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-Randy Befumo (TMF Templr), a Fool
Fonte: http://www.fool.com/School/BalanceSheet/BalanceSheet01.htm
Introdução
Ativos Circulantes
Passivos Circulantes
Capital de Giro
Conclusão
I.Introdução
"O caixa é soberano" Claro que você já deve ter ouvido falar nesse clichê. Um certo
dia, você se encontra com outro investidor e começam a conversar sobre a última
aquisição que você fez para a sua carteira de ações e a conversa muda para como
cada um de vocês escolhe seus papéis. O outro investidor sorri para você, e diz em
códigos: “O caixa é soberano”. Embora um pouco perplexo, você não se faz de
desentendido com medo de ficar parecendo um completo ignorante. Mas, afinal de
contas, o que isso quer dizer?
As empresas são criadas para fazer dinheiro. Uma forma convencional de mensurar
se isto está realmente acontecendo é verificar a capacidade da empresa aumentar
seus “vários tipos de lucro” – as medidas mais comuns são: lucros operacionais,
lucros antes dos impostos, lucro líquido e lucros-por-ação, embora essas não sejam
as únicas formas de verificar se existe valor nas ações de uma companhia. Os
“verdadeiros lucros” de uma companhia são aqueles que saem do Fluxo de
Caixa, na forma de dinheiro, e vão para o Balanço Patrimonial. (NT-Os
lucros não se transformam necessariamente em dinheiro, em um mesmo período.
Isto se deve a regra contábil que diz que as vendas/despesas são contabilizadas no
momento em que são incorridas, não no momento que são realmente efetivadas
(regime de competência). Daí a importância de se administrar corretamente às
contas a pagar e as contas a receber de maneira que a empresa não venha a
quebrar por falta de pagamentos).
No final, o valor para o acionista acaba vindo de seus ativos mais líquidos, aqueles
que podem ser facilmente convertidos em dinheiro. O valor de uma companhia é
determinado por quanto, medido em termos de ativos líquidos, ela consegue
acumular ao longo do tempo. Existem duas formas de raciocinarmos em cima disso.
A primeira é olhar para o seu valor terminal, que é o valor potencial estimado
que sobraria para os acionistas, depois de transformar tudo que existe dentro
de uma empresa em dinheiro, após ela fechar suas portas em algum ponto no
futuro. O outro, é verificar de onde vem o valor tangível do acionista – o
retorno sobre o capital investido gerado pelas operações da companhia. Se
a companhia possuir caixa em excesso que não precise em suas operações do dia-
a-dia ela poderá emprega-lo de duas formas em benefício do acionista: pagando
dividendos ou comprando de volta seus papéis no mercado.
Procure em http://www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/cadastro/formcad.asp a
companhia de seu interesse. O DFP é uma versão simplificada do IAM com menos
texto e mais números que sai uma vez por ano, contendo os demonstrativos anuais
da companhia. Os ITR são os demonstrativos que a companhia envia para a CVM,
três vezes ao ano (o quarto trimestre é a própria IAM) que também cobre todos os
períodos anteriores. A vantagem dos demonstrativos anuais sobre os
demonstrativos trimestrais é que o balanço anual já foi verificado duas vezes por
auditores antes de ser enviado para a CVM.
- Armados com essas informações estamos prontos para iniciar nossa jornada
através do Balanço Patrimonial.
Provisões Para Devedores Duvidosos são uma reserva colocada de lado para
cobrir um possível mal pagador, baseado no histórico que a companhia teve ou
poderia ter tido no passado. Mesmo fazendo este provisão a companhia pode vir a
ser forçada a diminuir as suas contas a receber ou converte-la em débito se um
grande cliente se encontrar em apuros. É muito importante verificar o
crescimento do Contas a Receber em relação às Vendas. Se estiverem
crescendo mais que as vendas, você saberá que muito destas vendas ainda não
foram pagas naquele trimestre. Nós vamos observar o giro de clientes e
fornecedores mais a diante como uma outra forma de mensurar o Contas a
Receber.
Estoques são os produtos prontos que a companhia tem para venda a seus
clientes. Nem todas as companhias possuem estoques, principalmente se estiverem
envolvidas nos setores de propaganda, consultoria, serviços ou informações. Mas,
para aquelas que não estão, os estoques são de extrema importância. Os estoques
devem ser vistos com cuidado pelos investidores. Primeiro devido às diversas
formas de contabilidade existente como a FIFO (first in, first out) ou PEPS (Primeiro
que entra primeiro que sai) e LIFO (last in, first out) ou UEPS (Último que entra
primeiro que sai), é sempre bom lembrar que o valor de liquidação é sempre
diferente do valor contábil, devido aos valores estarem normalmente
superavaliados nos balanços. Segundo porquê estoque prende capital. O dinheiro
que está preso em estoques não pode ser empregado em outra coisa. Aquelas
companhias que tem seus estoques crescendo mais rápido que suas vendas e que
não conseguem girar seus estoques a uma velocidade razoável são, por vezes,
desastres eminentes. Nós vamos ver mais tarde, no Giro de Estoques, uma outra
ferramenta para se medir a conta Estoques.
Passivo Circulante - é tudo aquilo que uma companhia deve a seus fornecedores
e credores, no curto prazo. São dívidas de curto-prazo que normalmente
necessitarão que alguns ativos circulantes da companhia sejam convertidos em
dinheiro para que possam ser pagos. São contas que tem seu prazo de vencimento
em menos de um ano. Da mesma forma que são contas que precisarão ser pagas,
são também origens de ativos. Qualquer dinheiro que a companhia tira da sua na
linha de crédito ou de suas contas a pagar são transformadas em ativos que,
quando colocados em ação, fazem com que a companhia consiga crescer. Existem
cinco tipos básicos de ativos circulantes: Contas a pagar (ou Fornecedores),
Encargos a Apropriar (impostos, taxas e contribuições), Empréstimos e
Financiamentos de curto prazo (incluindo a porção da dívida de longo prazo que
será paga no ano corrente).
Encargos a Apropriar (impostos taxas e contribuições) - são contas de
atividades que a companhia se envolveu e não pagou ainda. Estas são
normalmente despesas de marketing e de distribuição que são descontadas de
acordo com um calendário e ainda não venceu. Os impostos são um tipo específico
de despesa. Eles incidem sobre os lucros do ano sendo pagos segundo um
calendário específico de acordo com as leis tributárias. Existem outras taxas que
também não são pagas trimestralmente sendo pagas de uma só vez quando
vencem.
O resto do Balanço Patrimonial é retirado de uma mistura de itens que não são
circulantes e que não podem ser transformados facilmente em dinheiro, ou dívidas
que não expirarão antes do fim do próximo ano. Especificamente, elas são
classificadas em 5 categorias: Ativos Permanentes, Financiamentos, Exigível de
Longo Prazo, Patrimônio Líquido, Capital Social, Estoque de Capital e Lucros
Retidos.
Ativos Permanentes - são ativos que não são líquidos, mas que são mantidos nos
livros da companhia por finalidades contábeis. Os maiores componentes dos ativos
permanentes são plantas, imóveis, maquinários, terrenos, veículos e máquinas que
a companhia comprou para fazer o seu negócio funcionar. Muito do aqui descrito é
sujeito, para efeitos fiscais, a uma convenção contábil chamada depreciação,
significando que o valor dos ativos e o valor pago podem ser bem diferentes.(NT. –
O Ativo Permanente é dividido em Investimentos, Imobilizado e Diferido).
Exigível de Longo Prazo - são empréstimos que não irão vencer em menos de
um ano. Estes são, normalmente, empréstimos de bancos e outras instituições
financeiras e que são garantidos por diversos ativos existentes no balanço
patrimonial, como por exemplo, os inventários. A maioria das firmas irá informar
em uma nota de rodapé a finalidade do empréstimo e qual a taxa de juros que
incide sobre ele.
O último componente é o Patrimônio Líquido, que é composto do Capital Social e
dos Lucros Retidos. Para dizer a verdade isto é um pouco confuso e nem sempre
trás tanto valor para a análise. Capital Social é o valor das ações emitidas que é
registrado puramente para fins contábeis e que não tem qualquer relação ao valor
das ações no mercado. A reserva de Capital é outra convenção contábil engraçada
e que é bastante difícil de ser explicada. Essencialmente é qualquer dinheiro
adicional que a companhia recebe por emitir ações a um valor superior ao valor
inicial dentro de certas convenções financeiras.
Lucros retidos são uma outra convenção contábil que serve para registrar o
dinheiro que a companhia gerou subtraída de qualquer parcela de lucro que tenha
sido paga aos acionistas em forma de dividendos ou empregado na recompra de
ações no Mercado. Os lucros retidos simplesmente medem a quantidade de capital
que a companhia recebeu através de seus ativos. È com esta parcela que
calcularmos o retorno da companhia. Se você somar o capital social com os lucros
retidos você encontrará o Patrimônio Líquido - O total de patrimônio que os
acionistas tem dentro da companhia.
Então, você conseguiu ler minhas breves definições dos vários itens do Balanço
Patrimonial – Parabéns. Agora é hora de começarmos a nos divertir com os
números e começar a jogar com estas várias parcelas de informação. Nós
conseguiremos com isto algumas informações bem interessantes de como a
companhia administra seus ativos e poderemos avaliar se a companhia pode ou não
ser considerada uma pechincha baseada nos ativos que têm a sua disposição.
A primeira ferramenta que você pode usar é chamada Liquidez Corrente. Uma
medida de quanta liquidez a companhia possui, simplesmente pela divisão dos
ativos circulantes pelos passivos circulantes. Por exemplo, se o JOE'S BAR AND
GRILL tem $10 milhões em ativos circulantes e $5 milhões em passivos circulantes,
você tem:
$10 milhões
$5 milhões
Como regra geral, uma liquidez corrente de 1,5 ou maior é suficiente para suprir as
necessidades operativas médias de uma empresa. Uma liquidez corrente muito alta
sugere que a companhia esteja desperdiçando ativos ao invés de emprega-los para
fazer a companhia crescer. Não é a pior coisa do mundo, mas é certamente, uma
coisa que poderá impactar a rentabilidade da companhia no longo-prazo.Você
sempre deve comparar a liquidez corrente de uma companhia (da mesma forma
que quaisquer outros índices) com a de seus concorrentes em um mesmo setor
industrial. Algumas indústrias têm as suas próprias demandas de que liquidez
corrente e que fazem ou não sentido para ela. Por exemplo, em uma indústria
automobilística uma liquidez corrente alta é desejável se a companhia não quiser ir
a bancarrota durante a próxima recessão.
Por isto, é muito importante ficarmos atentos a Liquidez Seca. A Liquidez Seca nada
mais é que os ativos circulantes menos os estoques divididos pelos passivos
circulantes. Retirando os estoques da equação, você poderá verificar se a
companhia possui ativo circulante suficiente para atender as suas necessidades
operacionais de curto prazo. Vamos supor que você olhou o Balanço Patrimonial do
Joe's Bar and Grill e verificou que eles têm $2.5 milhões de seus ativos circulantes
em pães de hambúrguer, que estão imobilizados no estoque. Você pode então
calcular a Liquidez Seca para a companhia:
Passivos Circulantes
$10 mm - $2.5 mm
= ---------------------------- = 1,5
$5 mm
Parece que o Joe´s passou no teste de novo. Muitas pessoas procuram por um
índice de liquidez Seca maior que 1,0 para assegurar-se que existe dinheiro
suficiente para se pagar às contas e ainda permanecer no negócio. A Liquidez Seca
também varia de indústria para indústria. Da mesma forma que com a Liquidez
Corrente, é sempre válido comparar o índice de firmas similares dentro da mesma
indústria para entender o que ele significa, dentro do contexto.
Por mais que me esforçasse, eu não conseguiria descrever quanto o Capital de Giro
é, de fato, importante. O Capital de Giro é o sangue da companhia. Cerca de 99%
das razões pelas quais uma companhia opta por se tornar pública tem a ver, de
uma forma ou de outra, com o capital de giro. – Desenvolver o negócio, financiar
aquisições ou o desenvolvimento de novos produtos. Qualquer atividade
desenvolvida pela companhia vem do Capital de Giro. Se a companhia ficar sem
Capital de Giro e ainda tiver que pagar contas e desenvolver produtos, então ela se
encontrará em grandes apuros.
Uma relação que eu gosto cada vez mais é a comparação entre o Capital de Giro da
companhia com a Capitalização de Mercado. A Capitalização de Mercado é o valor
de todas as ações existentes multiplicadas por seu preço de mercado, somado as
suas dívidas de longo prazo. A razão pela qual você soma as dívidas de longo prazo
(ou as ações preferenciais, que também são uma forma de débito) à Capitalização
de Mercado é que quando você compra uma companhia, você não tem que pagar
só pelo seu preço do mercado, você assume também a responsabilidade por toda a
dívida que a companhia possui.
Se você pegar o Capital de Giro da empresa e compara-lo com a sua Capitalização
de Mercado, poderá encontrar coisas bem interessantes. Essa comparação pode ser
feita pela divisão do Capital de Giro pela Capitalização de Mercado. Vamos utilizar o
Joe´s Bar e Grill, de novo. Nós sabemos que ele possui $10 milhões em ativos
circulantes e $5 milhões em passivos circulantes. Se você sabe que o Joe's Bar e
Grill não possui qualquer dívida e tem um milhão de ações no mercado sendo
vendidas a $10, você poderá facilmente construir seu índice de Capital de Giro pela
Capitalização de Mercado.
--------------------------------------- =
-------------------------------------------------------
$10 mm - $5 mm $5 mm
(1 mm * $10) + $0 mm $10 mm
O que toda esta matemática quer dizer é que 50% da avaliação efetuada pelo
mercado sobre a Joe's Bar and Grill está lastrada em Capital de Giro. Teoricamente,
se por qualquer motivo, tivéssemos que liquidar a Joe's amanhã, você teria
garantido 50 centavos de dólar, somente com sobre o Capital de Giro. Isto, além de
ser uma quantidade de dinheiro bem razoável colocada a sua disposição ainda é
uma coisa muito boa para a Joe's. Em resumo, se você enxergar um índice de
Capital de Giro/Capitalização de Mercado de 50% ou superior, as coisas andam
muito bem.
Mesmo que o Capital de Giro seja pequeno, apenas olhar para que quantidade de
dinheiro a companhia possui em relação a sua Capitalização de Mercado já é uma
coisa bastante esclarecedora. Pegue o Caixa e Equivalentes e divida pela
Capitalização de Mercado para ver qual é o resultado. Se você está na frente de
uma companhia que tem 10% ou mais lastrados pelo bom e velho dinheiro, você
terá uma companhia com fundos suficientes para continuar existindo. Talvez você
queira retirar os Estoques desta conta para verificar se o número não fica muito
diferente, principalmente para companhias têxteis e de varejo. É só subtrair os
estoques do Capital de Giro.
Os três últimos índices que você pode tirar do Balanço Patrimonial são o Preço-
Valor-Patrimonial por Ação (P/VPA), Prazo Médio de Recebimento (PMR) e Giro de
Estoques. Eu deixei estes três para o final porquê são mais complicados.
O tradicional Valor Patrimonial por Ação nada mais é que o Patrimônio Líquido
dividido pelo número de ações. Como eu acredito que seja mais informativo olhar
para a companhia como um todo, eu faço o meu P/VPA usando a Capitalização de
Mercado dividida pelo Patrimônio Líquido. Eu uso também outra coisa chamada
Valor da Empresa, que é a Capitalização de Mercado menos o Caixa e Equivalentes
mais dívidas. A razão pela qual você subtrai o Caixa e Equivalentes da Capitalização
de Mercado é porquê se alguém for realmente comprar a companhia, receberá todo
o dinheiro que a companhia possui naquele momento, que significa que este valor
deverá ser abatido do custo de aquisição depois que o negócio for fechado. O valor
da Empresa (EV) / Patrimônio Líquido (SE) deve ficar assim:
EV/SE = -----------------------------------------------
Patrimônio Líquido
Esta divisão irá retornar um múltiplo simples, parecido com o Preço/Lucro (P/L) ou
o Preço/Vendas (PSR). Se ele ficar abaixo de 1, significa que a companhia está
sendo vendida abaixo de seu Patrimônio Líquido e, teoricamente, abaixo de seu
valor de liquidação. Alguns investidores em valor irão descartar qualquer
companhia que esteja sendo comercializada a valores superiores a duas vezes seu
patrimônio Líquido.
Vendas no Período
Vendas no Período
Isto irá nos informar, por alto, o número de dias que leva para as vendas efetuadas
e não recebidas serem transformadas em dinheiro para um determinado período.
Como você já deve suspeitar, quanto menor este número melhor para a
companhia. Comparando o PMR de diversas companhias dentro da mesma indústria
você poderá ter uma idéia de qual companhia está administrando melhor o seu
crédito e recebendo dinheiro mais rápido com suas vendas. Este é um ponto crucial
em nossa análise porquê o dinheiro que não está comprometido no Contas a
Receber, é dinheiro que pode ser utilizado para fazer a companhia crescer.
Se duas companhias são idênticas, mas uma está conseguindo girar os seus
estoques mais rapidamente do que a outra, aquela com melhor administração de
estoques estará capacitada a crescer mais rápido. A administração de estoques
será o gargalo para o crescimento se não for administrada de maneira eficiente,
prendendo um monte de capital de giro que poderia ser mais bem empregado em
outras atividades. Se você conseguir encontrar uma companhia cujo Prazo Médio de
Recebimento e o Giro de Estoque girem mais rápido que os seus concorrentes, você
terá uma boa idéia de como a companhia poderá alocar seu capital para continuar
crescendo, permitindo a você fazer melhores escolhas de investimentos.
VIII. Conclusão
Um abraço,
-Randy Befumo (TMF Templr), a Fool