
Sendo considerada uma técnica pouco so sticada por não considerar o valor do dinheiro no
tempo e as distribuições de entradas e saídas de um uxo de caixa.
í
Lucro l quido
Retorno sobre o capital pró prio = (2.2)
o nio líquido mé dio
P atrim^
R$ 40.137.000
ROE2018 = x100 = 13, 42%
R$ 299.137.000
R$ 25.779.000
ROE2019 = x100 = 9, 09%
R$ 283.543.000
Os resultados do cálculo do ROE para os anos de 2018 e 2019 apontam que em 2018 a empresa
ganhou 13,42 centavos, por real investido, de patrimônio líquido, contra 9,09 centavos em 2019,
revelando uma queda de -4,33 pontos percentuais ou uma redução nos ganhos aferidos por
unidade de real investido.
CONCEITUANDO
O retorno sobre o ativo total (termo em inglês return on total assets – ROA) ou
retorno sobre investimentos (termo em inglês return on investment – ROI) é uma
medida de e cácia generalizada da geração de lucros utilizando como referência
os ativos disponíveis (GITMAN, 2010).
Para Damodaran (1999), o retorno sobre os ativos de uma empresa mede a sua e ciência
operacional em gerar lucros com base nos seus ativos. Assim, quanto maior o retorno sobre os
ativos de uma companhia, melhor. Gitman (2010) descreve o método de cálculo do ROA por
meio da seguinte expressão:
í
Lucro l quido
Retorno sobre o ativo total = (2.3)
Ativo total
De acordo com Costa et al. (2009), a sugestão é utilizar o ativo total médio para calcular o
índice devido a possíveis modi cações sofridas pelo ativo ao longo do exercício da companhia.
Por exemplo, utilizando os dados do DRE e do BP da empresa Petrobrás S.A. com relação aos
exercícios de 2018 e 2019 (Tabelas 1 e 2) obtemos o índice ROI por meio da equação (2):
R$ 40.137.000
ROI2018 = x100 = 4, 33
R$ 926.011.000
R$ 25.779.000
ROI2019 = x100 = 3, 00
R$ 860.473.000
Esses resultados indicam que a empresa Petrobrás S.A. obteve ganhos de 4,33 centavos por
unidade de real investido nos ativos, em 2018, e 3 centavos, em 2019, revelando uma redução
dos ganhos de 1,33 centavos. Lembrando que esses resultados devem ser comparados com a
média do setor tomando o devido cuidado, segundo Damodaran (1999), para que sejam
consideradas diferenças nas normas contábeis relacionadas a cada empresa. Nesse caso, o
setor a ser comparado é o de Petróleo e Gás para veri car a evolução da empresa ao longo de
um determinado período. E, por m, a empresa pode obter um ROA mais alto, elevando sua
margem de lucro ou por meio do uso mais e ciente dos ativos para aumentar as vendas.
Análise de valores incrementais
gerados pelos uxos de caixa
projetados
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Em um cenário de disponibilidade plena de capital, as empresas não desperdiçariam oportunidades de
projetos com VPLs positivos e TIR superando os custos de oportunidade do capital. Contudo, no mundo real,
as empresas enfrentam o que Gitman (2010) coloca como racionamento de capital, tendo que escolher os
melhores projetos dentre os apresentados para evitar uma armadilha de nanciamentos, o que pode vir a
gerar endividamentos. Dessa forma, o objetivo de racionar capital é selecionar o conjunto de projetos que
forneçam o maior VPL total e não exceda os tetos estabelecidos do orçamento do projeto. Samanez (2007)
enfatiza que os projetos devam ser hierarquizados de acordo com o VPL positivo e ordenados a posteriori
pelo índice de rentabilidade. Vamos discutir mais sobre a aplicação desses métodos nas próximas seções.
A solução pode ser obtida por meio da seguinte expressão, segundo Tosi (2009):
F V1 F V2 F V3 F Vn
V P L = [ + + + … + ] − I0 (2.4)
1 2 3 n
(1 + i) (1 + i) (1 + i) (1 + i)
n
F Vn
V P L = [∑ ] − I0 (2.5)
n
(1 + i)
t=1
Em que,
V PL representa o valor presente líquido (termo em inglês Net Present Value – NPV).
Vamos assumir que os valores apresentados na Figura 2 são a representação de um uxo de caixa variável,
ou seja, em que as entradas e saídas ao longo da série são de valores diferentes e, assim, estimar o valor
presente líquido da série.
Figura 2 – Representação do uxo de caixa para estimação do VPL
Fonte: o autor.
Adotaremos a taxa de juros de 2% ao mês para descontar a série do uxo de caixa da Figura 2, assim
obtemos, por meio da equação (2.5):
V P L = R$ 936, 89
E, em notação polonesa (HP12C), podemos calcular, segundo Tosi (2009), utilizando as funções conforme a
Tabela 3.
Digitar 500, apertar CHS, g, CFj Insere terceiro (negativo) valor da série – data 3
Digitar 1250, apertar g, CFj Insere quinto (negativo) valor da série – data 5
V P L = R$ 936, 89
Os critérios de avaliação utilizando o VPL, segundo Tosi (2009), podem ser expressos por meio do Quadro 1:
Casarotto Filho e Kopittke (2000) a rmam que em caso do V P L > R$ 0, 0 o investimento é viável, se
V P L < R$ 0, 0 torna-se inviável e na situação de V P L = R$ 0, 0 o investidor é indiferente sobre aplicar ou
não seus recursos no projeto. Dessa forma, vamos utilizar os critérios de avaliação sobre o resultado obtido
por meio da equação (3a), sobre o qual obtemos V P L > R$ 0, 0. Sendo assim, o negócio é viável
observando somente esse indicador. Lembrando que a coerência da análise de investimentos consiste em
considerar um conjunto de indicadores e comparações (benchmark) com o mercado de atuação da
empresa.
n
F Ct
−I + ∑ = R$ 0, 00 (2.6)
∗ t
t=1
(1 + i )
n
F Ct
∑ = I (2.7)
t
t=1
(1 + T I R)
Sendo,
é a TIR;
∗
i
I, investimento inicial;
Critérios Condição
A regra, utilizando a TIR como critério de decisão, envolve que, descontada uma série de uxo de caixa a
uma determinada taxa mínima de atratividade (TMA), esse uxo deve retornar uma taxa interna própria. Por
sua vez, essa taxa pode ser negativa, positiva ou nula, mas sobretudo para provar ser o projeto viável, precisa
ser maior que zero. Para efetuarmos o cálculo da TIR, vamos utilizar a mesma série empregada nas
estimações anteriores (Figura 2). Por meio da equação (2.6) obtemos:
O objetivo da equação (6a) é encontrar uma taxa de juros que iguale a somatória dos valores presentes das
entradas e saídas da série ao valor do investimento inicial na data zero (TOSI, 2009). Contudo o cálculo da TIR
apresenta certo grau de complexidade, não sendo obtido em muitos casos por manipulações algébricas,
sendo necessário se utilizar de recursos como planilhas eletrônicas e calculadora nanceira HP12C, vamos
aplicar o método de cálculo da HP descrito na Tabela 4.
Digitar 500, apertar CHS, g, CFj Insere terceiro (negativo) valor da série – data 3
Digitar 1250, apertar CHS, g, CFj Insere quinto (negativo) valor da série – data 5
Nota 1: IRR equivale a TIR (Termo em inglês Interest Rate Return – IRR).
Fonte: adaptado de Tosi (2009).
O resultado da equação (6a), por meio do método de cálculo da HP12C, foi de:
T I R = 7, 62% a.m.
De acordo com os critérios apresentados no Quadro 2 e com base na Taxa Mínima de Atratividade (T M A)
n
F Ct
I Lt = ∑ /I0 (2.8)
t
t=1
(1 + i)
Com base nos dados do uxo de caixa fornecidos pela Figura 2, e por meio da equação (7), obtemos:
I L = 1, 23
Se I L > 1 o projeto deve ser aceito, I L = 1 indica um VPL = 0, isto é, o investidor é indiferente e em caso de
$IL<1$ o projeto deve ser rejeitado por apresentar um VPL negativo. Tomando como referência esses critérios
podemos assumir a aceitação do projeto pela condição de I L = 1, 23.
Prazos e recuperação do
capital investido - PAYBACK
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Payback Simples
Os cálculos de payback simples são empregados, segundo Gitman (2010), para avaliar o
tempo de retorno das propostas de investimento de capital. É portanto, o tempo necessário
para que o investidor recupere o capital investido no empreendimento, estimado a partir das
entradas de caixa, sendo que uma crítica sobre essa técnica é de não considerar
explicitamente o valor do dinheiro no tempo, o que será corrigido no próximo tópico em que
abordaremos o payback descontado.
Projeto X Projeto Y
Investimento
R$ 42.000 R$ 45.000
Inicial
1 R$ 14.000 R$ 28.000
2 R$ 14.000 R$ 12.000
3 R$ 14.000 R$ 10.000
4 R$ 14.000 R$ 10.000
5 R$ 14.000 R$ 10.000
I
payback simples = (2.9)
F Ct
Em que,
I é o investimento inicial;
F Ct é o uxo de caixa no momento t.
R$ 42.000
payback simplesP rojeto X = = 3 anos
R$ 14.000
Como o projeto Y gera uma série mista de entradas de caixa, o cálculo de seu período de
payback não é direto, como na equação (2.9). No primeiro ano, a empresa recuperará R$
28.000 de seu investimento inicial que foi de R$ 45.000. Ao nal do segundo ano, terão sido
recuperados R$ 40.000 (R$ 28.000 do primeiro ano + R$ 12.000 do segundo ano). Ao nal do
terceiro ano terão sido recuperados R$ 50.000 (R$ 28.000 do primeiro ano + R$ 12.000 do
segundo ano + R$ 10.000 do terceiro ano). Apenas 50% da entrada de caixa de R$ 10.000 do
terceiro ano são necessários para completar o payback dos R$ 45.000 iniciais. O período de
payback do projeto Y é, portanto, de 2,5 anos (2 anos + 50% do terceiro ano, ou seja, meio
ano).
Nesse exemplo, o projeto Y possui preferência sobre o projeto X, pois apresenta um período
de payback mais curto, ou seja, recupera o investimento inicial mais rapidamente.
Payback Descontado
Para descobrirmos o tempo de retorno de um investimento, ou seja, quanto tempo até que o
valor presente dos uxos de caixa estimados se iguale ao montante investido, inicialmente
calculamos o payback descontado, que basicamente consiste, de acordo com Samanez
(2007), do tempo estimado de recuperação do capital descontado a uma determinada taxa
de juros por meio da seguinte equação:
n
F Ct
∑ = I (2.10)
t
t=1
(1 + i)
Em que,
I é o investimento inicial;
Esse indicador é utilizado, segundo Samanez (2007), quando se deseja conhecer o tempo (n)
de recuperação do capital investido, sendo que sua efetividade é maior quando comparado
com outras alternativas de investimento e não analisado de forma isolada, é considerado um
complemento do método VPL.
Quadro 3 – Payback Descontado do Projeto X
c Projeto X
R$ 14.000
1
= R$ 13.333, 33 R$ 13.333,33
(1+0,05)
R$ 14.000
2
= R$ 12.698, 41 R$ 26.031,74
(1+0,05)
R$ 14.000
3
= R$ 12.093, 73 R$ 38.125,47
(1+0,05)
R$ 14.000
4
= R$ 11.517, 83 R$ 49.643,30
(1+0,05)
Fonte: o autor.
No Quadro 3 temos o cálculo e a somatória dos uxos de caixa descontados a uma taxa de 5%
a.a. do projeto X. Observa-se que em 4 dos 5 anos de vida útil do projeto, a somatória dos
uxos de caixa é de R$ 49.643,30, demonstrando que no quarto ano é que o projeto consegue
retornar seu investimento de R$ 42.000. Para descobrirmos o período de maneira mais exata
precisamos calcular considerando o seguinte raciocínio:
R$ 3.874, 53
= 0, 3364
R$ 11.517, 83
Depois, utilizamos essa proporção para encontrar em meses. Logo, se um ano tem 12 meses,
0,3364 anos tem aproximadamente 4 meses:
0, 336412 = 4, 04
Dessa forma, pelo método do payback descontado, o projeto X retorna o investimento inicial
em pouco mais 3 anos e 4 meses (pois passou um pouco dos 4 meses exatos).
Seguindo o mesmo raciocínio para o projeto Y, no Quadro 4, temos o cálculo e a somatória
dos uxos de caixa descontados a uma taxa de 5% a.a. do projeto Y.
Projeto Y
R$ 28.000
1
= R$ 26.666, 67 R$ 26.666,67
(1+0,05)
R$ 12.000
2
= R$ 10.884, 35 R$ 37.551,02
(1+0,05)
R$ 10.000
3
= R$ 8.638, 38 R$ 46.189,40
(1+0,05)
Fonte: o autor.
Observa-se que em 3 dos 5 anos de vida útil do projeto, a somatória dos uxos de caixa é de
R$ 46.189,40, demonstrando que no terceiro ano é que o projeto consegue retornar seu
investimento de R$ 45.000.
R$ 7.448, 98
= 0, 8623
R$ 8.638, 38
Depois, utilizamos essa proporção para encontrar em meses. Logo, se um ano tem 12 meses,
0,8623 anos tem aproximadamente 10 meses:
0, 862312 = 10, 35
Dessa forma, pelo método do payback descontado, o projeto Y retorna o investimento inicial
em pouco mais 2 anos e 10 meses (pois passou um pouco dos 10 meses exatos).
Da mesma forma, pelo payback descontado, o projeto Y possui preferência sobre o projeto X,
pois apresenta um período de payback mais curto, ou seja, recupera o investimento inicial
mais rapidamente.
SAIBA MAIS
A Notação Polonesa Reversa (termo em inglês Reverse Polish Notation – RPN) é
um método utilizado para representar expressões em que os símbolos de
operação matemática são inseridos após os elementos numéricos serem
digitados. Essa notação foi inventada em 1920 pelo matemático polonês Jan
Lukasiewicz, sendo implementada na forma de linguagem de computador, em
1950, pelo cientista da computação Charles L. Hamblin. A popularização do
método aconteceu após a década de 70, com a Hewlett-Packard introduzindo no
mercado uma calculadora que empregava RPN para resolver os problemas
matemáticos.
REFLITA
Em pesquisa de 2016, o Sebrae identi cou um conjunto de fatores que
determinam a sobrevivência ou a mortalidade das empresas. Foram realizadas
entrevistas com proprietários de aproximadamente 2000 empresas e
constataram que 4 grupos de fatores in uenciam esses resultados, sendo: (i)
situação antes da abertura; (ii) planejamento do negócio; (iii) gestão do negócio e
(iv) capacitação dos donos em gestão empresarial. Exposto a situação, pergunto
a você, caro(a) aluno(a): o que você tem feito pela sua capacitação empresarial?
Na Unidade III vamos estudar acerca das Incertezas e riscos inerentes ao processo de
escolhas dos investimentos em projetos, reforçando os conceitos sobre taxas de
desconto e decisões em condições que envolvem risco.
Livro
Filme
Web
Acesse o link
Unidade 3
Incerteza e risco na
avaliação de investimentos
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Introdução
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à terceira unidade da apostila, na qual abordaremos a
incerteza e o risco na avaliação de investimentos.
Bons estudos!
Avaliação de investimentos sob
incerteza e decisões em condição de
risco
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Ainda que alguns estudiosos façam uma diferenciação teórica entre risco e incerteza, com destaque para os
trabalhos de Knight (1921) e Keynes (1996 [1936]), na prática da análise nanceira essas variáveis são frequentemente
utilizadas como sinônimos, pois, nessa área, há necessidade de mensuração desses fenômenos para a incorporação
desses na análise de investimentos. Diferenciando-os de maneira bem objetiva, risco é quando conhecemos a
distribuição de probabilidades de uma variável aleatória e incerteza é quando não podemos conhecer essa
distribuição probabilística (SAMANEZ, 2007).
A incerteza possui um sentido mais neutro, pois está ligada a tudo de incerto que pode acontecer, incluindo coisas
boas e ruins, ao passo que a noção de risco tem frequentemente acepção negativa, pois, intuitivamente,
enfatizamos com o risco o aspecto ruim da incerteza. Assim, o conceito de risco refere-se à possibilidade de
sofrermos algum dano, perda ou prejuízo. Na análise de investimentos, o risco é a probabilidade de perda nanceira
ou, de maneira mais formal, a variabilidade dos retornos associados a um dado ativo (GITMAN, 2010).
O termo risco é bastante utilizado em mercados nanceiros e em operações nanceiras (compra e venda de ações,
por exemplo), mas não em decisões econômicas (investimento em ativos produtivos pelas empresas), em que se usa
mais o termo incerteza. Na análise de investimentos, o risco está ligado à probabilidade de perda de capital ou de
ganhos abaixo do esperado, tornando-se necessário medi-lo de forma consistente. Em nanças, sempre podemos
traduzir a incerteza em termos de risco por meio da introdução de probabilidades subjetivas. No caso de
investimentos nanceiros, as probabilidades são quase sempre subjetivas; por isso, os termos risco e incerteza são
muitas vezes usados como sinônimos. Dessa forma, trataremos de agora em diante somente como risco.
Na análise nanceira, como vimos, em seu signi cado mais simples, o risco é a possibilidade de perda de dinheiro.
Ativos com maiores possibilidade de perda são de nidos mais arriscados do que aqueles que apresentam menores
chances de perda. De maneira mais formal, o risco é utilizado de maneira intercambiável com a incerteza em
referência à variabilidade dos retornos associados a um determinado ativo.
NA PRÁTICA
Tome como exemplo um título de dívida do governo no valor de R$ 1.000, que garante ao investidor um
retorno de R$ 10 de juros após seis meses. Esse investimento não possui nenhum risco, uma vez que não
há variabilidade associada ao retorno, pois o retorno é garantido em R$ 10 ao nal do período, sem
nenhuma possibilidade disso mudar. Agora pense em um investimento com os mesmos R$ 1.000 em
ações de uma determinada empresa que, nos mesmos seis meses, pode gerar desde uma perda de R$
5 até um ganho de R$ 15. Nesse último caso, o risco é signi cativo, devido à elevada variabilidade de seu
retorno (de -R$ 5 a R$ 15). Quanto mais próximo da certeza estiver o retorno de um ativo, menor sua
variabilidade e, desse modo, menor é o risco associado a esse ativo (GITMAN, 2010).
Calculando o Retorno
Como acabamos de discutir, nós avaliamos o risco de um ativo a partir da variabilidade do retorno deste. Dessa
forma, precisamos de nir e saber como calcular o retorno do ativo. O retorno é o ganho ou a perda total que se tem
com um investimento ao longo de um dado período. Geralmente, o retorno pode ser medido a partir do uxo de
caixa gerado pelo investimento durante o período somado a variação no valor do ativo. Assim, a expressão de cálculo
da taxa de retorno obtida sobre qualquer ativo em qualquer período é dada pela equação (3.1).
Ct + Vt − Vt−1
rt = (3.1)
Vt−1
Em que,
O retorno, rt ,re ete o efeito combinado do uxo de caixa, Ct , e das variações no valor do ativo, Vt − Vt−1 , ao longo do
período de análise.
Admitamos, como exemplo, que Carlos seja o dono da Enterprise Ltda., uma pequena empresa de entregas de
encomendas, e deseja calcular o retorno de dois de seus veículos de entregas, o carro Branco e o carro Azul. O carro
Branco foi comprado há um ano por R$ 40.000 e tem valor atual de mercado de R$ 38.500. Durante o ano, gerou R$
8.000 em receitas após impostos. O carro Azul foi comprado há quatro anos; seu valor no ano recém encerrado caiu
de R$ 24.000 para R$ 22.800 (do início ao nal desse último ano). Durante o ano, gerou R$ 7.000 em receitas após
impostos. Substituindo na Equação (3.1), podemos calcular a taxa de retorno anual de cada um dos carros.
Multiplicando o valor encontrado por 100, temos que a taxa percentual de retorno do carro Branco é de 16,25% ao
ano.
Multiplicando o valor encontrado acima por 100, temos que a taxa percentual de retorno do carro Azul é de 24,17% ao
ano.
Observando os resultados, evidenciamos que o carro Azul obteve uma taxa de retorno maior que o carro Branco.
Nesse exemplo, utilizamos a taxa de retorno para comparar dois ativos físicos dentro de uma mesma empresa, mas
também pode ser utilizada para calcular o retorno de diferentes ativos, como ações de empresas, por exemplo.
Avançando, é importante ressaltar que além de calcularmos o retorno em um período especí co (um ano, por
exemplo), muitas vezes é necessário que mensuremos o retorno acumulado durante vários anos, ou ainda que
encontremos o retorno médio ao ano com base nas taxas anuais especí cas e, para isso, temos equações
especí cas, que veremos agora.
t=1
ou seja,
Suponha que Carlos, o dono da Enterprise Ltda., queira calcular o retorno acumulado do carro Azul ao longo dos
quatro anos em que ele tem o carro. Na Tabela 1 constam os valores dos retornos de cada ano do referido carro.
Tabela 1 – Taxa de retorno de cada ano do carro Azul da Enterprise Ltda.
1 20,10
2 12,50
3 - 3,80
4 24,17
Fonte: o autor.
Com base na equação (3.2), podemos calcular o retorno acumulado do carro Azul a partir dos dados da Tabela 1.
Lembrando que para o cálculo precisamos trabalhar com as taxas unitárias, ou seja, divididas por 100.
racumulado = 1, 6139 − 1
racumulado = 0, 6139
Multiplicando o valor encontrado por 100, temos que a taxa percentual de retorno acumulado do carro Azul é de
61,39% ao longo dos quatro anos.
n
⎡ ⎤
rmé dio =
n ∏(1 + rt ) − 1 (3.3)
⎣ ⎷ ⎦
t=1
ou,
n n
t=1
Com base na equação (3.3), podemos calcular o retorno médio ao ano do carro Azul a partir dos dados da Tabela 1.
Lembrando que para o cálculo precisamos trabalhar com as taxas unitárias, ou seja, divididas por 100.
0,25
rmé dio = [1, 6139] − 1
Multiplicando o valor encontrado por 100, temos que a taxa percentual de retorno médio do carro Azul foi de 12,71%
ao ano durante esses quatro anos.
Consideremos as seguintes distribuições probabilísticas de retornos dos investimentos Alfa e Beta na Tabela 2. Na
referida tabela cada investimento apresenta quatro cenários possíveis com probabilidades distintas de retornos. Por
exemplo, no cenário 1 (pessimista) existe uma probabilidade de 15% (0,15) do retorno de Alfa ser de -3,2% e uma
probabilidade de 10% do retorno do Beta ser de -7,8%, e assim por diante.
Alfa Beta
Fonte: o autor.
A partir dos dados, podemos observar que a distribuição do investimento Beta apresenta maior variabilidade, de –
7,8% a 30,8% (amplitude de 38,6%), comparada com a distribuição do investimento Alfa, –3,2% a 9,5% (amplitude de
12,7%), o que signi ca que o Beta é um investimento com maior risco. Se a distribuição probabilística dos retornos
considerar todos os possíveis cenários, teremos o risco do investimento. Geralmente, assumimos uma distribuição
estatística normal dos retornos, pois ela tem propriedades estatísticas que facilitam os cálculos. Contudo, não há
empecilhos para que outras distribuições probabilísticas sejam utilizadas, desde que feitos os devidos ajustes
(GITMAN, 2010).
e
r = ∑ (p × ri ) (3.4)
i
i=1
Em que,
r
e
= retorno esperado;
p
i
= probabilidade do retorno ri ocorrer;
n = número de cenários possíveis.
Dessa forma, para as distribuições probabilísticas de retornos dos investimentos Alfa e Beta, vistos na Tabela 2, os
retornos esperados são os seguintes.
Para o Alfa:
e
r = 0, 15 × (−3, 2) + 0, 20 × 0, 0 + 0, 30 × 5, 6 + 0, 35 × 9, 5
Alf a
e
r = −0, 48 + 0, 0 + 1, 68 + 3, 325
Alf a
e
r = 4, 525
Alf a
Para o Beta:
e
r = 0, 10 × (−7, 8) + 0, 40 × 10, 0 + 0, 40 × 25, 4 + 0, 10 × 30, 8
Beta
e
r = −0, 78 + 4, 0 + 10, 16 + 3, 08
Beta
e
r = 16, 46
Beta
De nido e calculado o retorno esperado, precisamos agora estimar o risco dos investimentos. Como vimos, o risco
pode ser de nido a partir da variabilidade do retorno do investimento e uma medida de variabilidade bastante
utilizada para isso é o desvio-padrão, que, aplicado sobre os retornos de um investimento, mede a dispersão da
distribuição destes. Quanto maior for o desvio-padrão dos retornos de um investimento, maior a variabilidade das
expectativas em relação ao retorno esperado e, dessa forma, maior o risco do investimento. Com base nisso, se nos
depararmos com dois investimentos que tenham o mesmo retorno esperado, devemos escolher aquele com o
menor desvio-padrão dos retornos, ou seja, aquele com o menor risco. Por sua vez, se nos deparamos com dois
investimentos com o mesmo nível de risco, devemos escolher aquele com o maior retorno esperado.
n 2
e 2
σ = {∑ [pi × (ri − r ) ]} (3.5)
i=1
Em que,
σ = desvio-padrão;
p
i
= probabilidade do retorno ri ocorrer;
r
e
= retorno esperado;
Dessa forma, para as distribuições probabilísticas de retornos dos investimentos Alfa e Beta, vistos na Tabela 2, e
considerando os retornos esperados que acabamos de calcular, os desvios-padrão de Alfa e Beta são os seguintes.
Para o Alfa:
2 2 2 2 2
σAlf a = {0, 15 × (−3, 2 − 4, 525) + 0, 20 × (0, 0 − 4, 525) + 0, 30 × (5, 6 − 4, 525) + 0, 35 × (9, 5 − 4, 525) }
2 2 2
2 2
σAlf a = {0, 15 × (−7, 725) + 0, 20 × (−4, 525) + 0, 30 × 1, 075 + 0, 35 × 4, 975 }
0,5
σAlf a = {22, 0559}
σAlf a = 4, 70
Para o Beta:
2 2 2 2 2
σBeta = {0, 10 × (−7, 8 − 16, 46) + 0, 40 × (10, 0 − 16, 46) + 0, 40 × (25, 4 − 16, 46) + 0, 10 × (30, 8 − 16, 46) }
2 2 2
2 2
σBeta = {0, 10 × (−24, 26) + 0, 40 × (−6, 46) + 0, 40 × 8, 94 + 0, 10 × 14, 34 }
σBeta = {0, 10 × 588, 5476 + 0, 40 × 41, 7316 + 0, 40 × 79, 9236 + 0, 10 × 205, 6356} 2
0,5
σBeta = {128, 0804}
σBeta = 11, 32
Assim, o desvio-padrão do investimento Alfa é de 4,70% e o desvio-padrão do investimento Beta é de 11,32% (os
valores estão em percentual por terem sido calculados sobre a variável retorno, que também está em percentual).
Portanto, o investimento Beta é mais arriscado que o Alfa, mas também possui um retorno esperado maior.
Análises de sensibilidade e de
cenários
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Na análise de investimentos é preciso compreender os motivos que podem levar ao insucesso de um projeto.
Conhecendo os pontos potenciais de falha, o investidor pode decidir se é viável tentar reduzir a incerteza
investindo em mais informação para auxílio na tomada de decisão. Ademais, o quanto antes eu identi car que
o investimento possui um VPL negativo, melhor. No mesmo sentido, uma vez decidido pela execução do
investimento, é importante estar preparado para cenários que fujam do projetado, conhecendo os sinais de
perigo e as ações necessárias para contorná-los. Para tanto, existem técnicas para planejamento e controle de
projetos, para que possamos ter uma visão mais ampla da sensibilidade do investimento às mudanças nas
principais variáveis que o afetam, seja em cenários previstos ou imprevistos (SAMANEZ, 2007).
Análise de Sensibilidade
Quando projetamos os uxos de caixa de um investimento estamos considerando diversas variáveis, como
preços, número de vendas, custos de produção, entre outras. Dessa forma, é importante identi carmos quais
dessas variáveis possuem maior in uência sobre os uxos de caixa. Por meio da análise de sensibilidade
conseguimos identi car as variáveis-chave do processo de projeção e determinação dos uxos de caixa, o que
nos permite avaliar o projeto sob diferentes hipóteses a partir do comportamento dessas variáveis. Na análise
de sensibilidade objetivamos isolar os efeitos de cada variável sobre o VPL, permanecendo tudo o mais
constante. De outra forma, a análise de sensibilidade mede o percentual de variação no VPL resultante de uma
variação percentual em uma variável-chave do uxo de caixa, mantendo as demais variáveis constantes
(EHRHARDT; BRIGHAM, 2012). As variáveis com maior impacto no VPL do projeto devem receber maior atenção
do gestor, com estudos mais aprofundados ou investimento em informação, para redução da incerteza.
Vamos agora efetuar uma análise de sensibilidade para um projeto hipotético da Enterprise Ltda., que requer
um investimento inicial de R$ 150 e possui uma vida útil de dez anos. Considere que o departamento de
marketing tenha apresentado as informações projetadas (esperadas) sobre o mercado (demanda total pelo
produto) a participação da empresa nesse mercado, o preço unitário de venda, o custo variável e o custo xo,
conforme Tabela 3.
Fonte: o autor.
A partir dessas informações, a Tabela 4 a seguir mostra o uxo de caixa esperado para o período de dez anos e
o VPL do projeto.
Tabela 4 – Fluxo de caixa esperado para a Enterprise Ltda.
Investimento - R$ 150,00 -
Receitas - R$ 375,00
- Depreciação - - R$ 15,00
LAJIR - R$ 30,00
+ Depreciação - R$ 15,00
Fonte: o autor.
Espera-se que o mercado tenha capacidade de absorver 1.000 unidades desse produto por ano e que a
Enterprise tenha participação de 10% nesse mercado, ou seja, que ela venderá 100 unidades por ano. O preço
unitário esperado é de R$ 3,75 vezes as 100 unidades que a empresa espera vender, dando uma receita anual
de R$ 375,00. O custo variável total é: as 100 unidades vezes os R$ 3,00 de custo variável por unidade, ou seja, R$
300,00. A depreciação é linear de R$ 150,00 em 10 anos, ou seja, R$ 15,00 por ano.
Utilizando os dados e considerando um custo de capital de 10% ao ano (k = 10% a.a.), podemos calcular o VPL
do projeto, como segue:
30 30 30 30 30 30 30 30 30 30
V P L = −150 + + + + + + + + + +
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(1 + 0, 01) (1 + 0, 01) (1 + 0, 01) (1 + 0, 01) (1 + 0, 01) (1 + 0, 01) (1 + 0, 01) (1 + 0, 01) (1 + 0, 01) (1 + 0, 01)
V P L = R$ 34, 34
Digitar 30, apertar g, CFj Insere o valor dos uxos de caixa da série
Fonte: o autor.
Como o VPL esperado é positivo (R$ 34,34), uma decisão apressada poderia recomendar o investimento.
Contudo, algumas dúvidas podem surgir a partir das previsões:
Como as previsões dos uxos de caixa podem falhar a ponto de o projeto vir a apresentar prejuízo, precisamos
determinar quais variáveis têm maior impacto nas previsões por meio de uma análise de sensibilidade. Na
Tabela 6 a seguir, calcula-se o VPL do cenário projetado mudando uma variável de cada vez e mantendo as
outras constantes com três mudanças: (1) diminuição de 10% na participação do mercado (de 10% para 9%, ou
seja, de 100 unidade para 90 unidades); (2) aumento de 10% no custo variável unitário (de R$ 3,00 para R$ 3,30);
e (3) aumento de 10% no custo xo total (de R$ 30,00 para R$ 33,00).
Tabela 6 – Fluxo de caixa esperado e mudanças para a Enterprise Ltda.
- R$
Investimento - - - -
150,00
- R$ - R$ - R$
- Custo variável total - - R$ 300,00
270,00 330,00 300,00
Mudanças: (1) diminuição de 10% na participação do mercado (de 10% para 9%, ou seja, de 100 unidade para 90
unidades); (2) aumento de 10% no custo variável unitário (de R$ 3,00 para R$ 3,30); (3) aumento de 10% no custo
xo total.
Fonte: o autor.
Com as mudanças, vimos que: (1) uma diminuição de 10% na participação do mercado gera um novo VPL de
R$ 11,29, ou seja, R$ 23,04 (67,11%) a menos que o projetado (R$ 34,34); (2) um aumento de 10% no custo variável
unitário leva a um novo VPL de - R$ 57,83, que é R$ 92,17 menor que o projetado (variação de -268,42%); e (3)
um aumento de 10% no custo xo total gera um novo VPL de R$ 25,12, ou seja, R$ 9,22 (26,84%) a menos que o
VPL esperado. Esses dados que acabamos de analisar estão destacados na Tabela 7.
Mudança no VPL
VPL
Mudança
recalculado
Em R$ Em %
- R$
(1) Diminuição de 10% na participação do mercado R$ 11,29 - 67,11%
23,04
(3) Aumento de 10% no custo xo total R$ 25,12 - R$ 9,22 - 26,84%
Fonte: o autor.
Observando a Tabela 7, pode-se concluir que os parâmetros que mais podem colocar em risco o sucesso
econômico do projeto são aumentos inesperados nos custos variáveis e diminuições na participação do
mercado, já que nesses casos o VPL sofre os maiores impactos negativos.
Análise de Cenários
Um problema comum na análise de sensibilidade é a correlação entre as variáveis, uma vez que elas
di cilmente irão variar de maneira isolada, como supomos na análise de sensibilidade. A análise de cenários
serve para diminuir esse problema. Nela, ao invés de modi carmos apenas uma variável de cada vez,
modi camos um conjunto de variáveis para a construção de diferentes cenários. Em cada cenário nós
atribuímos valores às variáveis, de modo que haja consistência entre esses valores e o cenário pensado.
Na Tabela 8 temos três cenários para o projeto hipotético da Enterprise Ltda. que consideramos na análise de
sensibilidade: esperado (igual ao das Tabelas 3 e 4`), otimista e pessimista.
Mercado 1.000 un. por ano 1.100 un. por ano 900 un. por ano
Vendas 100 un. por ano 176 un. por ano 36 un. por ano
Preço unitário R$ 3,75 por un. R$ 3,80 por un. R$ 3,50 por un.
Custo variável R$ 3,00 por un. R$ 2,75 por un. R$ 3,30 por un.
Custo xo total R$ 30,00 por ano R$ 20,00 por ano R$ 40,00 por ano
Fonte: o autor.
O cenário Esperado é o mesmo que nós já analisamos no tópico anterior, o qual sabemos que gera um VPL de
R$ 34,34. No cenário Otimista há maior demanda, maior participação da empresa nesse mercado, maiores
vendas, maior preço para o produto e menores custos. Já no cenário pessimista, há menor demanda, menor
participação da empresa nesse mercado, redução nas vendas, menor preço para o produto e maiores custos. A
partir dessas informações, construímos os uxos de caixa projetados para cada cenário, conforme Tabela 9.
Tabela 9 – Fluxos de caixa esperado, otimista e pessimista para a Enterprise Ltda.
Investimento - R$ 150,00 - - -
Fonte: o autor.
Com base nos dados da Tabela 9, observamos que no cenário Otimista o VPL é de R$ 402,40, enquanto no
cenário Pessimista o VPL é de -R$ 351,54. É importante considerar esses dois cenários, além do esperado, para
auxiliar no planejamento e na gestão do projeto, identi cando potenciais pontos de falha (cenário pessimista)
e também oportunidades (cenário otimista).
Custo do capital
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
O custo de capital, também entendido como o custo de oportunidade do capital, é a taxa de
retorno mínima que a empresa precisa obter nos projetos em que investe, para manter seu valor
de mercado. Também pode ser entendida como a taxa mínima de retorno exigida pelos donos do
capital, para que eles invistam na empresa. Esse é um conceito nanceiro muito importante que
funciona como um vínculo entre as decisões de investimento de longo prazo e a riqueza dos
acionistas. Trata-se, de uma taxa de referência utilizada para decidir se um investimento proposto
poderá aumentar ou diminuir o valor da empresa (GITMAN, 2010).
Samanez (2007) destaca alguns conceitos e aspectos relevantes a respeito do custo do capital.
Balanço Patrimonial
Passivo Circulante
Capital de Terceiros
Dívida de Longo Prazo
Ativo
Patrimônio Líquido
Ações preferenciais
Ações ordinárias Capital Próprio
Lucros retidos
Fonte: o autor.
Nesse sentido, como as empresas utilizam tanto capital de terceiros quanto capital próprio para
nanciar seus investimentos, é necessário que ela os realize de modo que a rentabilidade desses
seja superior ao custo médio das fontes de recursos, por isso precisamos calcular o denominado
Custo Médio Ponderado do Capital (CMPC) ou, do inglês, Weighted Average Cost of Capital
(WACC).
O CMPC é uma média ponderada dos custos das diversas fontes de recursos que nanciam os
investimentos da empresa:
CM P C = ∑ wj × Kj (3.6)
j=1
Em que,
Para ilustrarmos o cálculo do CMPC, vamos supor que a empresa Enterprise S.A. possua a
seguinte estrutura de capital, dada pela Tabela 10. Na tabela observamos que a empresa possui
R$ 16,10 milhões em recursos advindos de quatro diferentes fontes, cada qual com uma
participação no total e com um custo.
Fonte: o autor.
Com base nos dados da Tabela 10 e utilizando a equação (3.6), o CMPC da Enterprise S.A. é:
CM P C = 0, 4969 × 14
CM P C = 12, 34
O CMPC calculado indica que, admitindo um nível constante de risco, a empresa deveria aceitar
todos os investimentos com retorno superior a 12,34%, que é o custo médio do capital à
disposição da empresa.
O Custo Médio Ponderado do Capital também pode ser calculado de acordo com a equação a
seguir:
CP D
CM P C = Kcp ( ) + Kd (1 − T ) ( ) (3.7)
V V
Em que,
V = CP + D = valor da empresa;
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
A taxa de desconto nada mais é do que o custo de capital utilizado para avaliação de projetos
de investimentos. Conforme acabamos de discutir, o CMPC é cabível como taxa de desconto
somente para a análise de investimentos que não alteram o risco da empresa. Quando novos
projetos modi cam o risco do negócio, precisamos ajustar o custo de capital ao risco. Dessa
forma, veremos dois modelos que ajustam o custo do capital ao risco.
Modelo de Modigliani-Miller
Admitindo a existência de imposto de renda (T) e que a empresa gera uxos de caixa
constantes na perpetuidade (para sempre), podemos concluir que o lucro operacional total,
depois do imposto de renda, disponível para os acionistas e para os credores é dado por:
Quando o mercado avalia uxos de caixa, utiliza taxas de desconto ajustadas ao nível de risco
de cada um deles. O uxo que representa o benefício scal da dívida (T × D × Kd ) é
descontado à taxa de juros da dívida (Kd ). O uxo LAJ I R (1 − T ) tem um risco maior que o
benefício scal da dívida e deve ser descontado à taxa K0 , que re ete o custo do capital da
empresa sem dívida (sem alavancagem).
LAJ I R (1 − T ) T × D × Kd
V = + = V0 + T × D (3.9)
K0 Kd
LAJ I R (1 − T ) K0 × T × D
K0 = + (3.10)
V V
LAJ I R(1−T )
Admitindo K , temos: K0 .
D
= = K + K0 × T ×
V V
D
K = K0 (1 − T × ) (3.11)
V
Finalmente, igualando a equação do custo médio ponderado do capital (3.7) com a equação de
Modigliani-Miller (3.11), obtemos uma expressão alternativa para o cálculo do custo do capital
próprio:
CP D D
Kcp ( ) + Kd (1 − T ) ( ) K = K0 (1 − T × )
CP + D CP + D CP + D
Colocando em evidência o custo do capital próprio (${{K}_{cp}}$), temos a proposição II de
Modigliani-Miller:
D
Kcp = K0 + ( ) (K0 − Kd ) (1 − T ) (3.12)
CP
Essa equação demonstra que o retorno requerido pelos acionistas é a soma de dois elementos:
(i) a rentabilidade dos ativos operacionais (K0 ), ligado ao risco operacional da empresa; e (ii) a
alavancagem nanceira, determinada pela estrutura nanceira e pela política de
nanciamento da empresa. O segundo elemento é obtido pela razão dívida/capital próprio ( D
CP
Modelo CAPM
Um investidor só vai adquirir um ativo de risco se o retorno compensar o risco. Quanto maior o
risco, maior o retorno exigido. De acordo com o modelo de preci cação de ativos nanceiros
(Capital Asset Princing Model – CAPM), o custo do capital próprio pode ser determinado por
uma relação linear entre risco e retorno. O modelo de formação de preços de ativos relaciona o
risco não diversi cável (que não pode ser eliminado com a diversi cação da carteira de
investimento) ao retorno para qualquer ativo. Nesse modelo, a rentabilidade exigida sobre o
capital próprio é igual a rentabilidade dos ativos livres de risco mais um prêmio pelo risco.
Assim, o custo do capital próprio é de nido pela seguinte equação:
Em que,
O prêmio pelo risco é o retorno adicional exigido pelos investidores para compensar o risco
adicional que eles estão assumindo ao investir naquele ativo. Ele depende de duas variáveis: (i)
o beta (β) do ativo, que é o grau de variação do retorno de um ativo em resposta a uma variação
no retorno de mercado, ou seja, ele mede o risco não-diversi cável do ativo; e (ii) a diferença
entre o retorno da carteira de mercado e o retorno dos ativos livres de risco (Rm − Rf ). Para
entendermos o beta, suponha dois ativos, X e Y, o beta do ativo X é de aproximadamente 0,85 e
o do ativo Y é de cerca de 1,42. O beta mais elevado do ativo Y indica que seu retorno é mais
sensível a variações dos retornos de mercado. Sempre que o beta do ativo for maior que um (1),
o risco da empresa é maior que o do mercado, pois demonstra maior sensibilidade em relação
às oscilações do mercado. Portanto, o ativo Y é mais arriscado do que o ativo X. Não
discutiremos como calculá-lo, mas o beta de empresas listadas nas bolsas de valores pode ser
obtido em sites especializados em análise de ações de empresas.
SAIBA MAIS
Per l de Risco dos Administradores
REFLITA
“Empreendedorismo, então, é comportamento, e não traço de personalidade. E
sua base está no conceito e na teoria, e não na intuição” (Peter F. Drucker).
Conclusão - Unidade 3
Por m, estudamos que as empresas utilizam capital advindo de diversas fontes para
nanciar seus investimentos, fazendo com que haja a necessidade de calcular a
média desses custos (Custo Médio Ponderado do Capital) para utilizar como taxa de
referência de desconto na avaliação de projetos. A m de ajustar a taxa de desconto
ao risco, desenvolvemos e discutimos o cálculo do custo de capital pelo modelo de
Modigliani-Miller e também pelo modelo de preci cação de ativos nanceiros
(CAPM).
Livro
Filme
Unidade 4
Avaliação de uma empresa
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Introdução
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à quarta unidade da apostila, na qual aprenderemos
sobre a valoração econômica de empresas.
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
Os tomadores de decisão deparam-se com operações que envolvem incertezas e
riscos signi cativos, que podem comprometer o retorno de um investimento. O
ambiente econômico dinâmico requer cada vez maior e ciência das organizações e
maior assertividade dos seus gestores. Nesse cenário, ferramentas que fornecem
informações precisas sobre as empresas, dando suporte à tomada de decisão, são
bastante relevantes. Nesse sentido, a avaliação surge como uma dessas ferramentas
para guiar as decisões dentro de empresas preocupadas com a gestão baseada em
valor (GITMAN, 2010).
No que diz respeito a quem é afetado pelas decisões, destacam-se três agentes nas
organizações: os credores, os gestores e os acionistas. Embora alguns não tenham
interesse em criar valor, todos estão interessados na criação de valor pelas empresas.
Os credores são agentes externos, os donos do capital de terceiros (dívida) que
procuram aplicar seus recursos a m de obter rendimentos sobre o capital,
considerando risco e retorno; não participam das decisões de alocação do capital
dentro das organizações e não são responsáveis por criar valor nas empresas. Os
acionistas são os donos do capital próprio, são os últimos bene ciários do uxo de
caixa, participam do risco atrelado às decisões de investimento e estão
comprometidos com a criação de valor. Por sua vez, os gestores são funcionários da
empresa que agem de acordo com os interesses dos acionistas, uma vez que suas
decisões são submetidas ao conselho de administração, os gestores também estão
preocupados com a criação de valor (SAMANEZ, 2007).
Assim, ca claro que as decisões tomadas afetam diretamente os acionistas e os
gestores (responsáveis pelas decisões), pois podem implicar criação ou destruição
de valor (de interesse desses agentes). Contudo, mesmo os credores, que não se
preocupam em criar valor e não participam das decisões nem compartilham os
riscos, estão interessados em sua criação, uma vez que basearão suas decisões de
aplicação de recursos de acordo com as taxas de retorno obtidas pelas empresas. As
empresas que criam valor terão retornos superiores aos mínimos exigidos e serão
mais atrativas (EHRHARDT; BRIGHAM, 2012).
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
No método de valoração com base nos uxos de caixa livres descontados, os benefícios
operacionais produzidos pelas empresas ou pelos projetos de investimento são expressos na forma
de uxos de caixa (iguais ao da Tabela 2 que vimos na Unidade I), descontados a valor presente,
mediante uma taxa mínima de atratividade. Essa taxa de desconto representa fundamentalmente
a remuneração mínima exigida pelos proprietários do capital (acionistas e credores), conforme visto
na Unidade III do nosso material didático.
De acordo com a metodologia baseada nos uxos de caixa descontados, o valor patrimonial (valor
acionário) do negócio é igual a seu valor operacional (valor disponível para acionistas e credores)
mais o valor dos ativos não operacionais e menos o valor das dívidas (passivo oneroso), como segue:
V alor patrimonial = V alor operacional da empresa
~
+ V alor dos ativos nao operacionais
í
V alor da d vida
Por sua vez, o valor operacional é igual ao valor presente dos uxos de caixa livres (FCL),
descontados a uma determinada taxa que considere o custo de oportunidade de todos os
provedores de capital (Custo Médio Ponderado do Capital – CMPC).
O demonstrativo mais importante para aplicar esse método é o uxo de caixa livre, que pode ser
de nido como o uxo gerado pelas operações, líquido de impostos, menos os dispêndios de capital,
menos as mudanças no capital de giro operacional e mais a depreciação, sendo esta última uma
despesa não-caixa e, portanto, não representa uma saída efetiva de dinheiro do uxo de caixa da
empresa, devendo ser somada após sua consideração para efeito scal (SAMANEZ, 2007).
F luxo de caixa livre = Lucro operacional depois de impostos
Disp^
e ndios de capital
ç
M udan as no capital de giro
~
+ Deprecia aoç
Diferentemente de um projeto especí co, uma empresa não possui vida útil determinada e, por
isso, a projeção dos seus uxos de caixa futuros deve considerar a capacidade da empresa de gerar
ganhos ao longo de sua continuidade. Para tanto, divide-se a vida da empresa em dois períodos: o
período de vantagens competitivas, ou também período de previsão explícita (E), e o período de
continuidade, ou período de perpetuidade (E+1). Dessa forma, o valor da empresa pode ser
estimado por meio da soma de dois valores:
~
V alor = V alor presente do f luxo de caixa no per odo de previsao expl cita í í
+ V alor presente da perpetuidade
O período de previsão explícita é aquele em que podemos estabelecer relações diretas entre os
fatores externos e os vetores que determinam a criação de valor para a empresa, possibilitando a
criação de hipóteses de crescimento a partir da análise de dados passados e dos fatores geradores
de valor. Já o período de perpetuidade refere-se à continuidade da empresa após o período de
previsão explícita. O valor presente dos uxos de caixa no período de previsão explícita é calculado
descontando os uxos de caixa livres de cada ano do período de previsão explícita a uma
determinada taxa de custo de capital. O valor presente da perpetuidade, denominado valor de
continuidade, é estimado calculando-se o valor presente do FCL do primeiro ano após o período de
previsão explícita.
O valor presente (VP) do uxo de caixa livre no período de previsão explícita (E) pode ser calculado
pela equação (4.1):
Em que,
FCL = uxo de caixa livre no período t (cada ano representa um período até o último ano da previsão
explícita “E”);
O valor presente do valor de continuidade, ou seja, do período de perpetuidade (E+1), pode ser
calculado pela equação (4.2):
c
⎡ N opatE+1 (1 − ) ⎤
1 ROI
Sendo,
c
N opatE+1 (1− )
ROI
[ ] = valor de continuidade;
(K−c)
N opatt
ROIt = (4.3)
Capital I nvestidot−1
Para ilustrar o processo de cálculo, nos passos seguintes esse método será seguido para
calcularmos o valor patrimonial da Enterprise S.A.
~
í
V alor Operacional = V alor presente do F CL no per odo de previsao expl cita í
+ V alor presente da perpetuidade
e,
~
V alor total da empresa = V alor operacional + Ativo nao operacional
A Tabela 1 a seguir apresenta a demonstração projetada do FCL para a empresa Enterprise S.A.
durante um período de 5 anos. Os primeiros 4 anos compõem o período de previsão explícita (E). O
quinto ano (E+1) contém o valor da perpetuidade projetada que, segundo se espera, ocorrerá
imediatamente após o período de previsão explícita.
Tabela 1 – Fluxos de Caixa Livres da Enterprise S.A.
Receita R$ R$ R$ R$ R$
Líquida 425,600.00 472,416.00 524,381.00 582,063.00 646,090.00
R$ R$ R$ R$ R$
Lucro Bruto
319,200.00 354,312.00 393,286.00 436,548.00 484,568.00
R$ R$ R$ R$
Ebitda R$ 434,719.00
285,152.00 316,860.00 352,088.00 391,231.00
R$ R$ R$ R$
Ebit R$ 373,669.00
222,432.00 254,360.00 290,008.00 329,231.00
R$ R$ R$ R$
Nopat R$ 261,568.30
155,702.40 178,052.00 203,005.60 230,461.70
+ R$ R$ R$ R$
R$ 61,050.00
Depreciação 62,720.00 62,500.00 62,080.00 62,000.00
Fluxo de R$ R$ R$ R$
R$ 174,604.30
Caixa Livre 143,163.40 155,729.00 169,534.60 185,339.70
Fonte: o autor.
Com base nos valores da Tabela 1, a Tabela 2 a seguir mostra o capital investido, o ROI (retorno sobre
o capital investido) e a taxa de crescimento do Nopat ao longo do período de previsão explícita.
Tabela 2 – Capital Investido, ROI e taxa de crescimento do Nopat da Enterprise S.A.
Capital R$ R$ R$ R$
R$ 610,500.00
Investido 627,200.00 625,000.00 620,800.00 620,000.00
O ROI foi calculado pela equação (4.3), conforme exemplo a seguir para o ano 2:
N opat2 178.052, 00
ROI2 = = = 0, 2839 × 100 = 28, 39%
Capital I nvestido1 627.200, 00
A taxa de crescimento do Nopat foi calculada da seguinte forma (exemplo do ano 1 para o ano 2):
N opat2 178.052, 00
c2 = − 1 = − 1 = 0, 1435 × 100 = 14, 35%
N opat1 155.702, 40
Esses valores podem ser utilizados como parâmetros para cálculo do valor presente do valor de
continuidade da empresa, mas não diretamente, uma vez que se referem ao período de previsão
explícita, caracterizado por taxas de rentabilidade e de crescimento acima das de mercado. Desse
modo, para cálculo do FCL de continuidade consideraremos um ROI de 30% (0,30) e uma c de 7%
(0,07), taxas mais conservadoras, pois estamos considerando a perpetuidade.
Assim, para o cálculo do FCL descontado do primeiro ano, seguindo os dados da Tabela 1 e um
custo de capital (K) de 14% (0,14), temos:
F CL1 143.163, 40
V P do F CL1 = = = 125.581, 93
1 1
(1 + K) (1 + 0, 14)
Esse cálculo deve ser realizado para todos os anos do período de previsão explícita. Os valores
encontrados constam na Tabela 3.
Tabela 3 – Valoração da Enterprise S.A. pelo FCL
Fonte: o autor.
Agora iremos calcular o valor de continuidade e seu valor presente, considerando um ROI de 30%
(0,30) e uma c de 7% (0,07), conforme equação (4.2):
0,07
⎡ 261.568, 30 (1 − ) ⎤
1 0,30
V P do F CLE+1 = × ⎢ ⎥
4
(1 + 0, 14) (0, 14 − 0, 07)
⎣ ⎦
1 261.568, 30 (1 − 0, 2333)
V P do F CLE+1 = × [ ]
4
0, 07
(1 + 0, 14)
1 200.535, 70
V P do F CLE+1 = × [ ]
4
0, 07
(1 + 0, 14)
1
V P do F CLE+1 = × 2.864.795, 67
4
(1 + 0, 14)
4
(1+0,14)
~
í í
V alor Operacional = V alor presente do F CL no per odo de previsao expl cita
+ V alor presente da perpetuidade
+R$ 1.696.189, 01
V alor Operacional = R$ 2.165.766, 36
Admitindo que a empresa Enterprise S.A. tenha um ativo não operacional de R$ 250.000,00 e uma
dívida de R$ 300.000,00, temos que o valor total da empresa é:
~
V alor total da empresa = V alor operacional + Ativo nao operacional
E o valor patrimonial é:
í
V alor patrimonial = V alor total da empresa − V alor da d vida
Portanto, pelo método do uxo de caixa descontado, o valor patrimonial da empresa Enterprise S.A.
é de R$ 2.115.766,36. Esse valor pode ser utilizado para a tomada de decisão, com acompanhamento
e atualização constante para veri car se esse valor se eleva ou diminui com o passar do tempo, ou
para a venda do negócio, por exemplo. Todos os valores calculados se encontram na Tabela 3.
Método do lucro econômico
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
O método de valoração baseado no lucro econômico ou valor adicionado é de nido de acordo
com o Valor Econômico Agregado (Economic Value Added – EVA) e o Valor de Mercado
Agregado (Market Value Added – MVA). Esse modelo de avaliação leva em consideração o lucro
econômico e o custo de oportunidade do capital.
O EVA pode ser de nido como o lucro operacional residual após a remuneração mínima exigida
pelo capital investido, indicando, portanto, se a empresa está criando ou destruindo valor. Isso
quer dizer que o lucro operacional não é su ciente, devendo-se levar em consideração o custo
de oportunidade do capital investido. Para criar valor, uma empresa precisa gerar um Lucro
Operacional Após o Imposto de Renda (Net Operating Pro t After Tax – Nopat) maior que o
rendimento alternativo do capital investido, caso contrário estará destruindo valor. O MVA é o
valor presente dos EVAs projetados, descontados ao custo médio ponderado do capital, e
representa o que a empresa criou de valor (SAMANEZ, 2007).
O EVA é igual ao lucro operacional após o imposto de renda menos um encargo pelo capital
investido:
Capital R$ R$ R$ R$
R$ 610.500,00
Investido 627.200,00 625.000,00 620.800,00 620.000,00
R$ R$ R$ R$
Nopat R$ 261.568,30
155.702,40 178.052,00 203.005,60 230.461,70
-
Encargos
- R$ - R$ - R$ - R$ - R$
sobre o
87.808,00 87.500,00 96.912,00 86.800,00 85.470,00
Capital
Investido
R$ R$ R$ R$
EVA R$ 176.098,30
67.894,40 90.552,00 116.093,60 143.661,70
Fonte: o autor.
O custo de capital (K) utilizado para os cálculos foi 14%. Os encargos sobre o capital investido
para cada ano são o resultado da multiplicação do capital investido no ano pelo custo do capital
(0,14). O capital investido e o Nopat são dados. O EVA pode ser interpretado como o lucro
operacional residual após a remuneração mínima exigida pelos donos do capital (acionistas e
credores). No exemplo da Tabela 4, o valor do EVA de R$ 116.093,60, que é o lucro econômico,
indica que o resultado do terceiro ano foi de R$ 116.093,60 a mais do que exigiam os acionistas,
levando em consideração a rentabilidade de aplicações alternativas com risco semelhante.
Como pode ser observado, assim como no método do Fluxo de Caixa Livre (FCL), o cálculo dos
EVAs está dividido de acordo com o horizonte de tempo em período de previsão explícita (E) e
perpetuidade (E+1). O período de previsão explícita é o período necessário para que a volatilidade
dos uxos de caixa se estabilize ou para que a empresa atinja um estado estacionário, ou seja, é o
tempo necessário para que a empresa alcance um ponto de crescimento constante e estável. Já
a perpetuidade refere-se à continuidade da empresa após o período de previsão explícita.
Portanto, a valoração compreende o cálculo dos EVAs de cada ano durante o período de previsão
explícita e também o EVA de continuidade (SAMANEZ, 2007).
Como já mencionado, para calcular o MVA é preciso encontrar o valor presente dos EVAs
projetados (previsão explícita e perpetuidade), descontados ao custo médio ponderado do
capital. Para o valor presente dos EVAs projetados durante o período de previsão explícita, tem-
se:
EV At
EV Adescontado = (4.4)
t
t
(1 + K)
Assim, para o cálculo do EVA descontado do primeiro ano, seguindo os dados da Tabela 4 e um
custo de capital (K) de 14% (0,14), temos:
67.894, 40
EV Adescontado = = 59.556, 49
1
1
(1 + 0, 14)
90.552, 00
EV Adescontado = = 69.676, 82
2
2
(1 + 0, 14)
c
⎡ N opatE+1 ( ) (ROI − k) ⎤
EV AE+1 ROI
Em que:
N opatt
ROIt =
Capital I nvestidot−1
No cálculo do EVA de continuidade deve-se utilizar uma taxa média esperada de retorno sobre o
capital investido. Para tanto, pode-se utilizar como parâmetro o valor da média aritmética do ROI
do período de previsão explícita. Também pode-se utilizar o valor da média geométrica da taxa
de crescimento do Nopat como parâmetro. Na Tabela 5 constam os dados dos cálculos:
Como mencionado, esses valores devem ser utilizados como parâmetros, mas não diretamente,
uma vez que se referem ao período de previsão explícita, caracterizado por taxas de
rentabilidade e de crescimento acima das de mercado. Desse modo, assim como zemos na
abordagem do uxo de caixa descontado, para cálculo do EVA de continuidade, consideraremos
um ROI de 30% (0,30) e uma c de 7% (0,07), taxas mais conservadoras, pois estamos
considerando a perpetuidade:
0,07
⎡ 261.568, 30 ( ) (0, 30 − 0, 14) ⎤
176.098, 30 0,30
EV Acontinuidade = ( ) + ⎢ ⎥
0, 14 0, 14 (0, 14 − 0, 07)
⎣ ⎦
EV Acontinuidade = 2.254.295, 67
2.254.295, 67
EV Acontinuidade descontado = = 1.334.724, 00
5
(1 + 0, 14)
Depois de efetuados os cálculos dos EVAs durante o período de previsão explícita e do EVA de
continuidade, bem como calculado o valor presente de todos eles, temos os resultados da Tabela
6, como segue.
Tabela 6 – Avaliação da Enterprise S.A. pelo EVA/MVA
Fonte: o autor.
Assim, a soma do valor presente dos EVAs (de previsão explícita e de continuidade) é o valor de
mercado adicionado, ou MVA, e representa o valor que a empresa criou (R$ 1.627.376,45). O MVA
somado ao capital inicial investido (R$ 627.200,00) resulta no valor operacional da empresa (R$
2.254.576,45). O valor operacional somado ao ativo não operacional (hipotético: R$ 250.000,00)
resulta no valor total da empresa. O valor total da empresa menos o valor da dívida (hipotético:
R$ 300.000,00) resulta no valor patrimonial. Portanto, podemos a rmar que o valor patrimonial
da Enterprise S.A. é de R$ 2.204.576,45 e que esta criou um valor global de R$ 1.627.376,45 (MVA =
valor presente dos EVAs).
Valorização acionária pelo
uxo de dividendos
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé
O valor de uma empresa também pode ser interpretado como o valor de mercado dos ativos
desta, que é igual ao valor de mercado do patrimônio líquido da empresa mais o valor de
mercado de sua dívida (capital de terceiros). Como o patrimônio líquido é composto pelo
capital dos acionistas, seu valor de mercado é igual a multiplicação do número de ações pelo
valor unitário da ação (SAMANEZ, 2007). Dessa forma, o valor de mercado de uma empresa
pode ser calculado da seguinte forma:
~
V alor de mercado da empresa = N V alor unitário da a ao + V alor da d vida ç í
Assim, é preciso calcular o valor das ações da empresa para de nir seu valor de mercado.
Nesse sentido, o modelo baseado no uxo de dividendos considera que o valor de mercado
do patrimônio líquido da empresa é igual ao valor presente do uxo de dividendos futuros
projetados, descontados a uma taxa mínima exigida pelos investidores (SAMANEZ, 2007).
Desse modo, considerando que na perpetuidade os dividendos de uma ação cresçam a uma
taxa constante (c), o valor presente da ação será:
DI V1
P0 = (4.6)
Kcp − c
Em que Kcp é a rentabilidade mínima exigida pelos acionistas (custo do capital próprio), P0 é
o preço atual da ação, DI V1 é o dividendo esperado por ação para o ano corrente e c é a taxa
de crescimento dos dividendos.
A equação (4.6) é conhecida como modelo de Gordon ou modelo de avaliação com taxa de
crescimento constante. É importante ressaltar que esse método considera que a taxa de
crescimento dos dividendos será sempre menor que a taxa de retorno exigida pelo capital
próprio (Kcp > c).
Observa-se que para utilizar essa metodologia é preciso mensurar o custo do capital próprio.
Para isso, deve-se utilizar o modelo de preci cação de ativos nanceiros (Capital Asset
Princing Model – CAPM). De acordo com o CAPM, o custo do capital próprio pode ser
determinado por uma relação linear entre risco e retorno. Nesse modelo, a rentabilidade
exigida sobre o capital próprio é igual a rentabilidade dos ativos livres de risco mais um
prêmio pelo risco. A equação a seguir de ne essa relação:
Em que,
Como exemplo, considere que a rentabilidade dos ativos sem risco seja de 14%, que a
rentabilidade esperada pela carteira de mercado seja de 25% e que o beta da ação seja 1,8. Se
o dividendo esperado para essa ação seja de R$ 1,80 por ano para a perpetuidade e que a taxa
constante de crescimento dos dividendos seja de 7,5% ao ano, pode-se calcular o preço da
ação da seguinte forma:
Primeiramente calculamos o custo do capital próprio com o modelo CAPM.
1, 80
P0 = = R$ 6, 84
0, 338 − 0, 075
SAIBA MAIS
Como o mercado avalia o valor das empresas?
Caro(a) aluno(a), nessa unidade vimos que a e ciência e o sucesso de uma empresa
em um mundo globalizado, com elevada concorrência e cada vez mais dinâmico,
depende de uma gestão voltada para a criação de valor. Nesse sentido, todas as
decisões de onde e como a empresa deve investir seu capital, e de onde e como
captar os recursos necessários para nanciar seus investimentos devem ser tomadas
objetivando maximizar o valor da empresa para os acionistas, pois as empresas que
criam valor, possuem retornos superiores aos mínimos exigidos e são mais atrativas
aos investidores.
Filme
Considerações Finais
Por tudo isso, sei que você está preparado(a) para seguir desenvolvendo ainda mais
suas habilidades na análise de investimentos.
Até uma próxima oportunidade e muito obrigado.