Você está na página 1de 7

Gestão de Volume,

Preço e Prazo podem impactar


no sucesso da Operação
1

SUMÁRIO
Preço x Prazo (Gestão de capital de giro) .............................................. 3

Como calcular a necessidade de capital de giro .................................... 4


3

GESTÃO DE VOLUME, PREÇO E PRAZO PODEM IMPACTAR NO SUCESSO DA


OPERAÇÃO

Preço x Prazo (Gestão de capital de giro)

Segundo relatório do Sebrae/2007, a grande maioria das empresas que


tiveram dificuldades financeiras (algumas insuperáveis) têm como causa do problema
o planejamento e a gestão do capital de giro.

Certamente, um dos aspectos mais delicados e complexos da administração


financeira das empresas é o capital de giro. Mas, antes de falarmos de capital de giro,
vamos revisitar a estrutura básica de um balanço patrimonial.

Numa linguagem bastante simplista e puramente contábil, o balanço


patrimonial é dividido em dois grandes grupos: ativo e passivo.

O ativo demonstra todos os bens e direitos da empresa, enquanto o passivo


demonstra as obrigações (com terceiros e com os sócios da empresa). Como já sabido,
os totais do ativo e passivo são sempre iguais.

Por que são sempre iguais?

Um contador dirá: “Ativo e passivo são iguais porque para cada um ou mais
débitos sempre haverá um ou mais créditos correspondentes”. Essa informação não
está incorreta, porém ela demonstra a metodologia aplicada, e não a verdadeira razão
de o ativo e o passivo apresentarem o mesmo valor.

Vamos, então, a uma leitura econômica do balanço.

O ativo, que o contador diz serem os bens e direitos da empresa, pode ser
representado como aplicações de recursos. A empresa aplica em tesouraria, estoques,
crédito (duplicatas a receber), máquinas e equipamentos, etc.

O passivo, que o contador diz serem as dívidas da empresa, pode ser


representado como as fontes de financiamento. A empresa financia-se com bancos,
fornecedores, sócios (que investiram capital e retêm lucros) e até com o governo, que
concede prazo para pagamentos dos impostos.

Você já deve ter percebido a verdadeira razão do balanço bater: todas as


aplicações demonstradas no ativo têm suas fontes demonstradas no passivo.
4

Provavelmente você não poderá identificar linha a linha as fontes de cada


aplicação, mas todos os recursos que estão demonstrados no passivo estão aplicados
no ativo da empresa.

O planejamento e a gestão dos ativos de longo prazo, ou seja, o imobilizado,


é algo razoavelmente simples.

Exemplo: para implantar uma nova unidade fabril, você, de posse da planta, faz a
cotação com alguns fornecedores a fim de ter o dimensionamento do investimento. Ao
longo do tempo, o investimento se manterá até o limite da capacidade instalada,
ponderando apenas depreciação, manutenção e/ou reposição. A grande dificuldade
está no planejamento e na gestão do capital de giro, dado seu dinamismo. É preciso
definir que trataremos o capital de giro como o conjunto de contas do curto prazo
operacional, ou seja, duplicatas (+) estoques = capital de giro. O capital de giro terá
sempre como fonte os fornecedores, também chamados de fonte natural ou não
onerosa. O resultado é chamado de capital de giro líquido.

O dimensionamento do capital de giro está diretamente relacionado aos ciclos


operacional e financeiro da empresa. Entenda como ciclo operacional a somatória dos
prazos de estocagem e de recebimento, e como ciclo financeiro o ciclo operacional (−)
prazo com os fornecedores. A dinâmica desses prazos dará a dimensão do capital de
giro.

“A administração do capital de giro (circulante) envolve basicamente as


decisões de compra e venda tomadas pela empresa, assim como suas diversas
atividades operacionais e financeiras. Nessa abrangência, coloca-se de forma nítida
que a administração do capital de giro deve garantir a uma empresa a adequada
consecução de sua política de estocagem, compra de materiais, produção, venda de
seus produtos e mercadorias e prazo de recebimento.” (ASSAF, 2003)1

Como calcular a necessidade de capital de giro

Suponha que sua empresa venda uma média diária de R$ 10.000,00 e demore 30 dias
para receber por essas vendas. Se considerarmos um mês de 30 dias, quanto ela
acumulará em média em duplicatas a receber?

1
ASSAF, Alexandre Finanças Corporativas e Valor, Ed. Atlas, 2003 p. 449
5

Resp.: Mantidas essas condições, ela sempre terá um valor parecido com R$
300.000,00 em aberto na carteira de duplicatas a receber.

Com esse raciocínio, para estimarmos o valor de duplicatas a receber


teremos:

(Faturamento bruto estimado / 360) × Prazo médio de recebimento das vendas =


Duplicatas a receber

Suponha que para o próximo ano você estime um faturamento de R$


1.500.000,00 e que o prazo médio de recebimento das vendas seja de 45 dias. Assim,
teremos:

(1.500.000 / 360) × 45 = Duplicatas a receber

4.166.67 × 45 = Duplicatas a receber

187.500 = Duplicatas a receber

Ou seja, o valor médio que você encontrará de duplicatas a receber será


de R$ 187.500,00 caso suas premissas estejam corretas.

Como o determinante é o faturamento da empresa, para estimar o valor de


estoques vamos também trabalhar com as médias.

Suponha que para um faturamento de R$ 1.500.000,00 você estime que o


custo seja de R$ 650.000,00 e que seu tempo médio de estocagem seja de 30 dias.
Assim, teremos:

(Custo / 360) × Prazo médio de renovação dos estoques = Estoques

(650.000 /360) × 30 = Estoques

1.805.55 × 30 -= Estoques

54.166,50 = Estoques

Ou seja, o valor médio que você encontrara em estoques será de R$


54.166,50 caso suas premissas estejam corretas.

Aqui então teremos um investimento médio em crédito (duplicatas a receber)


de R$ 187.500,00 e um investimento médio em estoques de R$ 54.166,50, ou seja, o
investimento médio em capital de giro será de R$ 241.666,50.
6

Resta agora verificar qual será o financiamento médio que teremos com os
fornecedores.

Mantendo a mesma lógica, em que a determinante é o faturamento,


suponha que suas projeções indiquem, para o próximo ano, que a programação de
compras seja no montante de R$ 800.000,00 e que seus fornecedores normalmente
lhe concedam 15 dias de prazo. Assim, teremos:

(Compras / 360) × Prazo médio de pagamento das compras = Fornecedores

(800.000 / 360) × 15 = Fornecedores

2.222,22 × 15 = Fornecedores

33.333,33 = Fornecedores

Verificamos então que seus fornecedores lhe financiarão em média o valor


de R$ 33.333,33 caso suas premissas estejam corretas.

Logo, se o investimento médio em capital de giro for de R$ 241.666,50, será


financiado pelo fornecedor o montante de R$ 33.333,33. Resta agora identificar as
fontes de financiamento para a diferença de R$ 208.333,17, que é o capital de giro
líquido.

Esse capital de giro líquido poderá ser financiado por terceiros (bancos) ou
por capital próprio, e sua decisão será baseada na disponibilidade do crédito e no custo
de oportunidade do capital.

Observe que, em todos os cálculos, fizemos a ressalva “caso suas premissas


estejam corretas”, para enfatizar a importância do planejamento. Suponhamos que, na
prática, seu prazo de recebimento seja de 50, e não de 45 dias como inicialmente
estimado. Qual será o efeito dessa distorção aparentemente pequena?

(1.500.000 / 360) × 50 = Duplicatas a receber

4.166.67 × 50 = Duplicatas a receber

208.333,50 = Duplicatas a receber

Ou seja, R$ 20.833,50 a mais (em média) todos os dias do ano sem que
haja uma fonte previamente identificada. Se ponderarmos pelo porte da empresa
7

(Faturamento de R$1.500.000,00), esse erro poderá gerar sérias dificuldades de fluxo


de caixa, ou uma despesa financeira não programada caso haja disponibilidade de
crédito.

Por fim, é importante enfatizar que para a empresa ter a possibilidade de um


crescimento sustentável é vital a retenção de parte dos lucros na empresa, criando
assim fontes para financiar esse crescimento.

Você também pode gostar