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AVALIAÇÃO DE

INVESTIMENTO

Filipe Prado Macedo da Silva


Métodos de análise
de investimento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Conceituar os diferentes métodos de análise de investimentos.


 Calcular investimentos considerando as diferentes técnicas de análise
de viabilidade.
 Analisar a viabilidade de um investimento.

Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer diferentes métodos para realizar a análise
de investimentos em negócios. Existem diversas formas de verificar se um
investimento é viável ou não: o método contábil, o método dos prazos
de recuperação, o método dos valores e o método das taxas. Você vai ver
como calcular esses diferentes métodos e verificar de maneira pragmática
se determinado investimento é viável ou não.

1 Diferentes métodos de análise


Qualquer tipo de investimento exige uma análise criteriosa e cuidadosa de todas
as variáveis envolvidas no projeto. Em geral, investimentos são oportunidades
complexas, que envolvem estimativas/previsões futuras e, logo, compreendem
riscos contábeis e econômicos muitas vezes irrecuperáveis. É por isso que
quaisquer investidores e/ou analistas precisam ser detalhistas na análise de
investimentos.
Existem pelo menos quatro métodos para analisar um investimento: a
análise contábil, a partir de ferramentas da contabilidade; a análise dos prazos
de recuperação do capital investido; a análise de valores incrementais produ-
zidos pelo capital investido; e a análise de taxas de retorno ou rentabilidade
do capital investido.
2 Métodos de análise de investimento

Esses diferentes métodos de análise de investimentos não se excluem,


mas na prática se completam ao suscitar diferentes olhares sobre o mesmo
investimento. A seguir, você vai conhecer cada um desses métodos.

Análise contábil
Na análise contábil, destacam-se pelo menos três métodos de análise de inves-
timentos. Esses três métodos baseiam-se em dados contábeis, o que significa
que é primordial que a empresa tenha um sistema contábil confiável e exato.
Nesse sentido, os três métodos demonstram a situação financeira real da
empresa (IUDÍCIBUS, 2015).
Os três métodos contábeis resultam em uma resposta percentual (%).
São eles: o Retorno Adicional sobre o investimento (ROA), o retorno sobre o
patrimônio líquido (ROE) e o Retorno sobre o Investimento (ROI). A seguir,
veja como calcular cada um desses três métodos (GITMAN, 2017).

ROA

É considerado por alguns autores, como Souza e Clemente (2009), o melhor


indicador de rentabilidade da contabilidade, já que revela o resultado extra
decorrente do investimento realizado. A fórmula do ROA resulta da multipli-
cação do cálculo da margem e do cálculo do giro:

Nesse caso, o resultado significa o retorno adicional sobre o investimento.


Por exemplo, se o ROA for de 45%, a cada R$ 100,00 investidos em ativos, a
empresa lucra R$ 45,00.

ROE

O ROE revela o retorno que o investidor tem sobre o capital (ou patrimônio) que os
sócios investiram no negócio. Fundamentalmente, esse método mensura de forma
percentual o quanto o capital está sendo remunerado, demonstrando se está compen-
sando o risco do negócio. Para calcular por esse método, utilize a seguinte fórmula:
Métodos de análise de investimento 3

Nessa análise, o resultado significa a rentabilidade do Patrimônio Líquido


(PL). Por exemplo, se o ROE for de 10%, entende-se que, para cada R$ 100,00
investidos pelos sócios do negócio, eles tiveram uma remuneração de R$ 10,00.
Esse método permite estimar também o tempo do retorno do capital aplicado
no negócio (ou investido no negócio) (GITMAN, 2017; IUDÍCIBUS, 2015).

ROI

O ROI é a expressão mais simples da medida de retorno sobre o investimento.


Na fórmula, devem ser consideradas todas as receitas e despesas (ou gastos)
do processo produtivo. Assim, o ROI avalia qual é o retorno dos recursos
investidos (passivo financeiro e capital próprio) a partir do lucro operacional
(ou seja, apenas da atividade produtiva da empresa). Veja:

Se o resultado do método ROI for, por exemplo, de 30%, entende-se que, para
cada R$ 100,00 investidos na empresa, acontece uma geração de valor (prove-
niente das atividades produtivas) de R$ 30,00 (GITMAN, 2017; LIMA, 2017).

Análise dos prazos de recuperação


A análise dos prazos de recuperação é a técnica mais simples de avaliação de
investimentos (BRUNI; FAMÁ, 2007). Essencialmente, consiste na obtenção
do prazo de recuperação do capital investido em certo negócio. Portanto,
o tempo necessário para a recuperação do investimento é mensurado pelo
pagamento de volta, daí o termo inglês payback.
As estimativas via método payback podem ser feitas de duas formas di-
ferentes: o payback simples, em que não há o cálculo do custo de capital; e o
payback descontado, quando o custo de capital é considerado. A seguir, veja
como calcular cada um desses dois métodos de prazos de recuperação.

Payback simples

É a forma mais simples, fácil e direta de realizar uma análise de investimento.


Esse método indica de maneira simples qual é o prazo estimado necessário para
se recuperar o investimento. Nesse caso, não se considera na análise o custo
do capital do investimento. Isso significa que a soma do saldo do investimento
4 Métodos de análise de investimento

pode ser feita com base nos valores nominais, sem qualquer tipo de correção.
Para obter o payback simples, basta verificar o tempo necessário para que o
saldo do investimento seja igual a zero. Em outras palavras, a soma dos fluxos
de caixa gerados deve zerar o investimento inicial efetivado no negócio.
No Quadro 1, a seguir, note a simplicidade dessa análise e a forma direta
do resultado. Após um investimento de R$ 600.000,00 no ano 0 e fluxos de
caixa (ou seja, resultados) de R$ 200.000,00 do ano 1 ao ano 3, note que o
saldo do investimento ficou zerado. Isso quer dizer que, na análise do payback
simples, esse investimento é recuperado no prazo de três anos.

Quadro 1. Exemplo de payback simples

Ano Fluxo de caixa (R$) Saldo do investimento (R$)

0 (600.000,00) (600.000,00)

1 200.000,00 (400.000,00)

2 200.000,00 (200.000,00)

3 200.000,00 –

Payback descontado

A lógica dessa análise é similar à do payback simples, com apenas uma dife-
rença: ela leva em consideração o custo de capital. Para isso, basta trazer os
fluxos de caixa a valor presente. Assim, é necessário descapitalizar um Valor
Futuro (VF), transformando-o em um Valor Presente (VP), ou seja, em um
valor presente ao do período em que o projeto está sendo elaborado (e em que
o investimento está sendo realizado). Para trazer um valor ao tempo presente,
basta usar a seguinte fórmula:

Na fórmula, VP é o valor presente a ser encontrado, VF é o valor futuro do


fluxo de caixa a ser calculado, i é a taxa (ou custo de capital) a ser considerada
e n é o número de períodos a serem descapitalizados.
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No Quadro 2, a seguir, observe que há a mesma simplicidade do payback


simples, com a diferença de que os fluxos de caixa devem ser trazidos para o ano 0.
Imagine que o custo (ou taxa) do capital é de 10% ao ano. Na coluna “Valor presente
do fluxo de caixa”, note os valores descapitalizados — usando o custo de 10% ao
ano. Repare que são os mesmos números do exemplo do payback simples, contudo
veja como os resultados são diferentes ao considerar que o dinheiro muda o seu
valor ao longo do tempo (esse é o significado do custo de capital) (GITMAN, 2017).
No payback descontado, após um investimento de R$ 600.000,00 no ano
0 e fluxos de caixa de R$ 200.000,00 do ano 1 ao ano 4, note que o saldo
do investimento ficou positivo. Isso revela que o investimento é recuperado
entre o ano 3 e o ano 4. Resumindo, levou-se mais tempo para recuperar o
investimento do que pelo método do payback simples.

Quadro 2. Exemplo de payback descontado

Fluxo de Valor presente do Saldo do investimento


Ano
caixa (R$) fluxo de caixa (R$) a valor presente (R$)

0 (600.000,00) (600.000,00) (600.000,00)

1 200.000,00 181.818,00 (418.182,00)

2 200.000,00 165.289,00 (252.893,00)

3 200.000,00 150.263,00 (102.630,00)

4 200.000,00 136.602,69 33.972,69

Análise de valores
A análise de valores é um dos métodos mais utilizados para a avaliação de
investimentos (BRUNI; FAMÁ, 2007). Na prática, ela envolve a análise dos
valores incrementais gerados pelos fluxos de caixa projetados, considerando o
custo de oportunidade dos recursos investidos no negócio (GITMAN, 2017).
O Valor Presente Líquido (VPL) é um dos métodos mais conhecidos na
avaliação de investimentos. Ele é a análise em que os recebimentos futuros são
trazidos e somados na data inicial (ou data zero) e subtraídos do investimento
inicial realizado — transformando-se em um VPL do investimento inicial.
6 Métodos de análise de investimento

Quando o valor do VPL é maior do que zero, isso significa que a soma na
data presente de todos os fluxos de caixa é maior do que o valor investido no
negócio. Matematicamente, o VPL pode ser calculado pela fórmula a seguir,
sendo que FC é o fluxo de caixa, j é o período analisado, n é o número de
períodos analisados, i é o custo do capital (taxa) e I é o investimento inicial
(BRUNI; FAMÁ, 2007).

O índice de lucratividade é outro método de avaliação de investimentos;


ele reduz alguns problemas do método do VPL (GITMAN, 2007). Enquanto o
VPL subtrai o investimento inicial dos fluxos de caixa futuros trazidos a valor
presente, o índice de lucratividade divide um pelo outro. Isso permite uma
análise da escala do investimento. Por exemplo, o índice de lucratividade revela
quanto será o retorno por cada R$ 1,00 investido no projeto de investimento.
Nesse método, o ideal é que o índice de lucratividade seja maior do que
1, revelando que a soma na data presente de todos os fluxos de caixa gerados
pelo investimento é maior do que o valor investido. Assim, o índice de lucra-
tividade pode ser representado pela equação a seguir, sendo que FC é o fluxo
de caixa, j é o período analisado, n é o número de períodos analisados, i é o
custo do capital (taxa) e I é o investimento inicial (BRUNI; FAMÁ, 2007).

Análise de taxas
Outra forma de analisar a viabilidade de um investimento consiste no estudo
das taxas de retorno resultantes do capital investido no negócio (GITMAN,
2017). A análise das taxas de rentabilidade mais conhecida é a Taxa Interna
de Retorno (TIR), que muitas vezes é calculada em conjunto com o VPL.
A TIR representa o custo do capital que torna o VPL nulo, ou seja, que
remunera o valor investido no negócio. É importante destacar que, quanto maior
o custo de capital (ou seja, a taxa), menor a soma dos fluxos de caixa no período
zero (inicial). Assim, quando a TIR é superior ao custo de capital, o investimento
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é viável (GITMAN, 2017). Se a TIR for inferior ao custo de capital, significa


que não remunera o capital, sendo o investimento, nesse caso, inviável.
Matematicamente, para encontrar a TIR, seria preciso encontrar as raízes
de um polinômio de grau n. Ou poderia ser utilizado o procedimento empírico
de tentativa e erro, por sucessivas interpolações. Como esses procedimentos
matemáticos são muito complexos, o cálculo da TIR é frequentemente feito
por meio de calculadoras financeiras (por exemplo, na HP-12C) ou planilhas
eletrônicas (por exemplo, no Microsoft Excel) (BODIE; KANE; MARCUS, 2014).

2 Cálculo de investimentos
Investimentos são oportunidades (ou projetos) empresariais que envolvem
invariavelmente riscos. Os riscos precisam ser calculados, mensurados e ana-
lisados à luz dos resultados que essa nova oportunidade/projeto pode produzir
nos períodos seguintes. Portanto, é fundamental reconhecer que algumas
variáveis estão presentes nas diferentes técnicas de análise de viabilidade.
O primeiro item fundamental a ser analisado nos investimentos é o próprio
valor do investimento inicial (ou do desembolso que será utilizado para
estabelecer o ponto de partida do negócio). Esse é o capital necessário para
colocar a oportunidade ou o projeto empresarial para funcionar. Esse capital
é utilizado para construir ou reformar instalações, comprar máquinas ou
veículos, adquirir estoques, operacionalizar o primeiro ano do negócio (capital
de giro), etc. (BODIE; KANE; MARCUS, 2014).
Portanto, os investimentos envolvem desembolsos iniciais que precisam ser
adequadamente calculados. Quanto será necessário investir? Esse dinheiro será
próprio (dos sócios) ou de terceiros, como investidores, financiamentos ou emprés-
timos, além de outras opções do mercado? Essas perguntas oferecem ao investidor
um horizonte acerca de quais serão os seus principais objetivos no investimento.
O segundo item essencial de qualquer investimento e de qualquer técnica
de análise de viabilidade dos investimentos é o custo de capital (ou custo
de oportunidade do dinheiro). Lembre-se sempre de que o dinheiro muda o
seu valor no tempo — geralmente, ele se desvaloriza no tempo, o que quer
dizer que R$ 100,00 hoje não serão os mesmos R$ 100,00 daqui a três anos
(GITMAN, 2017). Assim, ao saber que o dinheiro perde valor no tempo, ele
precisa ser remunerado, ou seja, há um custo para usá-lo hoje.
Muitas vezes, é o custo do capital que determina se um projeto é viável ou
não. Por quê? Observe que grande parte dos investimentos é realizada com
capitais de terceiros (especialmente financiamento e/ou empréstimo bancário).
8 Métodos de análise de investimento

Dinheiro caro torna o projeto menos rentável. Dinheiro barato, por sua vez,
torna o projeto mais rentável. Nas instituições financeiras, o custo do capital
representa a taxa de juros cobrada dos investidores nas operações de crédito.
Esse item (custo de capital) deve ser tratado com o máximo de atenção e de
cuidado na análise dos investimentos (GITMAN, 2017).
O terceiro (e último) item indispensável para a análise de viabilidade de qualquer
investimento é o prazo de pagamento do projeto. É importante destacar que o
prazo do projeto geralmente é algo subjetivo aos interesses do investidor ou a um
padrão de mercado já consolidado. Por exemplo, qual é o prazo de retorno de um
investimento em um restaurante? Até quatro anos ou até oito anos? Esse tempo é
subjetivo e pode variar de acordo com os interesses do “dono do dinheiro”.
Se o investimento considerar o capital próprio, esse prazo pode ser mais flexível.
Se o investimento for com capitais de terceiros — financiamentos ou empréstimos
bancários —, dependerá dos prazos disponíveis no mercado financeiro (BODIE;
KANE; MARCUS, 2014). Existem investimentos que levam em conta três ou
quatro anos para o retorno do capital, enquanto outros podem considerar até 10 anos.

As diferentes técnicas de análise de viabilidade não são excludentes. Elas devem ser
utilizadas em conjunto para ancorar as decisões do investidor de maneira ampla. Isso
funciona para o mesmo investimento ou para investimentos diferentes. Ao comparar
projetos diferentes — por exemplo, um restaurante e um salão de beleza —, utilize
as múltiplas variáveis disponíveis e as diferentes técnicas de análise de investimentos.
Quanto mais informação houver, melhor será a decisão de investimento.

Exemplo comparativo das diferentes técnicas


Imagine que você e seu sócio têm R$ 100.000,00 para investir em um novo
projeto de negócio. Uma das ideias é abrir uma franquia de perfumes e pro-
dutos de beleza. Na verdade, o dinheiro para investir é um limite do Banco
X2 para novos empreendedores. A linha de crédito de R$ 100.000,00 é para
um prazo de até 60 meses (ou seja, cinco anos), com uma taxa de juros (ou
custo de capital) de 4% ao ano.
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Assim, considere o prazo de recuperação do capital de cinco anos. A proje-


ção é de que o negócio no centro da cidade gere um faturamento anual de R$
39.000,00 pelos próximos cinco anos. Esse será o fluxo de caixa projetado (do
período 1 ao 5) para a análise do investimento. Nesse projeto, 60% do capital
seria utilizado para a aquisição de patrimônio (considere esse percentual como
patrimônio líquido, de forma simplificada), e 40%, para a operação do negócio
(ou seja, capital de giro). Como a ideia é criar um comércio, é fundamental ter
uma parcela considerável dos ativos em capital não imobilizado, permitindo
gastos com estoques, marketing, etc.
Daí, surge a grande pergunta: será que esse projeto de investimento é viável?
O que os diferentes métodos de análise de investimentos podem indicar? A
seguir, veja como calcular e analisar detalhadamente esse exemplo.
Primeiro, considere os indicadores contábeis: o ROA, o ROE e o ROI. Uma
informação adicional é que, dos R$ 39.000,00 de fluxo de caixa anual, cerca
de R$ 4.000,00 são receitas não operacionais. Logo, considere o seguinte:

Os resultados significam para a análise o seguinte: no ROA, de cada R$


100,00 investidos em ativos, a empresa lucra R$ 39,00; já no ROE, para cada
R$ 100,00 investidos, a remuneração é de R$ 65,00 por ano; e no ROI, para
cada R$ 100,00 investidos na empresa, acontece uma geração de valor de R$
58,00. Lembre-se de que esse exemplo é bastante simplificado. Na realidade,
a busca pelos índices contábeis é mais complexa, exigindo, por exemplo, um
planejamento feito por um contador com conhecimentos em projetos de novos
negócios e em investimentos.
No payback simples (Quadro 3), o investimento inicial é projetado em R$
100.000,00, e os fluxos de caixa de R$ 39.000,00 são projetados por cinco anos.
Observe que, entre o segundo e o terceiro anos, o projeto de investimento, por
essa metodologia, já está pago, resultando em retornos positivos para os sócios
do negócio. Ao final do quinto ano, além de recuperar o capital investido, os
sócios embolsam resultados no valor de R$ 95.000,00.
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Quadro 3. Payback simples do projeto de franquia

Ano Fluxo de caixa (R$) Saldo do investimento (R$)

0 (100.000,00) (100.000,00)

1 39.000,00 (61.000,00)

2 39.000,00 (22.000,00)

3 39.000,00 17.000,00

4 39.000,00 56.000,00

5 39.000,00 95.000,00

No payback descontado, lembre-se de trazer para o presente os fluxos


de caixa projetados para o futuro (ou seja, para os cinco anos de projeto). A
partir da taxa do custo de capital de 4% ao ano, você tem os seguintes valores
presentes para os fluxos de caixa:

No payback descontado (Quadro 4), o projeto também já está pago entre


o segundo e o terceiro anos. O valor é menor do que o do payback simples
porque é preciso considerar os custos do capital. Como o custo do capital é
baixo nesse exemplo (4% ao ano), o projeto tornou-se rentável mesmo com o
pagamento dos custos de capital ao banco que emprestou os recursos para a
viabilização do projeto de negócio.
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Quadro 4. Payback descontado do projeto de franquia

Fluxo de Valor presente do Saldo do investimento


Ano
caixa (R$) fluxo de caixa (R$) a valor presente (R$)

0 (100.000,00) (100.000,00) (100.000,00)

1 39.000,00 37.500,00 (62.500,00)

2 39.000,00 36.057,00 (26.443,00)

3 39.000,00 34.670,00 8.227,00

4 39.000,00 33.337,00 41.564,00

5 39.000,00 32.055,00 73.619,00

O próximo método é o VPL. Para esse método, utiliza-se uma planilha


eletrônica (como o Microsoft Excel). O resultado é similar ao do payback
descontado. Ao longo de cinco anos, o projeto de negócio paga o investimento
inicial e gera um retorno adicional de R$ 73.621,07 (Quadro 5).

Quadro 5. VPL em planilhas eletrônicas

Ano Fluxo de caixa (R$) Função

0 –100.000,00

1 39.000,00

2 39.000,00

3 39.000,00

4 39.000,00

5 39.000,00

73.621,07 VPL (4%; B3:B7)+B2


12 Métodos de análise de investimento

No método TIR, é possível verificar qual é a rentabilidade interna do


projeto. Enquanto o custo do capital é de 4% ao ano, o retorno do projeto de
negócio é de 27% (Quadro 6). Ou seja, o negócio paga o custo do capital e
ainda remunera muito bem os sócios do negócio. Assim como o VPL, o método
TIR é mais bem calculado a partir de uma planilha eletrônica.

Quadro 6. TIR em planilhas eletrônicas

Ano Fluxo de caixa (R$) Função

0 –100.000,00

1 39.000,00

2 39.000,00

3 39.000,00

4 39.000,00

5 39.000,00

TIR 27% TIR (B2:B7)

Agora, a análise final compara os resultados das diferentes técnicas


de viabilidade. No Quadro 7, a seguir, veja todos os resultados anterior-
mente calculados, separados por tipo de análise. São esses resultados
em conjunto que dão uma boa base de decisão para o investidor. Eles
fornecem as respostas às perguntas feitas anteriormente: será que esse
projeto de investimento é viável? O que os diferentes métodos de análise
de investimentos indicam?
Métodos de análise de investimento 13

Quadro 7. Comparação das diferentes técnicas de viabilidade de investimentos

Tipo de análise Método Resultado Análise

ROA 39% Quanto maior, melhor

Análise contábil ROE 65% Quanto maior, melhor

ROI 58% Quanto maior, melhor

Payback 2 a 3 anos pagam o Quanto menor, melhor


Análise dos prazos simples investimento
de recuperação Payback 2 a 3 anos pagam o Quanto menor, melhor
descontado investimento

Análise dos valores VPL 73.621,07 Quanto maior, melhor

Análise das taxas TIR 27% Quanto maior, melhor

3 A viabilidade do investimento
Um investimento é viável quando um ou mais indicadores revelam que o
projeto resultará não somente na recuperação do capital investido, mas tam-
bém na obtenção de resultado adicional para os acionistas (BODIE; KANE;
MARCUS, 2014; GITMAN, 2017).
Sempre se lembre de que o objetivo inicial de qualquer projeto é recuperar
o capital investido no prazo estipulado pelos sócios. Em seguida, a ideia é
que o projeto forneça mais rentabilidade ao negócio via ativos totais ou via
patrimônio líquido. Em suma, seja economicamente ou contabilmente, qualquer
investidor quer ver seu capital rendendo cada vez mais. Para isso, é preciso
analisar adequadamente se o projeto é ou não viável segundo os parâmetros
contábeis e econômicos escolhidos pelos investidores.
As diferentes técnicas de análise de viabilidade — ROA, ROE, ROI, pay-
back simples e descontado, VPL e TIR — servem de auxílio para a decisão
de investir ou não. Como assim? Qualquer decisão de investir é de fato algo
14 Métodos de análise de investimento

subjetivo ao interesse do investidor. É ele quem decide subjetivamente se vai


ou não arriscar seu capital em um novo projeto — sejam os indicadores de
viabilidade favoráveis ou não.
Além da própria viabilidade de determinado negócio (por exemplo, in-
vestimento A), qualquer investidor analisa ainda a viabilidade de dois ou
mais negócios (por exemplo, investimento A versus investimento B). Em
outras palavras, a viabilidade é vista de forma absoluta e de forma relativa/
comparativa. Portanto, isso faz com que a decisão de investir seja ainda mais
subjetiva (GITMAN, 2017).
Veja um exemplo para reforçar as noções do que é a viabilidade do inves-
timento. O Quadro 8, a seguir, mostra os resultados dos diferentes métodos
de análise de investimentos para dois projetos: um restaurante e uma franquia
de perfumes e produtos de beleza (analisado na seção anterior).

Quadro 8. Comparação da viabilidade de dois projetos diferentes

Resultado do Resultado da
Tipo de análise Método
restaurante franquia

ROA 20% 39%

Análise contábil ROE 35% 65%

ROI 24% 58%

Payback 5 anos pagam o 2 a 3 anos pagam


Análise dos prazos simples investimento o investimento
de recuperação Payback 6 anos pagam o 2 a 3 anos pagam
descontado investimento o investimento

Análise dos valores VPL 230.000,00 73.621,07

Análise das taxas TIR 13% 27%

Como você viu, ambos os projetos são econômica e contabilmente viáveis. Os


números revelam isso. Note que, quando os indicadores, como VPL e TIR, não são
favoráveis, é mais fácil dizer que um projeto de negócio não é viável. Em seguida,
Métodos de análise de investimento 15

é mais fácil também retirá-lo do portfólio de possíveis investimentos. Contudo, os


dilemas são maiores quando os índices analisados são viáveis. Por quê?
No exemplo considerado, ambos os projetos (restaurante e franquia de
perfumes e produtos de beleza) são viáveis. Contudo, eles são bem diferentes
em termos de viabilidade. Na análise contábil, a diferença entre ambos é razo-
ável no que tange à rentabilidade (ROA, ROE e ROI). A maior diferença está
no ROE, que é quase o dobro no projeto de franquia de perfumes e produtos
de beleza. Isso quer dizer que o ROE do restaurante é menor ou mais lento.
Ainda que ambos os projetos sejam viáveis, observe que na análise dos
paybacks a diferença também é considerável. No restaurante, o retorno do
investimento ocorrerá entre 5 e 6 anos. Já na franquia, serão necessários entre 2
e 3 anos para pagar o investimento. Qual é o melhor projeto em termos de prazo?
Isso depende do tempo de retorno que os investidores desejam ter sobre o seu
capital, ou do prazo disponível no mercado financeiro para adquirir financia-
mentos ou empréstimos bancários. Logo, a inviabilidade nesse caso é subjetiva.
O investidor que não deseja esperar 5 ou 6 anos escolherá a franquia de perfumes
e produtos de beleza. Ou seja, o projeto do restaurante será considerado inviável.
Porém, se você analisar o VPL, vai observar que, no prazo de 5 ou 6 anos, o
restaurante gerará muito mais retorno do que a franquia de perfumes e produtos
de beleza. Em outras palavras, no dobro do tempo, o restaurante gerará o triplo
do retorno (em comparação com a franquia). Assim, a viabilidade depende
do interesse dos investidores em terem mais lucro absoluto (em termos reais)
ou não. Mais uma vez, isso fica a cargo da capacidade dos investidores de
aguardar mais prazo de retorno em um projeto do que em outro.
Finalmente, no caso da TIR, veja também que ambos os projetos são
viáveis. Isso quer dizer que ambos remuneram o capital além do seu custo.
No caso da franquia, a TIR é de 27%, enquanto no restaurante é de 13%.
Mais uma vez, essa será uma decisão do investidor. Nesse caso, a franquia
tem uma rentabilidade em termos percentuais (ou relativos) melhor do que o
restaurante. Somente pela TIR a franquia é mais viável do que o restaurante.
Depois de combinar todos os índices de viabilidade, cabe ao investidor
decretar qual dos dois projetos melhor atende aos seus interesses individuais no
que tange a retorno absoluto, prazo e rentabilidade percentual. As ferramentas
de análise de viabilidade de investimentos são instrumentos necessários,
porém não são suficientes para definir se um investimento é ou não viável.
O poder da escolha subjetiva ainda é importante no ramo dos investimentos.
16 Métodos de análise de investimento

BODIE, Z.; KANE, A.; MARCUS, A. J. Fundamentos de investimentos. 9. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2014.
BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. As decisões de investimentos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2017.
IUDÍCIBUS, S. Teoria da contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
LIMA, V. S. S. Determinantes dos índices de rentabilidade: ROA, ROE, ROI. 2017. Trabalho
de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Contábeis) – Faculdade de Ciências
Contábeis, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2017.
SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões financeiras e análises de investimentos: conceitos,
técnicas e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

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