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1. Fundo de Comércio
1.1. Conceitos de Fundo de Comércio.
1.2. Explicitação do que o Fundo de Comércio representa
1.3. Contabilização do Fundo de Comércio
1.4. Dificuldades para conhecer o valor do Fundo de Comércio
1.5. Juros compensatórios
2. O lucro como elemento determinante para avaliar o Fundo de
Comércio da empresa.
3. Conceitos, Critérios e alguns Cálculos de Avaliação de Fundo de
Comércio.
a) Comentário Introdutório
b) Fundamentação Teórica e Fórmula para calcular o Fundo de
Comércio com base no Fluxo de Caixa Descontado
c) Estudo de um caso real
4. Outras formas usadas para avaliar uma empresa em condições de
normalidade e PERPETUIDADE.
4.1. Pelo método Americano EBITDA (erning before interest, taxes,
depreciation and amortization);
4.2. Pelo método de capitalização de lucros líquidos futuros;
4.3. Pelo método de capitalização de lucros líquidos do passado mais (+)
despesas com propaganda e publicidade.
4.4. Perpetuidade: conceito e cálculos.
5. Outros exemplos de cálculo do valor do Fundo de Comércio.
6. O Valor do Fundo de Comércio de Empresas de Pequeno Porte –
EPPs e de Microempresas como Farmácias, Padarias, Postos de
Gasolina, Mercadinhos, Pizzarias e etc.
7. O Valor do Fundo de Comércio de uma Sociedade Anônima de
Capital Aberto.
1. Fundo de Comércio
forma que a empresa vale a soma do valor de seu AOL composto, que é, por bens,
direitos e obrigações demonstrados em seu Balanço Patrimonial – MAIS – o valor
atribuído ao seu Fundo de Comércio. Ou seja, MAIS sua capacidade de gerar
lucros futuros. Esta questão não é objeto de controvérsias. As controvérsias surgem
no momento em que se escolhe um, entre vários métodos existentes, para calcular
estimativamente, o valor do Fundo de Comércio, ou seja, o valor do “goodwill”.
Este tema é notório exatamente por causa das várias propostas apresentadas, ao
longo de quase um século, sobre as formas de calcular o valor deste bem imaterial.
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
(2)
Entende-se como Lucro Excedente a diferença entre o lucro da empresa apurado, digamos nos
últimos três anos e o que poderia ser obtido aplicando o mesmo Ativo Operacional Líquido
(AOL) em títulos do Tesouro Nacional, conhecidos como “Tesouro Direto”.
(3)
Entende-se como Lucro Normal a renda que pode ser obtida aplicando um capital, um AOL
sem risco. Por exemplo, aplicação financeira em títulos do Tesouro Nacional ou em Caderneta
de Poupança.
Quando este trabalho de ajustar os saldos das contas que compõem o Patrimônio
Líquido contábil acontece em ambiente forense e é feito:
(a) por determinação judicial e
(b) por um perito contador, ...
...recebe o nome de Balanço de Determinação.
Nos casos de falência o Patrimônio Líquido Ajustado será apresentado pelo seu
Valor de Liquidação (fechamento da empresa).
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Logo:
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maior que o valor líquido dos bens tangíveis. Esta situação, em que o Fundo de
Comércio vale mais que os bens físicos; é comumente observado nas empresas
prestadoras de serviços e corretoras. E por quê? – R.: porque o que leva ao
fechamento de negócios e geração de lucros, nessas empresas, é networking de
seus sócios.
A resposta às questões “a”, “b” e “c” está relacionada com a confiabilidade das
fontes de informação e com a credibilidade atribuída às informações obtidas pela
pericia. Já a resposta para as perguntas “d” e “e” está relacionada com a capacidade
técnica do avaliador (do perito contador, no nosso caso) de escolher uma taxa de
desconto e uma taxa de juros, ambas, em linha com o que se espera que aconteça
no futuro, no momento presente.
Explicando: o momento presente é aquele em que o perito contador está
trabalhando e o futuro é estimado para um tempo que varia, geralmente,
de 3 (três) ou 5 (cinco) anos. Assim sendo, os cálculos feitos no passado
o foram com base na expectativa que se tinha àquela época e os cálculos
que serão feitos daqui a alguns anos (daqui a cinco anos, por exemplo) o
serão com base em expectativas inimagináveis no momento presente.
Para nós, peritos contadores, a verdade que se busca com o uso de nossos
conhecimentos diz respeito à situação em que um sócio retirante, dissidente ou os
herdeiros do sócio falecido, quando recorrem ao Poder Judiciário para que arbitre o
Valor Justo de seus haveres, terá sido exatamente porque não confiou nas ...
(7)
Esta taxa de desconto ou taxa de juros, que é conhecida pelo nome de “custo de capital” e, às
vezes, pelo nome de “custo de oportunidade”, corresponde ao percentual que o investidor espera
diante da oportunidade de aplicar seus recursos na aquisição da empresa ou parte dela. Então,
para evitar celeumas em casos de avaliações no âmbito da Justiça, o “custo de oportunidade”
pode ser representado pela taxa SELIC.
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... Demonstrações Contábeis usadas pela Administração, na fase extra judicial, para
atribuir valor aos seus haveres. É isso!
Diante desta situação real e tendo que atribuir um valor ao Fundo de Comércio
como em casos de: (a) separação, dissidência, afastamento ou falecimento de
sócios; (b) separação de cônjuges em face aos bens adquiridos na constância do
casamento (aquestos) (c) venda, cisão, fusão ou incorporação de empresa por
decisão judicial; (d) despejo da empresa por decisão governamental em
atendimento ao interesse público; (e) etc.; o Perito:
1. sempre que possível valer-se-á de informações contábeis disponíveis na
empresa avaliada;
2. procederá aos ajustes cabentes de maneira fundamenta e apresentará, como
consequência, o Balanço de Determinação; e
3. elaborará estimativas para conhecer o valor do Fundo de Comércio.
O sócio retirante, não tendo participado das decisões tomadas depois de seu
afastamento, nenhuma responsabilidade tem para com os lucros ou para com os
prejuízos contabilizados depois que seu afastamento. Por outro lado, se lhe
tivessem sido entregues, de pronto, seus haveres, poderia tê-los aplicado em outro
negócio. Logo, devem-lhe ser reconhecidos juros compensatórios.
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Por causa das controvérsias que esta situação gera e, na eventual ausência de
determinação judicial estabelecendo o percentual, o Perito Judicial acrescentará,
em favor do sócio retirante, atualização monetária conforme fatores da Tabela
Prática do Tribunal de Justiça e juros compensatórios à taxa de 1% ao mês.
Afora este fato, sempre existe a possibilidade de o valor do Patrimônio Líquido ter
sido objeto de manipulação para fraudar interesses de sócios ausentes, de
financiadores, do fisco etc. Portanto, as empresas cujas Demonstrações de
Resultado, mesmo depois de serem feitas os ajustes possíveis, apresentam prejuízo
ou um lucro inferior à remuneração proporcionada pelos Títulos do Tesouro
Nacional, NÃO têm Fundo de Comércio.
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Mas, neste caso, para avaliar o Fundo de Comércio da empresa, o Perito Contador
Judicial pode se valer das declarações de Imposto de Renda (IRPJ) e da
Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) e fazer seus cálculos usando esses
dados. Afinal, quem paga IRPJ e CSLL é por que tem lucro. Certo?
a) Comentário introdutório
LE = L – {C [(1 + i) n – 1]}
Onde:
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LE = Lucros Excedentes
L = Média aritmética do lucro dos últimos 3 (três) ou 5 (cinco) anos, devidamente
atualizados monetariamente para a data do Balanço de Determinação.
C = Capital investido, entendido, como tal, o valor total do Patrimônio Líquido
Ajustado da empresa objeto de avaliação, apurado em Balanço de
Determinação, mas pode ser o valor do Ativo Operacional Líquido – AOL
conforme o mesmo Balanço de Determinação. A escolha de uma ou outra
base de cálculo é uma decisão cabente às Partes via formulação de quesitos.
Na ausência de definição prévia das Partes recomenda-se adotar, como base
de cálculo, o valor do Patrimônio Líquido Ajustado apurado em Balanço de
Determinação.
i = Taxa de juros SELIC vigente na época do afastamento do sócio; (8)
n = Período de tempo convencionado para este cálculo: 3 ou 5 anos futuros. (9)
VE = PLA + (LE/i)
Onde:
VE = Valor da Empresa
PLA = Patrimônio Líquido Ajustado conforme Balanço de Determinação,
levantado à data do afastamento do sócio.
LE = Lucro Excedente como acima calculado
i = Taxa de juros SELIC vigente á época do afastamento do sócio (10)
(8) O uso da taxa de juros SELIC vigente à época do afastamento do sócio é uma escolha
adequada pela praticidade e pelo conhecimento incontroverso sobre o que representa no meio
econômico.
(9) A escolha de cinco anos futuros atende à praxe. No âmbito do Poder Judiciário tem-se
praticado este limite seja para conhecer os lucros dos anos passados, como para estimar os
lucros no tempo futuro, mas há exceções bem justificadas e corretamente fundamentadas.
(10) A divisão do LE pela taxa de juros, segundo convenção aceita mundialmente, dá a conhecer
o valor perpétuo do Fundo de Comércio.
Observação: O exemplo abaixo foi extraído de um caso real e, por isso, a estrutura
do Balanço Patrimonial corresponde ao que vigia antes das Leis nºs. 11.638/07 e
11.941/08.
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ATIVO
ATIVO CIRCULANTE
Caixa 1.911,44 - 1.911,44
Bancos conta movimento 1.153,59 (127,50) (a) 1.026,09
Clientes 149.652,11 (35.412,17) (b) 114.239,94
Estoques 361.294,16 (14.231,00) (c) 347.063,16
Antecipação de Impostos 10.100,39 (10.100,39) (d) -
Lucros Distribuídos a pagar 2.311,53 - 2.311,53
Soma 526.423,22 (59.871,06) 466.552,16
ATIVO PERMANENTE
Fundo de Comércio 357.350,05 (357.350,05) (f) -
Imobilizações Técnicas 229.776,53 316.000,00 (g) 545.776,53
(-) Depreciações acumuladas (18.641,73) 18.641,73 (h) -
Bens Intangíveis 4.251,91 (4.251,91) (f) -
Soma 572.736,76 (26.960,23) 545.776,53
ATIVO DIFERIDO
Despesas pré-operacionais 170.434,77 (170.434,77) (i) -
(-) Amortizações (9.580,92) 9.580,92 (i) -
Soma 160.853,85 (160.853,85) -
PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE
Fornecedores 47.769,64 - 47.769,64
Contas a pagar 2.707,79 - 2.707,79
Salários a pagar 3.527,39 832,00 (j) 4.359,39
Previdência e Encargos Sociais a pagar 2.960,96 291,00 (k) 3.251,96
Obrigações Tributárias 5.795,77 2.585,26 (l) 8.381,03
Empréstimos e Financiamentos 283.909,99 22.782,39 (m) 306.692,38
Provisões: de Férias e 13º salário 24.491,59 312,00 (k) 24.803,59
Soma 371.163,13 26.802,65 397.965,78
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PATRIMÔNIO LÍQUIDO
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Despesas Operacionais
Comerciais: com Vendas e Marketing (42.177,29) (45.844,88) (34.750,00) (50.938,76)
Administrativas (20.700,25) (22.500,27) (17.055,00) (25.000,30)
Tributárias (15.041,10) (16.349,02) (12.392,41) (18.165,58)
Financeira (-) receitas financeiras (95.883,52) (104.221,22) (78.998,73) (115.801,35)
Soma (173.802,16) (188.915,39) (143.196,14) (209.905,99)
3ª Parte: calcular o Fundo de Comércio – a taxa de juros de 9% ao ano era a taxa SELIC
vigente no mês dos cálculos
Taxa de juros de 9% ao ano
Lucros contábeis ajustados (Resultados) - Nota: só quando a média dos resultados
(média aritmética dos últimos 3 anos) 161.473,56 for um lucro existe goodwill
Capital Investido igual ao Patrimônio
Líquido Ajustado, conceito diferente de
Ativo Operacional Líquido 428.698,72
Juros de 9% ao ano capitalizados por 3 anos [(1 + 0,09)^3 - 1] (taxa SELIC adotada neste caso)
[1,295029 - 1]
29,50%
Lucros Normais >>>>>>>>>>> 126.466,12
Lucros Excedentes >>>>>>>>> 35.007,43 (161.473,56 – 126.466,12)
Valor do Fundo de Comércio ou goodwill 388.971,49 (35.007,43 dividido por 9%)
Soma do Patrimônio Líquido com o
Valor da empresa 817.670,21 Fundo de Comércio calculado sobre o
Patrimônio Líquido Ajustado
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PASSIVO CIRCULANTE
Fornecedores 47.769,64 - 47.769,64
Contas a pagar 2.707,79 - 2.707,79
Salários a pagar 3.527,39 832,00 4.359,39
Previdência e Encargos Sociais a pagar 2.960,96 291,00 3.251,96
Obrigações Tributárias 5.795,77 2.585,26 8.381,03
Provisões: de Férias e 13º salário 24.491,59 312,00 24.803,59
TOTAL DO PASSIVO OPERACIONAL 87.253,14 4.020,26 91.273,40
ATIVO OPERACIONAL LÍQUIDO 653.469,66 262.336,57 915.806,23
06.09.2004
31/12/2004
31/12/2002 31/12/2003 (resultado de 249
projetado
dias)
Receita Bruta 576.491,30 626.620,98 474.972,98 696.245,53
(-) Deduções de Venda (87.440,14) (95.043,63) (72.042,20) (105.604,03)
Receita Líquida 489.051,17 531.577,35 402.930,78 590.641,50
(-) Custo dos Produtos Vendidos (150.992,43) (164.122,20) (124.403,13) (182.358,00)
Lucro Bruto 338.058,74 367.455,15 278.527,65 408.283,50
Despesas Operacionais
Comerciais: com Vendas e Marketing (42.177,29) (45.844,88) (34.750,00) (50.938,76)
Administrativas (20.700,25) (22.500,27) (17.055,00) (25.000,30)
Tributárias (15.041,10) (16.349,02) (12.392,41) (18.165,58)
Soma (77.918,64) (84.694,17) (64.197,41) (94.104,64)
RESULTADO OPERACIONAL 260.140,10 282.760,98 214.330,24 314.178,87
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
Outra consideração importante é que quanto menor for a taxa de juros usada como
divisor, menor será a exigência de Lucros Normais. Logo, maior será o valor do
Fundo de Comércio. Hipotetizando, para o caso acima, que a taxa de juros seja de
5% ao ano teríamos:
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4.1. Sistema Americano EBITDA (Erning before interest, taxes, depreciation and
amortization) = LAJIDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e
amortização).
Como se vê, o EBITDA obtido como acima referido, elimina os custos e despesas
que não movimentaram o caixa (depreciação e amortização) e também as receitas e
as despesas não operacionais. Os juros são considerados como despesa não
operacional dentro do entendimento que se a empresa foi à busca de financiamento
bancário é porque os sócios não fizeram os aportes de capital suficientes para
atender às necessidades de capital de giro.
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
Demonstração de Resultado
1 Receita de Vendas (liquida de impostos) 100.000.000,00
2 (-) Custo das Mercadorias Vendidas 65.000.000,00
3 LUCRO BRUTO 35.000.000,00
4 Despesas Operacionais
4.1 Com Vendas (inclusive comissões) 15.000.000,00
4.2 Administrativas e de funcionamento 7.000.000,00
4.3 Financeiras 4.500.000,00
5 Receitas não operacionais 2.500.000,00
6 Depreciações e Amortizações 550.000,00
6 Provisão para IRPJ e CSLL 4.500.000,00
7 LUCRO LÍQUIDO 5.950.000,00
8 Lucro Operacional (usa-se para conhecer o valor do EBITDA)
8.1 Lucro Líquido 5.950.000,00
8.2 (+) Despesas Financeiras 4.500.000,00
8.3 (+) Provisão para IRPJ e CSLL 4.500.000,00
8.4 (+) Depreciações e Amortizações 550.000,00
8.4 (-)Receitas não operacionais (2.500.000,00)
LUCRO OPERACIONAL ou seja: EBITDA = LAJIDA 13.000.000,00
A base de cálculo do valor da empresa é o EBITDA
Suponhamos que o EBITDA acima seja a média dos últimos 5 (cinco) anos
Calcular o valor da empresa
EBITDA 13.000.000,00
Taxa SELIC ao ano 6,50%
Quantidade de anos futuros 5
Fator para juros (6,5% elevado à 5ª potência) 1,37087
CÁLCULO: 13.000.000,00*1,37087 17.811.127,00
Valor da empresa
Atualmente o EBITDA é objeto de críticas e não é mais usado para avaliar uma
empresa. A principal crítica é não poder ser aplicado a toda e qualquer empresa
porque, ao desconsiderar a depreciação e a amortização estará se “esquecendo” que
os bens de produção deverão ser substituídos, seja pelo desgaste, como pelo
avanço das tecnologias de produção.
Vejamos:
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
(1+i)n –1
W = K + ------------- * R – ( i1 * k)
i*(1+i)n
Onde:
W = valor da empresa
K = valor do Patrimônio Líquido Ajustado conforme Balanço de
Determinação
i = percentual ou taxa de lucro líquido estimado para o setor da economia
nacional onde se insere a empresa objeto de avaliação. Convém que este
percentual seja obtido junto a uma entidade de classe como, por exemplo,
a FIESP ou algum órgão oficial com credibilidade junto ao mercado.
i1 = taxa de juros da economia como, por exemplo, SELIC ou taxa de juros
possível de ser obtida em aplicações de capital em títulos do Tesouro
Direto com taxa pré fixada.
n = quantidade de períodos (anos) considerados
R = média aritmética dos resultados (lucros e prejuízos) dos últimos 5 anos
CÁLCULOS
(1+i)n –1 Onde:
Fator para o lucro = --------------- = i = 6% ao ano e
i*(1+i)n n = 5 anos
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(1+i)n –1
W = K + ------------- * R – ( i1 * k)
i* (1+i)n
Outra forma usada para conhecer o valor da empresa é conhecida como método de
capitalização dos lucros futuros. Usando os mesmos dados do exemplo
precedente, vejamos como se faz esse cálculo.
Valor da empresa
4.3. Pelo método de capitalização de lucros líquidos do passado mais (+) despesas
com propaganda e publicidade.
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
==========================================================
1. Conceito:
Ao aplicarmos o método matemático do Fluxo de Caixa Descontado à avaliação
de empresas, em casos de apuração de haveres, devemos considerar duas situações:
(a) a avaliação visa atender ao encerramento das atividades da empresa, ou
seja, à sua liquidação; e...
(b) a avaliação é feita para uma empresa em funcionamento.
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
Entendemos que na opção (a) não existe um fundo de comércio porque a empresa
deixou ou deixará de funcionar assim que for definitivamente fechada pelo
administrador judicial. Logo, o cálculo do valor do Fundo de Comércio e de sua
Perpetuidade se aplica somente aos casos (b) em que as empresas encontram-
se em continuidade.
No que tange à quantidade de anos futuros não existe uma regra que determine
qual seria o período ideal para prever os lucros futuros. Em alguns cálculos
apresentados neste livro, usei o primeiro ano como ano base e os demais quatro
anos como estimativa, ou seja, calculei imaginando 4 (quatro) anos futuros; nem
três e nem cinco. Atualmente tenho usado 5 (cinco) anos futuros. Esta quantidade
de anos está mais alinhada com a jurisprudência dominante. MAS, o que se
esperar depois do 5º (quinto) ano? É para responder a esta pergunta que a ciência
econômica desenvolveu o conceito de perpetuidade. A preocupação da ciência
econômica tem sentido. Basta lembrar que a Faber Castell foi fundada em 1761 e
opera viçosamente, nos dias atuais, ou seja, depois de 260 anos de vida continua
gerando lucros para seus sócios.
Por outro lado, para uma empresa em continuidade, temos que imaginar que ao
final do 5º ano não se esgotam suas possibilidades de gerar lucro além de que, terá
um valor residual porque os bens que compõem seu Patrimônio Líquido, com
destaque para o Ativo Imobilizado representado por prédios, máquinas, terras e
outros bens físicos, têm valor de mercado por muito anos, talvez para sempre.
Muito bem, mas quais são as variáveis necessárias para calcular o Fundo de
Comércio e sua Perpetuidade?
Resposta:
1ª variável: o lucro médio dos últimos 5 (cinco) anos. O lucro de cada ano deve
ser atualizado monetariamente até a data da propositura da ação em Juízo. Há
peritos contadores judiciais que trabalham com a média dos últimos 3 (anos).
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
Exemplo:
Valores em Reais
%
Fator de
Lucro Lucro Contábil Crescimento
Ano Atualização
Contábil Atualizado anual do
Monetária
lucro
0 690.000,00 1,000000 690.000,00
1 700.000,00 1,020000 714.000,00 3,48%
2 730.000,00 1,050000 766.500,00 7,35%
3 745.000,00 1,080000 804.600,00 4,97%
4 760.000,00 1,110000 843.600,00 4,85%
5 770.000,00 1,130000 870.100,00 3,14%
3.998.800,00 23,79%
Média aritmética do lucro atualizado
799.760,00 4,76%
dos últimos 5 anos
A grande vantagem de usar uma dessas duas taxas é que ambas contém, em sua
composição, tanto a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto),
com a expectativa de inflação e evita cálculos complexos indicados pela
“administração financeira” que ponderam custos de capital próprio, custo de
capital de terceiros, este, diferente para fornecedores e financiadores; taxa de risco
do ramo do negócio, taxa de risco Brasil e ß (beta); ou seja, um percentual que
representa a taxa estimada de crescimento do lucro da empresa segundo a
expectativa de crescimento do ramo de negócios em que se enquadra.
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
Exemplo:
Valores em Reais
Valor Presente
Anos Fatores de
Taxa de desconto dos lucros
Futuros desconto
futuros
Lucro Médio base para calcular o Fundo 799.760,00
de Comércio
Valor da Perpetuidade
Anos Fator de desconto
Perpetuidade descontada
0 - 1,000000 -
1 5.143.862,72 1,097600 4.686.463,85
2 5.143.862,72 1,204726 4.269.737,47
3 5.143.862,72 1,322307 3.890.066,94
4 5.143.862,72 1,451364 3.544.157,20
5 5.143.862,72 1,593017 3.229.006,19
6 5.143.862,72 1,748496 2.941.878,82
7 5.143.862,72 1,919149 2.680.283,18
8 5.143.862,72 2,106458 2.441.948,96
9 5.143.862,72 2,312048 2.224.807,73
10 5.143.862,72 2,537704 2.026.974,97
11 5.143.862,72 2,785384 1.846.733,76
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
4ª variável: partindo sempre do conceito de que o último lucro que, no nosso caso,
ocorrerá ao 5º ano futuro, se repetirá eternamente (perpetuamente), ou seja: R$
626.632,89; podemos calcular a Perpetuidade como segue:
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Conclusão matemática:
Quanto menor a taxa de desconto maior será o valor do Fundo de Comércio.
5ª variável
A quinta variável corresponde à ideia que as Partes têm sobre a quantidade de anos
que esperam que o lucro, realmente, se mantenha – ou seja: as Partes entendem
como algo normal considerar que esse lucro não seja exatamente perpétuo, mas
que ocorra por um tempo futuro considerado razoável por elas. Esta situação surge
nas empresas limitadas, nas sociedades anônimas de capital fechado, nas empresas
familiares e nas empresas cujo fundo de comércio é conceituado como
personalíssimo.
Nestes tipos de empresas sempre está presente a insegurança sobre:
(i) a sucessão,
(ii) quem dirigirá a empresa na falta de seu fundador ou de seu atual
presidente,
(iii) o surgimento de novas tecnologias que ameaçam a atual,
(iv) a entrada de concorrentes,
(v) etc.
As Partes consideram, então, de bom tom, fixar uma quantidade de anos futuros e
limitar a perpetuidade a esse parâmetro. Partindo novamente do conceito de que o
último lucro que, no nosso exemplo, ocorrerá ao 5º ano futuro, se repetirá pelos
próximo 10 (dez) anos – além dos 5 (cinco) anos já considerados no cálculo do
Fundo de Comércio – totalizando, pois, 15 (quinze) anos, encontramos o Valor
Residual da empresa.
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Cálculos:
Calculando:
Base de cálculo 502.041.00
Taxa perpetuidade 9,76%
Perpetuidade 5.143.862,70 descartada
Lucro nos 10 anos futuros além do 5
anos do Fundo de Comércio
5.020.410,00 = C11/D9
B) CÁLCULO do VALOR RESIDUAL da empresa COM crescimento anual do lucro líquido de 4,76%
Período
estimado para
Valor do lucro no 5º Taxa de Crescimento % de Desconto para Fator de Crescimento
geração do
ano futuro Desconto anual calcular a Perpetuidade em 10 anos
lucro, em 10
anos.
626.632,89 9,76% 4,76% 5,00% 1,592043 0,10
Calculando:
Base de cálculo 626.632,89
Taxa perpetuidade 5,00%
Perpetuidade 11.773.381,20 descartada
{502.041,00+(502.041,00
Lucro nos 10 anos futuros além do 5
8.494.740,60 *
anos do fundo de comércio
1,592043)/0,10
Anos Crescimento
Anual Fatores anuais
1 1,047600 1,047600
2 1,047600 1,097466
3 1,047600 1,149705
4 1,047600 1,204431
5 1,047600 1,261762
6 1,047600 1,321822
7 1,047600 1,384741
8 1,047600 1,450654
9 1,047600 1,519705
10 1,047600 1,592043
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Outra forma de o Perito Contador Judicial atender à determinação judicial para que
calcule o Fundo de Comércio pelo prazo determinado de 10 (dez) anos, pode ser a
seguinte:
DECISÃO JUDICIAL para que o Fundo de Comércio seja calculado por 10 anos somente.
Ou seja: descartou o cálculo do lucro perpétuo
Lucro Perpétuo SEM crescimento "beta" Lucro Perpétuo COM crescimento "beta" de 4,76%
Fator de Fator de
Anos Valor Anos Valor
Desconto Desconto
0 799.760,00 0 799.760,00
1 (1+9,76%)^1 1,097600 728.644,31 1 (1+(9,76-4,76)%)^1 1,050000 761.676,19
2 (1+9,76%)^2 1,204726 663.852,33 2 (1+(9,76-4,76)%)^2 1,102500 725.405,90
3 (1+9,76%)^3 1,322307 604.821,73 3 (1+(9,76-4,76)%)^3 1,157625 690.862,76
4 (1+9,76%)^4 1,451364 551.040,20 4 (1+(9,76-4,76)%)^4 1,215506 657.964,53
5 (1+9,76%)^5 1,593017 502.041,00 5 (1+(9,76-4,76)%)^5 1,276282 626.632,89
6 (1+9,76%)^6 1,748496 457.398,87 6 (1+(9,76-4,76)%)^6 1,340096 596.793,23
7 (1+9,76%)^7 1,919149 416.726,38 7 (1+(9,76-4,76)%)^7 1,407100 568.374,50
8 (1+9,76%)^8 2,106458 379.670,53 8 (1+(9,76-4,76)%)^8 1,477455 541.309,05
9 (1+9,76%)^9 2,312048 345.909,74 9 (1+(9,76-4,76)%)^9 1,551328 515.532,43
10 (1+9,76%)^10 2,537704 315.151,00 10 (1+(9,76-4,76)%)^10 1,628895 490.983,26
Valor do Fundo de Comércio 4.965.256,10 Valor do Fundo de Comércio 6.175.534,73
E por quê?
Mas não nos esqueçamos do que estabelece o Art. 607. A data da resolução e o
critério de apuração de haveres podem ser revistos pelo juiz, a pedido da parte, a
qualquer tempo antes do início da perícia.
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
Neste exemplo, trabalhou-se com a linha do Lucro Líquido e a ela foram somadas
algumas despesas:
i) Foi somada a Depreciação do Ativo Imobilizado porque não representa
uma saída de caixa;
ii) Foi somado o valor pago a título de juros passivos porque a decisão de
como financiar o capital de giro da empresa corresponde à vontade e
inteligência dos atuais administradores. Caso a empresa venha ser
vendida, os novos administradores poderão adotar outras políticas de
financiamento do capital de giro aumentando ou diminuindo a despesa
com juros passivos;
iii) Foram excluídos os juros passivos porque não operacionais;
iv) Nos casos em que a avaliação da empresa é feita para fins de negociação
as rendas pagas aos sócios e diretores (lucros, dividendos, benefícios,
pró-labores exagerados, etc.) devem ser somadas ao lucro líquido, pois
não se sabe qual será a política de remuneração que os novos
proprietários adotarão.
Portanto, ao somarmos estas despesas ao Lucro Líquido, este lucro será
majorado.
No que tange ao IRPJ e CSLL, nos casos de empresas que apuram seu lucro
pelo regime de lucro real, é necessário ajustar essa despesa em face dos ajustes
acima mencionados. Quando se tratar de empresa tributada pelo lucro
presumido, nenhum ajuste será necessário a título de IRPJ e CSLL porque a
base de cálculo do lucro tributário é uma estimativa feita conforme critérios e
parâmetros definidos pela Receita Federal do Brasil.
Critérios:
1. Conhecer os Lucros antes da depreciação e antes das despesas financeiras
dos 5 (cinco) anos passados. Havendo prejuízos, calculá-los pelo mesmo
critério, ou seja, antes da depreciação e antes das despesas financeiras.
Considerá-los – com sinal invertido - como integrantes do cálculo;
2. Proceder à sua atualização monetária;
3. Calcular a média aritmética desses Lucros – L – ajustados e atualizados;
4. Multiplicar esta média aritmética por 3 (três) anos futuros, mas podem ser 5
(cinco) anos;
5. Aplicar-lhe juros capitalizados à taxa SELIC (ao ano) disponível no dia do
cálculo, mas poderia ser a TJLP vigente no trimestre em que ocorreu a saída
do sócio;
6. O resultado obtido com este critério corresponde ao valor do Fundo de
Comércio.
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L
Fórmula: FC = -------- *n * (1 + i)n onde:
na
FC = Fundo de Comércio
L = Lucros ajustados dos últimos 5 (cinco) anos atualizados monetariamente
na = quantidade de anos correspondentes aos lucros do passado: 5
n = quantidade de anos futuros: 3, mas podem ser 5
i = Taxa SELIC ao ano vigente na data do cálculo, mas poderia ser a TJLP ou uma
taxa de desconto definida pelas Partes quando da formulação de quesitos à
perícia. Por exemplo: 11,75% ao ano.
NOTA: lembremos que quanto menor a taxa de desconto
maior será o valor do Fundo de Comércio.
Cálculos:
FC = 2.284.019,36 [(545.551,72*3)*1,395541]
Caso "n" fosse igual a 5 anos como a quantidade de anos usados para conhecer a média dos lucros
líquidos, teríamos:
FC = 4.753.829,42 [(545.551,72*5)*1,742760]
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CONTABILIDADE INSTRUMENTAL PARA PERITOS – Prof. Remo Dalla Zanna (MS)
Neste tipo de cálculo o valor dos Juros Compensatórios visa substituir o Valor da
Perpetuidade ou o Valor Residual. Mas há quem advogue que essas verbas são
cumulativas. Tudo é uma questão de convencimento do MM. Juiz que sentenciará o
que for de Direito.
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segurança, a forma de pagar dos clientes tem relação direta com a necessidade de
capital de giro da empresa. Essas variáveis todas são objeto de avaliação empírica
ou intuitiva. Conclusão, o Fator Multiplicativo F será diferente para empresas do
mesmo ramo de negócios segundo os fatores ponto, risco, necessidade de capital
de giro, tempo de casa dos funcionários, e outras variáveis não contábeis.
Solução:
Valor de mercado da empresa no dia 30/12/19
Ações Ordinárias: 7.000.000 x R$ 33,20 = R$ 232.400.000,00
Ações Preferenciais: 8.500.000,00 x R$ 38,71 = R$ 329.035.000,00
SOMA = R$ 561.435.000,00
FIM
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