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GESTÃO FINANCEIRA

Profª. MSc. Marluci Moraes Pereira

NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO

É mais do que claro para todo empreendedor que o bom funcionamento de qualquer empresa está
diretamente ligado à sua saúde financeira. Se as finanças não estiverem em dia, seus investimentos
em médio e longo prazo ficarão prejudicados, o empreendimento entrará em déficit, será necessário
recorrer a empréstimos bancários e, eventualmente, o negócio será obrigado a fechar as portas.
Contudo, o que nem todo empreendedor conhece é o peso que o capital de giro tem sobre essa
equação. Investir de forma responsável nesse recurso garante um fluxo de caixa positivo e o
funcionamento sustentável da empresa.

Capital de giro é o valor que a empresa tem para custear e manter suas despesas operacionais do dia
a dia (valor esse que é o resultado da diferença entre o dinheiro que você tem disponível e o dinheiro
que você deve), sejam elas fixas ou os gastos necessários para produção, comercialização ou
prestação do serviço. Ele diz respeito a uma reserva de recursos de rápida renovação, voltada
a suprir as necessidades da gestão financeira do negócio ao longo do tempo. Esses recursos
concentram-se nas contas a receber, no estoque, no caixa ou na conta corrente bancária e
influenciam no cálculo do ativo. Ele é diferente do chamado capital fixo ou permanente, que é o
investimento voltado à compra de imóveis, instalações, máquinas, matérias primas e equipamentos
(itens do ativo imobilizado), necessários para o início do processo “físico” de funcionamento da
empresa.

Riscos de um mau controle:


Muitas vezes, quando o empreendedor realiza uma administração ineficiente  e um planejamento
financeiro inadequado, ele acaba “apelando” aos bancos para cobrir as dívidas de seu negócio, por
meio do acesso a crédito e financiamento de operação. Contudo, ao fazer uso dessa estratégia em
situação emergencial, o empreendedor fica vulnerável aos bancos e tende a negociar de uma posição
totalmente desfavorável, sendo obrigado a concordar com termos e contratos adversos, que
endividarão ainda mais a empresa no longo prazo e comprometerão suas finanças.

Como prevenir uma insuficiência?


Há formas simples de se prevenir a insuficiência do ativo circulante e garantir a liquidez do seu
negócio. Nesse processo, é crucial ter um claro controle sobre os inadimplentes, realizar a adequação
e documentação de todos os processos financeiros da empresa, fazer a renegociação de dívidas para
o longo prazo, ter total conhecimento tanto do fluxo de caixa quanto do ciclo financeiro (tempo
entre o pagamento a fornecedores e o recebimento das vendas e manter uma política de redução de
custos e despesas.

Como calculá-lo?
Lembra que afirmamos acima que as contas a receber, o estoque, o caixa e a conta corrente bancária
influenciam nesse cálculo? Você entenderá como agora, a começar pelas contas a receber, que são o
resultado das vendas a prazo. Quanto maiores forem, tanto o prazo que você oferecer ao seu cliente
quanto o número de pagamentos feitos dessa forma, mais recursos sua empresa precisará ter para
bancar as contas a receber enquanto esse dinheiro não cai no faturamento.
Quanto ao estoque, ele precisa de modificações de acordo com as necessidades do mercado
consumidor da sua empresa. Por isso, ele sofre mudanças de investimento constantes, tanto nos
tipos quanto no número de itens disponíveis. Naturalmente, essa necessidade de se investir nas
modificações do estoque demanda muitos recursos financeiros do seu negócio. Então, é muito
importante cuidar para não cair ter problemas com a gestão de estoques.

Já o caixa e a conta corrente bancária são importantes no cálculo, pois são neles que se concentram
os recursos financeiros que, de fato, estão disponíveis para a sua empresa. É a eles que o
empreendedor recorrerá a qualquer momento para honrar seus compromissos e dívidas.

Portanto, o capital de giro líquido (CGL) é influenciado por todos esses recursos, em maior ou menor
grau: prazos médios de estocagem, volume e custo das vendas, compras e pagamento de compras. É
grande a variação dessas ocorrências, portanto recomenda-se que seja monitorado com frequência
para que o empreendedor não seja pego de surpresa e não tenha resultados negativos que afetem o
negócio. Lembre-se sempre de que o fluxo de caixa está diretamente ligado a esses fatores. Há uma
fórmula simples para se chegar ao capital de giro líquido:

CGL = AC – PC.

Em que “AC ” refere-se a ativo circulante (aplicações financeiras, caixa, bancos, contas a receber,
dentre outros recursos) e PC corresponde ao passivo circulante (contas a pagar, fornecedores,
empréstimos etc.).

Talvez uma das maiores dificuldades dos empreendedores seja manusear o capital de giro da
empresa. Muitas vezes, negócios com bastante potencial deixam de crescer porque os gestores não
entendem a necessidade de capital de giro, a NGC, e acabam quebrado. E isso não acontece apenas
com pequenos empreendedores, mas também com companhias de grande porte que não utilizam
bem esse indicador e encontram problemas financeiros. Por isso, é essencial conhecer a necessidade
de capital de giro (NGC), que é um indicador definido pelo Ciclo de Caixa da empresa, que mostra se o
capital é suficiente para manter sua estrutura operacional funcionando, ou seja, mostra se a
companhia tem capital de giro para continuar pagando seus fornecedores, produzindo e vendendo
suas mercadorias. Por isso, esse indicador informa ao gestor financeiro se a empresa possui capital
suficiente para toda essa operação ou se é necessário tomar empréstimos com terceiros para
garantir isso.

Existem duas formas de calcular a NGC de uma empresa, que são:

A- Pelo Ciclo Financeiro:


Para calcular a NGC pelo Ciclo Financeiro de uma companhia, é preciso conhecer:

 Prazo Médio de Pagamento: é o tempo médio entre o momento da compra de suprimentos


com fornecedores e o efetivo pagamento dessas compras;
 Prazo Médio de Recebimento: é o tempo médio entre o momento da venda da mercadoria ou
do serviço e o efetivo recebimento do valor dos clientes.

Com esses dados, a fórmula para analisar a necessidade de capital de giro é:

NGC = Prazos Médios de Recebimento – Prazos Médios de Pagamento

Portanto, se os prazos de pagamento aos fornecedores forem superiores aos prazos de recebimento
dos clientes, então a necessidade de capital de giro será menor. Nesse sentido, a empresa é
considerada “financiada pelos clientes”, ou seja, os fornecedores estão sendo pagos com o dinheiro
recebido dos clientes da empresa. Na situação inversa, quando os prazos médios de pagamento são
inferiores aos prazos médios de recebimento. Dessa forma, a necessidade de capital de giro da
empresa é maior. Isso porque as contas a pagar chegarão mais cedo do que o valor devido pelos
clientes à companhia.

É importante ressaltar que o resultado da fórmula pelo Ciclo Financeiro mostra quantos dias a


empresa possui em caixa. Além disso, também mostra o dinheiro recebido dos clientes antes de
pagar os fornecedores ou quanto tempo fica devendo os fornecedores antes de receber dos
devedores.

B- Pelo Balanço Patrimonial:


Uma maneira de analisar a NCG é olhando para as contas contábeis do Balanço Patrimonial da
companhia. Nesse caso, a resposta obtida em reais. Nesse sentido, saberemos quanto a empresa
terá de capital disponível antes de pagar os fornecedores ou, ainda, quanto a companhia precisará
de capital de terceiros antes de receber os valores dos clientes devedores.

A fórmula da NCG, por esse método, é:

NCG = Ativo Circulante Operacional – Passivo Circulante Operacional.


 Ativo Circulante Operacional: corresponde aos direitos da empresa oriundos das atividades
operacionais tais como: clientes, estoques, ICMS a recuperar, adiantamentos a fornecedores,
despesas operacionais antecipadas, entre outros.
 Passivo Circulante Operacional: corresponde as obrigações da empresa oriundas das
atividades operacionais da empresa, tais como: salários a pagar, ICMS a recolher, duplicatas
a pagar, provisões para IR, entre outras.
Ou seja,

NCG = Contas a Receber + Estoques – Contas a Pagar

Caso o resultado desse cálculo seja negativo, saberemos que o desembolso com contas a pagar é
superior aos ativos operacionais disponíveis pela empresa. Por isso, a companhia poderá precisar
recorrer a capital de terceiros para manter sua operação. Assim, a análise da NCG mostra para o
gestor financeiro se a empresa possui capital de giro suficiente para manter seus compromissos
monetários no curto prazo. Nesse sentido, ela deve ser feita com frequência como forma de evitar
surpresas financeiras para a companhia e de garantir um fluxo de caixa saudável.

Caso uma determinada empresa demore para identificar a sua necessidade de capital de giro, os
custos com os juros de dívidas e empréstimos feitos às pressas, sem dúvida, serão maiores. No final
isso prejudicará os sócios e acionistas, reduzindo as margens da empresa e seus lucros. Como você
pôde perceber, administrar o capital de giro do seu negócio significa avaliar o atual momento, as
faltas e as sobras de recursos financeiros e os reflexos gerados por tomadas de decisões em relação a
compras, vendas e à administração do caixa. Esteja sempre atento a esses fatores, pois uma
administração ineficiente afeta drasticamente o fluxo de caixa da empresa.

Fonte: https://www.treasy.com.br/blog/necessidade-de-capital-de-giro-ncg/

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