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INVESTIMENTO E
FONTES DE
FINANCIAMENTO
Fabiane Padilha
Payback: fluxo de caixa
para análise de projetos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A busca por recursos assume um papel central em empresas que almejam
a expansão. Entretanto, há empresas que possuem recursos disponíveis e,
nesse caso, o desafio é encontrar projetos de investimentos condizentes
às pretensões da instituição. É tarefa do executivo financeiro manter
esse equilíbrio entre a estrutura de recursos da empresa e os objetivos
pretendidos, diante de diferentes cenários.
É nesse enfoque que riscos são assumidos, pois as expectativas de
ganhos estão sempre presentes. Os objetivos das organizações devem
estar em consonância com sua capacidade de cumprir com obrigações
e, com isso, atingir aqueles objetivos anteriormente almejados. Da mesma
forma, comparar benefícios econômicos requer conhecimento de meto-
dologias que possibilitem a análise e permitam um resultado alcançado
o mais próximo possível de um resultado projetado.
As técnicas de análise de investimentos são variadas e mostram-se
essenciais na tomada de decisão. Os investimentos, por possuírem riscos
atrelados a eles, devem permitir uma projeção mínima de retorno, com o
intuito de verificar se satisfazem ou não às expectativas dos investidores.
Assim, neste capítulo, objetiva-se o estudo do fluxo de caixa proje-
tado por meio do payback, descrevendo as características do payback e
demonstrando seu cálculo e sua aplicação.
2 Payback: fluxo de caixa para análise de projetos
Fluxo de caixa
O fluxo de caixa é uma ferramenta fundamental para avaliação de qualquer
projeto de investimento. Por meio da análise de fluxos de caixa atuais e pro-
jetados, o investidor terá um norteador do estado financeiro do projeto ao
longo do tempo, além de compreensão sobre as condições financeiras que
nele se apresentam.
Segundo Ferreira (2005, p. 50), “o fluxo de caixa visa demonstrar o acrés-
cimo financeiro de uma companhia em um determinado período”. Com base
nessa afirmação, é possível deduzir que o fluxo de caixa é uma ferramenta
que objetiva quantificar o ganho de capital de uma empresa, o que o torna
fundamental para uma boa análise de investimentos que tenha como lastro a
capacidade de geração de capital da organização.
Gitman (2010) explica que o fluxo de caixa pode ser dividido em fluxo
operacional (que está intrinsecamente ligado à operação da organização),
fluxo de investimento (que representa a compra e a venda de ativos por parte
da organização) e fluxo de financiamento (que se origina das transações
financeiras da organização). Essa afirmação nos permite entender que, por
meio da análise do fluxo de caixa de um projeto de investimento, tem-se uma
visão sistêmica, que facilitará a tomada de decisão sobre investir ou não em
um determinado projeto.
Para quantificar a capacidade de geração de valor de um ativo, é necessário
elaborar um fluxo de caixa, com a finalidade de traçar um mapa sobre todas as
entradas e saídas de capital do período proporcionadas pelo ativo em questão. Como
esclarece Gitman (2010, p. 262) “o valor de qualquer ativo depende do(s) fluxo(s)
de caixa que se espera que o ativo gere durante o período em que for mantido”.
Lemes Júnior, Cherobim e Rigo (2010, p. 171) apontam que “os fluxos
de caixa devem ser mensurados em termos incrementais, ou seja, os valores
relevantes para a avaliação se originam em consequência da decisão de in-
vestimento e estão perfeitamente associados ao dispêndio de capital”. Assim,
vão aparecer no fluxo de caixa somente os valores que provoquem mudanças
que podem ser dimensionadas com base no investimento.
O fluxo de caixa pode ser demonstrado de forma simplificado, por meio
de um diagrama, ou de forma mais sofisticada, por meio de uma tabela.
O fluxo de caixa, de forma simplificada, mostra o processo de entradas e
saídas de recursos. Na Figura 1, apresenta-se um diagrama representativo
do fluxo de caixa de um projeto, no qual é realizado um investimento de R$
500,00 (PV) com a finalidade de resgatar, após um determinado período (n),
um valor futuro (FV) sob uma taxa (i) de 4,7% ao ano.
Payback: fluxo de caixa para análise de projetos 3
i = 4,7% a.a
FV
0 n
PV = (R$ 500,00)
Figura 1. Visualização do fluxo de caixa.
Fonte: Adaptada de Souza e Clemente (2008).
Imobilizado
2 — Gastos operacionais
Pessoal
Encargos Sociais
Água/luz/manutenção
Características do payback
Quando um investimento é feito, os riscos são uma constante. Gitman (2010)
afirma que um dos riscos que a empresa pode apresentar é o risco operacional,
que ocorre quando ela não consegue arcar com seus custos operacionais.
Essa situação, na qual não há a cobertura dos custos de funcionamento, é
revelada à medida que o tempo transcorre, pois a expectativa do investimento
inicialmente positiva, na rotina das organizações, passa a se apresentar de
forma negativa. Infelizmente, uma das saídas, quando a empresa não tem
uma reserva, é captar reservas de terceiros ou mesmo do proprietário ou, em
última instância, fechar as portas.
O payback é um método utilizado para mensurar períodos de retorno do
investimento. Segundo Gitman (2010, p. 366), “o período de payback é o
tempo necessário para que a empresa recupere o investimento inicial em um
projeto, calculado a partir das entradas de caixa”.
Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010) afirmam que o payback é um dos
métodos mais utilizados nas decisões de investimento de longo prazo, princi-
palmente, como uma medida de risco. Ao estabelecer o período máximo para
o retorno do projeto, procura-se reduzir o risco e valorizar a liquidez. Dessa
forma, as alternativas de longo prazo são analisadas de forma mais criteriosa,
pois o investimento se torna mais crítico e vulnerável ao risco à medida que
ele avança no tempo.
Quadro 2. Fluxo de caixa projetado
Entradas Dez. 2017 Jan. 2018 Fev. 2018 Mar. 2018 Abr. 2018 Maio 2018 Jun. 2018
Total das entradas 30.000,00 2.652,00 3.978,00 5.304,00 7.987,00 9.313,00 11.130,00
(Continua)
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(Continuação)
Entradas Dez. 2017 Jan. 2018 Fev. 2018 Mar. 2018 Abr. 2018 Maio 2018 Jun. 2018
Saldo de caixa sem o payback 14.370,00 7.606,75 1.660,45 1.913,96 3.332,49 6.488,46
Payback simples
No payback simples, é necessário se ter o valor inicial do investimento e o
valor dos retornos periódicos proporcionados por esse investimento a fim de
se encontrar o prazo de retorno. Lembrando que, nesse método, não se inclui
o valor do dinheiro no tempo.
Por exemplo, uma determinada máquina será comprada por R$ 500,00 e terá retornos
mensais de R$ 100,00. Pergunta-se: qual é o payback desse investimento?
Para encontrar o payback, faz-se a divisão:
0 (500,00) (500)
1 100,00 (400)
2 100,00 (300)
3 100,00 (200)
4 100,00 (100)
5 100,00 0
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Payback descontado
O cálculo do payback descontado inclui, como medida corretiva, o valor do
dinheiro no tempo. Uma das vantagens desse método é permitir a inclusão
de fluxos de caixa de períodos mais distantes, já que atualiza valores futuros
para data presente com base em uma taxa mínima de atratividade (LEMES
JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010).
A taxa mínima de atratividade, também chamada de TMA, ou taxa de
mercado, é, como afirma Puccini (2011, p. 164), “o custo de capital da empresa
ou ainda o retorno médio obtido pela empresa em suas atividades”. Pode-se
compará-la à taxa SELIC para que haja um entendimento maior, pois o investi-
mento será implementado à medida que apresentar retorno maior que o mercado
(SELIC). Portanto, se a taxa SELIC, que é a taxa referência, for mais atraente, o
investidor poderá, por exemplo, deixar seu dinheiro em um banco rendendo juros,
pois o projeto de investimento em questão não lhe trará retorno mais atraente.
A título de exemplo, considere que uma determinada máquina será comprada por R$
500,00 e terá retornos mensais de R$ 100,00, utilizando como TMA 3%. Pergunta-se:
qual é o payback descontado desse investimento?
Para calcular o fluxo de caixa descontado, utiliza-se a mesma fórmula financeira
usada para encontrar o valor presente para cada fluxo.
FV
PV =
(1 + i)n
Pode-se observar, nesse exemplo, que, de acordo com o prazo de cinco anos, não
houve o retorno de todo o investimento. O retorno integral aparece no sexto período.
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Leituras recomendadas
LIZOTE, S. A. et al. Análise de Investimentos: um estudo aplicado em uma empresa do
ramo alimentício. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 11., 2014,
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