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INTRODUÇÃO À GESTÃO

FINANCEIRA
Prof. Esp. Lucas Fabricio de Souza Firmino

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1 GESTÃO FINANCEIRA
INTRODUÇÃO À

Para a Administração Financeira, o objetivo econômico das empresas


é a maximização de seu valor de mercado, pois dessa forma estará
sendo aumentada a riqueza de seus proprietários (acionistas de socie-
dades por ações e sócios de sociedades por cotas). Os proprietários de
empresas privadas esperam que seu investimento produza um retorno
compatível com o risco assumido, por meio de geração de resultados
econômicos e financeiros [...] Do ponto de vista dos acionistas, uma
empresa pode ser visualizada como um sistema que gera lucro e au-
menta os recursos nela investidos. A empresa é um sistema aberto e
dinâmico, representada por seus administradores (diretores e gerentes)
e empregados em geral, que interagem com os agentes econômicos
(clientes, fornecedores, governo etc.) do ambiente em que está inseri-
da, gera os resultados econômicos e financeiros e remunera os acionis-
tas pelo investimento realizado. (HOJI, 2017, p. 3).

Figura 1 – Visão da empresa como sistema de geração de lucro

Fonte: adaptado de Hoji (2017).

O principal objetivo de finanças foi a difusão do conceito de maximização do lucro,


de modo que este foi considerado, por muito tempo, o maior propósito de atividade
financeira. Entretanto, pode-se fazer distinção entre os conceitos de maximização do
lucro e maximização da riqueza (PADOVEZE, 2013; PADOVEZE, 2016):

• A maximização do lucro parte da equação contábil tradicional, em que o lucro é


resultante das receitas menos as despesas de um período;

• O conceito de maximização da riqueza é o mesmo de criação de valor, que repre-


senta o aumento dela, ou seja, ao se maximizá-la, o valor também é maximizado. A

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riqueza resulta do valor patrimonial de alguém ou de uma organização, mensurado
economicamente. Isso inclui todos os investimentos líquidos, seja das suas dívidas ou
de seus lucros gerados por esses investimentos, até o momento da mensuração da
riqueza.

DICA

O objetivo de uma empresa deve ser a criação de valor para seus acionistas ou proprietários
(PADOVEZE, 2013, p. 39).

1.1 ATIVIDADES EMPRESARIAIS

De acordo com Hoji (2017), as atividades de uma empresa podem ser agrupadas,
pela sua natureza, em: operações, investimentos e financiamentos:

• Atividades de operações (operacionais): sua existência se dá em função do


negócio da empresa e são operacionalizadas a fim de proporcionar retorno ade-
quado aos investimentos efetuados pelos proprietários;

• Atividades de investimentos: aqui são classificadas as atividades relativas a


aplicações de recursos de forma temporária ou permanente, dando suporte às
atividades operacionais.

• Atividades de financiamentos: refletem os impactos das decisões tomadas


sobre os modos de financiamento das atividades de operações e de investimentos.

1.2 FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, por conta disso, precisam ser
conduzidas para que se obtenha lucro. Em uma organização, as funções típicas do
administrador financeiro, segundo Hoji (2017), são:

• Análise, planejamento e controle financeiro: consiste em coordenar, monitorar


e avaliar todas as atividades da empresa, por meio de relatórios financeiros, e par-
ticipando, ativamente, das decisões estratégicas, que visão alavancar as opera-
ções. Vale ressaltar que a gestão de riscos econômicos e financeiros ganhou muita
importância nos últimos anos;

• Tomadas de decisões de investimentos: analisando a relação adequada de


risco e de retorno dos capitais investidos, diz respeito a como destinar os recursos
financeiros para que sejam aplicados em ativos correntes (circulantes) e não cor-
rentes (realizáveis a longo prazo e ativos permanentes);

• Tomadas de decisões de financiamentos: visam a captação de recursos finan-


ceiros para que se possa financiar ativos correntes e não correntes, considerando
sempre a combinação correta dos financiamentos, a curto e a longo prazos, e a
estrutura de capital.

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2 JUROS SIMPLES
Em países com economia estável, é comum a utilização de juros sim-
ples em operações com prazos de seis meses ou um ano, pois a infla-
ção, além de ser relativamente baixa, é relativamente previsível e as re-
gras do mercado financeiro não são abruptamente alteradas. O mesmo
não ocorre em países com alto nível de inflação, pois qualquer desvio
na taxa de juro esperada pode produzir diferenças significativas sobre o
resultado final da operação. No Brasil, os juros simples são comumente
utilizados em operações financeiras de curtíssimo e curto prazos (de
um dia a um mês), descontos de duplicatas e títulos, e cobranças de ju-
ros de mora. As operações financeiras indexadas em dólar são também
calculadas com taxa de juros simples (HOJI, 2017, p. 65).

SUGESTÃO

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Os juros são denominados simples quando não há a capitalização dos mesmos, ou


seja, não há cobrança de juro dos juros. O juro de um período é calculado e sobre
ele não é mais calculado juro, mesmo que o valor não seja pago. Juros simples são
aplicados, geralmente, na formação das taxas das operações financeiras ativas e
passivas de curto prazo (ASSEF NETO; LIMA, 2019, p. 66).

ATENÇÃO

Essencialmente, há dois critérios de capitalização dos juros: simples (linear) e composto


(exponencial). Apesar de juros compostos se constituírem na metodologia de cálculo mais
recomendada, o mercado financeiro de curto prazo costuma operar com taxas referenciadas
em juros simples (ASSEF NETO; LIMA, 2019, P. 66).

3 JUROS COMPOSTOS No regime de juros compostos, os juros produzidos em um período de


capitalização e não pagos são integrados ao capital constituído no iní-
cio do período seguinte, para produzirem novos juros, ou seja, incidem
os juros sobre o capital inicial e sobre os próprios juros. Esse raciocínio
parte da premissa de que a taxa de juro é expressa na unidade de
tempo correspondente ao período de capitalização, ao final do qual os
juros são pagos. Por exemplo, se a taxa de juro é expressa em período
mensal, os juros são pagos mensalmente; se é expressa em período
anual, os juros são pagos anualmente, e assim por diante. Caso os
juros não sejam pagos, eles são incorporados ao capital existente no
início do novo período de capitalização. (HOJI, 2017, p. 65).

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SUGESTÃO

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São chamados juros compostos os juros que incidem sobre o saldo acumulado (mon-
tante), assim, ocorrem juros sobre juros periodicamente. No regime de juros com-
postos, o juro ocasionado em determinada data é somado (incorporado) ao principal
e serve de base para o cálculo de juros do período seguinte (ASSAF NETO; LIMA,
2019).

SAIBA MAIS

A inflação é um fenômeno que tem a possibilidade de ocorrer em


todas as economias regidas por moeda. Como a moeda é utilizada
para mensurar o preço de bens e serviços, determinados momentos
econômicos podem fazer com que os preços inicialmente
estabelecidos subam. Quando os preços sobem, a mesma
quantidade de moeda perde poder aquisitivo (poder de compra), pois não conseguirá ser
suficiente para a compra da mesma quantidade de bens e serviços que compraria antes
da subida dos preços. Assim, a taxa de juros tende a subir se a inflação existir ou subir
(PADOVESE, 2016, p. 252).

4 FLUXO DE CAIXA
O fluxo de caixa é um esquema que representa as entradas e saídas de
caixa ao longo do tempo. Em um fluxo de caixa, deve existir pelo menos
uma saída e pelo menos uma entrada (ou vice-versa). Em uma opera-
ção financeira, ocorrem entradas e saídas de dinheiro (e vice-versa).
Um empréstimo implica receber o dinheiro (entrada de caixa) em uma
data e devolvê-lo posteriormente acrescido de juro (saída de caixa);
uma aplicação financeira implica desembolsar um valor (saída de caixa)
para recebê-lo (entrada de caixa) após algum tempo, acrescido de juro.
Essas operações podem ser representadas pelo fluxo de caixa. (HOJI,
2017, p. 76).

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Saber exatamente como está a situação financeira da nossa empresa é fundamental para o
sucesso de qualquer negócio. Por isso é preciso conhecer e utilizar o fluxo de caixa. Acesse
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Figura 2 – Representação analítica do fluxo de caixa

Fonte: Hoji (2017, p. 77).

Gerar caixa é o objetivo que suporta a missão das organizações, para trazer, finan-
ceiramente, os lucros fundamentais à remuneração do capital investido, que permite
a sua existência por tempo indeterminado. Por isso é fundamental compreender a
movimentação financeira, para que haja entendimento das operações da organização
e avaliação da viabilidade e retorno do investimento (PADOVEZE, 2013).

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É importante não confundir o fluxo de caixa com o livro caixa. O livro caixa possui uma
função de controle e organização financeira, pois nele são registrados os pagamentos
e recebimentos efetivados em dinheiro durante um certo período. Por sua vez, o fluxo
de caixa dá uma visão maior, e mais precisa, da situação econômica e financeira da
organização, porque no fluxo de caixa todas as transações financeiras envolvidas em
um negócio são levadas em conta, ou seja, também são consideradas as atividades
como investimento, financiamento, compras, despesas etc.

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5 CAPITAL DE GIRO O capital de giro é conhecido também como capital circulante e cor-
responde aos recursos aplicados em ativos circulantes, que se trans-
formam constantemente dentro do ciclo operacional. Como o próprio

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nome dá a entender, o capital de giro fica girando dentro da empresa e,
a cada vez que sofre transformação em seu estado patrimonial, produz
reflexo na Contabilidade. Até se transformar finalmente (novamente) em
dinheiro, o valor inicial do capital de giro vai sofrendo acréscimo a cada
transformação, de modo que, quando o capital retornar ao “estado de
dinheiro”, ao completar o ciclo operacional, deverá estar maior do que
o valor inicial. O estudo do capital de giro é fundamental para a adminis-
tração financeira, porque a empresa precisa recuperar todos os custos
e despesas (inclusive financeiras) incorridos durante o ciclo operacional
e obter o lucro desejado, por meio da venda do produto ou prestação
de serviço (HOJI, 2017, p. 111).

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Saber calcular a sua necessidade de capital de giro é fundamental para superar qualquer
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O capital de giro (também conhecido como capital circulante) possui papel relevante
na vida operacional da empresa, que cobre geralmente mais da metade do total seus
ativos investidos. Recebe essa nomenclatura por ficar “girando” dentro da empresa,
e, sempre que sofre mudança em seu estado patrimonial, reflete em alteração na con-
tabilidade. Administrar de maneira inadequada o capital de giro lá a sérios problemas
financeiros, podendo causar até a insolvência (SILVA; 2009).

O valor inicial do capital de giro sofre alterações a cada transformação, de modo que,
quando o capital retornar ao “estado de dinheiro”, no final do ciclo operacional, este
deverá estar maior do que o valor inicial. O capital circulante se refere aos recursos de
curto prazo da organização, geralmente aqueles que podem ser convertidos em caixa
no prazo de 1 ano, no máximo. O processo do capital de giro é fundamental na ad-
ministração financeira, pois a empresa precisa recuperar todos os custos e despesas,
incluindo os financeiros (ocorridos no transcorrer do ciclo operacional), e obter o lucro
esperado, por meio da venda dos produtos ou prestação de serviços (SILVA, 2009).

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6 RISCOS
Segundo Hoji (2017, p. 509) “o risco existe em todas as atividades empresariais. Tudo
o que é decidido hoje, visando a um resultado no futuro, está sujeito a algum grau de
risco. Somente o que já aconteceu está livre de risco, pois é um ‘fato consumado’”.

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Riscos de natureza operacional são basicamente próprios das atividades de opera-
ções, podendo ser causados por fraudes, produtos e serviços, catástrofes, falha hu-
mana, legislação etc., Hoji (2017) elenca os seguintes riscos de natureza operacional:

•Perda material (incêndio, naufrágio, inundação, terremoto, guerra, co-


lisão de veículo, roubo etc.); •responsabilidade civil (erros técnicos mé-
dicos e de auditoria financeira, acidente sofrido por terceiros em função
do mau funcionamento do equipamento etc.); •saúde, vida e acidentes
pessoais (doença dos empregados, acidente sofrido pelos executivos,
morte do empregado por imperícia etc.); •assistência técnica gratuita
(consertos de equipamentos, erro de projeto do equipamento fabrica-
do etc.); •lucros cessantes (perda de lucro em função da paralisação
das operações por incêndio, falta de matéria-prima no mercado etc.);
•crédito (falta de recebimento por inadimplência, centralização de câm-
bio etc.); •perda de mercado por obsolescência tecnológica; •gestão
ineficaz ou fraudulenta; •falta de competitividade ou de agilidade ope-
racional. (HOJI, 2017, p. 510).

DICA

Os riscos de natureza operacional podem ser evitados ou minimizados por meio de


contratação de seguros, na maioria dos casos (HOJI, 2017, p. 510).

Riscos de natureza financeira (aqui já compreendendo os riscos de natureza econômi-


ca) conseguem exercer impacto em ativos e passivos financeiros, e sobre os preços
futuros, em nível considerável e imprevisível. Podem causar grandes prejuízos finan-
ceiros. Hoji (2017) aponta os seguintes riscos de natureza financeira:

•aumento inesperado e considerável do preço da matéria-prima; •re-


dução forçada do preço de venda; •aumento ou redução inesperada
e considerável da taxa de câmbio; •aumento ou redução inesperada e
considerável da taxa de juros; •não ocorrência do aumento ou da redu-
ção da taxa de juros em nível esperado. (HOJI, 2017, p. 511).

ATENÇÃO

Os riscos de natureza financeira devem ser muito bem administrados, por exercerem impac-
tos também sobre as operações, pois o aumento dos custos de produção ou do custo finan-
ceiro é repassado aos preços e esse fator pode prejudicar as vendas (HOJI, 2017, p. 511).

CONCLUSÃO
Realizar a gestão financeira de maneira adequada garante a saúde e o sucesso da
organização. Manter o negócio lucrativo e com os compromissos em dia é o objetivo
de toda empresa. Por meio dos controles financeiros, é possível gerar e visualizar
informações úteis e confiáveis, que auxiliam na tomada de decisões para que estas
sejam tomadas de maneira correta e minimizando riscos.

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Um conceito muito importante da gestão financeira empresarial é o do capital de
giro, também chamado de capital circulante. Saber o que é e como calcular o capital
de giro que atenda às necessidades da organização é fundamental, pois a empre-
sa precisa recuperar os custos e despesas (inclusive financeiras) incorridos no ciclo
operacional e ainda obter o lucro desejado, seja por meio da venda do produto ou
prestação de serviço.

REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Curso de administração
financeira. São Paulo: Atlas, 2019.

HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentária. 12. ed. São Paulo:


Atlas, 2017.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Administração financeira: uma abordagem global. São


Paulo: Saraiva, 2016.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Introdução à administração financeira. 2. ed. São Paulo:


Cengage Learning, 2013.

SILVA, Edson Cordeiro da. Introdução à administração financeira: uma nova


visão econômica e financeira para a gestão de negócios das pequenas e médias
empresas. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

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Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
Reitora Luciane Bisognin Ceretta

Pró-Reitoria de Ensino
Graziela Amboni

Diretoria de Ensino a Distância


Almerinda Tereza Bianca Bez Batti Dias

Setor de Educação a Distância


Mariesa Toldo

PRODUÇÃO DO MATERIAL

Autor
Prof. Esp. Lucas Fabricio de Souza Firmino

Assessoria Pedagógica
Fernanda Cizescki

Design Instrucional
Amanda Kestering Tramontin
Angélica Manenti
Natassia D’Agostin Alano

Revisão
Ana Paula Dias Fernandes de Oliveira
Bruno Estevam Pereira
Emilly Estevam Machado
Vitória Lobo Gonçalves

Projeto gráfico e Diagramação


Suamy Fujita

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