CAPITAL

DE GIRO
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Versão: dez. 2019

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APRESENTAÇÃO
Como já sabemos, o sucesso do negócio depende
muito de questões comportamentais, ou seja,
o quanto cada um se compromete em planejar,
mensurar, controlar e analisar despesas, custos,
estoques, contas a receber, fornecedores e demais
gastos operacionais.
Neste e-book, você vai conhecer a importância da
gestão do capital de giro para a saúde financeira
da empresa.
Você também terá informações de como calcular
a necessidade de capital de giro do seu negócio,
se baseando nos prazos médios de pagamento aos
fornecedores, estocagem de produtos e matérias-
-primas, bem como no prazo médio de recebimento
de seus clientes.
Além disso, esse e-book proporciona uma reflexão
sobre as premissas para a concessão de crédito aos
clientes, servindo de base para tomada de decisões
estratégicas para o crescimento do negócio.
Você sabe o que é capital de giro?
Então, vamos lá!
CAPITAL DE GIRO
Podemos considerar que capital de giro (ou ativo
circulante) é o montante de recursos necessário
para a empresa manter a continuidade de suas
operações, como por exemplo, capital financeiro
para financiar aos clientes nas vendas a prazo, para
manter estoque, pagar fornecedores, demais custos
e despesas pertinentes à operação da empresa.
O capital de giro da empresa é constituído pelos
recursos de rápida renovação, os quais suprem
as  necessidades da gestão financeira  do negócio,
tais como:
• Contas a receber;
• Estoque;
• Recursos financeiros disponíveis (caixa, conta
corrente bancária, aplicação financeira, etc.).
Administrar o capital de giro da empresa é funda-
mental para que o empresário conheça os recursos
financeiros mínimos necessários para a manuten-
ção de suas atividades a curto e longo prazo.
Para realizar o controle do capital de giro, a empresa
deve registrar as seguintes informações:
• Vendas e prazo de recebimento;
• Fornecedores e prazo de pagamento;
• Movimentação do estoque;
• Despesas fixas, tais como, salários, encargos,
pró-labore, aluguel, energia elétrica, água, IPTU
e demais gastos operacionais;
• Despesas variáveis, como por exemplo, comis-
sões, impostos sobre vendas, taxas de vendas
com cartões, taxa de emissão de boletos, etc.
Com base nesses registros, o empresário consegue
controlar as entradas e saídas de recursos financei-
ros, projetar saldos de caixa, conta corrente bancá-
ria e aplicações, bem como calcular o capital de giro
necessário para a empresa.
Uma ferramenta muito utilizada para planejamento
e controle das entradas e saídas de recursos finan-
ceiros é o Fluxo de Caixa, o qual permite ao empre-
sário realizar projeções de saldos financeiros,
proporcionando uma visão do saldo dos recursos
financeiros a curto, médio e longo prazo.

O gerenciamento do Fluxo de Caixa também é muito
importante para a saúde financeira da empresa,
pois os saldos em caixa, conta corrente bancária
e aplicações financeiras são os recursos financei-
ros que, de fato, estão disponíveis para a empresa
honrar seus compromissos com fornecedores,
funcionários, demais custos e despesas da empresa.
Através do Fluxo de Caixa, a empresa planeja e
controla as entradas e saídas de recursos finan-
ceiros, a fim de evitar surpresas com resultados
negativos que afetem o negócio.
Um fator que pode desequilibrar o capital de giro
do negócio é quando a empresa vende a prazo, mas
não possui dinheiro para garantir que os custos e
despesas operacionais mensais sejam honrados,
até que o cliente realize os pagamentos.
Nenhuma empresa é obrigada a vender a prazo,
porém às vezes se faz necessário por questões
de competitividade, mas somente após criteriosa
análise da necessidade de capital de giro é que a
empresa deve definir seu critério de concessão de
crédito ao cliente.
Assim como a política de crédito aos clientes inter-
fere no capital de giro necessário para a empresa, o
giro do estoque também interfere.
Vamos compreender agora o passo a passo para o
cálculo de necessidade de capital de giro?
1º PASSO: CALCULE O PRAZO MÉDIO
DE RECEBIMENTO (PMR) E O PRAZO
MÉDIO DE PAGAMENTO (PMP)
O prazo Médio de Recebimento (PMR) demons-
tra o  prazo médio que a empresa recebe de seus
clientes quando ela faz vendas a prazo. O prazo
de recebimento está intimamente relacionado à
necessidade de capital de giro, portanto, quanto
menor o prazo melhor.
É evidente que oferecer prazos maiores facilita as
vendas, mas em contrapartida, causa problemas
para o fluxo de caixa. Este cálculo deve considerar
a representatividade dos valores em relação às
vendas e o prazo concedido aos clientes.
Considere que temos vendas com prazo de 30 e
60 dias, conforme abaixo:
Vendas % Prazo
150,00 25% 30
450,00 75% 60
600,00 100%
Se fossemos calcular uma média simples  entre os
dois prazos, faríamos o cálculo (30+60)/2 que é
igual a 45 dias.
Mas, é errado dizer que receberemos R$ 600,00
na média de 45 dias.
Vamos entender por que: Prazo médio ponderado (30 dias) = (30 × 25%) = 8

Perceba que as vendas com prazo de 30 dias repre- Prazo médio ponderado (60 dias) = (60 × 75%) = 45
sentam somente 25% das vendas totais, já as vendas
com prazo de 60 dias representam 75%, portanto, Vamos analisar como ficou:
na média de prazo essa representatividade deve ser
levada em consideração.
Vendas % Prazo PMR
150,00 25% 30 8
Para saber quanto o total de venda a prazo repre-
450,00 75% 60 45
senta de fato sobre as vendas totais é preciso
realizar o cálculo do prazo médio ponderado, 600,00 100% 53
conforme abaixo:

Neste exemplo, o  Prazo Médio de Recebimento

% Vendas Total vendas (prazo 30 dias)
= x 100 (PMR) é de 53 dias.
(30 dias) Vendas totais

% Vendas Total vendas (prazo 60 dias) O mesmo método que usamos no cálculo do Prazo
= x 100
(360 dias) Vendas totais Médio de Recebimento (PMR), também é usado
para calcular o Prazo Médio de Pagamento (PMP),
trocando apenas os valores de Vendas por Compras
Então: de fornecedores.

Quanto maior o Prazo Médio de Pagamento, melhor

% Vendas R$ 150,00
= x 100 = 25% para a manutenção do capital de giro.
(30 dias) R$ 600,00

% Vendas R$ 450,00
= x 100 = 75%
(60 dias) R$ 600,00
2º PASSO: CALCULE O PRAZO MÉDIO
DE ESTOCAGEM (PME)
Após saber quanto cada prazo representa sobre o O Prazo Médio de Estocagem - PME é um índice
total das vendas, basta multiplicar cada prazo pelo muito importante para a gestão do capital de
respectivo percentual encontrado. giro, pois produto em estoque é dinheiro parado.
Portanto, quanto menos tempo o produto perma-
necer em estoque, melhor. 
O objetivo desse índice é calcular o prazo médio
que os produtos ficam parados no estoque ao longo
do ano, considerando o período desde a compra
até a venda. Para calcular o PME, primeiramente
devemos saber quanto é o custo da mercadoria
vendida (CMV) anual, sendo necessário o controle
de estoque, ou seja, a empresa deve fazer o inven-
tário (contagem) do estoque inicial e registrar todas
as compras e vendas durante o ano.
Por exemplo:
Estoque no Início do Ano (EI): R$ 6.500,00
Compras Anuais (C): R$ 41.000,00
Estoque no Final do Ano (EF): R$ 5.500,00
Por exemplo, vamos imaginar a seguinte situação:
Sr. Juca, proprietário de uma loja de calçados,
realizou a compra de um determinado modelo de
calçado feminino e seu fornecedor lhe concede um
prazo de 30 dias para pagamento.
Considerando que o pagamento daquela compra só
seria após 30 dias, Sr. Juca resolveu repassar esse
mesmo prazo para seus clientes.
Os calçados demoram em média 45 dias para serem
vendidos e o Sr. Juca não considerou o tempo em que
os calçados permanecem em estoque para calcular o
capital de giro necessário de sua operação.
Considerando o exemplo da loja de calçados do
Sr. Juca, onde as mercadorias permanecem em média

Custo da Mercadoria Vendida (CMV) = EI + C – EF

CMV anual = R$ 42.000,00

Estoque Médio = (EI + EF) / 2 = R$ 6.000,00

Se o CMV (custo da mercadoria vendida) for

R$  42.000,00 no ano e o estoque médio for
R$ 6.000,00, teremos que o estoque girou 7 vezes
no ano (42 mil / 6 mil).

Então, ele gira a cada 51 dias (PME), cujo cálculo é:

360 dias / giro de estoque (360 / 7).
45 dias em estoque, com uma média de recebimento Fórmula:
de clientes de 30 dias e pagamento a fornecedores
com média em 30 dias. Teremos os seguintes valores Ciclo Econômico = Prazo Médio de
para o cálculo dos ciclos como exemplo: Estocagem (PME)

Prazo Médio de Contas = 30 dias

Exemplo:
a Receber (PMR)

Prazo Médio de Pagamento = 30 dias Ciclo Econômico = 45 dias

a Fornecedores (PMP)

Prazo Médio de = 45 dias

Estocagem (PME)
Para entender como essas informações estão
relacionadas com a necessidade de capital de giro,
vamos falar um pouco sobre os ciclos econômico,
operacional e financeiro.
4º PASSO: CALCULE O CICLO OPERACIONAL
O ciclo operacional compreende o período entre a
data da aquisição da mercadoria até o recebimento
do cliente. Nas empresas que vendem somente à
vista, o ciclo operacional tem o mesmo valor do
ciclo econômico.

Fórmula:
3º PASSO: CALCULE O CICLO ECONÔMICO
Ciclo Operacional = Ciclo Econômico +
O ciclo econômico é o tempo em que a mercadoria Prazo Médio de Contas
a Receber (PMR)
ou produto permanece em estoque. Inicia na aquisi-
ção dos produtos e termina no ato da venda, não
levando em consideração o recebimento da mesma.
Exemplo:
No exemplo citado acima, o prazo médio que as
mercadorias permanecem em estoque é 45 dias. Ciclo Operacional = 45 dias + 30 dias
Podemos ainda dizer que, o Ciclo Econômico é de
45 dias. Ciclo Operacional = 75 dias
5º PASSO: CALCULE O CICLO FINANCEIRO
O ciclo financeiro, também chamado de ciclo de
caixa é o tempo entre o pagamento a fornecedores
e o recebimento das vendas.
Fórmula:
Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional -
Prazo Médio de pagamentos
Exemplo:
Ciclo Financeiro = 75 dias - 30 dias
Ciclo Financeiro = 45 dias
Podemos ainda, calcular o Ciclo Financeiro da
seguinte forma:
Ciclo Financeiro = PMR + PME - PMP
Ciclo Financeiro = 30 dias + 45 dias – 30 dias
Ciclo Financeiro = 45 dias
No exemplo acima citado, o Sr. Juca considerou
que não teria necessidade de capital de giro, caso
ele repassasse aos seus clientes o mesmo prazo que
seus fornecedores lhes concedem. Vamos conferir
se é isso mesmo?
Conforme demonstrado abaixo, há uma diferença entre o pagamento ao
fornecedor e o recebimento do cliente (ciclo financeiro), isso ocorre devido
ao período que a mercadoria permaneceu no estoque.

Compra/ Prazo médio de Venda / Prazo médio

Aquisição da pagamento ao de estocagem Recebimento
mercadoria fornecedor (PMP) (PME) do cliente

30 dias 45 dias 75 dias

Ciclo econômico

Ciclo financeiro

Ciclo operacional

Sr. Juca deveria ter levado o prazo médio de estoca-
gem (PME) em consideração para o cálculo de sua
necessidade de capital de giro (NCG), pois mesmo
concedendo o mesmo prazo de pagamento de seus
fornecedores aos seus clientes, essa diferença
entre o recebimento e o pagamento gera a necessi-
dade de capital de giro, pois a mercadoria ainda não
havia sido vendida e o sr. Juca já havia realizado o
pagamento ao fornecedor.
Portanto, quanto mais o empresário conhece as prefe-
rências de seu público alvo e mantém seu estoque
“enxuto”, menor será sua necessidade de capital.
Para reduzir a necessidade de capital de giro, a
empresa também deve negociar com os fornece-
dores para um prazo médio de pagamento (PMP)
maior que o prazo de recebimento de seus clien-
tes (PMR).

Outro fator muito importante é o gerenciamento
do estoque, visto que quanto menor o giro da
mercadoria, ou seja, quanto mais tempo a merca-
doria permanece em estoque, maior a necessidade
de capital.
Caso seja possível tornar o PMP igual ou maior
que a soma do prazo médio de recebimento com o
prazo médio de estocagem, ou seja, PMR + PME, a
empresa pode zerar sua necessidade de capital ou
financiar sua operação com o capital do fornecedor.
Agora, veja a seguir como calcular a Necessidade de
Capital de Giro!
6º PASSO: CÁLCULO DA NECESSIDADE DE
CAPITAL DE GIRO
Algumas empresas possuem dificuldade em definir o
montante de recursos financeiros que sejam suficien-
tes para as operações de caixa do dia a dia e ainda em
acompanhar isso rotineira e sistematicamente.
Na prática, a necessidade de capital de giro é o
montante de recursos que a empresa precisa
para financiar suas operações e saldar/pagar seus
compromissos financeiros com fornecedores, despe-
sas e ou investimentos, enquanto aguarda para reali-
zar vendas e também, como ocorre na maioria dos
segmentos, para receber as vendas realizadas.
Antes de aplicar a fórmula de cálculo da necessi-
dade do capital de giro (NCG), a empresa precisa
conhecer seu resultado operacional.
Para isso, a empresa deve elaborar o Demonstra-
tivo de Resultado do Exercício (DRE), considerando
seu Faturamento ou Receita Operacional, bem
como todos Custos e Despesas Fixas e Variáveis.
anuais (levando em conta que pode haver sazonali-
dade no negócio) dividido por 360 (dias). Caso não
haja oscilações nas vendas, podemos considerar o
faturamento mensal dividido por 30 (dias).
NGC = Ciclo financeiro × Faturamento diário
Segue abaixo, um exemplo de Demonstrativo de
Resultado do Exercício Anual Simplificado de uma
empresa operando com lucro:
Demonstrativo de resultado do exercício
DRE simplificado R$
Faturamento 60.000,00
(-) Despesas variáveis 3.270,00
(-) Custo da mercadoria vendida 27.300,00
= Margem de contribuição 29.430,00
(-) Despesas fixas 25.000,00
= Prejuízo líquido do exercício 4.430,00
Com o resultado em mãos, vamos ao cálculo da
necessidade de capital de giro.
Considerando que a empresa possui um Ciclo
Financeiro de 45 dias e opera com lucro, devemos
utilizar a seguinte fórmula para cálculo de NCG:

Se a empresa estiver operando com lucro, o cálculo 60.000,00

NGC = 45 × = 7.500,00
deve ser realizado considerando o valor de fatura- 360
mento médio diário, ou seja, o valor médio de vendas
Caso a empresa esteja operando com prejuízo,
devemos conhecer seu ponto de equilíbrio diário,
ou seja, quanto sua empresa deve faturar no mínimo
para pagar todas suas despesas e custos, não se
esquecendo de levar em consideração a sazona-
lidade do negócio. Nesse caso, a NCG é calculada
pela multiplicação do Ciclo Financeiro e o Ponto de
Equilíbrio Diário, conforme abaixo:
Então:
Considerando que esta empresa também possui
um Ciclo Financeiro de 45 dias, devemos utilizar a
seguinte fórmula para cálculo de NCG:
Despesas fixas
PE =
(Margem de contribuição / faturamento)

31.00,00
Ponto de PE =
NGC = Ciclo financeiro × (29.430,00 / 60.000,00)
equilíbrio diário
31.00,00
PE = = 63.200,82
0,4905
Vamos ver como fica na prática!

Para calcular o Ponto de Equilíbrio, devemos utili- Após o cálculo do Ponto de Equilíbrio, basta verifi-
zar a seguinte fórmula: car qual o PE diário, dividindo o PE por 360, quando
se tratar de um DRE anual e aplicar a fórmula
Despesas fixas de NCG:
PE =
(Margem de contribuição / faturamento)
63.200,82
PE = = 175,56
Segue abaixo, um exemplo de Demonstrativo de 360
Resultado do Exercício Anual Simplificado de uma NCG = Ciclo financeiro × Ponto de equiíbrio diário
empresa com prejuízo: NCG = 45 × 175,56
NCG = 7.900,10
Demonstrativo de resultado do exercício
DRE simplificado R$
Faturamento 60.000,00 RESUMINDO...
(-) Despesas variáveis 3.270,00 Para o cálculo da necessidade de capital de giro, o
(-) Custo da mercadoria vendida 27.300,00 empresário precisa:
= Margem de contribuição 29.430,00
(-) Despesas fixas 25.000,00 1. Calcular o Ciclo Financeiro de sua empresa;
= Prejuízo líquido do exercício 4.430,00 2. Calcular o Faturamento médio diário;
3. Apurar o Resultado Operacional (Lucro ou
Prejuízo);
4. Caso a empresa esteja operando com prejuízo,
calcular o Ponto de Equilíbrio Diário.

O bom funcionamento de qualquer empresa

está diretamente relacionado à sua saúde finan-
ceira.  Com a falta de capital de giro, a empresa
frequentemente recorre a empréstimos bancários
e, eventualmente, o negócio será obrigado a fechar
as portas.

DICAS PARA GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO

• Reduzir o ciclo financeiro;

• Negociar prazo com fornecedores;
• Não direcionar o capital de giro para investimen-
tos em máquinas, equipamentos, mobiliário ou
ampliações;
• Controlar estoque;
• Reduzir custos e despesas;
• Gerenciar contas a receber;
• Reduzir o índice de inadimplência;
• Renegociar valores e prazos de dívidas;
• Financiar o capital de giro com lucro.
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