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Administração

Financeira e
Orçamentária
Aula 4

Objetivos, Funções e Estrutura de finanças


Objetivos, Funções e
Estruturas de finanças
James C. Van Horne economista americano
diz em seu trabalho que:

“ O objetivo de uma companhia deve ser a


criação de valor para seus acionistas.”

• O valor é representado pelo preço de


mercado da ação ordinária da companhia,
o qual, por outro lado, é uma função das
decisões de investimento, financiamento e
dividendos da empresa.
A maioria dos estudos sobre finanças tem origem nos EUA, onde as
sociedades anônimas de capital aberto são extremamente
representativas, razão por que o foco de finanças tem sido os
acionistas. A realidade brasileira é diferente, pois a quantidade e o valor
patrimonial das sociedades anônimas não tem a mesma
representatividade, e a maior parte das empresas brasileiras com fins
lucrativos constitui-se societariamente como limitada. Nesse caso, a
figura é o sócio, dono das cotas.
De qualquer forma, a palavra acionistas deve representar, além destes,
os sócios e os donos das empresas individuais. Em outras palavras:
O objetivo maior de finanças é
criar valor para seus proprietários,
sejam eles quais forem.
Objetivo de finanças: Maximização do Lucro
x Maximização da Riqueza x Criação de
Valor

O conceito de maximização do lucro como objetivo principal de


finanças é muito difundido e desde muito tempo tem sido considerado
o propósito mais importante da atividade financeira.
Contudo, é possível fazer um distinção significativa entre o conceito de
maximização do lucro e o conceito de maximização da riqueza.
Maximização do lucro

O conceito de maximização do lucro parte da equação contábil tradicional de que o lucro é


resultante das receitas menos as despesas de um período.

LUCRO DO PERÍODO = RECEITAS – DESPESAS

Apesar de ser um raciocínio lógico, esse conceito, tomado e utilizado de forma restrita, pode
não conduzir os rumos das empresas a uma situação melhor. A obtenção de um bom lucro em
um período não quer dizer que o futuro da empresa será beneficiada por isso.
• Diversas possibilidades de gestão podem levar a empresa a obter um
excelente lucro em um período, mas pode prejudicar o seu futuro.

Eventualmente, administradores das empresas, com interesses


dissociados dos acionistas, podem tomar decisões de modo a garantir
ou aumentar o resultado esperado em um período, e comprometer o
futuro da riqueza dos acionistas, por exemplo:
• Redução ou suspenção dos gastos com treinamentos e capacitação de
funcionários.
• Redução ou suspensão dos gastos com manutenção dos ativos fixos
• Redução dos gastos com desenvolvimento de novos produtos
• Redução de gastos com publicidade e promoção
• Redução ou suspensão dos investimentos em modernização do parque
operacional
• Aumento do volume de vendas por meio de descontos de preços,
aumentando o valor do lucro, mas diminuindo a lucratividade dos
produtos.
Observando os exemplos, a formula contábil-financeira do lucro restringe-se apenas
ao período em pauta, mas não remete à questão da geração de lucros futuros.
Em vista disso, decisões capazes de aumentar o lucro de um período podem
prejudicar sensivelmente a geração futura de lucros.

Podemos dizer que o conceito de maximização do lucro é um conceito que tem


aderência à visão de curto prazo, mas não permite uma gestão baseada no longo
prazo.
De modo geral, os acionistas investem pensando em dividendos recorrentes e
contínuos ao longo do tempo, dentro de uma concepção de longo prazo, razão por
que gestões de aumento de lucro no curto prazo podem estar em desacordo com as
intenções dos proprietários da empresa.
Dica do “fessor”
O CONCEITO DE MAXIMIZAÇÃO DE
LUCRO É ADERENTE À GESTÃO DE
CURTO PRAZO E PODE OCASIONAR
DISSOCIAÇÕES DE INTERESSES DOS
ADMINISTRADORES DA EMPRESA E
DE SEUS ACIONISTAS.
Maximização da
riqueza
O conceito de maximização da riqueza é o mesmo que o
de criação de valor. A criação de valor representa o
aumento da riqueza. Maximizando a riqueza, maximiza-
se a criação de valor.
A riqueza compreende o valor patrimonial de alguém ou
de uma empresa, mensurado economicamente. Inclui
todos os seus investimentos, líquidos de suas dívidas, e
os lucros gerados por esses investimentos até o
momento da mensuração da riqueza.

O valor da riqueza dos acionistas é representado nas


demonstrações financeiras pelo valor de capital próprio
ou patrimônio líquido.
Nas empresas, em termos financeiros e dentro da ótica dos acionistas,
a riqueza é o valor do capital próprio representado pelo capital
investido e os lucros retidos. Em termos contábeis, esse valor é
expresso pela figura do patrimônio líquido (PL).
Considerando o conceito de maximização da riqueza, a criação de valor
é a diferença entre o valor da riqueza no fim de um período e o valor da
riqueza no seu início.
Podemos dizer que, a criação de valor é o lucro do
período analisado. Na semântica contábil-financeira, a
diferença entre o valor do Patrimônio Líquido Final
(PLf) menos o valor do Patrimônio Líquido Inicial (PLi),
que pode ser traduzido na seguinte formula:

Criação de Valor = PLf – Pli

Nesse contexto, em vez de se obter o lucro pelo


confronto das receitas e despesas do período, obtém-
se o valor pela avaliação do patrimônio líquido da
empresa ao final o período, e ele é então confrontado
com o valor do patrimônio líquido inicial, que foi
avalizado pelo mesmo critério. Esse conceito de lucro
é denominado lucro econômico, em contraposição ao
conceito tradicional de lucro contábil.
Exemplo
Lucro Econômico x
Lucro Contábil
O conceito de lucro econômico motiva
os principais critérios de avaliação de
ações e investimentos.
O valor dos rendimentos futuros é o
que determina o valor atual do
investimento. Em outras palavras, o
valor de hoje de um investimento é o
valor dos rendimentos futuros que
esse investimento proporcionará. Essa
é a base do lucro econômico.
Exemplo
Imaginemos que um investidor tenha um imóvel pelo qual pagou
$50.000 – considerando seu patrimônio líquido inicial. Nos últimos
doze meses, ele recebeu $500 mensais de aluguel, totalizando $6.000
no período de um ano. Supondo ausência de despesas, o lucro contábil
seria os mesmo $6.000.
Lucro Contábil
Receita do ano $6.000
(-) Despesas do ano 0
Lucro do ano $6.000
Vamos supor, também que, para o próximo período, os aluguéis mensais serão de
$600 por mês. Sob a abordagem do lucro econômico, o valor da riqueza do
proprietário do imóvel são os fluxos futuros descontados a determinado custo de
capital.
Imaginando um custo de capital de 1% ao mês (equivalente ao recebimento de juros)
e considerando o rendimento mensal de $600, o valor do imóvel seria de $60.000.

Valor do imóvel sob conceito de lucro econômico


Valor do rendimento mensal esperado $600
Custo de capital do investidor 1% ao mês
Valor do imóvel com renda $60.000 ($600 : 0,01)

Nesse exemplo, o valor atual do imóvel decorre do valor do fluxo futuro das receitas
que ele irá gerar.
Com este dado, podemos calcular o lucro econômico desse patrimônio:
Lucro econômico
Valor do patrimônio líquido final $60.000
(-) Valor do patrimônio inicial $50.000
Lucro econômico do ano $10.000
O lucro contábil, como vimos, não trabalha com perspectiva de futuro.
Utiliza-se apenas dos dados do passado (receitas e custos históricos, já
acontecidos) para mensurar lucro. Dessa maneira, como objetivo de
finanças, impõe-se a utilização do conceito de lucro econômico, que é
coerente com o conceito de maximização da riqueza e criação de valor
e está voltado para as rendas futuras do investimento.
Análise Comparativa: Maximização do Lucro
x Criação de Valor
Elemento/Fator /Variável Maximização do Lucro Criação de Valor

Horizonte temporal Curto prazo Longo Prazo

Modelo de Mensuração do Lucro Lucro Contábil Lucro econômico

Elementos da Apuração do Lucro Receitas e Despesas Receitas e Despesas e Custo de Capital

Perspectiva Histórica Futura

Dados Utilizados Passados Futuros

Foco Lucro do Período Valor da Riqueza

Objetivo Resultado das Operações Atuais Resultado das Operações Futuras


Próxima aula
• Governança corporativa
• Estrutura administrativa

Bons estudos!

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