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TÓPICOS ESPECIAIS EM

GESTÃO FINANCEIRA

Autoria: Andréia de Lima


Thauane Lima de Souza

1ª Edição

Indaial - 2021

UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2021

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

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XXX p.; il.

ISBN XXXXXXXXXXXXX
ISBN Digital XXXXXXXXXXXXX
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CDD XXXX.XXX

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO...........................................................................07

CAPÍTULO 1
Finanças...........................................................................................7

CAPÍTULO 2
Contabilidade Financeira............................................................27

CAPÍTULO 3
Orçamento Base Zero.................................................................59
APRESENTAÇÃO
A gestão financeira é um conhecimento essencial para todo ser humano que
vive em sociedade. Robert Kiyosaki, em seu livro “Pai rico, pai pobre”, fala que
a maioria das pessoas está concentrada demais em ganhar dinheiro, mas o que
elas deveriam realmente focar é a sua educação financeira.

Para uma empresa, o gerenciamento financeiro, muitas vezes, é o divisor


de águas entre ser lucrativa ou encerrar as atividades (ir à falência). Quantas
boas empresas, com ótimos empreendedores, idéias maravilhosas, produtos
fantásticos, mas que não conseguem ser suficientemente lucrativas?

A capacidade de gerenciar o seu dinheiro perante a própria atividade, o


governo (impostos), os bancos, os investidores e a sociedade é um diferencial
competitivo muito forte para as organizações.

Desse modo, no primeiro capítulo desta disciplina, discutiremos a


importância da gestão financeira para as empresas, destacando as principais
funções do gerente financeiro, desde a tesouria, contas a pagar, contas a receber
até a análise de investimentos e financiamentos.

No segundo capítulo, você será levado(a) a conhecer os principais


demosntrativos contábeis utilizados para fins gerenciais: o Balanço Patrimonial, a
Demonstração de Resultado do Exercício e a Demonstração do Fluxo de Caixa.
Você entenderá como eles funcionam e como elaborá-los.

Por fim, no terceiro capitulo, você será apresentado(a) ao Orçamento Base


Zero – uma ferramenta gerencial utilizada tanto por pequenas empresas, quanto
por multinacionais. Com o intuito de solucionar algumas dificuldades encontradas
durante a elaboração do orçamento tradicional, o Orçamento Base Zero é um
grande aliado da empresa ao planejar a utilização dos recursos disponíveis.

O conhecimento financeiro é uma jornada longa que precisa de constante


atualização, mas muito gratificante. A sua está apenas começando!
C APÍTULO 1
Finanças

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

3 Esclarecer a contribuição da gestão financeira para


a continuidade de uma organização;

3 Explicar as principais funções do gerente financeiro;

3 Conhecer a importância, os deveres, a relação com os demais setores e a


contribuição da gestão financeira para a continuidade de uma organização
Capítulo 1 Finanças

1 Contextualização
Qual o principal objetivo de uma empresa? Essa questão pode ser respondida
de várias maneiras, mas quase todas as respostas vão levar a geração de valor
para os sócios e/ou acionistas. Afinal, ninguém começa um negócio ou investe no
empreendimento de outra pessoa pensando em perder dinheiro.

Quando se fala em criação de valor, automaticamente se pensa em lucro,


porém, para algumas entidades, como órgãos públicos e entidades sem fins
lucrativos, a geração de lucro não é o objetivo primordial.

Para as entidades sem fins lucrativos, por exemplo, o objetivo primordial


é a geração de um resultado econômico e financeiro positivo, que permita o
desenvolvimento normal de suas operações e a cobertura das necessidades
gerais de investimentos, garantindo assim, sua continuidade e cumprimento da
missão a que se destina (PADOVEZE, 2016).

No caso de uma entidade sem fins lucrativos que trabalha com crianças
carentes, por exemplo, a missão desta entidade não é o acúmulo de riquezas e
sim atender as necessidades das crianças e transformar o seu ambiente. Contudo,
para cumprir sua missão, precisará de recursos financeiros.

Para garantir, não somente o retorno financeiro esperado, como também a


continuidade da organização e, consequentemente, o atingimento da sua missão,
se faz necessária uma gestão eficiente das finanças da entidade. Desse modo,
pode-se dizer que o objetivo maior de finanças é criar valor para seus proprietários,
sejam eles quais forem (PADOVEZE, 2016).

Portanto, é essencial para o profissional de finanças: conhecimento da


área, proatividade, capacidade de análise e tomada de decisões, ética e sigilo
profissional. Pois o profissional desta área tem acesso a informações estratégicas.
Essas informações dizem respeito não somente ao setor financeiro, tendo em
vista que esse se relaciona com todos os departamentos da empresa (vendas,
compras, produção, marketing, etc.), utilizando e fornecendo informações aos
mesmos.
De acordo com Hoji (2017, p. 7): “a administração financeira de uma
empresa é exercida por pessoas ou grupos de pessoas que podem ter diferentes
denominações, como: vice-presidente de finanças, diretor financeiro, controller e
gerente financeiro”. Sendo que ainda segundo o referido autor, as funções típicas
do administrador financeiro de uma empresa são:

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Tópicos especiais em gestão financeira

a) análise, planejamento e controle financeiro;


b) tomadas de decisões de investimentos;
c) tomadas de decisões de financiamentos.

Na Figura 1 é apresentado um exemplo do organograma do setor financeiro


de uma empresa:

Figura 1 - Exemplo de organograma da área de finanças

Fonte: Hoji (2017).

Contudo, dependendo do porte da empresa, a denominação e a distribuição


das funções podem variar. Em empresas de pequeno e médio porte, é comum
que algumas funções da controladoria, por exemplo, administração de tributos
e sistemas de informação, sejam terceirizadas. Nessas empresas, também é
comum que uma pessoa execute duas ou três funções (PADOVEZE, 2016). Ou
ainda, nos casos de micro empreendimento, muitas vezes é o sócio proprietário
que as executa.

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Capítulo 1 Finanças

Para saber mais sobre controladoria, leia o livro:


Controladoria Estratégica e Operacional. Do autor Clóvis Luís
Padoveze.

Para facilitar o trabalho desse profissional, o ideal é que a empresa tenha


um sistema de informações confiável. O recomendável é que o sistema seja
informatizado – o que proporciona agilidade e facilita a rastreabilidade – seja um
sistema em nuvem, instalado em um servidor da empresa ou até mesmo planilhas
eletrônicas. O importante é que ele seja periodicamente alimentado e consultado.

Neste livro, vamos focar nas funções e atividades da tesouraria,


desempenhadas pelo tesoureiro, também denominado gerente financeiro, por
serem fundamentais para empresas de pequeno e médio porte.

1.1 Tesouraria
A função básica de uma tesouraria é gerir o fluxo dos recursos financeiros
de uma organização e salvaguardar seus ativos financeiros, ou seja, o seu
tesouro (SOUZA; TORQUATO, 2019). Apesar de se preocupar com o controle
das disponibilidades da empresa, mais recentemente a tesouraria tem assumido
funções mais estratégicas e relacionadas ao planejamento organizacional.

Disponibilidades são recursos da empresa em moeda ou que


podem ser transformados quase que imediatamente em moeda
(caixa, valor em conta corrente, aplicação de liquidez imediata).

Conceito técnico. Disponibilidades são recursos da empresa em moeda ou


que podem ser transformados quase que imediatamente em moeda (caixa, valor
em conta corrente, aplicação de liquidez imediata).

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Tópicos especiais em gestão financeira

Hoji (2017, p. 139) destaca que a tesouraria “é uma das áreas mais
importantes em uma empresa, pois, praticamente, todos os recursos financeiros
que giram na empresa transitam por ela”. Logo, é uma área que pode fornecer
muita informação fundamental para a tomada de decisão.

Souza e Torquato (2019) destacam algumas funções da tesouraria


relacionadas as disponibilidades da empresa:

a) Realizar a conciliação bancária das operações de pagamentos efetuadas,


para identificar se elas foram devidamente processadas pelos bancos;
b) Identificar TEDs, DOCs e boletos não processados pelo banco e
providenciar novo pagamento;
c) Conferir e registrar os débitos relativos a tarifas, encargos financeiros e
tributários de operações de crédito identificados em conta bancária;
d) Realizar e registrar os pagamentos em dinheiro;
e) Realizar e registrar os recebimentos em dinheiro ou cheques à vista;
f) Consultar os sistemas de restrição de crédito nos recebimentos em
cheques a vista (SCPC e Telecheque);
g) Conferir a conformidade técnica dos cheques recebidos (à vista e
pré-datados) para identificar inconsistências, tais como erros de
preenchimento, falta de assinatura etc;
h) Salvaguardar os cheques pré-datados recebidos;
i) Conferir o follow-up dos cheques pré-datados;
j) Salvaguardar o dinheiro e os cheques à vista recebidos;
k) Enviar diariamente os numerários recebidos (cheques e dinheiro) para
depósito bancário;
l) Gerenciar o relacionamento com a agência bancária em que a
organização tenha conta;
m) Controlar o cadastramento para débitos automáticos e administrar
possíveis bloqueios judiciais em conta corrente;
n) Realizar a conciliação bancária diária de todos os lançamentos
identificados no extrato bancário (débitos e créditos);
o) Analisar e registrar créditos extraordinários identificados no extrato
bancário;
p) Realizar e registrar o fechamento diário de caixa e banco, registrando
toda movimentação e apresentando ao responsável do setor;
q) Organizar e enviar para a contabilidade os documentos dos movimentos
financeiros de caixa e banco;
r) Conferir diariamente a existência e a veracidade (contagem física) dos
saldos em dinheiro e cheques salvaguardados;
s) Controlar os recursos disponíveis em caixa e bancos.

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Capítulo 1 Finanças

É imprescindível que essas atividades sejam realizadas diariamente, evitando


assim o acúmulo delas – em caso de empresas que apresentem grande volume de
transações, o que é muito comum no setor de comércio – e principalmente, para
minimizar a ocorrência de erros ou fraudes. Pois a tesouraria também é responsável
por enviar informações fidedignas para a contabilidade. Neste sentido, também é
imprescindível o desenvolvimento e aplicação de controles internos.

Para saber mais sobre controles internos na área financeira,


sugere-se a leitura do artigo Controle interno: um estudo de caso
em uma microempresa.

A tesouraria é uma área da empresa que recebe ou fornece informações para


todas as demais. Esse relacionamento contribui para que o gerente financeiro
possa, por exemplo, projetar o fluxo de caixa da empresa com segurança.

Quase todos os atos praticados em qualquer área da empresa


acabam transformando-se em contas a receber ou em contas a pagar. E,
consequentemente, todos os valores a receber ou a pagar devem transitar,
obrigatoriamente, pelo sistema de tesouraria (HOJI, 2017).

1.2 Contas a pagar


O controle de contas a pagar deve ser rotineiro nas funções do setor
financeiro de qualquer empresa. Neste âmbito, deve ser levado em consideração
todas as obrigações a pagar da empresa, bem como os prazos para o devido
pagamento. O acompanhamento dessas informações permite que sejam tomadas
decisões que auxiliem na gestão estratégica da empresa.

Um dos benefícios de gerir corretamente as contas a pagar em uma empresa é


a capacidade de evitar atrasos nos pagamentos e, consequentemente, o pagamento
de multa e/ou juros ou a suspensão dos serviços. Mas o controle efetivo das contas
a pagar possibilita muito mais do que isso. Com base nas informações disponíveis
é possível negociar e renegociar prazos de pagamento com fornecedores, visando
manter um bom fluxo de caixa na empresa e, também em casos extremos, tomar
decisões sobre quais obrigações devem ser priorizadas.

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Tópicos especiais em gestão financeira

Neste sentido, Hoji (2017) destaca algumas atividades de responsabilidade


do contas a pagar:

a) Estabelecer políticas de pagamentos;


b) Controlar adiantamentos a fornecedores;
c) Controlar abatimentos e devoluções de mercadorias;
d) Controlar cobranças bancárias e cobranças em carteira;
e) Liberar duplicatas para pagamento.

Independente do porte da empresa, essas atividades devem ser


desempenhadas com atenção e responsabilidade, pois muitas vezes podem ser
fundamentais, principalmente em micro e pequenas empresas, onde o capital de
giro geralmente é menor.

1.3 Contas a receber


As vendas de mercadorias ou prestação de serviços de uma empresa que
são negociadas a vista, tem o seu valor indo diretamente para o caixa, conta
corrente ou semelhante. Já as vendas a prazo de uma empresa, geram um direito
futuro de recebimento do montante e são chamadas de contas a receber (ou
duplicatas a receber).

De acordo com Hoji (2017, p. 130): “as vendas a prazo alavancam as vendas,
isto é, aumentam o volume de vendas e, consequentemente, o lucro. Porém é
necessário que se tenha um sistema de controle efetivo desses valores. Uma boa
organização desse mecanismo possibilita o controle de quais clientes pagam em
dia e quais deles estão com faturas em atraso (IZIDORO, 2016).

Para Hoji (2017) identifica algumas atividades inerentes ao processo de


crédito e cobrança:

a) Analisar os cadastros dos clientes para concessão de créditos;


b) Cobrar e receber as duplicatas nos respectivos vencimentos;
c) Cobrar e receber saques de exportação;
d) Controlar as duplicatas em carteira e em cobrança bancária;
e) Controlar eventos financeiros contratuais;
f) Negociar novação de crédito.

Em empresas de médio e grande porte, o desempenho de tais atividades é


função do setor financeiro. Entretanto, em empresas de pequeno porte, é comum que
a atividade de análise e concessão de crédito fique sob a responsabilidade do setor
de vendas. Nesse caso, é preciso um trabalho em conjunto de ambos os setores.

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Capítulo 1 Finanças

Portanto, para auxiliar no bom funcionamento das contas a receber é


interessante que a empresa tenha suas políticas de crédito e cobrança bem
desenhadas, claras e divulgadas para todos os interessados no processo.

Pois, deve-se atentar para o fato de que em uma venda a prazo há


a possibilidade de não recebimento, ou seja, de inadimplência. Por isso é
fundamental para a empresa, o gerenciamento da sua carteira de contas a receber.
Gerenciamento este, que deve iniciar pelo processo de concessão de crédito.

A política de crédito trata dos seguintes aspectos: prazo de crédito, seleção


de clientes e limite de crédito. Uma política de crédito liberal aumenta o volume de
vendas muito mais do que uma política rígida, porém gera mais investimento em
contas a receber e mais problemas de recebimento, o que exige maior rigidez na
cobrança (HOJI, 2017). Portanto, para auxiliar no bom funcionamento das contas
a receber é interessante que a empresa tenha suas políticas de crédito e cobrança
bem desenhadas, claras e divulgadas para todos os interessados no processo.

Deve-se analisar que se a responsabilidade pela concessão de crédito tiver


participação da área de Vendas, o pagamento da comissão de venda deverá ser
vinculado ao efetivo recebimento das vendas. Assim, os vendedores estarão mais
dispostos a selecionar clientes bons pagadores.

Quando não se faz uma análise criteriosa dos dados cadastrais do cliente
necessários para analisar a sua capacidade e probabilidade de pagamento, as
chances de a venda a prazo não ser recebida é maior. Essa análise não deve ser
feita somente para os novos clientes, mas para os clientes recorrentes também.
Hoji (2017) atenta para o fato de que a situação do cliente, mesmo daqueles
antigos e tradicionais, deve ser constantemente monitorada e atualizada, quanto
aos aspectos de pontualidade, capacidade de pagamento e situação financeira.

As políticas de crédito e cobrança devem trabalhar juntas a favor da empresa.


Se uma política de crédito for extremamente facilitada, as chances de a política de
cobrança precisar ser muito rígida é maior. E, em alguns casos, a possibilidade de
inadimplemento aumenta.

Existem alguns tipos de cobrança que a empresa pode adotar, sendo esta
feita diretamente pela empresa ou por intermédio de uma instituição financeira.
A cobrança bancária é mais segura e eficiente, pois se o sacado atrasar o
pagamento, o banco não dispensará os encargos moratórios e, ainda, poderá
encaminhar o título para protesto após o vencimento – de acordo com o escolhido
pela empresa na data da contratação deste serviço (HOJI, 2017).

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Tópicos especiais em gestão financeira

Se a cobrança for realizada diretamente pela empresa é interessante que os


valores recebidos sejam depositados em conta bancária previamente estabelecida,
como medida de segurança. E, no caso de recebimento em cheque, orienta-se
que eles estejam nominais para a empresa, evitando que sejam depositados em
conta corrente na qual a empresa não seja o favorecido.

Também, se conforme a estrutura da empresa, o contas a receber for um


setor diferente da tesouraria, é importante que todas as informações sobre
recebimentos sejam repassadas ao responsável pela tesouraria.

   A empresa Vende Tudo é uma empresa que atua no


comércio de produtos de beleza e cosméticos. Por ser
uma empresa de médio porte e optar por uma estrutura de
colaboradores enxuta, o setor de vendas é o responsável
pela análise de crédito e por realizar as cobranças. Além de
vendas à vista, a empresa efetua vendas no cartão de crédito
e vendas a prazo em crediário próprio - para 30 e 60 dias. A
empresa paga aos colaboradores, além do salário, comissão
sobre as suas vendas, desde que a loja alcance a sua meta
global de vendas, estabelecida e informada previamente a
todos os colaboradores do setor. Depois de algum tempo, o
responsável pela tesouraria notou que o valor das contas a
receber da empresa estava aumentando consideravelmente e
que a inadimplência estava crescendo na mesma proporção.
O que pode estar acontecendo e que alternativas podem ser
aplicadas para solucionar essa situação?

   Para análise de crédito podem ser utilizados os 5 Cs do


crédito: caráter, capacidade, capital, collateral e condições.

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Capítulo 1 Finanças

A Serasa Experian divulga anualmente o perfil dos


inadimplentes no Brasil. A pesquisa divulgada, além de outras
informações relevantes sobre crédito, pode ser acessada no site:
<https://www.serasaexperian.com.br/sala-de-imprensa/c/estudos-
economicos>.

2  Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa é uma ferramenta básica da administração financeira. O
tesoureiro, ao gerenciar o seu dia a dia, se depara com a necessidade de ter um
instrumento de planejamento e controle da sua liquidez, que se constitui no fluxo
de caixa projetado (FREZATTI, 2014). Complementando, Silva (2018) destaca
que tal ferramenta permite controlar a movimentação financeira – entradas e
saídas de recursos financeiros – de uma empresa em um determinado período

Sendo utilizado em conjunto com o orçamento, o fluxo de caixa apresenta


uma característica de planejamento. Pois permite visualizar todas as entradas e
saídas de recursos de uma entidade, com o saldo de caixa diário ou do período
projetado. Possibilitando, também, que a empresa saiba exatamente qual o valor
a pagar com as obrigações assumidas e quais os valores a receber (SILVA, 2018).

Como exemplo, para otimizar os recursos financeiros, a projeção do fluxo


de caixa pode ser feita para um período de até três meses. Os dados são,
geralmente, apresentados por dia para os primeiros 15 ou 30 dias e por quinzena
ou mês para o restante do período. Para um prazo superior a três meses, podem
ser utilizados os dados do orçamento de caixa revisado (HOJI, 2017).

É importante ter essas informações demonstradas em um mesmo relatório,


pois facilita a análise. Com base no fluxo de caixa, o gestor pode se programar
para momentos futuros. Se em algum momento o gestor identificar que o saldo
do fluxo de caixa ficará negativo, poderá tomar decisões antecipadas sobre
o que pode acontecer: buscar uma fonte de recurso, negociar pagamentos e
recebimentos ou diminuir gastos, por exemplo. O importante é que se a situação
for identificada com antecedência, o gestor pode analisar com calma as opções
antes de tomar uma decisão e não ser influenciado pelo imediatismo.

Por outro lado, se o gestor identificar para o período futuro um saldo positivo
elevado, pode estudar melhor as opções de investimento dos recursos financeiros

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Tópicos especiais em gestão financeira

da empresa. Silva (2018) destaca que é possível, a partir da elaboração do fluxo


de caixa, verificar e planejar eventuais excedentes e escassez de caixa, o que
provocará medidas que venham a sanar tais situações.

É importante, que o profissional ao elaborar o fluxo de caixa, tome cuidado


para não confundir as entradas de valores monetários com o lucro. O lucro utiliza
o regime da competência e, contabilmente deve ser registrado no momento da
ocorrência do fato (por exemplo, da venda). Já o fluxo de caixa utiliza, como data
referência para as entradas de valores, a data efetiva da entrada de valor, seja por
recebimento de clientes, vendas à vista ou outro. Essa confusão pode distorcer
totalmente um fluxo de caixa e pagamentos também.

Como o caixa de uma empresa está intimamente ligado a todas as suas


operações que envolvam movimentação financeira, diversos fatores podem afetar
o fluxo de caixa de uma companhia, causando diferenças entre o que foi projetado
pela empresa e o realizado no período. Silva (2018) aborda os fatores internos
e externos que podem interferir no fluxo de caixa projetado por uma empresa.
Como fatores internos temos:

a) Falta de um sistema de cobrança eficiente;


b) Investimentos não planejados e inesperados;
c) Aumento no prazo de vendas concedido como uma maneira de aumentar
a competitividade ou a participação no mercado;
d) Compras que não estão em linha com as projeções de vendas;
e) Diferenças representativas no giro de contas a pagar e a receber em
decorrência dos prazos médios de recebimento e pagamento;
f) Capitalização inadequada com a consequente utilização de capital de
terceiros de forma excessiva, aumentando o nível de endividamento;
g) Ciclos de produção muito longos que não estão em consonância com o
prazo médio dado pelos fornecedores;
h) Política salarial incompatível com as receitas e demais despesas
operacionais;
i) Pequena ocupação do ativo fixo;
j) Expansão descontrolada das vendas, implicando um volume maior de
compras e custos operacionais;
k) Distribuição de lucros incompatíveis com a capacidade de geração de
caixa;
l) Custos financeiros altos originários do nível de endividamento;
m) Giros do estoque lento, significando o carregamento de produtos
obsoletos ou de difícil venda, imobilizando recursos da empresa no
estoque;
n) Investimentos desnecessários e/ou indevidos em relação aos prazos e
estratégias mal definidas com retorno mensurado pelo VPL negativo.

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Capítulo 1 Finanças

O Valor Presente Líquido (VPL) é uma análise utilizada para


determinar o valor presente de pagamentos futuros descontados a
uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial.

Apesar de não ser uma tarefa fácil, esses fatores são mais fáceis de serem
trabalhados e controlados pela empresa. Já os fatores externos independem da
vontade e esforço da organização. De acordo com Silva (2018), são eles:

a) Inflação (elevação do nível de preços), recessão e taxas de juros.


b) Mudança na política cambial, fiscal e de crédito.
c) Mudanças na política de importação e exportação.
d) Diminuição das vendas em decorrência de retração do mercado.
e) Novos concorrentes.
f) Mudanças na legislação fiscal (aumento de alíquota de impostos e/ou
novos impostos, ou seja, aumento da carga tributária).
g) Aumento do nível de inadimplência.
h) Diminuição do fechamento de contratos.
i) Falta de foco na prospecção de novos clientes.

A projeção de fluxo de caixa de qualquer empresa deve ser sistemática e


periodicamente revisada e atualizada, com base em fluxo efetivo e em alterações das
premissas e condições anteriormente projetadas, para aproximar-se o mais possível
do resultado financeiro efetivo (HOJI, 2017). Pois é importante que a informação
do fluxo de caixa seja confiável e de qualidade, diminuindo a imprevisibilidade e,
consequentemente, melhorando a gestão dos recursos financeiros.

Por fim, Silva (2018) atenta para o fato de que outra grande vantagem que
o fluxo de caixa pode dar para a empresa é a capacidade de aprender com o
passado e prever o futuro do caixa, assim, oferecendo suporte a decisões futuras
importantes para o negócio.

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Tópicos especiais em gestão financeira

   Para mais dicas e modelos de fluxo de caixa,


consulte o site do Sebrae: <http://www.bibliotecas.
sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.
nsf/75453dced2c385f7ed0fed7cccc7fcef/$File/1309.pdf>.

A maioria dos livros sobre fluxo de caixa tem uma abordagem


voltada para o usuário externo. O livro Gestão do fluxo de caixa:
perspectiva estratégica e tática, de Fábio Frezatti tem uma
abordagem voltada para o usuário interno e pode ser de grande
auxílio para o profissional.

3 Análise de Investimentos e
Financiamentos
Elemento importante ao gerir os recursos financeiros de uma empresa é ser
capaz de tomar decisões sobre como e onde captar recursos e onde aplicar o
capital excedente de uma organização com o objetivo de maximizar os lucros.

3.1 Análise de investimentos


A decisão de investir é a mais complexa das decisões financeiras, pois
envolve incertezas em todo o seu processo, uma vez que trabalha com o intervalo
de tempo entre o investimento hoje para recuperação no futuro (PADOVEZE,
2016). Ao investir um capital, espera-se uma geração de benefício futuro.
Contudo, quando se fala em futuro, pode-se tentar prever o que acontecerá, mas
é impossível eliminar o efeito do risco.

20
Capítulo 1 Finanças

Risco é probabilidade de um fato ou evento acontecer, sendo


ele positivo ou negativo.

Padoveze (2016) salienta que o capital investido tem um custo – custo


financeiro ou de capital – que deve ser recuperado para justificar o investimento
e o risco. Logo, alguns pontos devem ser observados ao se tomar uma decisão
sobre investimento:

a) o empreendimento ou o projeto de investimento;


b) o valor do investimento;
c) o período previsto de operacionalização do investimento;
d) os fluxos futuros de lucros e caixa previstos pelo investimento durante o
período previsto;
e) o risco envolvido no investimento;
f) o custo do capital.

Quanto aos métodos utilizados para avaliação de investimentos, Hoji (2017,


p. 173) apresenta alguns:

a) Método do Valor Presente Líquido: consiste em determinar


o valor no instante inicial, descontando o fluxo de caixa líquido
de cada período futuro (fluxo de caixa líquido periódico)
gerado durante a vida útil do investimento, com a taxa mínima
de atratividade, e adicionando o somatório dos valores
descontados ao fluxo de caixa líquido do instante inicial. [...]
O investimento será economicamente atraente se o valor
presente líquido (VPL) for positivo. Este método é conhecido
também como Método do Valor Atual Líquido. b) Método do
Valor Futuro Líquido: determina o valor do fluxo de caixa no
instante futuro, utilizando as mesmas formas de cálculo e
critérios do Método do VPL, diferenciando-se somente quanto
ao aspecto da data focal. c) Método do Valor Uniforme Líquido:
consiste em transformar uma série de valores diferentes em
valores uniformes, por meio da aplicação de uma taxa mínima
de atratividade. d) Método da Taxa Interna de Retorno: a taxa
de juros que anula o VPL é a taxa interna de retorno (TIR). Este
método assume implicitamente que os fluxos de caixa líquidos
periódicos são reinvestidos à própria TIR calculada para todo
o investimento. O investimento será economicamente atraente
se a TIR for maior do que a taxa mínima de atratividade. e)
Método do Prazo de Retorno: consiste na apuração do tempo
necessário para que a soma dos fluxos de caixa líquidos
periódicos seja igual ao do fluxo de caixa líquido do instante

21
Tópicos especiais em gestão financeira

inicial. Este método não considera os fluxos de caixa gerados


durante a vida útil do investimento após o período de payback
(prazo de retorno) e, portanto, não permite comparar o retorno
entre dois investimentos. Mas é um método largamente
utilizado como limite para determinados tipos de projetos,
combinado com outros métodos.

Independente da metodologia adotada para avaliar um investimento,


cabe lembrar que aplicar mais de uma pode contribuir para facilitar e dar mais
segurança à escolha.

3.2 Análise de financiamentos


Frequentemente o gerente financeiro necessita escolher o melhor mix de
financiamento para um projeto ou estrutura de capital da empresa, entre capital
próprio e de terceiros (PADOVEZE, 2016). Capital próprio significa que a empresa
pretende captar recursos dos sócios e capital de terceiros, que buscará recursos
fora da sua unidade, por exemplo, instituições financeiras. Independente da fonte
de financiamento, ambas esperam ser remuneradas por isso.

De acordo com Padoveze (2016) ao se tomar decisões sobre financiamentos,


deve-se observar as variáveis:

a) o montante do investimento;
b) a disponibilidade de fundos de capital, próprios e/ou de terceiros;
c) o risco do investimento;
d) o custo de capital das fontes de financiamento.

Há ainda casos em que a empresa necessita de recursos para capital de


giro. Como salienta Ornelas (2020, p. 95): “muitas empresas quebram não porque
não vendem, mas porque vendem demais e de forma desorganizada, ficando
com “buracos” no caixa, o que as leva a buscar ajuda desesperada em bancos
para conseguir capital de giro”. O capital de giro é um dos mais caros oferecidos
pelas instituições financeiras.

Daí a necessidade de uma boa gestão de recursos financeiros, desde o


desempenho das tarefas básicas. Isso possibilitará uma projeção de fluxo de
caixa com a menor variação possível e os gestores podem se preparar com
antecedência para a escolha das fontes de financiamento.

22
Capítulo 1 Finanças

Para mais sobre análise de investimento e financiamento, leia


o livro Análise de investimento: matemática financeira, engenharia
econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial.

4  Resumo
Saber gerir as finanças é primordial na vida de qualquer pessoa ou
organização. O mercado de trabalho cada vez mais valoriza profissionais com
tais competência. Sendo responsável pela análise, planejamento e controle
financeiro, bem como tomada de decisões sobre investimento e financiamento,
o profissional dessa área é vital para sobrevivência, continuidade e geração de
valor das empresas. A denominação do cargo, a quantidade de tarefas e o nível
de responsabilidade varia de empresa para empresa. Em organizações de grande
porte, diversos profissionais costumam desempenhar as tarefas relacionadas à
administração financeira, muitas vezes segregados em setores. Já em empresas
menores, uma ou duas pessoas costumam desempenhar essa função. Dentre as
funções do gerente financeiro estão tesouraria, contas a pagar, contas a receber,
elaboração de fluxo de caixa e análise de investimentos e financiamento. A
tesouraria compreende o controle das disponibilidades da empresa – caixa, conta
corrente e aplicação de liquidez imediata. A atividade de contas a pagar exige
um contato próximo dos fornecedores, por exemplo. Para o bom desempenho da
atividade de contas a receber é necessário o conhecimento de políticas de crédito
e cobrança. E, por fim, o gerente financeiro necessita analisar onde pode obter
recursos para a empresa e também onde pode investir o capital da organização,
com o objetivo de aumentar a geração de valor para a mesma. 

23
Tópicos especiais em gestão financeira

Referências básicas
FREZATTI, Fábio. Gestão do fluxo de caixa: perspectivas estratégica e tática.
2. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentária. 12. ed. Rio de


Janeiro: Atlas, 2017.

IZIDORO, Cleyton (Org.). Gestão de tesouraria. São Paulo: Pearson, 2016.

ORNELAS, José. Dicas essenciais de empreendedorismo: sugestões práticas


para quem quer empreender. São Paulo: Fazendo Acontecer, 2020.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Administração financeira: uma abordagem global.


São Paulo: Saraiva, 2016.

SILVA, Edson Cordeiro da. Como administrar o fluxo de caixa das empresas.
10. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2018.

SOUZA, Márcio Barros; TORQUATO, Renato. Básico em tesouraria: rotinas e


procedimentos operacionais. São Paulo: Editora Senac, 2019.

Referências complementares
BRIGHAM, Eugene. Administração financeira: teoria e prática. 3. ed. São
Paulo: Cengage Learning, 2016.

CASAROTTO FILHO, Nelson; KOPITTKE, Bruno Hartmut. Análise de


investimento: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de
decisão, estratégia empresarial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

CRISTINA, Gisleangela Maria Oliveira. Controle interno: um estudo de caso


em uma microempresa. Revista de Ciências Contábeis. v. 10, n. 19, p. 82-95,
2019. Disponível em:<https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rcic/
article/view/8967>. Acesso em: 2 jan. 2021.

LOPES, Leandro Costa; SIQUEIRA, Karenn Patrícia Silva; VIEIRA, Édna Maria de
Melo; FREITAS, Maurício Assuero Lima. Adoção de práticas de controles financeiros
e não financeiros por microempreendedores individuais. Gestão e Sociedade,
v. 8, n. 21, p. 749, 2015. Disponível em: <https://www.gestaoesociedade.org/
gestaoesociedade/article/view/1930>. Acesso em: 2 jan. 2021.

24
Capítulo 1 Finanças

PADOVEZE, Clóvis Luís. Controladoria estratégica e operacional. 3. ed. São


Paulo: Cengage Learning, 2012.

RITTA, C. O. Análise Comparativa do Controle Interno no Contas a Receber e


a Pagar nas Empresas Beta Ltda e Alfa Ltda. Revista Catarinense da Ciência
Contábil, v. 9, n. 26, p. 63–78, 2010. Disponível em: <https://doaj.org>. Acesso
em: 2 jan. 2021.

25
C APÍTULO 2
Contabilidade Financeira

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

3 Conhecer os elementos das principais demonstrações


contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado
do Exercício e Demonstração do Fluxo de Caixa);

3 Elaborar as principais demonstrações contábeis utilizadas para fins gerencias;

3 Interpretar os relatórios contábeis de modo a utilizar


a sua informação para tomada de decisão.
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

1 Balanço Patrimonial
O termo Balanço Patrimonial (BP) é um dos mais conhecidos no meio da
Contabilidade, é quase impossível falar em contabilidade e não visualizar um
BP, por ser uma das demonstrações mais importantes da empresa. Também, é
um dos mais importantes e significativos relatórios gerados pela contabilidade
(BRUNI, 2014).

Para Martins (2020), tal relatório é uma das demonstrações contábeis mais
importantes aos processos de tomada de decisão por parte dos usuários das
informações oriundas da contabilidade.

É importante ter em mente que o Balanço Patrimonial é um reflexo dos dados


da empresa, através dessa demonstração, qualquer pessoa interessada pode
saber o desempenho da empresa, se ela está apresentando lucros ou prejuízos,
qual o valor que tem em caixa, quais são os valores devidos a fornecedores, e
outras informações sobre a situação financeira da empresa. Os elementos do
Balanço permitem, conforme salienta Martins (2020, p. 21): “que sejam tiradas
conclusões a respeito da solvência, liquidez, endividamento, estrutura patrimonial
e rentabilidade, entre outros aspectos”, fundamentais para análise e tomada de
decisão.

Segundo o Velter e Missagia (2011, p. 581), o Balanço Patrimonial:

Tem por objetivo evidenciar a situação patrimonial da entidade


em um dado momento, após a contabilização de todos os atos
e fatos consignados na escrituração contábil, sendo por este
motivo chamado de balanço patrimonial.

Por sempre representar uma situação de equilíbrio, esse demonstrativo


recebe o nome de Balanço Patrimonial, representando uma fotografia em um
dado momento do patrimônio da entidade. É estático e representa um instante
da situação patrimonial (BRUNI, 2014), ou seja, representa a situação patrimonial
para um período – exercício social – específico e não a evolução ao longo de todo
o tempo de existência da organização.

O balanço patrimonial é apresentado sempre no final do exercício social, e


é dividido em três partes: o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido. Cada parte
do Balanço irá apresentar características específicas da sua conta, no Ativo são
apresentados os valores dos bens e direitos, no Passivo serão demonstradas as
obrigações, e no Patrimônio Líquido são descritos os valores da situação líquida
da empresa.

29
Tópicos especiais em gestão financeira

Também pode ser encontrado, principalmente em Finanças, a utilização da


expressão “Investimentos” no lugar de “Ativos”. Da mesma forma, é mais usual
a expressão “Financiamentos” ao invés de “Passivos”. Contudo, o importante é
que fontes e usos, origens e aplicações de recursos devem se manter sempre em
equilíbrio (BRUNI, 2014). O valor do Ativo Total da empresa deverá ser igual ao
valor do Passivo somado ao do Patrimônio Líquido.

Ainda, a atual legislação estabelece a seguinte classificação para o Ativo


e o Passivo: circulante e não circulante (ASSAF NETO, 2016). Na Figura
1 é apresentado um modelo de Balanço Patrimonial. Cabe ressaltar que a
nomenclatura utilizada não é obrigatória do ponto de vista legal, podendo sofrer
variações de uma empresa para outra.

Figura 1 – Estrutura do Balanço Patrimonial

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa e Equivalentes de Caixa
Contas a Receber Passivo Não Circulante
Estoques
Ativos Especiais e Despesas
Antecipadas
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ativo Não Circulante Capital Social
Ativo Realizável a Longo Prazo Reservas de Capital
Investimentos Ajustes de Avaliação Patrimonial
Imobilizado Reservas de Lucros
Intangível Ações em Tesouraria
Lucros/Prejuízos Acumulados

Fonte: Martins (2020, p. 21)

O Balanço Patrimonial passou a ser obrigatório para as empresas com a


promulgação da Lei das Sociedades por Ações, em 1976, junto com outras
demonstrações contábeis, como a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos
Acumulados (DLPA), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).

Cada demonstração vai tratar de uma parte específica do patrimônio da


empresa, ficando sempre evidenciando as transformações do lucro, das despesas

30
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

e receitas. Como vimos, o Balanço Patrimonial vai apresentar três partes, o Ativo,
o Passivo e o Patrimônio Líquido, e é sobre elas que vamos estudar a seguir.

1.1 Ativo
O Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos
passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para
a entidade (MARTINS, 2020). As contas do Ativo representam bens, direitos e
outros recursos da organização que gerem ou ajudem a gerar caixa.

De modo simples, os bens são quaisquer coisas possíveis de avaliação em


dinheiro e que tenham a capacidade de satisfazer uma necessidade humana e os
direitos são valores a serem recebidos de terceiros, por vendas a prazo ou valores
de propriedade da empresa que se encontram em posse de terceiros (BRUNI, 2014).

É importante destacar que o ativo só deve ser reconhecido no Balanço


Patrimonial de uma entidade, quando for provável que benefícios econômicos
futuros dele provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder
ser mensurado com confiabilidade (SILVA, 2017). Isso ocorre porque uma
demonstração contábil deve fornecer informações confiáveis para os usuários.

O grupo do Ativo, no balanço patrimonial é dividido em duas partes, a primeira


é chamada de Circulante, e a segunda parte é Não Circulante. Martins (2020),
destaca que as contas do Ativo são dispostas em ordem decrescente de grau
de liquidez, ou seja, de acordo com a velocidade em que podem ser convertidas
em caixa. Seguindo essa lógica, na classe do Ativo Circulante estão localizadas
as contas de maior liquidez, ou seja, se fosse preciso transformar esses bens
em dinheiro, eles seriam transformados mais rapidamente que os bens que se
encontram no grupo do Ativo Não Circulante.

Inicialmente o lado do ativo será representado pelos valores do Ativo


Circulante, apresentado por suas contas, e o seu valor total, em seguida são
expostos os valores do Ativo Não Circulante, e ao final o valor total da soma
desses dois grupos de ativo.

O ativo circulante corresponde aos valores que estão de posse da entidade,


realizáveis no curto prazo, ou seja, um ciclo operacional da empresa – que
geralmente corresponde a um ano.

31
Tópicos especiais em gestão financeira

Martins (2020, p. 23) explica a composição do Ativo Circulante:

a) Disponível (caixa e equivalentes de caixa): composto pelas


contas de maior grau de liquidez, a começar pelo próprio caixa,
cheques recebidos e ainda em poder da entidade, saldo de
depósitos bancários à vista e aplicações de liquidez imediata.
b) Contas a Receber: são os valores a receber da entidade
no curto prazo. São as contas relativas a vendas ou prestação
de serviços a prazo a clientes, deduzidas das provisões
de perdas com créditos de liquidação duvidosa. Também
fazem parte desse grupo outros valores a receber no curto
prazo decorrentes de transações da entidade (dividendos,
adiantamentos, juros a receber etc.).
c) Estoques: são os diversos inventários da empresa
(mercadorias a serem revendidas, produtos acabados, matéria-
prima e outros materiais estocados). A base elementar de
atribuição de valor aos estoques é o custo de aquisição ou de
produção. No entanto, se o valor realizável líquido for menor,
deve-se constituir provisão para perda. Pois, de acordo com
o “CPC 16 – Estoques”, os estoques devem estar registrados
pelo valor de custo ou valor realizável líquido, dos dois o menor.
d) Ativos Especiais e Despesas Antecipadas: ativos
especiais são bens que a empresa pode comercializar sem
perder a posse e propriedade dos mesmos (por exemplo, filmes,
bancos de dados, softwares etc.). Já as despesas antecipadas
são aquelas já contratadas, mas ainda não consumidas.
Geralmente tais despesas são consumidas no próximo
exercício (por exemplo, seguros antecipados, assinaturas de
jornais e revistas pagas antecipadamente, entre outros).

O ativo não circulante possui subdivisões mais específicas como o realizável


a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível, são bens que possuem
uma liquidez superior a de um exercício fiscal – ou ciclo operacional.

   O Conselho Federal de Contabilidade emitiu as


Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T XX –
Conteúdo e Estrutura das Demonstrações Contábeis,
que trata sobre as demonstrações contábeis obrigatórias
e do item 11 ao 25 trata especificamente sobre as
particularidades do Balanço Patrimonial, as quais valem
a pena serem estudadas. Basta acessar o Link: https://
cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/NBCT_3.pdf

32
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

O ativo Não Circulante vai apresentar os valores dos bens que não estão
diretamente ligados à atividade principal da empresa, como por exemplo, no
subgrupo de Investimentos os valores serão representados pelos bens que foram
adquiridos com o objetivo de investir o capital da empresa.

No subgrupo do Realizável a Longo Prazo os bens que serão contabilizados


são aqueles que poderão ser cobrados no prazo superior a 12 meses. Por exemplo,
os empréstimos ou adiantamentos concedidos a coligadas ou controladas, a
diretores ou acionistas – neste último caso, mesmo que sejam realizáveis no curto
prazo (MARTINS, 2020), os impostos a recuperar a longo prazo ou até mesmo as
duplicatas de clientes com prazo de mais de um ano.

Os Investimentos, terceiro subgrupo do não circulante vão abranger os


valores das aplicações da empresa, em seguida temos o Imobilizado o qual
representa os bens utilizados para a manutenção das atividades empresariais,
que se espera utilizar por mais de um exercício social, como por exemplo, o prédio
onde a empresa funciona, máquinas e equipamentos, veículos etc.

Por fim, temos o subgrupo do Intangível, onde estão classificados os bens


incorpóreos dos quais se espera geração de benefício futuro para a entidade.
São exemplos: direitos autorais, patentes, marcas, receitas, fundo de comércio
adquirido no balanço consolidado (ágio por expectativa de rentabilidade futura ou
goodwill), gastos com desenvolvimento de novos produtos etc (MARTINS, 2020).

1.2 Passivo
O Passivo é representado do lado direito do Balanço Patrimonial é constituído
por todas as obrigações da empresa. Neste grupo são classificadas as obrigações
presentes da entidade, derivadas de eventos já ocorridos, cujas liquidações
se espera que resultem em saída de recursos capazes de gerar benefícios
econômicos (MARTINS, 2020).

É também dividido em dois grupos, o Passivo Circulante e o Não Circulante,


dispostas em ordem decrescente de exigibilidade. Martins (2020, p. 24) explica que
isso significa que: “são apresentadas inicialmente aquelas que devem ser pagas
primeiro, e por último, aquelas cujas datas de pagamentos estão mais distantes”.

O Passivo Circulante representa as obrigações que a empresa tem no


período de doze meses (um exercício social). Por exemplo, as contas: fornecedor,
empréstimos, impostos a recolher.

33
Tópicos especiais em gestão financeira

No lado do Passivo Não Circulante serão descritas as contas que possuem


vencimento após o exercício social, e de acordo com o Velter e Missagia (2011, p.
615), o passivo não circulante deve apresentar “as receitas diferidas diminuídas
dos custos e a elas inerentes. Receitas diferidas são as que vieram substituir o
que se chamava de exercícios futuros”.

Ao ser apresentado no Balanço Patrimonial as contas do Passivo serão


somadas com as contas do Patrimônio Líquido que ficarão dispostas no mesmo
lado do Balanço Patrimonial.

   Para a melhor compreensão do balanço patrimonial


das empresas e da forma que são definidos os valores e
grupos, é de fundamental importância que o aluno visualize
a divulgação dessas demonstrações. Como o balanço
patrimonial é uma demonstração contábil obrigatória,
muitas empresas divulgam em suas plataformas digitais os
seus balanços, ficando o estudante com várias opções de
pesquisa que valem a pena serem analisadas e estudadas.

Por fim, vale destacar que a depender da situação financeira da empresa,


três situações patrimoniais podem ocorrer, a situação líquida positiva, a negativa
e a nula.

A situação financeira positiva de uma empresa é encontrada quando o valor


do Ativo supera o valor do Passivo. A situação negativa, é aquela definida também
como, passivo a descoberto, é onde os valores dos Passivos superam os do Ativo.

Já a situação nula, é quando os valores do Ativo e Passivo são iguais, não


tendo saldo em nenhum dos lados do Balanço.

1.3 Patrimônio Líquido


No Patrimônio Líquido é onde são encontrados os valores do capital social
da empresa, o valor do resultado do exercício, das reservas de lucro, ou seja,
o denominado capital próprio. Esse valor é obtido da equação patrimonial da
subtração do Ativo pelo Passivo.

34
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

De acordo com Velter e Missagia (2011, p. 615-6) o Patrimônio Líquido é:

O valor contábil que efetivamente pertence à entidade. Por


esse motivo, é também chamado de capital próprio, mas
não representa a obrigação para com os sócios ou titulares
da empresa, pelo menos não exigível, pois estes não fizeram
empréstimos àquela. Fizeram, isto sim, um esforço conjunto
para a consecução de um objetivo.

O Patrimônio Líquido é a parte do balanço com mais particularidades, haja


vista que existe uma demonstração específica que trata sobre as alterações
na conta do Patrimônio Líquido, denominada Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido.

Esta parte do Balanço Patrimonial é dividida entre capital social, reservas de


capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucro, ações em tesouraria e
prejuízos acumulados.

A conta capital social é representada pelo valor que os sócios aplicaram no


início da empresa, esses valores podem ser subscritos ou a realizar. O capital
subscrito é aquele que os sócios colocam na empresa, para poder iniciar suas
atividades, esse valor está descrito no contrato social e é registrado pela Junta
Comercial do Estado.

O capital social a realizar é aquele valor no qual o sócio se compromete a


passar para a empresa em um determinado período. Como a seguinte situação
hipotética: dois amigos decidem abrir uma empresa e um deles decide aplicar o
valor de R$ 20.000,00, e o outro vai aplicar o valor de R$ 2.000,00 e integralizar o
valor do veículo que é de R$ 15.000,00.

Como observado o segundo sócio terá o capital subscrito de R$ 2.000,00 e o


valor de R$ 15.000,00 a realizar por meio da venda do veículo.

A segunda conta do Patrimônio Líquido é a denominada Reserva de Capital,


e de acordo com Martins (2020, p. 26), são:

[...] valores recebidos pela empresa que não transitaram pelo


resultado como receitas ou despesas. Representam transações
de capital com os sócios. Portanto, são valores que fortalecem
o capital sem nenhuma contrapartida por parte da empresa,
como ágio na emissão de ações e bônus de subscrição.

As Reservas de Capital são origens de recursos que não refletem esforço


decorrente das atividades normais da empresa (VELTER; MISSAGIA, 2011),
geralmente encontradas em empresas de grande porte, como as multinacionais.

35
Tópicos especiais em gestão financeira

O outro elemento encontrado no Patrimônio Líquido são os Ajustes de


Avaliação Patrimonial. Essas avaliações são valores atualizados de aumentos
do ativo ou de diminuições do passivo decorrentes de avaliações a preços de
mercado, que por questões específicas não foram destinadas ao resultado.

Já as Reservas de Lucro são valores obrigatórios por Lei para empresas de


grande porte e tem o objetivo de funcionar como uma poupança para a empresa. Entre
as Reservas de Lucro temos a Reserva Legal, a Estatutária, a para Contingências, a
de Incentivos Fiscais, de Retenção de Lucros e para Dividendo Obrigatório.

1.4 Elaborando um Balanço


Patrimonial
Com o objetivo de compreendermos melhor a aplicabilidade do Balanço
Patrimonial, vamos analisar uma situação hipotética de uma empresa de pequeno
porte do ramo de vendas de peças de automóveis, e ao final elaborar o Balanço
Patrimonial.

a) Inicialmente vamos destacar que a empresa iniciou suas atividades em


02 de janeiro, com capital social de R$ 50.000,00, em dinheiro, adquiriu
R$ 20.000,00 em 2.000 peças de mercadoria, sendo 10% pago à vista, e
90% a prazo, para 90 dias.
b) A empresa adquiriu também um veículo que será responsável pela
entrega das mercadorias, o veículo custou R$ 30.000,00 e foi parcelado
por 36 meses.
c) No decorrer do ano aconteceram as seguintes situações: a empresa
comprou mais de R$ 100.000,00 em mercadoria, no total de 10.000 peças.
Pagando 50% a vista e 50% a prazo. Comprou máquinas e equipamentos
de informática no valor de R$ 10.000,00, a compra foi feita à vista.
d) Ao final do ano foi destacado que a empresa vendeu 10.000 peças,
50% das vendas foram feitas à vista e 50% prazo, por um valor de R$
150.000,00, sendo lucro de R$ 50.000,00.
e) A empresa sentiu a necessidade de pegar um empréstimo bancário no
valor de R$ 20.000,00, depositado diretamente na conta da empresa.
f) A empresa adquiriu uma Obra de arte no valor de R$ 50.000,00, com o
objetivo de investimento para a empresa, o valor da aquisição foi 20%
em cheque, e 80% parcelado para 10 meses.

Diante das informações apresentadas e dos conhecimentos prévios sobre


Balanço Patrimonial, vamos analisar a situação financeira da empresa nesse ano
de operação.

36
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

O primeiro passo que devemos realizar é o balancete de verificação de cada


situação ocorrida, conforme detalhado abaixo:

Ativo Circulante:
Caixa:

Débito Crédito
R$ 50.000,00
(valor do capital social)
R$ 2.000,00
(compra de 10% de mercadoria)
R$ 50.000,00
(compra de 50% de mercadoria)
R$ 10.000,00
(compra de equipamento de informática)
R$ 75.000,00 (valor das vendas)
TOTAL
R$ 63.000,00

Duplicatas a Receber:

Débito Crédito
R$ 75.000,00
(valor das vendas a prazo)
TOTAL
R$ 75.000,00

Banco:

Débito Crédito
R$ 20.000,00 R$ 10.000,00 (valor de 20% de pagamento
(valor do empréstimo) da obra de arte)
TOTAL
R$ 10.000,00

37
Tópicos especiais em gestão financeira

Mercadoria:

Débito Crédito
R$ 20.000,00
(valor das 2.000 peças)
R$ 100.000,00
(valor das 10.000 peças)
R$ 100.000,00
(venda das 10.000 peças)
TOTAL
R$ 20.000,00

Veículo:

Débito Crédito
R$ 30.000,00
(valor do veículo)
TOTAL
R$ 30.000,00

Ativo Não Circulante - Imobilizado


Equipamentos de Informática:

Débito Crédito
R$ 10.000,00
(valor dos equipamentos)
TOTAL
R$ 10.000,00

38
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

Obra de arte

Débito Crédito
R$ 50.000,00(valor da obra)
TOTAL
R$ 50.000,00

Passivo Circulante:
Fornecedor:

Débito Crédito
R$ 18.000,00
(compra de 90% de mercadoria)
R$ 10.000,00
(compra de veículo, 12 primeiros meses)
R$ 50.000,00
(compra de 50% de mercadoria)
R$ 40.000,00
(compra de 80% de obra de arte)
TOTAL R$ 118.000,00

Empréstimos Bancários:

Débito Crédito
R$ 20.000,00 (valor do empréstimo)
TOTAL R$ 20.000,00

39
Tópicos especiais em gestão financeira

Passivo NÃO Circulante:


Fornecedor:

Débito Crédito
R$ 20.000,00
(compra de veículo, 24 meses restante)
TOTAL R$ 20.000,00

Patrimônio Líquido
Capital Social:

Débito Crédito
R$ 50.000,00
(valor do Capital Social)
TOTAL R$ 50.000,00

Lucro Acumulado:

Débito Crédito
R$ 50.000,00
(valor do lucro das vendas)
TOTAL R$ 50.000,00

Após elaborar a verificação de cada conta contábil, vamos lançar os valores


no Balanço Patrimonial, para isso, vamos analisar o lançamento abaixo:

40
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa R$ 63.000,00 Fornecedor: R$ 118.000,00
Banco R$ 10.000,00 Empréstimo Bancários R$ 20.000,00
Duplicatas a receber R$ 75.000,00
Mercadorias R$ 20.000,00 Passivo Não Circulante
Veículo R$ 30.000,00 Fornecedor: R$ 20.000,00
Ativo Não Circulante
Imobilizado PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Equip. de Informática R$ 10.000,00 Capital Social: R$ 50.000,00
Investimento Lucro Acumulado: R$ 50.000,00
Obra de Arte R$ 50.000,00
Total do Ativo Total do Passivo
R$ 258.000,00 R$ 258.000,00

Esse é o Balanço Patrimonial da empresa após um ano de atividade,


podemos analisar que a empresa apresentou lucro de R$ 50.000,00.

Além disso, para o próximo ano de atividade será necessário a aquisição de


mais mercadorias para melhorar o estoque da empresa.

Por fim, podemos concluir que para que seja elaborado um balanço
patrimonial, é necessário inicialmente realizar a verificação das contas contábeis,
para somente após esses lançamentos os valores serem lançados no Balanço
Patrimonial.

41
Tópicos especiais em gestão financeira

2 Demonstração do Resultado do
Exercício
O Balanço Patrimonial demonstra a situação patrimonial de uma entidade
em um determinado instante. Uma maneira de complementar essa informação
, ou seja, demonstrar o que ocorreu entre dois balanços distintos, envolve a
demonstração do lucro ou prejuízo que a entidade registrou no período. Martins
(2020) destaca que uma das principais demonstrações contábeis que exerce
exatamente esse papel é a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE).

Sendo uma demonstração obrigatória nas empresas a aponta o resultado


líquido da empresa, ou seja, o lucro ou prejuízo, baseando-se na diferença entre
as receitas e despesas.

De acordo com Velter e Missagia (2011, p. 503) a DRE tem o objetivo de:

Fornecer aos usuários da Contabilidade os dados essenciais


para formação do resultado (lucro ou prejuízo) do exercício,
que comporão o balanço patrimonial. Portanto, basicamente
a DRE é uma forma organizada e resumida de confrontar
receitas com despesas para obter o resultado do período.

Essa demonstração é muito utilizada por acionistas que desejam adquirir


ações de companhias abertas, pois nela fica claro o desenvolvimento da empresa,
ou seja, se a mesma está tendo lucros ou prejuízos no exercício social.

Além disso, a DRE é uma ferramenta gerencial para os gestores, pois


através dela informações como os valores das despesas, tipos e quantidade ficam
evidenciadas, podendo os profissionais se basear nos seus dados para buscar e
montar estratégias de redução dessas despesas, além de gerar ferramentas para
auxiliar no aumento das receitas

Conforme o que determina a Lei das Sociedades por Ações, de 1976, a


DRE deve apresentar os valores das receitas brutas e líquidas, das despesas, da
apuração do resultado antes e depois do Imposto de Renda e por fim o resultado
do exercício. Desse modo, para que possamos entender o funcionamento da
DRE é necessário conhecer o conceito dos dois principais elementos dessa
demonstração, que são as Receitas e as Despesas, que é o que vamos aprender
a seguir.

42
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

2.1 Receitas
Ao ouvir a palavra Receita, no sentido de finanças, pensamos logo em
dinheiro, pagamento, e é esse o sentido das Receitas na empresa. Podemos
definir como sendo todo o valor que a empresa recebe de seus clientes, seja por
vendas, por serviços, por aluguel, entre outros tipos.

Todos os ingressos de elementos para o ativo, sejam de disponibilidades,


de bens, ou de direitos, geralmente correspondentes a um esforço produtivo da
empresa, ou ainda a uma redução de obrigações com terceiros são considerados
receitas. Eles provocam um aumento da situação líquida da empresa (VELTER;
MISSAGIA, 2011).

De acordo com Martins (2020, p. 32):

Em termos conceituais, receitas são entendidas como


aumentos nos benefícios econômicos durante o período
contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de
ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos
do Patrimônio Líquido e que não sejam provenientes de aporte
dos proprietários da entidade.

Na DRE, as receitas são reconhecidas quando resultam em aumentos nos


benefícios econômicos futuros oriundos do aumento de um ativo ou da diminuição
de um passivo que possam ser determinados em bases confiáveis (MARTINS,
2020). Dessa maneira, um aumento na receita acontece paralelamente ao
reconhecimento de aumentos de ativos ou de diminuições de passivos.

Como podemos observar as receitas possuem várias formas, e o seu tipo vai
depender de onde ela foi originada, ou seja, as receitas de vendas logicamente
vêm dos valores recebidos das vendas, as receitas financeiras são aquelas
relacionadas a juros, descontos recebidos, rendimentos de aplicações, as
receitas não operacionais são aquelas que não decorrem da atividade principal
da empresa, como por exemplo, a venda de um carro, ou o aluguel de um imóvel.

43
Tópicos especiais em gestão financeira

   O profissional que atua na financeira da empresa deve


estar familiarizado com todos os tipos de receita que existem
na Contabilidade, é importante conhecer o conceito de cada
uma delas, para poder aplicar corretamente no momento
em que ela ocorrer na empresa. Algumas receitas devem
estar descritas na Demonstração do Resultado do Exercício,
entre elas temos, as receitas de amortização de deságio de
investimento, de alugueis, de provisões, do resultado positivo
em participações societárias, dos ganhos de capital, do lucro
na venda de ações, e de doações. É importante conhecer o
conceito e a aplicação de cada uma delas. Bons estudos!!

O lançamento da receita na Demonstração do Resultado do Exercício vai ter


valor positivo, no entanto ao final da apuração o valor encontrado será lançado no
Balanço Patrimonial da empresa do lado do Patrimônio Líquido, sendo classificado
como crédito.

2.2 Despesas
O termo despesa na contabilidade é um pouco complexo, pois devemos
entender a diferença de conceito entre despesa e custo, para podermos classificar
de forma correta. Vamos conhecer inicialmente o conceito de Custo, custo é todo
valor que a empresa gasta com a fabricação de um produto, por exemplo, em uma
indústria de calçados, o custo vai ser toda a matéria prima para fabricação do produto,
a energia elétrica gasta nesse processo, o valor do galpão onde são fabricados os
materiais, enfim tudo que estiver relacionado à fabricação de materiais.

A despesa é um gasto mais abrangente, que não está relacionado com a


fabricação, como descrito por Velter e Missagia (2011, p. 34):

Para gerir suas atividades, a empresa incorre em gastos,


normais ou extraordinários, sempre com o objetivo de obter
receitas. A esses gastos dá-se o nome de Despesas, que
resultam em redução do patrimônio líquido (aumento do
passivo ou redução do ativo).

Martins (2020) complementa que as despesas são decréscimos nos


benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de
recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em uma

44
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

diminuição do Patrimônio Líquido e que não sejam provenientes de distribuição


aos proprietários (sócios) da entidade.

Como podemos observar o conceito de despesa é bem amplo, e pode ser


resumido como todo valor que a empresa investe para obter receitas. Podemos
exemplificar a despesa como o valor gasto no pagamento dos funcionários, ou no
aluguel da loja que funciona a empresa.

Conhecer a forma como os valores são contabilizados em uma


empresa é o que vai lhe tornar um profissional de sucesso, por isso
é importante conhecer sobre todas as formas de contabilização.
No Brasil a grande maioria das empresas é de médio e pequeno
porte, por isso o Conselho Federal de Contabilidade, publicou uma
Resolução que trata sobre as formas de demonstrações contábeis
obrigatórias, como o Balanço Patrimonial, a Demonstração do
Resultado do Exercício, e as características de receitas e despesas
nessas empresas, que valem a pena ser estudadas, basta acessar
o link: https://crcsp.org.br/portal/fiscalizacao/projetos/downloads/
ITG1000.pdf

As despesas vão ser contabilizadas na demonstração do exercício com


valores negativos, subtraindo das receitas para dar o resultado do período.
Martins (2020, p. 32) lembra que:

Uma despesa é reconhecida imediatamente na demonstração


do resultado quando um gasto não produz benefícios
econômicos futuros ou quando, e na extensão em que os
benefícios econômicos futuros não se qualificam, ou deixam
de se qualificar, para reconhecimento no Balanço Patrimonial
como um ativo. Uma despesa é também reconhecida na
demonstração do resultado quando um passivo é incorrido
sem o correspondente reconhecimento de um ativo, como no
caso de um passivo decorrente de garantia de produto.

As despesas são divididas em partes do mesmo modo que as receitas,


despesas financeiras são aquelas oriundas de juros, de taxas de banco, de
variação monetária, a de venda é aquela que está relacionada com a venda da
mercadoria, como frete, comissões, garantias, propaganda, estadia e viagens
com o pessoal de vendas, entre outros gastos que estão ligados diretamente ao
trâmite da venda da mercadoria.

45
Tópicos especiais em gestão financeira

As despesas administrativas são aquelas relacionadas a pagamento de


funcionários, água, luz, transporte e alimentação, aluguéis. As operacionais
são aquelas relacionadas a contribuições sindicais, depreciação, amortização,
doações, com veículos, com perdas em investimento.

Além desses tipos de despesas, temos as Perdas, que na contabilidade também


estão relacionadas nesta conta. De acordo com Velter e Missagia (2011, p. 34):

Perdas representam outros itens que se enquadram na


definição de despesas e podem ou não surgir no curso das
atividades ordinárias da entidade, representando decréscimos
nos benefícios econômicos e, como tal, não são de natureza
diferente das demais despesas. Perdas incluem, por exemplo,
as que resultam de sinistros como incêndio e inundações,
assim como as que decorrem da venda de ativos não correntes.

As perdas são os imprevistos que podem ocorrer em uma empresa, no Brasil


em muitos estados, acontecem inundações, que causam destruição, afetando
também as empresas, essas situações são definidas pela contabilidade como
Perdas, e vão reduzir o patrimônio da empresa.

Por fim, é nítida a importância da Demonstração do Resultado do Exercício


na empresa, e um profissional eficiente vai trabalhar com um planejamento
definido para reduzir ao máximo o valor das despesas, tentar prever as perdas e
aumentar as receitas, gerando um resultado financeiro positivo.

2.3 Elaborando uma Demonstração


do Resultado do Exercício
Para assimilarmos o que foi aprendido vamos analisar na prática como
elaborar uma DRE, imagine a seguinte situação hipotética:

A empresa Souza XX LTDA atua no mercado de atacado, e durante o ano


apresentou um valor de vendas de R$ 900.000,00, além das vendas a empresa
realizou serviços de montagem de peças e adquiriu um valor anual de R$
125.000,00, pagou a folha de pagamento no valor de mensal de R$ 7.000,00,
pagou o aluguel mensal no valor de R$ 2.500,00, o custo das mercadorias
vendidas foi de R$ 100.000,00, o valor das despesas de água e luz representaram
um valor anual de R$ 100.000,00.

Para podermos resolver a situação, o primeiro passo é separar os valores de


receita, e o valor de despesa. Em seguida proceder a montagem da DRE:

46
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

(+) Receita de Vendas: R$ 900.000,00


(+) Receita de Serviços: R$ 125.000,00
(-) Custo de Mercadorias Vendidas: R$ 100.000,00
(=) Lucro Bruto R$ 925.000,00
(-) Despesa com Pessoal: R$ 7.000,00 X 12 (meses) R$ 84.000,00
(-) Despesa com Aluguel: R$ 2.500,00 x 12 (meses) R$ 30.000,00
(-) Despesa com Água e Luz: R$ 100.000,00
(=) Lucro Líquido R$ 710.000,00

Nessa situação podemos dizer que o lucro líquido da empresa após apurado
os custos e despesas foi de R$ 710.000,00. Ao final da DRE, o valor encontrado,
se for positivo, irá entrar no balanço patrimonial, no lado do patrimônio líquido,
como Lucro acumulado, e se for negativo como Prejuízo acumulado.

3 FLUXO DE CAIXA
A falta de geração de caixa em volume suficiente para financiar as operações
de uma empresa é o que tem levado muitas ao processo de falência, com a
ressalva de que nem sempre uma empresa lucrativa consegue gerar caixa (SILVA,
2017, p. 55). Neste sentido, os usuários das demonstrações contábeis (internos
ou externos) estão interessados em saber como a empresa gera e gerencia/utiliza
caixa e equivalentes de caixa.

De acordo com Martins (2020) é por meio da DFC que os usuários das
demonstrações contábeis podem avaliar a capacidade de gerar fluxos futuros
de caixa da entidade, a capacidade de saldar obrigações e pagar dividendos, a
flexibilidade financeira da empresa e a taxa de conversão do lucro em caixa entre
outros aspectos.

A Demonstração do Fluxo de Caixa passou a ser obrigatória para as


empresas em 2007, com a inclusão do inciso na Lei 6404/74, desse modo todas
as empresas devem elaborar a demonstração periodicamente. As informações
contidas na DFC, em conjunto com outras demonstrações contábeis, devem ser
suficientes para que seus usuários possam conhecer e avaliar a capacidade de
geração de caixa da empresa (HOJI, 2017).

Cabe ressaltar que existe uma diferença entre a DFC e o fluxo de caixa
gerencial que a empresa utiliza internamente. Diferença essa que consiste
basicamente no período e no modo de apresentação, pois existem orientações

47
Tópicos especiais em gestão financeira

sobre o modo de apresentação da DFC, com o objetivo de facilitar a interpretação


e comparabilidade. Já o fluxo de caixa gerencial utilizado internamente na
empresa não precisa seguir nenhuma estrutura específica e pode ser adaptado
às necessidades da empresa.

A DFC deve apresentar entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa


do período classificados por atividades operacionais, de investimento e de
financiamento. Martins (2020, p. 47) define tais atividades:

Atividades operacionais: são as principais atividades


geradoras de receita da entidade bem como outras atividades
não enquadradas em financiamento ou investimento.
Exemplos: pagamento a fornecedores, recebimento de
clientes, pagamento de salários etc.
Atividades de investimento: são aquelas referentes à
aquisição e venda de ativos (a maioria de longo prazo) e,
também, os investimentos não incluídos nos equivalentes de
caixa. Exemplos: compra e venda de imobilizados; aplicações
financeiras de longo prazo; compra e venda de investimento
em coligadas etc.
Atividades de financiamento: são aquelas que resultam em
mudanças no tamanho e na composição do capital próprio
e endividamento da entidade. Exemplos: empréstimos e
financiamentos de longo prazo obtidos; emissão de debêntures,
aumento de capital em dinheiro, distribuição de lucros etc.

   O Conselho Federal de Contabilidade emitiu as Normas


Brasileiras de Contabilidade NBC TG – 03 – Demonstração
dos Fluxos de Caixa, que trata exclusivamente sobre
essa importante demonstração, apresentando seu
objetivo, alcance, além de outras informações importantes
que vale a pena serem analisadas e estudadas, basta
acessar o link: http://www.informanet.com.br/Prodinfo/
gcon/normas/resolucao_cfc_1296_2010.pdf!

A demonstração de fluxo de caixa pode ser realizada de duas formas, uma


denominada método direto, e outra indireto, segundo Hoji (2017), o método direto
demonstra os principais itens de recebimento e pagamento pelos seus efetivos
valores, o que facilita a visualização e a compreensão dos fluxos financeiros. Para
assimilarmos melhor o método direto do fluxo de caixa vamos analisar a estrutura
da demonstração apresentada na Figura 2:

48
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

Figura 2 – DFC pelo método direto

EXERCÍCIO ENCERRADO EM 31-12-X8 31-12-X7


ATIVIDADES OPERACIONAIS
Recebimentos
  Venda e serviço pesados 2.117.711 1.689.119
  Rendimentos financeiros 25.276 101.907
Total 2.142.987 1.791.026
Pagamentos 2.142.987 1.791.026
  Fornecedores 637.288 647.970
  Custos indiretos e Despesas gerais 759.347 709.973
 Impostos 421.699 524.169
  Encargos financeiros 90.011 3.827
  Outros pagamentos 22.738 24.241
Total 1.931.083 1.910.180
Caixa líquido gerado pelas
211.904 (119.154)
(consumido nas) operações

ATIVIDADES DE INVESTIMENTO
Venda de Imobilizado 15.678 0
[+] Venda de investimentos permanentes 50.957 0
[-] Aquisições de Imobilizado (222.482) (32.066)
[-] Aplicações em Investimentos
0 (105.658)
permanentes
[-] Adições ao custo intangível (46.964) 0
[-] Aplicações em Ativo Realizável a longo
(35.106) (10.897)
prazo
[=] Caixa gerado pelas (utilizados nas)
(238.023) (168.635)
atividades de investimento

49
Tópicos especiais em gestão financeira

ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO
Resgate (aplicação) de Títulos e valores
(28.967) 41.958
mobiliários
[+] Integralização de capital 42.087 0
[+] Novos empréstimos e financiamentos 124.006 241.954
[-] Amortização de empréstimos e
(163.194) (76.026)
financiamentos
[-] Pagamentos de dividendos 0 0
[=] Caixa gerado pelas (utilizado nas)
(26.062) 207.786
atividades de financiamento

REDUÇÃO NO CAIXA E EQUIVALENTES


(52.181) (80.003)
DE CAIXA

CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA


Saldo no início do exercício 226.808 306.811
Saldo no final do exercício 174.627 226.908
Redução no Caixa e Equivalentes de
(52.181) (80.003)
Caixa

Fonte: Hoji (2017, p 266).

Já o método indireto parte do lucro ou prejuízo líquido do exercício, ajustando


os valores que não impactaram o caixa, complementando com aumento ou
redução dos saldos das contas de ativos e passivos operacionais (HOJI, 2017).

Para uma melhor visualização vamos analisar a Figura 3, que consta todos
os itens da demonstração do fluxo de caixa realizado pelo método indireto:

50
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

Figura 3 – DFC pelo método indireto

EXERCÍCIO ENCERRADO EM 31-12-X8 31-12-X7


ATIVIDADES OPERACIONAIS
Lucro (prejuízo) do exercício 105.016 94.687
Despesas (receitas) que não afetam o caixa
  Depreciação, amortização e exaustão 153.193 126.334
  Variações monetárias dos financiamentos e
49.898 86.749
empréstimos
  Resultado de equivalência patrimonial (10.074) (1.204)
  Lucro na venda do Imobilizado (2.822) 0
Total 295.211 306.566
Aumento/redução dos ativos e passivos
operacionais
  Redução (aumento) de Contas a Receber (58.122) (223.973)
  Redução (aumento) de Impostos a
15.006 (15.006)
recuperar
  Redução (aumento) de Estoques (212.241) (81.279)
  Redução (aumento) de outros operadores (9.605) (12.771)
  Aumento (redução) de Fornecedores 43.228 (141.522)
  Aumento (redução) de Obrigações Fiscais 97.480 (14.897)
  Aumento (redução) de Salários e encargos
17.906 14.111
sociais
  Aumento (redução) de outros passivos
33.041 48.617
operacionais
Total (83.307) (425.720)
Caixa líquido gerado pelas atividades
211.904 (119.154)
operacionais

51
Tópicos especiais em gestão financeira

ATIVIDADES DE INVESTIMENTO
  Venda de Imobilizado 15.678 0
  Venda de Investimentos permanentes 50.851 0
  Aquisições de Imobilizado (222.482) (52.086)
  Aquisições em Investimentos permanentes 0 (105.658)
  Adições ao custo do Intangível (46.964) 0
  Aplicações em Ativo Realizável a Longo Prazo (35.106) (10.891)
Caixa líquido utilizado nas atividades de
(238.023) (168.635)
investimento

ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO
  Resgate (aplicação) de Títulos e valores
(25.961) 41.958
mobiliários
  Integralização de Capital 42.087 0
  Novos empréstimos e financiamentos 124.006 241.954
  Amortização de empréstimos e financiamentos (163.194) (76.026)
  Pagamentos de dividendos 0 0
Caixa gerado pelas (utilizado nas)
(26.062) 207.706
atividades de financiamento

REDUÇÃO NO CAIXA E EQUIVALENTES DE


(52.181) (80.003)
CAIXA

CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA


Saldo no Início do exercício 226.808 306.811
Saldo no final do exercício 174.627 206.908
Redução no caixa e equivalentes de caixa (52.181) (80.003)

Fonte: Hoji (2017, p. 267)

Analisando a estrutura dos dois métodos o que podemos observar entre as


diferenças é que o valor inicial apresentado no método direto é aquele valor bruto
das vendas e no método indireto o que está sendo utilizado é o valor do lucro
líquido, ou seja já deduzidos os impostos.

52
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

Outra diferença entre os métodos diz respeito a estrutura das atividades de


investimento e de financiamento, uma vez que no método direto é utilizado os
valores brutos das vendas e resgates dessas contas, e no método indireto esses
valores já estão incluídos no lucro líquido.

Hoji (2017) considera que em termos de poder informacional dos fluxos das
atividades operacionais, é inferior à DFC elaborada pelo método direto, mas é
mais fácil de ser elaborada.

Agora com o objetivo de analisarmos a aplicação da demonstração do fluxo


de caixa nas empresas, vamos realizar um estudo de caso, é só continuar os
estudos no próximo item.

3.1 Estudo de caso do fluxo de


caixa
Sabendo que o método de fluxo de caixa mais utilizado pelas empresas é
o direto, vamos analisar uma situação hipotética de uma empresa de pequeno
porte, e apresentar a demonstração do fluxo de caixa pelo método direto.

A empresa Cerqueira Ltda ao encerrar o exercício financeiro do ano de 2019


apresentou os seguintes resultados:

a) Recebeu dos clientes entre valores de vendas e serviços R$ 200.000,00;


b) Pagou os fornecedores em compras de mercadorias no valor de R$
100.000,00;
c) Pagou o aluguel do estabelecimento no ano no valor de R$ 24.000,00;
d) Pagou Salários de Funcionários, junto com encargos sociais no valor de
R$ 50.000,00;
e) Vendeu um terreno que tinha de investimento no valor de R$ 80.000,00;
f) Comprou móveis e utensílios no valor de R$ 20.000,00;
g) Aplicou investimentos permanentes no valor de R$ 10.000,00;
h) Integralizou o capital social em R$ 50.000,00;
i) Captou empréstimos a longo prazo no valor de R$ 30.000,00;
j) Pagou dividendos no valor de R$ 60.000,00.

Analisando essas informações vamos iniciar a elaboração da demonstração


do fluxo de caixa pelo método direto:

53
Tópicos especiais em gestão financeira

Exercício encerrado em 31/12/2019


ATIVIDADES OPERACIONAIS
(+) Recebimento de vendas e serviços R$ 200.000,00
(-) Pagamento a fornecedor R$ 100.000,00
(-) Pagamento de Custos diversos e despesas R$ 74.000,00
(=) Caixa Líquido gerado pelas operações R$ 26.000,00
ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS
(+) Venda de Imobilizado R$ 80.000,00
(-) Aquisição de Imobilizado R$ 20.000,00
(-) Aplicação de Investimento Permanente R$ 10.000,00
(=) Investimento Líquido R$ 50.000,00
ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS
(+) Integralização de capital R$ 50.000,00
(+) Captação de empréstimo a longo prazo R$ 30.000,00
(-) Pagamento de Dividendos R$ 60.000,00
(=) Operações financeiras líquidas R$ 20.000,00
SUPERÁVIT DE CAIXA R$ 96.000,00

Ao final da demonstração do fluxo de caixa da empresa Cerqueira Ltda no ano


de 2019, podemos observar que a mesma apresentou um saldo positivo em sua
conta no valor de R$ 96.000,00, isso quer dizer que a empresa conseguiu, após
pagar todas as suas dívidas, encerrar o exercício financeiro com um valor positivo.

Ao analisar essa demonstração os diretores e administradores da empresa


deverão iniciar o planejamento de forma que os recursos relacionados ao Superávit
do caixa sejam aplicados em formas de investimento com o objetivo de gerar um
maior resultado operacional positivo para os próximos exercícios sociais.

Além disso, deve iniciar um processo de planejamento em todas as áreas da


empresa com a finalidade de melhorar as áreas que apresentaram resultados menos
favoráveis, e estimular o processo de aumento de vendas e redução de custos.

54
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

A contabilidade pode ser observada desde a antiguidade,


onde mercadores faziam anotações de suas transações
comerciais, é notório que essas anotações eram primitivas, no
entanto buscava registrar o patrimônio. Além dos mercadores, o
Governo também fazia a contabilidade de várias maneiras, como
para registrar suas posses, para receber os valores das cobranças
dos tributos e até mesmo para calcular os tributos que deveriam
ser pagos pelos cidadãos.
Com o passar dos anos a Contabilidade passou a ser mais
profissional, e foram surgindo algumas regulamentações para
padronizar as ações, até que se tornou uma ciência, sendo
considerada como Ciências Contábeis.
Atualmente existem diversas formas de contabilizar os
valores do patrimônio de uma empresa, seja através de sistemas
dotados de mais recursos, através de livros fiscais e até mesmo
de planilhas que auxiliam o controle dos registros.
Conhecer sobre as demonstrações contábeis, e saber realizá-
las de forma correta, seguindo todos os regulamentos e normas
é um diferencial do profissional que trabalha na área contábil de
uma empresa.
No entanto, atualmente a profissão exige mais conhecimento
do que simplesmente escriturar o ativo, passivo e patrimônio
líquido, exige que o profissional interprete esses dados e utilize-os
a favor da empresa.
Conhecer sobre as demonstrações de resultado do exercício,
do fluxo de caixa, saber o momento ideal de utilizá-las, elaborar
relatórios de gerenciamento é um papel importante dessa profissão,
pois através desses valores muitas decisões podem ser tomadas.
Por fim, é de fundamental importância o profissional
financeiro ter em mente que as informações que por ele serão
prestadas devem ser fidedignas, coesas e confiáveis, pois essas
informações vão ter o poder de alterar a estrutura da empresa, de
ganhar mais sócios e até mesmo definir o momento da empresa
finalizar suas atividades por estar em prejuízo.

55
Tópicos especiais em gestão financeira

Referências Bibliográficas
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de Janeiro Atlas 2016 1 recurso online ISBN 9788597010145.

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BRUNI, Adriano Leal. A análise contábil e financeira, v.4. 3. São Paulo Atlas
2014 1 recurso online ISBN 9788522490332.

CONSELHO Federal de Contabilidade. Normas brasileiras de contabilidade NBC


T XX – conteúdo e estrutura das demonstrações contábeis, 2016. Disponível
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FRIEDRICH, J. Fluxo de caixa – sua importância e aplicação nas empresas.


Revista Eletrônica de Contabilidade Curso de Ciências Contábeis UFSM,
VOLUME II n. 2 jun-nov/2005.

HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentária: matemática


financeira aplicada, estratégias financeiras, orçamento empresarial. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2008.

HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentária. 12. Rio de Janeiro


Atlas 2017 1 recurso online ISBN 9788597010534.

MARTINS, Eliseu. Análise didática das demonstrações contábeis. 2. Rio de


Janeiro Atlas 2020 1 recurso online ISBN 9788597025439.

SILVA, Alexandre Alcantara da. Estrutura, análise e interpretação das


demonstrações contábeis. 5. Rio de Janeiro Atlas 2017 1 recurso online ISBN
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56
Capítulo 2 Contabilidade Financeira

VELTER, F; MISSAGIA, L. R. Manual de Contabilidade 2011. 8. Ed. Rio de


Janeiro, Elsevier 2011.

ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa. São Paulo: Sagra Luzzatto. 8. ed.
2000.

57
C APÍTULO 3
Orçamento Base Zero

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

3 Compreender a finalidade do Orçamento Base Zero;

3 Entender o processo de elaboração dessa ferramenta orçamentária;

3 Elaborar um orçamento por meio de exemplo prático.


Capítulo 3 Orçamento Base Zero

1 Orçamento
Os empresários têm buscado, cada vez mais, controlar as finanças da
empresa, com o objetivo de maximizar o valor do lucro de suas atividades e
reduzir os custos. O orçamento tem sido uma ferramenta aliada para o controle
de gestão dessas instituições.

Nos dias atuais, orçar os gastos, prever as despesas, os custos de produção,


os desembolsos e as receitas futuras, pode ser vital para a saúde da empresa.
Quando a empresa conhece seu fluxo de caixa antecipadamente pode encontrar
soluções para superar as dificuldades e, até mesmo, encontrar oportunidades frente
às concorrentes. Mais do que isso, o processo orçamentário pode ser um aliado,
modificando a forma de atuação e competição da empresa, permitindo identificar os
verdadeiros obstáculos e oportunidades de crescimento (WELSCH, 2012).

No entanto, para que os empresários possam controlar seus gastos, é


necessário que planejamento e orçamento estejam em harmonia, com planos
de metas e objetivos claros e coesos, garantindo a execução das atividades.
O processo de planejamento das ações da empresa inicia no momento da
elaboração do plano de negócios, traçando as metas, o público-alvo, a perspectiva
de gastos e custos, e a previsão de orçamento.

É importante destacar que apesar de se complementarem, planejamento e o


orçamento são ferramentas diferentes, conforme demonstrado no Quadro 1:

Quadro 1 – Planejamento X Orçamento

O que é planejamento O que é orçamento


É a definição de um futuro desejado e É a expressão monitorada de um
dos meios eficazes para alcançá-lo. plano operacional.
É um processo de tomada de decisão É a etapa final de um processo de
por antecipação. planejamento.
É um processo orientado no sentido É um compromisso de realização.
de produzir uma ou várias situações
futuras.
Envolve um conjunto de decisões É um instrumento de
independentes. acompanhamento e contínua
avaliação do desempenho das
atividades e dos departamentos.

Fonte: Oliveira, Perez e Silva (2005, p. 117).

61
Tópicos especiais em gestão financeira

O planejamento é um processo que acontece com o objetivo de definir o que a


empresa pretende alcançar, e o que será necessário fazer para que seja alcançado,
além de determinar várias possibilidades de situações que poderão acontecer. Para
a elaboração do planejamento todos os setores devem estar interligados, pois o
sucesso da execução depende das decisões tomadas em conjunto.

Já o orçamento reflete tudo aquilo que foi planejado, nele são previstas as
tarefas que serão executadas pela organização, seja ela pública ou privada, tendo
ou não finalidade lucrativa (RIBEIRO, 2017). Pode-se assim, utilizar o orçamento
como uma ferramenta de controle das metas e objetivos da empresa. Por meio
desse controle serão estabelecidos de forma quantitativa o valor obtido com os
recursos investidos e o seu resultado dentro das suas atividades.

O processo orçamentário engloba três fases fundamentais: previsão


(planejamento), orçamento e controle. Ribeiro (2017, p. 272) explica cada uma delas:

Previsão: estudo antecipado das alternativas de ação diante


dos objetivos desejados. Em resumo, o planejamento deve
prever as metas a serem alcançadas, sejam elas de curto,
médio ou longo prazo.
Orçamento: definição e formalização do plano de ação com
especificação dos objetivos e meios para alcançá-los.
Controle: comparação do desempenho real com o padrão
fixado no orçamento, para levantar e analisar as variações
visando aparar possíveis arestas que possam estar retardando
a plena realização de tudo aquilo que foi planejado. Possibilita,
portanto, a reavaliação dos objetivos almejados e das táticas e
estratégias aplicadas.

Cada fase é importante para que o processo orçamentário atinja o seu


objetivo. Além do mais, todas estão intimamente relacionadas ao processo de
planejamento estratégico da empresa.

Ademais, o processo orçamentário: (i) estabelece metas e objetivos claros;


(ii) pode ser utilizado como base para futura avaliação de desempenho; (iii) provê
uma forma de comunicação gerencial acerca de planos; (iv) força os gerentes a
pensar sobre ações para o futuro, evitando que estes, na ausência do orçamento,
gastem esforços em ações do dia-a-dia; (v) provê uma forma de alocar recursos
entre os departamentos e as áreas; (vi) pode evitar o surgimento de potenciais
restrições; (vii) coordena as atividades por meio da integração dos planos
das várias áreas e auxilia que estes estejam na mesma direção; (viii) define
responsabilidades aos diversos departamentos; (ix) estabelece expectativas
definidas; (x) é um instrumento de controle operacional; (xi) desenvolve a
sofisticação da gestão em seu uso; (xii) gera flexibilidade administrativa; e, (xii)
provê a elaboração de um plano realista de vendas (GARRISON, NOREEN,
2000; OLIVEIRA, PEREZ JR., SILVA, 2010; WELSCH, 2012).

62
Capítulo 3 Orçamento Base Zero

Logo, a importância do orçamento não consiste unicamente no seu resultado,


mas também em todo o processo desenvolvido para se chegar ao plano final
aprovado pela empresa. Contudo, dificuldades podem ocorrer na elaboração do
orçamento. Em alguns casos, as metas de receitas e custos são projetadas sem
ter informações sólidas e, devem ser atingidas a qualquer custo; os responsáveis
pelo orçamento se apegam excessivamente aos detalhes, esquecendo de
gerenciar o que é importante; compram pacotes de software orçamentário prontos
que não atendem as necessidades ou processos; estimam metas pouco realistas,
esquecendo variáveis importantes; e, atentam em demasia para as variações,
esquecendo de analisá-las de forma sistêmica (LEAHY, 2002).

O processo orçamentário pode e deve ser adaptável a maneira de gestão e


cultura das organizações. As ferramentas gerenciais e o processo orçamentário
sofreram adaptações ao longo dos anos, conforme as necessidades dos usuários
foram mudando. De acordo com os estudos de Lunkes (2011), a evolução das
práticas orçamentárias ocorreu em seis etapas principais: orçamento empresarial,
orçamento contínuo, orçamento base zero, orçamento flexível, orçamento por
atividades e beyond budgeting. Nos próximos capítulos, dar-se-á ênfase ao
orçamento base zero.

2  Orçamento Base Zero


O Orçamento Base Zero (OBZ) tem sua origem nos fundamentos de Peter
A. Pyhrr (1977), inicialmente implantado na empresa Texas Instruments, nos
Estados Unidos, no final da a década de 70, com o passar do tempo foi difundido
tanto para empresas do setor privado como para empresas governamentais. Essa
ferramenta chegou no Brasil na década de 80 através da empresa Dow Química,
sendo nos dias atuais um modelo bastante reconhecido nos meios empresariais
(COBAITO, 2018).

Pyhrr (1981) afirma que antes do surgimento do OBZ as técnicas


orçamentárias existentes se preocupavam com o nível de gastos existentes como
uma base estabelecida, analisando detalhadamente apenas os aumentos de
receitas e corte de custos desejados. Esta premissa ignorava algumas questões
fundamentais, como: qual a quantidade de colaboradores ideal para cada setor, e
se os setores têm um nível de eficiência e eficácia nas suas atividades cotidianas.

Talvez o case mais conhecido de implantação do OBZ no Brasil é o da


empresa AMBEV. Gimenez et al. (2013) destacam que apesar do OBZ ter
sido desenvolvido originalmente para a indústria, respeitadas as diferenças
dos segmentos, a técnica é perfeitamente aplicável em empresas de outros
segmentos. Segundo Raza (2010), empresas como o Grupo Pão de Açúcar e a

63
Tópicos especiais em gestão financeira

Nova Iguaçu Distribuidora de Bebidas, vêm obtendo resultados positivos após a


implementação do orçamento base zero.

O importante ao aplicar, não somente o OBZ, mas qualquer outra ferramenta


gerencial em uma empresa, é considerar as particularidades do negócio e do
ambiente organizacional.

A maioria das ferramentas orçamentárias, utiliza-se de valores históricos para


que assim se possam projetar os valores futuros. Já a principal característica do OBZ
é a não utilização de valores históricos. Padoveze (2010) afirma que a proposta do
OBZ está em rediscutir toda a empresa, toda vez que se elabora o orçamento.

Desse modo, cada gasto é questionado, buscando evidenciar qual a real


necessidade dele e forçando os gestores a repensarem as atividades de cada
área e estabelecerem prioridades.

Em um modelo tradicional de orçamento, os gestores podem se habituar


a superestimar seus resultados e acabar fixando tetos para as expectativas de
crescimento e um chão para os custos, impossibilitando uma melhoria contínua
dos resultados (HOPE; FRASER, 1999). Essa situação dificilmente ocorre no
OBZ, sendo que além da não utilização de dados passados, cada valor deve ser
discutido e defendido pelo gestor conforme a sua real necessidade.

   O profissional atuante na área financeira da empresa


deverá ter conhecimento de todas as ferramentas gerenciais
que podem ser utilizadas dentro da organização, no entanto
antes de serem definidas quais ferramentas deverão
ser utilizadas, deverão ser analisadas as vantagens e
desvantagens desta ferramenta, pois o êxito da aplicação
vai depender do equilíbrio entre elas e da maneira como
será executada dentro do ambiente de trabalho.

64
Capítulo 3 Orçamento Base Zero

2.1 Vantagens e Desvantagens do OBZ


O Orçamento Base Zero é uma ferramenta de orientação para os gestores.
Pode ser utilizado para auxiliar os gestores no momento de decidir as áreas
onde a empresa precisa dar maior foco, pois a metodologia propõe uma análise
minuciosa das prioridades estratégicas para o exercício em questão (PADOVEZE,
2000), criando a condição de entender qual a finalidade de cada processo de uma
organização, se gera valor ou se gera custos que precisam ser reduzidos a fim de
melhora na situação financeira de uma empresa (SANTANA, 2010).

1. Forçar os gestores a refletir sobre as operações e procurar oportunidades


de melhoria;
2. Fornecer informações detalhadas relativas a recursos necessários para
se realizar os fins desejados;
3. Diminuir os excessos e as duplicidades entre as atividades ou
departamentos;
4. Concentrar-se nas reais necessidades e não nas variações do ano
anterior; melhor acompanhamento do planejado versus realizado.
5. Permite uma distribuição de recursos de forma consciente e eficiente;
6. Auxilia na percepção de orçamentos com receitas e gastos fora da
realidade;
7. Elimina projetos e processos que não trazem valor para a empresa;
8. Aumenta a comunicação entre as equipes dentro da empresa.
9. Visualizar e eliminar atividades desnecessárias, que não agregam valor
ao cliente ou ao negócio, que uma vez eliminadas não resultam em
perdas, ao contrário, economia de recursos indevidamente consumidos.
A análise principia na elaboração dos pacotes de decisão que permitem
aos gestores.
10. Estabelecer prioridades, avaliar hipóteses, alternativas e mensurar o
custo-benefício e aos administradores aprovarem ou rejeitarem a(s)
atividade(s).

De acordo com o demonstrado podemos definir que a ferramenta gerencial


Orçamento Base Zero trará para a empresa vantagens, possibilitando controlar os
gastos que estão sendo realizados na empresa, avaliar as possibilidades de uma
maior lucratividade, analisar os rendimentos dos colaboradores e auxiliar o gestor
desde o momento do início de sua execução até o fim do exercício fiscal.

65
Tópicos especiais em gestão financeira

2.2 Desvantagens do Orçamento


Base Zero
O OBZ também apresenta desvantagens para a empresa. Esses pontos não
devem ser ignorados, para que a decisão de se adotar ou a utilização do OBZ
seja assertiva para a empresa.

Apesar dos benefícios de sua utilização, os controles do OBZ são mais


burocráticos e volumosos, consumindo mais tempo e recursos em relação a outros
tipos de orçamento (HOJI, 2018). Pois o Orçamento Base Zero passa por várias
etapas antes de ser de fato executado na empresa, essas etapas apresentam
processos de análises de todos os setores, de forma minuciosa e burocrática.

Esse aspecto do orçamento se apresenta como uma desvantagem de


sua aplicação nas empresas, visto que, exige um envolvimento de todos os
profissionais, um tempo de preparo de sua elaboração grande, e um demorado
processo de execução na empresa.

Neste sentido, Cobaito (2018) corrobora que este tipo de orçamento:

● Demanda maior tempo das equipes, diferente do tradicional;


● Força os gestores a conhecerem no detalhe seu orçamento, pois é
necessário justificar cada item que será orçado;
● Necessita de treinamento específico para os usuários-chave.

Outro aspecto negativo da implantação do OBZ consiste na sua aplicação em


empresas de grande porte, que possuem várias divisões e departamentos, nessa
situação a implantação se torna lenta, visto que todos os setores devem estabelecer
seus planos de decisão, concentrar no gasto de cada variável, analisar algum tipo
de duplicidade de ações, demonstrar todas as subdivisões do setor.

Outros fatores devem ser analisados com relação ao OBZ:

Ao avaliar as desvantagens, foi observado que o tempo de


implantação foi maior quando comparado a metodologia antiga.
Notou-se também, que, devido ao fato de os gestores terem que
justificar suas despesas futuras, houve um descontentamento,
pois era alegado que os inúmeros controles exigidos causaram
maior burocracia às atividades. (FARIA et al., 2010, p. 14).

Burocracias, lentidão e trabalho conjunto de funcionários são apresentados


também como as desvantagens da aplicação do orçamento base zero nas
empresas, por isso que antes de direcionar as ferramentas para a implantação

66
Capítulo 3 Orçamento Base Zero

de um tipo de orçamento é necessário a análise de todos os aspectos que vão


influenciar do início ao fim do processo.

Outros aspectos que influenciam de forma negativa na execução do


orçamento é a falta de apoio dos gestores, por ser um processo que vai iniciar do
zero no quesito definição de custos, muitos gestores não se sentem confortável
para aplicá-los dentro da empresa visto que os resultados alcançados serão
totalmente novos, e dados passados não serão relevantes.

Por fim, temos como uma desvantagem que talvez seja uma das mais
relevantes no momento da aplicação do orçamento base zero na empresa, que é o
estabelecimento de prioridades das metas. Visto que cada gestor pode considerar o
seu objetivo importante, sendo difícil chegar a um consenso de prioridades na empresa.

Por isso, é importante que antes de iniciar o processo de elaboração do


orçamento seja feita uma reunião com os gestores, gerentes, supervisores e
funcionários, informando sobre a possibilidade de implantação, discutindo sobre
as possíveis interferências que podem ocorrer e apresentando os aspectos
positivos e negativos do processo geral.

A revista Brasileira de Contabilidade, publicou um artigo


científico que trata exclusivamente sobre o Orçamento Base Zero,
apresentando o conceito, as formas de elaboração e as vantagens
desse tipo de orçamento nas empresas, que vale a pena ser
estudado, basta acessar o Link http://rbc.cfc.org.br/index.php/rbc/
article/view/509

67
Tópicos especiais em gestão financeira

3 Como funciona o Orçamento Base


Zero
O OBZ ajuda os gestores no processo de identificação das áreas e atividades
as quais a empresa precisa dar mais atenção. Sua metodologia exige uma análise
aprofundada das prioridades da empresa para o período em questão. Análise esta
que deve ocorrer de baixo para cima – partindo da missão e valores da empresa
até chegar a um custo no qual a empresa necessita para alcançar seus objetivos.

Neste sentido, corrobora Cordeiro Filho (2007), asseverando que a


metodologia procura entender sobre o custo-benefício de todos os projetos,
processos e atividades, partindo de uma base zero, e a partir daí ir agregando
itens vinculados ao cumprimento dos objetivos e metas das unidades de negócio
cujos recursos são consequência do caminho ou direção planejada, então
ir aprovando os incrementos chegando ao nível total de gastos de uma forma
participativa, com intensa participação dos gestores das diversas áreas que
compõem uma organização, a fim de fornecer subsídios decisórios inteligentes
para a construção do OBZ.

Na elaboração do orçamento base zero são necessários alguns pré-


requisitos,

a empresa tem que estabelecer alguns objetivos e metas e a


partir daí o processo orçamentário tem que obrigar os gestores
a identificar e analisar o que fazer como um todo, a tomar
decisões operacionais necessárias e avaliar as alterações
de responsabilidade e de carga do trabalho - não depois do
processo orçamentário, mas durante esse processo e como
parte integrante dele. O processo exige que cada administrador
justifique detalhadamente todas as dotações solicitadas em
seu orçamento, cabendo-lhe justificar por que deve gastar
dinheiro (GOMES, 2000, p. 22).

Ao ser traçada a rede de atribuições de cada gestor, é o momento de analisar


o valor gasto para alcançar aquele objetivo e traçar novas maneiras de realizá-
lo, identificando formas de reduzir o gasto naquela execução e apontando outras
possibilidades de realização.

Com a presença de diversos gerentes na elaboração do orçamento, fica


mais fácil identificar determinadas duplicidades de esforço entre os setores da
empresa, como por exemplo, o setor de vendas busca gastar um determinado
valor na área de marketing, para conseguir novos clientes, ao mesmo tempo em
que, a área de publicidade da empresa apresenta propostas de propaganda que
garantirá um aumento efetivo no número de clientes.

68
Capítulo 3 Orçamento Base Zero

Como observado no exemplo, dois setores buscam alcançar os mesmos


objetivos, desse modo, será criado um plano em conjunto com os dois setores, no qual
diminuirá os gastos e consequentemente trará um resultado positivo para a empresa.

Outro fator importante no processo de elaboração do orçamento base zero, é


que os gestores poderão avaliar as metas e definir uma prioridade entre elas, além
de assegurar o cumprimento dos objetivos por meio de auditorias para análise do
cumprimento e desempenho das metas traçadas.

A mobilização da parte operacional da empresa também pode ser avaliada,


analisando os funcionários na execução de suas atividades, no comprometimento
com o serviço, além de buscar incentivá-los para que o resultado seja favorável
em todos os níveis da empresa.

No entanto antes de começar executar o orçamento base zero deve seguir


algumas premissas antes de sua elaboração:

Linguagem exclusivamente contábil, ou seja, todos os valores


que estarão compondo a base orçamentária, serão obtidos na
escrituração contábil e nos Balancetes dos exercícios anteriores;
R$ Históricos, todos os valores obtidos serão históricos, ou seja,
em nenhum momento sofrerão qualquer tipo de atualização
monetária e; Garantir a correta alocação dos lançamentos
contábeis (contas x centro de custo), ou seja, garantir a correta
alocação dos gastos e despesas na escrituração contábil, evitando
assim, distorções dos valores orçados quando confrontados com
a realização das despesas (GOMES, 2000, p. 24).

Essas premissas irão nortear em todas as etapas de execução do orçamento,


devendo os dados ser confiáveis e coesos para que todas as etapas do processo
de implantação sejam executadas com êxito.

O orçamento deve ser estritamente escrito com termos e nomenclaturas


contábeis, visando a sua formalização e validação, além disso, devem ser
registrados valores fixos, sem atualização monetária, mesmo que durante o
período ocorram variações cambiais.

O orçamento deve estar alinhado com os valores lançados nas demonstrações


contábeis, garantindo que os mesmos valores dos custos, despesas, e receitas
lançados na Demonstração do Resultado do Exercício, sejam de igual modo
registrados no orçamento.

69
Tópicos especiais em gestão financeira

Por fim, podemos compreender que o objetivo principal do orçamento base


zero é estimular uma forma de redução de gastos e aumento das receitas em uma
organização, projetando possibilidades de realização de objetivos com custo reduzido.

O OBZ exige trabalho em sua elaboração, comunicação, discussão e


principalmente trabalho em equipe. Nesse tipo de orçamento é importante a
confiança na equipe de trabalho, pois cada profissional irá atuar em conjunto para
cumprimento do estabelecido, sendo o seu resultado ou fracasso refletido em
todo o processo do orçamento.

Como o orçamento busca projetar em um demonstrativo, o futuro dos


recursos de uma empresa, obrigatoriamente, precisa estar relacionado ao
planejamento estratégico da organização. Assim, não serão excluídos do
orçamento itens essenciais para que a empresa alcance seus objetivos. Mais que
isso, o orçamento poderá auxiliar a empresa a cumprir suas metas de maneira
mais eficiente: Logo, antes de projetar os números:

é necessário definir diretrizes, premissas e padrões gerais,


abrangendo a análise da situação atual e uma visão global
do negócio, o ambiente e a conjuntura econômica e social, as
metas de vendas e marketing, as compras, a produtividade, a
política de investimentos, de recursos humanos, de informática,
entre outros. Esses fatores podem estar contemplados
nos indicadores estratégicos do balanced scorecard ou no
orçamento estratégico (SANTOS et al., 2008, p. 167).

Aspectos como os do ambiente interno e externo da empresa devem ser


levados em consideração, pois essas interferências poderão acarretar o sucesso
da execução do orçamento.

O elaborador dessa ferramenta, Phyrr (1981) sugere que deve se atentar


para os seguintes passos na elaboração do Orçamento Base Zero:

1. Preparar uma documentação de suporte, um manual de instruções,


que contenha dados básicos do projeto, como calendários de eventos e
milestones (marcos do projeto).
2. Formar uma Equipe Gestora responsável para implantação, cuja função
de cada um esteja definida, visando dar apoio à direção e fazer a análise
para a direção.
3. Em cada departamento da empresa, eleger um responsável pela
organização das informações de seu setor e defesa de suas ideias junto
à Equipe de Gestão.

70
Capítulo 3 Orçamento Base Zero

Desse modo,

a equipe Gestora juntamente com a Direção estabelece


as diretrizes necessárias de planejamento, qual o nível de
detalhes a serem analisados e o formato da apresentação, dos
relatórios etc., e informa para que os gestores responsáveis de
cada departamento possam preparar (COBAITO, 2018).
Segundo o autor supracitado, por sua vez, as equipes departamentais
determinam, dentro de suas divisões/setores, o nível organizacional em que
os processos devem ser preparados e os níveis em que os pacotes devem ser
priorizados. O produto deste processo, são os pacotes de decisão, que são
validados pela equipe de gestão e posteriormente apresentados a Direção para
tomada de decisão.

Cada gestor ou grupo de gestores será responsável por


elaborar e defender o pacote de decisão de um departamento da
empresa. Para evitar um apego do gestor com os investimentos
no setor, trazer uma visão neutra do departamento e minimizar
a possibilidade de inclusão de uma “gordura” no pacote de
decisão de um departamento, alguns especialistas sugerem que
o responsável pelo pacote de decisão não seja o gestor do próprio
departamento. Por exemplo, que o responsável pelo pacote de
decisão de Recursos Humanos não seja o gerente de Recursos
Humanos da companhia.

3.1 Pacotes de decisão


Pyhrr (1981), define um pacote de decisão como sendo um documento que
identifica e descreve uma atividade específica permitindo que a administração
possa avaliá-la e priorizá-la em relação a outras atividades que concorram para a
obtenção de recursos limitados e decidir por aprová-la ou rejeitá-la.

Nos pacotes de decisões devem estar identificadas as consequências da


não execução das metas, quais as alternativas que podem ser realizadas caso o
objetivo não seja alcançado, além de definir os custos e benefícios da ação.

71
Tópicos especiais em gestão financeira

Sendo executados os pacotes de decisão é o momento de definir os


responsáveis por cada ação, essa etapa é denominada definição da matriz de
responsabilidade e segundo Lunkes (2011, p. 91):

O responsável de cada pacote de decisão deve realizar


sua consolidação e o defender frente o gestor da OBZ. Ele
é responsável pela aprovação e pelo controle dos gastos
da referida unidade de responsabilidade. Já o gestor do
ORZ é responsável pelo gerenciamento e controle global do
orçamento da unidade.

Após a defesa do orçamento por parte dos responsáveis é o momento de


elaborar o Pacote de Base Zero (PBZ), o Núcleo Base Zero (NBZ), e a Variável Base
Zero (VBZ) (LUNKES, 2011). Esses relatórios são partes do orçamento base zero, e
têm objetivos específicos e podemos visualizá-los em níveis, conforme Figura 1.

Figura 1 – Relação hierárquica entre PBZ, NBZ e VBZ.

PBZ

NBZ (I) NBZ (II) NBZ (III)

VBZ VBZ VBZ VBZ VBZ VBZ VBZ VBZ VBZ


(i) (ii) (iii) (iv) (v) (vi) (vii) (viii) (ix)

Fonte: Martin Filho e Carvalho (2013)

O PBZ, ou pacote de decisão, visa identificar e descrever as atividades


individualizadas, aprovando ou rejeitando cada uma delas. Geralmente há poucos
pacotes. É como se fosse um grande grupo com elementos da mesma natureza.
Por exemplo, o PBZ “Limpeza” – que engloba os materiais de limpeza, pessoal
da limpeza e outros – e o PBZ “Administrativo – que compreende os recursos
destinados ao pagamento do pessoal que trabalha no administrativo, bem como
materiais de escritório, aluguel do escritório etc.).

Já o NBZ é um desmembramento (um nível abaixo) do PBZ, sendo a


conta que está agrupada as metas, podemos exemplificar a conta “materiais
de informática”, que estão agrupados todos os equipamentos (teclado, mouse,
monitor etc.). Outro exemplo de NBZ é a conta “Pessoal de vendas”, que engloba
o salário dos vendedores, comissão, benefícios etc.

72
Capítulo 3 Orçamento Base Zero

Já a VBZ é o menor elemento do orçamento, ou seja, são os objetos que


irão adquirir, como por exemplo, computadores, mouses etc. São geralmente as
contas contábeis de uma organização.

No Quadro 2, são apresentados alguns exemplos de pacotes de decisão que


podem ser utilizados no OBZ:

Quadro 2 – Exemplos de pacotes de decisão

PBZ NBZ VBZ


Salários
Colaboradores
Benefícios

Departamento Cópias
administrativo Canetas
Materiais de escritório
Pastas
Folhas A4
IPVA
DPVAT
Impostos/Seguro
Licenciamento
Despesas com
Seguro
veículos
Oficina
Manutenção
Lavação
Combustível Combustível

Fonte: Elaborado pela autora.

Sendo o OBZ uma ferramenta gerencial, a empresa pode adaptar o


agrupamento e nomenclatura dos pacotes de decisão conforme melhor lhe
atender. Na Figura 2, é apresentado um modelo de pacote de decisão.

73
Tópicos especiais em gestão financeira

Figura 2 – Modelo de Pacote de decisão

Fonte: Gimenez et al. (2013)

De acordo com Lunkes (2003 apud COBAITO, 2018, p. 66), alguns pontos
devem ser observados na elaboração dos pacotes de decisão:

● Descrição da finalidade: deve-se descrever detalhadamente qual a


forma que cada processo se relaciona com a organização, destacando
sua relevância, se é apenas uma atividade operacional ou se é um
processo em que há vinculação com a estratégia e os objetivos de longo
prazo da instituição.

74
Capítulo 3 Orçamento Base Zero

● Descrição da atividade: é importante que a atividade esteja descrita


de forma clara, para que o grupo que irá decidir, e que por vezes não
conhece o processo ou não trabalha na área, seja capaz de identificá-la
e compreendê-la para realizar o processo de priorização.
● Clareza na elaboração: elaborada de tal forma que as pessoas não
atuantes diretamente com a área entendam as diferentes maneiras de
execução de uma tarefa, onde o responsável pela elaboração de um
pacote de decisão deve informar tanto o nível mínimo de esforço para
execução de uma atividade quanto os alternativos. Entretanto, deve
destacar a maneira escolhida e as outras formas que foram descartadas.

3.2 Matriz de responsabilidades


A matriz de responsabilidade define quem será o responsável por cada
pacote de decisão e contas. Esses responsáveis devem conhecer muito bem
a atual estrutura, justificando a solicitação de recursos. Diferente do gestor do
OBZ, que responde pelo orçamento global e deve gerenciá-lo, os responsáveis
por cada pacote de decisão responde pela sua aprovação e controle dos gastos
A matriz de responsabilidade é dividida em unidade de negócio o (UDN), que o
gestor é responsável pela execução e pelo controle, pacotes de unidade zero
(PBZ’s), (VBZ’s), variáveis de base zero, (NBZ’s) núcleo de base zero (LUNKES,
2011). Na Figura 3 é apresentado um exemplo de matriz de responsabilidades.

Figura 3 – Matriz de responsabilidades

Fonte: Lunkes (2011, p. 92)

75
Tópicos especiais em gestão financeira

Conforme as necessidades e preferências da empresa, podem ser


elaborados mais de uma versão de cada pacote de decisão, de acordo com a
sua prioridade. Por exemplo: PBZ Administrativo 1, PBZ Administrativo e PBZ
Administrativo 3. Sendo o pacote PBZ Administrativo 1 o mais enxuto e o grau de
rigidez ir gradativamente diminuindo para os demais.

Assim, durante o processo de discussão para aprovação dos pacotes, pode-


se optar pelo que melhor se enquadrar na situação e objetivos da empresa.

4 Implantação do Orçamento Base


Zero
A implantação do orçamento base zero vai variar de uma empresa para outra,
pois as metas, objetivos e prioridades serão diferentes em cada uma delas, haja
vista, que ele depende de opinião de vários profissionais, os quais irão definir os
pacotes de decisão.

O método de implantação vai depender também do ramo de atividade, do


tamanho, e do número de funcionários da empresa, esses fatores influenciaram
os aspectos do orçamento, principalmente no que diz respeito aos valores gastos
na execução.

4.1 Etapas de estruturação


No capítulo anterior foram abordados os principais aspectos do processo do
OBZ e conceitos necessários para a implantação do Orçamento Base Zero em
uma empresa. A seguir, são apresentadas as principais etapas para a sua efetiva
estruturação e implantação em uma empresa.

4.1.1 Preparação
Para a implantação do OBZ é necessária que toda a gestão da empresa
esteja envolvida no processo. Um dos principais pontos de falha de qualquer
orçamento é a falta de envolvimento dos colaboradores – principalmente dos
gestores setoriais. Além do que, como visto anteriormente, a metodologia desse
tipo de orçamento exige que sejam realizadas discussões para se chegar a uma
opção mais viável para a empresa.

Também, é fundamental que o pessoal envolvido seja treinado. Os envolvidos


precisam conhecer como funciona, qual a importância do processo e quais os

76
Capítulo 3 Orçamento Base Zero

benefícios que a utilização do OBZ trará para a empresa. Desse modo, trarão
uma visão mais fidedigna das necessidades de cada departamento/atividade.
Evitando assim, os problemas comuns do orçamento tradicional.

4.1.2 Segmentação
O próximo passo é dividir as áreas da organização em diferentes grupos
orçamentários, facilitando assim a discussão sobre as metas e necessidades
orçamentárias para o período. Nesta etapa, devem ser discutidos quais os resultados
financeiros esperados de cada setor e o que será necessário para atingir as metas.

Cada uma das atividades da empresa deve ser analisada para a criação dos
pacotes de decisão (PBZ), de modo que seja possível realizar a sua priorização e
para que a alocação de recursos seja definida posteriormente.

Essa etapa está intrinsecamente interligada ao planejamento estratégico da


empresa. Avaliar o grau de importância de cada um dos pacotes é fundamental
para que as metas da empresa estejam definidas e claras para todos os envolvidos.
Os pacotes devem estar alinhados com os objetivos globais da empresa, inclusive
com a remuneração pretendida aos acionistas.

4.1.3 Definição de limiar


O limiar nada mais é do que o valor mínimo que a empresa precisará para
desenvolver as suas atividades, atingindo seus objetivos. Ele é definido com base
no levantamento das necessidades realizado na etapa anterior.

Para tanto, cada um dos pacotes deve ser subdivido em variáveis base zero
(VBZ), normalmente utilizando como referência o plano de contas contábil. Por
fim, as diversas variáveis (VBZ) devem ser agrupadas em núcleos base zero
(NBZ) para facilitar tanto o processo de planejamento quanto de controle.

4.1.4 Classificação das despesas fixas


de cada departamento
A classificação das despesas fixas é feita através do posicionamento
hierárquico dos pacotes, de acordo com a importância em relação aos objetivos
estratégicos da empresa. Nesta classificação, todos os pacotes que não
justifiquem o investimento, ou que ultrapassem o gasto esperado, devem ser
eliminados (JERONIMO, 2017).

77
Tópicos especiais em gestão financeira

Nesta etapa o gestor responsável pelo pacote de cada departamento deve


expor as necessidades levantadas no mesmo e argumentar com o objetivo de
convencer os demais gestores da importância do mesmo para a empresa. Desta
forma, os gastos desnecessários ou que já perderam sentido durante a evolução
da empresa são identificados (JERONIMO, 2017).

Logo, ao gestor cabe a “defesa” dos gastos que julga essenciais para que a
empresa atinja seus objetivos. Assim, é definido o orçamento para cada setor.

Posteriormente será realizada a etapa de aplicação dos recursos, nesse


momento o gestor do orçamento deverá autorizar o gasto do valor na compra de
produtos e serviços que servirão de base para garantir a execução do objetivo.

4.1.5 Acompanhamento do orçamento


Por fim, temos o acompanhamento do orçamento, essa etapa é considerada
gerencial, pois o profissional irá realizar uma espécie de auditoria, relatando todos
os pontos que foram realizados, e produzindo relatórios de desempenho.

Para auxiliar esse acompanhamento é necessária a criação de agendas,


que vão abordar assuntos como, de acordo com Lunkes (2011), a atualização
dos dados do mês, já realizada as devidas correções de ajustes; a comparação
entre os meses anteriores; as estratégias para situações em que os valores dos
gastos superarem os esperados; as planilhas contendo o que planejou com o que
foi realizado, e pôr fim a provisão das despesas que serão necessárias para a
conclusão do período.

Ao concluir todas as etapas da execução do orçamento é necessário avaliar


o modo como as metas estão sendo realizadas, essa análise deve ocorrer
mensalmente, ou até trimestralmente, não devendo ser acumulada para o final do
ano, pois nesse momento algumas ações podem não ter mais a possibilidade de
correção.

O orçamento base zero irá contribuir para o alcance dos objetivos da


empresa, representando um aumento da lucratividade, por isso, são necessários
os cumprimentos de todas as etapas.

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Capítulo 3 Orçamento Base Zero

5 Elaborando um Orçamento Base


Zero em uma Microempresa
Com o objetivo de realizarmos uma forma prática de um orçamento base
zero dentro de uma empresa, vamos analisar um exemplo hipotético dentro de
uma empresa pequena empresa de venda de produtos de limpeza e acompanhar
passo a passo a elaboração desse orçamento.

A empresa Comercialize LTDA atua no ramo de venda de materiais de


limpeza há apenas 1 ano, no entanto com o objetivo de reduzir os custos e as
despesas, buscou implantar orçamento base zero .

É importante lembrar que o grande diferencial do OBZ está no processo


de discussão e levantamento das necessidades da empresa, não observando
os dados históricos para tanto. Logo, a estrutura de apresentação não precisa
seguir um modelo rígido. Para este exemplo específico, vamos utilizar o modelo
apresentado a seguir.

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Tópicos especiais em gestão financeira

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Capítulo 3 Orçamento Base Zero

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Tópicos especiais em gestão financeira

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Capítulo 3 Orçamento Base Zero

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Tópicos especiais em gestão financeira

O primeiro passo foi selecionar e preparar a equipe que ficaria responsável


pela elaboração e implantação do orçamento. Os colaboradores envolvidos
receberam treinamento sobre OBZ e também atualização sobre o planejamento
estratégico da empresa.

Em seguida, foram definidos os PBZ e VBZ, de acordo com as necessidades


da organização:

PBZ VBZ
DESPESAS C/ PESSOAL (-) FGTS
INSS
IRPF - Funcionários
DP/ Salários e Ordenados
DP/ Despesas Vale Alimentação
DP/ Despesas Medicina do Trabalho
DP/ Reserva para 13º Salários/Férias/
Rescisões
DP/ Outras Despesas c/ Pessoal
DP/ Bonificações
DP/  Eventos e Confraternizacoes
DESPESAS C/ VEICULOS (-) DV/ Despesas Lavacao Veiculos
DV/ Despesas Oficina Veiculos
DV/ Despesas Seguro dos Veiculos
DV/ Despesas Combustivel
DV/ Despesas IPVA/ Licenciamento
DV/ Outras Despesas c/ Veiculos

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Capítulo 3 Orçamento Base Zero

PBZ VBZ
DESPESAS DA/ Despesas Telefone
ADMINISTRATIVAS (-) DA/ Despesas Energia Eletrica
DA/ Despesas Aluguel Sala
DA/ Material Expediente
DA/ Despesas Vigilancia
DA/ Despesas Seguro da Sala Comercial
DA/ Despesas Agua
DA/ Despesas c/ Material de Limpeza
DA/ Despesas com o SITE
DA/ Despesas com Viagens/Estadia/Aliment.
DA/ Consertos e Manutenções Gerais
DESPESAS C/ DPS/ Servicos Contabeis
PRESTADORES DE DPS/ Despesas Correios
SERVICOS (-)
DPS/ Despesas Cartorios e Fotocopias
DPS/ Despesas Manutencao NFE
DPS/ Despesa com Hospedagem Nuvem
DESPESAS FINANCEIRAS DF/ Despesas Tarifa Cobranca Bancaria
(-) DF/ Despesas Tarifa Pagto Salario
DF/ Despesas Tarifas de Pacotes de Sevicos
DF/ Despesas Tarifas TED/DOC
DESPESAS COMERCIAIS (-) DC/ Despesas Comissoes Sobre Vendas
DC/ Despesas com Brindes/Doacoes
Diversas
DC/ Marketing
DC/ Public. e Propaganda - Mídias Digitais
DC/ Serviços Pontuais de Terceiros
DC/ Associações Industriais e Comerciais
DC/ Viagens e Estadias Comerciais
DESPESAS GERAIS (-) DESPESAS GERAIS (-)

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Tópicos especiais em gestão financeira

PBZ VBZ
DESPESAS FISCAIS E Simples Nacional
TRIBUTARIAS (-)
IPTU
Taxas Municipais
Taxa de Vistoria Preventiva
Alvara - ISS Fixo
ISS
DESPESAS SOCIETARIAS DESPESAS SOCIETARIAS (-)
(-)
SAIDAS P/ INVESTIMENTOS (-) Despesas com Terrenos
OUTRAS SAIDAS OUTRAS SAIDAS
RECEITAS (+) RECEITAS (+)
RECEITAS OPERACIONAIS (+) Receita Venda
OUTRAS RECEITAS NAO Outras Receitas Não operacionais
OPERACIONAIS (+)

Na sequência foi realizada a distribuição de responsabilidade de cada PBZ


e VBZ entre os colaboradores (gestores de departamentos). O passo seguinte foi
analisar todas as VBZs e definir o limiar de cada uma delas.

Por fim, deu-se a reunião de toda a equipe envolvida no OBZ para avaliação
dos pacotes de decisão, debatendo sobre quais são os essenciais para que a
empresa atinja seus objetivos estratégicos, levando em consideração o menor
custo e ao mesmo tempo, os recursos necessários para que o andamento e
crescimento da atividade da empresa não seja prejudicada.

O OBZ final da empresa é apresentado a seguir.

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Capítulo 3 Orçamento Base Zero

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Tópicos especiais em gestão financeira

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Capítulo 3 Orçamento Base Zero

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Tópicos especiais em gestão financeira

Esse processo orçamentário proporciona, para micro e pequenas empresas


a reavaliação dos gastos. Como não há um valor histórico, obriga os gestores do
orçamento a pensar em cada alocação de recursos e, muitas vezes, conseguir
reduzir significativamente o custo de operação da companhia. No caso do
exemplo acima, é importante salientar, que devido ao porte da empresa, algumas
atividades são desenvolvidas pelos próprios colaboradores, reduzindo o custo de
algumas VBZ.

Algumas despesas podem ser reduzidas ou eliminadas, fruto de renegociação


com instituições financeiras ou mudança nos processos internos da companhia.

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