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WBA0197_V1.

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Análise das Demonstrações
Contábeis
Análise das Demonstrações Contábeis
Autor: Pedro Cláudio da Silva
Como citar este documento: DA SILVA, Pedro Cláudio. Análise das Demonstrações Contábeis. Valinhos:
2016.

Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Visão geral de análise das demonstrações financeiras 05
Unidade 2: Indicadores de Liquidez 30
Unidade 3: Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital 55
Unidade 4: Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade 80
Unidade 5: Modelos de Avaliação de Empresas 104
Unidade 6: Modelos de Insolvência 132
Unidade 7: Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais 166
Unidade 8: Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de
194
Capital de Giro (NLCG)

2/225
Apresentação da Disciplina

As empresas brasileiras, sobretudo as so- As demonstrações financeiras divulgadas


ciedades anônimas e empresas de grande pelas companhias de capital aberto são
porte, consolidam suas informações opera- compostas pelo relatório da administração,
cionais, econômicas e financeiras e elabo- balanço patrimonial, demonstração de re-
ram suas demonstrações financeiras num sultado, demonstração dos fluxos de caixa,
padrão internacionalmente reconhecido demonstração das mutações do patrimônio
(IFRS), objetivando fornecer aos interes- líquido e demonstração do valor adiciona-
sados informações sobre seu desempenho do, acompanhadas pelas notas explicativas,
num dado período comparativamente ao parecer do conselho fiscal e relatório dos
período imediatamente anterior. auditores independentes.
O desempenho das empresas está direta- Esta disciplina discorre sobre as diferentes
mente relacionado ao ambiente econômico metodologias fundamentalistas de análise
em que as mesmas estão inseridas e ao se- das demonstrações financeiras. As ferra-
tor de atuação. Assim, a análise de desem- mentas que serão estudadas estão relacio-
penho deve partir da compreensão de como nadas aos indicadores de liquidez, lucrati-
o ambiente macroeconômico e setorial im- vidade, rentabilidade, endividamento, es-
pacta os diversos aspectos e quesitos abor- trutura de capital, modelo Dupont, modelos
dados no processo de análise. de previsão de falência e modelo dinâmico.
3/225
As referidas ferramentas possibilitam uma
análise ampla e abrangente das demons-
trações financeiras, possibilitando ao ana-
lista obter informações, por meio de indica-
dores, para subsidiar a tomada de decisão,
conforme suas necessidades.

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Unidade 1
Visão geral de análise das demonstrações financeiras

Objetivos

1. Apresentar uma visão geral sobre o


objetivo da administração financeira
empresarial.
2. Apresentar uma visão geral sobre a
importância do planejamento empre-
sarial.
3. Apresentar uma visão geral sobre as
metodologias de análise das demons-
trações financeiras, sob o enfoque do
tripé decisorial.

5/225
Introdução

Toda empresa que atua no mercado possui 1. Visão geral sobre o objetivo
um propósito e para que seu propósito seja da administração financeira em-
alcançado é preciso planejar. Contudo, presarial
para que o planejamento possa ser
plenamente realizado, é necessário um Para que se possa entender a importância
ciclo de realização, acompanhamento das diferentes metodologias de análise das
e controle. Nessa diretriz, a análise das demonstrações financeiras, é necessário,
demonstrações financeiras contribui para primeiramente, compreender o conceito de
fornecer informações sobre o desempenho finanças e sua aplicabilidade.
realizado em um determinado período,
contribuindo para a tomada de decisão,
seja ela de continuidade ou de ajustes.

6/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


Para Gitman:

As finanças podem ser definidas como a arte e a ciência de gerenciamento


de fundos. Virtualmente, todos os indivíduos e organizações ganham ou
captam e gastam ou investem dinheiro. As finanças lidam com o processo,
as instituições, os mercados e os instrumentos envolvidos na transferência
de dinheiro entre indivíduos, negócios e governos (2001, p. 34).

Bodie e Merton complementam o conceito definido por Gitman, afirmando:

Finanças é o estudo de como as pessoas alocam recursos escassos ao longo


do tempo. As duas características que distinguem as decisões financeiras de
outras decisões de alocação de recursos, que são os custos e benefícios das
decisões financeiras, são (1) a distribuição ao longo do tempo e (2) o fato de
geralmente serem desconhecidas de antemão, ou por quem vai tomar as
decisões ou por qualquer outra pessoa (2002, p. 32)..

7/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


Lemes Júnior, Rigo e Cherobin (2002, p. 5) sintetizam o conceito afirmando que finanças é o es-
tudo da arte e a ciência de administrar recursos financeiros para maximizar a riqueza. Se finanças
segue essa consideração, Damodaran (2004) enfatiza que o objetivo das finanças aplicadas às
empresas é maximizar seu o valor.

Para saber mais


De acordo com Assaf Neto (2014, p. 4), “as finanças das empresas, em seus primórdios, consideradas
como parte do estudo das Ciências Econômicas, vêm descrevendo ao longo do tempo um processo con-
sistente de evolução conceitual e técnica. Principalmente a partir dos anos 20 do século XX, já entendidas
como uma área independente de estudo, as finanças das empresas são motivadas a evoluir de maneira a
atender à crescente complexidade assumida pelos negócios e operações de mercado. Nos dias atuais, a
área financeira passou de uma postura mais questionadora e reveladora dos fenômenos financeiros. São
fundamentais no contexto moderno a identificação e o entendimento das causas de determinado com-
portamento operacional, e não somente a mensuração dos valores registrados e dos efeitos produzidos
pelos fatos financeiros”.

8/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


De acordo com Assaf Neto (2003, p. 29), penho financeiro da empresa. Análi-
dentro do ambiente empresarial, a admi- ses de desvios que venham a ocorrer
nistração financeira volta-se basicamente entre os resultados previstos e rea-
para as seguintes funções: lizados, assim como propostas de
medidas corretivas necessárias, são
• Planejamento financeiro: procura
evidenciar as necessidades de expan- algumas das funções básicas da con-
são da empresa, assim como identifi- troladoria financeira.
car eventuais desajustes futuros. Por • Administração de ativos: deve per-
meio do planejamento, ainda, é pos- seguir a melhor estrutura, em termos
sível ao administrador financeiro se- de risco e retorno, dos investimentos
lecionar, com maior margem de segu- empresariais e proceder a um geren-
rança, os ativos mais rentáveis e con- ciamento eficiente de seus valores. A
dizentes com os negócios da empresa, administração dos ativos acompanha
de forma a estabelecer rentabilidade também as defasagens que podem
mais satisfatória sobre os investimen- ocorrer entre entradas e saídas de di-
tos. nheiro de caixa, o que é geralmente
• Controle financeiro: dedica-se a associado à gestão do capital de giro.
acompanhar e avaliar todo o desem- • Administração de passivos: volta-se
9/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras
para a aquisição de fundos (finan- 2. Planejamento empresarial
ciamento) e o gerenciamento de sua
composição, procurando definir a es- Toda etapa de criação de valor para a em-
trutura mais adequada em termos de presa inicia-se com um processo de plane-
liquidez, redução de seus custos e ris- jamento. É comum empresas encerrarem
co financeiro. suas atividades por falta de planejamento.
A realização de um planejamento não é ga-
rantia absoluta de sucesso, mas a falta de
planejamento, invariavelmente, contribui
para uma situação de insolvência.
Nesse contexto, um planejamento econô-
mico-financeiro deve ser resultado de um
planejamento mais amplo, conhecido por
planejamento estratégico.
De acordo com Kluyver e Pearce II:

10/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


O sucesso corporativo depende, em um grau considerável, da habilida-
de da alta administração em elaborar e implantar estratégias eficazes. [...]
Formular uma estratégia sólida requer tanto análise como síntese é uma
atividade ao mesmo tempo racional e criativa. Saber aonde quer chegar e
descobrir maneiras criativas e cuidadosamente analisadas para atingir tal
objetivo são as marcas inconfundíveis de um desenvolvimento estratégico
bem-sucedido. [...] Estratégia diz respeito a posicionar uma organização
para a obtenção de vantagem competitiva. Envolve escolhas a respeito de
que setores participar, quais produtos e serviços oferecer e como alocar
recursos corporativos. Seu objetivo principal é criar valor para acionistas
e outros stakeholders ao proporcionar valor para o cliente (2007, p. XI - 2).
Todo planejamento deve ser iniciado com o estabelecimento da missão, visão e princípios/valo-
res. Posteriormente, é necessária a realização de uma análise ambiental e setorial profunda e de
longo prazo. O objetivo da realização de análise setorial e ambiental pelas empresas é conhecer
suas forças e fraquezas, as ameaças e oportunidades.

11/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


A partir da análise setorial e ambiental, são
estabelecidas estratégias de longo, médio Para saber mais
e curto prazo. As referidas estratégias são Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2008,
implementadas definindo, para cada uma p. 7-8), “globalização é a interdependência
delas, objetivos e metas de desempenho. econômica cada vez maior entre os países e
Para Garrison, Noreen e Brewer (2013, p. 3), suas organizações, de acordo com o refletido
“o planejamento envolve estabelecer obje- no fluxo de bens e serviços, capital financeiro
tivos e especificar de que forma alcançá- e conhecimento através das fronteiras dos
-los”. países. A globalização é o produto de uma
quantidade maior de empresas competindo uma
com as outras em um número cada vez maior
de economias globalizadas. Uma economia
globalizada é aquela na qual bens, serviços,
pessoas, habilidades e ideias cruzam livremente as
fronteiras geográficas. Relativamente liberada das
restrições artificiais tais como tarifas, a economia
globalizada amplia e complica significativamente
o ambiente competitivo de uma empresa”.

12/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


3. Tripé decisorial Toda decisão econômico-financeira é toma-
da levando em consideração três situações,
Para que os objetivos de longo prazo pos- conhecidas pelo chamado tripé decisorial.
sam ser alcançados, é preciso que eles sejam São elas: situação de liquidez, situação de
desdobrados em objetivos de curto prazo. endividamento/estrutura de capital e situ-
Estes, por sua vez, são consolidados na ela- ação econômica.
boração do orçamento empresarial, cujas
metas devem ser continuamente acompa- O objetivo da análise de liquidez é compre-
nhadas, objetivando corrigir tempestiva- ender a situação sobre a capacidade que a
mente eventuais desvios. Ao final de cada empresa tem, num dado período, de honrar
trimestre ou exercício, as demonstrações seus compromissos, sejam eles de curto e/
financeiras representam a realização desse ou longo prazos.
planejamento de curto prazo. O objetivo de analisar a estrutura de capi-
Para Garrison, Noreen e Brewer (2013, p. 3), tal é compreender, num dado período, qual
“o controle envolve feedback para garantir a estrutura de capital que a empresa possui
que o planejamento seja adequadamente naquele momento, bem como seu grau de
executado ou modificado à medida que as endividamento.
circunstâncias mudem”.

13/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


Quando se analisa a situação econômica, o objetivo é compreender qual a capacidade da empre-
sa naquele momento de geração de riqueza, ou seja, qual a lucratividade e rentabilidade que ela
está gerando.
De acordo com Damodaran (2004), o processo de maximização na geração de valor para a empresa
só é possível mediante a realização de investimentos que ofereçam retornos superiores ao retorno
mínimo esperado. Para que isso aconteça, é imperativo escolher um mix de financiamentos que pos-
sibilite a maximização do valor da empresa e case com os ativos financiados.
Segundo Garrison, Noreen e Brewer (2013, p.3), “a tomada de decisões envolve selecionar uma
ação dentre alternativas concorrentes”.
De acordo com Weston e Brigham:

Para que a administração maximize o valor de uma empresa, ela deve apro-
veitar suas forças e corrigir suas fraquezas. A análise das demonstrações
financeiras envolve a comparação do desempenho da empresa com o de
outras empresas no mesmo setor. Isso a ajuda identificar deficiências e a
tomar medidas que melhorem o desempenho (2000, p. 33).

14/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


Os autores Brigham, Gapenski e Ehrhardt 4. Companhia exemplo
(2001, p. 97) possuem mesmo entendimen-
to. A Companhia Exemplo apresentou as se-
guintes informações referentes aos exercí-
cios de 20X0, 20X1 e 20X2:

15/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


Figura 1 – Demonstrações financeiras da Companhia Exemplo (R$ x mil)

Fonte: elaborada pelo autor

A rubrica disponibilidades é a consolidação das contas caixa e equivalentes de caixa mais


aplicações financeiras. A rubrica ativo permanente foi segregada da rubrica ativo realizável
a longo prazo e representa a consolidação das contas investimento, imobilizado, intangível e
diferido.
As referidas informações serão usadas posteriormente, nos exemplos que serão desenvolvidos.

16/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


Para saber mais
Com o advento da Lei nº11.638/2007, as terminologias disponibilidades e ativo permanente deixaram
de ser utilizadas. As referidas terminologias estão sendo mantidas para facilitar o processo de cálculo
dos indicadores. É importante enfatizar, também, que as contas que foram consolidadas na rubrica ativo
permanente foram segregadas da rubrica ativo realizável a longo prazo.

17/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


Glossário
IFRS: International Financial Reporting Standards.
CFO: Chief Financial Officer: Diretor Financeiro.
Mix de financiamentos: estrutura de capital que maximiza a criação de valor para o ativo.

18/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


?
Questão
para
reflexão
Suponha que você seja o CFO de uma empresa que atua em um setor
que sofreu queda significativa no volume de vendas em decorrência
de uma situação macroeconômica desfavorável, sem expectativas
de retomada de crescimento nos próximos cinco anos. Essa queda
no volume de vendas impactou numa redução de 30% na receita da
companhia, levando-a a uma situação de prejuízo econômico. Nesse
contexto, o quê você faria no curto prazo para resolver o problema?

19/225
Considerações Finais

As demonstrações financeiras de uma empresa e suas notas explicativas são


revestidas de termos técnicos, o que dificulta a tomada de decisões pelos ges-
tores não contadores. O papel do analista de balanços é justamente traduzir
as demonstrações financeiras em relatórios com linguagem mais simples, de
forma que qualquer usuário tenha condições de entender de forma rápida a
situação econômico-financeira da empresa.

20/225
Referências

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.


______. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BODIE, Z.; MERTON, R. C. Finanças. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
DAMODARAN, A. Finanças corporativas: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.
BRIGHAM, E.F.; GAPENSKI, L.C.; EHRHARDT, M.C. Administração financeira: teoria e prática. São
Paulo: Atlas, 2014.
GARRISON, R.H.; NOREEN, E.W.; BREWER, P.C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2013.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. Administração estratégica. 2. ed. São Paulo: Thom-
son Learning, 2008.
KLUYVER, C.A.; PEARCE II, J. A. Estratégia: uma visão executiva. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2007.
LEMES JÚNIOR, A.B.; RIGO, C.M.; CHEROBIN, A.P.M.S. Administração financeira: princípios, fun-
damentos e práticas brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
21/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras
Referências

WESTON, J.F.; BRIGHAM, E.F. Fundamentos de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Ma-
kron Books, 2000.

22/225 Unidade 1 • Visão geral de análise das demonstrações financeiras


Questão 1
1. Quais são as ferramentas contábeis que compõem as denominadas
demonstrações financeiras?

a) Relatório da administração, balanço patrimonial, demonstração de resultado, demonstra-


ção dos fluxos de caixa, demonstração das mutações do patrimônio líquido e demonstração
do valor adicionado.
b) Relatório da administração, balanço patrimonial, demonstração de resultado, demonstra-
ção dos fluxos de caixa e demonstração das mutações do patrimônio líquido.
c) Relatório da administração, balanço patrimonial, demonstração de resultado, demonstra-
ção dos fluxos de caixa, demonstração das mutações do patrimônio líquido e demonstração
do valor adicionado, acompanhadas pelas notas explicativas, parecer do conselho fiscal e
relatório dos auditores independentes.
d) Balanço patrimonial, demonstração de resultado, demonstração dos fluxos de caixa, de-
monstração das mutações do patrimônio líquido e demonstração do valor adicionado.
e) Balanço patrimonial, demonstração de resultado, demonstração dos fluxos de caixa e de-
monstração das mutações do patrimônio líquido, acompanhadas pelas notas explicativas,
parecer do conselho fiscal e relatório dos auditores independentes.
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Questão 2
2. De acordo com Lemes Júnior, Rigo e Cherobin, qual o conceito de
finanças?

a) Finanças é o estudo da arte e a ciência de administrar recursos financeiros para evitar preju-
ízo.
b) As finanças podem ser definidas como a arte e a ciência de gerenciamento de fundos.
c) Finanças é o estudo de como as pessoas alocam recursos escassos ao longo do tempo.
d) Finanças é o estudo de como as pessoas alocam recursos excedentes no curto prazo.
e) Finanças é o estudo da arte e a ciência de administrar recursos financeiros para maximizar a
riqueza.

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Questão 3
3. Qual é o objetivo das finanças aplicadas às empresas?

a) Criar condições de competitividade.


b) Maximizar o seu valor.
c) Obter recursos excedentes para quitar suas dívidas.
d) Realizar operações financeiras de longo prazo para investimentos.
e) Não ter prejuízo econômico.

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Questão 4
4. Qual a importância da análise setorial e ambiental no processo de
planejamento?

a) Conhecer os concorrentes.
b) Conhecer as forças e fraquezas da empresa concorrente, suas ameaças e oportunidades.
c) Realizar a análise econômico-financeira com base na metodologia do tripé decisorial.
d) Conhecer as forças e fraquezas da empresa, ameaças e oportunidades existentes no merca-
do.
e) Não é importante realizar esse tipo de análise.

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Questão 5
5. Quais as situações que são levadas em consideração numa tomada de
decisão?

a) Situação de liquidez, situação de endividamento/estrutura de capital e situação econômica.


b) Situação societária, situação de endividamento/estrutura de capital e situação econômica.
c) Situação de liquidez, situação fiscal e situação econômica.
d) Situação de liquidez, situação de endividamento/estrutura de capital e situação operacio-
nal.
e) Situação de capacidade técnica, situação de endividamento/estrutura de capital e situação
econômica.

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Gabarito
1. Resposta: C. 3. Resposta: B.
Damodaran (2004) enfatiza que o objetivo
As ferramentas que compõem as demons-
das finanças aplicadas às empresas é maxi-
trações financeiras são determinadas pela
mizar seu o valor.
Lei das SAs, alterada pela Lei 11.638/07 e
Instrução CVM.
4. Resposta: D.
2. Resposta: E. O objetivo da realização de análise setorial e
ambiental pelas empresas é conhecer suas
Lemes Júnior, Rigo e Cherobin (2002, p. 5)
forças e fraquezas, as ameaças e oportuni-
sintetizam o conceito, dizendo que finanças
dades.
é o estudo da arte e a ciência de adminis-
trar recursos financeiros para maximizar a
riqueza.
5. Resposta: A.

Toda decisão econômico-financeira é toma-


da levando em consideração três situações,
conhecidas pelo chamado tripé decisorial.
São elas: situação de liquidez, situação de
28/225
Gabarito
endividamento/estrutura de capital e situa-
ção econômica.

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Unidade 2
Indicadores de Liquidez

Objetivos

1. Apresentar uma visão geral sobre o


processo e tipos de análise e interpre-
tação dos indicadores.
2. Apresentar uma visão geral sobre a
importância dos indicadores de liqui-
dez no processo de análise das de-
monstrações financeiras.
3. Aprender a calcular e interpretar os
índices de liquidez.

30/225
Introdução

No Tema 1, foi visto que, para o planejamen- favorável pode levar as empresas a um pro-
to ser plenamente realizado, é necessário cesso de liquidação e ao consequente en-
um ciclo de realização, acompanhamento e cerramento de suas atividades.
controle. Foi visto também que toda decisão
econômico-financeira é tomada levando 1. Visão geral sobre o processo e
em consideração três situações, conheci- tipos de análise e interpretação
das pelo chamado tripé decisorial. São elas: dos indicadores
situação de liquidez, situação de endivida-
mento/estrutura de capital e situação eco- As informações contidas nas demonstra-
nômica. ções financeiras são extremamente impor-
O objetivo da análise de liquidez é compre- tantes para diversos grupos (stakeholders)
ender a situação sobre a capacidade que a que regularmente necessitam construir me-
empresa tem, num dado período, de honrar didas relativas da eficiência operacional da
seus compromissos, sejam esses de curto e/ empresa. As análises de índices envolvem
ou longo prazos. métodos de cálculo e interpretação visan-
do analisar e acompanhar o desempenho
Das três situações que compõem o tripé da empresa. A análise não inclui somente o
decisorial, a situação de liquidez é a mais cálculo do índice; o mais importante é a in-
sensível, pois uma situação de liquidez des-
31/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez
terpretação do valor desse índice. (análise de séries temporais), com o
Basicamente, existem três tipos de análises desempenho de outras empresas e/ou
dos índices, quais sejam: setor (análise em corte transversal).
A visão combinada permite avaliar a
• Análise de corte transversal: a análi- tendência de comportamento de um
se de corte transversal envolve a com- índice em relação à tendência obser-
paração de índices financeiros de di- vada em outras empresas e/ou setor.
ferentes empresas na mesma data. A
comparação de médias setoriais tam-
bém é um procedimento comum;
• Análise de séries temporais: a análise
de séries temporais avalia o desempe-
nho com o passar do tempo. Compa-
ra o desempenho corrente com o de-
sempenho passado.
• Análise combinada: a visão combina-
da analisa, ao mesmo tempo, o desem-
penho corrente e passado da empresa
32/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez
2. Indicadores de liquidez
Para saber mais Os indicadores de liquidez evidenciam o
De acordo com Assaf Neto (2003, p. 98) “apesar grau de solvência da empresa em decorrên-
da existência de alguns critérios sofisticados, o cia da existência ou não de solidez finan-
uso de índices constitui-se na técnica mais comu- ceira que garanta o pagamento dos com-
mente empregada [na análise de demonstrações promissos assumidos com terceiros. Esses
financeiras]. No entanto, algumas precauções de- quocientes mostram a proporção existente
vem ser tomadas. Inicialmente, aponta-se que um entre as aplicações efetuadas no Ativo Cir-
simples índice, isolado de outros complementares culante e no Ativo Realizável a Longo Pra-
ou que ilustram a causa de seu comportamento, zo (LP) em relação aos Capitais de Terceiros
não fornece elementos suficientes para uma con- (Passivo Circulante e Passivo não Circulan-
clusão satisfatória. [...] Ressalta-se também que, te).
mesmo que se tenha mensurado um conjunto
de índices complementares, é necessário efetuar
uma comparação temporal e setorial”.

33/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez


2.1 Índice de liquidez geral
Para saber mais O índice de liquidez geral evidencia se os
Liquidez é a capacidade de transformar ativos
recursos financeiros aplicados no ativo cir-
em dinheiro. Quanto mais rápido isso acontecer
culante e no ativo realizável a longo prazo
melhor será o retorno.
são suficientes para cobrir as obrigações
A Figura 2 destaca quais são os indicado- totais, isto é, quanto a empresa tem de ati-
res que compõem os índices de liquidez, vo circulante mais realizável a longo prazo
cuja capacidade de pagamento pode ser para cada real de obrigação total.
avaliada considerando o longo prazo, o cur-
to prazo ou o prazo imediato.
Figura 2 – Indicadores de liquidez

Fonte: elaborada pelo autor

34/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez


Figura 3 – Fórmula do índice de liquidez geral • 20X1 = 1,21, ou seja, para cada
R$1,00 de obrigações de curto e
Ativo Circulante + Realizável LP
Fórmula = longo prazo em 20X1 a Companhia
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante Exemplo tinha R$1,21 de direitos
Fonte: elaborada pelo autor de curto e longo prazo;
• Interpretação: quanto maior este • 20X2 = 1,15, ou seja, para cada
quociente, melhor. R$1,00 de obrigações de curto e
longo prazo em 20X2 a Companhia
• Exemplo: com base nas informa-
Exemplo tinha R$1,15 de direitos
ções da Companhia Exemplo, o re-
de curto e longo prazo.
sultado do índice de liquidez geral
de cada exercício foi: • Interpretação: analisando a evolução
do indicador nos três exercícios, per-
• 20X0 = 1,22, ou seja, para cada
cebe-se que houve uma pequena re-
R$1,00 de obrigações de curto e
dução. Contudo, apesar da redução, o
longo prazo em 20X0 a Companhia
índice de liquidez geral da Companhia
Exemplo tinha R$1,22 de direitos
continua muito bom. Mesmo tendo
de curto e longo prazo;
uma característica de longo prazo, o
indicador é maior que 1.
35/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez
Figura 4 – Fórmula do índice de liquidez corrente

Para saber mais


A BM&FBovespa disponibiliza alguns indicadores
Fonte: elaborada pelo autor
das Companhias abertas que negociam ações
nessa Bolsa de Valores. • Interpretação: quanto maior este
quociente, melhor.
• Exemplo: com base nas informações
2.2. Índice de liquidez corrente da Companhia Exemplo, o resulta-
do do índice de liquidez correntes de
(ou comum)
cada exercício foi:
O índice de liquidez corrente (ou comum) • 20X0 = 2,39, ou seja, para cada
revela a capacidade financeira da empresa R$1,00 de obrigações de curto pra-
para cumprir seus compromissos de curto zo em 20X0 a Companhia Exemplo
prazo, isto é, quanto a empresa tem de ativo tinha R$2,39 de direitos de curto
circulante para cada real de passivo circu- prazo;
lante. • 20X1 = 2,59, ou seja, para cada
R$1,00 de obrigações de curto pra-
36/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez
zo em 20X1 a Companhia Exemplo 2.3. Índice de liquidez seca
tinha R$2,59 de direitos de curto
prazo; O índice de liquidez seca revela a capacida-
de financeira líquida da empresa para cum-
• 20X2 = 1,88, ou seja, para cada R$1,00
prir os compromissos de curto prazo, ex-
de obrigações de curto prazo em 20X2
cluindo os estoques do ativo circulante, por
a Companhia Exemplo tinha R$1,88
tratar-se de uma fonte de incerteza.
de direitos de curto prazo.
Figura 5 – Fórmula do índice de liquidez seca
• Interpretação: analisando a evolução
do indicador nos três exercícios, per-
cebe-se que houve uma melhora, de Fonte: elaborada pelo autor
20X0 para 20X1 e uma redução, de
20X1 para 20X2. Contudo, apesar da • Interpretação: quanto maior este
redução, o índice de liquidez corrente quociente, melhor.
da Companhia continua muito bom, • Exemplo: com base nas informações
pois é maior que 1. da Companhia Exemplo, o resultado
do índice de liquidez seca de cada
exercício foi:

37/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez


• 20X0 = 1,97, ou seja, para cada cebe-se que houve uma melhora, de
R$1,00 de obrigações de curto pra- 20X0 para 20X1 e uma redução, de
zo em 20X0 a Companhia Exemplo 20X1 para 20X2. Contudo, apesar da
tinha R$1,97 de direitos de curto redução, o índice de liquidez seca da
prazo, excluindo estoques; Companhia continua muito bom, pois
• 20X1 = 2,14, ou seja, para cada é maior que 1, apesar da exclusão dos
R$1,00 de obrigações de curto pra- estoques.
zo em 20X1 a Companhia Exemplo
2.4 Índice de liquidez imediata
tinha R$2,14 de direitos de curto
prazo, excluindo estoques; O índice de liquidez imediata revela a ca-
• 20X2 = 1,60, ou seja, para cada pacidade de liquidez imediata da empre-
R$1,00 de obrigações de curto pra- sa para saldar seus compromissos de curto
zo em 20X2 a Companhia Exemplo prazo, isto é, quanto a empresa possui de
tinha R$1,60 de direitos de curto dinheiro em caixa e equivalentes de caixa
prazo, excluindo estoques. mais aplicações financeiras, para cada real
• Interpretação: analisando a evolução do Passivo Circulante.
do indicador nos três exercícios, per-

38/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez


Figura 6 – Fórmula do índice de liquidez imediata • 20X0 = 0,73, ou seja, para cada
R$1,00 de obrigações de curto pra-
zo em 20X0 a Companhia Exemplo
Fonte: elaborada pelo autor tinha R$0,73 de disponibilidades;
• Interpretação: quanto maior este • 20X1 = 0,86, ou seja, para cada
quociente, melhor. R$1,00 de obrigações de curto pra-
• Exemplo: com base nas informações zo em 20X1 a Companhia Exemplo
da Companhia Exemplo, o resultado tinha R$0,86 de disponibilidades;
do índice de liquidez imediata de cada • 20X2 = 0,83, ou seja, para cada
exercício foi: R$1,00 de obrigações de curto pra-

39/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez


zo em 20X2 a Companhia Exemplo tinha R$0,83 de disponibilidades.
• Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que
houve uma melhora, de 20X0 para 20X1 e uma redução, de 20X1 para 20X2. Contudo,
o valor de 20X2 foi superior ao registrado em 20X0. Apesar de o indicador ser inferior
a 1, o índice da Companhia é muito bom, pois esse indicador tende a ser baixo mesmo.

40/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez


Glossário
Disponibilidades: recursos financeiros disponíveis, compreendendo a somatória das contas cai-
xa e equivalentes de caixa mais aplicações financeiras.
Passivo não circulante: representa as exigibilidades de longo prazo.
Solvência: solvency – capacidade de se honrarem obrigações financeiras em base contínua.

41/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez


?
Questão
para
reflexão
A Companhia Tema 2 apresentou as seguintes informações, de-
monstradas na Figura 7.
Com base nas informações apresentadas, calcule os indicadores de
liquidez (índice de liquidez geral, índice de liquidez corrente, índice
de liquidez seca e índice de liquidez imediata) dos três exercícios e
faça uma breve análise sobre os resultados calculados.

42/225
?
Questão
para
reflexão

Figura 7 – Demonstrações financeiras da Companhia Tema 2

Fonte: elaborada pelo autor

43/225
?
Questão
para
reflexão

Para saber mais


As demonstrações financeiras das companhias
abertas encontram-se disponíveis nos sites das
próprias companhias, no site da CVM e para as
companhias que negociam ações na Bolsa de Va-
lores de São Paulo, no site da MBF&Bovespa.

44/225
Considerações Finais

Os indicadores de liquidez evidenciam o grau de solvência da empresa


em decorrência da existência ou não de solidez financeira que garanta o
pagamento dos compromissos assumidos com terceiros. Esses quocien-
tes mostram a proporção existente entre as aplicações efetuadas no ati-
vo circulante e no ativo realizável a longo prazo em relação aos capitais
de terceiros (passivo circulante e passivo não circulante).

45/225
Referências
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

46/225 Unidade 2 • Indicadores de Liquidez


Questões
A Companhia VL2 apresentou as seguintes informações:

Com base nas informações acima, calcule, para os exercícios 20X2, 20X1 e
20X0, respectivamente:

47/225
Questão 1
1. Índice de liquidez geral:

a) 2,48; 2,62; 1,70.


b) 4,46; 4,64; 2,22.
c) 3,76; 4,14; 2,06.
d) 1,94; 2,76; 1,01.
e) 1,48; 1,64; 1,06.

48/225
Questão 2
2. Índice de liquidez comum:

a) 1,48; 1,64; 1,06.


b) 1,94; 2,76; 1,01.
c) 3,76; 4,14; 2,06.
d) 2,48; 2,62; 1,70.
e) 4,46; 4,64; 2,22.

49/225
Questão 3
3. Índice de liquidez seca:

a) 4,46; 4,64; 2,22.


b) 3,76; 4,14; 2,06.
c) 2,48; 2,62; 1,70.
d) 1,48; 1,64; 1,06.
e) 1,94; 2,76; 1,01.

50/225
Questão 4
4. Índice de liquidez imediata:

a) 4,46; 4,64; 2,22.


b) 3,76; 4,14; 2,06.
c) 2,48; 2,62; 1,70.
d) 1,94; 2,76; 1,01.
e) 1,48; 1,64; 1,06.

51/225
Questão 5
5. Outras quatro empresas apresentaram os seguintes indicadores de
liquidez imediata, para o exercício de 20X2:

• Empresa 1: 0,10;
• Empresa 2: 0,50;
• Empresa 3: 1,00;
• Empresa 4: 1,50.
Com base nas informações acima e, considerando o resultado encontrado da empresa VL2,
responda: qual Companhia apresentou melhor resultado?
a) Empresa 1
b) Empresa 2
c) Empresa VL2
d) Empresa 3
e) Empresa 4

52/225
Gabarito
1. Resposta: A.

2. Resposta: E.

3. Resposta: B.

53/225
Gabarito
4. Resposta: D.

5. Resposta: C.

Todas as outras Companhias apresentaram


indicadores inferiores ao registrado pela
Companhia VL2.

54/225
Unidade 3
Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital

Objetivos

Aprender a calcular e interpretar os indicadores de


endividamento/estrutura de capital:
1. Participação de capital de terceiros.
2. Composição do endividamento.
3. Endividamento de curto prazo.
4. Endividamento de longo prazo.
5. Endividamento total.
6. Imobilização do patrimônio líquido.
7. Imobilização de recursos não correntes.

55/225
Introdução

No Tema 2, foram estudados os índices de 1. Indicadores de endividamen-


liquidez, cujo objetivo foi compreender a to/estrutura de capital
situação sobre a capacidade que a empre-
sa tem, num dado período, de honrar seus Os indicadores de endividamento/estrutura
compromissos, sejam eles de curto e/ou de capital servem para evidenciar o grau de
longo prazos. endividamento da empresa em decorrência
Neste tema, será estudada a situação de das origens dos capitais investidos.
endividamento/estrutura de capital das
empresas. O objetivo de analisar a estrutura
de capital é compreender, num dado perío-
do, qual a estrutura de capital que a empre- Para saber mais
sa possui naquele momento, bem como seu
Verifique a relação entre os indicadores de estru-
grau de endividamento.
tura de capital e o EBITDA de empresas no BM&-
FBOVESPA.

56/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


1.1. Participação de capital de • 20X0 = 1,68, ou seja, para cada
terceiros R$1,00 de capital próprio em 20X0
a Companhia Exemplo tinha R$1,68
Revela qual a proporção existente entre ca- de capital de terceiros;
pital de terceiros e capital próprio, isto é,
• 20X1 = 1,66, ou seja, para cada
quanto a empresa utiliza de capital de ter-
R$1,00 de capital próprio em 20X1
ceiros para cada real de capital próprio.
a Companhia Exemplo tinha R$1,66
Figura 8 – Fórmula do indicador participação de capital de terceiros
de capital de terceiros;
• 20X2 = 1,71, ou seja, para cada
R$1,00 de capital próprio em 20X2
Fonte: elaborada pelo autor a Companhia Exemplo tinha R$1,71
• Interpretação: quanto menor este de capital de terceiros.
quociente, melhor. • Interpretação: analisando a evolu-
• Exemplo: com base nas informações ção do indicador nos três exercícios,
da Companhia Exemplo, o resultado percebe-se que houve uma pequena
do índice de participação de capital redução de 20X0 para 20X1, mas vol-
de terceiros de cada exercício foi: tando a aumentar em 20X2.

57/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


1.2 Composição do endivida- do índice composição do endivida-
mento mento de cada exercício foi:
• 20X0 = 0,41, ou seja, para cada
Esse indicador mostra qual a proporção
R$1,00 de obrigações totais em
existente entre as obrigações de curto prazo
20X0 a Companhia Exemplo tinha
e as obrigações totais, isto é, quanto a em-
R$0,41 de obrigações com venci-
presa terá de pagar a curto prazo para cada
mento no curto prazo;
real do total de obrigações existentes.
Figura 9 – Fórmula do índice composição do endividamento • 20X1 = 0,37, ou seja, para cada
R$1,00 de obrigações totais em
20X1 a Companhia Exemplo tinha
R$0,37 de obrigações com venci-
Fonte: elaborada pelo autor mento no curto prazo;
• Interpretação: quanto menor este • 20X2 = 0,50, ou seja, para cada
quociente, melhor. R$1,00 de obrigações totais em
• Exemplo: com base nas informações 20X2 a Companhia Exemplo tinha
da Companhia Exemplo, o resultado R$0,50 de obrigações com venci-
mento no curto prazo.

58/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


• Interpretação: analisando a evolução Figura 10 – Fórmula do índice endividamento a curto prazo

do indicador nos três exercícios, per-


cebe-se que houve uma melhora, de
20X0 para 20X1, mas voltando a subir Fonte: elaborada pelo autor
novamente em 20X2.
• Interpretação: quanto menor este
1.3 Endividamento a curto pra- quociente, melhor.
zo • Exemplo: com base nas informações
da Companhia Exemplo, o resultado
Medida que mostra a parcela dos ativos to- do índice endividamento a curto pra-
tais financiado com os passivos circulantes. zo de cada exercício foi:
A finalidade deste indicador é medir a es-
• 20X0 = 0,26, ou seja, para cada
trutura de financiamento da empresa.
R$1,00 de ativo total em 20X0 a
Companhia Exemplo tinha R$0,26
de obrigações de curto prazo;
• 20X1 = 0,23, ou seja, para cada
R$1,00 de ativo total em 20X1 a

59/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


Companhia Exemplo tinha R$0,23 Figura 11 – Fórmula do índice endividamento a longo prazo

de obrigações de curto prazo;


• 20X2 = 0,32, ou seja, para cada
R$1,00 de ativo total em 20X2 a Fonte: elaborada pelo autor

Companhia Exemplo tinha R$0,32 • Interpretação: quanto menor este


de obrigações de curto prazo. quociente, melhor.
• Interpretação: analisando a evolução • Exemplo: com base nas informações
do indicador nos três exercícios, per- da Companhia Exemplo, o resultado
cebe-se que houve uma melhora, de do índice endividamento a longo pra-
20X0 para 20X1, mas voltou a aumen- zo de cada exercício foi:
tar em 20X2.
• 20X0 = 0,37, ou seja, para cada
1.4 Endividamento a longo pra- R$1,00 de ativos totais em 20X0 a
zo Companhia Exemplo tinha R$0,37
de exigibilidades de longo prazo;
Indica a parcela dos ativos totais financiado • 20X1 = 0,39, ou seja, para cada
com recursos de terceiros a longo prazo. R$1,00 de ativos totais em 20X1 a

60/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


Companhia Exemplo tinha R$0,39 Figura 12 – Fórmula do indicador endividamento total

de exigibilidades de longo prazo;


• 20X2 = 0,31, ou seja, para cada
R$1,00 de ativos totais em 20X2 a Fonte: elaborada pelo autor
Companhia Exemplo tinha R$0,31
• Interpretação: quanto menor este
de exigibilidades de longo prazo.
quociente, melhor.
• Interpretação: analisando a evolução
• Exemplo: com base nas informações
do indicador nos três exercícios, per-
da Companhia Exemplo, o resultado
cebe-se que houve um crescimento,
do índice de participação de capital de
de 20X0 para 20X1, mas reduzindo, de
terceiros de cada exercício foi:
20X1 para 20X2.
• 20X0 = 0,63. Para cada R$1,00 de
1.5 Endividamento total ativo total em 20X0 a Companhia
Exemplo tinha R$0,63 de capital de
Indica a parcela do ativo total financiado terceiros, ou seja, cerca de 63% do
com capitais de terceiros a curto e longo ativo total eram financiados por re-
prazos. cursos de terceiros;

61/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


• 20X1 = 0,62. Para cada R$1,00 de
ativo total em 20X1 a Companhia
Exemplo tinha R$0,62 de capital de
terceiros, ou seja, cerca de 62% do
ativo total eram financiados por re-
cursos de terceiros;
• 20X2 = 0,63. Para cada R$1,00 de
Para saber mais
O índice de endividamento total é um dos
ativo total em 20X0 a Companhia
três índices mais requeridos em processos
Exemplo tinha R$0,63 de capital de
licitatórios, para aferir a situação financeira das
terceiros, ou seja, cerca de 63% do
empresas licitantes.
ativo total eram financiados por re-
cursos de terceiros.
• Interpretação: analisando a evolução
do indicador nos três exercícios, per-
cebe-se que praticamente não houve
variação no período analisado.

62/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


compra do ativo permanente, isto é, quanto
Link a empresa imobilizou no ativo permanente
para cada real do patrimônio líquido.
Índices de endividamento financeiro: Figura 13 – Fórmula do índice imobilização do patrimônio líquido
Endividamento financeiro sobre ativo total,
participação de instituições de crédito no
endividamento da empresa, endividamento
bancário. ALBRECHT, C. Análise avançada Fonte: elaborada pelo autor

da classificação de indicadores contábeis-


• Interpretação: quanto menor esse
financeiros e de mercado aplicados para
quociente, melhor.
avaliação de ações. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Escola de Administração. Curso de • Exemplo: com base nas informações
Especialização em Mercado de Capitais. 2011. da Companhia Exemplo, o resultado
do índice imobilização do patrimônio
1.6 Imobilização do patrimônio líquido de cada exercício foi:
líquido • 20X0 = 0,64. Para cada R$1,00 de
capital próprio em 20X0 a Compa-
Esse indicador revela qual a parcela do pa- nhia Exemplo tinha R$0,64 de ativo
trimônio líquido foi utilizada para financiar a permanente, ou seja, cerca de 64%
63/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital
do ativo permanente são financia- • Interpretação: analisando a evolu-
dos pelo capital próprio da compa- ção do indicador nos três exercícios,
nhia; percebe-se que houve uma evolução
• 20X1 = 0,66. Para cada R$1,00 de no indicador, saindo de 0,64 em 20X0
capital próprio em 20X0 a Compa- para 0,75 em 20X2.
nhia Exemplo tinha R$0,66 de ativo
1.7 Imobilização de recursos
permanente, ou seja, cerca de 66%
do ativo permanente são financia- não correntes
dos pelo capital próprio da compa-
Revela qual a proporção existente entre o
nhia;
ativo permanente e os recursos não cor-
• 20X2 = 0,75. Para cada R$1,00 de rentes, isto é, quanto a empresa investiu no
capital próprio em 20X0 a Compa- ativo permanente para cada um real de pa-
nhia Exemplo tinha R$0,75 de ativo trimônio líquido mais exigível a longo prazo.
permanente, ou seja, cerca de 75%
do ativo permanente são financia-
dos pelo capital próprio da compa-
nhia.

64/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


Figura 14 – Fórmula do índice imobilização nanciados pelos recursos não cor-
de recursos não correntes
rentes da companhia;
• 20X1 = 0,32. Para cada R$1,00 de
recursos não correntes em 20X0 a
Fonte: elaborada pelo autor Companhia Exemplo tinha R$0,32
• Interpretação: quanto menor este ativo permanente, ou seja, cerca de
quociente, melhor. 32% dos ativos permanente são fi-
nanciados pelos recursos não cor-
• Exemplo: com base nas informações rentes da companhia;
da Companhia Exemplo, o resultado
do índice imobilização de recursos • 20X2 = 0,40. Para cada R$1,00 de
não correntes de cada exercício foi: recursos não correntes em 20X0 a
Companhia Exemplo tinha R$0,40
• 20X0 = 0,32. Para cada R$1,00 de ativo permanente, ou seja, cerca de
recursos não correntes em 20X0 a 40% dos ativos permanente são fi-
Companhia Exemplo tinha R$0,32 nanciados pelos recursos não cor-
ativo permanente, ou seja, cerca de rentes da companhia.
32% dos ativo permanentes são fi-

65/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


• Interpretação: analisando a evolução
do indicador nos três exercícios, per-
cebe-se que houve uma evolução no
indicador, saindo de 0,32 em 20X0
para 0,40 em 20X2.

66/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


Glossário
Ativo permanente: somatória das contas investimento, imobilizado, intangível e diferido.
Capital de terceiros: somatória das contas passivo circulante e passivo não circulante.
Recursos não correntes: somatória das contas passivo não circulante e patrimônio líquido.

67/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


?
Questão
para
reflexão
A Companhia Tema 3 apresentou as seguintes informações, de-
monstradas na Figura 15.
Com base nas informações apresentadas, calcule os indicadores de
endividamento/estrutura de capital, dos três exercícios, e faça uma
breve análise sobre os resultados calculados.

68/225
?
Questão
para
reflexão
Figura 15 – Demonstrações Financeiras da Companhia Tema 3

Fonte: elaborada pelo autor

69/225
Considerações Finais

Os indicadores de endividamento/estrutura de capital servem para eviden-


ciar o grau de endividamento da empresa em decorrência das origens dos
capitais investidos. São eles:
• Participação de capital de terceiros;
• Composição do endividamento;
• Endividamento a curto prazo;
• Endividamento a longo prazo;
• Endividamento total;
• Imobilização do patrimônio líquido;
• Imobilização de recursos não correntes.

70/225
Referências

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.


GITMAN, L.J. Princípios de administração financeira. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
MARION, J.C. Análise das demonstrações contábeis. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MATARAZZO, D.C. Análise financeira de balanços. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

71/225 Unidade 3 • Indicadores de Endividamento/Estrutura de Capital


Questões
A Companhia VL3 apresentou as seguintes informações:

Com base nas informações acima, calcule, para os exercícios 20X2, 20X1 e
20X0, respectivamente, e identifique a alternativa correta.

72/225
Questão 1
1. Participação de capital de terceiros:

a) 0,49; 0,53; 0,80.


b) 0,17; 0,20; 0,44.
c) 0,07; 0,09; 0,20.
d) 0,14; 0,16; 0,30.
e) 0,75; 0,68; 0,70.

73/225
Questão 2
2. Composição do endividamento:

a) 0,14; 0,16; 0,30.


b) 0,17; 0,20; 0,40.
c) 0,07; 0,09; 0,20.
d) 0,49; 0,53; 0,77.
e) 0,75; 0,68; 0,70.

74/225
Questão 3
3. Endividamento total:

a) 0,75; 0,68; 0,70.


b) 0,17; 0,20; 0,40.
c) 0,07; 0,09; 0,20.
d) 0,49; 0,53; 0,80.
e) 0,14; 0,16; 0,30.

75/225
Questão 4
4. Imobilização do patrimônio líquido:

a) 0,07; 0,09; 0,20.


b) 0,17; 0,20; 0,40.
c) 0,75; 0,68; 0,69.
d) 0,49; 0,53; 0,80.
e) 0,14; 0,16; 0,30.

76/225
Questão 5
5. Imobilização de recursos não correntes:

a) 0,69; 0,62; 0,63.


b) 0,17; 0,20; 0,40.
c) 0,75; 0,68; 0,70.
d) 0,49; 0,53; 0,80.
e) 0,14; 0,16; 0,30.

77/225
Gabarito
1. Resposta: B.

2. Resposta: D.

3. Resposta: E.

78/225
Gabarito
4. Resposta: C.

5. Resposta: A.

79/225
Unidade 4
Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade

Objetivos

Aprender a calcular e interpretar os indicadores de


lucratividade/rentabilidade:
1. Lucratividade das vendas (ou margem líquida).
2. Rentabilidade do ativo (ROA ou ROI).
3. Rentabilidade do patrimônio líquido (ROE).

80/225
Introdução

No Tema 3, foi estudada a situação de en- 1. Indicadores de lucratividade e


dividamento/estrutura de capital das em- de rentabilidade
presas. O objetivo de analisar a estrutura de
capital foi compreender, num dado período, Os indicadores de lucratividade/rentabi-
qual a estrutura de capital que a empresa lidade servem para medir a capacidade
possui naquele momento, bem como seu econômica da empresa, isto é, evidenciam
grau de endividamento. o grau de êxito econômico obtido pelo ca-
Neste tema, será estudada a situação de pital investido na empresa. A rentabilidade
lucratividade/rentabilidade das empresas, do capital investido na empresa é conheci-
cujo objetivo é compreender, num dado pe- da através do confronto entre as contas ou
ríodo, qual a capacidade da empresa naque- grupos de contas da demonstração do re-
le momento de geração de riqueza, ou seja, sultado do exercício ou conjugando-as com
qual a lucratividade e rentabilidade que ela grupos de contas do balanço patrimonial.
está gerando.

81/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


Figura 16 – Indicadores de lucratividade/rentabilidade

Fonte: elaborada pelo autor

1.1 Lucratividade das vendas (ou margem líquida)

Revela a margem de lucratividade obtida pela empresa em função do seu faturamento, isto é,
quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada real vendido. A interpretação desse quo-
ciente deve ser direcionada a verificar a margem de lucro da empresa em relação às vendas.

82/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


Figura 17 – Fórmula do indicador lucratividade • 20X1 = 6,59% ou seja, nesse ano, o
das vendas (ou margem líquida).
lucro líquido da companhia foi de
6,59% quando comparado à sua
receita líquida;
Fonte: elaborada pelo autor • 20X2 = 3,25% ou seja, nesse ano, o
• Interpretação: quanto maior este lucro líquido da companhia foi de
quociente, melhor. 3,25% quando comparado à sua
receita líquida.
• Exemplo: com base nas informações
da Companhia Exemplo, o resultado • Interpretação: analisando a evolução
do índice lucratividade das vendas de do indicador nos três exercícios, per-
cada exercício foi: cebe-se que houve uma redução de
sua lucratividade de 20X0 para 20X1
• 20X0 = 7,98% ou seja, nesse ano, o e de 20X1 para 20X2.
lucro líquido da companhia foi de
7,98% quando comparado à sua
receita líquida;

83/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


vestimentos totais. Sua interpretação deve
Para saber mais ser direcionada para verificar o tempo ne-
cessário para que haja retorno dos capitais
A terminologia usada atualmente na estrutura totais (próprios e de terceiros) investidos na
da demonstração de resultado para a receita empresa.
líquida de vendas é receita de venda de bens e/ Figura 18 – Fórmula do índice Retorno do Ativo
ou serviços (conta 3.01 da estrutura usada pela
CVM, primeira linha da DRE analítica).

Fonte: elaborada pelo autor

1.2 Rentabilidade do ativo (ROA • Interpretação: quanto maior esse


ou ROI) quociente, melhor.
• Exemplo: com base nas informações
Rentabilidade do ativo (ROI – Return On In-
da Companhia Exemplo, o resulta-
vestment ou ROA – Return On Asset) eviden-
do do índice retorno do ativo de cada
cia o potencial de geração de lucros por
exercício foi:
parte da empresa, isto é, quanto a empresa
obteve de lucro líquido para cada real de in-

84/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


• 20X0 = 7,09% ou seja, nesse ano, o
lucro líquido da companhia foi de Para saber mais
7,09% quando comparado ao ativo A terminologia usada atualmente na estrutura
total; da demonstração de resultado para lucro líquido
• 20X1 = 5,05% ou seja, nesse ano, o é Lucro/Prejuízo do Período (conta 3.11 da DRE
lucro líquido da companhia foi de analítica – estrutura usada pela CVM).
5,05% quando comparado ao ativo
total;
1.3 Rentabilidade do patrimô-
• 20X2 = 1,77% ou seja, nesse ano, o nio líquido (ROE)
lucro líquido da companhia foi de
1,77% quando comparado ao ativo A rentabilidade do patrimônio líquido (ROE
total. – Return On Equity) revela qual foi a taxa de
rentabilidade obtida pelo Capital Próprio in-
• Interpretação: analisando a evolução
vestido na empresa, isto é, quanto a empre-
do indicador nos três exercícios, per-
sa ganhou de lucro líquido para cada real de
cebe-se que houve uma redução de
capital próprio investido.
20X0 para 20X1 e de 20X1 para 20X2.

85/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


Figura 19 – Fórmula do índice rentabilidade do patrimônio líquido 13,41% quando comparado ao pa-
trimônio líquido;
• 20X2 = 4,78% ou seja, nesse ano, o
Fonte: elaborada pelo autor lucro líquido da companhia foi de
4,78% quando comparado ao pa-
• Interpretação: quanto maior este
trimônio líquido.
quociente, melhor.
• Interpretação: analisando a evolução
• Exemplo: com base nas informações
do indicador nos três exercícios, per-
da Companhia Exemplo, o resultado
cebe-se que houve uma redução de
do índice rentabilidade do patrimônio
20X0 para 20X1 e de 20X1 para 20X2.
líquido de cada exercício foi:
• 20X0 = 19,04% ou seja, nesse ano,
o lucro líquido da companhia foi de
19,04% quando comparado ao pa-
trimônio líquido;
• 20X1 = 13,41% ou seja, nesse ano,
o lucro líquido da companhia foi de

86/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


2.1 Payback (tempo de retorno
Link do investimento)
Aplicação dos indicadores até então estudados. O indicador payback mede tempo. A inter-
AMORIM, D. P. L. Análise financeira de hospitais: pretação do indicador de rentabilidade do
O caso da Santa Casa de Misericórdia de patrimônio líquido deve ser direcionada
Itaguara. RAGC, v.4, n.11, 2016, pp. 94-107. para verificar qual o tempo necessário para
se obter o retorno do capital próprio in-
vestido na empresa, ou seja, quantos anos
serão necessários para que os proprietários
2. Outros indicadores importan- obtenham de volta o valor do capital que in-
tes vestiram na empresa.
Figura 20 – Fórmula do índice payback
Além dos três indicadores estudados, é im-
portante também conhecer outros três,
quais sejam: Payback, margem EBITDA e Fonte: elaborada pelo autor
giro do ativo.

87/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


• Interpretação: quanto menor este nificativo no tempo de retorno do ca-
quociente, melhor. pital próprio, de 20X0 para 20X2.
• Exemplo: com base nas informações da
Companhia Exemplo, o resultado do ín-
dice payback de cada exercício foi: 2.2 Margem EBITDA
• 20X0 = 5,25 ou seja, nesse ano, o
O termo EBITDA vem do Inglês, Earning Be-
tempo de retorno do capital pró-
fore Interest, Taxes, Depreciation/Depletion
prio foi de 5,25 anos;
and Amortization, ficando em nosso idioma
• 20X1 = 7,46 ou seja, nesse ano, o algo como Lucro antes dos Juros, Impos-
tempo de retorno do capital pró- tos (sobre lucros), depreciações/exaustões
prio foi de 7,46 anos; e amortizações (LAJIDA). O EBITDA repre-
• 20X2 = 20,92 ou seja, nesse ano, o senta o lucro especificamente gerado pelos
tempo de retorno do capital pró-
prio foi de 20,92 anos.
• Interpretação: analisando a evolução
do indicador nos três exercícios, per-
cebe-se que houve um aumento sig-
88/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade
ativos operacionais, portanto, excluindo-se Figura 21 – Fórmula do EBITDA

as despesas e receitas financeiras, e antes


de considerar as despesas de depreciação, Fonte: elaborada pelo autor

amortização e exaustão, bem como a inci- Figura 22 – Fórmula da Margem EBITDA

dência dos impostos sobre o lucro (IRPJ e


CSLL no caso do Brasil).
Fonte: elaborada pelo autor
Em essência, o EBITDA revela a genuína ca-
pacidade operacional de geração de cai- 2.3 Giro do ativo
xa de uma empresa, ou seja, sua eficiência
financeira determinada pelas estratégias O giro do ativo demonstra quanto a empre-
operacionais adotadas. Quanto MAIOR esse sa vendeu para cada R$ 1,00 de investimen-
índice, mais eficiente se apresenta a for- to total, ou seja, quantas vezes o ativo total
mação de caixa proveniente das operações da empresa girou ou se renovou (transfor-
(ativos), e melhor ainda a capacidade de pa- mou-se em dinheiro) em determinado perí-
gamento aos proprietários de capital e in- odo em função das vendas realizadas.
vestimentos demonstrada pela empresa.

89/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


Figura 23 – Fórmula do índice giro do ativo • 20X2 = 0,54 ou seja, nesse ano,
para cada R$1,00 de ativo total a
empresa obteve R$0,54 de receita.
Fonte: elaborada pelo autor • Interpretação: analisando a evolução
• Interpretação: quanto maior este do indicador nos três exercícios, per-
quociente, melhor. cebe-se que houve uma redução, de
20X0 para 20X1 e de 20X1 para 20X2.
• Exemplo: com base nas informações
da Companhia Exemplo, o resultado
do índice giro do ativo de cada exer-
cício foi:
• 20X0 = 0,89 ou seja, nesse ano,
para cada R$1,00 de ativo total a
empresa obteve R$0,89 de receita;
• 20X1 = 0,77 ou seja, nesse ano,
para cada R$1,00 de ativo total a
empresa obteve R$0,77 de receita;

90/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


Glossário
ROA – Return on Asset: termo em inglês usado para definir o indicador retorno do ativo.
ROE – Return on Equit: termo em inglês usado para definir o indicador retorno sobre o
patrimônio líquido.
EBITDA – Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and Amortization: termo
em inglês que define o lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações.

91/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


?
Questão
para
reflexão
A Companhia Tema 4 apresentou as seguintes informações, de-
monstradas na Figura 24.
Com base nas informações apresentadas, calcule os indicadores de
endividamento/estrutura de capital, dos três exercícios e faça uma
breve análise sobre os resultados calculados.

92/225
?
Questão
para
reflexão

Figura 24 – Demonstrações Financeiras da Companhia Tema 4

Fonte: elaborada pelo autor

93/225
Considerações Finais

Os indicadores de lucratividade/rentabilidade servem para medir a capacida-


de econômica da empresa, isto é, evidenciam o grau de êxito econômico obti-
do pelo capital investido na empresa. São eles:
• lucratividade das vendas;
• rentabilidade do ativo;
• rentabilidade do patrimônio líquido.

94/225
Referências

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.


GITMAN, L.J. Princípios de administração financeira. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
MARION, J.C. Análise das demonstrações contábeis. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MATARAZZO, D.C. Análise financeira de balanços. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

95/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


Questões
A Companhia VL4 apresentou as seguintes informações:

Com base nas informações acima, calcule, para os exercícios 20X2, 20X1 e
20X0, respectivamente, e assinale a alternativa correta:

96/225
Questão 1
1. Lucratividade das vendas:

a) 0,79%; 1,41%; 1,71%.


b) 0,76%; 2,11%; 2,81%.
c) 0,89%; 2,52%; 4,04%.
d) 112,36; 39,68; 24,75.
e) 0,96; 1,49; 1,65.

97/225
Questão 2
2. Rentabilidade do ativo:

a) 0,79%; 1,41%; 1,71%.


b) 0,76%; 2,11%; 2,81%.
c) 0,89%; 2,52%; 4,04%.
d) 112,36; 39,68; 24,75.
e) 0,96; 1,49; 1,65.

98/225
Questão 3
3. Rentabilidade do patrimônio líquido:

a) 0,79%; 1,41%; 1,71%.


b) 0,76%; 2,11%; 2,81%.
c) 0,89%; 2,52%; 4,04%.
d) 112,36; 39,68; 24,75.
e) 0,96; 1,49; 1,65.

99/225
Questão 4
4. Payback:

a) 0,79%; 1,41%; 1,71%.


b) 0,76%; 2,11%; 2,81%.
c) 0,89%; 2,52%; 4,04%.
d) 112,36; 39,68; 24,75.
e) 0,96; 1,49; 1,65.

100/225
Questão 5
5. Giro do ativo:

a) 0,79%; 1,41%; 1,71%.


b) 0,76%; 2,11%; 2,81%.
c) 0,89%; 2,52%; 4,04%.
d) 112,36; 39,68; 24,75.
e) 0,96; 1,49; 1,65.

101/225
Gabarito
1. Resposta: A.

2. Resposta: B.

3. Resposta: C.

102/225
Gabarito
4. Resposta: D.

5. Resposta: E.

103/225
Unidade 5
Modelos de Avaliação de Empresas

Objetivos

Aprender a calcular e interpretar os


modelos de avaliação de empresas:
1. Modelo de avaliação de Matarazzo.
2. Sistema de análise DuPont.

104/225
Introdução

Nos temas anteriores, foi visto que toda pacidade da empresa naquele momento de
decisão econômico-financeira é tomada geração de riqueza, ou seja, qual a lucrativi-
levando em consideração três situações, dade e rentabilidade que ela está gerando.
conhecidas pelo chamado tripé decisorial: Contudo, a análise individualizada dos indi-
situação de liquidez, situação de endivida- cadores, apesar de relevante, traz uma di-
mento/estrutura de capital e situação eco- ficuldade maior quando se pretende fazer
nômica. O objetivo da análise de liquidez é uma análise global da empresa consideran-
compreender a situação sobre a capacidade do, simultaneamente, a situação de liqui-
que a empresa tem, num dado período, de dez, de endividamento/estrutura de capital
honrar seus compromissos, sejam estes de e de lucratividade/rentabilidade. Para re-
curto e/ou longo prazos. solver esse problema, foram desenvolvidos
O objetivo de analisar a estrutura de capi- modelos de avaliação.
tal é compreender, num dado período, qual De acordo com Matarazzo (2007, p. 187),
a estrutura de capital que a empresa pos- “a análise de balanços através de índices só
sui naquele momento, bem como seu grau adquire consistência e objetividade quan-
de endividamento. O objetivo de analisar a do os índices são comparados com padrões,
situação de lucratividade/rentabilidade é pois, do contrário, as conclusões se sujeitam
compreender, num dado período, qual a ca- à opinião e, não raro, ao humor do analista
105/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas
de balanços”.
Através de técnicas estatísticas (medida Para saber mais
separatriz), é possível a construção de in- As medidas separatrizes são números reais que
dicadores padrão, que servem de parâme- dividem a sequência ordenada de dados em
tro de comparação do desempenho eco- partes que contêm a mesma quantidade de
nômico-financeiro da empresa, objeto de elementos da série. São medidas separatrizes:
análise, com o desempenho de um grande a mediana, os quartis, os quintis, os decis e
número de empresas do mesmo segmento. os percentis. Os elementos que separam a
Esses padrões são importantes para toda a sequência ordenada em 4 partes, cada uma
análise que se venha a fazer das empresas, contendo 25% dos elementos, são os quartis.
permitindo que se estabeleçam qualifica- O primeiro quartil, indicado por Q1, separa a
ções (favorável, insuficiente etc.), nos vários sequência ordenada, deixando 25% de seus
índices extraídos das demonstrações finan- valores à esquerda e 75% à direita. O segundo
ceiras. quartil, Q2, corresponde à mediana. O terceiro
quartil, Q3, separa a sequência ordenada,
deixando 75% de seus valores à esquerda e 25%
de seus valores à direita. A mesma lógica se
aplica aos quintis, decis e percentis.

106/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas


1. Modelo de avaliação de
empresas de matarazzo

Matarazzo (2007) propõe uma forma de


atribuir notas a cada um dos indicadores e,
posteriormente, ponderar essas notas para
que seja possível extrair uma única que re-
presente a situação global da empresa. Nes-
se procedimento, esse autor atribui notas
aos indicadores de endividamento, liquidez
e rentabilidade/lucratividade, conforme Fi-
gura 25 a seguir:

107/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas


Figura 25 – Indicadores e respectivos pesos/grupos

Peso
Indicador
Índices Grupo
Participação de Capitais de Terceiros 0,6

Endividamento
Composição do Endividamento 0,1
Imobilização do Patrimônio Líquido 0,2 0,4

Imobilização de Recursos Não Correntes 0,1

Liquidez Geral 0,3


Liquidez

0,2
Liquidez Corrente 0,5
Liquidez Seca 0,2
Giro do Ativo 0,2
Rentabilidade

Lucratividade

Margem Líquida 0,1 0,4


Rentabilidade do Ativo 0,1
Rentabilidade do Patrimônio Líquido 0,6
Fonte: elaborada pelo autor

108/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas


Como exemplo, supondo-se que a empresa MF tenha obtido os seguintes resultados para os
índices de endividamento, liquidez e rentabilidade/lucratividade para o exercício de 20X9, de-
monstrados na Figura 26:
Figura 26 – Índices no exercício de 20X9

Indicador 20X9

Endividamento
Participação de Capitais de Terceiros 1,83
Composição do Endividamento 0,54
Imobilização do Patrimônio Líquido 1,21
Imobilização de Recursos Não Correntes 0,66
Liquidez Geral 0,88
Liquidez

Liquidez Corrente 1,61


Liquidez Seca 0,87
Giro do Ativo 1,11
Rentabilidade
Lucratividade

Margem Líquida 3,77%


Rentabilidade do Ativo 4,19%
Rentabilidade do Patrimônio Líquido 13,48%
Fonte: elaborada pelo autor
109/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas
A partir dos valores dos índices da empresa MF acima, atribuíram-se notas de 0 a 10 com base
numa tabela de índices padrão, e multiplica-se o peso pela nota de cada índice. O mesmo proce-
dimento também deve ser feito para o grupo de índices, conforme Figura 27, abaixo:
Figura 27 – Aplicações sobre índices e grupos

Índices Grupo
Indicador Valor
Peso Nota Peso × Nota Nota Peso Nota × Peso
20X9
Part. Cap. Terceiros 0,6 1,83 4 2,4
Endividamento

Comp. Endividamento 0,1 0,54 10 1


4,2 0,4 1,68
Imobilização P. Líquido 0,2 1,21 2 0,4
Imob. Rec. Não Correntes 0,1 0,66 4 0,4
Liquidez Geral 0,3 0,88 1 0,6
Liquidez

Liquidez Corrente 0,5 1,61 7 3,5 5,1 0,2 1,02

Liquidez Seca 0,2 0,87 5 1

110/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas


Índices Grupo
Indicador Valor
Peso Nota Peso × Nota Nota Peso Nota × Peso
20X9
Giro do Ativo 0,2 1,11 5 1
Rentabilidade

Lucratividade

Margem Líquida 0,1 3,77% 6 0,6


Rentabilidade Ativo 0,1 4,19% 5 0,5 5,7 0,4 2,28

Rentabilidade P. Líquido 0,6 13,48% 6 3,6


Nota Global - - - - - - 4,98
Fonte: elaborada pelo autor

As notas de cada indicador da tabela anterior foram obtidas a partir da tabela de índices padrão
de 556 empresas do ramo de produtos elétricos e eletrônicos, conforme demonstra a Figura 28,
abaixo:

111/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas


Figura 28 – Indicadores – decis

Decis
Indicador
Endividamento 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º
Part. Cap. Terceiros 0,43 0,66 0,85 1,09 1,36 1,66 2,18 2,76 4,20

C. Endividamento 0,71 0,82 0,92 0,96 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
Imob. P. Líquido 0,25 0,34 0,43 0,55 0,62 0,73 0,86 1,01 1,35
I. R. N. Correntes 0,21 0,28 0,37 0,43 0,54 0,61 0,70 0,83 1,14
Liquidez Geral 0,84 0,98 1,06 1,14 1,24 1,34 1,47 1,76 2,24
Liquidez

Liquidez Corrente 0,95 1,06 1,16 1,25 1,34 1,45 1,62 1,87 2,35
Liquidez Seca 0,47 0,60 0,70 0,79 0,88 0,96 1,05 1,22 1,60
Giro do Ativo 0,64 0,86 0,92 1,06 1,26 1,35 1,48 1,69 2,10
Rentabilidade

Lucratividade

Margem Líquida -5,3% 0,0% 1,1% 2,1% 3,2% 4,5% 6,6% 9,5% 14,5%

Rentabilidade Ativo -5,6% 0,0% 1,3% 2,7% 4,2% 6,1% 8,5% 11,4% 17,7%

Rent. P. Líquido -17% 1,0% 5,0% 9,0% 13,0% 17,8% 24,6% 35,0% 56,2%
Fonte: elaborada pelo autor

112/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas


Assim, uma liquidez geral de 0,88 deve ser avaliada com nota 1, pois está mais próxima do 1º decil.
Por outro lado, um índice de participação de capitais de terceiros de 1,83 deve ser avaliado com nota
4, pois está mais próximo do 6º decil da figura acima. Como os índices de endividamento são do tipo
quanto menor, melhor, o procedimento de atribuição de notas deve ser invertido.
O último procedimento do modelo de avaliação de Matarazzo consiste em atribuir conceitos às
notas, conforme escala a seguir:
Figura 29 – Escala de avaliação conceitual

Nota 0 ├┤1 1 ┤2 2 ┤4 4 ┤6 6 ┤8 8 ┤9 9 ┤10


Conceito Péssimo Deficiente Fraco Razoável Satisfatório Bom Ótimo
Fonte: elaborada pelo autor

De acordo com essa escala, a empresa MF obteve as seguintes notas, demonstradas na Figura 30:
Figura 30 – Notas da empresa MF

Categoria Nota Conceito


Endividamento 4,2 Razoável
Liquidez 5,1 Razoável
Rentabilidade 5,7 Razoável
Global 4,98 Razoável
Fonte: elaborada pelo autor

113/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas


2. Sistema de análise Dupont

O sistema de análise DuPont é assim cha-


mado devido à DuPont Corporation, que
Para saber mais originalmente popularizou seu uso. Ele é
Verifique o artigo referente à aplicação da usado por administradores financeiros para
proposta de Matarazzo (2003). TEIXEIRA, A. J. C.; dissecar as demonstrações financeiras da
DALMACIO, F.Z.; RANGEL, L.L. Estudo empírico empresa e avaliar sua condição financeira.
no setor de metalurgia e siderurgia sobrea O sistema Dupont funde a demonstração
relevância dos indicadores contábeis para financeira e o balanço patrimonial em duas
estimativa de retorno das ações negociadas medidas de resumo de lucratividade: ROA e
na Bovespa. 3º Simpósio FUCAPE de Produção ROE.
Científica, s/d.
A vantagem considerável do sistema Du-
Pont é que ele permite à empresa dividir sua
taxa de retorno sobre o patrimônio líquido
em três componentes: um componente de
lucro sobre vendas (margem líquida), um
componente de eficiência de uso dos ativos
114/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas
(giro do ativo total) e um componente uso da alavancagem (multiplicador de alavancagem fi-
nanceira). O rendimento total para os proprietários pode, por conseguinte, ser analisado nessas
três dimensões.
A primeira parte da fórmula do modelo DuPont leva em consideração os indicadores de margem
líquida e do giro do ativo para a determinação da rentabilidade do ativo (ROA), considerados ele-
mentos-chave para o sucesso de qualquer empreendimento.

A margem líquida mede a lucratividade sobre as vendas enquanto o giro do ativo mostra o quão
eficientemente a empresa utilizou seus ativos na geração de receitas (produtividade). A relação
entre margem líquida e giro do ativo é determinante na rentabilidade do ativo, ou seja, quanto
mais eficiente for a empresa em termos de produtividade (medida pelo giro do ativo), maior será
o retorno do ativo.

115/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas


A segunda parte da fórmula do modelo Du-
Pont leva em consideração os indicadores
rentabilidade do ativo e multiplicador de
alavancagem financeira para determinação
da rentabilidade do patrimônio líquido.

Link
ANGOTTI, M. Análise DuPont como ferramenta
de apoio às decisões de investimento em ações.
Desse modo, o modelo estabelece uma cor-
UFMG - FACE CEPCON, 2010.
relação entre eficiência operacional, estru-
tura de capital e rentabilidade, com o ob-
jetivo maior de maximizar o retorno para o
acionista.

116/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas


Glossário
Medidas separatrizes: são números reais que dividem a sequência ordenada de dados em partes
que contêm a mesma quantidade de elementos da série.
Mediana: mediana de um conjunto de dados é o valor ao qual metade dos dados é igual ou infe-
rior e metade dos dados é igual ou superior. É o valor que ocupa a posição central em um ROL de
dados.
MAF – multiplicador de alavancagem financeira: indicador que mensura a relação entre o ativo
total e o patrimônio líquido.

117/225 Unidade 5 • Modelos de Avaliação de Empresas


?
Questão
para
reflexão
A Companhia Tema 5 apresentou as seguintes informações,
demonstradas na Figura 31.
Figura 31 – Demonstrações Financeiras da Companhia Tema 5

Fonte: elaborada pelo autor

118/225
?
Questão
para
reflexão
1. Com base nas informações apresentadas no item “MODELO DE
AVALIAÇÃO DE EMPRESAS DE MATARAZZO” e Figuras 28 a 32,
calcule o resultado da Companhia pelo método de Matarazzo, in-
dicadores de endividamento/estrutura de capital, dos três exercí-
cios e faça uma breve análise sobre os resultados calculados.
2. Com base nas informações apresentadas pela Companhia, calcule
os indicadores necessários para a composição do modelo DuPont.

119/225
Considerações Finais

A análise individualizada dos indicadores, apesar de relevante, traz uma difi-


culdade maior quando se pretende fazer uma análise global da empresa, con-
siderando, simultaneamente, a situação de liquidez, de endividamento/estru-
tura de capital e de lucratividade/rentabilidade. Para resolver esse problema,
foram desenvolvidos modelos de avaliação. Dentre eles, destacam-se:
• Modelo de Matarazzo
• Modelo DuPont

120/225
Referências

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.


GITMAN, L.J. Princípios de administração financeira. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
MARION, J.C. Análise das demonstrações contábeis. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MATARAZZO, D.C. Análise financeira de balanços. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

121/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


Questões
A Companhia VL5 apresentou as seguintes informações:

Analisando as empresas do Setor, do exercício de 20X2, foi possível consolidar as seguintes


informações:

122/225
Questões
Decis
Indicador
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º
Giro do Ativo 0,64 0,86 0,92 1,06 1,26 1,35 1,48 1,69 2,10
Rentabilidade

Lucratividade Margem
-5,3% 0,0% 1,1% 2,1% 3,2% 4,5% 6,6% 9,5% 14,5%
Líquida
Rentabilidade
-5,6% 0,0% 1,3% 2,7% 4,2% 6,1% 8,5% 11,4% 17,7%
Ativo
Rent. P. Líquido -17% 1,0% 5,0% 9,0% 13,0% 17,8% 24,6% 35,0% 56,2%

Considerando as prerrogativas sobre o objetivo da análise por modelos-padrão, os parâmetros


de análise seriam:
Decis 0 ├┤1 1 ┤2 2 ┤4 4 ┤6 6 ┤8 8 ┤9 9 ┤10
Conceito Péssimo Deficiente Fraco Razoável Satisfatório Bom Ótimo

Com base nas informações apresentadas acima, analise as questões que se seguem e assinale
a alternativa correta.

123/225
Questão 1
1. Calcule o indicador de lucratividade das vendas (margem líquida)
da Companhia VL5, do exercício de 20X2, e avalie a sua situação, se
comparada à média setorial.

a) Fraco
b) Razoável
c) Péssimo
d) Ótimo
e) Deficiente

124/225
Questão 2
2. Calcule o indicador giro do ativo da Companhia VL5, do exercício de
20X2, e avalie a sua situação, se comparada à média setorial.

a) Deficiente
b) Razoável
c) Péssimo
d) Ótimo
e) Fraco

125/225
Questão 3
3. Usando a metodologia DuPont, calcule a rentabilidade do ativo da
Companhia VL5, dos três exercícios.

a) 0,79%; 1,41%; 1,71%.


b) 0,76%; 2,11%; 2,81%.
c) 0,89%; 2,52%; 4,04%.
d) 112,36; 39,68; 24,75.
e) 0,96; 1,49; 1,65.

126/225
Questão 4
4. Usando a metodologia DuPont, calcule o Multiplicador de alavancagem
financeira da Companhia VL5, dos três exercícios.

a) 0,79%; 1,41%; 1,71%.


b) 0,76%; 2,11%; 2,81%.
c) 0,89%; 2,52%; 4,04%.
d) 1,17; 1,20; 1,44.
e) 0,96; 1,49; 1,65.

127/225
Questão 5
5. Usando a metodologia DuPont, calcule a rentabilidade do patrimônio
líquido da Companhia VL5, dos três exercícios.

a) 0,79%; 1,41%; 1,71%.


b) 0,76%; 2,11%; 2,81%.
c) 0,89%; 2,52%; 4,04%.
d) 112,36; 39,68; 24,75.
e) 0,96; 1,49; 1,65.

128/225
Gabarito
1. Resposta: A.

De acordo com os parâmetros de análise, o índice de lucratividade das vendas da Companhia,


do exercício de 20X2, foi de 0,79%, ficando abaixo do 3º decil. Portanto, o conceito atribuído é
de FRACO.

2. Resposta: E.

De acordo com os parâmetros de análise, o índice giro do ativo da Companhia, do exercício de


20X2, foi de 0,96, ficando abaixo do 4º decil. Portanto, o conceito atribuído é de FRACO.

129/225
Gabarito
3. Resposta: B.

4. Resposta: D.

130/225
Gabarito
5. Resposta: C.

131/225
Unidade 6
Modelos de Insolvência

Objetivos

Aprender a calcular e interpretar os


modelos de avaliação de empresas:
1. Modelo de Kanitz.
2. Modelo de Altman.
3. Modelo de Elizabetsky.
4. Modelo de Matias.
5. Modelo de Pereira.

132/225
Introdução

No tema anterior, foi visto que a análise in- qualificações (favorável, insuficiente etc.),
dividualizada dos indicadores, apesar de re- nos vários índices extraídos das demonstra-
levante, traz uma dificuldade maior quan- ções financeiras.
do se pretende fazer uma análise global da
empresa considerando, simultaneamente, 1. Modelo de kanitz
a situação de liquidez, de endividamento/
estrutura de capital e de lucratividade/ren- De acordo com Matias (2009, p. 277), um
tabilidade. Para resolver esse problema, fo- dos primeiros trabalhos desenvolvidos no
ram desenvolvidos modelos de avaliação. Brasil relacionados a modelos de previsão
de falência de empresas foi o de Stephen
Através de técnicas estatísticas, é possível a
Charles Kanitz. Utilizando a técnica estatís-
construção de indicadores padrão, que ser-
tica de análise discriminante, Kanitz cons-
ve de parâmetro de comparação do desem-
truiu o chamado termômetro de insolvên-
penho econômico-financeiro da empresa,
cia, composto por cinco variáveis.
objeto de análise, com o desempenho de
um grande número de empresas do mesmo Nesse modelo, Kanitz utilizou vinte e uma
segmento. Esses padrões são importantes empresas solventes e, comparativamente,
para toda a análise que se venha a fazer das vinte e uma empresas insolventes, entre
empresas, permitindo que se estabeleçam 1972 e 1974. As referidas empresas foram
133/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência
escolhidas aleatoriamente de um rol de cer- passivo circulante, ou seja, índice de liqui-
ca de cinco mil demonstrações contábeis de dez comum, foi dado um peso de 1,06. À va-
empresas brasileiras que tinham sido pre- riável X5, calculada pela divisão entre exigí-
viamente analisadas pelo autor. vel total e patrimônio líquido, ou seja, índice
À variável X1, calculada pela divisão entre de participação de capital de terceiros, foi
lucro líquido e patrimônio líquido, ou seja, dado um peso de 0,33.
rentabilidade do patrimônio líquido, foi A Figura 32 sintetiza a consolidação do mo-
dado um peso de 0,05. À variável X2, calcu- delo desenvolvido por Kanitz.
lada pela divisão entre a somatória do ati-
vo circulante mais ativo realizável a longo
prazo e a somatória do passivo circulante
mais passivo não circulante, ou seja, índice
de liquidez geral, foi dado um peso de 1,65.
À variável X3, calculada pela divisão entre
ativo circulante menos estoques e passivo
circulante, ou seja, índice de liquidez seca,
foi dado um peso de 3,55. À variável X4, cal-
culada pela divisão entre ativo circulante e
134/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência
Figura 32 – Modelo desenvolvido por Kanitz

Fonte: KANITZ (1974).

O resultado da variável X1 vezes 0,05, mais o resultado da variável X2 vezes 1,65, mais o resultado
da variável X3 vezes 3,55, menos o resultado da variável X4 vezes 1,06, menos o resultado da vari-
ável X5 vezes 0,33, foi denominado pelo autor de fator de insolvência.
O fator de insolvência positivo indica que a empresa está solvente. Valores entre zero e -3 (três
negativo) representam uma área de indefinição, denominada de penumbra. Um resultado abaixo
135/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência
de -3 (três negativo) representa uma situa- de solvência/insolvência, a fim de se-
ção de insolvência. lecionar clientes prioritários; e
Para Kanitz (1974, p. 96), “os primeiros sin- • determinar previsões para a conta
tomas de uma insolvência surgem muito “devedores duvidosos”, segundo a
antes que ela se concretize”. O desafio dos probabilidade de insolvência de cada
analistas é identificar esses sintomas nos cliente.
balanços das Companhias tempestivamen- Enfatiza ainda o autor que nem toda empre-
te, ou seja, “descobrir com antecedência e sa vai obrigatoriamente à falência por estar
um razoável grau de segurança, qual a situ- enfrentando dificuldades em determinado
ação financeira de uma empresa”. O modelo momento. Qualquer empresa bem admi-
desenvolvido pelo autor traz essa possibili- nistrada pode se recuperar de uma situação
dade aos analistas. difícil.
Enfatiza o autor que a análise do índice de Portanto, o fator de insolvência é um indi-
solvência permite: cador daquilo que pode acontecer em um
• descobrir empresas em estado de pré- futuro próximo, caso a empresa não corrija
-insolvência; os rumos que está seguindo.

• hierarquizar as empresas numa escala


136/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência
lo quantitativo utilizando a técnica de aná-
Para saber mais lise discriminante e regressão múltipla com
MÁRIO, Poueri do Carmo. Contribuição ao
cinquenta e oito empresas brasileiras, sen-
estudo da solvência empresarial: uma análise
do trinta e cinco em boa condição financei-
ra e vinte e três consideradas insolventes.
de modelos de previsão – estudo exploratório
aplicado em empresas mineiras. 2002. 227 A partir do modelo original desenvolvido
f. Dissertação (Mestrado em Controladoria por Altman nos Estados Unidos, os autores
e Contabilidade) - Faculdade de Economia, utilizaram cinco variáveis (reclassificadas e
Administração e Contabilidade, Departamento com a modificação de duas delas para ade-
de Contabilidade e Atuária, Universidade de São quá-las ao padrão contábil brasileiro da
Paulo, São Paulo, 2002. época) para o cálculo de dois fatores, Z1 e
Z2. Para cada fator, foram utilizadas quatro
variáveis:
2. Modelo de altman
• A variável X1 é calculada pela divisão
De acordo com Matias (2009, p. 277), Alt- entre ativo circulante menos passivo
man, em conjunto com alguns professores circulante e ativo total;
da Pontifícia Universidade Católica do Rio
• a variável X2 é calculada pela divisão
de Janeiro (PUC/RJ), desenvolveu um mode-
137/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência
entre reservas de lucro e ativo total; to na época pelos autores com as variáveis
• a variável X3 é calculada pela divisão X2 e X4.
entre o resultado antes do resultado O fator Z1 do modelo é calculado da seguin-
financeiro e dos tributos (ou EBIT – te forma:
Earning Before Interest and Taxes) e ati- Z1 = - 1,44 + 4,03X2 + 2,25X3 + 0,14X4 +
vo total; 0,42X5
• a variável X4 é calculada pela divisão Ou seja, o fator Z1 é dado pelo resultado
entre patrimônio líquido e exigível to- -1,44 (menos um vírgula quarenta e qua-
tal (passivo circulante mais passivo tro), mais o resultado da variável X2 vezes
não circulante, ou passivo exigível a o seu peso 4,03 (quatro vírgula zero três),
longo prazo); mais o resultado da variável X3 vezes o seu
• a variável X5 é calculada pela divisão peso 2,25 (dois vírgula vinte e cinco), mais
entre receita líquida de vendas e ativo o resultado da variável X4 vezes o seu peso
total, ou seja, giro do ativo. 0,14 (zero vírgula quatorze), mais o resulta-
É importante ressaltar que a variável X3 foi do da variável X5 vezes o seu peso 0,42 (zero
reclassificada para ajustá-la ao padrão con- vírgula quarenta e dois).
tábil usado atualmente, assim como foi fei- O fator Z2 do modelo é calculado da seguin-
138/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência
te forma: a situação da empresa é de insolvência. A
Z2 = - 1,84 - 0,51X1 + 6,32X3 + 0,71X4 + Figura 33 sintetiza a consolidação do mo-
0,53X5 delo de Altman.

Ou seja, o fator Z2 é dado pelo resultado


-1,84 (menos um vírgula oitenta e quatro),
menos o resultado da variável X1 vezes o
seu peso 0,51 (zero vírgula cinquenta e um),
mais o resultado da variável X3 vezes o seu
peso 6,32 (seis vírgula trinta e dois), mais
o resultado da variável X4 vezes o seu peso
0,71 (zero setenta e um), mais o resultado
da variável X5 vezes o seu peso 0,53 (zero
vírgula cinquenta e três).
Tanto Z1 ou Z2, se o resultado for positivo, ou
seja, maior que ZERO, significa que a empre-
sa encontra-se numa situação de solvência.
Se o resultado for igual ou menor que ZERO,

139/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência


Figura 33 – Consolidação do modelo de Altman

Fonte: elaborada pelo autor

De acordo com os autores Altman, Baidya e Dias (1979, p. 23), Z1 e Z2 são fatores distintos, mas
muito semelhantes, ou seja, essencialmente idênticos. O fator Z1 não inclui a variável X1 “porque
o programa discriminante, aplicado passo a passo, mostrou que X1 não contribuía para o poder

140/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência


explicativo do modelo e que o sinal do coe- 3. Modelo de Elizabetsky
ficiente de X1 era contrário à lógica e à insti-
tuição”. Da mesma forma, Z2 não inclui a va- De acordo com Matias (2009, p. 277), em
riável X2 porque, em primeiro lugar, é muito 1976, Roberto Elizabetsky desenvolveu
difícil quantificar os lucros retidos com base o seu modelo de previsão de insolvência,
apenas em balanços recentes e, segundo, analisando 373 empresas do setor de con-
com as modificações conceituais introduzi- fecção, sendo 274 solventes e 99 insolven-
das no modelo original, as variáveis X2 e X4 tes. A Figura 34 sintetiza a consolidação do
resultaram muito semelhantes. modelo de Elizabetsky.

Link
ALTMAN, E. I.; BAIDYA, T. K. N.; DIAS, L. M. R.
Previsão de problemas financeiros em empresas.
Revista de administração de empresa. Rio de
Janeiro, 19(1), p. 17-28, jan./mar. 1979.

141/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência


Figura 34 – Consolidação do modelo de Elizabetsky entre lucro líquido e a receita líquida
de vendas, ou seja, lucratividade das
vendas, foi dado um peso de 1,93;
• à variável X33, calculada pela divisão
entre as disponibilidades (somatória
das contas caixa e equivalentes de cai-
xa mais aplicações financeiras) e o ati-
vo permanente (somatória das contas
investimentos, imobilizado, intangível
e diferido), foi dado um peso de 0,20;
• à variável X35, calculada pela divisão
entre contas a receber e ativo total, foi
Fonte: elaborada pelo autor
dado um peso de 1,02;

Para o desenvolvimento do modelo, o autor • à variável X36, calculada pela divisão


também utilizou cinco variáveis: entre estoques e ativo total, foi dado
um peso de 1,33;
• À variável X32, calculada pela divisão

142/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência


• à variável X37, calculada pela divisão De acordo com o modelo, o ponto crítico do
entre passivo circulante e ativo total, fator Z é 0,5 (meio). Se o resultado do fator
foi dado um peso de 1,12. Z for maior que 0,5 (meio) a situação da em-
O fator Z do modelo é calculado da seguinte presa é de solvência. Se o resultado do fator
forma: Z for igual ou menor que 0,5 (meio), a situa-
ção da empresa é de insolvência.
Z = 1,93X32 - 0,20X33 + 1,02X35 + 1,33X36 -
1,12X37
Ou seja, o fator Z é dado pelo resultado da
variável X32 vezes o seu peso (1,93), menos
Link
REZENDE, Isabelle Carlos Campos; FARIAS, Tha-
o resultado da variável X33 vezes o seu peso
lista Xismy Tavares de; OLIVEIRA, Alan Santos de.
(0,20), mais o resultado da variável X35 ve-
Aplicação dos modelos de Elizabetsky e Kanitz
zes o seu peso (1,02), mais o resultado da
na previsão de falência: um estudo descritivo das
variável X36 vezes o seu peso (1,33), menos
melhores e maiores empresas por setor listadas
o resultado da variável X37 vezes o seu peso
na Revista Exame em 2010. Revista Mineira de
(1,12).
Contabilidade, Belo Horizonte, v. 51, n. 14, p.35-
42, out. 2013.

143/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência


4. Modelo de Matias Figura 35 – Consolidação do modelo de Matias

De acordo com Matias (2009, p. 277), em


1978, Alberto Borges Matias desenvolveu
o seu modelo de previsão de insolvência,
analisando 100 empresas de capital aberto,
de diferentes ramos de atividades, sendo 50
solventes e 50 insolventes. A Figura 35 sin-
tetiza a consolidação do modelo de Matias.

Fonte: elaborada pelo autor

Para o desenvolvimento do modelo, o autor


utilizou seis variáveis:
À variável X1, calculada pela divisão entre
patrimônio líquido e ativo total, foi dado um
peso de 23,792;

144/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência


• à variável X2, calculada pela divisão total, foi dado um peso de 9,912.
entre financiamentos e empréstimos O fator Z do modelo é calculado da seguinte
bancários e ativo circulante, foi dado forma:
um peso de 8,26;
Z = 23,792X1 – 8,26X2 – 9,868X3 – 0,764X4 –
• à variável X3, calculada pela divisão 0,535X5 + 9,912X6
entre fornecedores e ativo total, foi
Ou seja, o fator Z é dado pelo resultado da
dado um peso de 9,868;
variável X1 vezes o seu peso (23,792), menos
• à variável X4, calculada pela divisão o resultado da variável X2 vezes o seu peso
entre ativo circulante e passivo circu- (8,26), menos o resultado da variável X3 ve-
lante, foi dado um peso de 0,764; zes o seu peso (9,868), menos o resultado da
• à variável X5, calculada pela divisão variável X4 vezes o seu peso (0,764), menos
entre lucro operacional e lucro bruto, o resultado da variável X5 vezes o seu peso
foi dado um peso de 0,535; (0,535), mais o resultado da variável X6 vezes
o seu peso (9,912).
• à variável X6, calculada pela divisão
entre Disponibilidades (somatória das De acordo com o modelo, o ponto crítico do
contas caixa e equivalentes de caixa fator Z é 0,0 (zero). Se o resultado do fator Z
mais aplicações financeiras) e ativo for maior que 0,0 (zero), a situação da em-
145/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência
presa é de solvência. Se o resultado do fator Figura 36 – Consolidação do modelo de Pereira

Z for igual ou menor que 0,0 (zero), a situa-


ção da empresa é de insolvência.

5. Modelo de Pereira

De acordo com Matias (2009, p. 278), Perei-


ra desenvolveu o seu modelo de previsão de
insolvência no início da década de 1980. A
Figura 36 sintetiza a consolidação do mo-
delo de Pereira.

Fonte: elaborada pelo autor

O fator Z do modelo é calculado da seguinte


forma:
146/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência
Z = 0,722 – 5,124X1 + 11,016X2 – 0,342X3 –
0,048X4 + 8,605X5 – 0,004X6
Assim como nos modelos apresentados por
Matias e Altman, o ponto crítico do fator Para saber mais
Z é 0,0 (zero). Se o resultado do fator Z for
Diversos artigos já foram escritos aplicando os
maior que 0,0 (zero) a situação da empresa
cinco modelos de previsão de falência. Um tra-
é de solvência. Se o resultado do fator Z for
balho que se destaca é o artigo de José Roberto
igual ou menor que 0,0 (zero), a situação da
Kassai e Silvia Kassai, em 1998. Nesse trabalho,
empresa é de insolvência.
os autores afirmam que todos esses modelos de
previsão de insolvência foram desenvolvidos a
partir de uma determinada amostra colhida em
suas respectivas épocas. Com o passar dos anos,
o grau de precisão dos modelos diminuem.

147/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência


Link
KASSAI, José Roberto; CASA NOVA, Silvia Pereira
de Castro. Desvendando o termômetro de insol-
vência de Kanitz. Anais.. Ribeirão Preto: FEA-USP,
1999.

PEREIRA, R. C. C. et. al. Análise financeira empre-


sarial sob a luz dos 5 modelos de previsão de in-
solvência: um estudo comparativo de empresas
de capital aberto (2013).

148/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência


Glossário
Equity: patrimônio líquido, em inglês.
Lucro bruto: é a diferença entre o faturado e o custo de fazer o produto ou prover o serviço.
EBIT – Earnings Before Interest and Taxes: termo em inglês usado para definir o resultado antes
dos juros e impostos.

149/225 Unidade 6 • Modelos de Insolvência


?
Questão
para
reflexão
A Companhia Tema 6 apresentou as seguintes informações,
demonstradas na Figura 37.
Figura 37 – Demonstrações Financeiras da Companhia Tema 6

Fonte: elaborada pelo autor

150/225
?
Questão
para
reflexão
Considere ainda as seguintes informações complementares:
Descrição 20X2 20X1 20X0
Reservas de Lucro 12.311 18.268 11.556
EBIT 12.639 25.504 16.857
Lucro Operacional 5.705 20.607 13.480
Lucro Bruto 19.681 27.257 21.770

Com base nas informações apresentadas, calcule, para os três exer-


cícios, os fatores de insolvência, dos modelos de Kanitz, Altman, Eli-
zabetsky e Matias.

151/225
Considerações Finais

A análise individualizada dos indicadores, apesar de relevante, traz uma difi-


culdade maior quando se pretende fazer uma análise global da empresa con-
siderando, simultaneamente, a situação de liquidez, de endividamento/estru-
tura de capital e de lucratividade/rentabilidade. Para resolver esse problema,
foram desenvolvidos modelos de avaliação. Dentre eles, destacam-se:
• Modelo de Kanitz
• Modelo de Altman
• Modelo de Elizabetsky
• Modelo de Matias
• Modelo Pereira

152/225
Referências

ALTMAN, E.I.; BAIDYA, T.K.N.; DIAS, L.M.R. Previsão de problemas financeiros em empresas. Revista
de administração de empresa, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 17-28, jan./mar. 1979. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v19n1/v19n1a02.pdf>. Acesso em: 31 out. 2016.
KANITZ, S.C. Como prever falências de empresas. Revista negócios em exame, p. 95-
102, dez. 1974. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/61123852/EXAME-
ComoPreverFalenciaEmpresa-Kanitz>. Acesso em: 30 nov. 2016.

MARION, J.C. Análise das demonstrações contábeis. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MATARAZZO, D.C. Análise financeira de balanços. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MATIAS, A.B. (Coord.). Análise financeira fundamentalista de empresas. São Paulo: Atlas,
2009.

153/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


Questões
A Companhia VL6 apresentou as seguintes informações:

154/225
Questões
Considere ainda as seguintes informações complementares:
Descrição 20X2 20X1 20X0
Reservas de Lucro 132.649 171.521 165.703
EBIT 9.058 27.379 47.784
Lucro Operacional (4.895) 13.518 35.785
Lucro Bruto 102.735 138.042 154.600

Com base nas informações acima, calcule, para os exercícios 20X2, 20X1 e 20X0,
respectivamente:

155/225
Questão 1
1. O fator de insolvência de Kanitz:

a) 4,27839 (solvência); 5,83841 (solvência); 2,40297 (solvência).


b) 12,64655 (solvência); 14,02743 (solvência); 7,619554 (solvência).
c) 0,048788 (insolvência); -0,00223 (insolvência); -0,05223 (insolvência).
d) 1,369525 (solvência); 2,314765 (solvência); 1,21355 (solvência).
e) 18,1345 (solvência); 18,3298 (solvência); 15,5369 (solvência).

156/225
Questão 2
2. Fator Z1 de Altman:

a) 4,27839 (solvência); 5,83841 (solvência); 2,40297 (solvência).


b) 12,64655 (solvência); 14,02743 (solvência); 7,619554 (solvência).
c) 0,048788 (insolvência); -0,00223 (insolvência); -0,05223 (insolvência).
d) 0,85807 (solvência); 1,20072 (solvência); 0,69155 (solvência).
e) 18,1345 (solvência); 18,3298 (solvência); 15,5369 (solvência).

157/225
Questão 3
3. Fator Z2 de Altman:

a) 3,09020 (solvência); 3,02515 (solvência); 1,24318 (solvência)


b) 12,64655 (solvência); 14,02743 (solvência); 7,619554 (solvência).
c) 0,048788 (insolvência); -0,00223 (insolvência); -0,05223 (insolvência).
d) 1,369525 (solvência); 2,314765 (solvência); 1,21355 (solvência).
e) 18,1345 (solvência); 18,3298 (solvência); 15,5369 (solvência).

158/225
Questão 4
4. Modelo de Elizabetsky:

a) 4,27839 (solvência); 5,83841 (solvência); 2,40297 (solvência).


b) 12,64655 (solvência); 14,02743 (solvência); 7,619554 (solvência).
c) 0,048788 (insolvência); -0,00223 (insolvência); -0,05223 (insolvência).
d) 1,369525 (solvência); 2,314765 (solvência); 1,21355 (solvência).
e) 18,1345 (solvência); 18,3298 (solvência); 15,5369 (solvência).

159/225
Questão 5
5. Modelo de Matias:

a) 4,27839 (solvência); 5,83841 (solvência); 2,40297 (solvência).


b) 12,64655 (solvência); 14,02743 (solvência); 7,619554 (solvência).
c) 0,048788 (insolvência); -0,00223 (insolvência); -0,05223 (insolvência).
d) 1,369525 (solvência); 2,314765 (solvência); 1,21355 (solvência).
e) 18,1345 (solvência); 18,3298 (solvência); 15,5369 (solvência).

160/225
Gabarito
1. Resposta: B.

161/225
Gabarito
2. Resposta: D.

162/225
Gabarito
3. Resposta: A.

163/225
Gabarito
4. Resposta: C.

164/225
Gabarito
5. Resposta: E.

165/225
Unidade 7
Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais

Objetivos

Aprender a calcular e interpretar o fluxo das variáveis


empresariais, base do modelo dinâmico, sendo que
esse fluxo é composto por:
1. Capital de giro próprio (CDGP);
2. Longo prazo.
3. Capital circulante líquido (CCL);
4. Necessidade líquida da capital de giro (NLCG).
5. Tesouraria.

166/225
Introdução
Nos Temas 5 e 6. foram estudados modelos
1. Modelo de michel fleuriet –
que auxiliam na análise global das empre-
modelo dinâmico
sas, pois as análises individualizadas dos
indicadores, apesar de relevantes, trazem O modelo dinâmico, conhecido por mode-
uma dificuldade maior quando se pretende lo Fleuriet, nasceu no ano de 1975, ocasião
fazer uma análise simultânea, da situação em que seu autor, Michel Fleuriet, ao minis-
de liquidez, de endividamento/estrutura de trar aulas para executivos brasileiros, per-
capital e de lucratividade/rentabilidade. cebeu que havia um entendimento equivo-
Neste tema, vamos conhecer o chamado cado sobre o conceito de capital de giro.
modelo dinâmico, que tem por objetivo for-
necer uma visão completa sobre a situação
das empresas, sob a óptica da necessidade
de capital de giro organizacional.

167/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
De acordo com o referido autor (FLEURI-
Para saber mais ET, 2016), muitas companhias brasileiras
cometiam um erro terrível. Seus executi-
De acordo com o Instituto Brasileiro de Executivos
vos acreditavam que, como a necessidade
de Finanças, “O Modelo Fleuriet é um olhar dife-
de capital de giro varia no curto prazo, ela
rente sobre as demonstrações financeiras de uma
poderia ser financiada com dívidas de cur-
empresa. Este modelo é uma abordagem não só
to prazo. Isso poderia funcionar muito bem
de análise do desempenho econômico-financeira
em países onde se pode facilmente renovar
da empresa, mas também uma forma inteligente
o financiamento de curto prazo, seja porque
de administrar uma empresa com foco na susten-
os bancos emprestam para empresas, como
tabilidade financeira e econômica de curto e lon-
na Europa, ou porque há um mercado finan-
go prazo”.
ceiro grande e líquido, como nos Estados
Unidos – onde a empresa tem maior acesso
a crédito e, portanto, indicadores de liqui-
dez não sejam tão relevantes como no Bra-
sil.
De acordo com Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003,
p. 7), “para uma melhor compreensão do
168/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
modelo [...] as contas do ativo e do passivo eração da empresa cria uma neces-
devem ser consideradas em relação à reali- sidade de aplicação permanente de
dade dinâmica das empresas”. Para isso, foi fundos”.
necessário reclassificar o ativo e passivo cir- 2. A segunda variável destacada pelos
culante, passando a ter uma nova abertura, autores Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003,
em ativo/passivo errático (ou financeiro) e p. 11) é a denominada capital de giro
cíclico (operacional). (CDG). O capital de giro é calculado
A partir da reclassificação do ativo e pas- pelas contas de passivo permanente
sivo circulante, foi possível estabelecer três (patrimônio líquido mais passivo não
variáveis de análise dinâmica para o mod- circulante) menos ativo não circulan-
elo, quais sejam: te. Pela lógica do modelo, parte dos
recursos permanentes da empresa
1. A primeira variável, chamada de ne-
deve ser utilizada para financiar a ne-
cessidade de capital de giro (NCG), é
cessidade de capital de giro.
calculada deduzindo do ativo opera-
cional os valores do passivo operacio- 3. A terceira variável destacada pelos
nal. Para os autores, “quando, no ciclo autores Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003,
financeiro, as saídas de caixa ocorrem p. 13), o saldo de tesouraria (ST), é a
antes das entradas de caixa, a op- diferença entre o ativo financeiro e o
169/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
passivo financeiro. Saldo de tesouraria no tema de estudo nº 8, de fluxo das
negativo aumenta o risco de insolvên- variações da necessidade líquida de
cia das empresas. Aumentos do saldo capital de giro. Para os autores, as con-
negativo da tesouraria são denomina- tas de provisões devem ser analisadas
dos pelos autores de “efeito tesoura” de forma separada, assim como CDG
(FLEURIET; KEHDY; BLANC, 2003, p. é melhor analisado se for aberto em
38). CDG (próprio) e longo prazo. Assim,
Diversos trabalhos já foram escritos utili- Olinquevitch e de Santi Filho (2004, p.
zando o modelo dinâmico como metodolo- 134) classificam as contas do balanço
gia de análise. Alguns deles trouxeram con- patrimonial em cinco grandes grupos
tribuições de melhoria. Dentre eles, desta- e os chamam de variáveis empresar-
cam-se: iais. São eles: necessidade líquida de
capital de giro (NLCDG), tesouraria,
1. Olinquevitch e de Santi Filho (2004)
longo prazo, despesas provisionadas
contribuíram para a melhoria do mod-
e capital de giro (CDG). Para o desen-
elo desenvolvendo duas metodologias
volvimento desta aula, as contas de
de análise. A primeira delas é denom-
provisão são parte constante do ativo/
inada de fluxo das variáveis empresar-
passivo operacional e compõem: ati-
iais, e a segunda, que será detalhada
170/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
vo financeiro = caixa e equivalentes de Figura 38 – Balanço reclassificado padrão

caixa + aplicações financeiras; passivo ATIVO PASSIVO


financeiro = empréstimos e financia- Circulante Circulante
mentos. Desta forma, o balanço re- Ativo Financeiro Passivo Financeiro
classificado padrão utilizado para as Empréstimos e
análises desta aula ficou assim, con- Disponibilidades Financiamentos
forme demonstra a Figura 38. Ativo Operacional Passivo Operacional
Créditos Fornecedores
Estoques Outros
Outros
Não Circulante Passivo Não Circulante
Realizável a Longo
Prazo Patrimônio Líquido
Permanente
Investimentos
Imobilizado
Intangível
Total do Ativo Total do Passivo
Fonte: elaborada pelo autor

171/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
A Figura 39 destaca o modelo padrão uti-
lizado para a análise do fluxo das variáveis
empresariais.
Para saber mais Figura 39 – Modelo padrão – variáveis empresariais
Indicações de livros e artigos sobre o modelo
Variáveis Empresariais
Fleuriet.
(+) CDGP (Patrimônio Líquido – Ativo
Permanente)
(+) Longo Prazo (Passivo não Circulante –

Link Ativo Realizável a Longo Prazo)


(=) Total (CCL) ou CDG ... Ativo Circulante –
SILVA, P.C.; TOALDO, A.; FRANCO JÚNIOR, A.M.; Passivo Circulante
CURSINO, M. Análise dinâmica do capital de giro: (-) NLCG (Ativo Operacional – Passivo
Estudo de casos do setor de saneamento. ADM- Operacional)
PG, 2016 (=) Tesouraria ... Ativo Financeiro – Passivo
Financeiro
Fonte: adaptada de Olinquevitch e de Santi Filho (2004, p. 147)

172/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
• A análise do modelo proposto pelos Figura 40 – Estruturas e classificações

autores é interessante porque começa Tipo CCL NLCG Tesouraria Situação


a partir da análise das variações de I (+) (−) (+) Excelente
longo prazo, objetivando conhecer o II (+) (+) (+) Sólida
montante de recursos de longo prazo III (+) (+) (−) Insatisfatória
destinados à operação, ou à necessi- VI (−) (−) (+) Alto Risco
dade de recursos de curto prazo para V (−) (−) (−) Muito Ruim
IV (−) (+) (−) Péssima
financiar investimentos de longo pra-
Fonte: adaptada de Marques e Braga (1995, p.56)
zo;
• Trabalho dos autores Marques e Bra-
ga (1995, p. 56) também é relevante
Link
MARQUES, J. A. V. C.; BRAGA, R. Análise
porque amplia para seis as possibili-
dinâmica do capital de giro: o modelo fleuriet.
dades de tipos de estruturas de balan-
Revista de Administração de Empresas, São
ço e situação financeira das empresas,
Paulo, v. 35, n. 3, p. 49-63. maio/jun. 1995.
a partir do modelo dinâmico. A Figura
40 traz essas diferentes estruturas e
como ocorrem as referidas classifica-
ções.
173/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
Conforme destaca a Figura 41, é possível As empresas que se encontram no tipo II são
separar os tipos de estruturas de balanço aquelas que possuem CCL positivo e uma
em dois grandes grupos. O primeiro deles, NLCG também positiva, porém seus recur-
composto pelos tipos I, II e III, cujo capital sos excedentes de longo prazo superam a
circulante líquido (CCL) é positivo, e o se- NLCG, dando condições de manter uma te-
gundo grupo, composto pelos tipos IV, V e souraria também positiva, demonstrando
VI, cujo capital circulante líquido é negativo. uma situação de solidez.
CCL positivo significa dizer que a empresa
possui recursos excedentes de longo prazo Empresas que se encontram no tipo III são
para financiar suas operações de curto pra- classificadas como situação insatisfatória,
zo. CCL negativo significa dizer que a em- pois possuem CCL positivo e uma NLCG
presa precisa e recursos de curto prazo para também positiva, porém a NLCG é superior
financiar suas decisões de investimentos de ao CCL, gerando uma tesouraria negativa,
longo prazo. ou seja, a empresa precisa de captar recur-
sos de curto prazo para honrar seus com-
De acordo os autores, o tipo I representa
empresas que se encontram numa situação promissos.
de excelência, pois possuem um CCL posi- Empresas que se encontram numa situação
tivo e uma NLCG negativa, resultando num de alto risco (tipo VI) são aquelas empre-
saldo positivo de tesouraria. sas que possuem CCL negativo e uma NLCG
174/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
também negativa. Porém, a NLCG negativa to prazo para honrar seus compromissos de
é superior ao CCL negativo, gerando uma curto prazo e também para financiar parte
tesouraria positiva. dos seus ativos de longo prazo.
Empresas que se encontram numa situação
muito ruim (tipo V) são aquelas empresas 2. Companhia exemplo
que possuem CCL negativo e uma NLCG
Retomando as informações da Companhia
também negativa. Porém, a NLCG negati-
Exemplo, o balanço reclassificado da referi-
va é inferior ao CCL negativo, gerando uma
da empresa é apresentado na Figura 41:
tesouraria também negativa, ou seja, a em-
presa precisa captar recursos de curto pra-
zo para honrar seus compromissos de curto
prazo.
Empresas que se encontram numa situação
péssima (IV) são aquelas empresas que pos-
suem CCL negativo e uma NLCG positiva,
gerando uma tesouraria negativa, ou seja, a
empresa precisa de captar recursos de cur-

175/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
Figura 41 – Balanço reclassificado – Companhia Exemplo

Fonte: elaborada pelo autor

Aplicando o modelo para a Companhia Exemplo, temos os seguintes resultados, demonstrados


por:

176/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
Figura 42 – Resultados

Fonte: elaborada pelo autor

De acordo com as informações apresentadas, com pequenas variações entre os exercícios, a


Companhia Exemplo manteve uma situação de solidez, resultado de uma CCL positiva, superior
à NLCG, também positiva, gerando uma tesouraria positiva, ou seja, mantendo recursos exce-
dentes em caixa.

177/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
Glossário
CDGP: Capital de giro próprio.
NLCG: Necessidade líquida de capital de giro.
CCL: Capital circulante líquido.

178/225 Unidade 7 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais
?
Questão
para
reflexão
A Companhia Tema 7 apresentou as seguintes informações,
demonstradas na Figura 43.
Figura 43 – Demonstrações financeiras da Companhia Tema 7t

Fonte: elaborada pelo autor

179/225
?
Questão
para
reflexão
Com base nas informações apresentadas, calcule, para os três exercí-
cios, o fluxo das variáveis empresariais e, de acordo com o modelo de
Marques e Braga, avalie a situação da empresa.

180/225
Considerações Finais

A análise dinâmica das empresas, por meio do fluxo das variáveis empresariais,
permite avaliar a situação de determinada Companhia num determinado perí-
odo, dentro de seis situações possíveis, quais sejam:
• situação de excelência;
• situação de solidez;
• situação insatisfatória;
• situação de alto risco;
• situação muito ruim;
• situação péssima.

181/225
Referências

FLEURIET, M.; KEHDY, R.; BLANE, G. O modelo fleuriet: a dinâmica financeira das empresas
brasileiras. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
MARQUES, J.A.V.C.; BRAGA, R. Análise dinâmica do capital de giro: o modelo fleuriet. Revista de
Administração de Empresas. São Paulo, v. 35, n. 3, p. 49-63, maio./jun. 1995. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rae/v35n3/a07v35n3.pdf>. Acesso em: 31 out. 2016.
OLINQUEVITCH, J.L.; DE SANTI FILHO, A. Análise de balanços para controle gerencial. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.

182/225 Unidade 4 • Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade


Questões
A Companhia VL7 apresentou as seguintes informações:

Com base nas informações acima, calcule, para os exercícios 20X2, 20X1 e
20X0, respectivamente, e assinale a alternativa correta:

183/225
Questão 1
1. O capital de giro próprio:

a) 56.257; 44.723; 33.744.


b) 16.751; 29.685; 48.078.
c) 127.761; 183.600; 195.494.
d) 71.504; 138.877; 161.750.
e) 111.010; 153.915; 147.416.

184/225
Questão 2
2. Capital circulante líquido:

a) 56.257; 44.723; 33.744.


b) 16.751; 29.685; 48.078.
c) 127.761; 183.600; 195.494.
d) 71.504; 138.877; 161.750.
e) 111.010; 153.915; 147.416.

185/225
Questão 3
3. Necessidade líquida de capital de giro:

a) 56.257; 44.723; 33.744.


b) 16.751; 29.685; 48.078.
c) 127.761; 183.600; 195.494.
d) 71.504; 138.877; 161.750.
e) 111.010; 153.915; 147.416.

186/225
Questão 4
4. Tesouraria:

a) 56.257; 44.723; 33.744.


b) 16.751; 29.685; 48.078.
c) 127.761; 183.600; 195.494.
d) 71.504; 138.877; 161.750.
e) 111.010; 153.915; 147.416.

187/225
Questão 5
5. Análise a situação da empresa com base na metodologia de Marques e
Braga:

a) Situação de excelência.
b) Situação de solidez.
c) Situação insatisfatória.
d) Situação de alto risco.
e) Situação muito ruim.
f) Situação péssima.

188/225
Gabarito
1. Resposta: E.

189/225
Gabarito
2. Resposta: C.

190/225
Gabarito
3. Resposta: A.

191/225
Gabarito
4. Resposta: D.

5. Resposta: B.

De acordo com a metodologia de análise de Marques e Braga, a Companhia apresentou, nos


três exercícios, uma situação de solidez, devido às três variáveis (CCL, NLCG e Tesouraria) serem
positivas.
192/225
Gabarito

Tipo CCL NLCG Tesouraria Situação


I (+) (−) (+) Excelente
II (+) (+) (+) Sólida
III (+) (+) (−) Insatisfatória
VI (−) (−) (+) Alto Risco
V (−) (−) (−) Muito Ruim
IV (−) (+) (−) Péssima

193/225
Unidade 8
Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital
de Giro (NLCG)

Objetivos

Aprender a calcular e interpretar as variações da necessidade


líquida de capital de giro (NLCG). Compõem a análise das varia-
ções da NLCG:
1. Ciclo financeiro.
2. Prazo médio de cobrança.
3. Prazo médio de estoques.
4. Prazo médio de outras contas do ativo operacional.
5. Prazo médio de pagamento a fornecedores.
6. Prazo médio de outras contas do passivo operacional.

194/225
Introdução

No tema anterior, foi abordado o modelo 1. Análise das variações da ne-


dinâmico, metodologia que permite com- cessidade líquida de capital de
preender a dinâmica do capital de giro nas giro
empresas. Essa dinâmica é melhor compre-
endida por meio da análise do fluxo das va- Olinquevitch e de Santi Filho (2004) desen-
riáveis empresariais. Os referidos estudos volveram uma metodologia interessante de
foram enriquecidos com o trabalho de Mar- análise do modelo Fleuriet. Para os autores,
ques e Braga, que destaca seis situações as contas de provisões devem ser avaliadas
possíveis de avaliação situacional das em- de forma separada, assim como CDG é mel-
presas. Nesta última etapa do curso, vamos hor analisado se for aberto em CDG (próprio)
compreender melhor a dinâmica das varia- e longo prazo. Assim, Olinquevitch e de Santi
ções da necessidade líquida de capital de Filho (2004, p. 134) classificam as contas do
giro. balanço patrimonial em cinco grandes gru-
pos e os chamam de variáveis empresariais.
São eles: necessidade líquida de capital de
giro (NLCDG), tesouraria, longo prazo, des-
pesas provisionadas e capital de giro (CDG).
Para o desenvolvimento desse módulo, as

195/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
contas de provisão são parte constante do Figura 44 – Balanço reclassificado padrão

ativo/passivo operacional e compõem: ati- ATIVO PASSIVO


vo financeiro = caixa e equivalentes de caixa Circulante Circulante
+ aplicações financeiras; passivo financeiro Ativo Financeiro Passivo Financeiro
= empréstimos e financiamentos. Dessa Empréstimos e
forma, o balanço reclassificado padrão uti- Disponibilidades Financiamentos
lizado para as análises deste tema ficou es- Ativo Operacional Passivo Operacional
tabelecido conforme a Figura 44: Créditos Fornecedores
Estoques Outros
Outros
Não Circulante Passivo Não Circulante
Realizável a Longo
Prazo Patrimônio Líquido
Permanente
Investimentos
Imobilizado
Intangível
Total do Ativo Total do Passivo
Fonte: elaborada pelo autor

196/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
Além da metodologia de análise do fluxo das variáveis empresariais, os autores também desen-
volveram uma metodologia de análise de variação dos fluxos das NLCDGs. Resumidamente, as
variações das NLCDGs são explicadas pelas variações do ciclo financeiro, o que representa as
variações dos prazos médios de recebimentos e pagamentos. Tal análise está representada no
demonstrativo do fluxo das NLCGs na Figura 45.
Figura 45 – Demonstrativo do fluxo das NLCGs

Demonstrativo do Fluxo das NLCGs


Receita Líquida
NLCG

Variação Percentual da Receita Líquida


Variação Percentual da NLCG

Quanto seria a NLCG considerando apenas a variação da Receita Líquida?


Diferença entre a NLCG estimada e a NLCG real

Ciclo Financeiro
Alterações nas Políticas Financeiras

197/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
Demonstrativo do Fluxo das NLCGs
Prazo Médio de Cobrança
Variação do Prazo Médio de Cobrança

Prazo Médio de Estoques


Variação do Prazo Médio de Estoques

Prazo Médio Outras contas do Ativo Operacional


Variação do Prazo Médio das Outras contas do AO

Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores


Variação do Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores

Prazo Médio outras contas do Passivo Operacional


Variação do Prazo Médio das Outras contas do PO
Fonte: elaborada pelo autor

198/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
Figura 46 – Demonstrativo do fluxo das NLCGs

199/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
200/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
Fonte: elaborada pelo autor

A metodologia enfatiza que, se não houver mudanças nas políticas da empresa relacionadas à
gestão das contas do ativo e passivo operacional, tais como políticas de concessão de prazo
de pagamento aos clientes, políticas de gestão de estoques e políticas de relacionamento com
fornecedores, as variações quantitativas da necessidade líquida de capital de giro de um ano
para outro, devem acompanhar as variações da receita. Contudo, na prática, percebe-se que não
raramente as variações no ciclo financeiro ocorrem. A Figura 46 destaca as fórmulas de cada
variável do demonstrativo.
201/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
2. Companhia exemplo

Retomando as informações da Companhia Exemplo, o balanço reclassificado da referida empre-


sa é apresentado na Figura 47:
Figura 47 – Balanço patrimonial reclassificado

Fonte: elaborada pelo autor

202/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
Aplicando o modelo para a Companhia trado. Essa diferença, de R$182.282 mil, é
Exemplo, temos os seguintes resultados, explicada pelas variações ocorridas no ci-
demonstrados pela Figura 48. clo financeiro, resultados das variações dos
Analisando os resultados do demonstra- prazos médios.
tivo do fluxo das NLCGs, da Companhia
Exemplo, dos exercícios de 20X1 e 20X0,
percebe-se que a receita líquida reduziu
7,08%, passando de R$3.659.309 mil em
20X0 para R$3.400.194 mil em 20X1. En-
tretanto, a necessidade líquida de capital
de Giro (NLCG) aumentou 9,99%, passan-
do de R$R$1.067.844 mil em 20X0 para
R$1.174.523 mil em 20X1. Se a variação da
NLCG tivesse acompanhado a variação das
receitas, a NLCG de 20X1 seria de R$992.241
mil e não R$1.174.523 mil conforme regis-

203/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
Figura 48 – Demonstrativo do fluxo das NLCGs

Fonte: elaborada pelo autor

204/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
O ciclo financeiro da Companhia, em 20X0, operacional contribuiu com R$32.977,45
foi de 105,05 dias. Em 20X1, o ciclo financei- mil na variação total da NLCG. Essa varia-
ro foi de 124,35 dias, ou seja, esse aumento ção é resultado do aumento do prazo mé-
ocorrido no ciclo financeiro representou um dio, passando de 13,92 dias em 20X0 para
aumento de R$182.292,94 mil na NLCG. 17,41 dias em 20X1.
O prazo médio de cobrança contribuiu com O prazo médio das outras contas do passivo
R$66.701,37 mil na variação total da NLCG. operacional contribuiu com R$31.228,85
Essa variação é resultado do aumento do mil na variação total da NLCG. Essa varia-
prazo médio, passando de 114,76 dias em ção é resultado da redução do prazo médio,
20X0 para 121,82 dias em 20X1. passando de 37,33 dias em 20X0 para 34,02
O prazo médio de estoques contribuiu com dias em 20X1.
R$51.750,28 mil na variação total da NLCG. Por outro lado, o prazo médio de pagamen-
Essa variação é resultado do aumento do to a fornecedores contribuiu com uma re-
prazo médio, passando de 44,02 dias em dução de R$365, 11 mil na variação total da
20X0 para 49,50 dias em 20X1. NLCG. Essa variação é resultado do aumen-
O prazo médio das outras contas do ativo to do prazo médio, passando de 30,32 dias
em 20X0 para 30,36 dias em 20X1.

205/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
Mesma análise pode ser feita comparando- ocorridas novamente no ciclo financeiro, re-
-se os exercícios de 20X2 e 20X1. Analisan- sultantes das variações dos prazos médios.
do os resultados do demonstrativo do flu- O ciclo financeiro da Companhia, em 20X1,
xo das NLCGs, da Companhia Exemplo, dos foi de 124,35 dias. Em 20X2, o ciclo finan-
exercícios de 20X2 e 20X1, percebe-se que a ceiro foi de 137,34, ou seja, esse aumento
receita líquida sofreu nova queda, dessa vez ocorrido no ciclo financeiro representou um
de 19,44%, passando de R$3.400,194 mil aumento de R$98.800,48 mil na NLCG.
em 20X1 para R$2.739.132 mil em 20X2.
Em 20X2, a necessidade líquida de capital O prazo médio de cobrança contribuiu
de giro (NLCG) também reduziu 11,03%, com R$105.700,01 mil na variação total da
passando de R$R$1.174.523 mil em 20X1 NLCG. Essa variação é resultado do aumen-
para R$1.044.974 mil em 20X2, mas foi uma to do prazo médio, passando de 121,82 dias
redução inferior à variação das receitas. Se em 20X1 para 137,34 dias em 20X2.
a variação da NLCG tivesse acompanhado a O prazo médio de estoques contribuiu com
variação das receitas, a NLCG de 20X2 se- R$61.231,36 mil na variação total da NLCG.
ria de R$946.196 mil e não R$1.044.974 Essa variação é resultado do aumento do
mil conforme registrado. Essa diferença, prazo médio, passando de 49,50 dias em
R$98.778 mil é explicada pelas variações 20X1 para 57,54 dias em 20X2.

206/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
O prazo médio das outras contas do ativo
operacional contribuiu com R$68.231,36
mil na variação total da NLCG. Essa varia-
ção é resultado do aumento do prazo mé-
dio, passando de 17,41 dias em 20X1 para
26,38 dias em 20X2.
Link
DA SILVA, P.C.; FRANCO JÚNIOR, A.M.; TOALDO
Por outro lado, o aumento dos prazos A.; CURSINO, M.S. O modelo Fleuriet: análise
médios das contas do passivo operacional dinâmica do capital de giro aplicada no setor de
contribuiu para a redução de R$136.278 mil aviação civil. ENANGRAD, 2016
na variação total da NLCG.

207/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
Glossário
Ciclo financeiro: também conhecido como ciclo de caixa, é o tempo entre o pagamento a for-
necedores e o recebimento das vendas. Quanto maior o poder de negociação da empresa com
fornecedores, menor o ciclo financeiro.
Prazo médio cobrança: representa quanto tempo, em média, a empresa demora a receber de
seus clientes suas vendas.
Prazo médio de pagamento a fornecedores: representa quanto tempo, em média, o fornecedor
demora a receber da empresa suas vendas.

208/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
?
Questão
para
reflexão
A Companhia Tema 8 apresentou as seguintes informações, de-
monstradas na Figura 49.
Figura 49 – Demonstrações financeiras da Companhia Tema 8

Fonte: elaborada pelo autor

209/225
?
Questão
para
reflexão
Com base nas informações apresentadas, calcule, para os três exer-
cícios, o fluxo das variações das NLCGs e explique referidas variações.

210/225
Considerações Finais
A análise dinâmica das empresas, por meio da análise das variações das NL-
CGs, permite avaliar o motivo do crescimento ou redução da necessidade de
capital de giro, por meio das variações dos prazos médios, quais sejam:
• Prazo médio de cobrança;
• prazo médio de estoques;
• prazo médio das outras contas do ativo operacional;
• prazo médio de pagamento a fornecedores;
• prazo médio de pagamento das outras contas do passivo operacional.

211/225
Referências

FLEURIET, M.; KEHDY, R.; BLANE, G. O modelo fleuriet: a dinâmica financeira das empresas
brasileiras. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
OLINQUEVITCH, J.L.; DE SANTI FILHO, A. Análise de balanços para controle gerencial. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.

212/225 Unidade 8 • Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG)
Questões
A Companhia VL8 apresentou as seguintes informações:

Com base nas informações acima, calcule, para os exercícios 20X2, 20X1 e
20X0, respectivamente, e assinale a alternativa correta:

213/225
Questão 1
1. O ciclo financeiro:

a) 40,76; 18,62; 10,71.


b) 18,72; 10,58; 8,32.
c) 18,79; 12,46; 16,55.
d) 7,98; 8,52; 34,25.
e) 33,17; 22,14; 47,53.

214/225
Questão 2
2. Prazo médio de cobrança:

a) 40,76; 18,62; 10,71.


b) 18,72; 10,58; 8,32.
c) 18,79; 12,46; 16,55.
d) 7,98; 8,52; 34,25.
e) 33,17; 22,14; 47,53.

215/225
Questão 3
3. Prazo médio de estoques:

a) 40,76; 18,62; 10,71.


b) 18,72; 10,58; 8,32.
c) 18,79; 12,46; 16,55.
d) 7,98; 8,52; 34,25.
e) 33,17; 22,14; 47,53.

216/225
Questão 4
4. Prazo médio de pagamento a fornecedores:

a) 40,76; 18,62; 10,71.


b) 18,72; 10,58; 8,32.
c) 18,79; 12,46; 16,55.
d) 7,98; 8,52; 34,25.
e) 33,17; 22,14; 47,53.

217/225
Questão 5
5. Prazo médio das outras contas do passivo operacional:

a) 40,76; 18,62; 10,71.


b) 18,72; 10,58; 8,32.
c) 18,79; 12,46; 16,55.
d) 7,98; 8,52; 34,25.
e) 33,17; 22,14; 47,53.

218/225
Gabarito

219/225
Gabarito
1. Resposta: A.

220/225
Gabarito
2. Resposta: E.

221/225
Gabarito
3. Resposta: B.

222/225
Gabarito
4. Resposta: D.

223/225
Gabarito
5. Resposta: C.

224/225

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