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CÁLCULO FINANCEIRO

Enquadramento Geral e
Conceitos Básicos

1 – Enquadramento Geral
2- Capital financeiro; 3- Tempo; 4- Juro
5- Operação financeira; Regra de ouro; princípios fundamentais
Como é aplicado o rendimento das
pessoas

• O rendimento dos agentes


económicos pode ser aplicado de
duas formas distintas: em
consumo ou em poupança.
POUPANÇA INDIVIDUAL E O CICLO DE VIDA
Valor Temporal do Dinheiro (2/2)
Através do investimento, a poupança converte‐se num capital financeiro
entendido como todo o conjunto de capitais cedidos durante um
determinado espaço de tempo, capazes de produzirem uma certa
remuneração, o juro, para o seu proprietário (CADILHE et al., 1988). A
ação que tem por finalidade modificar quantitativamente um ou mais
capitais, por acção do tempo e do juro, designa‐se por operação
financeira (MATIAS, 2009). No estudo das operações financeiras reside a
área de interesse do Cálculo Financeiro.
Valor Temporal do Dinheiro (1/2)
Intuitivamente, sabemos que um mesmo capital não tem o
mesmo valor consoante possa ser utilizado de imediato ou apenas
passado algum tempo. Ou, como refere Matias (2009) o valor
temporal do dinheiro tem por base a preferência pela liquidez:
atribuímos mais valor a podermos dispor de um capital o mais
cedo possível do que mais tarde.
Operação Financeira

Denomina-se por operação financeira qualquer


operação que envolva a aplicação de poupança
destinada a investimento onde estejam envolvidos
simultaneamente os factores capital, tempo e taxa
de juro. As operações financeiras são assim
resultantes da aplicação da poupança em
investimento financeiro.
OPERAÇÕES FINANCEIRAS
Operação Financeira

As operações financeiras podem


dividir-se em operações de curto,
médio ou longo prazo, consoante o
seu horizonte temporal seja até um
ano, de um a cinco anos ou a mais de
cinco anos, respectivamente.
Credor vs Devedor ou Mutuante vs Mutuário
CREDOR – o que cede o capital durante um determinado período

de tempo ficando impossibilitado de o utilizar, devendo como tal

ser recompensado através do juro que lhe é devido.

DEVEDOR – o que beneficia do uso desse capital, durante esse

período de tempo, e, como tal, devendo compensar quem lho

cedeu através do pagamento de um juro.


Operação Financeira
No caso particular das instituições
financeiras, são realizados,
tradicionalmente, dois tipos de
operações: as operações em que as
entidades concedem créditos e as
operações em que aceitam depósitos,
cada uma delas com várias modalidades
e com diferentes taxas de juro.
Operação Financeira

As operações bancárias dividem‐se, ainda, em


operações activas e operações passivas: as
primeiras são aquelas que tem subjacente o
recebimento de taxas de juro por parte das
instituições financeiras e, as segundas, aquelas
que têm implícito o pagamento de taxas de juro
por parte das instituições financeiras.
Taxas activas vs taxas passivas
Nas operações financeiras está
implícita a aplicação de taxas de
juro, activas a operações activas
(proveito da instituição financeira) e
passivas a operações passivas
(custos da instituição financeira).
Taxas activas vs taxas passivas
Esta diferença entre taxa de juro passiva
e activa designa‐se por spread, sendo
uma das principais fontes de receita das
instituições financeiras. As taxas de juro
das operações financeiras estão
indexadas a taxas de referência, que se
designam por indexantes.
Regra de Ouro
“Para comparar ou operar com capitais é necessário que estes
estejam reportados ao mesmo período de tempo”.
Isto é: dados os capitais C e C’, pode fazer-se C + C’, ou C – C’,
ou C > C’, ou C = C’, etc., se é só se eles estiverem referidos ao
mesmo momento.
É, pois, incorrecto afirmar que 100 unidades monetárias recebidos
hoje mais 100 unidades monetárias recebidos daqui a um mês são
200 unidades monetárias.
Princípio da Homogeneização
Qualquer operação matemática sobre dois ou mais capitais
requer a sua homogeneização no tempo. Isto quer dizer que as
variáveis devem estar reportadas ao mesmo tempo ou prazo. Por
exemplo. Uma operação em que o período está em meses e taxa
de juro referida em anos, deve se converter ou transformar a taxa
em meses ou os meses no prazo equivalente a anos.

Entretanto, deve-se prestar atenção enunciado e principalmente sobre o período de capitalização.


Princípios fundamentais do juro

O juro em cada período de capitalização é igual ao capital do início do


período multiplicado pela taxa de juro.
Isto é: sendo Jk o juro do período k, Ck-1 o stock de capital no início do
mesmo período, ou seja, no momento k-1, ik a taxa de juro em vigor no
mesmo período teremos:
Jk = ik x Ck-1 (com k = 1, 2, 3, …)
Princípios fundamentais do juro

A função juro satisfaz duas


condições iniciais, reconhecidas
como princípios fundamentais de
todo o Cálculo Financeiro
Objectivo de Matemática Financeira

O objectivo é dar respostas a questões como:


• Quanto receberei por uma aplicação de determinado
capital no final de um determinado período de tempo?
• Qual o valor que devo depositar periodicamente para
atingir uma determinada poupança desejada?
• Qual o valor que pagarei mensalmente por um
empréstimo?
• Qual o valor a receber numa determinada poupança se
optar por um resgate periódico?
Processos de capitalização
A capitalização é a transformação, provocada pelo
tempo, de um capital em capital mais juro (CADILHE et
al., 1988).
O valor do juro relativo a um processo de capitalização
depende do capital inicial C, do tempo de duração do
processo n e da taxa de juro convencionada, i. Ou seja, o
juro é função do capital e do tempo J = J (C,n).

O processo de capitalização consiste na acumulação


progressiva de rendimentos ou valores.
JURO E TAXA DE JURO

A este processo de acréscimo que o capital sofre ao longo


dos períodos de tempo dá-se o nome de capitalização, i.e., a
capitalização é o processo que leva à formação de juros. A
frequência com que em cada operação financeira se
processa o juro designa-se por “frequência” ou “período de
capitalização”. Importa referir que existem diferentes
regimes de capitalização, cujo processo de geração de juro é
diferente.
JURO E TAXA DE JURO

De uma forma sintética podemos afirmar que o juro existe por três razões,
todas elas intimamente ligadas ao factor tempo:

1. Privação da liquidez: ao “cedermos” capital a outrém estamos a


oportunidade de escolher o que fazer com o capital (consumo e/ou
poupança).
2. Perda do poder de compra: a inflação faz com que o valor do dinheiro se
altere ao longo do tempo.

3. Risco: ao “cedermos” capital não existe a garantia que o recuperemos.


Regimes de Capitalização
Regimes de Capitalização

Os dois regimes de capitalização diferem


essencialmente pelo o que acontece no final de
um período de capitalização. Nesse instante
podem ocorrer duas coisas:
Regimes de Capitalização

1. O juro sai do processo de capitalização, isto é, não vai gerar


juro no(s) período(s) seguinte(s). Nestas condições, estamos
na presença do Regime de Juro Simples
2. O juro é incorporado no capital com que se vai iniciar o
período de tempo seguindo, vindo ele próprio a gerar juro no
período seguinte, ou seja, capitaliza. A este fenómeno, juro de
juro, dá-se o nome de anoticismo. Nestas condições, estamos
na presença do chamado Regime de Juro Composto.
Regimes de Capitalização
Bases de Cálculo para a Contagem dos Dias
Bases de
Cálculo para
a Contagem
dos Dias
DESCONTO E TAXA DE DESCONTO
O desconto (ou actualização) é o processo inverso da capitalização. Se um
determinado capital produz juro num certo período de tempo n, e se
considerarmos que o juro é o incremento do capital inicialmente aplicado, o
desconto será o valor desse capital num momento anterior a n. Enquanto que
o processo de capitalização transforma o capital inicial num capital superior, o
desconto transforma o capital num valor inferior. O processo de desconto é
aplicável quando pretendemos reportar o valor de um capital futuro a um
momento anterior e, portanto, é bastante útil do ponto de vista das operações
financeiras. Sendo um conceito semelhante ao juro, também a actualização
depende do tempo, antecipação do vencimento e do capital em referência.
VALOR DE UM CAPITAL

Pode então afirmar-se que o valor actual de


um capital será sempre o seu valor no
momento de referência e que, para
momentos posteriores ao de referência
teremos valores acumulados e, para
momentos anteriores ao de referência,
teremos valores descontados.
DIAGRAMA TEMPORAL (ou RECTA DO
TEMPO)
O primeiro passo na resolução de um problema de Cálculo
Financeiro deve ser a sua representação esquemática. A
representação mais divulgada é a chamada representação do
problema num diagrama temporal (também chamado “recta do
tempo”).
VALOR ACTUAL OU VALOR ACUMULADO
Por convenção utiliza-se normalmente o momento actual como o
momento de referência. Ao valor desse capital nesse momento
de referência dá-se o nome de valor actual. No entanto, o
momento de referência pode não ser o momento do vencimento
desse capital e portanto haverá um momento posterior ao
momento de referência. Ao valor desse capital nesse momento
posterior dá-se o nome de valor acumulado. Tendo em conta que
o desconto é o processo inverso da capitalização, podemos
afirmar que o valor descontado de um capital acumulado é o seu
valor actual.
CONSIDERAÇÕES
A aplicação da parte do rendimento destinado a poupança com o objectivo de
o multiplicar é feito através das chamadas operações financeiras. Contudo, as
operações financeiras também são importantes do ponto de vista do
financiamento de empreendimentos e outros projectos. A base das operações
financeiras reside no valor temporal do dinheiro, sendo assim fundamental
compreender as relações entre capital, tempo e dinheiro em qualquer
investimento financeiro. Para operar com capitais reportados a diferentes
momentos é necessário entender os mecanismos de capitalização e de
actualização, sendo estes fundamentais para o estabelecimento da equação
de equivalência entre os capitais.

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