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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof.

Remo Dalla Zanna (MS)

CI 10 – edição pessoal para fins de estudo e venda em PDF


Revisado e atualizado até maio/2021.

INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

(10º módulo)

Nota: Este módulo é uma introdução ao estudo da avaliação de empresas, usando recursos
aplicados, normalmente, para analisar alternativas de investimento. Havendo interesse do leitor
para com o tema “Análise de Investimentos”, recomenda-se o uso de literatura especializada
relacionada com este campo do conhecimento científico.

1. Conceito de Valor Econômico de Empreendimentos


2. Orçamento de Capital ou Análise de Investimentos e o Papel da
Controladoria
3. Importância das Decisões de Orçamento de Capital
4. Fases do Processo de Orçamento de Capital
5. Quando são usadas as técnicas de Orçamento de Capital ou Análise de
Investimentos?
6. Classificação dos Investimentos ou Tipos de Projetos
7. O que se entende por Fluxo de Caixa?
7.1. Fluxo de Caixa Convencional
7.2. Fluxo de Caixa Não Convencional
7.3. O que deve ser considerado no Fluxo de Caixa?
7.4. O Capital de Giro e o Fluxo de Caixa.
8. Cinco Métodos utilizados para avaliar investimentos de empresa usando o
Fluxo de Caixa como parâmetro
8.1. Métodos que não levam em consideração a remuneração básica do capital,
ou seja, não levam em consideração juros:
(I) - Método do Período de Recuperação do Capital ou “Payback”,
(II) - Método da Taxa Média de Retorno
8.2. Métodos que levam em consideração juros como variável fundamental para
a tomada de decisões de investimento, ou seja, o Fluxo de Caixa
Descontado.
(III) - Valor Presente Líquido - VPL ou Valor Atual Líquido,
(IV) - Índice de Rentabilidade
(V) - Taxa Interna de Retorno (TIR).
9. Exemplos de estudo de viabilidade de projetos de investimento.
9.1. Primeiro exemplo
9.2. Segundo exemplo
9.3. Terceiro exemplo
9.4. Um exemplo mais trabalhado

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1. Conceito de Valor Econômico de Empreendimentos

Conhece-se o valor econômico de um empreendimento e/ou de uma empresa


através da estimativa dos lucros futuros que tal investimento pode gerar nos
próximos anos. No âmbito forense tem-se trabalhado com 5 (cinco) anos futuros.
Note que quanto maior a quantidade de anos futuros maior será a quantidade de
lucros futuros projetados.

O valor de uma empresa em funcionamento está diretamente vinculado à


expectativa de lucros futuros que possam ser gerados mercê de adequada e sábia
administração dos ativos que possui e, eventualmente, com os novos investimentos
que venham a ser feitos nesse mesmo arco de tempo, geralmente de 5 (cinco) anos.

As variáveis consideradas neste cálculo são geralmente:


a) o volume de recursos necessários para viabilizar a operação comercial do
empreendimento;
b) as fontes de financiamentos desses recursos;
c) as taxas de juros de longo prazo e prazos para reembolso dos
financiamentos obtidos para a formação do capital;
d) os riscos relacionados com o esgotamento de fontes de recursos, tanto
materiais como humanos;
e) os riscos econômicos, sociais e políticos internos: expectativas sobre o
comportamento e sobre mudanças de hábito dos consumidores,
possibilidade nula ou existente de recessão econômica, expectativa de
crescimento nos anos futuros, expectativa sobre a evolução da inflação e
dos investimentos governamentais, prioridades do governo para
investimentos de fundos públicos, estabilidade institucional, grau de
interferência do governo na economia privada, projetos de leis em
andamento etc.;
f) os riscos relacionados com ameaças externas provenientes de países com
os quais o nosso mantem relações comerciais e de parceria;
g) a taxa de juros para operações de curto prazo destinadas a financiar o
capital de giro.

A melhor técnica para estimar lucros futuros e trabalhar com o Orçamento


Integrado. Trata-se de um conjunto de três orçamentos: (i) Orçamento de Capital
(para novos investimentos necessários ao crescimento da empresa); (ii) Orçamento
Operacional ou de Resultado (com o qual são estimadas as receitas, os tributos
incidentes sobre vendas, os custos diretos, as despesas administrativas, as
depreciações e amortizações e os impostos sobre o lucro); (iii) Orçamento de Caixa
para saber quais serão as necessidades de financiamento para atingir os objetivos
do Orçamento Operacional ou de Resultados.

Então:
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1. Para os novos investimentos elabora-se o Orçamento de Capital.


2. Para conhecer os lucros futuros estimados, elabora-se o Orçamento
Operacional ou de Resultados.
3. Para se saber quais são as necessidades de capital de giro e qual será seu
impacto nos Resultados Líquidos (despesas com juros para financiar a
alavancagem operacional), elabora-se o Orçamento de Caixa, que nada tem
a ver como conceito de Fluxo de Caixa Descontado.

Essas três peças são integradas para, ao final, se conhecer as Demonstrações


Contábeis projetadas, ano a ano, para os 5 (cinco) anos futuros.

A integração destas três peças permite conhecer o volume de retornos esperados,


quando estes retornos estarão disponíveis e fornecem uma sensibilidade dos riscos
envolvidos no projeto. Estas três peças orçamentárias permitem elaborar as
Demonstrações de Resultado e os Balanços Patrimoniais ambos projetados para os
próximos cinco anos.

O ideal é fazer o Orçamento Operacional ou de Resultados e o Orçamento de


Caixa, mês a mês, para os próximos 60 (sessenta) meses e levantar a
Demonstração de Resultado e o Balanço Patrimonial, ambos projetados para os
cinco exercícios futuros.

Conhecido o lucro futuro de cada ano, aplica-se o conceito e a técnica matemática


de Fluxo de Caixa Descontado e, assim, se conhece o valor econômico atual do
empreendimento. O método do Fluxo de Caixa Descontado é a técnica
recomendada para calcular uma estimativa de quanto dinheiro os sócios poderiam
receber hoje caso decidissem implantar o projeto estudado. Mas, obviamente, este
Lucro Líquido Futuro dependerá do cumprimento das metas fixadas nos três
Orçamentos acima referidos.

O valor assim obtido pode ser comparado com diversas alternativas de


investimento de maneira tal que o investidor possa optar por aquela que atende à
maximização do lucro de seus investimentos e coincida com a sua sensibilidade
sobre oportunidades e riscos.

2. Orçamento de Capital ou Análise de Investimentos e o Papel da


Controladoria

Por Orçamento de Capital ou, como dizem outros autores, por Análise de
Investimentos, entende-se a alocação de recursos para obter benefícios futuros. A
Contabilidade classifica estes investimentos no Ativo Não Circulante. Os lucros
são esperados para períodos futuros sendo, estes, superiores a um ano.
Investimentos de Capital cujos benefícios podem ser esperados em períodos
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inferiores a um ano, são classificados como Ativo Circulante. Maiores


investimentos devem conduzir a maiores lucros, portanto, os novos investimentos
que não conduzirem à obtenção de benefícios maiores que seus próprios custos,
devem ser rejeitados. Podemos então dizer que o Orçamento de Capital é um
processo administrativo integrado que visar gerar, elaborar, avaliar, selecionar e
executar um projeto de investimento de capital. O trabalho da Controladoria se
concentra, mais precisamente, nas tarefas elaborar, avaliar e selecionar. O
trabalho de elaboração do projeto é sempre feito em conjunto com a área que
propõe o investimento à Alta Administração e consiste em coleta de informações
junto ao mercado, desenvolvimento de projeções quantitativas, estimativa do custo
dos insumos e preços de venda e avaliação dos fluxos de saída e de entrada de
caixa. O trabalho de avaliação do projeto é o processo analítico mediante o qual
são calculados os custos e as despesas comparadas com as receitas. É uma
Demonstração de Resultados do projeto, ano a ano, por pelo menos, 5 (cinco) anos
futuros. O trabalho de selecionar o(s) projeto(s) é o processo decisório mediante
o qual um determinado projeto é aprovado para entrar em execução em detrimento
de outro. A Controladoria participa deste processo contribuindo com recálculos e
explicações a respeito da metodologia aplicada para conhecer os resultados por ela
apresentados. A decisão de investir em longo prazo envolve a questão do valor da
moeda no tempo (inflação esperada) e a taxa de desconto (de juros) segundo as
fontes de financiamento disponíveis. Os acionistas têm conhecimento da taxa de
retorno por eles desejada e das oportunidades oferecidas pelo mercado. Quando a
taxa de juros a pagar pelo financiamento do projeto for inferior às suas
expectativas de lucro com o investimento (taxa de retorno), o projeto pode ser
aprovado e o investimento realizado.

Após a implantação do projeto escolhido, a Controladoria elabora informes


gerenciais com as quais faz a comparação entre o previsto - Orçamento de Capital -
e o realizado. Apura as variações mês a mês e comenta-as para conhecimento dos
envolvidos na execução do projeto e para a Alta Administração.

A gestão do Ativo Circulante cuida de atender à liquidez do empreendimento.


Busca a maior liquidez possível com os menores custos possíveis. É esta a tarefa
primordial da função do Diretor Financeiro.

3. Importância das Decisões de Orçamento de Capital

3.1. São decisões que, uma vez tomadas, em face da sua complementaridade, são
muito difíceis de serem canceladas ou até de alterar, sem que causem
prejuízos.
3.2. São decisões que requerem uma programação de desembolsos e de entradas de
caixa, isto, para evitar surpresas (prejuízos) desagradáveis. O risco envolvido
em uma decisão de investimento de capital é muito maior que aquela

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atinente a uma decisão de investimento em capital de giro, como, por


exemplo, especular com estoques.
3.3. São decisões que visam modernizar processos para obter redução de custos
com reflexos por anos seguidos. Visam também o crescimento harmônico
das atividades comerciais e a expansão dos lucros.
3.4. Toda decisão de investimento de capital visa aumentar o valor do Patrimônio
Líquido mediante a incorporação de novos lucros.

4. Fases do Processo de Orçamento de Capital

4.1. Geração de propostas de investimento. Estas propostas são geradas,


geralmente, na área comercial objetivando a produção e venda de novos
produtos, mas podem ser geradas na área de produção quando uma nova
tecnologia, mais eficaz e mais eficiente que a atualmente usada, foi
desenvolvida e está disponível (foi testada) para ser implantada.
4.2. Seleção da melhor alternativa de investimento. A escolha do projeto depende
os critérios adotados pela Alta Direção para aceitar ou rejeitar o
investimento.
4.3. Implantação do projeto escolhido, acompanhamento e controle.

5. Quando são usadas as Técnicas de Orçamento de Capital ou Análise de


Investimentos?

As técnicas de cálculo para a escolha de alternativas de investimento são usadas,


por exemplo, nas seguintes situações:

5.1. Substituição de equipamentos (aquisição de máquinas, equipamentos, edifícios


etc.);
5.2. Novos investimentos para modernização e/ou expansão;
5.3. Para decidir se é mais vantajoso adquirir (investir) ou arrendar bens de
produção;
5.4. Para quaisquer decisões de investimento que possam ser tomadas tais como:
decidir gastos com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, optar por
novos sistemas de organização e processamento de dados, decidir um
programa de propaganda institucional (de longo prazo), desenvolvimento de
recursos humanos etc.

Como se vê, todo comprometimento de recursos em Ativos Não Circulantes


constitui um dispêndio de capital, porém, nem todo dispêndio de capital resulta na
aquisição de bens físicos porque há investimentos em bens intangíveis. Um
dispêndio destinado à Pesquisa e Desenvolvimento de um novo produto é a um só
tempo, um dispêndio de capital, pois gerará (espera-se) benefícios após a pesquisa
ou, ocorrendo o abandono do projeto, transformar-se-á em despesa.
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6. Classificação dos Investimentos ou Tipos de Projetos

6.1. Independentes. São assim chamados os investimentos que não dependem de


outros para serem viabilizados e podem ser feitos concomitantemente com
outros, dependendo, apenas, da existência de recursos para que possam ser
viabilizados ao mesmo tempo.
6.2. Mutuamente Excludentes. São assim chamados os investimentos que, quando
decididos, eliminam ou anulam os demais que concorriam para a alocação de
recursos. Os investimentos excluídos são, geralmente, menos importantes ou
menos rentáveis que o escolhido e sua exclusão ocorre por causa da escassez
de recursos para “tocar” mais de um projeto, concomitantemente.

7. O que se entende por FLUXO DE CAIXA?

O Fluxo de Caixa é uma ferramenta matemática utilizada para avaliar


investimentos. É o resumo de entradas e saída de dinheiro de um projeto de
investimento. Os Fluxos de Caixa são de dois tipos (alguns acadêmicos falam em
três tipos: Convencional, Não Convencional e Incremental, mas nós vamos
trabalhar com os dois tipos utilizados na prática) como segue:

7.1. Fluxo de Caixa Convencional


Consiste em uma única saída inicial e subsequentes entradas líquidas de
fundos, em montantes iguais. Exemplo: investimento em um apartamento à
vista com a finalidade de recebimento de aluguéis.

$ 20.000,00 $ 20.000,00 $ 20.000,00 $ 20.000,00 $ 20.000,00 >>>>>>


Entradas (+)
---------------------------------------------------------------- - - - - - - - - - - - - - - -
ANOS 0 1 2 3 4 5
Saídas (-)
$ 200.000,00

7.2. Fluxo de Caixa Não Convencional


É o tipo em que as saídas e as entradas ocorrem alternadamente, em
montantes e até em períodos desiguais. Exemplo: aquisição de uma máquina
para a produção de tampinhas de cerveja. Este é o fluxo de caixa mais
comum.

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$ 20.000,00 $ 30.000,00 $ 50.000,00 $ 100.000,00 $ 60.000,00 >>>>>>


Entradas (+)
---------------------------------------------------------------- - - - - - - - - - - - - - -
-
ANOS 0 1 2 3 4 5
Saídas (-)
$ 200.000,00 $ 100.000,00

7.3. O que deve ser considerado no Fluxo de Caixa?

O Fluxo de Caixa deve considerar todas as saídas e todas as entradas do projeto


para, desta forma, conhecer o fluxo líquido de caixa gerado em cada período.

A) SAÍDAS: A soma do valor do Investimento Inicial inclui, por exemplo:


terreno, construção, edifício, máquinas, instalações, equipamentos, ferramentas,
móveis e utensílios e tudo o mais que for necessário para pôr em funcionamento
um projeto. Neste montante, entram todos os impostos relacionados com a
compra dos bens e os custos com os serviços de transporte e instalação,
inclusive os custos dos testes-piloto para colocar as máquinas em operação. Ao
valor do Investimento Inicial, são somados os salários e encargos dos
colaboradores que trabalharem na implantação do projeto. Caso ocorra a venda
de investimentos preexistentes, o valor arrecadado será considerado em
dedução ao valor do Investimento Inicial.

Exemplo:

Investimento Líquido ou Inicial


Custo do Novo Projeto - Valores em R$ 1.000,00
+ Custo do Equipamento (do bem do Ativo Imobilizado) 150.000
+ Custo de Instalação 30.000
+ Despesas com fretes e seguros 10.000
+ Aumento no Capital Circulante Líquido (CCL) 0
(-) Valor arrecadado com a venda de itens substituídos 50.000
+ Imposto de Renda gerado com a venda supra 36.000
INVESTIMENTO LÍQUIDO ou Custo do Projeto 176.000

B) ENTRADAS: As entradas correspondem ao fluxo líquido positivo do projeto,


ou seja, correspondem ao total das receitas, deduzidos todos os custos e todas as
despesas havidos para obtê-las. Corresponde, portanto, à Demonstração de
Resultados do projeto em cada ano, mais juros, depreciações e amortizações.
Aplica-se, nesse estudo, o conceito de EBITDA.

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Esquematicamente temos:

VENDAS
(- ) Custo das Mercadorias Vendidas
= LUCRO BRUTO
(-) Despesas Operacionais exceto juros
= LUCRO OPERACIONAL antes do Imposto de Renda
(-) Juros
= LUCRO LÍQUIDO antes do Imposto de Renda
(-) Provisão para Imposto de Renda
= LUCRO LÍQUIDO
+ Juros
+ Depreciações contabilizadas no custo e nas despesas
+ Amortizações contabilizadas no custo e nas despesas
= FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL DO PROJETO

7.4. O Capital de Giro e o Fluxo de Caixa

Todo novo projeto requer Capital de Giro. Caso se trate de um projeto aplicável em
uma empresa em funcionamento, tratar-se-á de capital de giro adicional ao que a
empresa está usando atualmente. Caso se trate de um investimento independente,
necessitará de capital de giro para atingir o objetivo do projeto que é produzir e
vender novas quantidades de mercadorias e de serviços ou, aumentar a oferta dos
mesmos produtos e serviços já oferecidos. Esta necessidade de capital de giro se
revela quando ocorre:
1. a formação adicional de estoques de materiais diretos, de produtos em
processos e de produtos acabados;
2. para atender à nova demanda de crédito comercial proveniente do aumento
de vendas á prazo, ou seja, financiar o incremento de contas a receber;
3. esta necessidade pode ser parcialmente mitigada com aumento de contas a
pagar decorrente do aumento de compras para atender à produção e venda
dos novos produtos;
4. idem para os salários e encargos da folha a pagar, relacionados com os novos
colaboradores pois haverá um aumento do quadro de funcionários mesmo
antes que as vendas comecem;
5. idem para pagar outras despesas de funcionamento;
6. etc.

Exemplo aritmético do Fluxo de Caixa:


(Valores em R$ 1.000.000,00)
ANOS
Sinal Contas (aumentos gerados pelo novo 1 2 3 4 5
projeto)
+ Aumento dos Estoques 30,0 25,0 20,0 10,0 5,0
+ Aumento em Contas a Receber 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0

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- Aumento na conta de Fornecedores 10,0 15,0 20,0 20,0 15,0


- Aumento em Salários e Encargos a pagar 5,0 5,0 5,0 0 5,0
- Aumento em Outras Contas a pagar 5,0 0 0 0 0
Efeitos no Capital de Giro Líquido ou
SOMA Efeitos no CCL - Capital Circulante 20,0 15,0 5,0 0 -5,0
Líquido

Em resumo, todos os efeitos de ENTRADA e de SAÍDA de caixa devem ser


dimensionados e considerados na elaboração do Fluxo de Caixa.

Exemplo contábil de Fluxo de Caixa.

QUADRO DE PROJEÇÕES DOS FLUXOS DE CAIXA RELEVANTES

(Valores em R$ 1.000,00)
A N O S
Contas 1 2 3 4 5
Receitas Operacionais Líquidas de
Impostos (+) 160.000 210.000 320.000 270.000 200.000
Custo da Mercadoria Vendida (-) 80.000 105.000 160.000 135.000 100,000
LUCRO BRUTO (=) 80.000 105.000 160.000 135.000 100.000
Despesas com Vendas e Administração
(basicamente fixas) (-) 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000
LUCRO OPERACIONAL (=) 50.000 75.000 130.000 105.000 70.000
Juros (-) 0 0 0 0 0
LUCRO Antes do I. Renda (=) 50.000 75.000 130.000 105.000 70.000
Imposto de Renda (de 30%) (-) 15.000 23.000 39.000 32.000 21.000
LUCRO Depois do I. Renda (=) 35.000 52.000 91.000 73.000 49.000
DEPRECIAÇÃO e AMORTIZAÇÃO (+) 18.000 18.000 18.000 18.000 18.000
ENTRADAS OPERACIONAIS (=) 53.000 70.000 109.000 91.000 67.000
EFEITO NO CCL (5.000) (5.000) (10.000) 7.500 7.000

FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO 48.000 65.000 99.000 98.500 74.000

8. Cinco Métodos utilizados para Avaliar Investimentos usando o Fluxo de


Caixa como parâmetro

Os métodos para se fazer um Orçamento de Capital são, basicamente, dois, como


segue:

8.1. Métodos que não levam em consideração a remuneração básica do


capital, ou seja, não levam em consideração juros:

i. Método do Período de Recuperação do Capital ou “Payback”;


ii. Método da Taxa Média de Retorno;
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8.2. Métodos que levam em consideração juros como variável fundamental


para a tomada de decisões de investimento, ou seja, o Fluxo de Caixa
Descontado:

iii. Valor Presente Líquido (VPL) ou Valor Atual Líquido;


iv. Índice de Rentabilidade;
v. Taxa Interna de Retorno (TIR).

Ambos – 8.1 e 8.2 – dependem da existência prévia de um padrão de tempo e da


escolha de uma taxa de retorno sobre o capital investido – uma taxa de juros –,
estabelecidos pela Alta Direção.

Quando da apresentação dos cálculos e respectivos resultados, decisões diferentes


serão tomadas em função de diferentes taxas de retorno escolhidas. Um projeto
com 10% ao ano de taxa de retorno poderá ser aceito ou não pela Alta Direção
dependendo dela considerar 10% a. a. suficientes ou insuficientes para si. O padrão
de taxa de retorno corresponde ao mínimo necessário para que a Alta Direção
aprove o projeto. Chamamos a este padrão mínimo de CUSTO DE CAPITAL
Portanto, Custo de Capital é a remuneração mínima esperada pela Alta Direção
para aprovar um projeto.

Exemplo:

Investimento Líquido ou Inicial


Custo do Novo Projeto - Valores em R$ 1.000,00
+ Custo do Equipamento (do bem do Ativo Imobilizado) 150.000
+ Custo de Instalação 30.000
+ Despesas com fretes e seguros 10.000
+ Aumento no Capital Circulante Líquido (CCL) 0
(-) Valor arrecadado com a venda de itens substituídos 50.000
+ Imposto de Renda gerado com a venda supra 36.000
INVESTIMENTO LÍQUIDO ou Custo do Projeto 176.000

O trabalho de se conhecer quanto será investido nesse projeto já foi feito e chegou-
se à conclusão que serão necessários 176.000.000,00 (Cento e setenta e sei milhões
de Reais). Pois bem, os dados ali constantes, mercê de um estudo de maturação
desse investimento, dão origem ao seguinte Fluxo de Caixa:

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(Valores em R$ 1.000,00)

$ 48.000,00 $ 65.000,00 $ 99.000,00 $ 98.500,00 $ 74..000,00 >>>>>>


Entradas (+)
---------------------------------------------------------------- - - - - - - - - - - - - -
ANOS 0 1 2 3 4 5
Saídas (-)
$ 176.000,00

Análise deste Projeto


usando os cinco Métodos acima citados

8.1. Métodos que não levam em consideração a remuneração básica do capital, ou


seja, não levam em consideração juros:

I) - Método do Período de Recuperação do Capital ou “Payback”,

A aplicação deste método permite conhecer a quantidade de anos e meses


necessários para que o desembolso inicial (e os desembolsos suplementares,
quando for o caso), seja recuperado pelos lucros gerados com o investimento. Por
isso, se diz que o payback é o espaço de tempo entre o início do projeto e o
momento em que o fluxo de caixa acumulado torna-se positivo. Este é o método
mais simples de análise e avaliação para a tomada de decisões sobre investimentos.
A Alta Direção estabelece, por exemplo, o padrão de payback de 4 (quatro) anos.
Sendo assim, todos os projetos cujo payback for igual ou inferior a 4 anos serão
aprovados. Além de determinar o padrão, a Alta Direção pode determinar o grau de
variação que está disposta a aceitar. Por exemplo: aceitaria 20% de defasagem em
relação ao padrão. Neste caso em que se pensa que o padrão seria de 4 anos, a Alta
Direção poderia aceitar projetos com até 4,8 anos (4 anos e 10 meses,
aproximadamente) para o retorno do investimento. Depois desse período, quando
do dinheiro investido já retornou aos cofres do investidor, todo dinheiro que
continuar entrando é um lucro. No caso do nosso exemplo, temos:

(Valores em R$ 1.000,00)
ANOS Fluxo de Caixa no período Fluxo de Caixa Acumulado
0 - 176.000 - 176.000
1 + 48.000 -128.000
2 + 65.000 - 63.000
3 + 99.000 + 36.000
4 + 98.500 + 134.500
5 + 74.000 + 208.500
Entre o 2º e o 3º anos de atividade do projeto, o investimento inicial será
recuperado. A decisão da Alta Direção será pela aceitação deste projeto de
investimentos.

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Caso o investimento seja feito com recursos de terceiros, do BNDES, por exemplo,
no fluxo das saídas, há que se considerar, como saídas fazendo parte do
investimento, a devolução do principal emprestado e o pagamento dos juros.

II) - Método da Taxa Média de Retorno

A aplicação deste método de análise requer dois passos, como segue:


a) determinar o fluxo líquido médio por período. Isto se obtém dividindo-se o
fluxo líquido total do projeto pela quantidade de períodos;
b) dividir o fluxo líquido médio pelo investimento exigido. O resultado será a
porcentagem procurada: a taxa média de retorno. Esta taxa indica que,
aproximadamente, “x”% do investimento retornará à empresa por ano.

Itens do processo de cálculo Critérios de Valores em


Cálculo R$ 1.000,00
Total das Entradas conforme fluxo acima A 384.500
Quantidade de anos B 5
Fluxo Líquido Médio (média anual) C = A/B 76.900
Investimento Inicial D 176.000
Taxa Média de Retorno anual E = C/D 43,69%

A taxa média de retorno assim obtida será objeto de comparação com o padrão
almejado pela Alta Direção. Caso seja igual ou superior à taxa esperada, o projeto
será aprovado. Considerando que a taxa de retorno mínima desejada pelo
investidor foi de 12% ao ano, diante da expectativa de conseguir 43,69% ao ano,
aprovará o projeto.

===========================================================

8.2.) Métodos que levam em consideração juros como variável fundamental para a
tomada de decisões de investimento, ou seja, o Fluxo de Caixa Descontado:

Decidir-se favoravelmente ou contrariamente por um determinado projeto de


investimento ou pela aquisição de uma empresa, usando o método matemático
denominado Fluxo de Caixa Descontado, tem sido frequentemente praticado pela
comunidade financeira, pois sua aplicação, segundo as modernas teorias, revela a
efetiva capacidade de geração de lucros de um projeto e/ou de uma empresa. O uso
deste método implica na elaboração de premissas e conjecturas sobre o futuro dos
negócios dentro do ramo econômico em que se pretende fazer o investimento ou
onde já opera a empresa objeto de avaliação.

Estas premissas e conjecturas transformam-se nas peças técnicas conhecidas como:


i) Orçamento de Capital; (ii) Orçamento Operacional e (iii) Orçamento de Caixa,
integrados, de forma que as projeções de entradas (receitas líquidas), de saídas
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(despesas, custos e tributos) e de necessidades de capital de giro, se possa


conhecer, na última linha, o fluxo de caixa do projeto.

Descontando-se este fluxo de caixa por uma taxa de juros também conhecida como
“taxa do custo de capital” aceita ou escolhida pelos investidores, conhece-se o
Valor Presente da Empresa ou do Investimento. A idéia central deste método é que
o valor a ser pago pela compra da empresa ou o valor a ser desembolsado em um
novo investimento produza um lucro – em valor atual – que corresponda ao
retorno esperado pelo investidor MAIS o valor residual do projeto, ou seja,
mais o que poderá ser obtido com a venda, por exemplo, dos equipamentos
adquiridos conforme o projeto.

Esquematicamente pode-se representar a idéia acima como segue:

O valor da empresa é igual ao:


a) Valor Presente dos Lucros Futuros (que se conhece aplicando o método
do Fluxo de Caixa Descontado sobre o Fluxo de Caixa do projeto);
+
b) Valor Residual: ou seja, valor do Patrimônio Líquido obtido com o
Balanço Patrimonial projetado ou estimado para o dia fechamento dos
cálculos do projeto, geralmente, ao fim de cinco anos futuros.

NOTA Para montar o Orçamento Operacional e o Orçamento de Caixa para os


próximos cinco anos usam-se, geralmente, as seguintes fontes de
informação:
1) Demonstrações de Resultado dos últimos cinco exercícios sociais cujos
valores são atualizados monetariamente para a data dos cálculos feitos pelo
Perito Contador;
2) Montagem de três cenários (*) – um “dentro da normalidade”, o segundo
“pessimista” e o terceiro “otimista”, para os próximos cinco anos,
considerando o mercado no qual a empresa ou o investimento operará. Um
deles será escolhido pelas partes interessadas na negociação para a
elaboração dos cálculos. É possível que o investidor queira conhecer as três
simulações: normalidade, otimista e pessimista;
3) Escolha da taxa de desconto com base em acordo ou consenso das partes
ou, poderia ser a Taxa SELIC, ou a TLP (Taxa de Longo Prazo), etc.

(*) Os dados para montar um cenário devem corresponder às linhas para a


montagem de Demonstrações Contábeis (Balanço Patrimonial e
Demonstração de Resultados) para o final de cada ano do estudo. Serão 5
(cinco) Balanços Patrimoniais e 5 (cinco) Demonstrações de Resultado,
todos projetados, ano a ano, para os próximos 5 (cinco) anos. Além da
projeção das vendas, dos custos, das despesas, do pagamento de dividendos
e demais encargos da sociedade, estas projeções considerarão informações
econômicas como:
1. aumento ou decréscimo da quantidade e dos modelos de produtos
oferecidos pelo projeto;

13
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

2. evolução da taxa de juros que o projeto pagará para financiar suas


necessidades de capital de giro;
3. prazo de financiamento de clientes;
4. prazos de financiamento obtidos dos fornecedores;
5. aumento ou redução dos custos dos insumos e dos salários;
6. aumento ou redução dos preços de venda dos produtos acabados;
7. entrada de novos concorrentes no mercado;
8. outras variáveis segundo o ramo econômico do projeto ou da
empresa.

Em face da complexidade para se conseguir apresentar um estudo do tipo acima


mencionado, o “mercado” optou, para avaliar investimentos, pela aplicação do
Fluxo de Caixa Descontado. Sem dúvida calcular o valor presente de lucros
futuros, por essa fórmula matemática, é algo muito simples. Complexo é montar a
uma projeção de lucros futuros que seja aceitável segundo o entendimento e a
avaliação subjetiva do investidor. Aplica-se, contudo, nos casos que cuidam de
operações de aquisição, fusão e incorporação.

No ambiente forense usa-se a fórmula do Fluxo de Caixa Descontado nos casos


de Apuração de Haveres, Lucros Cessantes e Danos Emergentes.

III) - Valor Presente Líquido (VPL) ou Valor Atual Líquido

Valor Presente ou Valor Atual Líquido é a diferença entre o valor atual das
entradas e o valor atual das saídas. Conhece-se esta diferença usando uma taxa de
desconto definida pela Alta Direção como sendo sua meta de custo de capital
mínimo. Vejamos um singelo exemplo para uma taxa de desconto de 25% ao ano:

1 1
Valor Presente = ------------ = --------------- = 0,8 >>> e assim, sucessivamente:
n 1
(1 + i) (1 + 0,25)

Onde, i = taxa de desconto e n = tempo ou quantidade de períodos.

1
O resultado dessa equação: ------------- ...
n
(1 + i)

... para vários tipos de períodos combinados com vários tipos de taxas, pode ser
encontrado nas Tabelas Financeiras de antigos livros de Matemática Financeira.
Mas, quando necessário, os fatores que serão usados serão calculados conforme
exemplo abaixo. No caso presente, consideramos uma taxa de desconto (ou custo
de capital) de 25% ao ano.
14
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Então os fatores de desconto são:

Base e
Divisor
Fatores
Ano 0 1,000000
Ano 1 (1+0,25) 0,800000
Ano 2 (1+0,25) 0,640000
Ano 3 (1+0,25) 0,512000
Ano 4 (1+0,25) 0,409600
Ano 5 (1+0,25) 0,327680

Aplicando estes fatores no nosso exemplo temos:

Fatores de
Desconto Evolução da
Valor Atual
Fluxo de para uma recuperação
ANOS do fluxo de
Caixa taxa de do valor
caixa
juros de investido
25% ao ano
0 (176.000,00) 1,000000 (176.000,00)
1 48.000,00 0,800000 38.400,00 (137.600,00)
2 65.000,00 0,640000 41.600,00 (96.000,00)
3 99.000,00 0,512000 50.688,00 (45.312,00)
4 98.500,00 0,409600 40.345,60 (4.966,40)
5 74.000,00 0,327680 24.248,32 19.281,92
19.281,92

Este projeto requer, para recuperar o investimento, quatro anos e


um mês e meio.

Cálculos: 40.365/12 meses = 3.362,08 por mês. Portanto,


4.966,40/3.362,08 = 1,48 meses.

Depois desse período toda entrada de dinheiro será um lucro


bruto.

Considerando que, no 5º ano, o Valor Atual Líquido é maior que zero e,


considerando que a taxa de desconto do projeto é 25% ao ano, conclui-se que este
projeto é viável, pois recupera o custo de oportunidade, de 25% ao ano, e deixa
um resíduo de R$ 19.281,92. Caso o Valor Atual Líquido fosse negativo inclusive
no 5º ano do fluxo de caixa, este o projeto seria rejeitado.

Uso de máquina financeira.


Fórmulas para descontar os fluxos de caixas. (NPV = VPL), portanto:

CF1 CF2 CF3 CFn


NPV = CF0 + ----- + ------ + ------- + ------ + ------
1 2 3 n
(1+i) (1+i) (1+i) (1+i)

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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Onde:
NPV ou VPL = representa o resultado líquido do Fluxo de Caixa
Descontado
CF0 = representa o investimento inicial. Deve ser introduzido com o sinal -
CF1 a n = representam os retornos anuais que podem ser iguais ou diferentes
em cada ano. Devem ser introduzidos como sinal +
i = representa a taxa de desconto escolhida pela Alta Direção

IV) - Índice de Rentabilidade ou de Lucratividade.

Para comparar duas (ou mais) propostas de investimento, diferentes e mutuamente


excludentes, devemos relacionar o volume de rendimentos - pelo seu valor atual
líquido - à soma do capital requerido por cada projeto. O resultado é um quociente
que chamamos de Índice de Rentabilidade. Quanto maior for este índice, tanto
melhor será o projeto.

O Índice de Rentabilidade é o quociente entre o valor atual das entradas e o valor


atual das saídas.

Usando os dados constantes na tabela acima, temos:

Índice de Rentabilidade

Soma das entradas 214.563,84


Investimento 176.000,00
Dividindo as entradas pelo valor investido temos: 1,219113
Portanto a rentabilidade deste projeto, até o 5º ano, é de 21,91%

Este instrumento de análise é útil para comparar projetos mutuamente excludentes,


ou seja, qualquer outro projeto com um Índice de Rentabilidade maior que
1,219113 teria a preferência da Alta Direção.

(V) - Taxa Interna de Retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno é a taxa de desconto que iguala a zero o valor atual
líquido das entradas dos fluxos de caixa de uma alternativa de investimento. Com
este cálculo busca-se conhecer a taxa de desconto que aplicada ao projeto, faz com
que o valor atual das entradas seja igual ao valor atual das saídas.

16
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

As técnicas anteriores dispunham de um taxa de desconto prefixada (taxa padrão)


fornecida pela Alta Direção. A técnica atual busca conhecer a taxa interna do
projeto (TIR).

É o método que informa a taxa de remuneração periódica obtida pelo capital


investido considerados os fluxos de entrada e saídas, como apresentados. O
objetivo é igualar o valor presente das saídas com o valor presente das entradas.

Para fins de decisão, a taxa obtida (TIR) deve ser confrontada com a taxa que
representa o Custo de Capital escolhida pela Alta Direção. Então o projeto será
aceito, quando a TIR superar a taxa de Custo de Capital.

Para evitar a manipulação dos dados do projeto para que o mesmo “dê
certo”; a Alta Direção NÃO informa, previamente, qual é a TIR por ela
escolhida.

Responda à pergunta: “Qual é a taxa de retorno deste projeto?”.

No nosso exemplo, havíamos determinado que a taxa de desconto (igual à taxa


interna de retorno) é de 25% ao ano, portanto, qualquer taxa igual ou maior que
esta viabiliza o projeto. No cálculo precedente, vimos que a taxa de desconto de
25% ao ano gera um resíduo favorável de R$ 19.281,92. Então nosso objetivo é
conhecer a taxa de desconto que zera o fluxo de caixa em 5 anos.

Podemos fazer isso, usando recursos da matemática financeira ou por tentativa e


erro.

Usando a máquina financeira temos:

CF1 CF2 CF3 CFn


0 = CF0 + ------- + ------ + ------- + ----- + -------
1 2 3 n
(1+i) (1+ i) (1+i) (1+i)

Sendo NPV = 0; IRR = i * 100

Observar que os cálculos de NPV nunca serão perfeitamente iguais a zero. Isto
ocorre por causa dos arredondamentos das decimais. Também não é necessário que
os cálculos deem zero exato. O que se pretende conhecer é a IRR (em inglês) ou
TIR (em português) que iguala o fluxo de entradas com o fluxo de saídas do
projeto. Portanto, a TIR pode ser obtida, com bastante êxito, por tentativa e erro e
por aproximação linear.

17
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Para várias taxas de desconto, temos um Valor Atual Líquido diferente como
abaixo demonstrado.

ANO FLUXO Taxa de VALOR Taxa de VALOR


DE Desconto de ATUAL do Desconto de ATUAL do
CAIXA 28% ao ano. Fluxo de Caixa 30% ao ano. Fluxo de Caixa
Fatores de descontado a Fatores de descontado a
Valor Atual 28% ao ano Valor Atual 30% ao ano
0 - 176.000 1,000000 - 176.000 1,000000 - 176.000
1 + 48.000 0,781250 + 37.500 0,769231 + 36.923
2 + 65.000 0,610352 + 39.673 0,591716 + 38.462
3 + 99.000 0,476837 + 47.207 0,455166 + 45.061
4 + 98.500 0,372529 + 36.694 0,350138 + 34.489
5 + 74.000 0,291038 + 21.537 0,269329 + 19.930
VALOR ATUAL LÍQUIDO 6.611 - 1.135

Olhando a tabela acima podemos dizer, grosso modo, que a taxa de desconto que
zera o investimento de R$ 176.000.000,00 em 5 anos, é de aproximadamente, 29%
ao ano. Esta taxa satisfaz às exigências da Alta Direção cuja meta é de, no mínimo,
25% ao ano. O projeto será aprovado.

Para conhecer a taxa exata, procede-se à interpolação linear, como segue:

30% - - 1.135


(menos)
- 28% - + 6.611
2% - - 7.746

2% estão para - 7.746 assim como “x” está para - 1.135

1.135
“x” = --------- = 0,146527 ou 14,6527%;
7.746

... portanto, 2% de 0,146527 = 0,293054

Então a TIR será, precisamente, de 30% - 0,29% = 29,71%.

As máquinas financeiras trazem a programação pela qual você pode conhecer a


TIR ou IRR introduzindo, seqüencialmente, três elementos. Isto é muito rápido,
mas em exames e concursos não é permitido o uso de máquinas calculadoras,
relógios digitais e outros apetrechos de cálculo.

No caso presente, considerando que a Alta Direção estaria satisfeita com 25% ao
ano, a taxa de 29,71% ao ano viabiliza o projeto.
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9. Exemplos de Estudo de Viabilidade de Projetos de Investimento

9.1 Primeiro Exemplo

Um investidor dispõe de R$ 200.000,00 para aplicar. Por uma questão de


segurança e preferência pessoal, gostaria de comprar um imóvel para alugar.
Encontrou um apartamento que, segundo as pesquisas valeria em torno de R$
220.000,00. Oferece, na mão do atual proprietário, R$ 170.000,00 para pagamento
no ato da escritura, em dinheiro. O vendedor concorda. Marcada a data e a hora
para ir ao cartório e feitas as contas, considerando impostos, taxas, serviços
cartoriais etc. o investidor concluiu que gastará, tudo somado, R$ 177.000,00.
Dentro de 10 anos, ele espera poder revendê-lo por R$ 450.000,00.

Por quanto deverá alugar o apartamento para ter um retorno superior a 12% ao ano,
pois o gerente do banco onde mantém conta corrente - banco de primeira linha -
lhe ofereceu a possibilidade de aplicar o valor de R$ 177.000,00 que renderiam,
líquido de impostos, com esta taxa de 12% ao ano?

Feitas algumas consultas junto às imobiliárias da região chegou à conclusão de que


conseguirá, no máximo, alugar por R$ 800,00 por mês, ou seja, R$ 9.600,00 por
ano. Suponhamos, agora, que conseguirá um aumento do valor do aluguel anual
em torno de 7%.

Então o fluxo de caixa das entradas será:

1º ano = R$ 9.600,00
2º ano = R$ 10.272,00
3º ano = R$ 10.991,04
4º ano = R$ 11.760,41
5º ano = R$ 12.583,64
6º ano = R$ 13.464,50
7º ano = R$ 14.407,01
8º ano = R$ 15.415,50
9º ano = R$ 16.494,59
10º ano = R$ 17.649,21 e venda do imóvel por R$ 450.000,00

Agora, levando em conta que a taxa de juros da aplicação em títulos bancários é a


mesma (12% ao ano), ficou em dúvida se formaliza a compra do apartamento ou se
investe em papeis do banco.

Cálculos:

I) Método do Período de Recuperação do Capital ou Payback:

19
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Vamos trabalhar com dois conceitos de Payback, sendo Payback 1, sem desconto e
Payback 2, com desconto ou Valor Presente dos Fluxos de Entrada.

Payback 1, sem desconto

Fluxo de entradas

(9.600,00 + 10.272,00 + 10.991,04 + 11.760,41 + 12.583,64 + 13.464,50 +


14.407,01 + 15.415,50 + 16.494,59 + 17.649,21 + 450.000,00) = R$ 582.637,90
em 10 anos.

A aplicação da mesma quantia, em CDBs, à taxa de 12% ao ano, capitalizada


anualmente, durante 10 anos, daria R$ 549.735,13 de montante.

Comprando o apartamento, o nosso investidor teria um ganho adicional de R$


33.962,77 quando comparado com o ganho oferecido pelo Banco.

Em seguida, lembramos ao investidor algumas variáveis negativas (riscos)


relacionadas com aplicações financeiras em imóveis para alugar. Por exemplo:
a) trocas de inquilinos e novos contratos;
b) reformas e manutenção do apartamento depois da saída de inquilino relapso;
c) risco de inadimplência do inquilino;
d) custos advocatícios e judiciais para receber aluguéis atrasados e,
eventualmente, remover o inquilino do imóvel;
e) caso não possa esperar 10 anos para vender o imóvel, considerado o
momento atual da economia, o lucro com a revenda NÃO parece garantido;
o apartamento é um ativo imobilizado.

Mas há um ponto positivo porque apresentar-se como sendo proprietário de móvel


pode favorecer a realização de outros negócios, isto, na medida que poderia dar o
imóvel em garantia.

Payback 2, com desconto ou Valor Presente dos Fluxos de Entrada

Lucro obtido com o aluguel e venda do apartamento, pelo seu valor atual, usando a
taxa de desconto de 12% ao ano:

Desconto de Valor Atual


Anos Entradas
12% ao ano em R$
0 1,000000
1 9.600,00 0,892857 8.571,43
2 10.272,00 0,797194 8.188,78
3 10.991,04 0,711780 7.823,21
4 11.760,41 0,635518 7.473,95
5 12.583,64 0,567427 7.140,30
6 13.464,50 0,506631 6.821,53

20
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

7 14.407,01 0,452349 6.517,00


8 15.415,50 0,403883 6.226,06
9 16.494,59 0,360610 5.948,11
10 67.649,21 0,321973 150.570,53
Valor Atual do fluxo de entradas 215.280,90
Valor do investimento (177.000,00)
Lucro com aluguel + venda
apartamento 38.280,90

Qual terá sido a decisão deste investidor?


Não se sabe!

II) Método da Taxa Média de Retorno considerando a venda do imóvel


depois de 10 anos

Itens do processo de cálculo Critérios de Valores em


cálculo R$ 1,00
Total das Entradas conforme fluxo
descontado, acima A 215.280,90
Quantidade de anos B 10
Fluxo Líquido Médio (média anual) C = A/B 21.528,09
Investimento Inicial D 177.000,00
Taxa Média de Retorno média anual E = C/D 12,16%

Neste exemplo, o retorno médio anual do investimento apresenta um percentual


um pouquinho superior aos investimentos em CDBs. Mesmo se tratando de um
“papel” de banco de primeira linha, parece ser mais vantajoso aplicar na compra do
apartamento.

Qual terá sido a decisão deste investidor?


Não se sabe!

III) Valor Presente Líquido (VPL) ou Valor Atual Líquido,

Valor Presente ou Valor Atual Líquido é a diferença entre o valor atual das
entradas e o valor atual das saídas. Conhece-se esta diferença aplicando a taxa de
desconto escolhida pelo investidor. Neste caso, o parâmetro de comparação é a
taxa de juros de 12% ano.

Então os fatores de desconto e o resultado de sua aplicação são:

Juros Valor
Fluxo de
Anos de 12% Fatores Presente
Caixa
ao ano dos fluxos
0 1,000000 (177.000,00) (177.000,00)
1 1,000000 1,12 0,892857 9.600,00 8.571,43

21
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

2 0,892857 1,12 0,797194 10.272,00 8.188,78


3 0,797194 1,12 0,711780 10.991,04 7.823,20
4 0,711780 1,12 0,635518 11.760,41 7.473,95
5 0,635518 1,12 0,567427 12.583,64 7.140,30
6 0,567427 1,12 0,506631 13.464,50 6.821,53
7 0,506631 1,12 0,452349 14.407,01 6.517,00
8 0,452349 1,12 0,403883 15.415,90 6.226,22
9 0,403883 1,12 0,360610 16.494,59 5.948,11
10 0,360610 1,12 0,321973 17.649,21 5.682,57
10 0,360610 1,12 0,321973 450.000,00 144.887,85
Lucro 38.280,94

As demais alternativas de cálculo: IV) - Índice de Rentabilidade ou de


Lucratividade e V) - Taxa Interna de Retorno (TIR); são dispensáveis no caso
presente porque o investidor já conta com, no mínimo, 12% de rentabilidade, ao
ano.

Qual terá sido a decisão deste investidor?


Vamos adivinhar.

A decisão baseia-se na existência de oportunidades de investimento no mercado


financeiro (CDB) à taxa fixa de 12% ao ano. Diante destes cálculos e considerando
os riscos inerentes ao negócio de alugar um apartamento, o nosso investidor optou
por comprar CDB e não se preocupar com os riscos de alugar um apartamento e
respectiva administração.

9.2 Segundo Exemplo

Seu primo decide investir em uma perua especial para o transporte de pessoas de
Cumbica até Congonhas e vice-versa. Pede sua opinião. Você lhe requer
informações sobre ENTRADAS E SAÍDAS DE CAIXA e o ajuda a elaborar o Orçamento
de Caixa do qual serão conhecidos os fluxos anuais. No final, com as informações
fornecidas pelo seu primo, fica pronto o Orçamento de Caixa que revela os
seguintes dados:
Valor da Perua (Investimento) = R$ 86.000,00
Vida útil = 6 anos
Valor residual após 6 anos de uso - R$ 14.000,00
Custo de Capital: 11% ao ano
Fluxos de Rendas Líquidas conforme Orçamento de Caixa
1º ano R$ (5.000,00)
2º ano R$ 42.000,00
3º ano R$ 31.000,00
4º ano R$ 24.000,00
5º ano R$ 23.000,00
6º ano R$ 12.000,00
22
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Calcule, agora, os seguintes instrumentos que ajudarão, tecnicamente, a tomar a


decisão correta: a) Payback 1 pelos valores nominais; b) Payback 2 pelos valores
descontados; c) a Taxa Média de Retorno; d) Índice de Lucratividade do Projeto; e)
Valor Presente Líquido (NPV); e e) Taxa Interna de Retorno (IRR) e opine se
convém fazer o investimento que seu primo pretende.

Respostas:

a) Payback 1

(- 5.000,00 + 42.000,00 + 31.000,00 + 24.000,00 + 23.000,00 +12.000,00 +


14.000,00) = 144.000,00 / 6 anos = 23.500,00 de fluxo médio de entrada anual.
Portanto 86.000,00 / 23.500,00 = 3,66 anos ou 44 meses.

Conclusão: projeto aprovado porque o investimento inicial e as despesas


operacionais serão recuperados em 3,66 anos. Os demais anos, até o 6º, gerarão
lucro.

b) Payback 2

Juros Valor
Fluxo de
Anos de 12% Fatores Presente
Caixa
ao ano dos fluxos
0 1,000000 86.000,00
1 1,000000 1,11 0,900901 (5.000,00) (4.504,50)
2 0,900901 1,11 0,811622 42.000,00 34.088,14
3 0,811622 1,11 0,731191 31.000,00 22.666,93
4 0,731191 1,11 0,658731 24.000,00 15.809,54
5 0,658731 1,11 0,593451 23.000,00 13.649,38
6 0,593451 1,11 0,534641 26.000,00 13.900,66 (12.000,00+14.000,00)
SOMA 95.610,16
Média anual dos Fluxos de Caixa 15.935,03
Tempo de retorno, em anos, do investimento pelos fluxos
de caixa descontados 5,40
Tempo de retorno, em meses. 64,76

Conclusão: projeto aprovado por que:


(i) o investimento inicial;
(ii) as despesas operacionais; e
(iii) o custo de capital de 11% ao ano
... serão recuperados em 65 meses restando, ainda 7 meses que gerarão somente
lucro excedente.

23.500,00 23.500,00
c) Taxa média de retorno = ---------------- = -------------- = 0,55 ou 55%
86.000,00 / 2 43.000,00
23
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Conclusão: O investidor não forneceu o parâmetro mínimo de taxa média de


retorno que lhe convém. Logo, a taxa média de retorno deste projeto (55%) para
nada serve, pois não tem com o que compará-la, nem com a taxa média de retorno
de um projeto alternativo e nem com a taxa média de retorno que o investidor
desejaria obter.

96.610,11
d) Índice de Lucratividade do projeto = --------------- = 1,1117 ou 11,17%
86.000,00

Conclusão: projeto aprovado porque gera lucro de 0,17% acima do custo de capital
de 11% de juros anuais estabelecidos pelo investidor.

e) Valor Presente Líquido dos fluxos de caixa = R$ 9.610,16

Usando a calculadora eletrônica

mode 4 shift fc/AC


- 86.000,00 CF0
- 5.000,00 CF1
42.000,00 CF2
31.000,00 CF3
24.000,00 CF4
23.000,00 CF5
26.000,00 CF6
11% i%
NPV = 9.610,16

Conclusão: projeto aprovado porque gera lucro de R$ 9.610,16 que excede os 11%
de juros anuais estabelecidos pelo investidor como sendo seu custo de capital.

f) Taxa Interna de Retorno deste projeto = 14,31%.

Usando a calculadora eletrônica

mode 4 shift fc/AC


- 86.000,00 CF0
- 5.000,00 CF1
42.000,00 CF2
31.000,00 CF3
24.000,00 CF4
24
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

23.000,00 CF5
26.000,00 CF6
IRR = 14,32%
Confirmação > NPV = 0

Conclusão: projeto aprovado porque a TIR sendo de 14,32% ao ano supera o custo
de capital de 11% ao ano.

9.3. Terceiro Exemplo

Você foi ao banco e disse ao gerente que gostaria de aplicar uma quantia tal que
lhe permitisse retirar, mensalmente, durante 12 meses, o valor de R$ 10.000,00.
Ele disse que seria possível e que pagaria juros fixos de 2% ao mês. Diga qual é o
valor do investimento inicial e prove por que.

Resposta: o valor do investimento inicial para que você consiga o que pretende é
de R$ 105.753,41.

Cálculos:

Fluxo de
Juros
Caixa a
Anos Saídas de 2% Fatores
valor
ao mês
presente
0 - 1,000000 -
1 10.000,00 1,02 0,980392 9.803,92
2 10.000,00 1,02 0,961169 9.611,69
3 10.000,00 1,02 0,942322 9.423,22
4 10.000,00 1,02 0,923845 9.238,45
5 10.000,00 1,02 0,905731 9.057,31
6 10.000,00 1,02 0,887971 8.879,71
7 10.000,00 1,02 0,870560 8.705,60
8 10.000,00 1,02 0,853490 8.534,90
9 10.000,00 1,02 0,836755 8.367,55
10 10.000,00 1,02 0,820348 8.203,48
11 10.000,00 1,02 0,804263 8.042,63
12 10.000,00 1,02 0,788493 7.884,93
120.000,00 105.753,41

Então, para você poder retirar R$ 10.000,00 por mês é necessário aplicar, de
imediato, R$ 105.753,41.

Prova

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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

Juros de 2%
Retiradas Saldo credor
Anos sobre o saldo Saldo Inicial
mensais restante
credor

0 0 105.753,41 - 105.753,41
1 2.115,07 107.868,48 10.000,00 97.868,48
2 1.957,37 99.825,85 10.000,00 89.825,85
3 1.796,52 91.622,36 10.000,00 81.622,36
4 1.632,45 83.254,81 10.000,00 73.254,81
5 1.465,10 74.719,91 10.000,00 64.719,91
6 1.294,40 66.014,31 10.000,00 56.014,31
7 1.120,29 57.134,59 10.000,00 47.134,59
8 942,69 48.077,28 10.000,00 38.077,28
9 761,55 38.838,83 10.000,00 28.838,83
10 576,78 29.415,61 10.000,00 19.415,61
11 388,31 19.803,92 10.000,00 9.803,92
12 196,08 10.000,00 10.000,00 (0,00)
120.000,00

9.4. Um Exemplo mais Trabalhado

O projeto prevê o investimento de R$ 100.000,00 com a compra de uma nova


máquina. Tendo sido elaborados o orçamento Operacional e o orçamento de Caixa
deste projeto (vendas, custos de produção, despesas operacionais, despesas de
financiamento da máquina por intermédio do FINAME; prazos para pagamento de
fornecedores, impostos, salários e encargos vis-à-vis com os prazos de recebimento
das vendas etc.), resultou, ao final, a geração de um fluxo de caixa positivo de R$
35.000,00 por ano, durante 5 anos. A depreciação será de 10% ao ano de forma
que, ao final do quinto ano, haverá valor residual de 50% do valor investido. Os
impostos federais sobre o lucro (Imposto de Renda e Contribuição Sobre o Lucro
Líquido) foram estimados em 25%.

Pergunta-se: qual é o valor atual deste projeto se o custo médio de capital é de 10%
ao ano? - Você aprovaria este projeto? - Por quê?

RESPOSTAS:

1. O valor atual deste projeto considerando o custo médio de capital de 10% ao


ano é de R$ 137.208,82.

2. Sim, aprovaria este projeto.


3. Aprovaria este projeto, porque ele “se paga” em menos de 5 anos, deixa uma
renda excedente ao custo médio de capital de R$ 8.985,12 e ainda conta com
o retorno de R$ 28.223,70 pela venda da máquina já usada e depreciada.

26
CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)

4. Por fim, aprovaria este projeto porque a TIR (IRR), considerando apenas as
rendas obtidas antes da venda da máquina usada, é 9,44% acima do custo
médio de capital definido como sendo de 10l% ao ano. Por sua vez, a TIR
obtida, considerado valor residual da máquina é de 17,12% acima do custo
médio do capital.

Veja cálculos

SAÍDAS Taxa de Desconto ENTRADAS


Tributos
Valor Valor atual
ANOS Federais Juros de líquido
Investi - atual dos Valor Valor
(veja 10% ao Fatores anual
mento Tributos Nominal Atual
cálculo ano
Federais
abaixo)
(a) (b) (c) (d) (e) (f) = (fn/e) (g) (h) (i) = (h-d)
0 100.000,00 1,000000
1 - 6.250,00 5.681,82 1,10 0,909091 35.000,00 31.818,18 26.136,36
2 - 6.250,00 5.165,29 1,10 0,826446 35.000,00 28.925,62 23.760,33
3 - 6.250,00 4.695,72 1,10 0,751315 35.000,00 26.296,02 21.600,30
4 - 6.250,00 4.268,83 1,10 0,683013 35.000,00 23.905,47 19.636,64
5 - 6.250,00 3.880,76 1,10 0,620921 35.000,00 21.732,25 17.851,49
5 Valor residual da máquina 1,10 0,564474 50.000,00 28.223,70 28.223,70
SOMA 137.208,82

Cálculo da Taxa Interna de Retorno


Cálculo dos Tributos Federais IRR

Tributos
Renda Valor Atual
Federais Introduzir na
conforme Deprecia Renda dos fluxos
ANOS estimados ANOS calculadora
fluxo de - ção Tributável de caixa
em 25% da eletrônica
caixa líquidos
renda
0 - 0 (100.000,00) CF0
1 35.000,00 10.000,00 25.000,00 6.250,00 1 31.818,18 CF1
2 35.000,00 10.000,00 25.000,00 6.250,00 2 28.925,62 CF2
3 35.000,00 10.000,00 25.000,00 6.250,00 3 26.296,02 CF3
4 35.000,00 10.000,00 25.000,00 6.250,00 4 23.905,47 CF4
5 35.000,00 10.000,00 25.000,00 6.250,00 5 21.732,25 CF5
5 5 28.223,70 CF5

IRR só com as rendas anuais = 9,44% # NPV = 0


IRR considerando o valor residual da máquina = 17,12% # NPV = 0

FIM

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