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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS

CAPITULO I. Introdução ao cálculo financeiro


1.1 Conceitos básicos

Cada um de nós em determinado momento da vida, estará/esteve na condição de


mutuário, mutuante ou investidor, e nessa condição terá/teve acesso a contratos de
financiamento, contratos de seguro, planos de pensões ou qualquer outro benefício
financeiro.
É cada vez mais elevada quantidade de opções de investimento, sendo de igual forma
cada vez mais elevado a complexidade de tais investimentos.
As transacções financeiras envolvem cálculos numéricos, e, dependendo da sua
complexidade podem requerer fórmulas matemáticas. Portanto, é importante que sejam
estabelecidos princípios com base nos quais tais cálculos e fórmulas são executados.

ð O objectivo do Cálculo Financeiro consiste no desenvolvimento sistemático de


técnicas matemáticas que permitam modelizar as transacções financeiras, ou seja,
o estudo das operações financeiras e o seu tratamento matemático.

Os indivíduos, principalmente através do seu trabalho, obtêm rendimentos que vão


aplicar de dois modos:

i) Uma parte, no consumo, adquirindo os bens e serviços necessários à satisfação


das suas necessidades;
ii) A parte restante, na poupança, que pode ter dois destinos: entesouramento ou
investimento.

Se o rendimento for entesourado, mantém-se sob a forma de moeda, ou seja, capital


monetário improdutivo.
Se o rendimento for investido, o capital monetário torna-se produtivo, podendo o
investimento revestir duas formas:

i) Se for aplicado em qualquer actividade económica, produzindo um lucro (de


montante incerto), o capital monetário transforma-se em capital económico.

ii) Se for aplicado em qualquer actividade económica, produzindo um juro (de


montante certo), o capital monetário transforma-se em capital financeiro.

CÁLCULO FINANCEIRO
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Diagrama de aplicação de rendimentos:

Rendimento

Consumo Poupança

Entesouramento Investimento
( Capital Monetário ( Capital Monetário
Improdutivo) Produtivo)

Económico Financeiro
( capital económico) ( capital financeiro)

Lucro Juro

Iremos apenas analisar mais detalhadamente o investimento financeiro, mais


propriamente os processos de formação de juros.

Após esta introdução, torna-se necessário definir determinados elementos que serão
objecto de análise no decorrer desta disciplina, nomeadamente:

Juro (j): Rendimento proveniente da aplicação de um capital C0, durante um determinado


período de tempo t, a uma taxa de juro i, ou seja, a importância recebida como retribuição,
pela pessoa que cede o direito de utilização de determinado capital a outra pessoa.

Taxa de juro (i): é o acréscimo sofrido por uma unidade de capital aplicada por uma
unidade de tempo;

Valor acumulado (A(t)): é o resultado da adição do juro ao capital;

Período de capitalização: lapso de tempo ao fim do qual se adiciona o juro ao capital;

Frequência de capitalização: é o número de vezes em que anualmente se adiciona o juro


ao capital (pode ser mensal, trimestral, semestral, etc.);

Processo de capitalização: processo pelo qual um capital inicial, A(0), produz um juro
ao fim de um determinado período de tempo.

Como vimos o investimento traduz-se na aplicação de recursos monetários, na


expectativa de obter, em contrapartida, um benefício. Tratando-se de um investimento
financeiro, esse benefício é o juro.

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Para desenvolver melhor este conceito, suponhamos que determinada entidade tem a
opção de receber 1.000,00 u.m. hoje ou 1.000,00 u.m. daqui a um ano. Agindo de forma
racional, tal entidade deverá optar por receber tal recurso hoje, ao invés de postergar o
recebimento para daqui a um ano;
Mas, e se a pergunta fosse alterada para receber 1.000,00 u.m. hoje ou 1.200,00 u.m.
daqui a um ano?
Ao contrário da primeira questão, temos agora dois montantes distintos ocorrendo em
datas diferentes, o que insere certa complexidade no problema e exige algum tipo de
instrumento que nos facilite a decisão. Nesse sentido o Cálculo Financeiro pode nos
auxiliar no processo de decisão, na medida em que transforma os montantes em questão
em valores efectivamente comparáveis.
O facto de não ser possível comparar os valores acima, remete para um dos principais
objectivos da Cálculo Financeiro => estudo do valor do dinheiro no tempo.
De modo genérico, em qualquer transacção financeira intervêm 3 elementos:
i. Uma quantia monetária (capital ou ‘principal’);
ii. Período de tempo;
iii. Uma taxa de juro.

Todas as transacções financeiras devem cumprir as 3 regras da Matemática Financeira,


nomeadamente:
i. Capital>0 e Tempo>0 => Juro#0;
ii. Apenas se pode subtrair ou comparar valores monetários quando estiverem
referidos ao mesmo período de tempo;
iii. O montante de juro obtido em um dado período de tempo é obtido
multiplicando o capital investido no início do período pela taxa de juro
efectiva relativa ao mesmo período.

1.2 Caracterização do investimento financeiro

O investimento financeiro pode assumir a forma de empréstimo ou de depósito.

O depósito é o contrato mediante o qual o depositário se compromete a entregar ao


depositante a quantia depositada e ainda, a remunerá-lo através do juro.

Por seu lado os bancos vão aplicar o dinheiro dos depósitos sob a forma de empréstimos,
efectuando investimentos em empresas, em títulos do tesouro, comprando moeda
estrangeira, montando linhas de crédito no estrangeiro, etc.
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O empréstimo, que é designado juridicamente por mútuo, é o contrato mediante o qual o


devedor (ou mutuário) se compromete a devolver ao credor (mutuante ou prestamista) a
quantia emprestada e a pagar-lhe, periodicamente ou ao fim do prazo, uma remuneração,
ou seja, o juro.

1.2.1 Tipos de Empréstimos

Das várias formas que podem assumir os empréstimos vamos apenas referir aquelas sobre
as quais vamos focalizar a nossa atenção nesta disciplina.

Os empréstimos podem ser caracterizados sob duas formas, quanto à formação do juro:

I. Regime de Juros simples (RJS)


Este regime pressupõe que o juro vencido no fim de cada período “sai” do processo de
capitalização, i.e., não se adiciona ao capital inicial para o efeito de produzir novo juro
no período seguinte. Diz-se que “não há juro de juro”.

Obs: Em geral para operações financeiras realizadas em um período de tempo inferior à


1 ano, adopta-se o RJS.

Consideremos, por exemplo, um capital de 100 KZ, emprestado à taxa de juro de 10%.
Teremos, esquematicamente:

j1= 10 j2= 10 j3= 10 j4= 10

0 1 2 3 4
C=100 C=100 C=100 C=100 C=100

O juro é pago no fim de cada período de capitalização, mantendo-se inalterável o valor


do capital emprestado, ao longo do período do empréstimo.

II. Regime de Juros Compostos (RJC)

Uma operação financeira é realizada em RJC se o juro produzido em cada período de


capitalização é adicionado ao capital inicial, passando também a produzir juro no período
seguinte.

Se considerarmos o mesmo capital do exemplo anterior, emprestado à mesma taxa de


juro, mas em regime de juros compostos, teremos esquematicamente:

j1= 10 j2= 11 j3= 12,1

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0 1 2 3
C0=100 C1=C0+j1 C2=C1+j2 C3=C2+j2
C1=100+10 C2=110+11 C3=121+12,1
C1=110 C2=121 C3=121

No final do prazo do contrato de empréstimo o credor receberá a soma do capital inicial


e dos juros acumulados ao longo do período do contrato.

1. 3 Processos de Capitalização e Actualização

1.3.1 Processo de Capitalização (Factor de Capitalização e Função de Valor


Acumulado)

1.3.1.1 Função de Valor Acumulado

Em geral, na presença de uma operação de investimento o montante é descrito como


função do tempo. A titulo de exemplo, A(t) é o valor do investimento no instante t, sendo
t geralmente descrito em anos. O instante t=0 corresponde ao momento em que o
investimento é efectuado.
O montante pelo qual o investimento “cresce” do instante t1 a t2 geralmente diz respeito
ao valor do juro ganho no período, e pode ser escrito como sendo A(t2 ) - A(t1 ) .
Usando tal notação, sendo iu+1 a taxa de juro anual efectiva para o period de 1 ano, do
instante u à u+1, então
A(u + 1) = A(u)(1 + i u+1 )
ou seja,

A(u + 1) - A(u)
i u +1 =
A(u )

A partir da expressão acima verifica-se que a taxa de juro efectiva anual relativa ao
período de 1 ano é o valor do juro adquirido no ano, dividido pelo valor do investimento
no princípio do ano, ou de modo equivalente, a taxa de crescimento do investimento por
cada unidade monetária investida.

Em outras palavras:
valor do juro ganho no período
Taxadejuroefectivaanual ( para o período de 1ano) =
valor do investimento inicial
I. Função de Valor Acumulado em Regime de Juros Compostos (RJC)

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Conforme referido, neste regime os juros são incorporados no capital inicial no momento
do seu vencimento. Assim, o capital no início de cada período vai acumulando pela adição
dos juros vencidos no final do período imediatamente anterior.
A técnica de capitalização composta consiste pois, em integrar no capital, o rendimento
obtido em um período e reinvesti-los (capital e juro) simultaneamente no período
seguinte;
Seja A(0) - Capital inicial e i – taxa de juro efectiva

Para uma operação financeira realizada em n períodos, tem-se:

Após o primeiro período de capitalização:


A(1)= A(0)+ A(0)i= A(0)(1+i)

Após o segundo período de capitalização :


A(2)= A(1)+ A(1)i= A(0)(1+i)+ A(0)(1+i)i= A(0)(1 + i)2

Após o n- ésimo período de capitalização:


A(n)= A(n-1)+ A(n-1)i= …= A(0)(1 + i) n

A(n) = A(0)(1 + i)n - formula geral de capitalização no RJC

A(n) diz-se valor capitalizado de A(0). A passagem de A(0) à A(n) diz-se capitalização.

Definição: (Factor de capitalização e Função de Valor Acumulado em RJC)


Considere o investimento do capital A(0) no período [0; t ], sendo A(t) = A(0)(1+ i) t a

formula geral de capitalização em RJC, denote-se por a(t) = (1 + i) t , a(t) é designado


factor de capitalização no instante t. Por outro lado, A(t) denota o valor acumulado no
instante t, considerando A(0) como sendo o capital inicialmente investido, sendo A(t)
igualmente referido como função de valor acumulado.

II. Regime de Juros Simples (RJS)

Como foi anteriormente referido, nas operações financeiras realizadas em RJS os juros
vencidos no fim de cada período de capitalização são “retirados” , mantendo-se desta
forma o capital inicial constante, sendo igualmente constante o juro obtido em cada
período.

Seja A(0) - Capital inicial e i – taxa de juro efectiva

j1 = j2 = ! jn = A(0)i
O juro total (J) produzido em n períodos será dado por:

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J = j1 + j2 + ! + jn = A(0)* n * i
O valor acumulado A(n) = A(0) + J = A(0) + A(0)* n * i = A(0)* (1 + n * i)

A(n) = A(0)* (1 + n * i) - formula geral de capitalização em RJS.

Definição: (Factor de capitalização e Função de Valor Acumulado em RJS)

Considerando o RJS, à taxa anual efectiva i, para um investimento no período [0; t ]com
capital A(0),tem-se A(t) = A(0)(1 + it) , neste caso a(t) = (1 + it) , a(t) é designado factor
de capitalização em RJS, sendo A(t) o respectivo valor acumulado ou função de valor
acumulado .

Obs: A expressão para o cálculo de juros, quando n é referido em anos, vem:

Juros simples

J = C ´n´i
juro taxa de juro

capital prazo

Juros Compostos
[
J = C ´ (1 + i ) - 1
n
]
Exemplo:

O Sr. Smith depositou 1000 u.m. em uma conta em 1 de Janeiro de 2005. A conta
remunera com um juro, à taxa anual de 5%, à cada 31 de Dezembro. O Sr. Smith
levantou 200 u.m. em 1 de Janeiro de 2007, deposita 100 u.m. em 1 de Janeiro de 2008
e levanta 250 em Janeiro de 2010. Determine o saldo em 31 de Dezembro de 2011 após
o juro ser creditado.

1.3.1.2 Processo de Actualização (Factor de Actualização)

Seja A(n) o valor de um capital no momento n, poderá ser necessário referi-lo a um


momento anterior, por exemplo, no momento 0. Pretender-se-á então saber qual o valor
actual daquele capital, que se designa por A(0).

I. Actualização no Regime de Juros Simples (RJS)


Sendo A(n) o valor acumulado, verifica-se que A(t) = A(0)(1 + it)
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ou seja,
A(n)
A(0) =
(1 + it) - formula geral de actualização em RJS
1
- factor de actualização em RJS
(1 + it)
A(0) – valor actual ou descontado de A(n).

II. Actualização no Regime de Juros Compostos (RJC)

De forma análoga sendo A(t) = A(0)(1+ i) t


Então, ter-se-á :
A(n)
A(0) = - formulageraldeactualizacaoemRJC
(1 + i) t

1
v= - factor de actualização em RJC
(1+ i)

CAPITULO II – ESTUDO DAS TAXAS DE JURO

§2. Diferentes conceitos de taxas de juro

A taxa de juro é em geral definida como sendo um valor anual. Se o juro for creditado
anualmente, a taxa anual fixada, na forma decimal, é multiplicada pelo valor investido,
obtendo-se desta forma o valor do juro relativo ao período de 1 ano.

2.1 Taxa de juro efectiva

Na prática o juro pode ser creditado mais do que uma vez ao ano.
Considerando o Regime de Juros Compostos, considerado a taxa de juro j, o valor inicial
C0 irá capitalizar à C 0 * (1 + j ) n após n períodos (compostos).

Considerando a taxa de juro de 0.75% ao mês, com juros creditados mensalmente, o factor
de crescimento para o período de 1 ano será (1 + 0,75% ) = (1,0075) = 1,0938 . Assim
12 12

sendo 9,38% corresponderá ao ganho anual sendo designada taxa de juro efectiva anual.

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Definição 1: A taxa de juro efectiva anual obtida mediante um investimento durante 1


ano, é a percentagem correspondente a alteração do valor do investimento desde o início
ao final do ano, independentemente do que ocorrer durante os diferentes subperíodos do
ano.

2.2 Taxas de juro equivalentes

Se a taxa de juro mensal de 0,75%, anteriormente descrita, for aplicada para mais um ano,
o valor acumulado ou futuro ao fim de 2 anos será C * (1,0075% ) = C * (1,0938) . Desta
24 2

forma, verifica-se que para o numero inteiro de anos, o processo de capitalização mensal
à taxa de juro mensal de 0,75% é equivalente ao mesmo processo à taxa anual de 9,38%.
O termo ‘equivalente’ é usado no sentido de que ambas resultam no mesmo valor
acumulado.

Definição 2. (Taxas equivalentes )

Duas taxas referidas a períodos diferentes dizem-se equivalentes se quando aplicadas ao


mesmo capital inicial, por igual período de tempo, resultam no mesmo valor acumulado.

Simbolicamente diz-se que a taxa i, referente a uma unidade de tempo e a taxa ik, referente
1
a da unidade de tempo, são equivalentes se e só se
k

• No Regime de juro composto (R.J.C)

C n = C0 (1 + i) n = C0 (1 + ik ) kn Û (1 + i) n = (1 + ik ) kn
1

Û i = (1 + ik ) k - 1 Û ik = (1 + i) k - 1

• No Regime de juro simples (R.J.S)

C n = C 0 (1 + in) = C 0 (1 + knik ) Û
i
Û i = ki k Û ik =
k

• No Regime de juro simples as taxas equivalentes são proporcionais.

2.3 Taxas de juro efectivas e taxas de juro nominais

Conforme foi antes referido, a taxa de juro é estabelecida de acordo com uma unidade de

tempo básica ( por exemplo taxa de juro anual).


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Além disso estabelece-se o período de capitalização (período ao fim do qual o juro é

creditado).

Considere-se o seguinte exemplo:

Exemplo: O Ricardo recebeu um cartão de crédito com um limite de 1000 USD. O banco
emissor fixou uma taxa anual de 24%, aplicável sobre o saldo não regularizado, pagável
mensalmente. O Ricardo imediatamente fez uso do seu cartão até o limite. A primeira
informação/notificação que recebeu do banco indicava que o saldo do cartão é 1000 USD
e que não havia ainda sido imputado qualquer juro. Cada notificação subsequente incluía
o juro sobre o valor não regularizado relativa a notificação do mês anterior. O Ricardo
ignorou as notificações durante 1 ano, e não efectuou qualquer pagamento. Calcule o
valor em dívida que deverá constar da 13ª notificação.

Solucao:

Na primeira notificação deverá constar um saldo pendente de 1000, sem qualquer juro.
1
Nas subsequentes notificações mensais será aplicado um juro mensal de * 24% = 2%
12
aplicável sobre o saldo não regularizado relativo ao mês anterior.
Assim, o saldo devedor do Ricardo é capitalizado mensalmente à taxa mensal de 2%.
A interpretação da frase ‘pagável mensalmente’ é no sentido de que a taxa anual definida
deve ser dividida por 12 de modo a obter a taxa de juro relativo à 1 mês.
O saldo da 13ª notificação (12 meses após a primeira) será uma aplicação composta para
12 meses 1000 * (1,02)12 = 1268,23 = 1000 * (1 + 26,82%). A taxa de juro efectiva anual
cobrada nos 12 meses após a primeira notificação é de 26,82%. A taxa de 24% é uma taxa
de juro nominal anual e não uma taxa de juro efectiva anual.

Este exemplo ilustra que a taxa de juro nominal anual de 24% capitalizada mensalmente
é equivalente a taxa de juro efectiva anual de 26,82%.

Considere-se a aplicação de um capital, em regime de juro composto, sendo acordado


uma taxa periódica, com m capitalizações intercalares no período da taxa. Nestas
condições, a taxa acordada diz-se taxa nominal e representa-se por i (m ) .

A taxa efectivamente obtida para a capitalização nestas condições, superior a i (m ) chama-


se taxa efectiva e representa-se por i.
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Definição3: (Taxa efectiva versus Taxa Nominal)

Uma taxa de juro diz-se efectiva quando o período de capitalização coincide com a
unidade de tempo básica. Quando o período de capitalização não coincide com a unidade
de tempo básico, a taxa de juro de juro diz-se nominal.

Uma taxa de juro nominal anual capitalizada ou convertível m vezes por ano refere-se a
1
um período de capitalização de juro de anos.
m

1 taxa de juro no min al anual


Assim sendo, a taxa de juro para o período =
m m
As taxas de juro nominais são bastante comuns na prática. Elas são usadas em situações

em que o juro é creditado ou capitalizado mais de uma vez ao ano. Uma taxa de juro

nominal anual pode estar associada a qualquer período de capitalização, tal como, seis

meses, um mês, ou uma semana. De maneira a aplicar a taxa nominal anual fixada, é

necessário conhecer o número anual de períodos de capitalização de juros. No exemplo

acima o período de capitalização de juros associado é indicado na frase ‘ pagável

mensalmente’, e isto significa que o período de capitalização é mensal. Poderia também

ter sido referido da seguinte forma:

i) Taxa de juro anual de 24% capitalizada mensalmente;


ii) Taxa de juro anual de 24% convertível mensalmente, ou
iii) Taxa de juro anual de 24% convertível doze vezes por ano.

Todas estas frases indicam que a taxa anual de 24% fixada deve ser transformada em uma
1
taxa efectiva mensal que é igual a um – duodécimo da taxa anual fixada, * 0,24 = 0,02
12
. A taxa de juro efectiva para cada período de capitalização é uma fracção da taxa anual
fixada correspondente a fracção de um ano representada pelo período de capitalização de
juro.

De acordo com a noção de equivalência de taxas, a taxa nominal de 24% remete para uma
taxa de capitalização mensal de 2%. Então em t anos (12t meses) o crescimento de um

[ ]t
investimento do montante 1 será (1,02)12t = (1,02)12 = (1,2682) t .

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Sendo (1,2682)t o crescimento em t anos à taxa efectiva anual de 26,82%, comprova-se a


equivalência entre as duas taxas. O procedimento para verificar a equivalência de taxas,
consiste em converter uma das taxas ao período de capitalização da outra, usando
capitalização de juro. Para o caso em analise, a taxa de capitalização mensal de 2% pode
ser convertida ao equivalente factor de capitalização anual de (1,02)12 = 1,2682 . Da
mesma forma, a taxa efectiva anual de 26,82% pode ser convertida ao factor de
capitalização mensal de (1,2682)1 / 12 = 1,02

Se estivermos a comparar taxas de juro anuais nominais com diferentes períodos de


capitalização de juro, é necessário converter as taxas equivalentes com período de juro
efectivo igual.

Exemplo:
O Carlos está a tentar decidir entre dois Bancos, em qual deles devera abrir a sua conta.
O Banco A oferece uma taxa anual de 15,25% com capitalização semestralmente, e o
Banco B oferece uma taxa anual de 15% com capitalização de juro mensal. Qual dos
bancos providenciara ao Carlos um maior crescimento efectivo anual?

Solução:
1
O Banco A paga uma taxa de juro efectiva semestral de * (15,25%) = 7,625% . Em um
2
ano (dois períodos de juros) o deposito de 1 u.m. ira capitalizar a
(1 + 7,625 %) 2 = (1,07625 ) = 1,158314 .
2

1
O Banco B paga uma taxa de juro efectiva mensal de * (15%) = 1,25% . Em um ano
12
(doze períodos de juros) o deposito de 1 u.m. ira capitalizar a
(1 + 1,25%)12 = (1,0125) = 1,160755 .
12

Logo, conclui-se que o Banco B possui uma taxa efectiva anual equivalente que é superior
a garantida pelo Banco A.

2.3.1 Relação entre a taxa de juro efectiva e a taxa de juro nominal

Em notação actuarial, o símbolo i geralmente denota uma taxa de juro efectiva anual, e o
símbolo i (m ) denota uma taxa de juro nominal anual com m capitalizações ao ano. A
1
notação i (m ) é usada para referir que o juro terá um período de capitalização de anos e
m
(m)
1 i
a taxa de capitalização para cada (sub) período im = ´*i ( m ) =
m m
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Seja:
m – nº de capitalizações no período da taxa nominal
i: taxa de juro anual efectiva;
i (m ) : taxa de juro anual nominal convertível m vezes por ano
i ( m)
im = - taxa efectiva relativa a cada um dos m sub períodos.
m

A igualdade dos factores de capitalização permite-nos estabelecer uma relação entre as


taxas i e i(m) ;

Partindo da equivalência que deve existir entre as duas taxas efectivas tem-se:

i (m) m i (m) m
C0 (1 + i ) = C0 (1 + ) Û (1 + i ) = (1 + )
m m
i (m) m
Û i = (1 + ) -1
m
e
é 1
ù
i ( m ) = m ê(1 + i ) m - 1ú
ë û
Exemplo: (equivalência entre taxa de juro anual efectiva e nominal)
Considere a taxa efectiva anual de 12%. Calcule a taxa nominal anual equivalente, para
cada m, sendo:
m = 1 2 3 4 6 8 12 52 365 ¥

Solução:
é 1
ù
Recorre-se a fórmula i ( m ) = mê(1 + i) m - 1ú , e calculam-se os valores para cada m.
ë û
é 1
ù
Para m= ¥ , recorre-se a regra de L’Hospital para calcular lim i ( m) = lim mê(1 + i) m - 1ú
m®¥ m®¥
ë û

m i(m)
1 0,12
2 0,1166
3 0,1155
4 0,1149
6 0,1144
8 0,1141
12 0,1139
52 0,1135
365 0,113346

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2.4 A Força de juro

As transacções financeiras decorrem em momentos discretos. Alguns modelos


financeiros teóricos são baseados em eventos que ocorrem numa base contínua.
Nesta secção é descrita a metodologia para avaliar/mensurar o crescimento de um
investimento em uma base contínua.
Processos contínuos são geralmente modelados matematicamente como sendo limites de
processos temporais discretos, nos quais os intervalos de tempo tornam-se cada vez mais
pequenos.

2.4.1 Crescimento contínuo do investimento

Considere-se que o valor acumulado de um investimento no instante t é representado


pela função A(t), sendo o tempo mensurado em anos. O valor do juro adquirido no ¼
período, desde o instante t à t+1/4 é A(t+1/4)-A(t), e a taxa de juro correspondente é
A(t + 1/ 4) - A(t )
A(t )

Esta taxa pode ser descrita sob a forma de uma taxa de juro nominal anual capitalizável
m vezes por ano. A taxa nominal anual é determinada multiplicando a taxa relativa ao
1/m – ésimo período, pelo factor m, de modo que,
A(t + 1/ m) - A(t )
i (m ) = m ´
A(t )
(m)
i é a taxa de juro nominal anual relativa a performance do investimento no
período [t; t + 1/ m].
Se m aumenta, o intervalo diminui, estaremos interessados em avaliar a
performance do investimento durante um intervalo de tempo imediatamente a seguir à t.
Tem-se:
A(t + 1/ m) - A(t )
i (¥ ) = lim i (m ) = lim m ´
m®¥ m®¥ A(t )
Fazendo h=1/m, tem-se
1 A(t + h) - A(t ) 1 dA(t ) A' (t )
i (¥ ) = lim = =
A(t ) m®¥ h A(t ) dt A(t )

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i (¥ ) é a taxa de juro nominal anual capitalizada infinitamente ou capitalizada de

modo contínuo, também descrita como taxa instantânea de crescimento do investimento


no instante t e é designada Força de Juro no instante t. Note-se que A´(t) dt representa o
crescimento instantâneo do valor investido no momento t (tal como A(t+1)-A(t) é o valor
A' (t )
do crescimento de t à t+1), onde A(t ) é a taxa instantânea de crescimento relativa no

A(t + 1) - A(t )
instante t ( tal como A(t ) é a de crescimento relativa de t à t+1, por cada unidade

investida no instante t).

A notação actuarial usada para a força de juro é dt. Para que dt exista, A(t) deve ser
diferenciável (e consequentemente contínua).

Definição: (Força de Juro)


Para um investimento que cresce de acordo com a função de valor acumulado A(t), a
A' (t )
força de juro no instante t, é definida por d t = A(t )

2.4.2 Crescimento do investimento baseado na força de juro

Exemplo:
Considerando a taxa de juro anual i.
Deduza a expressão de cálculo da força de juro, considerando:

a) R.J.S;
b) R.J.C.

Solução:

A' (t ) A(0)i i
a) A(t)=A(0).(1+it) =>A’(t)=A(0)i, então d t = = =
A(t ) A(0)(1 + it ) (1 + it )
t
b) A(t)=A(0).(1+i) =>A’(t)=A(0) (1+i)t.ln(1+i),
A' (t ) A(0)(1 + i) t .ln(1 + i)
logo d t = = = ln(1 + i)
A(t ) A(0)(1 + i) t

A força de juro pode ser usada para descrever o crescimento do investimento.


Sendo
A' (t ) d
dt = d t = ln A(t )
A(t ) , tem-se dt

Integrando a equação de t=0 a t=n, tem-se:

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n n
d é A(n) ù
ò d t dt = ò
0 0
dt
ln A(t )dt = ln A(n) - ln A(0) = ln ê ú
ë A(0) û

ì én ù
ï A( n ) = A( 0 ).e ê ò d t dt ú
ï ë0 û
í
ï A(0) = A(n).e - d dt ù
é n

ï ê ò t ú
î ë 0 û

A formula geral do factor de acumulação desde o instante t=n1 ao instante t=n2


n1 £ n2
(sendo )

é
n2
ò d t dt
e n1
n2
- ò d t dt
e a formula geral do factor de actualização para o mesmo período é e n1
.

No caso em que dt é constante de valor d, o factor de acumulação para o mesmo


período será e(n2-n1)d e-(n2-n1)d.

Verificou acima que considerando o RJS, A(t)=A(0).(1+it) é a função de valor


i
acumulado e d t = a força de juro.
1+ i
Para um investimento de 1 u.c. efectuado desde o instante n1 à n2, o factor de
crescimento do investimento é
én2 i ù é 1 + n2 i ù 1 + n 2 i
expê ò dt ú = exp[ln(1 + n2 i ) - ln(1 + n1i )] = expêln( )ú =
ëê n1 1 + it ûú ë 1 + n1i û 1 + n1i

Define-se agora valor de juro instantâneo, partindo da expressão


d
A(t ) = A(t ).d t A(t ).d t é o valor do juro instantâneo obtido no instante t.
dt ,
Integrando ambos os membros da igualdade de 0 à n, tem-se:
n n
d
ò0 dt A(t )dt = ò0 A(t ).d t dt = A(n) - A(0) é o valor do juro obtido no período (0;n).
Exemplo:

Considere d t = 0,08 + 0,005t , calcule o valor acumulado ao fim de 5 anos para


um investimento de 1000 u.m nos seguintes instantes:
a) Instante 0
b) Instante 2
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Solução:
5 5
ò d t dt ò ( 0 , 08+ 0 , 005t )dt
a) Neste caso, A(0)=1000 e A(5)=A(0) e 0 =1000 e 0
=1000.exp(0,08X5+0,0025x25)=1000.exp(0,4625)=1588,04.
7 7
ò d t dt ò ( 0 , 08+ 0 , 005t )dt
b) A(2)=1000 e A(7)=A(2) e 2 =1000 e 2 =1000.exp(0,08X(7-
2)+0,0025x(49-4))= 1669,46.

2.4.3 Força de Juro constante

Foi anteriormente visto que se a taxa de juro anual efectiva i for constante
então dt=ln(1+i). Suponhamos agora que dt é constante com valor d no período
én ù
ê ò d t dt ú
(0;n), então A(n) = A(0).e ë0 û
= A(0).e [nd ] = A(0).e [d ]n . Esta expressão do

valor acumulado é algebricamente idêntica ao valor acumulado capitalizado


A(n)=A(0).(1+i)n, onde ed=1+i, ou de modo equivalente d=ln(1+i).
A taxa de juro efectiva anual constante i é equivalente à força de juro constante
d, sob a forma 1+i=ed, i.e., d=ln(1+i).
O uso explícito da força de juro nem sempre é aplicado em situações
concretas. Para transacções de muito curto prazo( por exemplo, apenas alguns
dias ou um dia), a taxa de juro nominal anual convertível diariamente, i(365),
pode ser usada. Esta taxa é aproximadamente igual à força de juro equivalente.

A maior parte das instituições financeiras cedem/solicitam regularmente


capital entre si durante o período nocturno, de maneira a satisfazer as
respectivas transacções durante o dia. A taxa de juro usada para caracterizar
estes empréstimos de 1 dia, é designada taxa Overnight. A taxa de juro assim
fixada será uma taxa nominal anual capitalizada diariamente (m=365).

Exemplo:
O Banco A solicita ao Banco B um empréstimo Overnight de 10.000.000,
sendo definida uma taxa nominal anual convertível diariamente de 12%.
a) Calcule o valor do juro que o Banco A deve pagar;
b) Suponha que o empréstimo tenha sido concedido à força de juro anual de
12%. Calcule o juro que o Banco A deve pagar.

Solução:

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a) Sendo a taxa i(365)=0,12, a taxa equivalente correspondente à 1 dia será


0,12/365=0,000328767, assim o montante de juro correspondente a
aplicação de 10.000.000, será de 3.287,67.

b) Sendo d=0,12, então o juro relativo à um dia, será

æ 0,12 ö
A(n)-A(0)=10.000.000x ç e 365 - 1÷ = 3.288,21
ç ÷
è ø

Obs: A diferença entre estes dois valores é 0,54 (uma parte muito ínfima do
valor inicial).

CAPITULO III – ESTUDO DAS RENDAS

Diversas transacções financeiras envolvem uma série de pagamentos periódicos, por


exemplo, pagamento periódico de dividendos à um detentor de participação em
determinado activo, amortizações periódicas de um empréstimo, ou pagamentos de juros
anuais resultante de aplicações em obrigações.
Regra geral os pagamentos são efectuados em intervalos de tempo regulares e
calendarizados.
Quando determinada transacção envolve um número de pagamentos efectuados de forma
sistemática, é sempre possível aplicar métodos algébricos para simplificar o cálculo de
tais séries de pagamentos. O termo genérico usado para descrever tais séries é Renda.

3.1 Rendas – Conceito e Classificação

Conceito

Rendas é um conjunto (finito ou infinito) de capitais (constantes ou variáveis) vencíveis


em momentos equidistantes. A cada um dos capitais chama-se termo da renda e o
período que decorre entre dois vencimentos consecutivos designa-se por período da
renda.

Considere-se o seguinte exemplo:

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O Senhor Santos contraiu hoje, junto do Banco Kwanza, uma dívida de 18.000,00 KZ,
para fazer face a um determinado investimento, tendo acordado com o Banco pagar esta
dívida em 6 anos, através de entregas anuais de 3.000,00 KZ.

A primeira prestação vencer-se-á no final do 1º ano e as restantes, no final de cada um


dos períodos anuais seguintes. Todos os juros inerentes à operação estão incluídos
naquele valor.
Ficou ainda estabelecido que taxa de juro envolvida fixava em 18%. O Sr. Santos quer
saber, hoje, qual o valor actual daquelas 6 entregas anuais.

Através deste nosso exemplo, vamos poder concluir que a sucessão de capitais a pagar
(pelo Sr. Santos ) e a receber (pelo Banco Kwanza) constitui uma renda.
Verifica-se que o vencimento dos capitais ocorre em momentos equidistantes, ou seja,
com igual intervalo de tempo (neste caso, um ano). Logo, pode-se afirmar que o Sr. Santos
tem determinadas anualidades ou anuidades a pagar.

Nota-se ainda que são seis as prestações anuais necessárias para que a dívida fique
saldada.

Verifica-se também que as prestações a pagar são todas iguais (3.000,00 KZ) e que são
pagas no final de cada um dos períodos.

Chega-se assim, através deste exemplo, a conceitos importantes, que se deve reter:

Renda1: conjunto ou sucessão de capitais que se vencem em momentos equidistantes.


1
Usa-se também o termo prestação

Termo da Renda 2: cada um dos capitais que constituem a renda.


2
Para constituir uma renda não é condição necessária que os termos da renda sejam
iguais (como no exemplo)

Período da Renda: intervalo de tempo que decorre entre o vencimento de um termo e o


vencimento do termo seguinte.
Se o período da renda é um ano os termos designam-se anuidades; se o período é um
semestre tomam a designação de semestralidades; se o período é um trimestre os termos
designam-se trimestralidaes, e assim sucessivamente.

Obs: Alguns autores designam por anuidade o termo da renda independentemente do


período.

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Duração da Renda: tempo total que separa o início do período do primeiro termo, do
fim do período do último termo da renda.

Em esquema:

C1, C2, ...,Cn – Valores dos termos Iguais ou não)

1, 2, ...,n – Momentos de vencimento dos termos

P - período da renda (sempre igual)

O estudo das rendas assenta, fundamentalmente, nas fórmulas de juro composto;

Do ponto de vista do cálculo financeiro iremos estudar os tipos de rendas mais usuais e,
portanto, com maior interesse prático.

Antes de iniciarmos o estudo do tema convém ter uma visão de conjunto das diferentes
espécies de rendas, suas classificações e definições.

3.1.1 Classificação das Rendas

Convém salientar que estudaremos apenas rendas certas, ou seja, aquelas em que a
duração do seu serviço não depende de qualquer eventualidade, isto é, a disponibilidade
dos seus termos é absoluta segundo critérios previamente estabelecidos.

Assim,

Quanto a disponibilidade dos termos, as rendas podem ser:

§ Certas – Disponibilidade Absoluta.


§ Incertas – Disponibilidade dependente da ocorrência de um acontecimento
aleatório.

Quanto à duração ou número dos seus termos:

§ Temporárias - quando têm um número limitado de termos.


§ Perpétuas – quando o número de termos é ilimitado.

Quanto ao valor (variabilidade) dos seus termos:

§ Variáveis – se os termos são de valor diferente, podendo ou não essa variação de


valor obedecer a uma lei conhecida ( Ex.: termos variando em progressão aritmética
ou em progressão geométrica).
§ Constantes – se os termos da renda são de valor constante ou fixo.

Quanto a relação entre o período da renda e o período da taxa:

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§ Inteiras – quando o período da renda e o período da taxa coincidem.


§ Fraccionadas – quando os períodos da renda e da taxa não coincidem (período da
renda igual a 1/m do período da taxa).

Quanto ao momento em que são referidos os seus valores (período do 1º pagamento):

§ Imediatas – quando o seu valor actual é referido a um momento que coincide com o
inicio do seu primeiro período.
§ Diferidas – quando os eu valor actual se refere a um momento anterior ao início do
seu primeiro período.

Quanto ao vencimento dos seus termos:


§ Antecipadas – quando os pagamentos têm lugar no início de cada período da renda.
§ Postecipadas ou normais – quando os pagamentos têm lugar no fim de cada
período da renda.

Voltando ao exemplo do Sr. Santos:


§ Duração da renda – 6 anos
Estamos perante uma renda temporária e certa.

§ Período da renda – 1 ano.


Logo, uma renda anual.

§ Termos da renda – 3.000,00 KZ


Portanto uma renda de termos constantes.

§ Pagamento dos termos – final do período.


Assim, uma renda postecipada ou com termos normais.

§ Período da taxa – anual e igual ao período da renda.


Trata-se de uma renda inteira.

§ Momento em que se pretende calcular o valor actual – no início do 1º período.


Concluímos então que se trata de uma renda imediata.
Resumindo estamos perante uma renda:

§ Certa;
§ Inteira;
§ Temporária;
§ Anual;
§ Com termos constantes e postecipados;
§ Imediata;
§ Com duração de 6 anos.

em esquema

T1 = T 2 = T3 = T4 = T5 = T6=T
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Em que T* representa cada um dos termos da renda e t representa cada um dos


momentos em que são devidos os termos.

* No estudo das rendas, a notação T é adoptada em substituição de C (capital).

Agora o Sr. Santos pretende saber qual o valor actual, no momento zero (0) desta renda.

Vamos ver:

Teremos de actualizar todos os termos ao momento 0 e, depois, somá-los.

Recordando que C0=Cn (1+i) –n;

Assim tem-se:

Valor Actual (V.A)

V.A= T1 (1 + 0,18) -1 + T2 (1 + 0,18) -2 + T3 (1 + 0,18) -3 + T4 (1 + 0,18) -4 + T5 (1 + 0,18) -5 + T6 (1 + 0,18) -6


Sendo
T1 = T2 = T3 = T4 = T5 = T6 = T

Pode-se escrever

[
V.A= T (1 + 0,18) -1 + (1 + 0,18) -2 + (1 + 0,18) -3 + (1 + 0,18) -4 + (1 + 0,18) -5 + (1 + 0,18) -6 ]
Efectuando os cálculos, tem-se:

V . A. = 10492,809

Quer dizer que o valor actual referido ao momento 0 daquela renda é de 10492,809 KZ.

Mas o Sr. Santos também quer saber qual será o valor acumulado daquela renda, no
final do período 6.

Neste caso, teremos de referir todos os capitais (termos) ao momento 6.

Valor Acumulado (V.Ad)

V.Ad = T1 (1 + 0,18) 5 + T2 (1 + 0,18) 4 + T3 (1 + 0,18) 3 + T4 (1 + 0,18) 2 + T5 (1 + 0,18) 1 + T6

Sendo
T1 = T2 = T3 = T4 = T5 = T6 = T

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Tem-se:

[ ]
V.Ad = T (1 + 0,18) 5 + (1 + 0,18) 4 + (1 + 0,18) 3 + (1 + 0,18) 2 + (1 + 0,18)1 + 1

Logo,

V.Ad = 28.325,904
Isto significa que o Sr. Santos podia substituir aquela renda por um único pagamento no
momento 6 de 28.325,904 KZ.

Como se viu, surgem dois problemas essências no estudo das rendas:


• A determinação do valor actual.
• A determinação do valor acumulado.

Definiçao: (valor actual de uma renda)


O valor actual de uma renda representa o valor presente de uma série de pagamentos
iguais, vencíveis em momentos equidistantes, no pressuposto de que o momento do
calculo seja anterior ao momento em que e vença o primeiro termo.

3.2 Rendas Certas, Temporarias (n períodos ), inteiras, de termos


constantes (e unitários)

As rendas com termos constantes podem ser:

§ Imediatas com termos normais ou “postecipadas”


§ Imediatas com termos antecipadas
§ Diferidas.

3.2.1 Rendas imediatas com termos normais ou postecipados

a n Representa o valor actual de uma renda certa, temporária, imediata e inteira com n
i
termos normais ou postecipados e unitários.

Dedução da formula de cálculo de a n :


i
esquema

an i = 1´ (1 + i ) -1 + 1´ (1 + i ) -2 + ! + 1´ (1 + i ) - n = v + v 2 + ! + v n

Obtém-se:
1 - v n 1 - v n 1 - (1 + i) - n
an i = v ´ = =
1- v i i

Por outro lado,


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S n i Representa o valor acumulado de uma renda certa, temporária, imediata e inteira


com n termos postecipados e unitários.

Fórmula de cálculo de S n i

Sendo S n i o valor acumulado, tem-se:

S n i = (1 + i) n-1 + (1 + i) n-2 + ! + (1 + i)1 + 1

O segundo membro representa os termos de uma progressão geométrica de razão (1+i)

1 - (1 + i) n (1 + i) n - 1
sn i = = = (1 + i) n an i
1 - (1 + i) i

Aplicando estas fórmulas ao exemplo estudado, tem-se:

1 - (1 + 0,18) -6
A = 3.000 ´ a n = 3.000 ´ = 10.492,809
0,18

(1 + 0,18) 6 - 1
S = 3.000 ´ s n = 3.000 ´ = 28.325,904
0,18

3.2.2 Rendas Imediatas antecipadas

O estudo deste tipo de rendas é bastante semelhante ao efectuado anteriormente. A única


diferença está no vencimento dos termos, que, neste caso, ocorre no início dos períodos
da renda.

Esquema

O 1º período da renda vai de 0 a 1 e o pagamento do primeiro termo da renda ocorre no


momento 0. O valor actualizado da renda no início do seu primeiro período
..
representado pela notação a n . O valor acumulado da renda, no fim do último período, é
..
representado pela notação S n i .

Assim,

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..
a n i = 1 + (1 + i) -1 + (1 + i) -2 + ! + (1 + i) n-1 = 1 + v + v 2 + ! + v n-1 =
(1)
1- vn 1- vn
= = (1 + i) = (1 + i) ´ a n i
1- v i

E o valor acumulado vem,

..
n -1 1 - (1 + i ) n
S n = (1 + i ) + (1 + i )
n
+ ! + (1 + i ) = (1 + i ) =
1 - (1 + i )
(1 + i ) n - 1
= (1 + i ) = (1 + i ) S n
i

deste modo
.. ..
S n = (1 + i ) S n = (1 + i ) n a n = (1 + i) n+1 an

..
a n i Representa o valor actual de uma renda certa, temporária, imediata e inteira com n
termos antecipados e unitários.

..
S n i Representa o valor acumulado de uma renda certa, temporária, imediata e inteira
com n termos antecipados e unitários.

3.2.3 Rendas Diferidas

Neste tipo de rendas o momento de referência do valor actual da renda é anterior ao início
do primeiro período da renda (ou serviço da renda).
Assim, por definição estamos perante uma renda diferida, que, logicamente, tanto pode
ser de termos normais como de termos antecipados.

Esquema

Como já se sabe, se se tratar de uma renda com termos normais, o início do primeiro
período é no momento k. Tratando-se de uma renda com termos antecipados, o início do
1º período ocorre no momento k+1.

Portanto, quando pretendemos referir o valor actual da renda a qualquer momento anterior
ao início do vencimento do 1º termo, estamos a considerar uma renda diferida.

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3.2.3.1 Renda Diferida de k períodos e de termos normais

A notação utilizada para as rendas diferidas é a seguinte:

k a n i valor actual de uma renda certa, temporária , inteira e diferida de k períodos com n
termos normais e unitários.

k S n i valor acumulado de uma renda certa, temporária , inteira e diferida de k períodos


com n termos normais e unitários.

Calculo do valor actual:


( )
k a n i = v k +1 + v k +2 + ! + v k +n = v k ´ v1 + v 2 + ! + v n = v k ´ an i

k a n i = v k ´ an i (todos os termos são actualizados mais k períodos -período de


diferimento – do que no caso da renda imediata)

Por outro lado, pode-se provar que k a n i = v k ´ a = a - ak i .


ni n+ k i

Sendo k a n i = a - ak i Û an + k i = ak i + v k ´ an i = an i + v n ´ ak
n+ k i

Obs: note-se que para uma renda postecipada diferida k períodos, o primeiro pagamento
(vencimento do primeiro termo), ocorre ao final de k+1 periodos.

E o respectivo valor acumulado:

k S n = (1 + i) k +n k an = (1 + i) k +n v k an = (1 + i) k +n (1 + i) k an = (1 + i) n an = S n

3.2.3.2 Renda Diferida de k períodos e de termos antecipados

Considere-se que:
..
k a valor actual de uma renda certa, temporária , inteira e diferida de k períodos com n
n

termos antecipados e unitários.

..
k S valor acumulado de uma renda certa, temporária , inteira e diferida de k períodos
n

com n termos antecipados e unitários.

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Esquema

Com base nos resultados anteriores, tem-se:

..
k S = (1 + i ) k + n k a = (1 + i ) k + n v k -1a =
n n
n
..
= (1 + i ) n+1 a = S n = (1 + i ) S
n n

3.2.4 Rendas Perpétuas

Verificou-se anteriormente que se i>0, então vn decresce a medida que n cresce, e,


v n ® 0 se n ® ¥
n ® ¥ é designada renda perpétua.
A renda resultante quando

3.2.4.1 Rendas Certas, Perpétuas, inteiras, de termos constantes (e unitários)

3.2.4.2 Imediatas com termos normais ou postecipados

1- vn 1
a¥ i = lim an i = lim =
n®¥ n®¥ i i

Exemplo:

3.2.4.3 Imediatas com termos antecipados

1+ i
a!!¥ i = lim a!!n i = lim(1 + i)an i =
n®¥ n®¥ i

3.2.4.4 Diferidas (k períodos) com termos normais ou postecipados

vk
k a¥ i = limk an i = lim v k an i =
n®¥ n®¥ i

3.2.4.5 Diferidas (k períodos) com termos antecipados

v k -1
k a!!¥ i = lim k a!!n i = lim v k -1an i =
n®¥ n®¥ i

Obs: Note-se que face as suas características , não é possível calcular o valor
acumulado de rendas perpétuas.

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3.4 Rendas Certas, Temporárias, inteiras, de termos variáveis

Até agora, temos vindo a estudar rendas com termos constantes; no entanto, os termos
podem ser variáveis.

Quando os termos da renda variam de forma desordenada, ou seja, assumindo qualquer


valor possível, o cálculo do valor actual é efectuado pela soma dos valores actuais de cada
um dos termos. Para a determinação do valor acumulado, o procedimento é semelhante:
capitalizam-se, um a um, os termos da renda para o fim do último período e, depois,
somam-se.

Este é um tipo de rendas com pouco interesse, uma vez que na prática é mais comum
deparar com problemas de rendas com termos constantes.

Mas, neste grupo, pertencente às rendas com termos variáveis, assumem particular
interesse as rendas em que a variabilidade dos termos obedece a uma lei conhecida.
Está-se a falar de:

• Termos variando em progressão aritmética.


• Termos variando em progressão geométrica.

3.4.1 Termos variáveis em progressão aritmética de razão R


(1º termo unitário)
Neste tipo de rendas, os termos variam segundo esta lei que os define

3.4.1.1 Imediata, de termos normais

Admitamos termos normais, designando por R a razão da progressão e, com primeiro


termo unitário; então os termos vêm:

• No final do segundo período : 1+R


• No final do terceiro período : 1+2R
• No final do quarto período : 1+3R

!
• No final do n-1 período : 1+(n-2)R
• No final do n período : 1+(n-1)R

Esquema

Valor Actual = A R a n = 1´ v + (1 + R)v 2 + (1 + 2R)v 3 + ! + [1 + (n - 1) R]v n =

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= v + v 2 + Rv 2 + v 3 + 2 Rv 3 + ! + v n + (n - 1) Rv n =
= v + v 2 + v 3 + ! + v n + Rv(v + 2v 2 + ! + (n - 1)v n -1 )

Designemos por

S= v + 2v 2 + ! + (n - 1)v n-1
vS = v 2 + 2v 3 + ! + (n - 1)v n

S-vS = v + v 2 + v 3 + ! + v n-1 + (n - 1)v n-1 = an-1 - (n - 1)v n

Equivalente a
S=
1
[a - (n - 1)v n
1 - v n-1
]

A R an = an + Rv
1
[
a - (n - 1)v n =
1 - v n-1
]
= an + Rv
1
[
a - (n - 1)v n =
1 - v n-1
]
1
[
= an + Rv 1 + i an-1 - (n - 1)v n =
1 + i -1
]
1+ i
é an-1 - (n - 1)v n ù
= an + R ê ú
ê i ú
ë û

E o valor acumulado vem

A R S n = (1 + i) n A R an

3.4.1.2 Imediata, de termos antecipados

..
A R a n = (1 + i ) A R an

..
A R S n = (1 + i ) n+1 A R an

3.4.1.3 Diferida de k períodos, de termos normais

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A R k an = v k A R an

A R k S n = (1 + i) n A R an

3.4.1.4 Diferida de k períodos, de termos antecipados

..
A R k a n = v k -1 A R an

..
A R k S n = (1 + i ) n+1 A R an

Obs: Nas rendas de termos variáveis em progressão aritmética, mas o 1º termo é T e a


razão h :

Esquema

1
Basta multiplicar todos os termos por , obtendo-se
T

Esquema

h
Cai-se na situação estudada, com R = .
T
h
Aplicam-se as fórmulas deduzidas, considerando R = , e multiplica-se os valores
T
assim obtidos por T.
h
(os símbolos ficam TA T a n , …)

3.4.2 Termos variáveis em progressão Geométrica de razão R

3.4.2.1 Imediata, de termos normais

Valor Actual:

G R an i = v + Rv 2 + R 2 v 3 + ! + R n-1v n
que corresponde a soma dos n primeiro termos de uma progressão geométrica com 1º
termo v e razão Rv;

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1 - ( Rv) n 1 - ( Rv) n 1 - ( Rv) n 1


G R an i = v = = , 1 + i ¹ R ( ¹ R)
1 - Rv 1 1+ i - R v
-R
v

1
Se R= , G R an i = v + v + ! + v = nv
v

Em síntese:

ì1 - ( Rv) n
ï
G an i = í 1 + i - R ,1 + i ¹ R
R

ïî nv, 1 + i = R

Valor acumulado: G R S n i = (1 + i) n G R an i

Os restantes valores actuais e acumulados obtêm-se recorrendo as relações habituais.

Obs: Quando os termos são variáveis em progressão geométrica, sendo o 1º termo T, para
se obterem os valores actuais e acumulados correspondentes, basta multiplicar os valores
obtidos (para termos unitários) por T.
(os símbolos também aparecem multiplicados por T: TG R an i , TG R S n i ,!).

3.5 Rendas Fraccionadas Temporárias

No tópico anterior, tratamos de rendas inteiras, ou seja, aquelas em que o período de


capitalização e o intervalo de pagamento são iguais.

Renda Fraccionada: quando o seu período não coincide com o período da taxa.

Analisemos o seguinte exemplo:

O Sr. Santos contraiu um empréstimo no Banco Kwanza, o qual será pago através de
uma renda trimestral com 12 termos normais no valor de 40.000 KZ. A taxa de juro
utilizada na operação foi de 19,5%, ao ano.

Perante estas informações, vamos calcular os valores quais os valores, actual e


acumulado desta renda.

Primeiro que tudo, vamos caracterizá-la:

Duração da renda – 12 trimestres ou 3 anos.


Período da renda – 1 trimestre.

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Período da taxa – 1 ano.


Termos – normais e constantes.

Estamos, então, perante uma renda fraccionada já que o período da renda e o período da
taxa não coincidem. Com efeito, neste exemplo, o período da renda cabe 4 vezes no
período da taxa.

Generalizando, consideremos uma renda, cujo período corresponde a 1/m do período da


taxa, e que se vence durante n períodos da taxa.

Agora cada período da taxa e cada termo unitário estão divididos em m “sub-períodos”
(iguais a 1/m como foi anteriormente considerado) e em m “sub-termos” (iguais a 1/m).

Por outras palavras, estamos em presença de uma renda fraccionada quando a taxa de
juro definida tem periodicidade anual e os termos da renda vencem-se mais de uma vez
ao ano.

Pode-se então afirmar que:

m – número de vezes que o período da taxa contém o período da renda, ou seja,


quantidade de termos que se vencem durante um período da taxa.
m ´ n - nº de termos da renda

No exemplo dado, tem-se:

m=4 – dado que 1 ano contém 4 trimestres


n=3 – nº de períodos da taxa (anos) durante os quais se vence a renda.

m ´ n = 4 ´ 3 = 12 - nº de termos da renda

3.5.1 Renda Temporária (n termos), inteira

- Imediata de termos postecipados


(m ) (m )
O valor actual desta renda representa-se por a n ou a n i

esquema

1 2 1
1 - 1 - 1 1 -(1+ ) 1
a (m)
= ´ (1 + i ) m + ´ (1 + i ) m + ! + ´ (1 + i ) -1 + ´ (1 + i ) m ! + ´ (1 + i ) -n =
n
m m m m m
é1 æ 1 2
1+
1 mn
öù
= ê ´ çç v m + v m + v + v m ! + v m ÷÷ú o
êë m è øúû

o termo entre parênteses curvos representa a soma dos n ´ m primeiros termos de uma
1 1
progressão geométrica com 1º termo v m
e razão R = v m

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mn
1
1 1- v 1 1- vn 1 1- vn 1
m
1- vn 1 m i 1- vn
a = ´v
(m) m
= ´ = ´ = ´ = ´ ´ =
n
m 1
m 1
m 1 m 1
m m 1
i
1- v m 1- v m 1
-1 (1 + i ) m - 1 (1 + i) m - 1
1
vm
v m

i i
= ´ an = ´ an
é 1
ù i ( m )
m ê(1 + i) m - 1ú
ë û

Esta expressão foi desenvolvida considerando que o valor de cada termo do período
inteiro da taxa é unitário.

Obs1: Se o valor de cada termo do período inteiro da taxa não fosse unitário mas sim
igual a T, basta multiplicar os valores deduzidos por mT, resultando em
Ta n( m) ou Ta n( mi)
.

Obs2: Se o valor de cada subperíodo não fosse unitário mas sim igual a T, basta
( m)
multiplicar os valores deduzidos por mT, resultando em mTa n ou mTan( mi)

Valor acumulado:

S n( m ) = (1 + i ) n ´ a ( m )
n

Se a renda for perpétua, tem-se:

(m) 1 1
a¥( m ) = lim an = =
n ®¥ é 1
ù i ( m)
m ê(1 + i) - 1ú
m

ë û

Nas demais situações (termos antecipados, rendas diferidas, etc.), usam-se as relações
já conhecidas, considerando agora que o período que decorre entre o vencimento de
cada termo é 1/m. Assim tem-se:

1
( m)
a!!
n
= (1 + i) ´ a ( m)
m
n

1
n+
S!!n( m) = (1 + i) m
´ a ( m)
n

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k an( m ) = v k ´ a ( m )
n

( m)
k S n = (1 + i) n ´ k a ( m)
n

.. ( m ) 1 1
k-
-k
k a n = (1 + i) ´ (1 + i) ´ a m ( m)
=v m
´ a ( m)
n n

.. ( m ) 1
n+
k S n = (1 + i) m
´ k a ( m)
n

3.6 Rendas Contínuas

Nas rendas contínuas considera-se um incessante vencimento dos termos ao longo do


tempo.

É uma situação teórica em que se considera uma renda fraccionada com m ® ¥


A medida que m cresce o intervalo de tempo entre pagamentos sucessivos (vencimentos
dos termos). A renda que permite caracterizar tal situação é a renda pagável de forma
continua ou simplesmente renda continua.
Dedução do valor actual:

mn j
1
Sendo a (m)
= å vm
j =1 m
ni
,
tem-se:
mn j
1
= lim å v m
(m)
ani
j =1 m
m ®¥

É possível provar que o limite acima é igual a


n
é vt ù vn
t =n
1 1 1
(
1 v n -1 i
) ( ) ( )
ò0 v dt = êë log v úû = log v - log v = log v v -1 = log(1 + i) -1 v -1 = - log(1 + i) i i = d an ,
t n n

t =0

sendo d = - log(1 + i) .

(m) i
Assim, conclui-se que a n i = an
d

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CAPITULO IV – AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS

4.1 Introdução

Quando um empréstimo é amortizado mediante uma série de pagamentos, o total de


pagamentos a efectuar, deve ser equiparado ao montante de empréstimo (principal),
devendo igualmente garantir juro. Geralmente a amortização de empréstimos é separada
em duas componentes, o valor do juro e o valor do montante principal. Existem vários de
amortização de empréstimos, cada um dos quais determina a separação entre pagamento
do juro e do montante principal.

Empréstimo: Operação financeira, consubstanciada num contrato, pelo qual uma


instituição (mutuante) cede determinado capital a outra (mutuário), que se compromete
a reembolsá-lo com o pagamento de juros, nas condições acordadas.

Amortização de um Empréstimo: processo segundo o qual o capital é reembolsado e


os juros são pagos, ao longo do tempo.

Prestação (P) - Representa a soma das parcelas referentes à amortização (A) e aos juros
(J) de uma operação de empréstimo ou de financiamento, pagas periodicamente,
conforme estipulado em contrato firmado entre as partes credora e devedora. Em termos
matemáticos, tem-se: P = A+J

Amortização (A) - Refere-se à parcela da prestação (P) que serve para a reposição do
capital emprestado, ou seja, é a devolução propriamente dita do recurso que se tomou
emprestado

Juros (J) - É a parcela da prestação (P) que representa o custo financeiro da operação
para o devedor e a remuneração do capital emprestado para o credor. É calculado
mediante a aplicação da taxa de juros estabelecida no contrato sobre o saldo devedor da
operação

Saldo Devedor (SD) - É a diferença, a qualquer tempo, entre o capital inicial e o valor já
pago ao credor a título de amortização

4.2 Principais Modalidades de Amortização de Empréstimos

1ª Modalidade

Reembolso do capital (C): no fim do prazo (momento n)


Pagamento dos juros: no fim do prazo
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C - Cv n
C = Cv n + j n v n Û j n = Û
vn
Û jn = C(
v
1
n
[
- 1) Û j n = C (1 + i ) n - 1) ]

2ª Modalidade - Sistema Americano de Amortização (SAA)

Reembolso do capital (C): No fim do prazo (momento n)


Pagamento dos juros: Consideram-se aqui duas situações:
Caso I: Pagamento dos juros de forma periódica (de forma escalonada) com
periodicidade da taxa.

Tem-se:
C (1 - v n )
C = ja n + Cv Û j =
n
Û
an

1- vn
Ci ( ) Cia n
Û j = i Û j = Û j = Ci
an an

Caso II: Pagamento dos juros de forma periódica (de forma escalonada) com
periodicidade igual a 1/m da taxa).

C (1 - v n )
C = jan( m ) + Cv n Û j = Û
an( m )
(1 - v n )
Ci
C (1 - v n ) C (1 - v n ) i
Û j = Û j= Û j= Û
i i i
m a
i ( m) n
m
[
m (1 + i ) - 1 n
1/ m
a
] [
(1 + i )1/ m - 1 n
a
]

Û j = Cian ´
[(1 + i ) 1/ m
] = C [(1 + i )
-1 1/ m
]
-1
ian

Como característica básica, o Sistema Americano de Amortização não prevê


amortizações intermediárias. Durante o período do empréstimo, apenas os juros são
pagos periodicamente.

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Exemplo:

Construa o plano de pagamento de um empréstimo no valor de R$ 8.000,00 realizado a


uma taxa de juros de 4% ao mês, em quatro parcelas, sabendo que o sistema de
amortização utilizado é o SAA.

Constrói-se o “ Quadro (Tabela) de Amortizações”:

Saldo
Devedor
(Capital em
Capital em Prestação dívida no fim
dívida no juros do Amortização (Serviço da do período,
Período início do período do capital no dívida no depois da
(Mês) período (Jp) período (Cp) período) amortização)
0 8.000,00 - - - 8.000,00
1 8.000,00 320,00 - 320,00 8.000,00
2 8.000,00 320,00 - 320,00 8.000,00
3 8.000,00 320,00 - 320,00 8.000,00
4 8.000,00 320,00 8.000,00 8.320,00 0,00

Conforme podemos verificar na tabela acima, durante a vigência da operação o devedor


realiza o pagamento periódico apenas dos juros gerados pelo contrato que, no exemplo, é
de 4% sobre os $ 8.000,00. Na última parcela, além dos juros do período ($ 320,00) é
feita a liquidação do principal, no caso $ 8.000,00, que, somados, irão resultar numa
parcela de $ 8,320,00

3ª Modalidade:

Reembolso do capital (C): No fim de cada um dos n períodos, segundo um esquema


acordado.
Pagamento dos juros: Pagamento dos juros de forma periódica (de forma escalonada)
com periodicidade igual ao período da taxa.

Nestas circunstâncias, o “ Quadro (Tabela) de Amortizações” virá:

Saldo
Devedor
(Capital em
Prestação dívida no fim
juros do Amortização (Serviço da do período,
período do capital no dívida no depois da
Período (Jp) período (Cp) período) amortização)
0 - - - C
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1 Ci C1 Ci + C1 C - C1
2 (C - C1 )i C2 (C - C1 )i + C2 C - C1 - C2
. . . . .
. . . . .
. . . . .
n

Ou, considerando m*n sub períodos

Saldo
Devedor
(Capital em
Capital em dívida no fim
dívida no Amortização do período,
início do do capital no Prestação (Serviço da depois da
Período período juros do período (Jp) período (Cp) dívida no período) amortização)
1 C [
C (1 + i ) - 1
1/ m
] C1 [
C (1 + i ) - 1 + C1
1/ m
] C - C1
2 C - C1 (C - C1 )([ 1 + i )
1/ m
-1 ] C2 (C - C1 )([ 1 + i )
1/ m
]
- 1 + C 2 C - C1 - C2
. . . . . .
. . . . . .
. . . . . .
m´n

A titulo de exemplo, considere-se um empréstimo de 1000 u.m. à taxa de juro de 10% ao


ano. Supondo que no final do 1° ano é pago 200, no final do 2° ano é pago 500, e no final
do 3° ano é efectuado o pagamento final/definitivo para amortizar o empréstimo. No final
do 1° ano, antes do pagamento da prestação, o montante em divida, incluindo o juro, é
1000*(1+10%)=1100. O pagamento da 1ª prestação (200), reduz o valor em divida para
900; sendo este o valor em divida logo após ao pagamento da 1ª prestação. No final do
2° ano, antes do pagamento da 2ª prestação, o valor em divida é 900*(1+10%)=990. O
pagamento 2ª prestação (500) reduz o valor em divida para 490. No final do 3° ano, antes
do pagamento da 3ª prestação, o valor em divida é 490*(1+10%)=539. Sendo este o valor
que devera ser pago no final do 3° ano para amortizar o empréstimo.
Assim sendo, o saldo devedor pode ser descrito da seguinte forma:
100(1+10%)-200=900, 900(1+10%)-500=490, 490(1+10%)-539=0
Combinado as expressões, tem-se: 1000(1+10%)3-200(1+10%)2-500(1+10%)-539=0,
ou seja, 1000=200v+500v2+539v3.
Nota-se assim que o montante principal é igual ao valor actual das prestações (à taxa
acordada).
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De fora genérica, considerando SD0 o saldo devedor no momento 0, no final do 1°


período, o valor da divida acumulada será SD0(1+i). O pagamento da prestação P1, resulta
no seguinte saldo devedor (relativo ao momento 1), SD1=SD0(1+i)-P1=SD0-(P1-SD0*i),
onde SD0*i é o juro pago no final do 1° período, e P1-SD0*i=P1-J1=A1 é o valor da
amortização do valor principal.
Assim, tem-se SD1=SD0-(P1-SD0*i) =SD0-(P1-J1)= SD0-A1

No final do 2° período, o saldo devedor acumulado SD1(1+i) que será deduzido da


segunda prestação, resultando no saldo devedor SD2= SD1(1+i)-P2= SD1-(P2- SD1*i)=
SD1-(P2-J2)= SD1-A2.
Aplicando este procedimento de forma contínua, o saldo devedor no (t+1)-ésimo período
SDt+1= SDt(1+i)- Pt+1= SDt-( Pt+1- SDt *i)= SDt-( Pt+1- Jt+1)= SDt - At+1.
O juro devido no final do (t+1)- ésimo período é Jt+1= SDt*i. O valor da amortização no
final do (t+1)- ésimo período At+1= Pt+1- Jt+1.
Este procedimento, de pagamento do juro e amortização do principal, é efectuado até o
n- ésimo período final, reduzindo desta forma o saldo devedor à zero, ou seja, SDn= SDn-
1– Pn=0.

Exemplo:

4ª Modalidade:( Método SAC)

Reembolso do capital (C): No fim de cada um dos períodos da taxa, de acordo com o
contratado.
Pagamento dos juros: Periodicamente (de forma escalonada) com periodicidade igual
a 1/m do período da taxa.

O Sistema de Amortização Constante – SAC, como o próprio nome indica, caracteriza-


se por parcelas de amortização iguais (constantes) para todo o prazo da operação.

Dessa maneira, calcula-se o valor das amortizações (A) dividindo-se o valor do


empréstimo ou financiamento pelo número de prestações do contrato (n), ou seja:

Capital
A=
n

Calculada as amortizações, são facilmente obtidos os outros parâmetros:

SDt = SDt-1-A (2)

Jt = SDt-1xi (3)

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P = A+J (4)

Onde SDt: Saldo devedor do período t

SDt-1: Saldo devedor do período t-1

Onde Jt: Juros do período t

O saldo devedor, equação (2), será o resultado da subtracção da parcela de amortização


(A) no saldo devedor do período anterior (SDt-1).

A equação (3) revela que o juros para uma determinada parcela (t) será dado pela
aplicação da taxa de juros do contrato (i) sobre o saldo devedor da parcela anterior
(SDt-1).

Por fim, na equação (4), verificamos que o valor da prestação (P) corresponde a parcela
referente a amortização (A) mais os juros (J).

5ª Modalidade: (Método Price)

Sistema Francês de Amortização (SFA) ou Tabela Price - Também chamado de


“Tabela Price”, em homenagem ao inglês Richard Price, seu criador, recebe a
denominação de “Sistema Francês” devido a sua ampla utilização na França no século
XIX.

Talvez o sistema mais utilizado pelo mercado, caracteriza-se por representar uma série de
prestações (P) periódicas (ocorrendo em intervalos constantes), iguais (soma da
amortização mais juros com mesmo valor durante todo o contrato) e sucessivas. Como
podemos verificar.

Os pagamentos são feitos em n prestações constantes, incluindo o juro relativo ao período


respectivo e uma parcela de amortização do capital.

C
C = Pa Û P =
n
a
n

É possível verificar que, na prestação paga no momento p (no fim do p-ésimo período) as
parcelas relativas à amortização do capital (Cp) e ao pagamento dos juros (Jp) são
respectivamente:

ìïC p = Pv n- p +1
í , p = 1,2,!, n
ïî J p = iPan- p +1

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Se os pagamentos forem feitos em m*n prestações constantes, incluindo o juro relativo


ao sub período respectivo e uma parcela de amortização do capital; a periodicidade é 1/m
do período da taxa, tem-se:

C
C = Pa n( m) Û P =
a ( m)
n

CAPITULO V - Empréstimos Obrigacionistas

5.1 Introdução
Na sessão anterior estudámos as diversas modalidades de amortização de empréstimos.

Propõe-se agora o estudo dos empréstimos por obrigações que pela sua especificidade
devem ser estudados separadamente.

Iremos, essencialmente centrar o nosso estudo em cálculos que irão permitir


compreender melhor, quer do ponto de vista da entidade emitente, quer o da entidade
subscritora no que diz respeito à:

• Reembolso de empréstimos;
• Esperança de vida das obrigações. Vida média;

5.1.1 Noções Gerais

Uma obrigação é um título de crédito representativo de uma parcela de um empréstimo


concedido à entidade emitente. O obrigacionista é, portanto, um credor dessa entidade.

Há muitos aspectos a considerar nas obrigações, mas, do ponto de vista do Cálculo


Financeiro, interessa-nos especialmente o valor da emissão, o valor nominal e o valor
de reembolso.

A emissão de obrigações pode ser feita ao par, abaixo do par ou acima do par (esta
última situação é pouco frequente).

Quando o valor da emissão é inferior ao valor nominal, as obrigações emitidas abaixo


do par. A diferença apurada constitui o prémio de emissão.

A finalidade da emissão de um empréstimo abaixo do par é essencialmente para atrair


os emprestadores.

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Outro factor importante a ter em conta, é a vida de uma obrigação. Ela corresponde
ao tempo durante o qual esse título vai permanecer em circulação, ou seja, o tempo
que decorre entre a data de emissão e a data de amortização.

A obrigação terá uma vida mínima se a amortização (reembolso) da obrigação for


feita no prazo de vencimento do 1º reembolso do capital.
Do mesmo modo, ela terá uma vida máxima, se a amortização (reembolso) da
obrigação for feita no último reembolso do capital.

O empréstimo por obrigações é uma forma de financiamento a longo prazo, muito


utilizada pelo Estado e pelas empresas, com a finalidade de reunir quantias
avultadas, quer de pessoas singulares, quer colectivas.
Trata-se de uma forma de financiamento, em que há um só mutuário, e vários
mutuantes (obrigacionistas). No caso de subscrição pública, estes podem ser
milhares.

5.2 Reembolso de Empréstimos por Obrigações

Teoricamente poderão ser consideradas várias hipóteses de reembolso deste tipo de


empréstimos. No entanto, a prática tem vindo a confirmar que apenas uma delas é
relevante, por ser a mais praticada na quase totalidade destes empréstimos.

Estamos a falar no reembolso por amortizações periódicas, sendo constante o número


de obrigações a sortear.

Nesta modalidade iremos admitir duas hipóteses: reembolso com ou sem prémio,
considerando em qualquer delas emissão ao par.

5.2.1 Reembolso ao par e Sem prémio

Vamos considerar iguais períodos de vencimento de juros e de amortização de


capital.

Assim:

Vn – Valor nominal de cada obrigação;


x – número de obrigações emitidas;
C0 – valor nominal do empréstimo;
n – número de períodos de vigência do empréstimo;
i – taxa de juro;
jk – juro do período k;
m – amortização periódica de capital.
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O valor do empréstimo será dado pela expressão:

C 0 = x ´ Vn

Por sua vez como o reembolso é constante, o seu valor é dado por:

C0 x
m= ou m = ´ Vn
n n

onde

x
representa o número de obrigações a sortear no fim de cada período de
n
reembolso.

Quanto ao juro, ele é decrescente - já que o capital em dívida vai diminuindo – e é


calculado pelas expressões:

j1 = C0 i = xVn i

æ x ö æ n -1ö
j 2 = (C 0 - m )i = ç xV n - Vn ÷i = xV n ç ÷i
è n ø è n ø

æ n -1ö x æn - 2ö
j 2 = (C1 - m )i = xV n ç ÷i - Vn i = xV n ç ÷i
è n ø n è n ø

æ n - k + 1ö
j k = C k -1i = xV n ç ÷i
è n ø
!
æ n - n + 1ö æ1ö x
j n = C n -1i = xV n ç ÷i = xV n ç ÷i = Vn i = mi
*

è n ø ènø n
* i - é o juro vencido pela última amortização

isto é, o juro do período k, qualquer que ele seja, é dado por:

æ n - k +1ö
j k = xVn ç ÷i
è n ø

O valor amortizado no fim do período k, será o somatório das amortizações


efectuadas até esse período, inclusive:

Mk = m
$+!m!!
+#
m!+%
!+!
"m
k períodos

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x kx
M k = km Þ M k = k Vn e em que representa o número de obrigações
n n
amortizadas até ao fim do período em análise.

O valor do capital em dívida no fim do período k em que:

Ck = C0 - M k
kx
C k = xV n - Vn
n

então:

æn-kö
C k = xVn ç ÷
è n ø

logo:

æ n - k ö representa o número de amortizações por efectuar em relação ao total


ç ÷
è n ø

n - k o número de obrigações por amortizar


x.
n

Com base nos elementos descritos, podemos proceder à elaboração do seguinte quadro
de amortização:

Capital em Número de
dívida no Juro a pagar Obrigações
Perío início do no fim do a Valor da Amortizações Capital em dívida
do período período reembolsar amortização Prestação acumuladas no fim do período

j1 = C 0 i = x x æ n -1ö
m = Vn C1 = xV n ç ÷
1 C 0 = xVn = xV n i n n P1 = j1 + m M1 = m è n ø

x æn - 2ö
C 2 = xV n ç ÷
2 C1 j 2 = C1i n m P2 = j2 + m M 2 = 2m è n ø

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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO
FACULDADE DE CIÊNCIAS

x æ n - 3ö
C 3 = xV n ç ÷
3 C2 j3 = C 2 i n m P3 = j3 + m M 3 = 3m è n ø
! ! ! ! ! ! ! !

x x
C n -1 = Vn
n n j n = C n -1i n m Pn = j n + m M n = nm = C0 C n = 0

Admitindo agora que os períodos de vencimento de juros e de amortização de capital são


diferentes, por exemplo os juros a vencerem-se semestralmente e, as amortizações,
anualmente. Neste caso é preciso ter em atenção o cálculo de juros, já que, se mantém o
processo de cálculo das obrigações a sortear. Recorre-se a taxa equivalente.

Neste processo, o mutuário vai antecipar o pagamento de uma parte dos juros que
venceriam apenas no fim do período da amortização, pelo que, o custo real do empréstimo
é superior, apresentando-se desvantajoso.
Sendo desvantajoso para a entidade emitente é, obviamente, favorável aos
obrigacionistas.

5.2.2 Reembolso ao Par e Com Prémio

A Empresa ‘A’ pretende emitir um empréstimo representado por 1.200 obrigações, com
o valor nominal de 1.000 KZ, nas condições seguintes:
• Subscrição pelo valor nominal;
• Juros à taxa de 16%, pagos anual e conjuntamente com as amortizações de capital;
• Reembolso, em cinco amortizações anuais, constantes, vencendo-se a primeira,
um anos após o fecho do período de subscrição,
• Em cada reembolso de capital será pago um prémio adicional:

1ª amortização – 40
2ª amortização – 55
3ª amortização – 70
4ª amortização – 90
5ª amortização – 110

Pretende-se elaborar um quadro de amortização para apurar a quantia total destinada


ao serviço do empréstimo, e para isso, efectuar os cálculos necessários.
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C 0 = xVn = 1.200 ´ 1000 = 1.200.000


n=5

x
= 240 obrigações
n

x
m = Vn = 240.000
n

Representando por pk o prémio de reembolso do período k, tem-se:

p1= 240.000*40=9.600.000
p2= 240.000*55=13.200.000
p3= 240.000*70=16.800.000
p4= 240.000*90=21.600.000
p5= 240.000*110=26.400.000

Assim, é possível construir o quadro de Amortização

Capital em Número de Prémio de


dívida no Reembolso Amortizaçõe Capital em
início do Obrigações a s dívida no fim do
Período período Juro reembolsar Amortização Prestação acumuladas período
9600
1 1200000 192000 240 240000 441600 240000 960000
13200
2 960000 153600 240 240000 406800 480000 720000
16800
3 720000 115200 240 240000 372000 720000 480000
21600
4 480000 76800 240 240000 338400 960000 240000
5 240000 38400 240 240000 26400 304800 1200000 0

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Representrando a prestação do período k por Pk, tem-se:

Pk=jk+m+pk

substituindo:

x
Pk = C k -1i + Vn + p k
n

Esta prestação é onerada com o prémio de reembolso que não existroia na modalidade
anterior.

Esta modalidade tem assumido, ultimamente, grande relevância nos empréstimos


emitidos.

Tem um maior interesse para o obrigacionista, porquanto a entidade emitente, lhe


restitui, não só o valor nominal do capital, como também um prémio adicional – prémio
de reembolso – variável de vencimento para vencimento.

Este valor adicional visa captar um maior número de subscritores, na medida em que
constitui um incentivo financeiro para o futuro obrigacionista.

5.3 Esperança de Vida das Obrigações. Vida Média

Como já foi dito anteriormente, por vida de uma obrigação, entende-se o lapso de tempo,
durante o qual essa obrigação vai estar em circulação, ou seja, o período compreendido
entre a data de emissão do empréstimo (representado pelas obrigações) e a data de
amortização de cada uma das obrigações.

A vida de uma obrigação inicia-se com a sua emissão e termina com o seu reembolso,
podendo assumir diversos valores, desde que compreendidos dentro dos anos de vida
estabelecidos para o respectivo empréstimo.

De entre os diversos períodos de vida possíveis, distinguem-se três:

• Vida mínima – a obrigação é amortizada no período de reembolso;


• Vida máxima – a obrigação é amortizada no termo do empréstimo,
correspondendo ao reembolso final;
• Vida média ou esperança de vida – corresponde à média aritmética ponderada
entre o número de obrigações amortizadas em cada reembolso pelos respectivos
prazos de reembolso.

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Admitamos então que no momento 0 foi emitido um empréstimo representado por x


obrigações reembolsáveis no prazo n, vencendo-se a primeira amortização no momento
1.

Pode-se calcular a vida mínima, máxima e média, em qualquer momento k da vida do


empréstimo.

Assim:

No momento k a vida mínima é igual a 1. E isto porque, entre o momento k e o reembolso


seguinte, o intervalo de tempo é sempre 1, quer seja 1 ano, 1 semestre, 1 trimestre, etc,
de acordo com o prazo de reembolso de cada empréstimo.

No momento k, a vida máxima é igual a n-k, ou seja, entre o momento k e o último


reembolso decorrem n-k períodos (anos, semestres, trimestres, etc).

Ainda no momento k, a vida média é igual à média aritmética que resulta da divisão entre
o nº de obrigações n a amortizar após o momento k, ponderado pelo respectivos prazos
de reembolso e o número de obrigações total que ainda falta amortizar após o momento
k.

Matematicamente:

X k +1 ´ 1 + X k + 2 ´ 2 + ! + X n ´ (n - k )
Vidamédia(Vm) =
X k +1 + X k + 2 + ! + X n

ou seja, designando por p, os respectivos prazos de reembolso pode-se escrever:

n-k

åX
p =1
k+ p ´p
(1)
Vm = n-k

åX
p =1
k+ p

Exemplo: Admita um empréstimo representado por 450.000 obrigações amortizáveis


em 15 semestralidades constantes.
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Pretende-se calcular a vida média das obrigações na data da emissão.

O nº de obrigações a amortizar em cada período é de 450000/15=30000.

30.000 ´ 1 + 30.000 ´ 2 + % + 30.000 ´ 14 + 30.000 ´ 15


Vidamédia(Vm) =
30
$.! !+
000 !30!.!
000!!+#
%! + 30
!.! !+!30
000 !.000
!"
15 vezes

Vm=8 semestralidades ou semestres

Recordando a fórmula (1), e no caso em que pretende calcular a vida média na


data de emissão do empréstimo, a fórmula simplifica-se.
Tem-se

n-k

åX
p =1
k+ p ´p
Vm =
X

n-k
onde X = å X k + p é o número total de obrigações emitidas.
p =1

Quando as amortizações de obrigações são constantes (como aconteceu no caso


do exemplo), ou seja, X 1 = X 2 = ! = X n , a fórmula vem

n - k +1
Vm =
2

No caso em que as amortizações são constantes e se pretende calcular a vida


média no momento da emissão, ou seja, quando k=0, tem-se

n +1
Vm =
2 .

CAPITULO VI – INVESTIMENTOS E TECNICAS DE AVALIAÇAO DE


PROJECTOS DE INVESTIMENTO

6.1 Definição de Investimento

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De acordo com Bodie e Marcus (1998), investimento implica comprometer recursos na


expectativa de obter benefícios futuros. Ao comprometer recursos, o investidor incorre
num custo de oportunidade, na medida em que sacrifica a hipótese de poder despender os
seus recursos hoje, em ambiente certo, optando por investi-los numa alternativa que
devolverá resultados futuros, em ambiente de risco e incerteza
Os activos sujeitos à opção de investimento, podem assumir a forma de activos reais ou
de activos financeiros. Os activos reais abrangem aqueles que detêm a capacidade de
produzir bens e serviços de forma a gerar riqueza. Nesta categoria temos, por um lado, os
bens de equipamento, edifícios, terrenos e activos circulantes, e por outro, os activos
intangíveis, como as patentes, transferência de tecnologia, investigação e
desenvolvimento, etc.
Os activos financeiros, como as acções e obrigações, constituem títulos representativos
dos direitos cobre os activos reais.

6.2 Tipologia de Investimentos

Os investimentos podem ser caracterizados de acordo com diferentes critérios. A


classificação do tipo de investimento pode determinar os métodos e técnicas de análise
do mesmo, pelo que importa enquadrar o projecto de investimento em estudo para que
seja avaliado com os instrumentos adequados.
i. Investimentos de reposição/substituição: a empresa pretende manter a sua
capacidade produtiva actual, substituindo equipamentos usados por
equipamentos novos com características técnicas similares;
ii. Investimentos de expansão: o objectivo é aumentar a capacidade produtiva
da empresa;
iii. Investimentos de modernização: consistem na substituição de equipamentos
usados por novos equipamentos, com características técnicas melhoradas e
inovadoras. O nível de produção mantém-se, contudo garante uma melhoria
na eficiência (menores custos) e/ou na qualidade do produto ou da prestação
do serviço;
iv. Investimentos de inovação: perante a mudança nas preferências e na
exigência dos consumidores, a empresa opta por diversificar a sua actividade
através da produção de novos produtos;

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v. Investimentos estratégicos: enquadram-se no plano estratégico da empresa a


longo prazo, com o objectivo de assegurar o futuro da mesma (exemplo,
diversificação de actividades, aquisição de concorrentes, etc.);
vi. Investimentos obrigatórios: são necessários para que a empresa cumpra a
legislaçao legal em vigor;

6.3 A Avaliação de projectos de investimento

Sendo o projecto entendido como um conjunto de informações sistematizadas com o


objectivo de fundamentar uma decisão de investimento, pretender-se-á estimar o valor a
ser criado pelo investimento, aumentado a eficiência da utilização dos recursos.
Um projecto envolve um conjunto de decisões e objectivos, entre os quais, a escolha dos
recursos a alocar, a determinação das receitas e despesas, a escolha das fontes de
financiamento e o estudo do enquadramento legal e financeiro.

O processo de avaliação de económica e financeira de um projecto, pode dividir-se em


duas etapas principais:

i. Avaliação Económica ou de Pré-financiamento: avalia a rendibilidade do


investimento pressupondo que este é exclusivamente financiado por capitais
próprios. Admite-se que a estrutura de financiamento ainda não se encontra
definida, pelo que esta não influência a decisão que recai sobre os critérios
utilizados para a suportar.
ii. Avaliação Financeira ou de Pós-financiamento: avalia a rendibilidade do
investimento, considerando os custos de financiamento decorrentes do recurso
a capitais alheios e ouras consequências que advêm da opção por capital
alheio.

Numa perspectiva empresarial, o investidor tem a percepção do interesse do investimento

a partir da avaliação do grau de rendibilidade que este lhe apresenta. A rendibilidade de

um investimento está de acordo com o seu potencial em assegurar a recuperação total dos

capitais investidos , ao mesmo tempo que concede um rendimento adicional em montante

suficiente para liquidar os juros relativos às fontes de financiamento de capital alheio e

remunerar os respectivos sócios/accionistas em função da rendibilidade requerida.


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Assim, a determinação da rendibilidade de um projecto assenta no confornto directo do

montante d ecapital investido com o montante dos fluxos financeiros (cash flow)

decorrentes da exploração do mesmo, durante a sua vida útil.

6.4 Estudos de viabilidade de um projecto

O estudo de rendibilidade de um projecto pode subdividir-se em estudos técnico-


económicos e em estudos económico-financeiros.

6.4.1. Estudos Técnico-económicos

Numa primeira fase, são realizados estudos técnico-económicos, que incluem estudos de
mercado, estudos técnicos e estudo do enquadramento jurídico e financeiro. Estes
constituem estudos preliminares que permitem conceber e planear as condições e
características técnicas que satisfazem os requisitos do promotor para que sejam
analisados e determinadas as vantagens da sua realização. Fornecem ainda informação
necessária que vai servir de suporte aos estudos económico-financeiros.

6.4.2 Estudos económico-financeiros

Pretende-se com estes estudos determinar os fluxos financeiros gerados pelo projecto no
sentido de o avaliar e concluir sobre a sua rendibilidade e viabilidade. A conclusão
retirada destes estudos determinam se o projecto em causa revela interesse ou não do
ponto de vista do promotor.

A informação obtida com os estudos económico-financeiros deverá ser agregada e


sistematizada, resultando na elaboração de quadros previsionais essencialmente
distribuídos pelas seguintes peças contabilísticas: O Plano de Investimento, o Plano de
Exploração e o Plano de Financiamento.
• O Plano de Investimento deve conter os activos a adquirir, classificados por
natureza e origem (interna ou externa), os anos de investimento e os respectivos
valores;
• O Plano de Exploração inclui as contas de exploração previsionais, discriminadas
em receitas e despesas de funcionamento, para os vários anos de vida útil do

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projecto, assim como os resultados da empresa apresentados através da


Demonstração dos Resultados Previsional;
• Plano de Financiamento, onde é detalhado o orçamento da tesouraria e o mapa de
origens e aplicações de fundos, de forma a apurar os valores que devem compor
os Balanços Previsionais.

6.5 Noção e determinação do CASH FLOW

Um projecto de investimento é avaliado de acordo com o valor que gera para a empresa,
critério que sustenta a decisão de investir por parte do investidor. Durante o seu período
de vida útil, o projecto gera fluxos financeiros decorrentes da exploração da actividade
inerente. Assim, a rendibilidade de um projecto pode ser mensurada através do cálculo
dos seus cash flows, cujo valor tem por base os fluxos de benefícios e de custos
económicos gerados pelo mesmo.
Diferença entre cash flow e lucro contabilístico:
• O lucro contabilístico é facilmente manipulável e o seu valor depende dos critérios
contabilísticos e de valorimetria utilizados;
• Na determinação do lucro contabilístico não se considera os momentos em que
ocorrem esses recebimentos e pagamentos, o que torna inadequado na perspectiva
económica, já que deve ser considerado o valor temporal do dinheiro.
O conceito de cash flow pode ser desagregado de acordo com a sua natureza:

• Cash Flow de Investimento


• Cash Flow de Exploração
• Cash Flow Líquido
• Cash Flow Absoluto
• Cash Flow Incremental

E também de acordo com a óptica de avaliação:

• Cash Flow na óptica do investidor – Fluxo de Caixa Livre para os Accionistas


(avaliação económica);
• Cash Flow na óptica do projecto – Fluxo de Caixa Operacional Líquido
(avaliação financeira).

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O Cash Flow de Exploração regista os fluxos líquidos associados à exploração da


actividade relacionada com a implementação do projecto.

Cash Flow de Investimento engloba as despesas associadas à implementação do


projecto . O seu valor indica o montante das necessidades de investimento do projecto.

Cash Flow Líquido, calculado pela diferença entre o Cash Flow de Exploração e o Cash
Flow de Investimento. Quando não é comparado com outro, é simultaneamente líquido
e absoluto.

Cash Flow Incremental resulta da diferença entre dois cash flows líquidos, quando
comparados.

A diferença entre o Cash Flow de Exploração e o Cash Flow de Investimento constitui o


valor utilizado para a determinação dos critérios de rendibilidade.

6.5.1 Óptica do Investidor

Na óptica do investidor, é relevante determinar o Fluxo de Caixa Livre (FCL) para os


accionistas. O valor apurado representa os meios financeiros líquidos gerados pela
actividade de exploração da empresa, pelo investimento e pelo financiamento externo,
que ficam disponíveis para os seus accionistas ou sócios.
Esta óptica de determinação do cash flow pressupõe o financiamento exclusivo por
capitais alheios, pretendendo calcular o fluxo que pertence aos accionistas/sócios, daí ser
deduzido da amortização da dívida, decorrente do recurso a captais alheios.

6.5.2 Óptica do Projecto

Na óptica do projecto, o cash flow relevante é o chamado Fluxo de Caixa Operacional


Líquido (FCOL). Indica os meios gerados pela actividade de exploração da empresa,
deduzidos do investimento em activo fixo e fundo de maneio, realizados no âmbito do
projecto. Não considera a forma de financiamento utilizado.

6.5.3 O princípio do valor temporal do dinheiro

Conforme foi referido anteriormente, a decisão de investir implica prescindir do consumo


hoje, de forma a aplicar o dinheiro numa alternativa com resultados futuros. Para
comparar valores monetários recebidos (ou a receber) em períodos diferentes, há que
´transportá-los´ para o mesmo instante temporal (quer para efeitos de actualização ou
capitalização).
Na avaliação de projectos, trata-se sobretudo de valorizar os fluxos gerados no futuro
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(cash flows) no momento actual – a este processo está adjacente o método de actualização
dos cash flows, que implica descontar um fluxo futuro a uma determinada taxa de
actualização (k). A taxa k tanto pode quantificar o custo de oportunidade, como a
remuneração exigida.

CFt
Valor actual do Cash Flow =
(1 + k ) t

6.5.4 A taxa de actualização

A taxa k é um factor importante e crucial na determinação do VAL (Valor Actual Líquido)


do projecto, e, consequentemente na avaliação do projecto em questão.
A determinação de k também difere em função da óptica de avaliação;
Na óptica do investidor, interessa determinar os fluxos que ficam disponíveis para os
accionistas/sócios, pelo que a taxa de actualização apropriada é o custo do capital próprio
ou o custo de oportunidade. Deve quantificar a remuneração requerida pelo investidor.
Na óptica do projecto importa determinar o valor dos fluxos que ficam disponíveis para
accionistas e para credores, sendo que a taxa de actualização mais indicada é a do custo
médio do capital, cujo valor reflecte o custo das fontes de financiamento, que em termos
de capitais próprios, quer em termos de capitais alheios.
6.5.4.1 Taxa Mínima de Atractividade (TMA)
É uma taxa de juros que representa o mínimo que um investidor se propõe a ganhar
quando faz um investimento, ou o máximo que um tomador de dinheiro se propõe a pagar
quando faz um financiamento.
A TMA é a taxa a partir do qual o investidor considera que está a obter ganhos financeiros.

I. Custo do capital para o accionista/sócio

No caso do perfil de risco do projecto ser equivalente ao risco da empresa, a taxa


de actualização pode ser dada pelo custo de capital da empresa.

A fórmula para a determinação da taxa de actualização nesta óptica é de acordo


com a seguinte expressão (taxa nominal):

[ ]
k e = (1 + R f )* (1 + Pr )* (1 + Ti ) - 1

Onde:
Rf é a taxa de remuneração do activo sem risco (por exemplo, os bilhetes de
tesouro).
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Pr é o prémio de risco que reflecte o risco e a incerteza associados ao investimento


no projecto.
Ti é a taxa de inflação prevista (apenas é utilizada quando os cash flows a
actualizar estão a preços correntes) que existe para manter/repor o poder de
compra do investidor no final do investimento.

II. Custo Médio Ponderado do Capital

O custo médio ponderado do capital traduz-se numa taxa que engloba os retornos
requeridos pelas diversas fontes de financiamento, ponderados pelo peso que cada
uma tem no total do capital investido. Como tem em conta as várias opções de
financiamento, é utilizado para actualizar os cash flows calculados na óptica do
projecto.

CP CA
CMPC = k e * + k d * (1 - t ) *
CT CT

Onde:
ke é o custo do capital próprio, ou rendibilidade exigida pelos accionistas /sócios
kd é o custo do capital alheio
CP é o valor total do Capital próprio
CA é o valor total do Capital alheio
t é a taxa de imposto sobre o rendimento

Nota:

- O custo do capital alheio é a taxa de juro paga pela empresa, de acordo com o
financiamento externo contratado.
- Este método deve ser utilizado apenas nas situações em que a estrutura de
financiamento se mantém inalterada.
- A aplicabilidade do CMPC também é limitada no sentido em que a estrutura de
financiamento dos projectos difere da própria estrutura financeira da empresa
promotora, assim como nos casos em que a estrutura financeira da empresa
influencia directamente a estrutura financeira dos projectos. Por estas razões, o
CMPC revela dificuldade em reflectir convenientemente o perfil de risco dos
projectos.

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6.6 Principais Critérios de rendibilidade e Métodos de avaliação de


Projectos

Na avaliação de projectos recorre-se a critérios de rendibilidade de forma a suportar a


decisão de investir ou não naquele projecto, ou escolher entre várias alternativas de
investimento.
Os critérios mais utilizados na avaliação de projectos recorrem à projecções previsionais
dos cash flows, pretendendo-se comparar os cash flows de exploração com os cash flows
de investimento, de forma a determinar a rendibilidade do(s) projecto(s). De uma forma
genérica, um projecto é aceitável de o somatório dos cash flows de exploração
actualizados for superior ao valor do somatório actualizado dos cash flows de
investimento.

Nota: Admitir-se-á aqui que os valores a partir dos quais se determinam os cash flows
são conhecidos, não havendo lugar à utilização de distribuições de probabilidade.

6.6.1 Valor Actual Líquido ou Valor Presente

Teoricamente, o indicador de rendibilidade mais consistente em condições


determinísticas é o Valor Actual Líquido ou Valor Presente, que aglomera os fluxos
líquidos actualizados gerados pelo projecto. Este conceito pode ser entendido como a
quantificação do efeito do investimento na riqueza de uma empresa, pelo que é o mais
indicado quando os promotores do projecto assumem uma óptica de maximização da
riqueza.

A fórmula genérica para o cálculo do VAL é dada pela expressão seguinte:

n
CFt
VAL = å
t =0 (1 + k )
t

Onde:
t – é o número do período
n – é o número total de períodos da vida útil do projecto ou do horizonte temporal da
análise
CFt - é o valor do Cash Flow, positivo ou negativo, gerado pelo projecto no período t
k – é a taxa de actualização

Ou, em alternativa :

n
R
VP = å -I
t =0 (1 + k )
t

Onde:
VP – valor Presente
I – é o valor do investimento
R – é o valor do resgate
k – é a Taxa Mínima de Atractividade
Exemplo: Uma empresa dispõe de 180.000,00 u.m. e se apresentam dois equipamentos
parecidos para comprar um:
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• Marca A – Exigem um investimento inicial (compra e instalação) de 140.000,00


u.m., e proporciona um lucro líquido anual de 50.000,00 u.m., durante 7 anos.

• Marca B – Exigem um investimento inicial (compra e instalação) de 180.000,00


u.m., e proporciona um lucro líquido anual de 65.000,00 u.m., durante 7 anos.

A taxa de actualização é de 30% a.a.

Solução:
Vamos construir o Fluxo de Caixa dos dois possíveis investimentos e, ao lado, o Valor
Presente;

Marca A:

esquema

VP(A)=-140.000,00+50.000,00* a7 = 105,61
30%

Marca B:

esquema

VP(B)=-180.000,00+65.000,00* a7 = 2.137,3
30%

Resposta: A alternativa B é a recomendada economicamente. Lucro de 2.137,3 u.m. a


valor presente.

6.6.2 Método da Taxa Interna de Rendibilidade (TIR)

A Taxa Interna de Rendibilidade é aquela que torna o valor actual dos benefícios
económicos futuros igual ao valor actual dos respectivos custos, pelo que traduz a taxa
de rendibilidade períodica do capital investido.
Pode ser calculada ao igualar a expressão do VAL a zero:

n
CFt
VAL = å =0
t =0 (1 + TIR )
t

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Normalmente utiliza-se este critério quando as condições de financiamento,


nomeadamente os juros, não são conhecidas e quando está em causa uma decisão entre
projectos com investimentos e vida útil significativamente distintos.
ATIR, como critério de rendibilidade, complementa-se com o critério do VAL,
principalmente em decisões entre projectos.

Análise de um projecto isolado:


• VAL ³ 0 quando TIR ³ k o projecto é viável;
• VAL < 0 quando TIR < k o projecto não é viável.
Genericamente, quanto mais elevada, mais capacidade terá o projecto de remunerar o
capital investido.
Nota:

• Os investimentos com a TIR maior que as TMA são considerados rentáveis e


passíveis de análise;
• Sendo B=A+(B-A), então B será melhor opção somente quando A e (B-A)
forem maiores que a TMA;
• TIRB>TIRA não quer dizer que o investimento B é preferível ao investimento
A;
• O investimento B-A é chamado de investimento incremental
Exemplo: Comparação de dois investimentos

MARCA A
Período Fluxo Taxa
0 -140000 30%
1 50000
2 50000
3 50000
4 50000
5 50000
6 50000
7 50000 TIR 30,03%

MARCA B
Período Fluxo Taxa
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0 -180000 30%
1 65000
2 65000
3 65000
4 65000
5 65000
6 65000
7 65000 TIR 30,51%

Aparentemente o investimento B é preferível ao A, mas não podemos dar uma resposta


conclusiva partindo somente da TIR, pois nos dois casos temos investimentos iniciais
diferentes.
Como regra geral para investimento, tem-se:

Se TIR>taxa de desconto =>aceitar


Se TIR=taxa de desconto =>indiferente
Se TIR<taxa d edesconto =>rejeitar

Associando ao VPL:
Se TIR>taxa de desconto =>VPL positivo
Se TIR=taxa de desconto => VPL nulo
Se TIR<taxa de desconto =>VPL negativo

Estes critérios inversamente servem como regra geral para financiamento:


Se TIR>taxa de desconto=>rejeitar
Se TIR=taxa de desconto=>indiferente
Se TIR<taxa de desconto=>aceitar

Associando ao VPL:
Se TIR>taxa de desconto =>VPL negativo
Se TIR=taxa de desconto => VPL nulo
Se TIR<taxa de desconto =>VPL positivo

Nota: Adicionalmente, define-se a XTIR, que devolve a taxa interna de rendibilidade de


um programa de fluxos monetários que não seja necessariamente periódica.

6.6.3 Método do período de recuperação (Payback)

O método do payback representa o período de recuperação do investimento inicial. É


obtido calculando-se o número de anos que será necessário para que os fluxos de caixa
futuros acumulados igualem o montante do investimento inicial.
Esta alternativa pressupõe inicialmente a definição de um limite de tempo máximo para
retorno do investimento. Após a definição deste prazo é analisado o fluxo de recursos do
projecto, comparando o volume necessário de investimento com os resultados a serem
alcançados futuramente, verificando o período onde o saldo tornou-se igual a zero. Se

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este prazo de recuperação for aceitável pelos proprietários, então o projecto será
efectivado, caso contrário será descartado.
Este método é aplicado de duas formas: payback simples e payback descontado. A
principal diferença entre os dois é que o payback descontado considera o valor temporal
do dinheiro, ou seja, actualiza os fluxos futuros de caixa a uma taxa de aplicação no
mercado financeiro, trazendo os fluxos a valor presente, para depois calcular o período
de recuperação.
É imprudente considerar este método como decisão de investimento, pois não contempla
os fluxos de caixa após o período de recuperação. Este método pode levar a escolha de
um projecto que tenha um prazo de retorno muito baixo, desconsiderando outro com
período mais longo, mas que possa gerar maior riqueza para o proprietário, ou seja, que
apresente um VPL maior. Se um determinado investimento apresenta um fluxo anual
maior no início implicará em um período mais curto de recuperação, mas pode ser apenas
um payback ilusório se depois deste período apresentar fluxos negativos, por exemplo.

CAPITULO VII – ESTRUTURA TEMPORAL DAS TAXAS DE JURO


6.1 Introdução
As transacções envolvendo títulos públicos ou provados fazem parte da rotina dos
profissionais do mercado financeiro e são norteadas pelo conceito económico de taxas de
juros. O dia a dia destes mercados é caracterizado mais pela avaliação do preço do crédito
envolvido nas operações do que pelos montantes propriamente ditos.
Da mesma forma as principais decisões de investimento em capital fixo, invariavelmente,
levam em consideração a taxa de juros praticada no momento da decisão e incorporam
uma expectativa (previsão) em relação ás taxas futuras de juros.
Neste sentido, torna-se imprescindível perceber a construção (e o comportamento) dessas
taxas ao longo do tempo (relação curto prazo/longo prazo). Tal factor é denominado
Estrutura Temporal das Taxas de Juros (ETTJ).

Definição: (Estrutura Temporal das Taxas de Juros (ETTJ))


Estrutura Temporal das Taxas de Juros (ETTJ) é a relação entre a taxa de juros e a
maturidade da aplicação, ou seja, a Estrutura Temporal das Taxas de Juros (ETTJ)
consiste numa explicação para a forma como a variação das taxas de juro ao longo do
tempo são incorporadas nos valores mobiliários, como por exemplo, obrigações.

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A representação gráfica de uma estrutura a prazo é conhecida como Curva de Rendimento


(Yield Curve) e procura traduzir visualmente o comportamento das taxas de juros ao
longo do tempo, ou seja, a sua rentabilidade para diversas maturidades (vencimentos).

A ETTJ apresenta-se sob a forma de uma curva composta pelas yields implícitas, ou seja,
a taxa de rendibilidade esperada para o valor de obrigações transaccionadas, como função
das suas diferentes maturidades. Essa estrutura é usualmente inferida a partir de uma
classe de obrigações similares, do ponto de vista de risco de incumprimento. Para esse
efeito é usual utilizar Obrigações do Tesouro (OT), uma vez que são consideradas isentas
de risco de incumprimento.
O formato a curva advém da ligação do conjunto de pontos obtidos por uma expressão
funcional, como se se tratasse de uma regressão.
6.2 Diferentes tipos de Yield curves
6.2.1 Yield curve Normal ou Crescente
6.3 Teorias explicativas da Estrutura Temporal das Taxas de Juros (ETTJ)
As teorias explicativas da ETTJ situam-se em torno da relação entre aquela estrutura
temporal e as taxas de desconto futuro que nela estão embutidas.
Existem três factores que podem influenciar a forma da ETTJ:
• O que o mercado espera em relação aos futuros movimentos das taxas
de juro;
• A possibilidade de prémios de liquidez;

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• Alguma relativa ineficiência dos mercados de rendimento fixo.


Assim nascem quatro teorias explicativas da ETTJ;
- Teoria das expectativas de mercado
- Teoria da preferência pela liquidez (Premio de liquidez)
- Teoria da segmentação de mercado;
- Teoria do habitat preferido
O papel das expectativas
Se estivermos em mercado eficiente, a ETTJ reflectirá a melhor estimativa do
comportamento futuro das taxas de juro. Por isso, esta curva tem fundamentalmente três
aplicações:
• Extrapolar as expectativas dos agentes respeitantes à evolução do ciclo
económico real e da inflação;
• Meio para avaliar o preço dos derivados sobre as taxas de juro;
• Arbitragem

Em conclusão, a ETTJ fornece informações fulcrais e indispensáveis aos agentes


económicos sobre as tendências futuras das taxas de juro e, em consequência, que a sua
estimação é de elevada importância, em especial para muitas organizações envolvidas na
gestão de activos.

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