Você está na página 1de 33

Aula 11.

Administração de Caixa

Professora Waleska Monteiro

1
Fluxo de Caixa
• O caixa é um componente do capital de giro.
Existem custos e benefícios em manter um saldo
elevado de caixa, assim como existem vantagens e
prejuízos em manter um saldo baixo.
• O caixa tem, entre outros gastos, um custo de
oportunidade. O dinheiro mantido poderia estar
aplicado em outros ativos que prometem melhores
rendimentos.
• A falta de caixa, por seu lado, reduz a capacidade
imediata de pagamento da empresa.
• Quanto menor o caixa, maior o risco da empresa
em não pagar corretamente seus compromissos,
principalmente os desembolsos imprevistos.
2
Fluxo de Caixa
• Fluxos de caixa são os recursos que transitam
(entram e saem) pelo caixa em determinado
intervalo de tempo.
• O Fluxo de Caixa Líquido mede o resultado de caixa
da empresa, sendo apurado pela soma do resultado
líquido com as despesas não desembolsáveis, como
depreciação, amortização e exaustão ou seja:

3
Razões para uma empresa manter
dinheiro disponível em caixa
• A administração de caixa visa, fundamentalmente,
manter uma liquidez imediata necessária para
suportar os desembolsos das atividades de uma
empresa.
• Por não apresentar retorno operacional atraente, o
saldo de caixa ideal deveria ser o mínimo possível.
• Uma posição extrema de caixa zero, no entanto, é
inviável na prática, já que a empresa precisa
normalmente manter certo nível de caixa para,
entre outras razões, fazer frente à incerteza
associada a seu fluxo de recebimentos e
pagamentos. 4
Razões para uma empresa manter dinheiro
disponível em caixa
Motivo de Transação
• O motivo de transação (ou negócio) é explicado pela
necessidade que uma empresa apresenta de manter
dinheiro em caixa para efetuar os pagamentos oriundos de
suas operações normais.
• Sazonalidade: por exemplo, o comércio varejista costuma
apresentar maiores saldos de caixa em determinadas
épocas, normalmente final de ano, que empresas
siderúrgicas que convivem com férias coletivas das indústrias
consumidoras.
• Ciclo operacional: empresas com ciclo financeiro mais longo,
como indústria aeronáutica, costumam apresentar
necessidades de caixa maiores que aquelas de ciclo mais
curto. 5
Razões para uma empresa manter dinheiro
disponível em caixa
• Em verdade, a falta de sincronização verificada
entre os momentos dos recebimentos e dos
vencimentos dos compromissos é que determina a
demanda por caixa pelas empresas.
• O motivo de transação tem por finalidade cobrir as
necessidades de caixa geradas pelos negócios
normais da empresa.
Motivo Precaução
• O motivo de transação prevê a presença certa de
dispêndios na atividade normal de uma empresa; a
incerteza descrita está associada às datas
(momentos) e aos valores de seus fluxos de caixa.6
Razões para uma empresa manter dinheiro
disponível em caixa
• É comum ocorrerem certas despesas imprevistas e
extraordinárias nos negócios empresariais
(variações inesperadas nas rendas e nos preços de
alguns fatores de produção, insolvência de clientes
e outras contingências), e, quanto maior for o saldo
de caixa para enfrentar essas exigências monetárias
inesperadas, tanto maior será a margem de
segurança de atuação da empresa.
• O motivo de precaução visa manter caixa com o
objetivo de atender a necessidades de pagamentos
eventuais e imprevistas.
7
Razões para uma empresa manter dinheiro
disponível em caixa
Motivo Especulação
• O motivo de especulação, refere-se por exemplo, ao
aproveitamento de oportunidades especulativas em
relação a certos itens não monetários (estoques,
normalmente), desde que a empresa acredite numa
valorização atraente de seus preços, pode justificar
maiores investimentos de caixa.
• Diversas oportunidades de investimentos atraentes
costumam surgir de forma não prevista sem dar
tempo para a empresa buscar financiamento no
mercado. Estas oportunidades somente podem ser
aproveitadas com caixa. 8
Ciclo de caixa e controle de seu
saldo
• Ciclo operacional é o período identificado desde
a compra da matéria-prima (ou mercadoria) até a
venda e recebimento do produto vendido.
• O ciclo financeiro (de caixa) identifica as
necessidades de recursos da empresa que
ocorrem desde o momento do pagamento aos
fornecedores até o efetivo recebimento das
vendas realizadas.
• O Ciclo de Caixa representa, em outras palavras o
tempo em que a empresa deve selecionar fontes
de financiamento para sustentar seu ciclo
operacional 9
Ciclo de caixa e controle de seu saldo

10
Ciclo de caixa e controle de seu saldo
Prazos Meses
Prazo Médio de Estocagem de Matérias-primas 3,0 meses
Prazo Médio de Fabricação 1,0 mês
Prazo Médio de Venda (Estocagem de Produtos Acabados) 1,0 mês
Prazo Médio de Cobrança das Vendas a Prazo 2,0 meses
Ciclo Operacional 7,0 meses

Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores de Matérias-primas 2,0 meses


Ciclo Financeiro (de Caixa) 5,0 meses

11
Ciclo de caixa e controle de seu saldo
• Na ilustração considerada, as necessidades de
financiamento da empresa ocorrem desde o
momento do pagamento das compras de insumos
até o do recebimento das vendas realizadas, o que
representa seu ciclo de caixa.

Maximização de Giro de Caixa


• Para saber qual é o giro do caixa, basta dividir o
resultado do ciclo de caixa por 12 meses ou 365
dias:

12
Ciclo de caixa e controle de seu saldo
• O giro de caixa serve para saber o número de vezes
que o caixa de uma empresa gira (se renova) num
determinado período (mês, trimestre, semestre, dias,
etc.).
• Para o exemplo considerado, o giro de caixa da
empresa é igual a 2,4 ou seja, os recursos alocados em
disponibilidades revezam-se 2,4 vezes no período
(ano).
• A maximização do giro de caixa, que pode ser
alcançada por uma gradativa redução do ciclo de
caixa, determina menores necessidades de recursos
monetários no disponível. É uma medida de eficiência
na administração de caixa de uma empresa. 13
Estratégias de Controle do Saldo de Caixa
• As medidas de controle que podem ser acionadas
para uma eficiente administração de caixa que
podem ser classificação em dois grupos: medidas
do caixa e medidas da empresa.
• As medidas do caixa podem incluir maior dinamização nos
recebimentos de clientes, mediante contatos com os
bancos com que a empresa trabalhe, visando à agilização
na liberação dos cheques recebidos; emissão e entrega
mais rápida de títulos representativos das vendas a prazo
(faturas e duplicatas); melhor adequação e controle das
datas de recebimentos e pagamentos; maior controle no
registro dos valores a receber, evitando-se, entre outras
consequências, extravios de títulos ou preenchimentos
equivocados, os quais poderão retardar suas liquidações
14
ou dificuldades de localização
Estratégias de Controle do Saldo de Caixa
• As medidas da empresa envolvem alterações
diretas (e, muitas vezes, relevantes) nos outros
ativos circulantes. Por exemplo, uma diminuição do
prazo de produção (com a introdução de técnicas e
processos mais dinâmicos e eficiente traria como
consequência de uma elevação no giro de caixa,
conforme visto, menor demanda pela moeda.
• Evidentemente, reduzindo-se o prazo de produção,
os recursos são imobilizados por um tempo menor,
o que determina uma antecipação na realização dos
produtos de venda (entradas de caixa

15
Float
• O termo float refere-se a um montante de cheques
emitidos, mas que não foi debitada (sacados) na
conta corrente bancária. Em outras palavras, float
é o intervalo de tempo que vai desde a emissão do
cheque até sua efetiva liquidação financeira pelo
banco.
• Float são recursos pagos pelo devedor mas que
ainda não foram recebidos (creditados) pelo credor
do pagamento. Quanto maior o float, mais elevado
se apresenta o prazo de recebimento da empresa.

16
Saldo mínimo de caixa
• Objetivo de manter um saldo mínimo de caixa é o de
permitir que a empresa possa corretamente:
– Saldar seus compromissos
– Financiar a presente falta de sincronização
– Motivo negócios da empresa
– Especulação
• Já as entradas e saídas de caixa motivadas por
decisões de investimento permanente, captações de
longo prazo e outras que não participam da gerência
diária do caixa não costumam ser regulares. Ou seja, o
saldo do caixa não é continuamente influenciado por
essas decisões e ocorrem normalmente em intervalos
mais esporádicos e irregulares que os apresentados
no ciclo financeiro operacional. 17
Saldo de Caixa pelo Ciclo Financeiro
• Um critério mais simples e bastante utilizado na
prática baseia-se no ciclo de caixa (financeiro) da
empresa, determinando o saldo mínimo com base
na identidade:

• Os desembolsos totais de caixa representam todos


os dispêndios de caixa previstos no ciclo
operacional da empresa no período.

18
Saldo de Caixa pelo Ciclo Financeiro

• No critério de cálculo do saldo mínimo de


caixa não se incorporou ainda a variável
incerteza. Isto é, o caixa mínimo necessário foi
obtido sem levar conta, como é típico ocorrer,
a incerteza e os riscos associados aos fluxos
financeiros operacionais de entradas e saídas.
• É importante frisar que, em condições de
inflação, o valor apurado deverá ser
periodicamente corrigido em função da queda
do poder de compra da moeda.
19
Saldo de Caixa pelo Ciclo Financeiro
• Ajustes sugeridos no modelo:
– trabalhar com horizontes de tempo mais curtos na fixação do
saldo mínimo de caixa. Com isso, podem-se avaliar com maior
frequência no exercício os resultados efetivamente obtidos,
ajustando-os a uma nova situação;
– ao apresentar a empresa uma acentuada sazonalidade
operacional, o giro de caixa e, consequentemente, seu saldo
mínimo podem ser obtidos para cada um desses intervalos
típicos. Procura-se, com isso, diluir a dispersão desses valores
ao longo do tempo;
– em contextos de inflação, principalmente quando os índices
gerais de preços variam mais acentuadamente, é
indispensável que se trabalhe com resultados em moeda
constante, obtendo-se, assim, maior confiabilidade no saldo
de caixa necessário apurado etc.
20
Modelos de administração
de caixa
• Os modelos de administração de caixa visam
fundamentalmente fornecer ao administrador financeiro
condições mais científicas para definir o nível ótimo de
caixa de uma empresa.
• O modelo do lote econômico, também conhecido por
modelo de Baumol, baseia-se no critério do lote econômico
bastante utilizado na administração de estoques.
• O modelo proposto por Baumol, em linhas gerais, efetua
uma análise do custo associado à manutenção de dinheiro
em caixa, ou seja, o custo de oportunidade determinado
pelos juros que a empresa deixa de receber ao não aplicar
esses recursos em títulos negociáveis, e do custo de
obtenção do dinheiro pela conversão de títulos negociáveis
em caixa. 21
Modelos de administração
de caixa
• O modelo de Miller e Orr é probabilístico e sua
aplicação é recomendada preferencialmente para
situações de incerteza dos fluxos de caixa.
• Miller e Orr, ao contrário de Baumol, admitem que o
saldo de caixa pode ser elevado ou diminuído em
função de transações desconhecidas com
antecedência. Com isso, são estabelecidos limites
para as transferências de títulos negociáveis caixa, e
vice-versa.
• Ou seja, quando o saldo monetário de caixa atingir
determinado volume ( limite superior), os recursos
são transferidos para títulos mobiliários, ocorrendo
o inverso quando o inferior for atingido. 22
Modelos de administração de caixa

23
Projeção de necessidades de caixa -
orçamento de caixa
• Orçamento de caixa é um instrumento de
projeção das entradas e saídas de caixa para
um período futuro. Permite que se
identifiquem as necessidades de financiamento
de curto prazo da empresa, assim como
eventuais sobras de caixa para aplicações.
• A projeção das necessidades de caixa será
desenvolvida pelo levantamento de todas as
entradas e saídas de recursos previstas em
determinado período de tempo.
24
Projeção de necessidades de caixa -
orçamento de caixa
• A técnica do orçamento de caixa permite que se obtenha
maior eficiência no controle de seu saldo, obtida mediante
divisões de um período de planejamento maior em
intervalos de tempo menores (em bases mensais, por
exemplo).
• Isso permite acompanhar o nível de caixa da empresa e
efetuar os ajustes devidos tão logo ocorram os eventuais
desvios entre os valores previstos (orçados) e os valores
reais.
• O orçamento (projeção) de caixa constitui um importante
instrumento de controle da liquidez e, em sua elaboração,
a empresa deve dedicar uma atenção permanente
evitando ao máximo que surjam, de forma inesperada,
saldos insuficientes ou excessivos 25
Projeção de necessidades de caixa -
orçamento de caixa
Prazos
Descrição dos fluxos Total P1 P2 P3 P4 Pn
R$ R$ R$ R$ R$
A. Saldo Inicial de Caixa
B. Entradas Previstas de
Caixa
C. Total das Entradas mais
o Saldo Inicial (A + B)
D. Saídas Previstas de
Caixa
E. Total das Saídas
F. Saldo Líquido de Caixa
(C - E)
G. Saldo Acumulado de
Caixa

26
Projeção de necessidades de caixa -
orçamento de caixa
• É importante ressaltar, ainda, que a elaboração de
um modelo de projeção de caixa deve permitir, em
última análise, que a empresa possa antecipar-se a
eventuais necessidades futuras de recursos
(programando, desde já, opções para captar os
fundos carentes no mercado) , como também
melhor programar suas aplicações com os
excedentes de caixa que vierem a ser projetados.

27
Projeção de necessidades de caixa -
orçamento de caixa
• Exemplo
• a) Saldo de caixa existente no início do semestre: $ 1.800.
• b) Vendas previstas: $ 17.000. Espera-se que 60% desses valores
sejam recebidos no semestre, permanecendo os 40% restantes no
realizável para a liquidação no segundo semestre do ano.
• c) As compras de estoque previstas para o período atingirão $ 6.000
e serão totalmente pagas no período de planejamento.
• d) O total das despesas operacionais desembolsáveis atingirá $
3.000 no semestre.
• e) Ao final de maio, a empresa deverá pagar $ 3.000 a título de
despesas financeiras.
• f) No início de março, está previsto um aumento de capital mediante
subscrição e integralização de novas ações no valor de $ 1.000.
• g) No período (início de abril), ainda, a empresa espera receber $
800 provenientes do realizável a curto prazo.
28
Projeção de necessidades de caixa -
orçamento de caixa

29
Projeção de necessidades de caixa -
orçamento de caixa
• Como somente 60% das vendas serão
financeiramente realizadas no período, as
entradas de caixa provenientes dessas receitas
atingem, portanto, $ 10.200 (60% x $ 17.000). Os
demais valores do item A são facilmente obtidos
nas informações fornecidas.
• Dessa maneira, o total dos ingressos previstos de
caixa da empresa, somados ao saldo inicial para o
primeiro semestre de X8, é de $ 13.800.

30
Projeção de necessidades de caixa -
orçamento de caixa
• Aspectos importantes do orçamento de caixa:
• O primeiro diz respeito às eventuais faltas de sintonia
entre os momentos de ocorrência dos recebimentos e
pagamentos. Mesmo que apresente um saldo líquido
satisfatório ao final do semestre, nada impede que a
empresa possa enfrentar problemas de caixa durante o
semestre.
• Como foi observado anteriormente, uma sincronização
perfeita entre os fluxos de entrada e os de saída de caixa
é de difícil realização prática.
• Para poder detectar eventuais desequilíbrios financeiros
durante o período, é importante que a empresa divida
sua projeção semestral em bases mensais 31
Projeção de necessidades de caixa -
orçamento de caixa
• Outro ponto que merece ainda cuidadosa atenção
diz respeito à influência da inflação sobre fluxos
monetários projetados. É sabido que o fenômeno
inflacionário determina ganhos em alguns
elementos e perdas em outros.
• Dessa forma, deve a empresa avaliar os resultados
(ganhos ou perdas) inflacionários de cada um de
seus elementos de caixa, de acordo com suas
características de formação, com a finalidade de
estabelecer valores finais líquidos expressos em
moeda representativa do poder aquisitivo da
época. 32
Dúvidas – Capítulo 25 do Livro Assaf Neto –
Administração de caixa

33

Você também pode gostar