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CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO

CURSO: Administração DISCIPLINA: Orçamento, Estrutura e Custo de Capital

CONTEÚDISTA: Kátia de Almeida e Marcelo Alvaro

AULA 4 – Módulo 1

Analisando o Fluxo de Caixa - Parte 1

META DA AULA

Apresentar e discutir a utilização das principais técnicas de análise para avaliar se um


projeto é aceitável ou para classificar projetos, a partir do cálculo dos fluxos de caixa
relevantes, que foi desenvolvido na aula anterior. As técnicas de análise de viabilidade
econômico-financeira que serão apresentadas nessa aula são: Período de Payback,
Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).

OBJETIVOS

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
• Calcular, interpretar e avaliar o Período de Payback, o VPL e a TIR de projetos,
• Selecionar investimentos viáveis;
• Hierarquizar os projetos para priorizar suas escolhas em função do objetivo de
maximização da riqueza.
PRÉ-REQUISITOS
Para o entendimento dessa aula fluir melhor, você deverá rever os conceitos de
orçamento de capital e a construção dos fluxos de caixa relevantes, que foram discutidos
na aula 3. É necessário também, fazer uma revisão dos conceitos do valor do dinheiro no
tempo, que são apresentados na aula 1.

1. INTRODUÇÃO
Como vimos em nossa aula 3, o Orçamento de Capital é um termo genérico que se
refere à avaliação de projetos que geram benefícios por vários períodos de tempo. Os
fluxos de caixa relevantes, que vocês acompanharam o desenvolvimento na aula anterior,

1
devem ser analisados para a determinação da aceitabilidade ou ainda para classificação
de projetos, segundo o critério de viabilidade econômico-financeira.

As decisões quanto ao dispêndio de capital (também conhecidas como decisões de


investimento ou decisões de orçamento de capital), exigem uma comparação em termos
de custos e benefícios. Foi exatamente a necessidade de estabelecer instrumentos
confiáveis neste sentido, que levou a teoria de finanças ao seu grande desenvolvimento
ao longo dos últimos 50 anos. Este desenvolvimento se deu em resposta às difíceis
questões colocadas pelas decisões de investimentos: como devem ser analisadas
oportunidades de investimentos a longo prazo? Que investimentos devem ser feitos e
quais devem ser rejeitados?

Existem várias técnicas para se realizar tais análises. As abordagens preferidas integram
conceitos do valor do dinheiro no tempo, considerações de risco e retorno e conceitos de
avaliação, para selecionar dispêndios de capital que sejam coerentes com o objetivo da
empresa de maximizar a riqueza de seus proprietários.

A noção de que o dinheiro possui valor no tempo é um dos conceitos básicos de finanças.
Também é uma das principais complicações a serem elucidadas na análise de
investimento.

Se numa decisão entre alternativas de investimento todas as entradas e saídas de caixa


esperadas ocorressem ao mesmo momento e tivessem o mesmo grau de certeza, a
análise seria uma simples comparação entre seus fluxos. Porém, a realidade não é tão
simples assim. Normalmente, as saídas e entradas de caixa prováveis em dado projeto
ocorrem em momentos diferentes e não têm os mesmos níveis de certeza. Estas podem
envolver padrões bastante distintos de fluxos de caixa. Por conta disso, necessitamos de
técnicas que nos permitam levar em conta essas defasagens temporais entre saídas e
entradas de caixa, bem como permitam levar em consideração as diferenças nos níveis
de certeza.

A taxa de juros a ser utilizada nessas avaliações é denominada taxa mínima de retorno,
de atratividade. Por definição a taxa mínima de atratividade é o retorno mínimo que deve
ser ganho sobre um projeto para deixar inalterado o valor de mercado da empresa. Essa
taxa depende de uma série de fatores tais como: variações de conjuntura econômica,
limitação do capital, custo do capital, custo de oportunidade, risco do empreendimento,
dos impostos etc.

Existem vários métodos para a avaliação de projetos de investimento de capital. Iremos


aprender neste curso três métodos: Período de Payback, Valor Presente Liquido (VPL) e
Taxa Interna de Retorno (TIR). Neste capitulo, utilizaremos para o cálculo do Valor
Presente (VP), Valor Presente Liquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) a
Calculadora Financeira HP 12C, como é mostrado nos exemplos. Nos cálculos de VP e
VPL, é demonstrado também o cálculo através de planilhas financeiras de cálculo do fator
de valor presente (FJVP).

Utilizaremos os dados de fluxo de caixa mostrados na Tabela 1 dos Projetos A e B para


ilustrar cada método. Vamos supor que os projetos sejam igualmente arriscados e que
todos os fluxos de caixa ocorram no final de cada ano. Estes são pressupostos
comumente considerados neste tipo de análise.

2
2. PERÍODO DE PAYBACK

Este é um método simples e muito freqüentemente utilizado na análise de investimento,


em especial no caso de novos equipamentos. Esse faz a seguinte pergunta: em quanto
tempo os benefícios estimados para determinado investimento cobrirão o sacrifício inicial
exigido para a sua implantação? Em síntese, o período de payback é o período de tempo
exato necessário para a empresa recuperar o investimento inicial de um projeto, a partir
das entradas de caixa.

É calculado definindo-se exatamente o tempo que leva para se recuperar o investimento


inicial. No caso de uma anuidade (série uniforme de fundos), o período de payback pode
ser encontrado dividindo-se o investimento inicial pela entrada média de caixa anual. Para
uma série mista, as entradas de caixa anuais devem ser acumuladas até que o
investimento inicial seja recuperado.

TABELA 1 – DADOS DE DISPÊNDIO DE CAPITAL DA EMPRESA X

PROJETO A PROJETO B
FC FC
ANO FC FC
ACUMULADO ACUMULADO
0
(INVESTIMENTO R$ 36.000,00 R$ 36.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00
INICIAL)
1 R$ 12.000,00 R$ 24.000,00 R$ 8.000,00 R$ 32.000,00
2 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 R$ 20.000,00
3 R$ 12.000,00 R$ 0,00 R$ 12.000,00 R$ 8.000,00
4 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 R$ 14.000,00 R$ 6.000,00
5 R$ 12.000,00 R$ 24.000,00 R$ 18.000,00 R$ 24.000,00
PERÍODO DE
3 ANOS 3.571 ANOS
PAYBACK

Para o Projeto A, que é uma anuidade, o período de retorno do investimento, ou seja, o


Período de Payback, fica bem claro, como vocês podem observar. Esse período é de três
03 anos ($ 36.000 do investimento inicial dividido por $ 12.000 de entradas de caixa anu

Já que o projeto B que é uma série mista de entradas de caixa, o cálculo do período de
payback não é tão imediato.

Período de Payback = Anos antes da recuperação total + Custo não recuperado no início do ano
Fluxo de caixa durante o ano

Período de Payback = 3 + 8.000 = 3,571 anos


14.000

3
Esta fórmula admite que as entradas de caixa foram uniformes durante o ano. No projeto
B, após no fim do terceiro ano ainda falta recuperar $ 8.000, que será recuperado em
algum momento do 4º ano. Como o fluxo de caixa no período 3 é $14.000, levará uma
parte do período 4 para recuperar os $8.000 restantes.

Utilização do período payback como critério de decisão de investimento

Os projetos podem ser classificados em ordem crescente de período de payback - quanto


menor o período payback, melhor o projeto.

Se dois projetos são mutuamente excludentes, aquele com o menor período payback
deve ser escolhido.

Se o período de payback máximo aceitável pela Empresa X for de 3 anos, o projeto A


seria aceito e o projeto B seria rejeitado. Se o payback máximo fosse de 2,5 anos ambos
os projetos seriam rejeitados. Se os projetos tivessem de ser classificados, o projeto A
seria preferível ao projeto B, visto que ele tem um período de payback menor (3 anos
versus 3, 571 anos). Quanto menor o período de payback melhor.

O Quadro 1, abaixo, resume a regra para classificação de projetos com o uso do Período
de Payback:

QUADRO 1 – REGRA PARA O CLASSIFICAÇÃO DE PROJETOS ATRAVÉS DO


METODO DO PERÍODO DE PAYBACK
Regra do Payback – um projeto é aceitável quando o retorno do capital investido se dá num
tempo igual ou menor que aquele pré-determinado como padrão de comparação (referencial)
pela empresa.

Payback < padrão da empresa ⇒ aceita-se o projeto


Payback > padrão da empresa ⇒ rejeita-se o projeto

Agora que já conhecemos este método podemos pensar em suas vantagens e


desvantagens:

Vantagem no uso de período Payback


• Considera os fluxos de caixa ao invés de lucros contábeis.
• Pode ser visto como uma medida de risco, pois quanto mais tempo a empresa precisa
esperar para recuperar seus fundos investidos, maior a incerteza. Portanto, quanto
menor for o período de payback, menor será a exposição da empresa aos riscos.
• É um instrumento de análise muito útil para empresas que enfrentam crise de liquidez.
Ele indica a velocidade com a qual a empresa está gerando caixa, quanto menor o
tempo de retorno melhor.

Desvantagens

4
• É incapaz de especificar qual é o período apropriado, tendo em vista o objetivo da
maximização da riqueza do acionista, pois não se baseia em fluxos de caixa
descontados para verificar se eles adicionam valor à empresa.
• Deixa de considerar o fator tempo no valor do dinheiro. Ao medir a rapidez com que a
empresa recupera seu investimento inicial, ela leva em consideração apenas
implicitamente a época de ocorrência dos fluxos de caixa.
• Ignora o que ocorre com os fluxos de caixa, após a recuperação do investimentos
(após o período de payback).

QUADRO 2 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO PERÍODO DE


PAYBACK

Vantagens Desvantagens
Fácil de entender Ignora o VDT (Valor do dinheiro no
tempo)
Leva em conta a incerteza de fluxos Exige período limite arbitrário
de caixa mais distantes.
Favorece a liquidez Ignora fluxos de caixa pós payback.

Dificulta aprovação de projetos de


longo prazo.

Fonte: LEMES JUNIOR et al, 2005.

Algumas empresas utilizam uma variante do Payback comum, o Período de Payback


Descontado, que é semelhante ao Período de Payback comum, exceto que os fluxos de
caixa esperados são descontados pelo custo de capital do projeto. Assim, o Período de
Payback Descontado é definido como o número de anos necessários para recuperar o
investimento dos fluxos de caixa líquidos descontados. Logo, Período de Payback
Descontado é o período de tempo necessário para recuperar o investimento inicial,
considerando os fluxos de caixa descontados.

Este variante foi desenvolvida para corrigir uma das principais falhas do payback, que é
não considerar o valor do dinheiro no tempo. Nenhum dos dois, no entanto, considera o
que ocorre com os fluxos de caixa após o payback.

Prosseguindo com o nosso exemplo, a Empresa X, temos abaixo o Quadro 2 que tem o
Período de Payback :

5
TABELA 2 – PERÍODO DE PAYBACK DESCONTADO DA EMPRESA X

PROJETO A
FATOR DE VALOR FC FC
FC
ANO PRESENTE, FJVP[1] DESCONTADO DESCONTADO
(1)
(2) (1) X (2) = (3) ACUMULADO
0
R$ 36,000.00 R$ 36,000.00 R$ 36,000.00 R$ 36,000.00
(INVEST.
1 R$ 12,000.00 0.909 R$ 10,908.00 R$ 25,092.00
2 R$ 12,000.00 0.826 R$ 9,912.00 R$ 15,180.00
3 R$ 12,000.00 0.751 R$ 9,012.00 R$ 6,168.00
4 R$ 12,000.00 0.683 R$ 8,196.00 R$ 2,028.00
5 R$ 12,000.00 0.621 R$ 7,452.00 R$ 9,480.00
PERÍODO DE
3 ANOS
PAYBACK
PERÍODO DE
PAYBACK 3.753 ANOS
DESCONTADO
PROJETO B
FATOR DE VALOR FC FC
FC
ANO PRESENTE, FJVP[1] DESCONTADO DESCONTADO
(1)
(2) (1) X (2) = (3) ACUMULADO
0
R$ 40,000.00 R$ 40,000.00 R$ 40,000.00 R$ 40,000.00
(INVEST.
1 R$ 8,000.00 0.909 R$ 7,272.00 R$ 32,728.00
2 R$ 12,000.00 0.826 R$ 9,912.00 R$ 22,816.00
3 R$ 12,000.00 0.751 R$ 9,012.00 R$ 13,804.00
4 R$ 14,000.00 0.683 R$ 9,562.00 R$ 4,242.00
5 R$ 18,000.00 0.621 R$ 11,178.00 R$ 6,936.00
PERÍODO DE
3.571 ANOS
PAYBACK
PERÍODO DE
PAYBACK 4.612 ANOS
DESCONTADO

[1]
TABELA A-2 - Fatores de Juros do Valor Presente de $1 Descontado a k% para n Períodos:
FJVPk, n = 1
(1 + k)n

A Tabela 2 contém os fluxos de caixa líquidos descontados para os Projetos A e B,


pressupondo que ambos tenham uma TMA de 10% a.a. Para construir a coluna FC
DESCONTADO, cada entrada de caixa é dividida por (1+k)t = (1,10)t, em que t é o anos
em que ocorre o fluxo de caixa e kt o custo de capital do projeto. A fórmula do valor
presente das entradas de caixa é apresentada abaixo:
FCn
VP = (1 + k)
n n

6
onde:

VPn = Valor Presente do Fluxo de Caixa do ano n


FCn= Fluxo de Caixa no ano n
K = TMA (Taxa Mínima de Atratividade)

O valor presente das entradas de caixa podem ser calculados através da Tabela A-2 (as
tabelas se encontram na aula 1). A primeira coluna é o período e a primeira linha é a taxa
de juros. Quando cruza-se a taxa de juros com a linha do período desejado, encontra-se o
fator de juros a valor presente, que é um fator que ao ser multiplicado pelo valor da
entrada de caixa do período, traz ela a valor presente, ou seja, ela passa a ter o seu valor
ajustado para o tempo presente.

Outra forma de calcular o valor presente das entradas de caixa é através da calculadora
HP 12 C, vamos usar como exemplo a entrada de caixa do ano 5 do Projeto B:
$18.000
Entradas Limpar 5 10
CHS

f REG
Funções FV n i PV
CLEAR

Saídas $11.176,58

Após 4 anos, o Projeto A terá gerado $2.028,00 em entradas de caixa descontadas


acumuladas, que são o somatório das entradas de caixa subtraído do fluxo no ano 0, que
é o investimento inicial. Logo o retorno do capital investido se deu entre o 3º e o 4º ano.

Já o Projeto B terá geração de caixa apenas no ano 5, o que mostra que o retorno do
investimento inicial se dará entre o 4º e o 5º ano. Aplicando a fórmula do Payback, que é
a mesma para o Payback Descontado, temos:

Período de Payback = Anos antes da recuperação total + Custo não recuperado no início do ano
Fluxo de caixa descontado do ano

Período de Payback Projeto A = 3 + 6.168 = 3,753 anos


8.196

Período de Payback Projeto B = 4 + 4.242 = 4,3795 anos


11.178

Se empresa continuasse exigindo um período de retorno de 3 anos ambos os projetos


seriam rejeitados pelo método do payback descontado. Porém, como a regra de
classificação de projetos pelo método do payback descontado é a mesma do método do
payback simples, que vimos anteriormente, para os Projetos A e B, a classificação é igual,
sendo indiferente o método de payback utilizado, isto é, o Projeto A é preferido sobre o

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Projeto B. Entretanto, muitas vezes o payback comum e o payback descontado produzem
classificações conflitantes.

Observe que payback é um tipo de cálculo de “ponto de equilíbrio”, no sentido de que, se


os fluxos de caixa entrarem à taxa esperada até o ano de payback, então o projeto se
pagará.

Uma importante deficiência tanto do método de payback comum quanto do descontado é


que eles ignoram os fluxos de caixa que são pagos ou recebidos após o período de
payback. Como exemplo, considere dois projetos, S e L, cada um dos quais requer de
antemão uma saída de caixa de $ 5.000, portanto FC0 = -$ 5.000. Pressuponha que
ambos os projetos tenham uma TMA de 10% a.a. Espera-se que o Projeto S produza
entradas de caixa de $ 2.000 em cada um dos próximos 4 anos, enquanto o projeto S não
produzirá fluxos nos próximos 4 anos, mas gerará uma entrada de caixa de $ 1.500.000
daqui a 5 anos. o senso comum sugere que o Projeto S cria mais valor para os acionistas
da empresa, mas ainda assim o seu payback e o seu payback descontado o fazem
parecer pior do que o Projeto S. Conseqüentemente, ambos os métodos de payback têm
serias deficiências como critério de classificação.

Apesar dessas deficiências como critério de classificação, o método de payback


proporciona informações sobre quanto tempo os fundos ficarão retidos em um projeto.
Assim, quanto menor for o período de payback, como os outros fatores mantidos
constantes, maior será a liquidez do projeto. Além disso, como os fluxos de caixa
esperados no futuro distante são geralmente mais arriscados que os fluxos de caixa de
curto prazo, o payback, muitas vezes, é utilizado como indicador do risco do projeto. Ou
seja, antes de ser um critério para classificar propostas, pode ser utilizado como um
critério para descartar projetos.

O quadro 2 apresenta as vantagens e desvantagens do método do Período de Payback,


já considerando o artifício do desconto do fluxo de caixa.

QUADRO 2 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO PERÍODO DE


PAYBACK DESCONTADO

Vantagens Desvantagens

Fácil de entender Penaliza projetos de longo prazo.


Favorece a liquidez. Exige período limite arbitrário.
Considera o valor do dinheiro no tempo. Ignora fluxos de caixa pós payback
descontado.

Fonte: LEMES JUNIOR et al, 2005

Daqui por diante, quando falamos da técnica de Payback estaremos fazendo o cálculo
tendo como base o Período de Payback descontado.

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3 – MÉTODO DO VALOR PRESENTE LIQUIDO – VPL

Vamos agora apresentar e discutir nosso segundo método de análise das decisões de
investimento. O método do valor presente líquido, também conhecido pela terminologia
método do valor atual líquido, caracteriza-se essencialmente, pela transferência para o
instante presente de todas as variações de caixa esperadas, descontadas à taxa mínima
de atratividade. Em outras palavras, seria o transporte para a data zero de um diagrama
de fluxos de caixa, de todos os recebimentos e desembolsos esperados, descontados à
taxa de juros considerada. Ou seja, é obtida subtraindo-se o investimento inicial de um
projeto do valor presente das entradas futuras de caixa, descontadas a taxa mínima de
atratividade.

VPL = Valor presente das entradas futuras de Caixa - Investimento Inicial

n
FC t
VPL = ∑ VPL = ∑ (FC t × FVPk, t ) - FC 0
FC1 FC 2 FC n
VPL = + + ... + - FC 0 - FC 0
(1 + k) (1 + k) 2
(1 + k) n t =1 (1 + k) t

onde:
k = taxa mínima de atratividade
FC0 = Investimento inicial
FCt = entrada de caixa no período t
n = período sob análise

As saídas de caixa (gastos como o custo da compra de equipamentos ou da construção


de fabricas) são tratadas como fluxos de caixa negativos. Na avaliação de nossos
Projetos A e B, somente CF0 é negativo, mas para muitos projetos as saídas podem
ocorrer vários anos antes do início das operações e antes que os fluxos de caixa se
tornem positivos.

Com a TMA a 10% a.a., o VPL dos Projetos A e B, são calculados na Tabela 3 a seguir.
Os resultados mostram que o VPLPROJETO A = $ 9.480,00 e o VPLPROJETO B = $ 6.936,00

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TABELA 3 – CÁLCULO DO VPL DOS PROJETOS DA EMPRESA X

PROJETO A
FATOR DE VALOR FC
FC
ANO PRESENTE, FJVP[1] DESCONTADO
(1)
(2) (1) X (2) = (3)
0
R$ 36.000,00 - R$ 36.000,00
(INVEST. INICIAL)
1 R$ 12.000,00 0,909 R$ 10.908,00
2 R$ 12.000,00 0,826 R$ 9.912,00
3 R$ 12.000,00 0,751 R$ 9.012,00
4 R$ 12.000,00 0,683 R$ 8.196,00
5 R$ 12.000,00 0,621 R$ 7.452,00
VALOR PRESENTE DAS ENTRADAS DE CAIXA R$ 45.480,00
( - ) INVESTIMENTO INICIAL R$ 36.000,00
VALOR PRESENTE LIQUIDO (VPL) R$ 9.480,00

PROJETO B
FATOR DE VALOR FC
FC
ANO PRESENTE, FJVP[1] DESCONTADO
(1)
(2) (1) X (2) = (3)

0
R$ 40.000,00 - R$ 40.000,00
(INVEST. INICIAL)

1 R$ 8.000,00 0,909 R$ 7.272,00


2 R$ 12.000,00 0,826 R$ 9.912,00
3 R$ 12.000,00 0,751 R$ 9.012,00
4 R$ 14.000,00 0,683 R$ 9.562,00
5 R$ 18.000,00 0,621 R$ 11.178,00
VALOR PRESENTE DAS ENTRADAS DE CAIXA R$ 46.936,00
( - ) INVESTIMENTO INICIAL R$ 40.000,00
VALOR PRESENTE LIQUIDO (VPL) R$ 6.936,00

[1]
TABELA A-2 - Fatores de Juros do Valor Presente de $1 Descontado a k% para n Períodos:
1
FJVPk, n =
(1 + k) n

Cálculo do VPL utilizando a calculadora HP 12C (a tecla que corresponde ao VPL é: “f”
e “NPV”):

Projeto A: Anuidade
Entradas Limpar 36.000 12.000 5 10

f CLEAR
Funções CHS g CF0 g CFj g Nj i f NPV
REG

Saídas $9.480.00

10
Projeto B: fluxos de caixa desiguais:

Entradas Limpar 40.000 8.000 12.000 12.000 14.000 18.000 10

f CLEAR CHS g
Funções g CFj g CFj g CFj g CFj g CFj i f NPV
REG CF0

Saídas $6.936.00

O fundamento lógico do método do VPL é a objetividade. Um VPL de zero significa que os


fluxos de caixa do projeto são suficientes somente para pagar o capital investido e para
proporcionar uma taxa de retorno igual a requerida sobre aquele capital, ou seja, igual a
Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Se um projeto tiver VPL positivo, então ele estará
gerando mais caixa do que é necessário para remunerar o capital investido e esse
excesso de caixa cabe unicamente aos proprietários da empresa. Portanto, se uma
empresa puser em prática um projeto com um VPL positivo, a posição dos proprietários
em termos de riqueza será melhorada.

Se os projetos fossem independentes, ambos os projetos deveriam ser aceitos, visto que
o VPL foi maior que zero. Se os projetos fossem mutuamente excludentes, o Projeto A
seria preferível ao Projeto B, porque VPLPROJETO A > VPLPROJETO B. Veja abaixo um resumo
do critério de decisão pelo método do VPL.

Se VPL > 0 deve-se aceitar o projeto; Se VPLA > VPLB ⇒ A é preferível a B;


Se VPL = 0 indiferente realizar ou não o projeto; Se VPLA = VPLB ⇒ A é igual B;
Se VPL < 0 deve-se rejeitar o projeto. Se VPLA < VPLB ⇒ B é preferível a A.

Um ponto deve ser destacado neste momento. É que a taxa mínima de retorno (taxa
exigida no projeto) tem influência na avaliação da alternativa. Consideremos a equação
do VPL, supondo que k seja uma variável independente. Ou seja, vamos procurar
descrever o VPL como função de k, tendo os fluxos de caixa conhecidos e constantes.
Utilizando o Projeto B do nosso exemplo, o gráfico do valor presente líquido teria seguinte
comportamento:

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GRÁFICO 1 – RELAÇÃO ENTRE A TAXA DE DESCONTO E O VALOR PRESENTE
LÍQUIDO

30000,00

25000,00

20000,00
15000,00

10000,00
VPL

5000,00

0,00
5000,000,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00

10000,00

15000,00
TMA (% a.a.)

No Gráfico 1, se a taxa mínima de retorno fosse 10% o empreendimento seria


considerado viável, pois teria VPL > 0 (situação que ocorreu no exemplo). Caso a taxa
mínima de retorno fosse 30% o retorno seria considerado inviável, pois teria VPL < 0.
Para k entre 15% a.a. e 16% a.a. teríamos um ponto em que estaríamos teoricamente
indiferentes entre a aceitação ou rejeição do projeto, já que o VPL = 0 (ponto em que o
gráfico corta o eixo X).

Esta taxa será discutida no próximo item desta aula. Ela poder ser definida como a TMA
para a qual o valor atual líquido do fluxo de caixa é nulo (equivalência financeira entre
entradas e saídas de recursos).

Depois de tudo que vimos s obre o método do VPL, podemos resumir da seguinte
maneira suas principais vantagens e desvantagens:

QUADRO 4 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO METODO DO VP

Vantagens Desvantagens

Leva em consideração o valor do dinheiro no Depende da determinação do custo de capital.


tempo. (APT, CAPM)

Permite a comparação entre entradas e saídas. Conceito de difícil assimilação pelos empresários.

Dependem apenas dos fluxos de caixa e do


custo de capital.

Fonte: LEMES JUNIOR et al, 2005

12
4 – METODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO – TIR

Por último, vamos falar sobre o método da TIR. Este é um método de avaliação de
viabilidade econômico-financeira de projetos que utiliza a taxa de retorno sobre um
investimento, calculada encontrando-se a taxa de desconto que iguala o valor presente
das entradas de caixa futuras ao investimento inicial.

Em outras palavras, a TIR é a taxa de retorno (TMA) que iguala o fluxo de caixa das
saídas ao das entradas. Com a TIR procuramos determinar uma única taxa de retorno
para sintetizar os méritos de um projeto. Esse número não depende da taxa de juros
vigente no mercado de capitais. É por isso chamada de taxa interna de retorno. O número
calculado é interno ou intrínseco ao projeto, e não depende de qualquer outra coisa além
dos fluxos de caixa do projeto. Quanto maior a TIR, melhor será o projeto.

A TIR em outras palavras, é a taxa de desconto que torna o valor presente líquido de um
fluxo de caixa igual a zero, ou seja:

FC1 FC2 FC3 FCn


$0 = + + + ... + − FC ou
(1 + k) (1 + k) (1 + k)
2 3
(1 + k)n 0
FC1 FC2 FC3 FCn
+ + + ... + = FC ou
(1 + k) (1 + k) (1 + k)
2 3
(1 + k)n 0
n n
FC t FCt
$0 = ∑
t =1 (1 + TIR )
t
− FC0 ⇒ ∑ (1 + TIR )
t =1
t
= FC 0

onde:
k= TIR
FC0 = Investimento inicial
FCt = entrada de caixa no período t

Observe que a formula da TIR, é simplesmente a formula do VPL, resolvida para a taxa
de desconto específica que força o VPL a ser igual a zero. Assim, a mesma equação
básica é utilizada para ambos os métodos, porém no método do VPL a taxa de desconto,
k, é especificada e o VPL é encontrado, enquanto no método da TIR, o VPL é
especificado para ser igual a zero e a taxa de juros que força essa igualdade (TIR) é
calculada.

Apesar de ser fácil encontrar o VPL sem uma calculadora financeira, isso não é
verdadeiro para a TIR. Sem uma calculadora, você deve resolver a equação acima por
tentativa e erro – tente uma taxa de desconto e verifique se a equação resulta em zero, e
caso isso não aconteça, tente uma taxa diferente e continue até encontrar a taxa que
force a equação a ser igual a zero. A taxa de desconto que faz que a equação (e o VPL)
se iguale a zero é definida como TIR. Para um projeto realista com uma vida

13
relativamente longa, a abordagem da tentativa e erro é uma tarefa tediosa e consome
muito tempo. No apêndice voltaremos a discutir um pouco mais sobre o cálculo da TIR.

Voltando, então ao nosso exemplo, vamos agora calcular a TIR dos Projetos A e B da
Empresa X:

Cálculo da TIR com a calculadora HP12C (a tecla que corresponde a TIR é: “f” e
“IRR”):
Projeto A: Anuidade
Entradas Limpar 36.000 12.000 5 10

f CLEAR
Funções CHS g CF0 g CFj g Nj i f NPV f IRR
REG

Saídas 9.480.00 19,86%

Projeto B: fluxos de caixa desiguais:

Entradas Limpar 40.000 8.000 12.000 12.000 14.000 18.000 10

f CLEAR CHS g
Funções g CFj g CFj g CFj g CFj g CFj i f NPV f IRR
REG CF0

Saídas $6.936.00 15,81%

No Gráfico 1 foi definida a TIR do projeto B, que é o ponto em que o gráfico do VPL corta
o eixo da TMA (eixo X).

Por que a taxa de desconto que equaciona o investimento inicial de um projeto com o
valor presente de suas entradas é particularmente tão especial? A razão disso baseia-se
nesta lógica:
ƒ A TIR sobre um projeto é a sua taxa de retorno esperada.
ƒ Se a taxa interna de retorno exceder o custo dos fundos usados para finalizar o
projeto, um superávit permanecerá após o pagamento do capital investido e esse
excedente será provisionado para os proprietários (VPL > 0).
ƒ Portanto, executar um projeto cuja TIR excede o sua TMA aumenta a princípio a
riqueza dos proprietários.
No entanto, se a taxa interna de retorno for menor que a TMA, então, a execução do
projeto imporá um custo aos acionistas existentes. Essa é a característica do “ponto de
equilíbrio” que faz que a TIR seja útil na avaliação de projetos de capital. Isso porque ela
representa uma TMA em que nem sobra, nem falta caixa, ou seja, uma TMA que
representa exatamente o que o projeto está gerando de benefício.

Para tomar decisões com a TIR, temos que seguir a seguinte regra:

14
Um projeto de investimento é aceitável se sua TIR for igual ou superior a TMA do projeto
sob análise. Caso contrário, deve ser rejeitado.
TIR > k ⇒ aceita-se o projeto
TIR = k ⇒ indiferente
TIR < k ⇒ rejeita-se o projeto
A princípio, os métodos do VPL e da TIR sempre levarão às mesmas decisões de aceitar /
rejeitar para projetos independentes, pois, para que o VPL seja positivo, a TIR deve
exceder k (TMA do projeto). Entretanto, o VPL e a TIR podem levar a classificações
conflitantes para projetos mutuamente excludentes. Esse ponto será discutido com mais
detalhes na aula 5.

No nosso exemplo, como ambos os projetos têm TMA de 10% a.a., então a regra da taxa
interna de retorno indica que, se os projetos forem independentes, ambos devem ser
aceitos. Se eles forem mutuamente excludentes, a classificação do Projeto A é maior, e
este deverá ser aceito, portanto o Projeto B deverá ser rejeitado.

Por fim, nos cabe sumarizar as vantagens e desvantagens do uso da TIR:

QUADRO 5 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO METODO DA


TIR

Vantagens Desvantagens

Intimamente relacionada com o VPL, Pode apresentar respostas múltiplas,


geralmente conduzindo as mesmas se os fluxos de caixa não forem
decisões. convencionais.

Fácil de ser compreendida e Pode levar à decisão errada na


comunicada. comparação de investimentos
mutuamente excludentes.

5. COMPARAÇÃO ENTRE AS TECNICAS DO VPL E DA TIR

Em geral, os métodos do VPL e da TIR levam à mesma decisão de aceitação ou rejeição.


No Gráfico 2, encontramos uma representação gráfica da aplicação dos dois métodos ao
mesmo projeto de investimento.

Podemos observar a relação existente entre o valor presente líquido do projeto e a taxa
de desconto utilizada. Quando esta taxa é nula, o valor presente líquido consiste,
simplesmente, na diferença entre as entradas e saídas totais de caixa. Admitindo-se que
sejam equivalentes, e que as saídas sejam seguidas por entradas, o projeto terá VPL
máximo quando a taxa de desconto for igual a zero. Á medida em que a taxa aumentar, o
valor presente das entradas de caixa futuras decrescerá, relativamente ao das saídas. Na
interseção com o eixo X, o VPL do projeto é zero.

15
A taxa de desconto, nesse ponto, representa a taxa interna de retorno que iguala o valor
presente das entradas ao das saídas. Para taxas maiores, o VPL do projeto será
negativo. Se a taxa de retorno exigida for inferior à TIR, o projeto será aceito seja qual for
o método utilizado.

Suponhamos ser a taxa de 10 % a.a.. Como se verifica no Gráfico 2 o VPL dos projetos A
e B seriam positivos. Logo, aceitaríamos os projetos, de acordo com o método do VPL.
Do mesmo modo, os projetos também seriam aceitos, se tivéssemos usado o método da
TIR, pois esta é superior à taxa exigida (TMA). Para taxas exigidas superiores à taxa
interna de retorno, os projetos seriam rejeitado qualquer que fosse o método utilizado.
Portanto, verificamos que os métodos da TIR e do VPL podem fornecer respostas
idênticas, em relação à aceitação ou rejeição de um projeto de investimento.

Entretanto, não há nenhuma garantia que essas duas técnicas classificarão os projetos da
mesma forma. Existirão projetos em que as classificações de VPL e TIR serão
conflitantes, como veremos na aula 5.

Um gráfico que relaciona o VPL de um projeto à taxa de desconto utilizada para calcular
esse VPL é definido como o gráfico do perfil do valor presente líquido (ou gráfico do valor
presente líquido) do projeto; no Gráfico 2, são mostrados os gráficos dos projetos A e B.

Os projetos podem ser comparados graficamente, através da construção de perfis de


valor presente líquido, que representem o VPL para as várias taxas de desconto. Esses
perfis são úteis na avaliação e comparação de projetos, de forma gráfica.

GRÁFICO 2 – PERFIS DE VALOR PRESENTA PARA OS PROJETOS A E B DA


EMPRESA X

30000,00

25000,00

20000,00

15000,00

10000,00 TMA
VPL

Projeto A
5000,00
Projeto B
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00
5000,00

10000,00

15000,00
TMA (% a.a.)

16
Como já observamos anteriormente, a intercessão da reta dos Projetos A e B com o eixo
x (TMA), ou seja, o ponto onde o VPL dos projetos é igual a zero, nada mais é do que a
TIR dos projetos. Essa é a definição da TIR como vimos: a taxa onde o VPL se iguala a
zero.

CONCLUSÃO

As técnicas de análise de investimentos contribuem para o processo decisório, na medida


em que fornecem meios para comparação e avaliação de projetos, estabelecendo
critérios para avaliar as diversas alternativas de investimentos de capital. O
estabelecimento destes critérios possibilita a comparação entre as diversas alternativas,
de modo a auxiliar o decisor na escolha daquela que irá lhe trazer o maior benefício.

Abordamos três métodos de análise e avaliação do orçamento de capital neste capitulo.


Nessa abordagem, comparamos os métodos entre si para descartar suas forças e
fraquezas relativas. E, ao fazê-lo, provavelmente criamos a impressão de que empresas
“sofisticadas” deveriam empregar apenas um método no processo de decisão, o VPL.
Entretanto, virtualmente, todos as decisões sobre a elaboração do orçamento de capital
são analisados por computador, de forma que é fácil calcular e classificar todas as
medidas decisória: payback, VPL e TIR. Ao adotar a decisão de aceitação / rejeição, a
maioria das empresas grandes e sofisticadas, calcula e considera todas as medidas
decisórias, porque cada uma proporciona aos tomadores de decisão uma informação
relevante um tanto diferente das outras.

O payback mostra um indício do risco e da liquidez do projeto, já que um longo payback


significa que os valores investidos serão comprometidos por muitos anos, de forma que o
projeto é relativamente ilíquido e provavelmente bastante arriscado (suscetível a muitas
incertezas).

O VPL é importante porque fornece uma medida direta do beneficio monetário (à base do
valor presente) aos proprietários da empresa, de maneira que consideramos o VPL como
a melhor medida individual de ganho financeiro.

A TIR também mede o ganho finaneiro, mas aqui este é expresso como uma taxa de
retorno, que muitos tomadores de decisão, parecem preferir.

Em suma, diferentes métodos proporcionam diferentes tipos de informação aos


tomadores de decisão. Por isso, deveríamos considerar todos estes no processo de
tomada de decisão. Para qualquer decisão específica, mais peso poderia ser dado a um
método do que a outro, mas seria tolice ignorar a informação proporcionada por qualquer
um dos métodos.

EXERCICIOS RESOLVIDOS:
1 -Utilizando uma TMA de 14% a.a., calcule o valor presente líquido para cada um dos
projetos independentes listados no quadro seguinte e diga quais deles são aceitáveis ou
não.

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Projeto A Projeto B Projeto C Projeto D Projeto E
Investimento Inicial (II) 26.000 500.000 170.000 950.000 80.000
Ano (t) Entradas de caixa (FCt)
1 4.000 100.000 20.000 230.000 0
2 4.000 120.000 19.000 230.000 0
3 4.000 140.000 18.000 230.000 0
4 4.000 160.000 17.000 230.000 20.000
5 4.000 180.000 16.000 230.000 30.000
6 4.000 200.000 15.000 230.000 0
7 4.000 14.000 230.000 50.000
8 4.000 13.000 230.000 60.000
9 4.000 12.000 70.000
10 4.000 11.000
RESOLUÇÃO:
Projeto A
Entrada de caixa anual 4.000
(x) Fator da anuidade FJVPA 114%,10 anos 5.216
Valor presente das entradas de caixa 20,864
(-) Investimento Inicial 26000
Valor presente líquido (VPL) 5.136
1 -Extraído da FJVPA, para cinco anos, a 10%

O Projeto A não deve ser aceito pois possui VPL menor que zero
Projeto B
Entrada de caixa Fator de valor presente, FJVP2 Valor presente
Ano
(1) (2) (1) x (2) = (3)
1 100.000 0,877 87.700
2 120.000 0,769 92.280
3 140.000 0,675 94.500
4 160.000 0,592 94.720
5 180.000 0,519 93.420
6 200.000 0,456 91.200
Valor presente das entradas de caixa 553.820
(-) Investimento Inicial 500.000
Valor Presente líquido (VPL) 53.820
2 – Extraído da Tabela FJVP para cinco anos, a 10%

O Projeto B deve ser aceito pois possui VPL maior que zero

18
Projeto C
Entrada Fator de valor presente, Valor
Ano de caixa 2
FJVP presente
(1) (2) (1) x (2) = (3)
1 20.000 0,877 14,611
2 19.000 0,769 12,150
3 18.000 0,675 10,064
4 17.000 0,592 8,304
5 16.000 0,519 6,840
6 15.000 0,456 5,600
7 14.000 0,400 4,563
8 13.000 0,351 3,696
9 12.000 0,308 2,970
10 11.000 0,270 $86.338
Valor presente das entradas de caixa 170,000
(-) Investimento Inicial 83.662
Valor Presente líquido (VPL) 83.662
O Projeto C não deve ser aceito pois possui VPL menor que zero.

Projeto D
Entrada de caixa anual 230.000
1 4.639
(x) Fator da anuidade FJVPA 14%,08
Valor presente das entradas de caixa 1.066.970
(-) Investimento Inicial 950.000
Valor presente líquido (VPL) 116.970

O Projeto D deve ser aceito pois possui VPL maior que zero
Projeto E
Ano Entrada Fator de valor presente, Valor
de caixa 2
FJVP presente
(1) (2) (1) x (2) = (3)
1 0,000 0,877 0,000
2 0 0,769 0,000
3 0 0,675 0,000
4 20,000 0,592 11,840
5 30,000 0,519 15,570
6 0 0,456 0
7 50,000 0,400 20,000
8 60,000 0,351 21,060
9 70,000 0,308 21,560
Valor presente das entradas de caixa 90.030
(-) Investimento Inicial 80,000
Valor Presente líquido (VPL 10.030

19
O Projeto E deve ser aceito pois possui VPL maior que zero

2 – Uma empresa está considerando a substituição de uma de suas velhas máquinas de


perfurar. Três alternativas de substituição estão sendo estudadas. Os fluxos de caixa
relevantes associados a cada uma delas são apresentadas no quadro a seguir. A TMA
das máquinas é de 15% a.a.

Máquina Máquina Máquina


Investimento A B C
Inicial (II)
85.000 60.000 130.000
Ano (t) Entradas de caixa (FCt)
1 18.000 8.000 50.000
2 18.000 10.000 30.000
3 18.000 12.000 20.000
4 18.000 14.000 20.000
5 18.000 16.000 20.000
6 18.000 18.000 30.000
7 18.000 13.000 40.000
8 18.000 14.000 50.000

a) Calcule o Período de Payback descontado para cada máquina.


b) Calcule o Valor presente líquido (VPL) para cada máquina.
c) Utilizando o VPL, avalie a aceitabilidade de cada máquina.
d) Calcule a Taxa Interna de Retorno (TIR) para cada máquina.
e) Utilizando a TIR, avalie a aceitabilidade de cada máquina.
f) Faça a classificação das máquinas, da melhor para a pior alternativa, utilizando o
Período de Payback, Período de Payback descontado, VPL e TIR.

RESOLUÇÃO:
Máquina A
Entradas Valor Valor
FJVP15%
Ano caixa Presente Presente
1 2 1 X 2 = 3 acumulado
1 18.000 0,870 15.660 69.340
2 18.000 0,756 13.608 55.732
3 18.000 0,658 11.844 43.888
4 18.000 0,572 10.296 33.592
5 18.000 0,497 8.946 24.646
6 18.000 0,432 7.776 16.870
7 18.000 0,376 6.768 10.102
8 18.000 0,327 5.886 4.216
VP das entradas de caixa 80.784
(-) Investimento inicial 85.000
Valor presente líquido 4.216

20
Payback descontado = 0
Como o VPL é negativo, significa dizer que o projeto não terá o retorno do capital
investido.

Máquina B

Entradas Valor Valor


Ano de caixa FJVP15% Presente Presente
acumulado
1 2 1 X2 = 3
1 8.000 0,870 6.960 53.040
2 10.000 0,756 7.560 45.480
3 12.000 0,658 7.896 37.584
4 16.000 0,572 9.152 28.432
5 20.000 0,497 9.940 18.492
6 22.000 0,432 9.504 8.988
7 22.000 0,376 8.272 716
8 22.000 0,327 7.194 6.478
VP das entradas de caixa 66.478
(-) Investimento inicial 60.000
Valor presente líquido 6.478

Payback descontado = 7+ 716 = 7,1 anos


7194
Máquina C
Entradas FJVP15% Valor Valor
Ano caixa Presente Presente
1 2 1 X2 = 3 acumulado

1 50.000 0,870 43.500 86.500


2 30.000 0,756 22.680 63.820
3 20.000 0,658 13.160 50.660
4 20.000 0,572 11.440 39.220
5 20.000 0,497 9.940 29.280
6 30.000 0,432 12.960 16.320
7 40.000 0,376 15.040 1.280
8 50.000 0,327 16.350 15.070
VP das entradas de caixa 145.070
(-) Investimento inicial 130.000
Valor presente líquido 15.070

Payback Descontado: 7 + 1.280 = 7,0783 anos


16.350

21
Projeto A: Anuidade
Entradas Limpar $85.000 $18.000 8 15
f CLEAR
Funções CHS g CF0 g CFj g Nj I fNPV f IRR
REG
Saídas -$4.228,21 13,47%

Projeto B: fluxos de caixa desiguais:

Entradas Limpar 60.000 8.000 10.000 12.000 16.000 20.000 22.000 3 15


f CLEAR CHS g
Funções g CFj g CFj g CFj g CFj g CFj g CFj g Nj i fNPV fIRR
REG CF0

Saídas 6.478,00 17,63%

Projeto C: fluxos de caixa desiguais:


Entradas Lim par 130.000 50.000 30.000 20.000 3 30.000 40.000 50.000 15
f
CHS g
Funções CLEAR g CFj g CFj g CFj g Nj g CFj g CFj g CFj i f NPV f IRR
CF0
REG

Saídas 15.043,89 18,54%

A máquina que deve ser aceita é a Máquina C , porque tem o maior VPL e maior TIR.
Melhor alternativa: Máquina C
Pior alternativa: Máquina A

Classificação Payback
Máquina VPL TIR
VPL e TIR Descontado
1 C $15.044 18,54% 7,0783 anos
2 B $ 6.478 17,63% 7,1000 anos
3 A $-4.228 13,47% 0 anos

EXERCICIOS PROPOSTOS:

1. Uma empresa tem um período de payback máximo aceitável de cinco anos. A


empresa está considerando a compra de uma nova máquina e deve escolher uma
dentre duas alternativas. A primeira máquina exige um investimento inicial de $14.000
e gera entradas de caixa após imposto de renda, de $3.000 em cada um dos próximos
sete anos. A segunda máquina requer um investimento inicial de $21.000 e propicia
entradas de caixa anuais, após o imposto de renda, de $4.000 por um período de vinte
anos.
a. Calcule o período de payback descontado para cada máquina.
b. Comente sobre a aceitabilidade das máquinas, supondo que são projetos
independentes.

22
c. Qual das máquinas a empresa deveria aceitar? Por quê?
d. As máquinas deste problema ilustram alguma das críticas ao uso do payback?
Discuta.
2. Suponha que você tenha sido chamado para decidir se um novo produto de consumo
deveria ou não ser lançado. Com base nas projeções de vendas e custos, esperamos
que o fluxo de caixa durante os cinco anos de vida do projeto seja de $ 2.000 nos dois
primeiros anos, $4.000 nos dois anos seguintes e $ 5.000 no último ano. O custo para
iniciar a produção será cerca de $ 10.000. Utilizando uma TMA de 10% a.a. para
avaliar novos produtos, o que devemos fazer neste caso?

Resp: Deve lançar o produto, pois o VPL= $12.313

3. A Tecnologias Obsoletas está considerando a compra de um novo computador para


ajudar a lidar com seus estoques nos armazéns. O sistema custa $50.000, deve durar
4 anos, e deve reduzir o custo de gerenciar os estoques em $22.000 ao ano. O custo
de oportunidade do capital é de 10% a.a.. A Obsoletas deveria ir em frente?

Resp: Sim pois seu VPL = $19.740

4. Dados os seguintes fluxos de caixa de um projeto:


Ano Fluxo de Caixa
0 3.000
1 400
2 300
3 1.200

Qual é o VPL ma taxa mínima de atratividade de 0%? E se a taxa mínima de atratividade


for de 10%? E se for de 20%? E se for de 30%? Calcule também a TIR do Projeto.

5. Você é um analista financeiro de uma empresa. O diretor responsável pela elaboração


do orçamento de capital pediu-lhe que análise duas propostas de investimentos de
capital, os Projetos X e Y. Cada projeto tem uma necessidade de investimento de $
10.000 e TMA de 12% a.a. Os fluxos de caixa líquidos para o projeto são os
seguintes:
Fluxos de Caixa Líquidos Esperados
Ano Projeto X Projeto Y
0 10.000 10.000
1 6.500 3.500
2 3.000 3.500
3 3.000 3.500
4 1.000 3.500
a. Calcule o período de payback descontado, o valor presente liquido (VPL) e a taxa
interna de retorno (TIR) de cada projeto.
b. Que projeto ou projetos deveriam ser aceitos supondo que eles sejam
independentes?
c. Que projeto deveria ser aceito supondo que eles são mutuamente excludentes?

23
RESUMO

O Quadro 6, abaixo, resume os métodos de avaliação de investimentos apresentados


nesta aula, bem como suas respectivas restrições:

QUADRO 6 - RESUMO DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Método Sigla Observação Restrições


Período de tempo em Desconsidera o período
que o investimento restante do projeto.
Payback descontado PBD inicial retornará,
descontando-se o
custo de capital.
É o valor no presente É o mais correto para
dos valores a serem maximizar a riqueza do
obtidos no futuro, acionista, pois considera
Valor presente líquido VPL descontados à taxa o valor do dinheiro no
mínima de atratividade tempo, considerando a
do projeto sob análise. TMA.

É a taxa de desconto É menos consistente


que iguala os fluxos de com a maximização da
entrada e saída. Ou riqueza do acionista, pode
Taxa interna de retorno TIR
seja, a taxa que iguala aceitar projetos com
o valor presente taxas altas, mas pouco
líquido a zero. factíveis.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula você vai estudar as situações em que as classificações de projetos pelo
método do VPL e da TIR apresentam conflito, porque essas situações acontecem e como
solucionar esse problema. Estudará também uma técnica para avaliar projetos com vidas
desiguais, que se chama Valor Presente Liquido Anualizado (VPLA). E ainda, estudará
situações de decisão de investimento onde há racionamento de capital.

REFERÊNCIAS

Brigham, Eugene F.; Ehrhardt, Michael C. Administração Financeira - Teoria e Prática. 10ª
Edição. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.1044 páginas.

Gitman, Lawrence Jeffrey. Princípios de Administração Financeira. 10 Edição. São Paulo:


Pearson Education, 2004. 745 páginas.

24
Lemes Jr., Antonio Barbosa; Rigo, Claudio Miessa; Cherobim, Ana Paula Miessa.
Administração Financeira - Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras . 2ª Edição. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2005. 547 páginas.

Ross, Stephen A.; Westerfield, Randolph W.; Jaffe, Jeffrey F. Administração Financeira -
Corporate Finance. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 2002. 699 páginas.

Weston, J. Fred; Brigham, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. 10ª


Edição. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2000.1030 paginas.

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