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PROPÓSITO
Demonstrar o caráter essencial da administração financeira das necessidades de curto prazo de uma empresa para a
garantia do bom funcionamento dela.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos recursos computacionais com acesso a planilhas eletrônicas
(Excel).
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Distinguir os ciclos operacional, econômico e financeiro
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Em tempos de economia com recursos caros e escassos, as grandes empresas perceberam que a falta de profissionalismo
e o improviso não são compatíveis com suas rotinas. Com isso, cada vez mais se faz necessária a aplicação do conceito de
dimensionamento do capital de giro.
No mundo de negócios, tal planejamento, tendo em consideração as velocidades das mudanças e os diversos instrumentos
financeiros disponíveis, dedica extrema atenção ao curto prazo – e, sobretudo, à correta delimitação da necessidade de
caixa.
Após apresentarmos os conceitos de ciclo operacional e financeiro, destacaremos o cálculo da necessidade de capital de
giro e a construção de um orçamento de caixa. Abordaremos ainda neste tema as boas práticas de gestão de tesouraria de
uma empresa.
MÓDULO 1
PRIMEIRAS PALAVRAS
Fonte: PopTika / Shutterstock
Neste módulo, definiremos os ciclos envolvendo recursos da empresa. Os ciclos operacional, econômico e financeiro são
medidas importantes para a avaliação da situação de curto prazo, isto é, de solvência da empresa.
O ciclo operacional se inicia com a compra de matéria-prima e se encerra com o recebimento da venda; durante esse
período, ele pode coincidir com os ciclos econômico e financeiro.
Enquanto o ciclo financeiro começa com o primeiro desembolso e termina com o recebimento da venda.
Na gestão do capital de giro, é nítida a presença de um fluxo contínuo e permanente de recursos entre seus vários
elementos, estabelecendo, assim, uma forte inter-relação no grupo e tornando seus valores bastante mutáveis.
EXEMPLO
O caixa ou disponível é destinado a compras de estoques convertidos em vendas. Caso elas sejam à vista, ocorre uma
nova elevação do caixa. Caso as vendas sejam a prazo, a conta de valores a receber é modificada, sendo futuramente
transformada em caixa quando do seu recebimento.
A administração do capital de giro envolve alta rotação (giro) das contas do ativo circulante, tornando dinâmico o fluxo de
operações da empresa. Esse giro de atividade proporciona uma menor necessidade de imobilização de capital circulante e
um consequente aumento de rentabilidade.
Fonte: wrangler / Shutterstock
Enquanto as operações se processam de forma contínua, o balanço patrimonial não retrata a dinâmica do patrimônio de
uma empresa. O balanço da empresa representa sua situação patrimonial como se fosse uma fotografia, ou seja, uma
situação estática, sem refletir sua mobilidade ou dinamismo.
Para mensurar essa dinâmica, a administração financeira utiliza indicadores de prazos médios que medem a eficiência da
gestão dos recursos alocados ao ativo operacional da empresa.
DICA
A interpretação dos índices deve ser feita de forma conjunta, pois eles isoladamente não refletem a situação
real da empresa.
Eles também são conhecidos como indicadores de atividade, pois permitem conhecer a política de compra e venda da
empresa. Os indicadores de prazos médios mais utilizados são o prazo médio de:
ROTAÇÃO DE ESTOQUES
RECEBIMENTOS
PAGAMENTOS
Os conflitos retratados pelo autor envolvem as áreas de produção voltadas para a manutenção de estoques de matérias-
primas em níveis de segurança e a área financeira concentrada na manutenção de níveis de estoques de produtos, lhe
permitindo, com isso, atender a todos os pedidos dos seus clientes de forma que isso não gere muitos custos para a
empresa.
Custo de capital: Volume de recursos investido em materiais, produtos estocados, instalações e equipamentos
necessários para a movimentação física e armazenagem;
Custo das instalações: Custo de aluguéis, impostos, taxas, manutenção, limpeza, refrigeração, seguro e
depreciações;
Custos dos serviços: Gastos com mão-de-obra utilizada na recepção, movimentação e controles administrativos dos
estoques;
O administrador financeiro deve controlar a rotatividade do estoque, interpretando o índice (PMRE) e seus reflexos na
liquidez e na rentabilidade da empresa.
EXEMPLO
O indicador de PMRE pode exprimir o número de dias, em média, em que os estoques ficam armazenados
na empresa antes de serem vendidos ou o número em que eles são renovados (ou vendidos).
A multiplicação por 360 ocorre para que o índice dê o PMRE em dias, uma vez que a conta “custo das mercadorias
vendidas” fornece o custo por ano.
EXEMPLO
O estoque médio da empresa XYZ é de 2.000 e o custo das mercadorias vendidas, 16.000. Logo, o prazo
médio de renovação de estoque é de 45 dias.
Conceder crédito significa assumir custos e riscos inexistentes na modalidade de vendas à vista. Por outro lado, sua
concessão propicia:
Ganho de escala;
A conta Clientes ou Contas a receber geralmente tem valor relevante no ativo circulante das empresas, representando
custos de produção e vendas, impostos sobre vendas e lucro bruto ainda não realizados.
O processo de venda, neste caso, implica a conversão de estoques em créditos a receber, o que significa que as empresas
continuam financiando os seus referidos custos. O indicador de prazo médio de recebimento indica o tempo decorrido, em
média, entre a venda de seus produtos e o efetivo ingresso de recursos.
EXEMPLO
O saldo médio da conta Clientes de uma empresa é 2.000 e da conta Vendas, 6.000. Desse modo, o prazo
de recebimentos é de 120 dias.
O prazo médio de pagamentos representa o prazo, em média, que a empresa vem obtendo de seus fornecedores para o
pagamento das compras de matérias-primas e/ou mercadorias.
A fórmula é a seguinte:
PMP = SALDO MÉDIO DE FORNECEDORES X 360/ COMPRAS
EXEMPLO
O saldo médio da conta Fornecedores de uma empresa é 2.000 e da conta Compras, 24.000. Portanto, o
prazo de médio de pagamentos é de 30 dias.
Fonte: Autor
CICLO ECONÔMICO
O ciclo econômico é o tempo em que a mercadoria permanece em estoque, sendo compreendido desde a aquisição dos
produtos até sua venda (sem levar em consideração o recebimento).
THINK A/Shutterstock
ECONÔMICO
OPERACIONAL
CAIXA (FINANCEIRO)
Ciclo operacional menos o prazo médio de pagamento (se a matéria-prima for paga antes da venda do produto).
EXEMPLO
Em uma empresa, as mercadorias permanecem 40 dias em estoque, a média de recebimento de clientes igual a 62 dias e o
pagamento a fornecedores é feito em 30 dias.
PMRE = 40 dias;
Logo:
Esta empresa deve buscar alternativas capazes de gerar – se for possível – ciclos financeiros menores. Diminuindo-se
estes ciclos, consegue-se aumentar do giro de negócios, proporcionando um maior retorno do investimento.
O ciclo financeiro de 72 dias significa que, em 360 dias, a empresa gira cinco vezes (=360/72).
Após o pagamento a fornecedores, a empresa provavelmente deve financiar suas atividades com o próprio capital de giro,
pois seu PMCR é de 62 dias.
O capital de giro representa os recursos que a empresa necessita para financiar suas operações, que vão desde a
aquisição de matérias-primas até o recebimento pela venda do produto acabado. Esse capital é importante, pois há uma
defasagem de tempo entre o desembolso de gastos e o recebimento das receitas das empresas.
ATENÇÃO
Para produzir, é necessário dispor dos materiais a serem utilizados no processo de produção, o que representa um gasto
anterior ao recebimento da receita relativa ao produto. Além disso, há um tempo mínimo necessário para a transformação
da matéria-prima em produto acabado.
COMENTÁRIO
A gestão do período de estoque é objeto de estudo da logística. A utilização adequada das técnicas de
gestão de estoques pode reduzir o ciclo operacional e de caixa da empresa.
Calcularemos agora os ciclos operacional, econômico e financeiro de uma empresa com os seguintes eventos econômicos
e financeiros:
Dia 0 15 30 45 60 75 90
Compra
Venda
de
Eventos Salários 1000
matéria-
econômicos 200 Tributos
prima
200
500
O prazo médio ponderado de pagamentos é calculado multiplicando-se o valor de cada pagamento pelo respectivo prazo e
dividindo-o pelo total pago, ou seja, (500 x 45 + 200 x 15 + 200 x 45) / (500 + 200 + 200) = 38 dias.
O ciclo financeiro é de 45 dias, com início no “dia 45” e término no “dia 90”.
O prazo médio ponderado de pagamentos é de 38 dias e o prazo médio de recebimentos de vendas, 30 dias, indicando que
a empresa recebe as vendas de forma mais rápida do que efetua seus pagamentos. Além disso, os valores envolvidos são
diferentes, já que, enquanto os pagamentos totalizam R$900, o recebimento tem o valor de R$1.000.
Portanto, em termos financeiros, o aumento de um dia no prazo médio de pagamento não corresponde à redução do
mesmo tempo no médio de recebimento.
Dia 0 15 30 45 60 75 90
Compra
Venda
de
Eventos Salários Despesas 650
matéria-
econômicos 180 50 Tributos
prima
120
300
A venda no valor de R$650 ocorre no dia 60 e o recebimento, no dia 90. Portanto, o prazo médio de recebimento é de 30
dias.
O prazo médio ponderado de pagamentos é calculado multiplicando-se o valor de cada pagamento pelo respectivo prazo e
dividindo-o pelo total pago, ou seja, (300 x 45 + 120 x 15 + 180 x 15 + 50 x 30) / (300 + 120 + 180 +50) = 30 dias.
O ciclo financeiro é de 60 dias, com início no “dia 30” e término no “dia 90”.
O prazo médio ponderado de pagamentos e o médio de recebimentos são de 30 dias, indicando que a empresa recebe as
vendas no mesmo prazo em que efetua seus pagamentos. Como os valores envolvidos são iguais (pagamentos e
recebimentos totalizam R$650), o aumento de um dia no prazo médio de pagamento corresponde à redução de um dia no
médio de recebimento – e vice-versa.
Para não haver mais dúvidas sobre os ciclos operacional, econômico e financeiro, analisaremos um último exemplo:
EXEMPLO
Em uma empresa, as mercadorias permanecem 20 dias em estoque, tendo uma média de recebimento de clientes igual a
31 dias e PMPF de 15 dias.
O ciclo operacional dela é de 51 dias (prazo médio de estoque somado ao prazo médio de recebimento de clientes). O
econômico é o PMRE, que, neste caso, aponta 20 dias. Já o financeiro, que se inicia com o primeiro dispêndio e acaba com
o recebimento da venda das mercadorias, equivale a 36 dias.
Neste exemplo, a empresa precisa se financiar com o próprio capital de giro, pois o ciclo financeiro é maior que a média de
recebimento de clientes: 31 dias.
A) 10 dias
B) 60 dias
C) 30 dias
D) 90 dias
E) E) 120 dias
ECONÔMICOS:
- DIA 0 – COMPRA DE MATÉRIA-PRIMA: 500;
- DIA 12 – SALÁRIOS: 200;
- DIA 58 – VENDAS: 1.000;
- DIA 60 – TRIBUTOS: 200.
FINANCEIROS:
- DIA 46 - PAGAMENTO DA MATÉRIA-PRIMA: 500;
- DIA 60 - PAGAMENTO DE SALÁRIOS: 200;
- DIA 73 - PAGAMENTO DE TRIBUTOS: 200;
- DIA 92 - RECEBIMENTO DE VENDAS: 1.000.
GABARITO
Se o saldo médio da conta Fornecedores de uma empresa é 1.000 e da conta Compras (por ano), 12.000, qual é o
prazo médio de pagamentos?
Sabemos que PMP = saldo médio de fornecedores x 360/ compras. Como o saldo médio da conta Fornecedores da
empresa é 1.000 e da conta Compras, 12.000, então o prazo de médio de pagamentos é de 30 dias.
2. Considere os seguintes eventos e seus respectivos valores. Em seguida, assinale a alternativa correta.
Econômicos:
- Dia 0 – compra de matéria-prima: 500;
- Dia 12 – salários: 200;
- Dia 58 – vendas: 1.000;
- Dia 60 – tributos: 200.
Financeiros:
- Dia 46 - pagamento da matéria-prima: 500;
- Dia 60 - pagamento de salários: 200;
- Dia 73 - pagamento de tributos: 200;
- Dia 92 - recebimento de vendas: 1.000.
O ciclo financeiro começa no primeiro desembolso e termina no recebimento da venda. Assim, neste caso, o financeiro é de
46 dias, já que o recebimento de vendas foi no dia 92 e o pagamento da matéria-prima, no dia 46.
MÓDULO 2
Fonte: ImageFlow/Shutterstock
O dimensionamento correto da necessidade de capital de giro é um desafio do administrador financeiro. O volume elevado
desse capital pode desviar recursos financeiros que poderiam ser aplicados em outras áreas da empresa. Por outro lado,
um volume muito reduzido tem o potencial de restringir a capacidade de operação e de vendas da empresa.
A necessidade de capital de giro pode ser estimada com base no ciclo financeiro ou via balanço patrimonial.
Demonstraremos a seguir a aplicação desses dois casos:
A necessidade de capital de giro corresponde ao caixa operacional, ou seja, ao montante mínimo de recursos financeiros
necessários para garantir a operacionalidade da empresa.
ATENÇÃO
O cálculo com base no ciclo financeiro pressupõe que as despesas anuais projetadas sejam uniformemente
distribuídas ao longo do ano.
Como tanto o ativo quanto o passivo circulante contêm contas transitórias (caixa, bancos, aplicações financeiras de curto
prazo e empréstimos e financiamentos de curto prazo), elas não estão relacionadas à necessidade de investimento em
capital de giro.
Fonte: bleakstar/Shutterstock
Para o cálculo da necessidade de capital de giro de uma empresa com base em seu balanço patrimonial, algumas contas
devem ser reclassificadas. O balanço patrimonial com a reclassificação é representado da seguinte maneira:
Formado pelos itens de longo prazo do ativo. Seu valor é igual à soma dos seguintes itens: realizável a longo prazo,
investimento, imobilizado e intangível.
Representa os recursos utilizados nas operações da empresa que dependem das características de seu ciclo operacional.
É composto por duplicatas a receber, estoques e outros valores a receber que possuam natureza permanente;
EXIGIBILIDADE (EXG):
Formado pelas contas de longo prazo do passivo, ela representa a fonte permanente de recursos financeiros da empresa. É
igual à soma do passivo não circulante com o patrimônio líquido;
Indica as contas do passivo vinculadas ao ciclo operacional da empresa, como fornecedores, salários, encargos, impostos,
taxas e outras contas a pagar;
Trata dos itens de curtíssimo prazo do passivo circulante sem vinculação direta com as operações da empresa, como
empréstimos, financiamentos e outras obrigações financeiras de curto prazo.
O cálculo da necessidade de capital de giro (NCG) é dado pela diferença entre o ativo operacional e o passivo operacional:
NCG = AO - PO
O capital de giro líquido (CGL) calculado com base nessa reclassificação de contas será a diferença entre a exigibilidade e
ativo não circulante:
Repare que esta fórmula é exatamente a mesma do conceito anterior (CGL = ativo circulante – passivo circulante), pois a
exigibilidade é igual a passivo total menos passivo circulante, assim como o ativo não circulante é igual a ativo total menos
ativo circulante:
CGL = AC – PC
O efeito tesoura (ET) ou saldo de tesouraria (ST) é o valor do capital de giro líquido que excede a necessidade de capital de
giro calculada na fórmula descrita acima. Tal valor corresponde ainda à diferença entre o ativo (AF) e o passivo flutuante
(PF):
ET = AF – PF OU ST = AF – PF
EXEMPLO
Calculemos a necessidade de capital de giro, capital de giro líquido e efeito tesoura com base no balanço patrimonial desta
empresa:
Ativo Passivo
Intangível 500
Vejamos agora seu balanço patrimonial com a reclassificação para se calcular a necessidade de capital de giro:
Ativo Passivo
NCG = AO – PO
OU
CGL = AC – PC
ET = CGL – NCG
OU
ET = AF – PF
Baseado na obra de Hoji (2001), o próximo exemplo apresenta uma situação bem detalhada de uma empresa:
EXEMPLO
Indicadores de liquidez
Os índices de liquidez corrente (ILCs) positivos nos três exercícios indicam que a companhia tem a capacidade de honrar
seus compromissos financeiros de curto prazo, o que pode ser ratificado pelo CCL positivo. Os dados de 20X6 evidenciam
que foram aplicados R$20.215 em operações e R$348.388 em atividades de natureza financeira.
Já os indicadores de liquidez de 20X8 indicam uma situação financeira folgada, com ILC de 1,62 e CCL de R$543.970;
entretanto, a NCG (ou NLCG) aumentou substancialmente, enquanto o ST negativo mostra que essa situação piorou em
relação aos anos anteriores.
Se o investimento em CCL diminuiu em relação a 20X7, a NLCG também deveria diminuir, mas isso não ocorreu, porque o
aumento das fontes de capital de giro (passivo operacional) não foi o suficiente para suprir o incremento dos investimentos
em operações (ativo operacional).
Por meio desse conceito, é possível determinar o ciclo financeiro, que é calculado de acordo com a seguinte equação:
CF = NCG X N/RB
Em que:
CF = ciclo financeiro;
EXEMPLO
Consideremos as seguintes informações:
O aumento do ciclo financeiro indica que a empresa passou a depender significativamente do capital de giro, pois, quanto
menor for o ciclo financeiro, melhor isso será para a empresa.
Suponhamos que a empresa deseje aumentar a receita bruta dela em 20% no próximo exercício, mantendo, para isso, o
ciclo financeiro de 102,3 dias.
CF = NCG x N/RB
NCG = 753.446
A) O ativo operacional é formado pelos itens de longo prazo do ativo. Seu valor é igual à soma destes itens: realizável a
longo prazo, investimento, imobilizado e intangível.
B) O ativo não circulante representa os recursos utilizados nas operações da empresa que dependem das características
de seu ciclo operacional.
C) O passivo operacional (PO) tem relação com as contas do passivo vinculadas ao ciclo operacional da empresa, como
fornecedores, salários, encargos, impostos, taxas e outras contas a pagar.
D) Exigibilidade corresponde aos itens de curtíssimo prazo do passivo circulante sem vinculação direta com as operações
da empresa, como empréstimos, financiamentos e outras obrigações financeiras de curto prazo.
GABARITO
Esta é a definição de NCG. O CGL não representa a efetiva necessidade de investimento, já que ele é o ativo circulante
menos o passivo circulante. Além disso, essas partes do balanço contêm contas que não estão relacionadas à necessidade
de investimento em capital de giro; por isso, existe a necessidade de outra medida que adapte o ativo e o passivo circulante
para o cálculo da necessidade de capital de giro.
2. Sobre a necessidade de capital de giro calculada com base no balanço patrimonial, podemos afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
O PO é necessário para se calcular a necessidade de capital de giro de uma empresa com base em seu balanço
patrimonial. Ele é formado pelas contas do passivo relacionadas ao ciclo operacional da firma.
MÓDULO 3
PRIMEIRAS PALAVRAS
Fonte: Peshkova/Shutterstock
O capital de giro é fortemente influenciado pelas incertezas inerentes à atividade empresarial. Por esse motivo, a empresa
deve manter uma reserva financeira para enfrentar os eventuais problemas que podem surgir.
Quanto maior for o capital de giro, menores serão as possibilidades de crises financeiras, ou seja, menor será o risco de
uma organização deixar de honrar seus compromissos financeiros a curto prazo. Entretanto, ela não pode deixar o recurso
parado na empresa: a rentabilidade obtida pela reserva desse capital aplicada no mercado financeiro não constitui a
atividade-fim das empresas não financeiras.
Além disso, a aplicação provavelmente rende taxas menores que o custo de capital da empresa. O administrador financeiro
precisa buscar, portanto, um equilíbrio entre o volume necessário à manutenção da reserva de capital de giro e o valor a ser
aplicado no ativo não circulante. Veremos neste módulo de que maneira isso pode ser feito.
Fonte: Zapp2Photo/Shutterstock
A programação da produção e coordenação com as previsões de vendas contribuem para a utilização racional de matérias-
primas. Quanto mais confiável a programação, maior a compatibilização entre o fluxo de pedidos e o estoque, gerando,
como consequência, uma redução dele. Com isso, menor se torna o fluxo de caixa.
2. APROVEITAR OS DESCONTOS
Descontos oferecidos pelos credores, além de reduzirem a pressão por recursos no caixa, contribuem para uma redução do
ciclo dele, uma vez que seu aproveitamento diminui o tempo dos valores pagos aos credores.
3. INCENTIVAR A DIMINUIÇÃO DO CICLO DE PRODUÇÃO
Fonte: Baloncici/Shutterstock
A introdução de novos layouts de produção e o racionamento de procedimentos favorecem a redução do tempo do produto
na linha de produção, reduzindo o período entre o pagamento de insumos e o recebimento do produto vendido.
Fonte: Freedomz/Shutterstock
Crédito é uma ferramenta propulsora das vendas. Entretanto, este tipo de venda demanda recursos financeiros para
financiá-la. Portanto, a redução do prazo médio de recebimento melhora as condições de capital de giro.
Negociar os prazos no momento da compra é uma ferramenta útil para a empresa. Entretanto, o pagamento fora dos prazos
pactuados é extremamente desaconselhável pelos custos elevados decorrentes disso.
6. ANTECIPAR RECEBIMENTOS
Fonte: Joyseulay/Shutterstock
Recursos antecipados significam uma folga financeira. Uma observação rigorosa nos prazos de recebimento e demais
providências saneadoras favorecem essa antecipação.
EXEMPLO
Uma política de gestão, neste caso, pode ser a concessão de descontos por antecipação.
Fonte: 88studio/Shutterstock
EXEMPLO
Duplicatas, cheque pré-datado, boleto bancário, carnês, cobrança em carteira, cobrança bancária, cobrança
por cobrador, débito automático, ordem de pagamento, transferências eletrônicas ou cartões de crédito.
8. RELACIONAMENTO BANCÁRIO
Fonte: El Nariz/Shutterstock
Estabelecer relacionamento com os bancos é um elemento importante para uma efetiva administração de caixa. Os bancos
têm vários tipos de serviços e pacotes inovadores, como linhas de empréstimo de stand by, hot money e cheque especial.
Além disso, eles possuem programas sofisticados de informática relacionados à contabilidade básica e aos orçamentos que
auxiliam os administradores financeiros a maximizarem a disponibilidade diária de caixa e facilitarem aplicações a curto
prazo.
Os títulos são instrumentos financeiros de curto prazo. Eles são classificados como ativos líquidos da empresa, pois rendem
juros e podem ser facilmente convertidos em dinheiro.
Os títulos mais comuns nas carteiras de títulos negociáveis das empresas são divididos em dois grupos:
Emissões governamentais: Títulos públicos;
Emissões privadas: Certificados de depósito bancário (CDB), commercial papers, aceites bancários e quotas de
fundos mútuos.
Um dos modelos mais simples é o caixa mínimo operacional. Método de obtenção de um padrão de investimento em
caixa, ele é o resultado da divisão do montante de desembolsos previstos pelo seu giro de caixa.
Para ilustrarmos isso, utilizaremos agora um exemplo proposto por Assaf Neto e Silva (1995):
GIRO DE CAIXA
Igual à divisão de 360 (base em dias) pelo ciclo de caixa, o giro de caixa corresponde ao período que abrange desde
o pagamento da compra de matéria-prima até o recebimento das vendas.
EXEMPLO
Em seu fluxo de caixa projetado, uma empresa previu desembolsos na ordem de R$2,7 milhões. Sabe-se que seu ciclo de
caixa é de 24 dias, ou seja, somente no 25º dia ocorre o ingresso de recursos. Com isso, teríamos um giro de caixa de 15
vezes (GC = 360/24 = 15).
O valor determinado no exemplo representa o volume mínimo de recursos financeiros de que uma empresa necessita para
financiar suas atividades operacionais.
O segundo modelo apresentado é válido para fluxos de caixas aleatórios ou não conhecidos; portanto, sua natureza é
claramente probabilística (ao contrário do modelo de caixa mínimo operacional, que é determinístico). O modelo de Muller
e Orr parte da existência de dois ativos (caixa e investimento) com uma relação dinâmica de interdependência devido ao
esquema de mútuas transferências. A partir daí, esse modelo estabelece um saldo mínimo e máximo de caixa.
Fonte: Rido/Shutterstock
Quando os recursos de caixa estiverem esgotados, com tendência a um limite inferior, será necessário efetuar um resgate,
transferindo recursos das aplicações para o caixa e restabelecendo a liquidez. Em situação inversa, se o caixa estiver
acima do limite superior, será feita uma transferência para as aplicações de recursos com o propósito de evitar um excesso
de liquidez e a perda de remuneração das aplicações.
O modelo chega então ao conceito de ponto de retorno. Trata-se do ponto ao qual a empresa deve voltar toda vez que o
caixa estiver acima ou abaixo dos limites de controle. Ele pode ser obtido por esta fórmula:
Em que:
ATENÇÃO
O limite máximo é .
QUANDO ESSE SALDO ATINGIR H, A EMPRESA DEVERÁ COMPRAR
(OU INVESTIR) H – Z (EM UNIDADES MONETÁRIAS) COM O OBJETIVO
DE CHEGAR AO PONTO Z DESEJADO.
DA MESMA FORMA, QUANDO ELE CAIR PARA O NÍVEL MÍNIMO (M),
ELA PRECISARÁ VENDER Z – [NÍVEL MÍNIMO] TÍTULOS OU RESGATAR
O INVESTIMENTO, ELEVANDO SEU CAIXA ATÉ ATINGIR Z
NOVAMENTE.
O modelo de Muller e Orr relaciona o caixa e a variância dos valores do caixa. Quanto maior for a dispersão, maior será o
risco e, consequentemente, os investimentos em caixa. Já uma menor dispersão, por sua vez, significa uma maior
previsibilidade, implicando, assim, menores valores em caixa.
EXEMPLO
Uma empresa possui m igual a R$1.000, custo de resgate de R$100, taxa de juros de 0,05% ao dia – o que significa uma
taxa anual de 13,42% - e desvio-padrão de R$50 por dia no caixa.
O ponto de retorno é:
O ponto de máximo (H) é R$6.163,37. Quando o saldo de caixa da empresa atingir este valor, ela deverá investir
R$4.442,24. Quando esse saldo cair para R$1.000, a organização resgatará R$721,12, elevando seu caixa.
Outro modelo relativamente simples é o do dia da semana, que é traduzido a partir de um padrão observado para prever o
futuro comportamento de caixa. Esse modelo busca detectar o componente sazonal de cada dia do mês e da semana para
fazer, partindo da previsão do saldo final para o último dia do mês, a projeção para o fluxo de caixa diário, observando, no
processo, os ajustamentos específicos e o fator sazonalidade.
EXEMPLO
Uma companhia realiza 25% de seu fluxo de caixa semanal na segunda-feira, 15% na terça, 17% na quarta, 21% na quinta
e 22% na sexta-feira, totalizando, assim, 100%. Se não houvesse essa sazonalidade, o fluxo seria de 20% (100% dividido
pelo número de dias úteis da semana).
Para obter o desvio entre a participação de cada dia da semana e a média, basta realizar a subtração a seguir. A partir daí,
obtém-se uma visão mais aproximada da realidade.
Total 1
Conhecer os desvios de investimentos ou financiamentos permite ao administrador tomar decisões com maior grau de
segurança e previsibilidade. Desse modo, evita-se o desperdício de recursos ou outras imprevisibilidades que tanto
desorganizam as finanças de empresas.
SALDO MÍNIMO
Em que:
CC = Custos de conversão;
NR = Necessidade de recursos;
CO = Custo de oportunidade.
EXEMPLO
A necessidade de recursos para transação está na ordem dos R$1.000.000, enquanto o rendimento dos títulos de alta
liquidez é de 10% ao ano. Além disso, para cada resgate de um título, gasta-se R$100.
Na prática, costuma-se usar em modelos mais simples, como o do percentual sobre vendas previstas.
EXEMPLO
Uma empresa determina o saldo mínimo de caixa igual a 5% de suas vendas anuais previstas. Se essas vendas forem de
R$4.000.000, o saldo mínimo de caixa terá o seguinte valor: R$200.000.
GESTÃO DE TESOURARIA
A gestão de tesouraria trata de operações necessárias à eficácia dos processos e dos produtos bancários à disposição da
empresa. Dessa forma, ela pode ser considerada mais genérica que a administração do caixa, já que trata dos ativos e
passivos circulantes.
Os credores concedem empréstimos de curto prazo para permitir que ela financie aumentos sazonais de estoque ou
duplicatas a receber. Esses recursos, portanto, não devem servir para aplicações de longo prazo.
A necessidade permanente – que consiste no ativo não circulante mais a parcela permanente dos ativos circulante da
empresa – permanece inalterada ao longo do ano.
Já a sazonal, que pode ser atribuída à existência de certos ativos circulantes temporários, varia ao longo do ano (conforme
indica o diagrama a seguir).
Fonte: Autor
A estratégia agressiva significa menos capital de giro e mais risco, havendo a probabilidade de mais lucro. Já uma
estratégia conservadora aponta muito capital de giro e menos risco, sendo mais provável haver um lucro menor.
Quando verificamos que determinada empresa se tornou insolvente, isso, em geral, possui duas possiblidades:
Seus recursos foram desviados para outra finalidade que não o financiamento do capital de giro.
Os investimentos novos não levaram em conta as necessidades adicionais de recursos para financiar o giro das operações.
Enquanto os ativos fixos geram produtos cujas vendas propiciam a rentabilidade, os ativos circulantes constituem
aplicações de baixa rentabilidade, ainda que elas sejam necessárias à sustentação das atividades operacionais da
empresa.
A necessidade permanente de fundos se trata da parcela de recursos considerada necessária para financiar necessidades
contínuas da empresa. Esse valor é estimado tomando por base o valor anual requerido para se manter o imobilizado da
empresa no nível de produção pretendida.
Fonte: Natee Meepian/Shutterstock
A necessidade complementar de fundos, por sua vez, compõe a parcela acrescida à necessidade mínima estimada, sendo
tomada por base a sazonalidade dos insumos. A necessidade mínima permanente de fundos é o valor encontrado na
menor soma mensal das necessidades permanente e complementar.
EXEMPLOS
Média
10.750 8.800 1.950
mensal
Fonte: Autor
Caso a empresa seja conservadora, ela pode manter em caixa um volume de dinheiro suficiente para cobrir todas as
necessidades do ano, ou seja, R$13.000 (valor de outubro). Isso oferece tranquilidade ao administrador, mas onera a
organização.
Caso ela seja agressiva, irá manter o nível mínimo de R$8.800. Isso minimizará os custos, embora qualquer imprevisto
possa lhe causar sérios transtornos financeiros. Se ficar na média (R$10.750), essa estratégia onerará menos que a
conservadora, havendo menos riscos de sobressaltos que a agressiva.
2. UMA EMPRESA TEM AS OPÇÕES DE FINANCIAMENTO DEFINIDAS
DE 12% AO ANO PARA O CAPITAL DE CURTO PRAZO E DE 18% AO
ANO PARA O DE LONGO PRAZO. DADO UM VOLUME DE RECURSOS
FINANCEIROS NECESSÁRIOS PARA A OPERAÇÃO DELA (ATIVO NÃO
CIRCULANTE) DE R$600, O VOLUME DE ATIVOS DE CURTO PRAZO
PODE ASSUMIR TRÊS CENÁRIOS:
Estratégia
Suponhamos agora que haja o mesmo lucro operacional para as três situações, a demonstração de resultado das três
estratégias é a seguinte:
Estratégia
A abordagem agressiva, portanto, é a que gera um maior retorno sobre o patrimônio líquido, porém é a de maior risco
devido a um valor pequeno de capital de curto prazo.
A partir dos demonstrativos apresentados, também podemos analisar a necessidade de investimento em capital de giro.
EXEMPLO
Caixa 40
Estoques 160
Aparentemente, isso pode significar que os R$150 do passivo não circulante e o patrimônio líquido estão financiando as
atividades do ativo circulante, o que propicia a sensação de uma posição confortável da empresa. Entretanto,
acrescentaremos a seguir as seguintes informações sobre essa empresa:
Se o caixa apresentado no balanço é R$40 e a necessidade mínima, R$30, verifica-se que os R$10 correspondem à
necessidade sazonal. Os valores a receber são iguais às vendas a prazo multiplicadas pelo período de crédito:
Dessa forma, o valor de R$120 é a necessidade mínima. Como o balanço apresenta saldo de contas a receber de R$200,
temos então R$80 de necessidade sazonal. Os estoques representam 40% das receitas por 15 dias:
Como o valor é igual ao do balanço, não há necessidade sazonal. Com essas informações, podemos compor o seguinte
quadro:
ATIVO CIRCULANTE
Necessidade
Caixa 30 10 40
Os dados sugerem que os R$150 de CCL inicialmente calculados – financiados pelo passivo não circulante e patrimônio
líquido – estão, na realidade, financiando as necessidades mínimas do circulante, cujo valor atinge a casa dos R$310.
Verifica-se, dessa maneira, uma insuficiência de recursos no valor de R$160 (R$310 – R$150), o que pode apontar um risco
para a empresa.
Por outro lado, precisamos considerar que o passivo circulante também possui fontes constantes e sazonais.
DICA
A conta Salários a pagar pode ser considerada uma fonte constante, enquanto a conta Fornecedores seria sazonal.
Com isso, a necessidade de investimento em giro (NIG) pode ser apresentada da seguinte forma:
Neste caso:
Se o CCL cobrisse essa necessidade, não haveria, portanto, a necessidade de mais recursos de longo prazo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) A gestão de tesouraria trata de operações necessárias para a eficácia dos investimentos de longo prazo à disposição da
empresa.
B) A gestão de tesouraria é mais genérica que a administração do caixa, pois trata de ativos e passivos circulantes.
C) A estratégia agressiva da gestão de tesouraria significa menos capital de giro e mais risco.
D) A estratégia conservadora de gestão de tesouraria aponta mais capital de giro e menos risco. O índice PCR é calculado
pela razão entre a carteira de contas a receber da empresa e o total dos ativos.
E) E) Não é correto dizer que uma estratégia conservadora de gestão de tesouraria é mais adequada que uma agressiva. Isso
depende de quanto risco a direção da empresa quer tomar, o que deve ser transparente para todos os seus stakeholders.
E) E) Ter planos de contingência caso haja uma súbita falta de liquidez da empresa.
GABARITO
Aumentar o giro de estoques faz com que o caixa seja mais bem administrado, já que o estoque não fica estagnado na
empresa. Além disso, quanto mais confiável for a programação de entrada e saída de produtos, maior será a
compatibilização entre o fluxo de pedidos e o estoque, havendo uma consequente redução dele.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, identificamos, definimos e conhecemos os ciclos de gestão do capital de giro. Também observamos que esses
instrumentos fazem parte de um processo voltado para o cálculo da necessidade desse capital.
Descrevemos ainda o funcionamento dos modelos de administração de caixa e as regras para uma administração
adequada. Por fim, abordamos o processo de gestão de tesouraria.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 2011.
BRIGHAM, E. F.; WESTON, J. F. Fundamentos da administração financeira. 10. ed. São Paulo: Makron Books, 2000.
FLEURIET, M. K. R.; BLANC, G. A Dinâmica financeira das empresas brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Dom
Cabral, 1980.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira: essencial. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.
HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2001.
EXPLORE+
Indicamos como leitura complementar estes dois artigos:
ARANHA, J. A. M. Indicadores de ciclos financeiro e operacional: uma abordagem com enfoque na liquidez e
rentabilidade das empresas. Publicado em: ago. 2001.
PAULO, A. DE O.; MOREIRA, H. L. O capital de giro como fator estratégico para o desempenho econômico-
financeiro das empresas - um estudo de caso. Consultado em meio eletrônico em: 28 set. 2020.
CONTEUDISTA
Gustavo Silva Araujo
CURRÍCULO LATTES