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DO CAPITAL DE
GIRO
Introdução
Em tempos de grande competitividade, e nem sempre em cenários de
economia aquecida, as empresas precisam se reinventar para administrar
suas finanças. É importante que elas possam vender seus produtos e
serviços em tempo hábil, de forma que o capital fique disponível para
realizar investimentos ou para cobrir os custos de novas vendas.
Nem sempre, porém, há essa circulação de recursos em caixa, per-
mitindo garantir o equilíbrio entre bens e obrigações. Isso obriga as
empresas a buscarem alternativas para o seu giro de capital, com ope-
rações de curto prazo.
Neste capítulo, você vai estudar a função financeira de uma empresa
e as operações financeiras de curto prazo. Por fim, você vai compreender
a relação entre as fontes de capital e as operações de curto prazo.
ções que acrescentem valor é, sem dúvida, o principal objetivo dos gestores
financeiros (SILVA, 2013).
Braga (1995) aponta que a função financeira abrange as atividades relacio-
nadas com a gestão dos fundos movimentados por todas as áreas da empresa.
Essa função é responsável pela obtenção dos recursos necessários e pela
formulação de uma estratégia voltada para a otimização do uso desses fundos.
Há dois elementos básicos da função financeira de uma empresa: a obtenção
dos recursos nas condições mais favoráveis possíveis e a alocação eficiente
desses recursos na empresa. Cabe ressaltar que a função financeira não é uma
função independente. Os fluxos financeiros são sempre a contrapartida dos
fluxos de bens ou de serviços — fluxos físicos (SILVA, 2013).
Nesse contexto, destacam-se duas teorias sobre o objetivo das organizações.
Na primeira, a abordagem de stakeholder, as tomadas de decisões devem
estar alinhadas com os objetivos de todas as partes interessadas na empresa,
como proprietários, credores, funcionários, fornecedores, clientes e o Estado
(SILVA, 2013). A segunda teoria prevê a maximização da riqueza dos acionistas
e se desenvolveu a partir das teorias econômica e financeira. Sob essa visão,
a gestão da organização busca a maximização do valor de mercado total da
firma (do patrimônio líquido e das dívidas), o que, por conseguinte, aumenta
a riqueza dos proprietários (ASSAF NETO, 2010).
Ross et al. (2013) explicam que, nas organizações menores, a função finan-
ceira normalmente é realizada por um contador, e somente quando a empresa
cresce, ganha setores e profissionais específicos para a tomada de decisão
de suas finanças, como um administrador financeiro. Segundo os autores,
essa administração proporciona maximizar o lucro e o valor de mercado do
capital dos proprietários. Para tornar esse conceito mais palatável, os autores
apontam que a função financeira pode ser entendida a partir de três grandes
áreas: orçamento de capital, estrutura de capital e administração financeira
de curto prazo.
O orçamento de capital é “o processo de planejamento e gerenciamento de
investimentos” (ROSS et. al., 2010, p. 2). Nesse orçamento, os administradores
financeiros tentam identificar boas oportunidades de investimento para a
empresa. No entanto, a preocupação desses administradores não deve ser
apenas o quanto eles vão receber pelo investimento que farão. A sua função
vai além dessa perspectiva, pois eles devem analisar o tamanho, o tempo e o
risco dos fluxos de caixa futuros, para que possam prever possíveis incertezas
e agir de maneira adequada, sem perda de capital da empresa.
Essa é a essência do orçamento de capital, e o administrador financeiro é,
por assim dizer, um tomador de decisões quanto aos investimentos que serão
Administração financeira de curto prazo 3
feitos, seja uma nova loja a ser aberta, a compra de uma nova máquina, a
implantação de um software ou a expansão de uma parte de uma loja. De uma
forma ou de outra, a decisão deverá ser pautada nas variáveis apresentadas no
contexto do investimento, e essa não é uma ação simples.
Gitman (2010) indica que, ao decidir fazer um investimento de longo prazo,
uma empresa pode comprometer boa parte de seu dinheiro, e a decisão deve
ser muito bem ponderada. Para tanto, surge a necessidade de estabelecer mé-
todos para a melhor escolha entre as opções de investimentos, e essa análise
se encontra no orçamento de capital.
Já a estrutura de capital é a estrutura financeira de uma empresa e deve
combinar de maneira equilibrada as contas que precisam ser pagas a longo
prazo e o patrimônio que ela tem para sustentar o financiamento de suas
operações. Na contabilidade, essa visão de equilíbrio ocorre na comparação
entre as chamadas contas de ativo e passivo.
Patrimônio líquido
Capital social
Reservas (de capital e de lucros)
Quadro 2. Exemplo de ativo e passivo circulantes de uma empresa, para análise do seu
CCL
Ativo Passivo
Ross et al. (2010) indicam que a liquidez de uma empresa pode crescer
com o aumento da venda de mercadorias à vista, o aumento do patrimônio
líquido (lançamento de ações) ou a busca por soluções imediatas de valores
disponíveis em caixa, por meio dos empréstimos de curto prazo.
A administração de curto prazo existe, portanto, para que haja dinheiro
em caixa para suprir a empresa de valores em seu ciclo de caixa. É importante
destacar que o ciclo de caixa é representado pelo tempo que a empresa leva
entre pagar por sua matéria-prima, pela compra de produtos e os profissionais
de serviços até a entrada de pagamento relativo às vendas de seus produtos
ou seus serviços aos clientes (GITMAN, 2010). Portanto, quanto maior é esse
ciclo, mais recursos a empresa precisa ter para continuar operando. Assim,
para reduzir o tempo do ciclo de caixa, a empresa precisa receber mais cedo
e pagar mais tarde. Se a empresa não consegue diminuir seus estoques e
tampouco receber as contas de seus clientes, deverá fazer uso de operações de
curto prazo, como aplicações financeiras, empréstimos bancários ou factoring.
caso, a negociação prevê garantias, como aval dos sócios, duplicatas, penhor
mercantil e alienação fiduciária. A contratação implica abertura do limite
de crédito rotativo em instituição financeira, contrato de limite de crédito e
contrato de garantia (ROSSETI et al., 2008).
Crédito rotativo: para Lemes Júnior et al. (2002), o crédito rotativo tem um
funcionamento semelhante a uma conta corrente, com limite de crédito e prazo
preestabelecido. A empresa pode efetuar saques a descoberto dentro desse
limite sem maiores burocracias. O crédito rotativo estipula um limite máximo
sobre a quantia que pode ser emprestada, e os encargos financeiros são, nor-
malmente, altos, mas são pagos somente pelo período que a conta permanece
devedora. O capital de giro na forma de crédito rotativo é flexível, porque os
fundos podem ser sacados quando necessário e pagos quando disponíveis
durante o período do contrato. Os autores mencionam que o crédito rotativo é
pago à medida que a empresa recupera gradualmente seu capital por meio de
seu negócio. Outros créditos rotativos, porém, podem durar anos, desde que
tenham suficiente valor de liquidação para assegurar a dívida.
Diante dos cenários de instabilidade econômica, a administração financeira
exerce um importante papel nas estratégias empresariais. As organizações
precisam ajustar muito bem seus fluxos de entrada e saída de recursos, para
evitar prejuízos à rentabilidade ou aumento de riscos. Decisões imediatas,
como a utilização de fontes de capital de curto prazo, podem ser opções para
gerar recursos disponíveis à empresa, mas apresentam alto custo, especial-
mente em um país com altas taxas de juros, como o Brasil. Caberá ao gestor
financeiro realizar a análise sobre as fontes disponíveis para as operações
de curto prazo e avaliar as melhores alternativas, para oferecer segurança às
finanças organizacionais.
Administração financeira de curto prazo 13
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