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1.

Introdução
O conhecimento cultural e organizacional de uma empresa é relevante para que o
administrador modele ou remodele a sua administração, no intuito de melhorar o seu
desempenho, tornando a empresa competitiva elevando desta forma, as barreiras à
entrada de novos concorrentes.

O capital de giro precisa de acompanhamento permanente, pois está continuamente


sofrendo o impacto das diversas mudanças enfrentadas pela empresa e corresponde aos
recursos aplicados em ativos circulantes, que se transformam dentro do ciclo de
operações da empresa e quando essas operações não são bem administradas a empresa
pode parar de funcionar.

Assim, neste capítulo, trataremos das técnicas e estratégias de gestão do capital de giro e
do ativo circulante. Primeiro, abordar-se-á a respeito dos fundamentos do capital de giro
líquido e, em seguida, demonstraremos o ciclo de conversão de caixa. O restante do
capítulo tratará da administração de estoques, das contas a receber e dos recebimentos e
pagamentos no contexto do ciclo de conversão de caixa.

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2. Capital de giro e administração de ativo circulante

2.1. Fundamentos do capital de giro líquido


O balanço patrimonial da empresa fornece informações, de um lado, sobre a estrutura de
seus investimentos, e, de outro, sobre a estrutura de suas fontes de financiamento. As
estruturas escolhidas devem levar consistentemente à maximização do valor do
investimento dos proprietários na empresa.

2.1.1 Administração financeira de curto prazo


Entre os principais componentes da estrutura financeira de uma empresa estão o nível
do investimento em ativo circulante e o de financiamento com passivo circulante. Nas
indústrias norte -americanas, o ativo circulante responde por cerca de 40% do ativo
total; o passivo circulante representa aproximadamente 26% do financiamento total.
Portanto, não deve surpreender que a administração financeira de curto prazo — a
gestão do ativo e do passivo circulante — seja uma das atividades mais importantes e
que mais consome tempo do administrador financeiro. Um estudo com empresas
listadas na Fortune 1000 revelou que mais de um terço do tempo dedicado à
administração financeira é gasto com a gestão do ativo circulante e cerca de um quarto
com a gestão do passivo circulante.

O objetivo da administração financeira de curto prazo é gerenciar cada elemento do


ativo circulante (estoques, contas a receber, caixa e títulos negociáveis) e de seu passivo
circulante (contas a pagar a fornecedores, despesas e empréstimos bancários a pagar)
para atingir um equilíbrio entre rentabilidade e risco que contribua positivamente para o
valor da empresa. Este capítulo não trata do nível ótimo de ativo circulante e passivo
circulante que se deve ter. Essa questão está em aberto na literatura de finanças. Aqui,
começaremos abordando o capital de giro líquido para tratar da relação básica entre
ativo circulante e passivo circulante e, depois, usaremos o ciclo de conversão de caixa
para tratar dos principais aspetos da administração do ativo circulante. No capítulo
seguinte, abordar’se’a a administração do passivo circulante.

2.1.2. Capital de giro líquido


O ativo circulante, comumente chamado de capital de giro, representa a porção do
investimento que circula, de uma forma para outra, na condução normal dos negócios.
Esse conceito abrange a transição recorrente de caixa para estoques, destes para os

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recebíveis e de volta para o caixa. Na qualidade de equivalentes de caixa, os títulos
negociáveis também são considerados parte do capital de giro. (GITMAN, 2009)

O passivo circulante representa o financiamento de curto prazo de uma empresa, uma


vez que inclui todas as dívidas vincendas (isto é, a pagar) em um ano ou menos. Essas
dívidas normalmente abrangem valores devidos a fornecedores (contas a pagar),
funcionários e governo (despesas a pagar), além de bancos (empréstimos bancários),
entre outros.

Como vimos no Capítulo 8, o capital de giro líquido é normalmente definido como a


diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante de uma empresa. Quando o
ativo circulante supera o passivo circulante, a empresa tem capital de giro líquido
positivo. Quando o primeiro é inferior ao segundo, tem -se capital de giro líquido
negativo.

A conversão dos estoques para recebíveis e destes para caixa fornece os recursos para
pagar o passivo circulante. As saídas de caixa do passivo circulante são relativamente
previsíveis. Ao incorrer em uma obrigação, a empresa sabe quando será devido o
pagamento correspondente. Mais difíceis de prever são as entradas de caixa — a
conversão do ativo circulante em formas mais líquidas. Quanto mais previsíveis as
entradas de caixa, menor o capital de giro líquido necessário. Como a maioria das
empresas é incapaz de conciliar com certeza as entradas e as saídas de caixa, costumam
manter um ativo circulante mais do que suficiente para cobrir as saídas associadas ao
passivo circulante. De modo geral, quanto maior a margem pela qual o ativo circulante
supera o passivo circulante de uma empresa, maior sua capacidade de pagar as contas à
medida que se tornem devidas

2.2. Ciclo de conversão de caixa


Entender o ciclo de conversão de caixa de uma empresa é essencial para a administração
financeira de curto prazo. Esse ciclo fornece as bases para a discussão da administração
do ativo circulante, tanto neste capítulo quanto na discussão da administração do
passivo circulante do Capítulo 15. Aqui, começaremos pela demonstração do cálculo e
da aplicação do ciclo de conversão de caixa

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2.2.1 Cálculo do ciclo de conversão de caixa
O ciclo operacional (CO) de uma empresa é o período de tempo que vai do começo do
processo de produção até o recebimento de caixa resultante da venda do produto
acabado. O ciclo operacional abrange duas principais categorias de ativo de curto prazo:
estoque e contas a receber. É medido em tempo decorrido por meio da soma da idade
média do estoque (IME) e do prazo médio de recebimento (PMR).

CO=IME + PMR

Entretanto, o processo de produção e venda de um produto também inclui a compra a


prazo de insumos de produção (matérias -primas), resultando em contas a pagar a
fornecedores. Estas reduzem o número de dias de recursos de uma empresa
comprometidos com o ciclo operacional. O tempo até a quitação das contas a pagar a
fornecedores, medido em dias, é o prazo médio de pagamento (PMP). O ciclo
operacional menos o prazo médio de pagamento é chamado de ciclo de conversão de
caixa (CCC) e representa o prazo pelo qual os recursos da empresa ficam aplicados. A
fórmula do ciclo de conversão de caixa é

CCC=CO – PMP

Substituindo a relação da Equação 14.1 na Equação 14.2, podemos ver que o ciclo de
conversão de caixa tem três componentes principais, como mostra a Equação 14.3: (1)
idade média do estoque, (2) prazo médio de recebimento e (3) prazo médio de
pagamento.

CCC=IME+ PMR – PMP

Evidentemente, se a empresa alterar qualquer um desses períodos, afetará o valor dos


recursos comprometidos com a operação rotineira da empresa.

Exemplo:

A MAX Company, fabricante de pratos descartáveis, tem vendas anuais de $ 10


milhões, custo das mercadorias vendidas de 75% das vendas e compras que
correspondem a 65% do custo das mercadorias vendidas. A idade média dos estoques
(IME) é de 60 dias, o prazo médio de recebimento (PMR) de 40 dias e o prazo médio de
pagamento (PMP) de 35 dias. Logo, o ciclo de conversão de caixa da MAX é de 65 dias
(60 + 40 – 35). A Figura abaixo apresenta o ciclo de conversão de caixa da MAX

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Company em uma linha de tempo. Os recursos investidos pela MAX nesse ciclo de
conversão de caixa (supondo- se um ano de 365 dias) são:

Linha do tempo do ciclo de de conversão de caixa da MAX company

Tempo = 0 100 dias


Ciclo operacional

Venda de
Compra de produtos Recebimentos
matéria-prima acabado de contas
a prazo Idade média a prazo Prazo médio de a receber
do estoque (IME) recebimento (PMR)
60 dias 40 dias

Entrada
Prazo médio Pagamento a de caixa
de pagamento fornecedores Ciclo de conversão
(PMP) de caixa (CCC)
35 dias 65 dias
Saída caixa
Tempo
O ciclo operacional da MAX company é de 100 dias e o seu ciclo de conversão de caixa
de 65 dias

Estoques = ($ 10.000.000 × 0,75) × (60/365) =$


1.232.877

+ Contas a receber = ( 10.000.000 × 40/365) = 1.095.890

– Contas a pagar a fornecedores = (10.000.000 × 0,75 × 0,65) × (35/365) = 467.466

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= Recursos aplicados $
1.861.301

Quaisquer alterações de prazo alterarão os recursos comprometidos com as operações.


Por exemplo, se a MAX pudesse reduzir em cinco dias o prazo médio de recebimento
de contas a receber, reduziria a linha de tempo de conversão de caixa e, com isso, o
valor dos recursos investidos nas operações. Para a MAX, uma redução de cinco dias no
prazo médio de recebimento reduziria os recursos investidos no ciclo de conversão de
caixa em $ 136.986 [$ 10.000.000 × (5/365)].

2.2.2. Estratégias de gestão do ciclo de conversão de caixa


Algumas empresas estabelecem uma meta para o ciclo de conversão de caixa e, então,
monitoram e gerenciam o ciclo efetivo para aproximá -lo dessa meta. Um ciclo de
conversão de caixa positivo, como vimos no exemplo anterior da MAX Company,
significa que a empresa usa passivos negociados (como empréstimos bancários) para
sustentar seus ativos operacionais. Os passivos negociados apresentam um custo
explícito, de modo que a empresa beneficia- se ao minimizar o seu uso para manter
ativos operacionais. Em termos simples, o objetivo é minimizar a duração do ciclo de
conversão de caixa, o que minimiza os passivos negociados. Esse objetivo pode ser
realizado por meio das seguintes estratégias:

1. Girar o estoque o mais rapidamente possível, sem faltas que resultem em vendas
perdidas.
2. Cobrar as contas a receber o mais rapidamente possível sem perder vendas por
conta de técnicas de cobrança muito agressivas.
3. Gerir os prazos de postagem, processamento e compensação para reduzi- los ao
cobrar dos clientes e prolongá- los ao pagar fornecedores.
4. Quitar as contas a pagar a fornecedores o mais lentamente possível, sem
prejudicar o rating de crédito da empresa.

O restante deste capítulo e o seguinte tratarão das técnicas usadas para implementar
essas quatro estratégias.

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3. Conclusão
Chegado a reta final do trabalho, concluímos que a visão do autor permite afirmar que o
tema abordado possui importância fundamental na administração de uma empresa,
qualquer que seja o seu tamanho. A necessidade de administrar o capital de giro está
presente em todos os níveis, cada vez com maior peso nos resultados das empresas.

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4.Referências Bibliográficas
GITMAN, L. J. (2009). Principios da administração financeira. São Paulo: Person Education do
Brasil.

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Glossário
Termos e expressões Conceitos
Administração financeira Gestão do ativo circulante e do passivo circulante.
de curto prazo
Capital de giro Ativo circulante, representando a porção do investimento que
circula de uma forma para outra, no curso normal das
atividades da empresa
Capital de giro líquido O valor pelo qual o ativo circulante supera o passivo circulante
de uma empresa; pode ser positivo ou negativo.
Ciclo operacional (CO Prazo decorrido do início do processo de produção até a
entrada de caixa resultante da venda do produto acabado
Ciclo de conversão de O período durante o qual os recursos da empresa ficam
caixa (CCC) aplicados. É calculado subtraindo- se o prazo médio de
pagamento do ciclo operacional
Passivo circulante Representa o financiamento de curto prazo de uma empresa,
inclui todas as dívidas vincendas (isto é, a pagar) em um ano ou
menos
Rentabilidade A relação entre receitas e custos decorrentes do uso dos ativos
da empresa, tanto circulantes quanto fixos — em atividades
produtivas.
Risco (de insolvência A probabilidade de a empresa tornar- se incapaz de saldar suas
técnica) contas à medida que vencem.
Tecnicamente insolvente Diz- se da empresa que é incapaz de pagar suas contas assim

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que vencem.

APÊNDICE A – soluções dos problemas de autoavaliação


Dados básicos
Componentes Atual Proposto
Prazo medio de pagamento (PMP) 10 dias 30 dias
Prazo medio de Recebimento (PMR) 30 dias 30 dias
Idade media de estoque (IME) 40 dias 40 dias

Ciclo de conversão de caixa (CCC) = IME + PMR – PMP

CCCatual = 40 dias + 30 dias – 10 dias = 60 dias

CCCproposto = 40 dias + 30 dias – 30 dias = 40 dias

Redução do CCC 20 dias

Investimento anual no ciclo operacional = $ 18.000.000

Investimento diário = $ 18.000.000 ÷ 365 = $ 49.315

Redução do investimento de recursos = $ 49.315 × 20 dias = $ 986.300

Aumento do lucro anual = 0,12 × $ 986.300 = $ 118.356

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Índice
1.Introdução.................................................................................................................................1
2. Capital de giro e administração de ativo circulante..................................................................2
2.1. Fundamentos do capital de giro líquido.................................................................................2
2.1.1 Administração financeira de curto prazo.............................................................................2
2.1.2. Capital de giro líquido........................................................................................................2
2.2. Ciclo de conversão de caixa..................................................................................................3
2.2.1 Cálculo do ciclo de conversão de caixa...............................................................................3
2.2.2. Estratégias de gestão do ciclo de conversão de caixa.........................................................6
3. Conclusão.................................................................................................................................7
4.Referências Bibliográficas........................................................................................................8
Glossário......................................................................................................................................9
APÊNDICE A – soluções dos problemas de autoavaliação.......................................................10
Universidade Católica de Moçambique
Faculdade de Economia e Gestão

Trabalho em grupo

Gestão financeira II

Curso: Contabilidade e Auditoria, 3˚ Ano

Tema: Capital de giro e gestão de ativos circulantes

Nomes:

Maimuna Ali

Marlon Martinho

Marcelino Mambico

Michel Jeque

Docente:

Leote Banze

Beira, 26 de setembro de 2023


Agradecimentos

Durante o transcurso desta etapa da nossa vida acadêmica muitos foram os obstáculos
enfrentados para a consecução deste objetivo. E em virtude disto, muitas foram as
pessoas que contribuíram e colaboraram das mais diversas formas, seja direta ou
indiretamente, para o desfecho deste trabalho. Por isso, aqui vai o nosso sincero
agradecimento.

Primeiramente agradecer imensuravelmente a Deus por ter-nos concedido o dom da


vida, e por estar sempre no nosso caminho. Sempre a Deus, Senhor dos senhores e
Soberano, por nos fazer escolhido dentre tantos e nos tornar capaz perante eles.

Queremos endereçar nossa gratidão a nossa família, de uma forma especial aos nossos
pais, por serem a base de tudo do começo ao fim, por nos apoiarem nos momentos mais
difíceis e acreditarem no nosso potencial sempre.

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