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CONTABILIDADE APLICADA AO TERCEIRO SETOR

Klaus Xavier de Oliveira.

Vitória (ES), 12 de novembro de 2019.


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CONTABILIDADE APLICADA AO TERCEIRO SETOR

As opiniões ou interpretações do presente trabalho são de inteira


responsabilidade do autor e NÃO representam necessariamente a
interpretação da CRC-ES/CFC.

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CONTABILIDADE APLICADA AO TERCEIRO SETOR

Currículo resumido e metodologia prevista:

Klaus Xavier de Oliveira - CRC: 11.491/O-5 - sócio da A.C.A. Auditoria e


Consultoria; contador pela Faculdade de Ciências Humanas de Aracruz;
pós-graduado em Auditoria de Negócios pela Universidade Federal do
Espírito Santo; Bacharel em Direito pelo Centro Universitário do Espírito
Santo; co-autor do livro “Sustentabilidade das ONGs”; e ex-docente na
Universidade Federal do Espírito Santo. Integrante do Conselho Fiscal do
Instituto João XXIII - Vitória. Auditor Contábil (CNAI nº 1.207) Perito
Contábil (CNPC nº 1.215).

Metodologia: Aula expositiva. Com utilização de apresentação em power


point, com apresentação de exemplos e exercícios. O debate e discussão
entre os participantes também é considerado.

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Conceitos

1º Setor: ESTADO (Questões Sociais);

2º Setor: MERCADO (Questões individuais)

3º Setor: ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS


(Questões de Caráter público e social)

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Conceitos e informações Terceiro Setor

Alguns dados:

• Contribuem com o PIB em 1,4% (estimativa via dados IPEA/IBGE), ou R$ 32 bilhões.

• De 2006 a 2010: O Número de fundações privadas e associações sem fins lucrativos


cresceu 16,8%; passando de 276 mil para 338 mil.
Fonte: IBGE.

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Conceitos e informações Terceiro Setor

Formas de constituição:

• Associações: União de pessoas (at. 53 do C.C);

• Fundações: Constituídas por bens livres do doador (Fundador)


(art. 62 do C.C)
Vela pelas Fundações o Ministério Público (Art. 66 do C.C)

• Termo “ONG”: Utilizado de forma inapropriada. Nem toda organização privada não
lucrativa é uma ONG: Clubes esportivos e recreativos, movimentos sociais, entidades
ecumênicas, etc.

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Conceitos e informações Terceiro Setor.

As Entidade de Interesse Social:

• Sem finalidade de lucros;

• Não distribuição dos seus resultados;

• Atua em benefício da sociedade;

• Atividades sociais: (art. 2º Lei 8.742/93 – Lei orgânica da Assistência Social): Proteção à
família, infância, adolescência e à velhice. Saúde, Educação. Etc.

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Conceitos e informações Terceiro Setor;

Entidade Beneficente de Entidade de TERCEIRO


Assistência Social SETOR

Utilidade
Pública
Abrangência mais
restrita/ ausência da
assistência social.
Assistência
Social

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Identificação das Principais Normas Contábeis Aplicadas ao Terceiro Setor.

Norma Assunto Vigência


Res. 750/93 Princípios Fundamentais de Contabilidade Em vigor com alterações ou
Revogados?
NBC T 3 Conceito Conteúdo Estrutura Demonstrações Revogada 2010
Contábeis
NBC T 6 Divulgação das DC’s Revogada em 2010
NBC T 4 Aspectos Contábeis entidades diversas Revogada em 2012
:Fundações
NBC T 10.18 Aspectos Contábeis Entidades Sindicais Revogada em 2012

NBC T 10.19 Aspectos Contábeis Entidades sem finalidade Revogada em 2012


lucrativa
NBC TG 07 Subvenção e assistência Governamentais Em vigor

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Identificação das Principais Normas Contábeis Aplicadas ao Terceiro Setor.

Norma Assunto Vigência


ITG 2002 critérios e procedimentos específicos R1 – em Vigor
de avaliação, de reconhecimento das
transações e variações patrimoniais, de
estruturação das demonstrações
contábeis e as informações mínimas a
serem divulgadas em notas explicativas
de entidade sem finalidade de lucros
NBC TG 07 SUBVENÇÃO E ASSISTÊNCIA R1 – Em Vigor.
GOVERNAMENTAIS
NBC TG 1000 CONTABILIDADE PARA PEQUENAS E R1 – Em vigor
MÉDIAS EMPRESAS

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Identificação das Principais Normas Contábeis Aplicadas ao Terceiro Setor.

Norma Assunto Vigência


ITG 2000 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL R1 - Em Vigor

NBC TG Estrutura Conceitual Em Vigor

NBC TG 25 PROVISÕES, PASSIVOS CONTINGENTES E R1 - Em Vigor


ATIVOS CONTINGENTES

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1.1 - Isenção e Imunidade;

Imunidade

A imunidade decorre de norma constitucional, que impõe vedações de


diversas naturezas ao Poder Público, no que diz respeito à instituição,
majoração, tratamento desigual, cobrança de tributos, entre outras
limitações.

A Constituição Federal, em seu Art. 150, estabelece a seguinte vedação:


“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
VI – instituir impostos sobre: (...)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei”.
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Isenção e Imunidade

Isenção

A isenção é a inexigibilidade temporária do tributo, muito embora previsto


em lei e com a ocorrência do fato gerador. A isenção diferencia-se da
imunidade.
A imunidade tem caráter permanente, somente podendo ser mudada com
a alteração da Constituição Federal, enquanto a isenção é temporária, ou
seja, já na sua concessão, pode-se delimitar prazo de vigência e decorre
de lei. Na imunidade, não ocorre o fato gerador da obrigação tributária,
diferentemente da isenção, onde ele ocorre, mas a lei torna o crédito
inexigível.

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Isenção e Imunidade

E na prática podem surgir dúvidas ?

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Principais aspectos contábeis (Gerais)

Princípios Contábeis (RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93).

- A Resolução 750/93 foi revoga em 2016

- Os Princípios Contábeis foram então revogados?

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Principais aspectos contábeis (Gerais)

NBC TG Estrutura Conceitual (RESOLUÇÃO CFC N.º 1.374/11)

Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório


Contábil-Financeiro.

. Esta Estrutura Conceitual estabelece os conceitos que fundamentam a


elaboração e a apresentação de demonstrações contábeis destinadas a
usuários externos.

Características qualitativas da informação contábil-financeira útil

QC4. Se a informação contábil-financeira é para ser útil, ela precisa ser


relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. A
utilidade da informação contábil-financeira é melhorada se ela for
comparável, verificável, tempestiva e compreensível.
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Principais aspectos contábeis (Gerais)
Princípios Contábeis para NBC TG Estrutura Conceitual

Correspondência:

Estão dispostos ao longo do texto da estrutura conceitual.

É indispensável que o profissional consulte tal norma tendo como base para todos
os registros.

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- FIM DA PARTE 1 -

18
- PARTE 2 -

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ITG 2002 – Aspectos Específicos

A entidade sem finalidade de lucros pode ser constituída sob a natureza jurídica
de fundação de direito privado, associação, organização social, organização
religiosa, partido político e entidade sindical.

A entidade sem finalidade de lucros pode exercer atividades, tais como as de


assistência social, saúde, educação, técnico-científica, esportiva, religiosa,
política, cultural, beneficente, social e outras, administrando pessoas, coisas,
fatos e interesses coexistentes, e coordenados em torno de um patrimônio com
finalidade comum ou comunitária.

Aplicam-se à entidade sem finalidade de lucros os Princípios de Contabilidade


e esta Interpretação. Aplica-se também a NBC TG 1000 – Contabilidade para
Pequenas e Médias Empresas ou as normas completas (IFRS completas)
naqueles aspectos não abordados por esta Interpretação.

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ITG 2002 – Aspectos Específicos

8. As receitas e as despesas devem ser reconhecidas, respeitando-se o


princípio da Competência. (Alterado pela ITG 2002 (R1))

As doações e as subvenções recebidas para custeio e investimento devem ser


reconhecidas no resultado, observado o disposto na NBC TG 07 – Subvenção
e Assistência Governamentais.

9A. Somente as subvenções concedidas em caráter particular se


enquadram na NBC TG 07. (Incluído pela ITG 2002 (R1))

9B. As imunidades tributárias não se enquadram no conceito de


subvenções previsto na NBC TG 07, portanto, não devem ser reconhecidas
como receita no resultado. (Incluído pela ITG 2002 (R1))

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ITG 2002 – Aspectos Específicos

Os registros contábeis devem evidenciar as contas de receitas e despesas, com e


sem gratuidade, superávit ou déficit, de forma segregada, identificáveis por tipo de
atividade, tais como educação, saúde, assistência social e demais atividades.

Enquanto não atendidos os requisitos para reconhecimento no resultado, a


contrapartida da subvenção, de contribuição para custeio e investimento, bem
como de isenção e incentivo fiscal registrados no ativo, deve ser em conta
específica do passivo.

As receitas decorrentes de doação, contribuição, convênio, parceria, auxílio e


subvenção por meio de convênio, editais, contratos, termos de parceira e outros
instrumentos, para aplicação específica, mediante constituição, ou não, de fundos,
e as respectivas despesas devem ser registradas em contas próprias, inclusive as
patrimoniais, segregadas das demais contas da entidade.

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ITG 2002 – Aspectos Específicos

Os benefícios concedidos pela entidade sem finalidade de lucros a título de


gratuidade devem ser reconhecidos de forma segregada, destacando-se aqueles
que devem ser utilizados em prestações de contas nos órgãos governamentais.

A entidade sem finalidade de lucros deve constituir provisão em montante


suficiente para cobrir as perdas esperadas sobre créditos a receber, com base
em estimativa de seus prováveis valores de realização e baixar os valores
prescritos, incobráveis e anistiados.

O valor do superávit ou déficit deve ser incorporado ao Patrimônio Social. O


superávit, ou parte de que tenha restrição para aplicação, deve ser reconhecido
em conta específica do Patrimônio Líquido.

O benefício concedido como gratuidade por meio da prestação de serviços deve


ser reconhecido pelo valor efetivamente praticado.

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ITG 2002 – Aspectos Específicos

Os registros contábeis devem ser segregados de forma que permitam a


apuração das informações para prestação de contas exigidas por entidades
governamentais, aportadores, reguladores e usuários em geral.

A dotação inicial disponibilizada pelo instituidor/fundador em ativo monetário ou


não monetário, no caso das fundações, é considerada doação patrimonial e
reconhecida em conta do patrimônio social.

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ITG 2002 – Aspectos Específicos

O trabalho voluntário, inclusive de membros integrantes dos órgãos da


administração, no exercício de suas funções, deve ser reconhecido pelo valor
justo da prestação do serviço como se tivesse ocorrido o desembolso
financeiro. (Alterado pela ITG 2002 (R1))

Aplica-se aos ativos não monetários a Seção 27 da NBC TG 1000, que trata da
redução ao valor recuperável de ativos e a NBC TG 01, quando aplicável.

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Trabalho voluntário

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Reconhecimento de Trabalho Voluntário.

LEI Nº 9.608, DE 18 DE FEVEREIRO DE 1998

art. 1o Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não
remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza
ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos,
culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à
pessoa. (Redação dada pela Lei nº 13.297, de 2016)

Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem


obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim.

Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de


adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço
voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício.

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Reconhecimento de Trabalho Voluntário.

LEI Nº 9.608, DE 18 DE FEVEREIRO DE 1998

Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas


que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias.
Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar
expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço
voluntário.

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Reconhecimento de Trabalho Voluntário.

LEI Nº 9.608, DE 18 DE FEVEREIRO DE 1998

Atenção: Quanto aos riscos da não formalização do


termo de adesão.

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Reconhecimento de Trabalho Voluntário. Despesa:
3.1.4.05 Trabalho Voluntário

Passivo:
2.1.5.01.05 Trabalho Profissional
Voluntário

5.1.2 Obtenção de Serviços


Voluntários (receita)

30
Reconhecimento de Trabalho Voluntário.

31
Reconhecimento de Trabalho Voluntário.

32
Reconhecimento de Trabalho Voluntário.

33
Reconhecimento de Trabalho Voluntário.

34
Reconhecimento das Gratuidades

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10 - Os registros contábeis devem evidenciar as contas de receitas e despesas,
com e sem gratuidade, superávit ou déficit, de forma segregada, identificáveis
por tipo de atividade, tais como educação, saúde, assistência social e demais
atividades;

24 - Na Demonstração do Resultado do Período, devem ser destacadas as


informações de gratuidade concedidas e serviços voluntários obtidos, e
divulgadas em notas explicativas por tipo de atividade.

Divulgação

27 - As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas


explicativas que contenham, pelo menos, as seguintes informações:
(a) contexto operacional da entidade, incluindo a natureza social e econômica
e os objetivos sociais;
(b) os critérios de apuração da receita e da despesa, especialmente com
gratuidade, doação, subvenção, contribuição e aplicação de recursos;

36
Vejamos um exemplo:

37
Vejamos um exemplo:

38
Vejamos um exemplo:

39
Reconhecimento de Receitas e Despesas com restrição

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3.541 – ITG 2002 – Aspectos Específicos

Reconhecimento de Receitas

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Reconhecimento de Receitas (Subvenção)

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2.1.4.01 Subvenções 4.1.1.02 Subvenções

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Importante:

- Rec. Inicial:

Ativo x Passivo.

- Rec. Subsequente:

- Despesas x Baixando Ativo;

- Receitas x Debitando Passivo.

Observe que Ativo X Passivo/ Receita e Despesa, apresentam sempre valores


proporcionais. Até finalizarem, tendo efeito Zero.

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Importante:

- Resultado Zero: Motivos;

- Apropriações e Provisões após o reconhecimento inicial.

- Conciliação.

45
Importante: Reconhecimento inicial

Ativo Passivo
simultaneamente

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Importante: Reconhecimento subsequente (utilização recursos)

Para
Ativo Despesas

Para
Passivo Receitas

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Fim da parte 2

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Parte 3

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PASSIVOS CONTINGENTES

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3 – Principais aspectos contábeis (Gerais)
3.4 – NBC TG 25 PROVISÔES PASSIVOS CONTINGÊNTES E ATIVOS CONTINGENTES

- Provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos.

-Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos,


cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos da entidade capazes
de gerar benefícios econômicos.

Passivo contingente é:

uma obrigação possível que resulta de eventos passados e cuja existência será
confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos
não totalmente sob controle da entidade; ou
uma obrigação presente que resulta de eventos passados, mas que não é
reconhecida porque:
não é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos
seja exigida para liquidar a obrigação; ou o valor da obrigação não pode ser
mensurado com suficiente confiabilidade.

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2 – Principais aspectos contábeis (Gerais)

3.4 – NBC TG 25 PROVISÔES PASSIVOS CONTINGÊNTES E ATIVOS CONTINGENTES

Reconhecimento Passivo Contingente


Perda Provável Perda Possível Perda Remota
Divulga em Nota
Reconhece no Passivo e Despesa Explicativa. Nem reconhece
Divulga em Nota Explicativa Quantificando Passivo Nem Divulga.

E para contingências Ativas ???

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3 – Principais aspectos contábeis (Gerais)

NBC TG PROVISÔES PASSIVOS CONTINGÊNTES E ATIVOS CONTINGENTES

Exemplo:

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3 – Principais aspectos contábeis (Gerais)

NBC TG PROVISÔES PASSIVOS CONTINGÊNTES E ATIVOS CONTINGENTES

Exemplo:

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Teste de Recuperabilidade Ativos

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Teste de Recuperabilidade Ativos

Critérios:

Valor justo

Um ou outro ou os 2

Valor em uso

Obtenho o

Valor Recuperável
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3.5 – ITG 2002 – Aspectos Específicos

Teste de Recuperabilidade Ativos

Importante: Formalizar todos os testes realizados, contendo as premissas


utilizadas e sua justificativa.

27.10 Se existir indicação de que um ativo pode ter sofrido desvalorização,


isso pode indicar que a entidade deveria revisar a vida útil remanescente, o
método de depreciação (amortização) ou o valor residual do ativo e ajustá-lo
de acordo com a seção desta Norma que seja aplicável ao ativo (por exemplo,
a Seção 17 – Ativo Imobilizado

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Atenção às notas explicativas:
- Gratuidades
- Trabalho voluntário
- Recursos com restrição
- Teste de impairment.

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Além de observar as normas e suas especificidades:

- Elaborar e Formalizar um bom contrato de prestação de serviços;

- Formalizar também a carta de responsabilidade.

Resolução CFC nº 1.457/13

59
Muito obrigado.

Klaus Xavier de Oliveira ∴

Contatos:

klaus.verve@gmail.com

klaus@acaconsultoria.com.br

27 98847-9393.

27 3324-2450.

Linkedin: Klaus Xavier.


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