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Introdução

O trabalho que se segue é uma monografia apresentada a Faculdade de Gestão e Ciências


Económicas da Universidade Técnica de Angola como um dos requisitos para a escritura da
monografia e obtenção do Título de Licenciados em Contabilidade e Finanças.

O trabalho que nos referimos subordina-se ao tema “O Planeamento Financeiro como


Ferramenta para Alavancar Lucros na Empresa: ECONTABIL”.

As empresas contemporâneas e globalizadas não sobreviv

em sem planejamento. Como parte de um conjunto de ações a aperfeiçoar os setores da


empresa, o bom planejamento tende a resolver erros e projetar possíveis obstáculos na
concretização dos objetivos da organização.

Este trabalho busca analisar financeiramente O Super Mercado Nosso - Super, e apurar se
há possibilidade de alterar os métodos a fim de promover o aumento de lucro. Para que isto
aconteça, será necessário analisar a política orçamentária, apurar a situação atual da empresa e
seu fluxo de caixa, para então assim, fazer uma análise e identificar possíveis focos de mudança
na organização.

A administração financeira começou a ser compreendida como um campo de estudo no


começo do século XX, como parte da Economia.

Este estudo abrangia apenas os instrumentos, as instituições financeiras e os detalhes de


como funcionavam os mercados de capitais.

Nesta época, ocorreram diversas fusões de empresas, o que proporcionou o crescimento da


administração financeira como um estatuto a ser seguido por toda empresa que almejasse o
sucesso. Tal visão é respeitada até os dias de hoje. (VAN HORNE, 1974:67).

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Problemática
De acordo com Gil (1991:24) O problema consiste em dizer em maneira explícita, clara,
compreensível e operacional, qual a dificuldade com o qual nos defrontamos e o que pretendemos
resolver.
Por razões acima descrito levantamos a seguinte pergunta de partida:
Como alavancar lucros em uma empresa, utilizando o planeamento financeiro como
ferramenta?
Objectivos da pesquisa
Objectivo significa o fim que se quer atingir. Os objectivos são determinados pela
necessidade que o homem possui de compreender e controlar a natureza das coisas e
compreender aquilo que ele encara como certo, evidente e verdadeiro (BARROS e LEHFELD,
2008: 96).
Objectivo Geral
Apresentar um planeamento financeiro, a fim de alavancar lucros na Empresa
ECONTABIL.
Objectivos Especifícos
(1) Identificar a metodologia actual de controlo financeiro da empresa;
(2) Descrever a política orçamentária da empresa;
(3) Demostrar o fluxo de caixa em um determinado período de tempo;
(4) Levantar a política de previsão da empresa.
Hipoteses
Segundo Freixo (2012:165), “hipótese é uma sugestão de resposta para o problema,
devendo apresentar um conjunto de características mais aliciantes, más assumirá a condição de
uma predição numa ou mais resposta plausível para o problema e que orientará a investigação”.
Em função da problemática apresentada, elegemos as seguintes hipóteses como possíveis
respostas.
H1: Por intermédio do processo de planeamento de lucros que centrado na elaboração de
demonstrações projetadas; a demonstração do resultado e o balanço patrimonial.
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H2: através da correcta previsão e estruturação dos planos de vendas que dão a empresa
condições de uma maior abrangência do mercado com um menor desvio de vendas previsto e
uma maior lucratividade.
Justificativa da pesquisa
É o único item do projecto que apresenta respostas à questão por quê? De suma
importância, geralmente é o elemento que contribui mais directamente na aceitação da pesquisa
pela (s) pessoa (s) ou entidades que vão financiá-la. (MARCONI e LAKATOS, 2010:202).
Apesar de o planeamento financeiro ser uma realidade comum na maioria das grandes
empresas, muitas delas ainda não contam com esta ferramenta fundamental de análise e previsão
de cenários futuros. Com este estudo realizado, serão possíveis levantar uma série de
possibilidades, visando a saúde financeira da organização. Os dados poderão ser utilizados de
forma directa pelos setores envolvidos, dando maior visibilidade para o cenário geral dos
processos.
Mesmo que a empresa tenha objectivos definidos para cada sector neste ano de 2017, um
planeamento financeiro bem elaborado permite uma outra visão, buscando a sinergia entre cada
departamento, a fim de buscar resultados finais mais significativos e melhorias relevantes no
fluxo de caixa. Será possível delimitar metas, e de que maneira elas serão alcançadas.
Um estudo neste sentido será muito oportuno para a empresa, pois mesmo podendo ter um
excelente facturamento anual, nem sempre se apresentam valores suficientes disponíveis em
caixa para sustentar os débitos correntes do dia - a - dia. Com este trabalho, busca-se aprimorar
os métodos de aplicação de capital, dando maior estabilidade aos caixas no decorrer do ano.
Delimitação da pesquisa
O presente trabalho será realizado na empresa ECONTABIL, no Departamento de
Finanças. No tocante a abordagem temporal, o horizonte confina somente o ano de 2017.

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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Definição dos conceitos

Planeamento: Segundo Gitman (2001) o planeamento é um aspecto muito importante das


operações da empresa, pois ele mede os caminhos para guiar, coordenar e controlar as ações da
empresa para atingir os objetivos.

Função financeira: De acordo com Braga (1989), a função financeira abrange actividades
relacionadas à gestão dos fundos movimentados por todas as áreas da empresa.

Fluxo de caixa: segundo Santos (2001, p. 57), o fluxo de caixa é “um instrumento de
planejamento financeiro que tem por objetivo fornecer estimativas da situação de caixa da
empresa em determinado período de tempo à frente”.

Índices de actividades: Segundo Gitman (1997) “podem ser usados para medir a rapidez
com que as contas circulantes – stock duplicatas a receber e duplicatas a pagar – são convertidas
em caixa”.

Orçamento: Zdanowicz (1995) define orçamento, como sendo uma técnica de


planeamento global dentro de certo período de tempo, relacionada a uma série de metas traçadas
pela gerência financeira da empresa.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

1.2. Introdução à administração financeira

A administração está presente no cotidiano das empresas representando a forma pela


qual, as decisões são tomadas no âmbito organizacional.
Pode-se compreender com base em Assaf Neto (2003), que o ato de administrar é
importante para a continuidade das empresas, pois está relacionado com a qualidade das
decisões tomadas pelos administradores. Em síntese o autor esclarece que: o processo de
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tomada de decisões reflete a essência do conceito de administração, afirmando que “administrar
é decidir”.
Salienta-se ainda que, a administração financeira em conjunto com as demais áreas do
negócio permeia o universo das organizações, sendo fundamental no processo de criação,
manutenção e evolução dos negócios.
A partir dessa reflexão, Seleme (2010), enfatiza que administração financeira possibilita
aos gestores analisar e solucionar problemas financeiros através de informações precisas e
confiáveis, fornecendo subsídios para garantir uma qualidade superior na tomada de decisões,
principalmente nos processos que envolvam análise de investimento e captação de recursos.
Corroborando com o mesmo pensamento Megliorini (2009) também alerta que, devido a
necessidade de recursos organizacionais, cabe a administração financeira tomar decisões entre
alternativas que beneficie a empresa, otimizando os recursos financeiros.
Neste contexto, percebe-se que administração financeira é vital para o negócio
necessitando de dados confiáveis para o processo decisório.
1.2.1. Objectivo da administração financeira

O estudo da administração financeira compreende a maximização da riqueza, assim tendo


como propósito atingir os lucros cada vez mais elevados visando agregar valor ao patrimônio
com o menor risco. Neste sentido, conforme análise de Silva (2008) deve-se distinguir os
conceitos entre maximização da riqueza e maximização do lucro, uma vez que este último
carrega algumas restrições, por ser considerado um enfoque de curto prazo. A discussão
relativa à maximização do lucro envolve os seguintes aspectos relacionados no Quadro 1:

Quadro 1: Maximização do Lucro e da Riqueza


Épocas de retornos Na maximização da riqueza são considerados os
momentos das ocorrências de entradas de caixa; é
necessário considerar uma taxa de retorno exigida e
trazer as entradas de caixa para valores presentes.

Fluxo de caixa para o acionista Muitas vezes, o lucro obtido pela empresa não se reverte
em caixa para o acionista. Desse modo, é preciso
considerar a preferência dos acionistas pelo recebimento
de dividendos.
Risco dos projetos A maximização da riqueza considera o risco de cada
projeto e, desse modo, considera retornos diferentes
conforme o risco.

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Potencial de retorno A maximização da riqueza considera o potencial futuro
da geração de lucro. Desse modo, uma empresa pode ter
um lucro menor no momento, porém maior potencial
futuro, em decorrência de investimentos em pesquisa e
desenvolvimento de novos produtos, por exemplo.
Horizonte de perspectivas No geral, a maximização do lucro trabalha com uma
visão imediatista. Para maximizar o lucro, uma empresa
poderia utilizar insumos mais baratos, obter maior lucro
naquele momento, mais a médio prazo poderia perder
clientes, tendo, portanto, o risco de queda no valor de
suas ações.
Fonte: Adaptado de Silva (2008).

Conforme destacado no Quadro 1 existe uma diferenciação entre a maximização do lucro


e da riqueza. Enquanto a maximização do lucro tem um enfoque imediatista focado no curto
prazo, a maximização da riqueza preocupa-se com a visão de longo prazo, no potencial futuro
da geração de lucro.
No entendimento de Groppelli (2009, p.3), “Finanças são a aplicação de uma série de
princípios econômicos e financeiros para maximizar a riqueza ou valor total de um negócio”.
Complementa ainda o autor que uma empresa maximiza a riqueza com investimento em
projetos, obtendo ativos cujos retornos combinados determinam lucros mais altos possíveis
com menores riscos.
Corroborando com o mesmo pensamento, Lemes Júnior (2002, p.4) enfatiza que:
A administração financeira objetiva maximizar a riqueza dos acionistas da empresa
[...] suas atividades abrangem decisões estratégicas, como a seleção de alternativas
de investimentos e as decisões de financiamento de longo prazo, além das operações
de curto prazo, como a gestão do caixa, o gerenciamento do risco e tantas outras.
Deste modo, o encadeamento dos processos financeiros integrado aos negócios da
empresa permite a organização maximizar o lucro e riqueza de seus investimentos,
proporcionar retornos mais altos para os acionistas e minimizar os riscos existentes.

1.3. Função financeira na empresa

Existe na literatura definições a respeito da finalidade da função financeira nas


corporações. Sendo assim, Megliorini (2009), afirma que a função financeira de uma empresa
pode ser descrita como um encadeamento de atividades com o propósito de obter recursos

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necessários nas condições mais favoráveis e aplicá-los eficazmente para o alcance de seus
objetivos.
A categorização das áreas que exigem tomadas de decisões por parte dos executivos
responsáveis é uma das possíveis possibilidades de se caracterizar a função financeira de uma
empresa (SANVICENTE, 1987). Em geral, as funções financeiras centrais de uma organização
resume-se nas etapas apresentadas no quadro 2:

Quadro 2: Principais Áreas de Decisão na Administração Financeira


Investimento ou Aplicações de Recursos A preocupação principal é avaliar e escolher alternativas
de aplicação de recursos nas atividades normais da
empresa. Além disso, estabelece um conjunto de decisões
visando dar à empresa a estrutura ideal em termos de
ativos- fixos e correntes – para que os objetivos da
empresa sejam atingidos. O foco é obter o maior
resultado possível, dado o risco que os proprietários da
organização estão dispostos a correr.
Financiamento ou Obtenção de Recursos Tem como enfoque definir e alcançar uma estrutura ideal
em termos de fonte de recursos, dada a composição dos
investimentos.
Utilização do lucro líquido Preocupa-se com a destinação referente aos recursos
financeiros que a própria organização gera em suas
atividades operacionais e extraoperacionais.

Análise, Planejamento e Controle Financeiro Consiste na avaliação, coordenação e monitoramento do


conjunto de atividades que compõem a empresa, através
de relatórios financeiros e a participação ativa nas
decisões estratégicas a fim de alavancar as operações. A
gestão de riscos econômicos ganhou importância nos
últimos tempos.
Fonte: Baseado em Sanvicente (1987) e Hoji (2008).

Observa-se no Quadro 2 que as principais áreas de decisão na Administração


Financeira se referem basicamente ao Investimento, Financiamento e Utilização do Lucro
Líquido. O primeiro preocupa-se em avaliar as alternativas de aplicação de recursos nas
atividades normais da empresa, o segundo busca alcançar uma estrutura ideal em termos de
fonte de recursos e o terceiro preocupa-se com a destinação do dinheiro que a organização gera
em suas atividades operacionais.

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1.4. Gestão financeira

A gestão financeira advém da necessidade que as empresas encontraram ao viver em um


ambiente competitivo. Sua preocupação está em preservar a organização em desenvolver
soluções sobre problemas que envolvam o fluxo de caixa, o planejamento financeiro, o capital
de giro, a administração de pagamentos e recebimentos, além de administrar o seu
funcionamento estabelecendo parâmetros e controles. A partir desses levantamentos, a gestão
financeira focaliza basicamente o estabelecimento de controles, o planejamento e a solidez da
organização, conforme propõem COMINETTI (2003) e SELEME (2010).
Sob este enfoque, Okamoto (2002, p.01) salienta que:
Contextos econômicos atuais e a globalização exigem das empresas maior eficiência
na gestão financeira de seus recursos, não cabendo hesitação sobre o que fazer com
eles. Portanto a atividade financeira de uma empresa requer o acompanhamento
constante de seus resultados, de maneira a avaliar o seu desempenho, bem como
proceder às correções necessárias.

Para Eleuterio da Luz (2011), a gestão é um processo de direcionar a empresa,


enfrentando dificuldades e restrições que por ventura possam surgir, através de uma cadeia de
atividades no qual se busca atingir os resultados almejados.
Segundo Cominetti (2003), vale ressaltar que, a gestão financeira deve captar e tratar os dados
a fim de elaborar um mapa numérico facilitando a análise das informações e o estudo de ações
a serem tomadas pela empresa.
Deste modo, a gestão está inserida em várias etapas da administração financeira. Em função
disso, no quadro 3, apresenta-se a síntese de alguns tópicos relacionados ao estudo da
Administração Financeira.

Quadro 3: Síntese dos Tópicos Relacionados a Administração Financeira


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Tópicos Autores Síntese
a)Administração Financeira Assaf Neto (2003,p.25); A gestão dos recursos financeiros em uma
Braga (1995, p.23); empresa tem importância vital para a
Archer e D’ Ambrósio consecução de suas atividades. As empresas de
(1969, p.367); Hoji pequeno porte apresentam histórico de fraca
(2003, p.21). profissionalização financeira, não atingindo
assim o objetivo maior da administração
financeira: a maximização do lucro.
b)Planejamento Financeiro Ross, Westerfield e Jaffe O planejamento é a base da gestão. Administrar
(1995, p.522); Gitamn com eficácia exige um plano de ação
(2002,p.434). previamente elaborado, um objetivo a atingir. A
gestão financeira nas pequenas empresas,
segundo pesquisas realizadas, carece de um
planejamento para que esta gestão origine os
resultados necessários à continuidade da
empresa.
c)Capital de Giro Assaf Neto (2002, p.14); O capital de giro é o combustível para que todos
Hoji (2003, p.109); os processos em uma empresa sejam concluídos.
Gitman (2001, p.459); De acordo com o segmento de atuação, a
Sousa e Abrantes Filho necessidade de capital de giro pode ocorrer ou
(1998, p.1); Marques e não, constantemente ou sazonalmente. A
Braga (1995, p.553) história das empresas de pequeno porte
Cherobim e Famá apresenta não só a ausências destes recursos,
(1991, p.4) assim como a ausência de conhecimentos sobre
este tema e falta de disposição dos mercados
financeiros em participar de investimentos em
capital de giro.

d)Administração de Caixa Braga (1995, p.123); Em algum momento, todos os recursos de uma
Frezatti (1997, p.13); empresa passam pelo caixa. No caixa
Hoji (2003, p.157); encontram-se, então, todos os recursos com
Cherobim e Famá disponibilidade imediata. A ausência de
(1999, p.8); Sanvicente conhecimentos sobre administração e
(1997, p.140); Gitman planejamento financeiro impossibilita a gestão
(2001, p.493); Villalba e eficaz deste caixa. As teorias ressaltam a
Sousa (2001, p.1); importância da gestão do caixa como
Sousa e Abrantes Filho imprescindível para a sobrevivência das
(1988, p.2); Assaf Neto e empresas, porém a prática apresenta este como
Silva (2002, p.22); um dos pontos cruciais para a continuidade de
marques e Braga (1995, uma empresa. Mesmo com vendas e lucro uma
p.57). empresa pode falir se não tiver recursos
disponíveis para liquidação de suas obrigações.

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e)Gestão de Caixa nas Brasil e Brasil (2002, p.2); As empresas de pequeno porte, pelas
Empresas de Pequeno Gibson, Ivancevich e características que apresentam, são carentes de
Porte. Donnelly Jr. (1998, p.24); recursos humanos que dominem as técnicas e
Kassai (1997, p.7) Resnik teorias sobre administração financeira,
(1990, p.23); Chaves administração de caixa, e padecem também da
Júnior (2003, p.8); ausência de recursos para investimento em giro,
Domingos (1995,
além de não contar com o mercado financeiro e
p.44).
de capitais para financiá-las. Diante desta
problemática, as empresas deste porte sofrem
com a descontinuidade e baixa rentabilidade.

Fonte: Adaptado de Cardeal (2006).


Conforme enfatizado pelo os autores, a gestão financeira é um processo pelo qual
envolve planejamento, acompanhamento, controle e análise dos recursos financeiros com o
propósito de atingir a maximização da riqueza.

1.5. O administrador financeiro

A dinâmica do mercado exige dos profissionais, conhecimentos profundos e atualizações


constantes para administrar eficazmente os recursos da empresa e decidir de forma ágil os
rumos da organização.
Neste contexto, a crescente complexidade e abrangência da administração financeira
inseriram no administrador uma necessidade de ampliar sua visão por toda a empresa,
promovendo estratégias competitivas de sobrevivência e expansão do negócio, exigindo um
profundo conhecimento das técnicas financeiras e uma intimidade no tratamento dos diversos
instrumentos financeiros. Em suma, o administrador financeiro deve estar bem informado e
atento as mudanças mercadológicas contribuindo para a prevenção de eventuais surpresas
(ASSAF NETO, 2003).
A figura do gestor financeiro nas organizações também é comentada por Hoji (2008,
p.07), que destaca: “com os seus conhecimentos técnicos e visão global do negócio, ele pode
contribuir decisivamente quanto à melhor forma de conduzir as atividades operacionais.”
Como enfatizado pelos autores, o papel do administrador financeiro nas empresas requer
disposição, disciplina, e senso crítico no processo de tomada de decisão.
Com isso, a missão do administrador financeiro nas empresas concentra-se em gerenciar
os recursos financeiros disponíveis de forma a manter a saúde financeira e econômica da
empresa para alcançar os resultados pré-estabelecidos (ASSAF NETO, 2003).
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O administrador financeiro é aquele que põem em prática as funções financeiras na
empresa. No caso das empresas de pequeno porte, quem desenvolve esse papel geralmente é o
proprietário (MEGLIORINI, 2012).
Em vista disso, o administrador financeiro está normalmente vinculado a alguma
organização. Porém, existem empresas que não dispõem de um profissional habilitado para
tratar de assuntos relacionados à área financeira. É o caso das pequenas empresas que devido a
sua estrutura não comportam muitos setores, ficando esta responsabilidade muitas vezes a
cargo do proprietário da entidade.

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1.6. Planeamento financeiro
1.6.1. Objectivo

O planejamento financeiro consiste em projetar e analisar as alternativas futuras de


investimentos e financiamento além de admitir a antecipação de decisões através de medidas de
controle para corrigir eventuais desvios com vistas a atingir a maximização da riqueza.
Sobre este enfoque, Brealey (2002, p. 522) ressalta o seguinte:

O planejamento financeiro é um processo que consiste em: analisar as escolhas de


investimento e de financiamento abertas a empresa, projetar as conseqüências futuras
das decisões atuais; decidir quais alternativas assumir, medir o desempenho
subseqüente contra as metas estabelecidas no plano financeiro.

A partir dessa reflexão, Groppelli (2009), acrescenta que: Planejamento Financeiro é o


processo pelo qual se avalia quanto de financiamento é necessário para dar continuidade às
operações de uma corporação. Na falta de um processo seguro para estimar as necessidades de
financiamento, uma empresa pode terminar não tendo fundos satisfatórios para pagar seus
compromissos ficando inadimplente se não for capaz de saldar suas obrigações contratuais.
Portanto, sem um planejamento financeiro sólido pode-se causar falta de liquidez e até mesmo
a falência da organização.
Como visto, o planejamento financeiro permite as empresas desenvolverem cenários,
projetando acontecimentos futuros e antecipando decisões através de medidas de controlo.

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Além disso, possibilita estimar necessidades de investimento, financiamento e criar alternativas
para retificar eventuais desvios.
Na visão de Bodie (1999), o planejamento financeiro é um processo dinâmico que trafega por
um ciclo de montagem de planos, sua implementação e revisão são efetuadas à luz dos
resultados reais. O ponto inicial na ampliação de um plano financeiro é o plano estratégico da
empresa. A estratégia dirige o processo de planejamento financeiro ao instituir diretrizes gerais
de desenvolvimento e metas de crescimento.
Deste modo, é possível visualizar a possibilidade de implantação ou não das ações
contidas no planejamento estratégico sob a óptica financeira e nortear as decisões da empresa
determinando a melhor maneira de atingir os objetivos propostos pela organização (LEMES,
2002).
Sendo assim, a importância do planejamento financeiro está em forçar os gerentes a
pensarem de maneira sistemática sobre as metas de crescimento, o investimento e
financiamento, revelando assim quaisquer inconsistências que possam surgir com relação às
metas estabelecidas (BREALEY, 2002).
De acordo com as informações encontradas na literatura percebe-se o grau de importância
atribuído pelos autores sobre o planejamento financeiro, no qual sustentam a forte relação que
este processo adquire na formação de estratégias empresariais favorecendo o estabelecimento
de metas e objetivos sustentando o planejamento estratégico da organização.
Deste modo, Teló (2001) salienta que a empresa, por meio do planejamento financeiro,
pode conquistar diferentes oportunidades de crescimento, possibilitando analisar e comparar
vários cenários. “Uma das finalidades do planejamento financeiro é evitar surpresas e
desenvolver planos alternativos de providências a serem tomadas caso ocorram imprevistos”
(TELÓ 2001, p.22).
Sob este enfoque, segundo Bodie (1999), a finalidade do planejamento financeiro é
adicionar os vários planos do empreendimento em um todo consistente para compor metas
concretas, aferir o sucesso e para constituir incentivos através do alcance das metas da
organização. O resultado deste processo é um conjunto de projetos na forma de demonstrações
financeiras projetadas e orçadas.

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1.6.2. Planeamento financeiro de curto prazo

O Planeamento financeiro possui dois diferentes enfoques que se interrelacionam


constantemente contribuindo de maneira eficaz para gerar decisões gerenciais nas empresas.
Estes enfoques são conhecidos basicamente por: planejamento financeiro de curto prazo e
planejamento financeiro de longo prazo. Nesta seção, o foco principal a ser abordado será o
planejamento financeiro de curto prazo.
Neste sentido, é possível perceber na literatura o ponto de vista de alguns autores sobre o
tema em questão. De acordo com Berk (2009), a primeira etapa para a construção de um
planejamento financeiro de curto prazo é a realização de previsões de fluxos de caixa futuros.
Segundo o autor, as previsões de fluxos de caixa, possibilitam a organização determinar se
existe déficit ou excedente de fluxos de caixa e visualizar se eles se encontram no curto ou no
longo prazo. O autor enfatiza ainda a necessidade de financiamentos de curto prazo para as
empresas lidarem com exigências sazonais de capital de giro, choques de fluxos de caixa
positivos e negativos.
Para Ross (2007), às finanças de curto prazo enfatizam uma análise mais imediatista das
decisões que afetam os ativos e passivos circulantes, com implicações sobre a empresa no
período de um ano. Ele destaca que, apesar de concentrar a atenção no capital de giro líquido as
finanças de curto prazo levam em consideração os fluxos de caixa e o valor presente líquido
para tomar decisões.
Os planos financeiros de curto prazo (operacionais) determinam as providências
financeiras de curto prazo e o impacto previsto dessas providências. Esses planos
quase sempre abrangem um período de um a dois anos. Os dados básicos incluem a
previsão de vendas e diversas espécies de dados operacionais e financeiros
(GITMAN, 2004, p.93).

Segundo Lemes Junior (2002) a função financeira de curto prazo abrange: gestão de
caixa, contas a receber e a pagar, estoques e captação de recursos.
Neste sentido Ross (2007), afirma que existem algumas questões fundamentais de finanças de
curto prazo comuns a várias empresas, como por exemplo:
• Qual é o nível de caixa a ser conservado em um banco para pagamento de contas?
• Quanta matéria-prima deve-se encomendar?

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• Quanto conceder de crédito para o cliente?

Deste modo Gomes et al., (2008) destaca que, o gerenciamento financeiro de curto prazo
é responsável pela gerência de ativos e passivos circulantes. Sua meta consiste em administrar
cada ativo circulante da empresa (caixa, títulos negociáveis, duplicatas a receber e estoque) e
cada passivo circulante (duplicatas a pagar, títulos a pagar e contas a pagar), a fim de conseguir
um equilíbrio entre risco e retorno, colaborando para atingir os resultados da empresa.

1.6.3. Planeamento financeiro de longo prazo

O enfoque desta seção está voltado unicamente para o planejamento financeiro de longo
prazo. Porém, antes de discorrer sobre o assunto, é preciso demonstrar as diferenças entre o
planejamento financeiro de curto prazo e o planejamento financeiro de longo prazo. Deste
modo, segundo Ross (2007), a diferença mais importante entre essas duas abordagens está
ligada a duração das séries de fluxos de caixa. Em síntese o autor explica que as decisões
financeiras de curto prazo têm uma duração de aproximadamente um ano, enquanto as decisões
financeiras de longo prazo podem ultrapassar a cinco anos.
Evidenciada as diferenças entre os dois tipos de planejamento financeiro, será abordado
nas próximas linhas o tema planejamento financeiro de longo prazo.
A associação do plano financeiro ao planejamento estratégico das empresas permite aos
autores reforçar a importância do planejamento financeiro de longo prazo para o
estabelecimento de metas e objetivos contribuindo para o alcance dos resultados almejados.
Neste sentido, Gitman (2004) refere-se ao planejamento financeiro de longo prazo como
plano estratégico, por estar intimamente ligado ao planejamento estratégico das organizações.
Para o autor, os planos de longo prazo possuem como foco o consumo de capital, as atividades
de pesquisa e desenvolvimento, as ações de marketing, desenvolvimento de produtos, estrutura
de capitais e importantes fontes de financiamentos.
A importância do planejamento financeiro de longo prazo é traduzida por Lemes Junior
(2002), que também expõe sua visão sobre o assunto. Para ele, o plano financeiro de longo
prazo demonstra sob o aspecto financeiro os efeitos dos planos estratégicos das empresas em
período superior a um ano podendo atingir 25 anos ou mais dependendo dos objetivos de cada
empresa. Além disso, Lemes Junior (2002) afirma o seguinte: “ [...] O planejamento financeiro

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de longo prazo se concentrará no orçamento de capital e nas expectativas de geração de lucros e
recursos financeiros”.
Lucion (2005, p.150) explica que: “Os planos financeiros de longo prazo são um modo
organizado e sistemático, pelo qual vê-se as necessidades de capital ou financiamento para
transformar as aspirações da empresa em realidade”.
Em síntese, entende-se que o planejamento financeiro de longo prazo é um sistema organizado
que permite visualizar as necessidades de capital e financiamento contribuindo para a
realização dos objetivos organizacionais, fornecendo assim, subsídios para estabelecer padrões
e objetivos de desempenho.
Na explanação deste capítulo, foram apresentados aspectos relevantes ao tema,
planejamento financeiro, abrangendo o objetivo, as características além das definições de
planejamento financeiro de curto prazo e planejamento financeiro de longo prazo. Deste modo,
o objetivo de compartilhar com o leitor este breve entendimento sobre planejamento financeiro
foi alcançado.
Além disso, essa base de conhecimento permitiu uma melhor compreensão sobre as
respostas do questionário introduzidas nas páginas desta monografia auxiliando na análise dos
dados. No próximo capítulo, o tema abordado evidencia a contabilidade como suporte para a
gestão financeira.

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1.7. Contabilidade como suporte para gestão financeira

É possível perceber nas grandes organizações que a contabilidade sem dúvida é a maior
fonte de informações sobre o patrimônio da corporação. Deste modo, possibilita conhecer com
facilidade todos os fatos ocorridos de forma quantitativa e qualitativa servindo de bússola para
a administração, assim contribuindo para a realização dos objetivos (ULRICH, 2005).
Conforme análise de Loddi (2008), as decisões financeiras são tomadas, através de um
sistema de controle adequado que corresponde de maneira rápida e precisa aos fatos ocorridos,
com as movimentações de recursos, alocando-os em relatórios uniformizados e concisos, que
demonstram adequadamente as informações necessárias para a tomada de decisão da gerência.
Vale ressaltar que muitas empresas pequenas enfrentam problemas financeiros devido a
registros contábeis inadequados. Isto ocorre pelo fato de empresários e administradores estarem
envolvidos em todas as fases das operações do dia-a-dia, tendo como resultado, controles
impróprios sobre as informações financeiras (LONGENECKER, 1997).
Complementa ainda o autor, que a qualidade do sistema contábil das instituições depende
da eficiência dos controles internos disponíveis dentro da organização. Controle interno é um
sistema de verificações e saldos que exerce função-chave no resguardo dos ativos da empresa e
no acréscimo da precisão e credibilidade dos seus demonstrativos financeiros. Ainda conforme
Longenecker (1997), o sistema contábil eficaz é essencial para o sucesso da empresa. Sem estas
informações, o administrador não pode tomar decisões precisas.
A partir dessa reflexão, observa-se que no mundo contemporâneo é pouco provável,
mesmo em pequenos negócios, tomar decisões ágeis sem dispor de informações exatas e
confiáveis. Entretanto, na ausência de tais elementos existe o perigo de elevar o risco do
negócio a patamares imprevisíveis expondo a empresa a um risco financeiro desnecessário e
desafiador (LODDI, 2008).
Neste sentido Loddi (2008), esclarece que, o uso da administração financeira é alvo de
destaque para a sobrevivência dos pequenos negócios, pois desenvolve por intermédio dos
controles originados na contabilidade em conjunto com as teorias econômicas, uma
contribuição importante para a tomada de decisões rápidas e precisas no ambiente empresarial.

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Sobre a importância da contabilidade para a tomada de decisão destaca-se: “ A
contabilidade é uma grande aliada do empresário, desde que ele saiba absorver as informações
produzidas na contabilidade, setor interno ou mesmo terceirizado” (ULRICH, 2005, p.58).
Fica explícito, portanto, que o uso da contabilidade como ferramenta estratégica
revela-se pelo fato de ela ser capaz de fornecer ferramentas de controle de altíssima
qualidade e relatórios acerca do desempenho da empresa (...) estes relatórios
permitirão avaliar, a qualquer momento, a situação e o desempenho da empresa, as
condições do negócio, além da orientação para investimentos e para estabelecer um
planejamento estratégico por meio dos índices econômico-financeiros gerados
(LODDI, 2008, p.93).

Em virtude disso, a contabilidade destaca-se no mundo dos negócios por apresentar


informações essenciais disponibilizando a real situação do patrimônio e orientando as decisões
das empresas através dos diversos instrumentos de análise fornecendo assim subsídios
consistentes para a gestão eficaz das organizações.
Este capítulo, intitulado Contabilidade como Suporte para Gestão Financeira, foi desenvolvido
com o propósito de esclarecer o leitor sobre a importância da contabilidade para os negócios e
demonstrar a contribuição dos fundamentos contábeis para a tomada de decisões. Torna-se
relevante ressaltar, que o capítulo também forneceu subsídio para a formulação das questões
constantes neste estudo auxiliando a interpretação dos dados obtidos. O capítulo seguinte
apresenta os instrumentos de controle financeiro.

1.8. Instrumentos de controlo financeiro


1.8.1. Controlo interno

Uma das principais características dos controles é apontar eventuais desvios


possibilitando o desenvolvimento de planos de ações favorecendo as correções de maneira
rápida e eficazes.
Neste sentido, conforme a análise de Robbins (2004), o controle é uma função
administrativa no qual envolve o monitoramento de atividades e a correção de eventuais
desvios. Três etapas permeiam o processo de controle, são eles: medir o desempenho real,
comparar o desempenho real com o padrão e tomar medidas administrativas de correção de
padrões inadequados. A inter-relação entre estas etapas são fundamentais para auxiliar os
gestores no desempenho de suas atividades.

17
Deste modo, o controle esta ligado ao planejamento e a delegação de tarefas, sua eficácia
evidencia se as atividades estão sendo executadas com vistas a alcançar os objetivos
organizacionais.
De acordo com o pensamento de Fernandes (2008), o controle interno representa a união
de métodos e procedimentos que estão interligados e inseridos no gerenciamento das empresas.
Desta forma, tem por finalidade produzir informações confiáveis para o monitoramento e a
tomada de decisões, contribuindo assim para conquista dos objetivos empresariais.
Um sistema de controlo eficaz deve ser preciso e de fácil compreensão, propiciando
informações em tempo hábil para mensurar e desenvolver estratégias alcançáveis,
possibilitando agir corretivamente sobre os desvios que possam surgir.
Almeida (2003, p. 63), reconhece que o sistema de controle interno pode ser entendido como
um sistema inter-relacionado e contido dentro do processo de gestão das empresas. O controlo
interno representa em uma organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com
os objetivos de proteger ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na
conduta ordenada dos negócios da empresa. A Figura 1 elenca alguns instrumentos de controle
financeiro conforme Reis (2000):

Figura 1: Instrumentos de Controlo Financeiro

18
Fonte: Baseado em Reis (2000).

Vale ressaltar que os controlos financeiros são importantes para garantir o planeamento e
assegurar a realização das metas e dos objectivos da organização.
Deste modo, conforme a Figura 1, os principais instrumentos de controle financeiro são: Caixa,
Contas a Receber, Contas a Pagar, Controlos de Banco e Fluxo de Caixa. Em síntese o caixa
procura demonstrar a movimentação de dinheiro na empresa, já uma das funções do contas a
pagar é informar os seus compromissos, tais como a prioridade de pagamentos, os controles de
banco procedem as conciliações bancárias bem como suas baixas e o fluxo de caixa fornece
previsões sobre os períodos em que a organização deverá buscar recursos de terceiros para

19
saldar seus compromissos fornecendo informações rápidas e precisas para a tomada de
decisões.

1.9. Administração do capital de giro

A falta de um conjunto de conhecimentos gerenciais especialmente a assuntos voltados a


gestão financeira têm levado as empresas a cometerem falhas gerenciais que maximizam o
risco do negócio podendo deixar a empresa em situação delicada ou até mesmo causar a morte
prematura das organizações.
Segundo Küster (2005, p.13), “Uma administração inadequada do capital de giro resulta
normalmente em sérios problemas financeiros, contribuindo efetivamente para a formação de
uma situação de insolvência”.
De acordo com o SEBRAE (2006), o capital de giro é a união de valores precisos para a
organização fazer seus negócios acontecerem (girar), sua participação representam em geral, de
50% a 60% do total dos ativos de uma empresa. Além disso, há um esforço maior do
administrador financeiro para gerenciar o capital de giro do que aquele requerido pelo capital
fixo, pois é necessário o acompanhamento e monitoramento permanente, para evitar os
impactos das mudanças ambientais no panorama econômico.
Com base em Assaf Neto (2010), o capital de giro fundamenta-se basicamente na
avaliação do equilíbrio financeiro das organizações. Nesses termos, Pohren (2007), enfatiza
que, a necessidade de capital de giro demonstra o volume de disponibilidade financeira preciso
para sustentar financeiramente as atividades operacionais da entidade.
Para Ching et.al. (2007), o objetivo da gestão do capital de giro nas empresas é diminuir o
período de tempo entre o desembolso com a aquisição de materiais e o recebimento das vendas.
Segundo ele pode-se definir o capital de giro líquido como a diferença entre o ativo circulante e
o passivo circulante. O autor destaca ainda, a importância da política de capital de giro e as
decisões envolvidas nessa política tais, como: gestão do caixa e dos estoques, política de
crédito e cobrança, empréstimo de curto prazo e outras oportunidades de financiamento e
financiamento de estoques e recebíveis.
Deste modo, Assaf Neto (2010, p.181), sintetiza a importância do capital de giro
afirmando o seguinte:
20
O comportamento do capital de giro é extremamente dinâmico, exigindo modelos
eficientes e rápidos de avaliação da situação financeira da empresa. Uma
necessidade de investimento em giro mal dimensionada é certamente uma fonte de
comprometimento da solvência da empresa, com reflexos sobre sua posição de
rentabilidade.
Desta forma, a figura 2, apresenta algumas medidas elencadas pelo Sebrae para sanar os
problemas relacionados ao capital de giro descrevendo ações em sete aspectos que giram em
torno deste tema. São eles, o planejamento estratégico, formação de reserva financeira,
encurtamento do ciclo econômico, controle de inadimplência, não se endividar a qualquer
custo, alongar o perfil de endividamento e reduzir custos.

21
Figura 2: Medidas para solucionar problemas de capital de giro.

22
. Fonte: Baseado em Sebrae (2006).

Em suma, cada tópico elencado na figura 2 possui orientações de como agir em casos em
que o capital de giro esteja comprometendo a empresa. Desta forma, o quadro apresenta o
seguinte: deve-se buscar a visão sistêmica do negócio a fim de conhecer tudo o que se passa na

23
organização, desenvolver uma reserva financeira para possíveis eventualidades, reduzir o ciclo
econômico diminuindo a necessidade de capital de giro, controlar a inadimplência, evitar
endividamentos a qualquer custo, caso isto não seja possível, buscar as menores taxas de
financiamento disponível ao mercado, alongar o perfil de endividamento negociando junto a
fornecedores prazos maiores de pagamentos, esta ação permite uma melhoria no capital de giro
permitindo a empresa o ajuste financeiro temporário e por último implantar um programa de
redução de custos, isto pode trazer benefícios sobre o capital de giro da empresa desde que não
restrinja as vendas e as operações.
Alguns factores analisados por Fernandes (2008) revelam que: na administração do
capital de giro, é necessário o entendimento sobre o funcionamento dos ciclos operacional e
financeiro como mecanismo de análise gerencial das empresas.
Com isso, encerra-se o tema capital de giro. Na próxima seção serão abordados assuntos
pertinentes ao ciclo financeiro.

1.9.1. Ciclo Financeiro

A dinâmica do capital de giro exige dos gestores financeiros conhecimento e capacidade


de tomar decisões apropriadas para beneficiar a empresa da forma mais adequada possível.
Pois, como enfatizado no capítulo anterior o capital de giro nada mais é que recursos
necessários para operacionalizar a organização.
Alguns autores citam que a origem do capital de giro está no ciclo de conversão que é o
intervalo entre a entrada de material e o processo de produção até o recebimento das vendas.
No entendimento de Ching et al. (2007,p.165), o ciclo de conversão de caixa se resume da
seguinte forma:

A essência do capital de giro está no entendimento do ciclo de conversão de caixa.


Esse ciclo é o período que abrange do ponto que a empresa coloca material e
trabalho no processo de produção até o momento em que o dinheiro da venda é
recebido.
Para melhor entendimento sobre este processo apresenta-se na figura 3 um esquema sobre
o funcionamento do ciclo de conversão de caixa.
Figura 3: Ciclo de conversão de caixa

24
Fonte: HONG YUH CHING, et al. (2007).

Conforme demonstrado na figura 3 percebe-se o caminho percorrido para que o material


e trabalho envolvido no processo de produção se convertam em caixa. Nesse circuito
participam ativamente os seguintes elementos: clientes, fornecedores, estoques e caixa.
Outros autores se referem a este processo como ciclo operacional. De acordo com
Marques (2008), o ciclo operacional abrange todos os estágios do processo de produção
podendo ser determinado como o período despendido para a aquisição de matérias-prima, sua
transformação em produtos acabados, a conseqüente venda desses produtos e o posterior
recebimento das vendas realizadas. Sendo assim, o ciclo operacional é constituído pelo ciclo
econômico e ciclo financeiro como demonstra a Figura 4.

Figura 4: Ciclo operacional

25
Fonte: Marques (2008).
Para Marques (2008), o conhecimento do ciclo operacional é de grande valor para as
empresas, porém as organizações devem estar atentas aos prazos estabelecidos para venda de
seus produtos. Segundo ele, uma empresa que honra seus compromissos junto aos fornecedores
em 30 dias e recebe de seus clientes entre 60 a 90 dias, poderá sofrer com a falta de dinheiro no
caixa prejudicando sua margem de lucro e consumindo o dinheiro com taxas de captação de
recursos financeiros.
Corroborando com o mesmo pensamento Fernandes (2008), complementa que através do
ciclo operacional e do ciclo financeiro é possível verificar se a empresa detém alguma sobra
financeira, apontando se as operações são autosustentáveis ou precisam de contribuição de
outros capitais com custo mais elevado. Desta forma, o ciclo operacional é determinado em
dias, pois é o resultado entre a diferença do prazo médio de estoque (PME) mais o prazo médio
de recebimento (PMR) menos o prazo médio de pagamento (PMP).
Em suma, Biazzi (2005, p. 50), explica o seguinte:
Um bom planejamento financeiro deve avaliar qual o nível de caixa adequado para
as operações da empresa e qual seu ciclo financeiro entre o pagamento das
aquisições e o recebimento das vendas, a fim de prevenir que o caixa da empresa não
fique a descoberto. Para que a empresa não sofra perdas pela não aplicação de
excedentes de caixa ou pagamento de encargos por recursos mal aplicados, é
necessária a utilização de um bom sistema de gestão financeira.

No entanto, é possível perceber que a base para um bom planejamento financeiro esta
ligado ao funcionamento adequado das operações da empresa visando uma prevenção do
26
equilíbrio financeiro para impedir que o caixa não fique a descoberto evitando assim, a má
aplicação de recursos e melhorando o desempenho da organização.

1.10. Gestão de fluxo de caixa

O fluxo de caixa é normalmente definido na literatura como um instrumento de análise da


circulação dos valores monetários e suas variações no caixa. Silva (2008, p.446), salienta que:
“O fluxo de caixa é considerado por muitos analistas um dos principais instrumentos de análise,
propiciando-lhes identificar o processo de circulação do dinheiro, através da variação de caixa”.
Desta forma, o fluxo de caixa é um instrumento de vital importância para a gestão, pois
possibilita disponibilidade imediata das informações financeiras.
Sendo assim, a gestão financeira das organizações está vinculada à administração dos
recursos, aos quais se torna necessário sua movimentação para que o investimento feito obtenha
êxito. Deste modo, o fluxo de caixa age como sistema controlador da circulação destes
recursos. Logo, trata-se da administração financeira propriamente dita, pois é o método auxiliar
na gerência dos desembolsos e reembolsos (recebimentos) efetivamente ocorridos
(COMINETTI, 2003).
Portanto, no processo de planejamento torna-se indispensável à projeção do fluxo de
caixa. Esta deve ser a etapa inicial para o planejamento, pois é a essência para projetar e
controlar as atividades operacionais da empresa. Com isso, as dificuldades das organizações
tendem a ser minimizadas, pois serão capazes de conhecer com antecedência, as necessidades
ou excedentes de recursos financeiros, para tomadas de decisões rápidas e adequadas dentro do
horizonte de planejamento solucionando assim eventuais problemas de caixa (MENON et al.,
2007).
Para Litenski et al. (2007), o fluxo de caixa é uma representação fiel da configuração da
situação financeira da empresa, pois permite uma radiografia permanente das entradas e saídas
de recursos financeiros proporcionando uma visão imediata para a gerência. Segundo o autor,
ele evidencia tanto o passado como o futuro, o que permite projetar, dia a dia, o
desenvolvimento do disponível, permitindo a tomada de decisão com antecedência, para
enfrentar assim a escassez ou o excesso de recursos.
Com a utilização do fluxo de caixa a base de dados para a definição do planejamento
financeiro torna-se mais concisa e real. Além disso, estão contidos no fluxo de caixa todos os
27
orçamentos da organização, incluindo o planejamento de longo prazo. Neste sentido, é possível
perceber que é através do fluxo de caixa que o administrador financeiro compõe a manutenção
da liquidez e do capital de giro da corporação, objetivando assim maximizar os lucros dos
acionistas (MENON et al., 2007).
Por outro lado é importante destacar que o fluxo de caixa possui algumas limitações, pois
não fornece, por exemplo, informações precisas sobre o lucro e sobre os custos dos produtos do
empreendimento. Isso acontece porque as apurações e demonstrações são exercidas pelo
regime de competência e não pelo regime de caixa. Entretanto, pode-se assegurar que o fluxo
de caixa é um instrumento de controle e análise financeira que em conjunto com as demais
demonstrações contábeis torna-se efetivamente um instrumento de suporte à tomada de
decisões financeiras (LITENSKI et al.,2007).
Vale ressaltar que a falta de administração de caixa pode ocasionar problemas de
liquidez, fragilizando a situação financeira da empresa. Segundo Cardeal (2006, p.32), “muitos
são os casos de empresas que mesmo apresentando lucro no exercício, com demanda para seus
produtos e bom posicionamento de mercado não consegue sobreviver em função da má
administração de caixa”.
1.10.1. Fluxo de caixa projectado
O fluxo de caixa projetado deve apresentar informações consistentes a respeito das
entradas e saídas de dinheiro no caixa durante um determinado período de tempo.
De acordo com Litenski et al. (2007), a principal finalidade do fluxo de caixa projetado é
fornecer informações sobre o comportamento do curso de entradas e saídas de recursos
financeiros em determinado horizonte de tempo. Ele pode ser projetado em curto ou em longo
prazo. Diante dessa reflexão o autor salienta que, em curto prazo busca-se identificar os
excessos de caixa ou a escassez de recursos que estão inseridos no período projetado,
permitindo a gestão esquematizar uma adequada política financeira através dessas informações.
Para Litenski et al. (2007), em longo prazo, o fluxo de caixa projetado, localiza os
possíveis excessos e escassez de recursos, visando à obtenção de outras informações
importantes, como por exemplo:
a) examinar a aptidão do negócio em gerar os recursos necessários para custear
suas operações;
b) definir o capital de giro no período;
28
c) definir o Índice de Eficiência Financeira da organização;
d) delinear o grau de vinculação de capitais de terceiros da empresa; etc.
Sendo assim, o fluxo de caixa deve conter uma magnitude maior envolvendo a forma de
pagamentos e recebimentos na sua totalidade, promovendo um exame sobre a origem e
aplicação do dinheiro que circulou pela organização.

A expressão fluxo de caixa, portanto, deve ter uma amplitude maior, envolvendo os
pagamentos e os recebimentos em geral. A análise do fluxo de caixa examina a
origem e a aplicação do dinheiro que transitou pela empresa. A expressão fluxo de
caixa pode ainda ter três grandes dimensões de compreensão: (a) o fluxo de caixa
passado, isto é, aquele que já foi realizado, (b) o fluxo de caixa previsto, ou seja,
previsão de caixa, que se refere a um período futuro e (c) uma terceira forma que
considera o passado e faz uma espécie de ajuste de certos usos futuros obrigatórios
de recursos que ocorrerão no exercício seguinte (SILVA, 2008, p. 447).

Corroborando com este pensamento Pohren (2007) afirma que, por meio do fluxo de
caixa projetado é possível exercer um exame sobre a forma como uma empresa efetua sua
política de captação e aplicação de recursos. Assim, o monitoramento entre o fluxo projetado e
o realizado permite verificar as ocorrências das variáveis e as causas destas alterações,
sinalizando as áreas que apontam maiores dificuldades.
Segundo o autor, essa ferramenta é vital para o planejamento financeiro, pois assinala as
fases em que poderá ocorrer necessidade de recursos financeiros gerados por vários fatores,
como por exemplo, sazonalidade nas vendas, retração do mercado, ou até mesmo para a
capacidade de pagamento através da aquisição de um bem para o activo imobilizado,
pagamento do 13.º salário, etc.
Uma das funções do administrador de caixa será a comparação entre o fluxo de caixa
previsto e realizado, objetivando identificar eventuais variações e as causas de suas
ocorrências. A análise do fluxo de caixa auxiliará no entendimento das providências
e do uso do dinheiro na empresa e poderá levar a medidas administrativas de
correção de rota no gerenciamento dos negócios da empresa (SILVA, 2008, p. 447).
É possível perceber que a projeção de fluxos de caixa pode garantir um melhor
desempenho nas organizações. Com base em Litenski et al. (2007), pode-se dizer que, o futuro
delineado possibilita uma melhor performance na resolução das situações que estão por vir,
agilizando o processo de decisão dos envolvidos gerando assim uma rápida adaptabilidade a
nova realidade.

29
A Tabela 1 demonstra o Fluxo de Caixa Financeiro, onde apresenta, mensalmente, uma
coluna com os valores orçados, outra coluna com os valores realizados e uma última coluna
contendo as diferenças entre o valor orçado e o realizado.

Tabela 1: Demonstração do Fluxo de Caixa


jan/2006 fev/2006
1. Faturamento Orçado Realizado Diferença Orçado Realizado Diferença
(Competência)
1.1 Lucro 8,0% 14,3% 8,0% 22,1%
Desejado
1.2 Mark up 0,286 0,194 0,315 0,194
Médio (divisor)

2. Entradas 2
7.200,00 20.500,00 6.700,00 110.200,00 66.500,00 43.700,00
Vendas à Vista 1 - -
8.500,00 20.500,00 2.000,00 21.000,00 37.000,00 16.000,00
Cartão de Crédito 4. 0,00 4
300,00 4.300,00 53.400,00 5.000,00 8.400,00
receb. Clientes 4. 0,00 20.000,0
200,00 4.200,00 35.600,00 0 15.600,00
Receitas 2 0,00 0,00
Financeiras 00,00 200,00 200,00 200,00
Receitas Não 0,00 0,00 0,00 0,00 -4.500,00
Operacionais 4.500,00

3. Saídas -
Pagamentos 30.210,0 19.050,00 11.160,0 104.802,00 68.156,00 36.646,00
0 0
Compras 7.200,00 3.000,00 4.200,00 19.800,00 6.000,00 13.800,00
Mercadorias à
Vista
Fornecedores 2.000,00 3.000,00 - 45.150,00 20.000,0 25.150,00
1.000,00 0
SIMPLES 1.500,00 1.500,00 0,00 6.642,00 6.480,00 162,00
Pis e Cofins 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
ICMS 2.000,00 0,00 2.000,00 9.000,00 10.200,0 -1.200,00
0
Salários 2.200,00 2.200,00 0,00 8.000,00 8.000,00 0,00
Férias 500,00 0,00 500,00 500,00 0,00 500,00
13.Salário 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
INSS 300,00 300,00 0,00 300,00 3.200,00 -2.900,00
30
FGTS 100,00 0,00 100,00 3.500,00 3.676,00 -176,00
Água, Luz e 2.200,00 1.750,00 450,00 2.200,00 1.200,00 1.000,00
Telefone
Material de 100,00 0,00 100,00 100,00 300,00 -200,00
Expediente,
Limpeza e
Manutenção 150,00 0,00 150,00 150,00 300,00 -150,00
Diversas
Combustível 2.600,00 2.500,00 100,00 2.600,00 1.600,00 1.000,00
Seguros 50,00 0,00 50,00 50,00 0,00 50,00
IPTU/IPVA 60,00 0,00 60,00 60,00 800,00 -740,00
Aluguéis 1.500,00 1.500,00 0,00 1.500,00 1.500,00 0,00
Viagens 200,00 0,00 200,00 200,00 0,00 200,00
Pro-Labore 3.500,00 1.000,00 2.500,00 1.000,00 3.500,00 -2.500,00
Serviços de 4.000,00 2.200,00 1.800,00 4.000,00 0,00 4.000,00
Terceiros
Juros e Tarifas 50,00 100,00 -50,00 50,00 200,00 -150,00
Bancárias
Imposto de Renda 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Contribuição 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Social s/ Lucro
Líquido
Cancelamento de 0,00 0,00 0,00 0,00 1.200,00 -1.200,00
Vendas
... 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Saldo Inicial do 800,00 800,00 0,00 -2.210,00 2.250,00 -4.460,00


Período
(+-) - 1.450,00 - 5.398,00 -1.656,00 7.054,00
Movimentação do 3.010,00 4.460,00
Período
Saldo Final de - 2.250,00 - 3.188,00 594,00 2.594,00
Caixa 2.210,00 4.460,00
Fonte: POHREN (2007, p.87).

O fluxo de caixa apresentado na Tabela 1 é um exemplo de movimentação de recursos


financeiros de uma empresa. Ou seja, é um resumo da circulação dos valores monetários
apresentadas em um determinado período servindo de base para tomada de decisão.
De acordo com o exposto por Pohren (2007), este relatório permite o acompanhamento
da performance financeira da organização, admitindo o monitoramento das atividades mediante
o delineamento das metas e estratégias simuladas no orçamento sinalizando as ineficiências ou
as áreas que demonstram maiores dificuldades apontadas na coluna diferenças.
31
1.11. Projecção orçamentária

O orçamento pode ser definido como uma ferramenta de controle para as organizações. É
através do orçamento empresarial que se realizam as projeções futuras a fim de avaliar se a
empresa possui condições de alcançar os objetivos estabelecidos no planejamento estratégicos .
Nesses termos e com o mesmo pensamento, Santos et. al (2008) define o orçamento
como a quantificação do planejamento estratégico afirmando que a construção do orçamento
deve ser capaz de projetar a visão futura da empresa, bem como os resultados, os fluxos de
caixa e o patrimônio envolvendo também a análise do cenário econômico além de considerar as
informações passadas.
A partir dessa reflexão Hoji (2008), afirma que o processo de decisões financeiras deve
ser orientado por informações contábeis e financeiras adequadas, estruturadas e confiáveis. Em
função disso, para um orçamento ser elaborado adequadamente deve-se observar todo este
contexto, pois, o orçamento empresarial é um dos instrumentos necessário para a tomada de
decisão. Ele é representado pelo orçamento geral e formado pelos seguintes orçamentos
específicos conforme apresentado na figura 5: Orçamento de vendas; Orçamento de produção;
Orçamento de matérias-primas; Orçamento de custos totais; Orçamento de despesas gerais;
Orçamento de investimento; Orçamento de caixa; Orçamento de resultado.
Com o objectivo de esclarecer o propósito de cada orçamento do processo de
planejamento orçamentário, se fez necessário a reprodução do quadro 4.

Quadro 4: Processo de Planejamento Orçamentário


Processo de Planejamento Orçamentário
Orçamento de Vendas Consiste em determinar a quantidade total de produtos a
serem vendidos, bem como os respectivos preços dos
produtos considerando o cálculo de impostos, a partir das
projeções de vendas elaboradas pelos executivos
responsáveis. Ele é complementado pelo orçamento de
despesas de venda.
Orçamento de Produção Sua função é definir em quantidade os produtos que devem
ser produzidos baseando-se nas projeções de vendas e
considerando a política de estoques de produtos acabados.

Orçamento de matérias-primas Este orçamento determina a quantidade necessária de


matérias-primas e seus devidos valores para compra e
consumo destes insumos. Ele também deve considerar os
impostos incidentes sobre a compra.

32
Orçamento de mão-de-obra direta O orçamento de mão-de-obra deve considerar o total de
horas a trabalhar considerando seus custos em valores
monetários.
Orçamento de custos indiretos de fabricação A finalidade deste orçamento é apurar o total de custos que
possuem participação indireta na fabricação dos produtos.
Nesta projeção estão inseridos os custos indiretos de
fabricação variáveis como: uma parcela da energia elétrica,
lubrificantes entre outros consumidos no processo de
fabricação e que variam de acordo com a quantidade
produzida. Além disso, são identificados outros custos
como o custo indireto de fabricação fixo que existirão
mesmo que não haja produção.
Orçamento de custo de produção O propósito deste orçamento é apurar os custos unitários
de produtos acabados e em elaboração, necessários para a
avaliação dos estoques e análise do custo dos produtos
vendidos.
Orçamento de despesas de venda e administrativas O orçamento de despesas de venda possui como foco
dimensionar os recursos necessários para dar suporte ao
orçamento de vendas.
Orçamento de investimentos Sua função é definir os valores de aquisições e baixas do
ativo permanente e apurar as cotas de depreciação,
exaustão e amortização.
Orçamento de aplicações financeiras e Este orçamento tem por finalidade apurar as faltas e sobras
financiamentos de caixa, as receitas e despesas financeiras e determinar os
recursos necessários para financiar às atividade de
operações e investimentos.
Fonte: Baseado em Hoji (2008).

Conforme o quadro 4, fica evidente que a constituição de um orçamento geral não é um


processo simples, mas necessário. É um processo sistêmico que procura projetar os
investimentos a serem feitos, com vistas à manutenção e crescimento da organização, de acordo
com as determinações oriundas do plano estratégico.
1.12. Análise das demonstrações contábeis

A contabilidade desenvolve um papel fundamental no mundo dos negócios. Pois, trata-se


de um sistema de informações que retratam a situação patrimonial da empresa disponibilizando
registros importantes para os gestores e contribuindo assim para o processo de tomada de
decisões.
É importante ressaltar que a contabilidade é vista como a “a linguagem universal dos
negócios”, por se tratar de um sistema de informações contábeis destinados a registrar,
classificar, relatar e interpretar dados financeiros de diversas organizações (DROMS, 2002).

33
O desconhecimento dos aspectos contábeis na administração dos recursos de uma
empresa dificulta a tomada de decisão limitando a visão do negócio podendo comprometer o
futuro da organização. Segundo Gropelli (2009), a análise dos demonstrativos financeiros visa
avaliar o desempenho das organizações. De acordo com o autor, pode-se fazer isso de três
maneiras:
1. Estudar o conteúdo da demonstração do resultado do exercício e do balanço
patrimonial;
2. Analisar os demonstrativos de fluxo de caixa;
3. Examinar as relações entre o demonstrativo de resultado e o balanço patrimonial,
realizando análise de índices financeiros.
Sob este enfoque será abordado nas próximas seções os assuntos relacionados aos
demonstrativos contábeis.

1.12.1. Demonstração de resultado do exercício – DRE


A demonstração de resultado do exercício (DRE) é utilizada para diagnosticar a situação
econômica da empresa. Nele estão inseridas as contas de resultado que possibilitam uma visão
global do desempenho da organização. A DRE faz parte de um conjunto de demonstrações
contábeis que têm como propósito avaliar a atuação da entidade e fornecer subsídios para
tomada de decisões.
Segundo Assaf Neto (2010), as demonstrações de resultado fornecem o lucro ou prejuízo
(resultado) da instituição em determinado exercício, os quais são transferidos para as contas do
patrimônio líquido. Para o autor, o lucro ou prejuízo são resultado das receitas, custos e
despesas incorridos pela empresa no período e apropriados de acordo com o regime de
competência, independente se esses valores foram pagos ou recebidos.

1.12.2. Balanço patrimonial


O Balanço Patrimonial consiste em um conjunto de informações que representam a
estrutura patrimonial da empresa em um determinado período, destacando-se como um
instrumento de grande valor para as entidades, pois possibilita identificar a situação financeira
das empresas.

34
De acordo com Assaf Neto (2010), o balanço demonstra a posição patrimonial e
financeira de uma empresa em dado momento, suas informações são estáticas e sua estrutura
mudará após o encerramento. No entanto, o balanço servirá como elemento de partida
importante para o conhecimento da situação econômica e financeira da empresa.
Para Camargo (2007), o balanço demonstra de forma equilibrada toda a estrutura
patrimonial de uma empresa, evidenciando em dado momento, tudo o que a empresa possui de
bens e direitos a receber (ativos), o total de dívidas a terceiros (passivos) e o montante de
capital investido pelos sócios (patrimônio líquido). Conforme o autor, o balanço reflete a
situação organizacional como se fosse um retrato da empresa (de forma estática), após diversas
contas terão seus saldos modificados.
Desta forma, é possível perceber que o balanço patrimonial é fundamental para as
organizações, pois apresenta seus bens, direitos, deveres e obrigações, além de demonstrar a
composição do patrimônio líquido e a situação financeira da empresa em um determinado
período, funcionando como alicerce para a análise da situação patrimonial e financeira da
organização.

1.12.3. Análise das demonstrações contábeis


A finalidade da análise das demonstrações contábeis é interpretar os dados extraídos de
seus demonstrativos e fornecer um diagnóstico da situação em que a empresa se encontra. Isso
é possível através da avaliação das seguintes análises: análise vertical, análise horizontal e
análise de índices econômico-financeiros.
As técnicas de análise das demonstrações contábeis conhecidas como análise vertical e
horizontal visam mensurar a atuação da empresa.
Em síntese a análise vertical permite uma comparação entre dados expressos em
porcentagem de cada conta ou grupo de contas em relação ao seu conjunto dentro de um
período, facilitando a leitura das demonstrações financeiras transformando valores absolutos
em valores relativos (CAMARGO, 2007).
Já a análise horizontal consiste em comparar o desempenho organizacional em diversos
períodos. Para Assaf Neto (2010, p.93), “a análise horizontal é a comparação que se faz entre
os valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios sociais”.

35
Além dessas técnicas de análise existe também a avaliação através de índices econômicos
e financeiros que proporcionam a empresa uma visão do risco de insolvência e o
acompanhamento sobre as tendências que podem influenciar o desenvolvimento da empresa.
De acordo com Megliorini (2009), o objetivo das demonstrações contábeis é aperfeiçoar
o processo decisório nas empresas. Para que isso aconteça, um conjunto de indicadores
extraídos das demonstrações contábeis de determinada entidade, são combinados e comparados
aos seus períodos anteriores, a indicadores de outras empresas do mesmo segmento ou a
indicadores-padrões do setor de atividade. Essas análises permitem as empresas estarem
informadas sobre o seu desempenho organizacional, tirar suas próprias conclusões e tomar as
devidas precauções para ajustar o negócio.
Deste modo, Gropelli (2009), salienta que os executivos financeiros devem ter
conhecimento se as empresas na qual trabalham dispõem ou não, de liquidez suficiente para
saldar as dívidas contraídas pela organização. Segundo o autor, uma forma de avaliar a
liquidez, o grau de endividamento e a lucratividade de uma entidade são através das análises
dos índices. Embora exista um grande número de índices econômicos e financeiros, eles podem
ser agrupados em cinco categorias: índices de liquidez, índices de atividades, índices de
endividamento, índices de rentabilidade e índices de mercado de ações.
Neste contexto, o Quadro 5 sintetiza os principais indicadores econômicofinanceiros
encontrados na literatura.

Quadro 5: Índices Econômicos e Financeiros


GR ÍNDICES FÓRMULA O QUE INDICA / INTERPRETAÇÃO

Liquidez Disponível PC Esse índice indica quanto a empresa possui de recursos


LIQUIDEZ

Absoluta ou imediatamente disponível para liquidar compromissos de


Imediata curto prazo.

Liquidez Seca AC – Estoques PC Porcentagem das dívidas a curto prazo e que pode ser
(LS) paga através de ativo circulante de maior liquidez.
Quanto maior melhor.

36
Liquidez AC PC Quanto a empresa possui em termos de disponibilidade
Corrente imediata e direitos à curto prazo para cada real de dívida
(LC) circulante (curto prazo). Se este índice for superior a 1
Indica a existência de capital de giro líquido positivo;
igual a 1 a inexistência de capital de giro líquido;
inferior a 1 indica que a empresa está operando com
capital de giro líquido negativo.

Liquidez AC + RLP PC + Esse índice indica a capacidade de pagamento de dívida no


Geral (LG) PNC longo prazo.Quanto maior melhor.

Prazo Médio Estoque x 360 Custo das Número médio de dias em que a empresa efetua a
OPERACIONAL

de Renovação Vendas renovação de todo o seu estoque. Quanto maior for este
de Estoque índice, maior será o prazo que os produtos
(PMRE) permanecerão estocados, aumentando a necessidade
de investimento em estoque.

Prazo Médio Fornecedores x 360 Prazo médio (dias) em que a empresa paga suas compras
de Compras de estoques. Indica quanto tempo o fornecedor tem que
Pagamento de aguardar, até que a empresa efetue o pagamento das
Compras duplicatas decorrentes de compras a prazo.
(PMPC)

Prazo Médio Dupl.receber x 360 Vendas Prazo médio (dias) despendido para que a empresa receba
de Brutas suas vendas a prazo. Indica o tempo que a empresa
Recebimento deverá esperar antes de receber as vendas a prazo, ou
de Vendas seja, para que o cliente efetue o pagamento.
(PMRV)

Ciclo PMRV + PMRE – PMPC Demonstra o ciclo financeiro da empresa, isto é, a sobra
Financeiro ou defasagem de caixa.

Ciclo PMRE + PMRV Demonstra o tempo decorrido entre a compra e o


Operacional recebimento da venda de mercadoria.

cont. resumo dos principais índices econômicos financeiros.

GR ÍNDICES FÓRMULA O QUE INDICA / INTERPRETAÇÃO

Grau de endividamento total da empresa, isto é, quanto a


Participação de ET empresa possui de capital de terceiros para cada real de
Capitais de Terceiros ET + PL capital próprio investido, retratando a dependência da
(PCT) empresa em relação aos recursos externos. Quanto menor,
melhor.

37
RENTABILIDADE ESTRUTURA DE CAPITAL
Composição do Indica quanto da dívida total vence no curto prazo. Quanto
PC ET
Endividamento (CE) menor, melhor.

Imobilização do
Imobilizado Indica a parcela de recursos próprios investido no ativo
Patrimônio Líquido
PL permanente. Quanto menor, melhor.
(IPL)

Imobilização dos Indica quanto dos recursos não correntes da empresa


Imobilizado PL
recursos não correntes (patrimônio líquido + exigível em longo prazo) está aplicado
+ PNC
(IRNC no ativo permanente. Quanto menor, melhor.

Rentabilidade das LL
Eficiência Global da empresa. Quanto ganhou, em termos
Vendas ou Margem Vendas
líquidos, por cada real vendido. Quanto maior, melhor.
Líquida Líquidas

Retorno sobre o Indica o retorno do total das aplicações processadas pela


LL AT
investimento (ROI) empresa em seus ativos. Quanto maior, melhor.

Retorno líquido dos recursos próprios investido na empresa.


Retorno sobre o capital
LL PL Ou seja, quanto os proprietários obtém de lucro para cada real
próprio (ROE)
aplicado na empresa. Quanto maior, melhor.
ENDIVIDAMENTO

Participação de Porcentagem de dependência financeira da empresa com o


Dividas
Instituições mercado de crédito, ou seja, quanto a empresa está
Inst.Financ.
Financeiras no financiando seus ativos através de captações no mercado
AT
Investimento Total financeiro e de capitais. Quanto menor, melhor.

Participação de
Dividas Nível de participação dos recursos provenientes de
Instituições
Inst.Financ. instituições de crédito no total dos fundos levantados junto a
Financeiras no
ET terceiros (Exigível Total). Quanto menor, melhor.
Exigível Total
Dupl.
Do total das duplicatas a receber pela empresa evidencia qual
Nível de Desconto de
Descontadas
a porcentagem que ela desconta no setor bancário. Quanto
Dupl. Duplicatas
menor, melhor.
Receber
Fonte: Baseado em Assaf Neto (2010), Nunes(2008), Hoji (2008).
Siglas:
AC = Ativo Circulante PC = Passivo Circulante
RLP = Realizável à Longo prazo PNC = Passivo Não - Circulante
AT = Ativo Total ET = Exigível Total
LL = Lucro Líquido PL = Patrimônio Líquido

Neste capítulo foram abordados assuntos pertinentes ao controle interno, administração


do capital de giro, ciclo financeiro, gestão do fluxo de caixa, fluxo de caixa projetado, projeção
orçamentária, análise das demontrações contábeis, demonstrações de resultado do exercício,

38
balanço patrimonial e análise contábil que em conjunto são intitulados no trabalho da seguinte
forma: Instrumentos de Controlo Financeiro.
Os instrumentos de controle financeiro desenvolvido neste capítulo, permitiram verificar
os elementos chaves para uma gestão financeira eficiente e fazer um cruzamento das
informações fornecidas pelo questionário, observando como esses elementos funcionam em
cada empresa comercial participante do estudo.
CAPÍTULO II – METODOLOGIA

39
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1. Caracterização da empesa

40
3.2. Apresentação dos Resultados

A empresa utilizada na pesquisa foi à empresa ECONTABIL, do ramo de construção civil,


situada no XXXXXXXX Província de XXXXXXXXX. A empresa X não possui nenhum tipo de
planeamento de médio ou de longo prazo. Todos os dados de previsões são realizados no curto
prazo, e as acções são tomadas no sentido de resolver os problemas atuais e constantes, sem a
possibilidade de tentar evita-los no futuro.

As entradas de fluxo de caixa são realizadas à medida que vão acontecendo, não
possibilitando aos gestores uma visão futura neste aspecto. Somente pode-se saber qual a situação
da empresa em um determinado dia, ou no máximo, nos dois dias subsequentes. Mesmo os
gestores tendo o conhecimento que alguns custos da empresa são fixos, não há um plano de
necessidade de caixa para o mês seguinte.

Por outro lado, o sector de cobrança não desempenha seu trabalho com a devida agilidade,
também pela grande quantidade de clientes. Isso acaba gerando um atraso nos recebimentos,
desorientando o gestor tanto na parte de contas a receber, quanto na parte de contas a pagar.

Existe uma grande deficiência no controlo de notas fiscais lançadas no sector de compras,
não evitando que, por exemplo, uma mesma nota fiscal seja lançada duas vezes no sistema
interno e encaminhada ao financeiro para o pagamento. A falta de critério e negociação que
ocorre nas relações com os fornecedores permite que o lançamento de uma nota fiscal seja feito
de forma errônea, não respeitando o vencimento correto da fatura, e muitas vezes, a forma de
pagamento é desconhecida.

Para a execução deste estudo são levadas em conta as informações que impactam no setor
financeiro da empresa. As relações com os problemas de outros sectores também serão
explanados, mas com menos enfoque. Os dados colectados foram apresentados em planilhas do
Microsoft Excel, para melhor entendimento, organização e comparativo mês a mês.

De início, criou-se um demonstrativo mensal relactivo ao segundo semestre de 2016, que é


o período de pesquisa do estudo. Este demonstrativo informa as entradas e saídas mais
importantes do período. Com os lançamentos efetuados, mês a mês, pode-se chegar ao resultado

41
mensal de cada período. Este saldo demonstra se a empresa fechou o mês positiva ou negativa.
Seguem assim, as planilhas confeccionadas a partir de dados coletados da empresa X.

Tabela 1 – Fluxo de caixa do mês de julho de 2016.

JULHO
ENTRADA SAÍDA SALDO
Recebimentos KZ 812.800,00 KZ 812.800,00
Pagamentos KZ 493.649,00 KZ 319.151,00
Impostos KZ 25.572,00 KZ 293.579,00
Folha KZ 216.321,00 KZ 77.258,00
Custos Fixos KZ 28.956,00 KZ 48.302,00
Manutençào KZ 2.350,00 KZ 45.952,00
Investimentos KZ 5.200,00 KZ 40.752,00
Despesas Financeiras KZ 2.100,00 KZ 38.652,00
Despesas Administrativas KZ 5.390,00 KZ 33.262,00

TOTAL 812.800,00 779.538,00


Fonte: O pesquisador.

42
Tabela 2 – Fluxo de caixa do mês de agosto de 2011.

AGOSTO
ENTRADA SAÍDA SALDO
Recebimentos R$ 798.452,00 R$ 798.452,00
Pagamentos R$ 487.340,00 R$ 311.112,00
Impostos R$ 23.130,00 R$ 287.982,00
Folha R$ 221.520,00 R$ 66.462,00
Custos Fixos R$ 25.980,00 R$ 40.482,00
Manutenção R$ 3.515,00 R$ 36.967,00
Investimentos R$ 5.120,00 R$ 31.847,00
Despesas Financeiras R$ 3.190,00 R$ 28.657,00
Despesas Administrativas R$ 5.800,00 R$ 22.857,00
TOTAL R$ 798.452,00 R$ 775.595,00

Fonte: O pesquisador

43
Tabela 3 – Fluxo de caixa do mês de setembro de 2016.

SETEMBRO
ENTRADA SAÍDA SALDO
Recebimentos R$ 801.324,00 801.324,00
Pagamentos 496.120,00 305.204,00
Impostos 26.728,00 278.476,00
Folha 229.325,00 49.151,00
Custos Fixos 25.100,00 24.051,00
Manutenção 3.440,00 20.611,00
Investimentos 5.000,00 15.611,00
Despesas Financeiras 4.050,00 11.561,00
Despesas Administrativas 5.750,00 5.811,00

TOTAL 801.324,00 795.513,00

Fonte: O pesquisador

44
Tabela 4 – Fluxo de caixa do mês de outubro de 2016.

OUTUBRO

ENTRADA SAÍDA SALDO

Recebimentos 782.550,00 782.550,00


Pagamentos 499.334,00 283.216,00
Impostos 25.120,00 258.096,00
Folha 228.970,00 29.126,00
Custos Fixos 24.630,00 4.496,00
Manutenção 3.945,00 551,00
Investimentos 6.215,00 (5.664,00)
Despesas Financeiras 3.690,00 (9.354,00)
Despesas Administrativas 5.225,00 (14.579,00)

TOTAL 782.550,00 797.129,00

Fonte: O pesquisador

45
Tabela 5 – Fluxo de caixa do mês de novembro de 2016.

NOVEMBRO
ENTRADA SAÍDA SALDO
Recebimentos 818.100,00 818.100,00
Pagamentos 495.440,00 322.660,00
Impostos 26.235,00 296.425,00
Folha 226.448,00 69.977,00
Custos Fixos 22.580,00 47.397,00
Manutenção 4.397,00 43.000,00
Investimentos 5.200,00 37.800,00
Despesas Financeiras 3.790,00 34.010,00
Despesas Administrativas 5.998,00 28.012,00

TOTAL 818.100,00 790.088,00

Fonte: O pesquisador

46
Tabela 6 – Fluxo de caixa do mês de dezembro de 2016.

DEZEMBRO

ENTRADA SAÍDA SALDO

Recebimentos R$ 832.225,00 R$ 832.225,00

Pagamentos R$ 521.240,00 R$ 310.985,00

Impostos R$ 30.050,00 R$ 280.935,00

Folha R$ 223.550,00 R$ 57.385,00

Custos Fixos R$ 22.110,00 R$ 35.275,00

Manutenção R$ 4.190,00 R$ 31.085,00

Investimentos R$ 6.860,00 R$ 24.225,00

Despesas Financeiras R$ 3.905,00 R$ 20.320,00

Despesas R$ 6.435,00 R$ 13.885,00


Administrativas

TOTAL R$ 832.225,00 R$ 818.340,00

Fonte: O pesquisador

47
A seguir abaixo, segue uma planilha semestral demonstrando os valores totais referentes às
entradas e saídas dos meses do segundo semestre de 2011. Os valores foram extraídos da
primeira planilha, e somados mês a mês.

Tabela 7 – Fluxo de caixa do segundo semestre de 2016.

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Recebimentos 4.845.451,00 4.845.451,00

Pagamentos 2.993.123,00 1.852.328,00

Impostos 156.835,00 1.695.493,00

Folha 1.346.134,00 349.359,00

Custos Fixos 149.356,00 200.003,00

Manutenção 21.837,00 178.166,00

Investimentos 33.595,00 144.571,00

Despesas Financeiras 20.725,00 123.846,00

Despesas Administrativas 34.598,00 89.248,00

TOTAIS ENTRADAS 4.845.451,00


TOTAIS SAÍDAS 4.756.203,00
Fonte: O pesquisador

Na próxima planilha, foi efetuado o cálculo da análise vertical dos valores. O intuito deste
cálculo foi identificar qual gasto teve maior valor comparado aos desembolsos totais do período
estudado.

48
Tabela 8 – Demonstrativo de desembolsos totais do segundo semestre de 2016.

DESEMBOLSOS TOTAL %
Pagamentos 2.993.123,00 61,77%
Impostos 156.835,00 3,24%
Folha 1.346.134,00 27,78%
Custos Fixos 149.356,00 3,08%
Manutenção 21.837,00 0,45%
Investimentos 33.595,00 0,69%
Despesas Financeiras 20.725,00 0,43%
Despesas Administrativas 34.598,00 0,71%

Fonte: O pesquisador
No geral, pode-se perceber que o gasto com fornecedores engloba mais de 60% das saídas
totais do semestre. Nesta conta encontram-se os débitos de todos os tipos de fornecedores, seja de
matéria prima, quanto de empréstimos bancários. Em toda compra que necessita ser feita pela
empresa, é realizada uma Ordem de Compra pelo setor responsável, e então encaminhada ao
setor de Compras para ser efetuado o pedido, o faturamento e emissão da Ordem de Pagamento.

Na parte de negociações bancárias, o setor responsável encaminha o contrato de


empréstimo com o respectivo banco, já devidamente esclarecida com a alíquota de juros e o
prazo determinado para a quitação do mesmo. Também é confeccionada uma Ordem de
Pagamento, para ser encaminhada ao setor financeiro.

As despesas com folha de pagamento seguem em segundo lugar, com quase 28% do total
de desembolsos do semestre. O valor deste quesito é alto e possui um referencial maior
comparado aos outros, por causa do setor da empresa. O ramo de construção civil possui um
maior gasto com funcionários contratados, pelo fato de cada obra em execução necessitar de uma
quantidade grande de operários para realizar a obra no prazo planejado. Na empresa
ECONTABIL, a média de funcionários trabalhando em cada obra em andamento é de 25
empregados.

Os custos fixos englobam também cerca de 3% dos desembolsos totais, e são equivalentes
aos gastos com despesas fixas de todos os meses da empresa. Faturas de água e energia, internet,
telefone e gastos com combustível são exemplos destes custos.

49
Por fim, somando menos de 1% cada item, entram a manutenção, investimentos, despesas
financeiras e despesas administrativas. A despesa com manutenção vai desde gastos com
caminhonetes e caminhões, até custos com máquinas e ferramentas usadas na construção civil. Os
investimentos, voltados quase em sua totalidade para o marketing, buscando novos negócios, têm
aumentado nos últimos anos e tem sido parte importante na captação de novos clientes.
Investimentos na área ambiental voltados para a sustentabilidade também têm gerado boas idéias
para a empresa e vem trazendo o retorno esperado. As despesas administrativas e financeiras, já
corriqueiras nas empresas, também tem parte significativa nesta fatia de desembolsos do período.

Em se tratando de Compras, a Empresa ECONTABIL deixa a desejar em alguns aspectos,


principalmente no que diz respeito à falta do poder de barganha com seus fornecedores, mesmo
sendo uma boa cliente e efetuado a compra todas as semanas. Os prazos para pagamento aos
fornecedores são extremamente estreitos, ainda mais na negociação dos produtos diretamente
relacionados ao negócio da empresa.

Por exemplo, em uma obra de construção civil, um dos materiais mais utilizados e
importantes para a conclusão do projeto, é o concreto. Para este item, o prazo de pagamento aos
principais fornecedores de concreto é muito limitado, e provocam um desequilíbrio no ciclo
financeiro da organização. Outro material muito requisitado pela empresa para as obras é o ferro.
Para este caso, os prazos longos para pagamento são ainda mais raros. Em uma empresa de
grande porte, com mais de dez obras em execução, estes valores que já sacrificam a liquidez do
setor financeiro, ficam ainda mais assustadores. Segue abaixo uma pequena demonstração dos
principais materiais requisitados nas obras da Empresa ECONTABIL, e a média de prazo de
pagamento das faturas.

50
Tabela 9 – Demonstrativo de compras realizadas no segundo semestre de 2011.

MATERIAIS VOLUME DE PRAZO DE PAGAMENTO


COMPRA POR OBRA (dias)
(%)

AÇO 20% 7 15 28
CONCRETO 23% 15 30
MADEIRA 2% 30
AREIA 2% 30
CIMENTO 16% 15 30
BLOCO CERÂMICO 10% 15 30
TIJOLO 23% 30
Fonte: O pesquisador

Conforme a planilha demonstra, o aço é uma das matérias mais importantes e mais
utilizadas nas obras de construção da empresa ECONTABIL. O prazo para pagamento, cedido
pelos principais fornecedores, é o mais curto entre todos os materiais comprados. O rigor dos
fornecedores de aço não condiz com o volume e a quantidade/mês comprada pela empresa. Rigor
tal, que se acontecer da não identificação de algum pagamento após seu vencimento, a
fornecedora faz o aviso de débito e imediatamente corta a entrega do fornecimento de aço para as
obras.

Este problema é apenas mais um que prejudica o fluxo de caixa, e a saúde financeira diária
da empresa. Os recebimentos, por parte dos clientes compradores das salas e apartamentos em
construção ou concluídos, são realizados mensalmente. De todos os dias do mês, três deles são os
dias onde se identificam maiores recebimentos: dia 5, dia 10 e dia 20. Contrastando com as
entradas, os dias que se registram maiores baixas para o sector de contas a pagar são os dias 10,
15, 20, 25 e 28. O concreto também registra uma linha de vencimentos encurtada, e a frequência
de compra deste material é extremamente alta.

As entradas do período, como já dito anteriormente, são provenientes dos apartamentos e


salas comerciais construídas pela empresa. As vendas são realizadas nos seguintes moldes: de
20% a 30% do valor do imóvel a vista, e o restante financiado em até 60 vezes. As entradas

51
podem ser efetuadas através de outro imóvel ou terreno, pré-avaliados pela construtora, cheque
ou dinheiro. Os recebimentos mensais podem ser quitados através de dinheiro ou cheque. É nesse
ponto que se encaixa outro grande problema encontrado na empresa X: a inadimplência.

Conforme documentos recentes do setor de cobrança da empresa, neste segundo semestre


de 2016, foi registrada uma inadimplência geral de pouco mais de 8%. Em se tratando dos
recebimentos somente em cheques, este valor sobe para mais de 13%. A cobrança da empresa
falha na negociação com os clientes, e não promove ações para estimular os devedores ao
pagamento de suas dívidas. Outro fator importante para o insucesso do setor é a grande
quantidade de devedores, incapacitando a cobrança de todos no tempo devido. Ou seja, enquanto
a carteira de clientes devedores está sendo cobrados, novos clientes estão sendo registrados como
inadimplentes.

Todos os pontos vistos anteriormente, somando-se a falta de planeamento no sentido de


dividir com racionalidade os principais débitos do semestre, prejudicam o capital de giro da
empresa. Principalmente os débitos relacionados aos empréstimos bancários. Quando se trata
deste quesito, não se observam as datas dos vencimentos dos contratos já existentes e, na
formação de um novo contrato de empréstimo, falha-se na busca da melhor negociação.

ALAVANCAGEM

No mundo dos negócios, alavancagem é o processo que emprega recursos de


terceiros com a intenção de estender a taxa de lucros sobre o capital próprio. Deste
modo, a análise da alavancagem financeira ou operacional busca demonstrar a
relevânica do capital de terceiros, na estrutura de capital de uma empresa, visando
maximizar o lucro de seus sócios. Essa pesquisa mostra como os resultados são
atingidos por intermedio das alavancagens operacionais e financeiras e pela união das
duas.
A complexidade das relações econômicas ultimamente existentes no comércio
torna o papel das empresas, independente de sua dimensão e segmento de atuação,
ao mesmo tempo complexas, modificando o correto juízo das relações financeiras em
uma prerrogativa concorrente e extremamente importante. A principal finalidade de
52
qualquer empresa é ter o seu valor elevado ao máximo por meio da fabricação de bens
ou prestação de serviços para venda no mercado.
Os dispêndios financeiros podem desempenhar forte impacto sobre o lucro das
empresas. A administração eficaz das despesas financeiras incide em planejar,
controlar e analisar adequadamente, abrangendo perfeitamente sua natureza e seu
mecanismo, para maximizar os recursos financeiros postos à disposição da empresa.
O programa de operações financeiras, que consiste em planejar as despesas e
receitas financeiras, bem como as fontes e as condições gerais dos financiamentos,
exige um intenso conhecimento do mercado financeiro e da economia brasileira. A
preparação da avaliação de despesas financeiras determina a definição clara e objetiva
de premissas e critérios fundamentais, analisando os possíveis cenários econômicos do
período orçamentário.

ALAVANCAGEM OPERACIONAL

Alavancagem operacional, é quando ocorre o aumento das receitas e lucros


antes de juros, e nem sempre a ampliação de vendas representa o aumento dos lucros,
pois, vender mais pode ocasionar uma elevação em seus gastos operacionais, em
determinados casos pode-se até perder lucratividade com aumento das vendas, o que
pode ser feito é ao detectar que existirá um aumento nas vendas, ajustar o volume de
vendas dentro dos custos operacionais, para que sejam realizados os acertos em
detrimento do aumento, e assim atingir maior lucratividade.
A alavancagem operacional é determinada em função da afinidade existente no
meio dos ativos e dos ganhos antes de juros e provisão do IRPJ e CSLL, ou seja:
Alavancagem Operacional = Lucro antes Juros e Provisão IRPJ e CSL/Ativos

A decisão de investimento, empregando recursos próprios e de terceiros, é


determinada pela perspectiva de maior rentabilidade sobre os capitais empregados.
Pode-se completar que somente é saudável utilizar capitais dispendiosos quando a
alavancagem operacional do empreendimento for superior ao respectivo ônus.
O Grau de Alavancagem Operacional (GAO) pode ser avaliado por meio de
qualquer uma das seguintes formulas:
53
GAO' = Variação percentual no LAJIR = ∆LAJIR = n° de vezes
Variação percentual nas vendas ∆RTV (ou ∆q)
(receitas ou volumes)

Ou

GAO" = Margem de contribuição total = MCT = n° de vezes


LAJIR LAJIR A
relevância do conhecimento do grau de
alavancagem operacional para o gestor financeiro
é o benefício em distinguir o impacto de uma
possível alteração nas vendas sobre os resultados
operacionais. Algumas vezes, como consequência
deste conhecimento, a empresa pode operar
algumas transformações na sua política de preços
ou na constituição dos seus custos. Em geral, as
empresas não desejam trabalhar com altos graus
de alavancagem operacional, pois, facilmente, uma
pequena mudança nas vendas pode implicar em
resultados operacionais negativos. A diferença
entre o percentual de rendimento de ativos sobre a
taxa de remuneração de capital é o que chama-se
alavancagem financeira.

ALAVANCAGEM FINANCEIRA

Alavancagem financeira atribui à relação entre capital próprio e créditos


empregados em uma operação financeira.É a utilização de ativos ou recursos com
encargos financeiros fixos, para expandir os efeitos de variações do lucro antes de juros

54
e imposto de renda com relação ao lucro por ação. Assim, a empresa usa recursos de
terceiros, empréstimos, debêntures, ações preferenciais, dentre outros, para elevar os
resultados da alteração do lucro operacional (LAJIR) sobre os lucros por ação.
Alavancagem financeira é isso, a "alavanca" que esta absorção produz no
rendimento dos acionistas. Ocorre quando os recursos de terceiros originam resultados
sobre o patrimônio líquido, é como se o capital de terceiros usando uma alavanca
gerasse efeitos positivos ou negativos sobre o patrimônio líquido.

Martins e Assaf Neto (1986, p. 205) destacam que:

Alavancagem financeira é o efeito de tomar, numa ponta, recursos de terceiros


a um custo y, aplicando-os na outra ponta (nos ativos) uma taxa x; a diferença
vai para os proprietários e altera seu retorno sobre o patrimônio líquido, para
mais ou para menos do que aquele que seria obtido caso todo o investimento
fosse feito apenas com recursos próprios.

A alavancagem financeira, equivale ao gasto de se produzir um bem, antes que


caiam sobre eles os impostos e as obrigações auxiliares decorrentes do regime de
competência que e o que guia esse tipo de alavancagem. A relevância da alavancagem
financeira para as empresas está exatamente na área mais sensível delas, no setor
administrativo e sobretudo no financeiro, pois uma boa alavancagem nestes
departamentos pesará em todos os demais da empresa, tendo em vista que se trata de
uma questão que não se limita exclusivamente a setores e sim a todo o contexto da
organização, sempre com pespectivas de lucros mais elevados do que as despesas,
seja elas acessórias ou fiscais.
Como cada empresa expõe uma estrutura financeira e operacional própria e
individualizada, o emprego de capitais de terceiros em corporações diferentes, produz
resultados diferentes em termos de alavancagem. Então se diz que, o grau de
alavancagem financeira de uma transação é a coerência entre endividamento de longo
prazo e o capital empregado pela empresa.
O resultado da alavancagem financeira pode ser mais bem definido pela
expressão e seu coeficiente, ao qual nomeamos de grau:

55
GAF = RsPL (Retorno sobre Patrimônio Líquido
RsA (Retorno sobre o Ativo)

Se o GAF for igual a 1,0 = a alavancagem financeira será considerada nula.


Se o GAF for maior que 1,0 = a alavancagem financeira será considerada favorável. Se
o GAF for menor que 1,0 = a alavancagem financeira será considerada desfavorável.

ALAVANCAGEM COMBINADA

Há possibilidades de avaliar a união das duas alavancagens demosntradas


anteriormente. O coeficiente de alavancagem combinada pode ser apontado como a
disposição da empresa em aproveitar custos fixos, tanto operacionais como financeiros,
para ampliar a eficiência da variação das vendas, nos resultados por ação.
A alavancagem operacional e a alavancagem financeira podem ser associadas
de diversas formas, de modo a obter um grau de alavancagem combinada ou total
desejável e, portanto, um apropriado grau de risco total da empresa; alto risco de
negócio pode ser admitido por um baixo risco financeiro e vice-versa.

De acordo com (BRAGA, 1989):

todas as empresas têm custos operacionais fixos e estão sujeitas aos efeitos da
alavancagem operacional. Por outro lado, é difícil encontrar uma empresa que
não apresente despesas financeiras e esteja imune à alavancagem financeira.
Desse modo, praticamente todas as empresas apresentam efeitos conjuntos
dessas alavancagens, conhecidos por alavancagem total ou combinada.

Ou seja:

o que, simplificando, dá:

56
ou seja:

.
A alavancagem operacional e a alavancagem financeira podem ser associadas
de diversas formas, de modo a obter um grau de alavancagem combinada ou total
desejável e, portanto, um apropriado grau de risco total da empresa; alto risco de
negócio pode ser admitido por um baixo risco financeiro e vice-versa.
O importante é exercitar a alavancagem combinada, buscando ligar a
alavancagem operacional com a financeira, para tornar mínimos os custos operacionais
e financeiros, aprimorando seu resultado para alavancar os lucros da organização,
adaptando aos princípios ativos financeiros da empresa.

GERENCIAMENTO DE RISCOS

O sucesso de um projeto estratégico está na realização das táticas para o


alcance da visão no futuro das empresas, porém existe uma fase que muitas vezes não
é desempenhada, ou não se confere a devida importância e é de grande valor, a
análise dos riscos empresariais. Analisar a relação entre o risco e a rentabilidade de um
investimento é uma das implicações básicas dos entendedores em finanças, o risco, é
uma distinção iminente a toda e qualquer atividade, principalmente nas áreas que
tratam do patrimônio das empresas. Tudo que é executado hoje, e direcionado a um
resultado futuramente, está sujeito a algum nível de risco. No dias de hoje, o
gerenciamento de riscos em organizações é imprescindível, pois um fato econômico
que ocorre em qualquer lugar do mundo gera reflexos instantâneos na economia
brasileira.

Segundo GROPELLI e NIKBAKHT (1998).

57
Tomar decisões no momento adequado, em função das mudanças dos fatores
microeconômicos, mantém equilibrado o valor da empresa. Os administradores
bem informados possuem discernimento para obter vantagens das
oportunidades rentáveis em níveis de risco razoáveis, quando estão em
expansão as atividades empresariais. Portanto, para os administradores
financeiros, é importante não somente prever, de forma acurada, os níveis de
negócios e atividades relacionadas, mas também fazer julgamentos abalizados
a respeito das mudanças esperadas em função dos fatores macro e
microeconômicos relacionados.

O risco pode ser apontado como a expectativa de prejuízo financeiro. Também


pode ser conceituado como sendo a probabilidade de ocorrência de um episódio
duvidoso e contrário. Não importa qual seja o significado, o fato é que todas as
pessoas, ou pelo menos boa parte delas, têm aversão ao risco. Quando se desenvolve
um projeto de investimento, risco e incerteza são as denominações dadas à inquietação
de que as perspectivas e esperanças com relação ao futuro podem não se consolidar.
Do mesmo jeito que existe vários significados de risco, existe riscos de diversas
formas, tais como os vinculados à saúde do trabalhador, a atmosfera ambiental,
financeiros, de mercado, operacionais, econômicos, legais de crédito, entre outros.
Esses riscos muitas vezes se relacionam, interagem e se somam, comprometendo os
resultados organizacionais.
A gestão de riscos é um procedimento por meio do qual são adotadas decisões
de acolher uma ameaça conhecida ou de torná-la mínima, com o uso de ferramentas
adequadas. É importante, pois saber alinhá-los ao planejamento estratégico de forma a
desenvolver uma maneira competente de combatê-los impedindo prejuízos financeiros
para a empresa e seus clientes. Atrelado ao conhecimento prévio dos riscos e suas
medidas, ganhos estimáveis tornam-se possíveis com uma adoção de risco consistente
e melhores práticas de gestão de risco toleráveis.
Companhias aceitam posturas de gerenciamento de riscos mais enérgicas, onde
risco sempre apresentou uma conotação importante na decisão de novos investimentos.
Os desprezos de projetos mais ousados levam empresas e instituições a perder
chances com extraordinários retornos. A dificuldade maior é como avaliar os riscos,
precificando-os adequadamente.

Segundo Nakashima & Carvalho (2004)


58
Muitas vezes a identificação dos riscos fica prejudicado pelo fato de que em
muitas organizações, o normal é que cada pessoa ou departamento tente
encobrir suas deficiências ou camuflar seus riscos, dificultando o sucesso de
seu gerenciamento.

Não há como avaliar os riscos sem explorar minuciosamente os processos que


apoiam as organizações, constatar verdadeiramente onde a empresa pode ou não ficar
vulnerável, identificar suas questões críticas e qual sua habilidade de dominar esses
conflitos. Para cada interrogação é imprescindível à mesma resposta:
Conhecer para proteger.

RETORNOS

É rotineiro falar que o retorno esperado de um ativo deve estar positivamente


associado a seu risco, ou seja, as pessoas simplesmente aplicarão em um ativo
ariscado se o retorno esperado justificar o risco. Os economistas financeiros
demonstram que o retorno esperado do mercado pode ser constituído do seguinte
modo:
RM = RF + Prêmio por risco

O retorno almejado do mercado é idêntico a taxa livre de risco, acrescido de um


benefício pelo risco inerente à carteira de mercado. A equação faz referência ao retorno
esperado do mercado, e não o retorno advindo em um referente mês ou ano. Como as
ações possuem risco, o retorno acontecido no mercado num momento qualquer pode
consequentemente ficar por baixo da taxa livre de risco R F, ou ainda ser contrário ao
esperado.

Para (GITMAN, 2004):


Retorno pode ser visto como tudo aquilo que um determinado investimento
rendeu durante determinado período, pode se calcular o retorno de um ativo
isoladamente ou o retorno de uma carteira de ativos, em que nesse último o
retorno esperado é definido pela média ponderada do retorno de cada ativo em
relação a sua participação no total da carteira.

59
O beta de um título é a avaliação adequada de risco numa carteira extensa e
variada. Como vários investidores têm carteiras diversificadas, o retorno esperado de
um título precisa permanecer inteiramente associado a seu beta. Na realidade, os
economistas financeiros podem ser mais objetivos quanto à ligação entre retorno
esperado e beta. Expõe-se que em possíveis situações, a afinidade entre retorno
esperado e beta pode ser demonstrada pela equação.

R = RF + β x (RM – RF)
Retorno Taxa Diferença esperado
= livre de + Beta do X entre o retorno de um risco
título esperado do título
mercado e a taxa livre de
risco

Essa expressão, chamada de modelo de precificação de ativos (CAPM), diz que


o retorno esperado de um título está catalogado ao seu beta.

É sabido que o administrador financeiro precisa buscar investir, diminuindo o


máximo possível o risco, entretanto é fato que quanto mais elevação do risco, mais
retorno trará. Para que estas disposições possam ser adotadas de maneira segura e
compondo em melhores retornos, é indispensável que a organização possua um bem-
estar em sua estrutura financeira e em seus princípios.
Rentabilidade pode ser avaliada como a situação de êxito econômico alcançada
por uma entidade em relação ao capital nela agregado. Para avaliar excepcionalmente
o resultado das operações, carece associar o lucro operacional com o valor do ativo
operacional. Com isso estará estimando a eficácia na gestão dos recursos próprios e de
terceiros, independente dos custos financeiros e de outros fatores.

De acordo com ASSAF NETO (2005).


O CAPM é amplamente utilizado no processo de avaliação de tomada de
decisões sob condições de risco, sendo possível, também, apurar-se a taxa de
60
retorno exigida pelos investidores, bem como o coeficiente beta das empresas,
que representa um incremento necessário no retorno de um ativo de forma a
remunerar satisfatóriamente seu risco sistemático O retorno que os investidores
esperam ganhar sobre um investimento patrimonial, dado o risco a ele inerente,
se torna o custo do patrimônio líquido para os gerentes da empresa.

Economicamente, o custo de capital da empresa é um custo de ocasião e


representa a taxa de retorno da melhor sugestão de investimento disponível. Para os
empresários, essa consideração coincide o retorno da melhor chance de investimento
que fora abdicada quando da decisão de investir na empresa.

INVESTIMENTOS

O objetivo fundamental da administração financeira é elevar ao máximo a riqueza


da empresa e, portanto dos proprietários, sendo que, para que essa finalidade seja
obtida, os gestores financeiros necessitam eleger entre as opções de investimento e
financiamento disponíveis à empresa, unicamente aquelas que acrescentem valor ao
empreendimento.
Por outro lado, esses investimentos precisam ser de qualquer forma financiados,
e o modo de aquisição desses recursos, promove a seleção entre as diversas
alternativas prováveis, daquela mais apropriada e menos dispendiosa para a
organização, o que, além de ser um fator decisivo do risco, vai influenciar no maior ou
menor resultado. Deste modo, fica claro que o planejamento financeiro de longo prazo é
um papel de extrema relevância e que pode definir o sucesso ou fracasso da empresa.
Contudo, ainda com um planejamento financeiro tranquilo, com projeções de
investimentos cuja resposta seja estimada como satisfatória financiada por meio da
aquisição de recursos com custos apropriados, à empresa pode, no transcorrer da
implantação dos projetos, cruzar momentos de dificuldade que afetem sua liquidez e
rentabilidade.
O esclarecimento para esse fato é que, embora as disposições de financiamento
e investimento, serem decisivas para o sucesso do empreendimento, normalmente
essas determinações são de longo prazo, e, para conseguirem resultado satisfatório,
dependem do gerenciamento operacional do negócio, que envolve decisões de curto

61
prazo atreladas às operações financeiras habituais das organizações, abrangendo a
gestão dos titulados “itens circulantes” conforme a composição o capital de giro das
empresas.
Para a apreciação e tomada de decisões sobre composições de capital, devese
avaliar simplesmente o capital permanente e de prazo extenso, ou seja, o Exigível à
Longo Prazo e o Patrimônio Líquido. A finalidade fundamental da separação do capital
é em função de que as estruturas de capital, por se constituírem de natureza
estratégica, não toleram modificações ou alterações periódicas.
Para medir a participação de capital de terceiros na composição de capital pode-
se aproveitar a seguinte fórmula.

PCT = PELP X 100


PELP + PL

Onde:

PCT = participação do capital de terceiros


PELP = Passivo Exigível a Longo Prazo PL =
Patrimônio Líquido

O significado da estrutura ideal de capital da empresa é muito importante, pois irá


intervir inteiramente no resultado da maximização da riqueza dos acionistas. No
emprego da teoria da estrutura de capital, o gestor financeiro não deve ser muito
conservador, pois, assim como se sabe, caso ele não assuma riscos, a empresa não
apresentará elevação do valor para os acionistas.

Segundo Modigliani e Miller (1958)

Em um mercado perfeito, sem impostos, com ampla e perfeita divulgação de


todas as informações e sem custos de transação, qualquer benefício
proveniente de um maior endividamento seria ligeiramente conhecido e faria
com que os acionistas aumentassem suas exigências de retorno, fazendo com

62
que o custo de capital da empresa se mantivesse inalterado. Esta composição
de estrutura de capital dá origem à alavancagem financeira.

As riquezas das empresas são provocadas pelos ativos que, constantemente,


são financiados pelo capital próprio e de terceiros. O fato de se ter custos e atributos
distintos para estes capitais causam um efeito de “alavanca”, ou seja, com um mesmo
empenho o efeito final é potencializado. Isto ocorre por que o capital de terceiros é
compensado a uma taxa fixa, que são os juros, enquanto o capital próprio é
remunerado a uma taxa modificável que são os lucros.
Quando se acresce captação de recursos à taxa fixa (de terceiros) faze com que
a diferença entre o custo de captação e o retorno dos investimentos seja direcionada
para o Patrimônio Líquido. Para explicar melhor a consequência da alavancagem, é
indispensável avaliar a riqueza originada pelos ativos. Para calcular o Retorno sobre o
Ativo Total utiliza-se a fórmula:

RAT = LDIRAJ
AT

Onde:

LDIRAJ = Lucro Depois Imposto de Renda e Antes dos Juros. AT =


Ativo Total.

Sabe-se que a riqueza dos sócios está evidenciada no Patrimônio Líquido, então,
é necessário fazer uma relação entre o lucro e o montante que se encontra no
Patrimônio Líquido descobrindo, assim, o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RPL). O
estudo do grau de alavancagem financeira é muito relevante e pode ser mal-
interpretado pelos gestores das empresas. Fazendo uma breve reflexão, observa-se
que, basicamente, quanto maior o envolvimento de recursos de terceiros na estrutura
de capital da empresa melhor, já que o custo desse capital é fixo, a decorrência para o
acionista será acrescido, aperfeiçoando o resultado. Isto é favorável às empresas em
períodos de desenvolvimento quando as vendas aumentam e o resultado final
multiplica-se. Contudo, em tempos de recessão, a empresa esta sujeita a um risco

63
financeiro maior, já que os custos financeiros são fixos, estará submetida também a um
possível prejuízo.
É necessário muita cautela ao se deparar com variáveis econômicas e muita
competência para tomar as decisões em termos de acrescer ou suavizar o grau de
alavancagem das empresas, uma vez que o risco associado a essas decisões deverá
ser respeitado e calculado com muita prudência. Quanto maior for à alavancagem da
organização mais “sensível” ela estará às variações em seus resultados, estando sujeita
a um maior risco. O gestor financeiro precisará, então, procurar a estabilização ideal na
estrutura de capital, com a finalidade de maximizar o resultado para o acionista, mas
sem arriscar em exagero a empresa a riscos financeiros indesejáveis.

VANTAGENS DO CAPITAL DE TERCEIROS

Em regra, ascensões na alavancagem resultam em elevação de risco e de


rentabilidade; diminuições na alavancagem derivam em menor risco e menor retorno. A
alavancagem financeira é positiva quando recursos de fora da organização de longo
prazo de terceiros ocasionam efeitos positivos sobre o patrimônio líquido. Os recursos
de terceiros de prazo extenso só são benéficos para uma empresa assim que o retorno
em detrimento do patrimônio líquido for maior do que lucro sobre o ativo. De nada
serviria a uma organização capturar recursos a longo prazo, se estes provocassem com
que a rentabilidade sobre o patrimônio líquido retornasse à sua postura anterior à da
captação.
O emprego de capital de terceiros gera dois resultados opostos. A consequência
positiva da dívida é decorrência do benefício fiscal contraído por meio da dedução no
pagamento do imposto de renda corporativo dos juros da dívida. Contrário à benfeitoria
fiscal da dívida, as despesas de falência simulam o efeito negativo do endividamento.
Ainda que o entendimento de alavancagem financeira seja difícil, devemos
lembrar que a organização que se endivida o faz mediante uma taxa, taxa esta que
precisará ser, no mínimo, igualada operacionalmente, para que não exista prejuízo.

ROSS et al (1995, p.314) explicam que:

64
Como o benefício fiscal se eleva com o nível de capital de terceiros, a
empresa pode aumentar seu fluxo total de caixa e seu valor, substituindo capital
próprio por capital de terceiros. assim, a importância da estrutura de capital de
uma empresa é destacada, uma vez que, elevando o quociente entre capital de
terceiros e capital próprio, a empresa pode reduzir seus impostos e,
consequentemente, aumentar seu valor total.

As indagações e análises feitas a partir dos princípios básicos de cada ativo gera
a oportunidade de gerenciar os negócios de forma que se possa aperfeiçoar a prática,
desenvolvendo estratégias, harmonizando uma análise mais elaborada alcançando
objetivo de forma firme e direta chegando a alavancagem dos lucros da organização e
naturalmente a maximização da riqueza.
Isso não depende de deficiência financeira mundial depende de a

organização fazer a melhor análise e fazer o investimento correto tendo o retorno


esperado, esta decisão parte dos resultados de cada ativo, revelar sua importância no
processo de alavancagem dos lucros sem a necessidade de desistir de uma
determinada quantia de pessoas e sim fazer a manutenção corretiva de seus princípios
econômicos financeiros e de suas atividades.

65
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS

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Paulo: Atlas, 2005.

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67

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