Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cilene Sena
10-10-2017
Este documento destina-se aos alunos da disciplina de Cálculo e Operações Financeiras, dos cursos de
Licenciatura em Gestão e em Contabilidade. Não tem o objectivo de substituir os livros referenciados
na Bibliografia, sendo um simples complemento de estudo.
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Valor temporal do dinheiro: Uma mesma quantia não tem para nós o mesmo valor se
pudermos dispor dela imediatamente ou apenas dentro de algum tempo.
É uma atitude racional. De facto, optando por receber os 100 contos imediatamente, ou
pagá-los apenas daqui a um ano, ficamos com liberdade para decidir que destino lhes
dar no imediato:
1. Consumo
2. Poupança
3. Uma parte a consumo e outra a poupança.
Repare na primeira situação: recebendo os 100 contos apenas daqui a um ano, nenhuma
destas opções é possível. No entanto, caso recebêssemos os 100 contos imediatamente,
e decidíssemos aplicá-los, por exemplo, num depósito bancário (praticamente sem
Página |2|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
risco), daqui a um ano teremos mais que 100 contos, graças aos juros recebidos. Deste
modo, para que ficássemos indiferentes entre recebê-los imediatamente ou apenas
daqui a um ano, exigiríamos certamente que, na última hipótese, o valor a receber fosse
superior a 100 contos.
É pois, intuitiva a importância do factor tempo em qualquer análise que envolva capitais.
Uma vez que assim é, torna-se necessário atribuir-lhe um valor. Esse valor é o juro.1
1. Privação de Liquidez: é o sacrifício por parte de quem empresta, que fica privado
de decidir o que fazer com o capital, dando essa possibilidade à outra parte.
2. Perda do Poder de Compra: A inflação provoca o aumento dos preços.
3. Risco: Quem empresta corre sempre o risco de não vir a receber o que
emprestou.
Note a importância do factor tempo: todas estas razões (privação de liquidez, da perda
de poder de compra e risco) estão intimamente ligadas a este factor comum.
Todos sabemos que para comprar ou operar com valores expressos em diferentes
unidades de medida (metros ou centímetros, litros ou mililitros, por exemplo) é
fundamental desde logo homogeneizá-los, ou seja, exprimi-los todos numa mesma
unidade (por exemplo, em centímetros e em litros). Só depois é possível compará-los ou
operar com eles.
Exprimir valores monetários numa mesma unidade é exprimi-los num mesmo momento.
1
Compreende-se que o juro depende de pelo menos dois factores; o capital e o tempo. Voltaremos a
referir-nos ao juro dentro em breve.
Página |3|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Como é que isso se consegue? Recorrendo a conceitos e técnicas que serão estudadas
no ponto 1.7. do nosso programa, nomeadamente, a Equivalência de Capitais, que
permitem elaborar uma equação (a chamada equação de valor) que traduz
matematicamente a equivalência, nesse momento comum (a que se dá o nome de data
focal), entre todos os capitais envolvidos. Para que esta equação esteja correctamente
construída é, então, imprescindível que todos os capitais nela envolvidos estejam
expressos num mesmo momento.
Em síntese: atendendo ao valor temporal do dinheiro, para comparar (ou operar com)
capitais é necessário que eles estejam reportados a um mesmo momento. Caso
contrário, estamos a comparar (“misturar”) capitais com diferentes valores, isto é,
“coisas diferentes”).
Esta é a chamada Regra de Ouro do Cálculo Financeiro, devendo ser sempre tida em
conta na resolução de qualquer problema financeiro.2
Por fim, considera-se importante fazer referência àquela que se julga ser a melhor forma
de representar a generalidade dos problemas de Cálculo Financeiro: através de um
diagrama temporal (recta do tempo), que não é mais do que uma representação
esquemática que utilizaremos com frequência.
capitais
tempo
2
Recomenda-se a leitura do interessante artigo “Batatas e Feijões”, da autoria de Pedro Eiras Antunes.
Página |4|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Quanto aos sinais associados aos capitais (+-), ao longo da disciplina atribuir-se-á aos
capitais (ou fluxos financeiros) os sinais + ou – consoante eles representem entradas de
capital (inflows) ou saídas de capital (outflows).
O facto de representar os capitais deste modo tem uma vantagem inestimável para nós:
ajuda a “visualizar” melhor o problema, sendo em muitos casos um auxiliar precioso na
elaboração da equação de equivalência.
Numa operação financeira intervêm, pelo menos duas partes: o mutuário e o mutuante.
Mutuário é aquele que pede emprestado (devedor); Mutuante é aquele que empresta
(credor).
Página |5|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
bancárias (por exemplo, depósitos). Às operações activas estão associadas taxas de juro
activas e às operações passivas estão associadas taxas de juro passivas.
Como foi visto, o juro depende de três factores: o capital, o tempo e a taxa de juro,
variando directamente em relação a qualquer deles. Sendo assim, o cálculo matemático
do juro é muito simples: basta multiplicar as três variáveis entre si.
J representa o juro
C representa o capital
n representa o tempo
i representa a taxa de juro (na forma decimal)
Por outro lado, a taxa de juro corresponde ao rácio entre o rendimento proporcionado
pela aplicação de um certo capital e o montante de capital aplicado, ou então, entre o
encargo decorrente da utilização de um certo capital e o montante de capital utilizado.
Em ambos os casos, poderemos, muito simplesmente, definir que
Juro J
Taxa de Juro = ou simplesmente i =
Capital C0
Deste modo, quando nos referimos a uma taxa de juro de 5%, tal significa que um capital
de 100 unidades monetárias permite um rendimento de 5 unidades monetárias, ou, em
vez disso, que o recurso a um financiamento no montante de 100 unidades monetárias
implica um encargo de 5 unidades monetárias.
Juro e Taxa de Juro não devem, assim, ser confundidos, pois enquanto o primeiro
corresponde a uma grandeza absoluta, expressa em unidades monetárias, a segunda
traduz uma grandeza relativa, resultante do confronto entre duas grandezas absolutas,
o juro propriamente dito e a capital aplicado.
Página |6|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
1. Sai do processo de capitalização, isto é, não vai gerar juro no(s) período(s)
seguintes. Neste caso, diz-se que vigora o Regime de Juro Simples.
2. É incorporado no capital com que se vai iniciar o período seguinte, vindo a gerar
ele próprio juros no(s) período(s) seguinte(s), ou seja, capitaliza. A este
fenómeno (juro de juros) dá-se o nome de anatocismo. Neste caso, diz-se que
vigora o Regime de Juro Composto.
Uma vez que o montante de juros produzidos em cada período sai do processo de
capitalização, o capital que serve de base ao cálculo desses juros mantém-se constante
ao longo do tempo. Significa, então, que o juro produzido em cada momento vai
permanecer também constante.
Em termos gráficos:
J1 C0 i
J 2 C0 i
J 3 C0 i
...
...
J n C0 i
Página |7|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
J
k 1
k J 1 J 2 J 3 ... J n
n
J
k 1
k C 0 i C 0 i C 0 i ... C 0 i
n
J
k 1
k nC 0 i
Cn C0 nC0 i
Ou então
Cn C0 (1 ni)
EXEMPLO: Qual o juro produzido por um capital de 5.000 contos, aplicado durante 3
anos, à taxa anual de 5%, em regime de capitalização simples?
n
Juro total = J k nC0 i 3 5000 0,05 750 cts
k 1
Resulta ainda que o capital acumulado no final dos 3 anos corresponde à soma do capital
inicialmente aplicado, 5000 cts, e dos juros produzidos, 750 cts, ou também
Página |8|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
C n C0 (1 ni)
C n 5000(1 3 0,05) 5000 1,15 5750
Se o período de tempo surgir expresso em meses, teremos que o juro produzido por um
capital C0, em cada período k, nos é dado por
C0 i
Jk
12
Ao mesmo tempo, o juro produzido por um dado C0 aplicado durante n meses obtém-
se do seguinte modo:
n
C0 i
J
k 1
k n
12
i
C n C0 (1 n )
12
EXEMPLO: Qual o valor acumulado por um capital de 3000 contos, se estiver aplicado
em regime de juro simples, durante 7 meses, à taxa anual de 8%?
Resolução:
0.08
C n 3000(1 7 ) 3000 1,0466667 3140 cts
12
C0 i
Jk
360
n
C0 i
J
k 1
k n
360
Página |9|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
i
C n C0 (1 n )
360
EXEMPLO: Qual o capital que, colocado à taxa anual de6,4%, produziu, durante 63 dias
e em regime de capitalização simples, um juro de 940,8 escudos?
n
Resolução: Sendo conhecido o montante de juro produzido J
k 1
k
, obtém-se
C0 63 0,064
940,8
360
940,8 0.0112 C0
C0 84000 cts
1º: A utilização de 360 dias no cálculo da fracção do ano, quando na verdade, o ano civil
é composto por 365 dias. Trata-se do juro comercial, calculado com base no ano
bancário.
Ao invés do que sucede no caso anterior, neste regime os juros produzidos em cada
período acrescem ao capital existente no período anterior, para servirem, também eles,
de base ao cálculo dos juros no período seguinte. Daqui decorre a formação dos
denominados “juros de juros”, ou anatocismo, e que constitui o grande traço que
diferencia este sistema.
Página |10|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
J 1 C0 i
Enquanto
C1 C0 J 1 C0 C0 i C0 (1 i)
J 2 C1 i C0 (1 i) i
Sendo
C2 C1 J 2 C0 (1 i) C0 (1 i) i C0 (1 i)(1 i) C0 (1 i) 2
J 3 C2 i C0 (1 i) 2 i
C3 C2 J 3 C0 (1 i) 2 C0 (1 i) 2 i C0 (1 i) 2 (1 i) C0 (1 i) 3
J k C0 (1 i) k 1 i
Donde resulta
Ck Ck 1 J k C0 (1 i) k 1 C0 (1 i) k 1 i C0 (1 i) k 1 (1 i) C0 (1 i) k
Página |11|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
J
k 1
k C n C0
J
k 1
k C0 (1 i) n C0
Ou seja
J
k 1
k C0 [(1 i) n 1]
Este montante é necessariamente maior que os 5750 contos obtidos com o mesmo
capital, o mesmo prazo e mesma taxa, no regime de capitalização simples, devido à
produção dos “juros de juros”.
Por sua vez, o montante de juro produzido resulta da diferença existente entre Cn e C0,
isto é
J
k 1
k C n C0 5788,13 5000 788,13 contos
J
k 1
k C0 [(1 i) n 1] 5000[(1 0.05) 3 1] 5000 0,57625 788,13 contos
Página |12|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
A situação que se acabou de resolver aplica-se aos casos em que a taxa de juro i se
mantém constante ao longo do tempo. Porém, pode suceder que essa taxa se altere,
por motivos relacionados com a conjuntura económica, principalmente se n for elevado.
n
C n C0 (1 ik ) , com ik a representar a taxa periódica referente a cada período k.
k 1
n n
J k Cn C0 C0 (1 ik ) C0
k 1 k 1
Ou seja
n n
J
k 1
k C0 [(1 ik ) 1]
k 1
EXEMPLO: Um capital de 1000 contos esteve aplicado durante 3 anos em regime de juro
composto. Sabendo que a taxa de juro praticada no 1º ano foi de 4,2%, sendo alterada
no 2º e no 3º anos, respectivamente, para 3% e para 2,25%, qual terá sido o valor
acumulado no final?
Resolução:
n
C n C0 (1 ik ) 1000[(1 0,042)(1 0,03)(1 0,0225)]
k 1
EXEMPLO: Certo capital esteve aplicado durante 6 anos, em regime de juro composto,
tendo produzido juros no valor de 57.299$50. A taxa praticada na operação foi de 3%
nos dois primeiros anos, 4% nos dois últimos e 3,5% nos anos intermédios. Qual terá
sido a quantia correspondente ao juro periódico produzido no 4º ano de vigência do
empréstimo.
Página |13|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
n n
Sendo que J k C0 [(1 ik ) 1] ,
k 1 k 1
57299,5 C0 0,229197950864
C0 250.000 ECV
De seguida, vamos determinar o capital acumulado no final do 3º ano, uma vez que
J 4 C3 i
n
Sendo que C n C0 (1 ik ) , temos
k 1
Página |14|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Cn C0 (1 i) 2
Cn C0 (1 ni)
“O juro composto”, respondeu Albert Einsein quando lhe perguntaram qual havia sido a
invenção mais notável da humanidade.
Bibliografia
Quelhas, Ana Paula; Correia Fernando, Manual de Matemática Financeira; Almedina
Página |15|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
5. Taxas de Juro.
5.1. Taxas Nominais, efectivas, proporcionais e equivalentes.
Dizem-se nominais as taxas que são declaradas (“nomeadas”) pelo Banco no início de
uma determinada operação financeira. São efectivas as taxas de juro que, segundo os
princípios da matemática financeira, efectivamente presidem à formação do juro.
Por outro lado, uma taxa é nominal, quando existem várias capitalizações no mesmo
período, ou seja, quando a unidade referencial do seu tempo, não coincide com a
unidade de tempo dos períodos de capitalização; e uma taxa é efectiva quando a
unidade de tempo do seu período referencial é idêntica à do período de capitalização.
Para que melhor possamos entender as diferenças existentes entre uma taxa nominal e
uma taxa efectiva, devemos atender a dois conceitos: ao conceito de taxa proporcional
e de taxa equivalente.
Notando, respectivamente, por ia e ip, as taxas de juro relativas aos períodos de tempo
correspondentes na e np, surgirá:
𝑖𝑎 𝑛𝑎
=
𝑖𝑝 𝑛𝑝
Assim sendo, temos 12% ao ano será o mesmo que termos 6% ao semestre, 3% ao
trimestre, 4% ao quadrimestre ou 1% ao mês. Na verdade, correspondendo ao ano 12
meses, um semestre a 6 meses, um quadrimestre a 4 meses e um trimestre a 3 meses,
teremos:
12 % 6 % 4 % 3 % 1 %
= = = = =1
12 6 4 3 1
EXEMPLO: Qual é a taxa bienal proporcional à taxa de 2,5% ao trimestre?
Como um biénio corresponde a 8 trimestres, a taxa proporcional vai ser de 20%, uma
vez que:
Página |16|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
1 2,5%
x 8 2,5% 20%
8 x
Um semestre corresponde a 1/5 dos dois anos e meio aos quais a taxa de 15% se refere.
Assim temos:
1 15%
x 1 / 5 15% 3%
1/ 5 x
Por sua vez, são equivalentes as taxas que, reportadas a diferentes períodos de tempo,
quando aplicadas a um mesmo capital, durante o mesmo prazo global, mas sob
diferentes condições de capitalização, produzem o mesmo juro, ou seja, o mesmo valor
acumulado.
C 0 (1 a ia ) C 0 (1 b ib )
a i a b ib
b
ia ib
a
ou
a
ib ia
b
De onde se conclui, que em Regime de Juros Simples, taxas equivalentes serão sempre
taxas proporcionais.
C 0 (1 ia ) a C 0 (1 ib ) b
(1 ia ) a (1 ib ) b
b
ia (1 ib ) a
1
ou
a
ib (1 ia ) b
1
Página |17|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
(1 i3 ) 3 (1 i2 ) 2
2
i3 (1 i2 ) 3
1
2
i3 (1 0,06) 3
1
i3 3,96%
Em juro composto, uma taxa é nominal quando a taxa efectiva reportada ao período de
capitalização lhe é proporcional, coincidindo essa proporção com a frequência de
capitalização m.
i( m )
im
m
Uma taxa é efectiva quando o período a que se reporta coincidir com o período de
capitalização que lhe está associado.
Por exemplo, uma taxa anual é efectiva se o período de capitalização que lhe
corresponde for o ano, ou ainda, uma taxa trimestral é efectiva se a mesma produzir
juros ao trimestre. Porém, se tivermos uma taxa anual com capitalização ao trimestre
esta taxa não é efectiva. Podemos calcular a taxa efectiva que lhe corresponde utilizando
a relação de proporcionalidade acima referida.
Consideremos a taxa anual nominal de 12%, com capitalização ao semestre. Esta taxa é
uma taxa nominal, não sendo, contudo, uma taxa efectiva, uma vez que se encontra
reportada ao ano e a capitalização ocorre ao semestre. A taxa efectiva para o período
de capitalização, no caso, o semestre, será de 6%. Verifica-se que a relação de
proporcionalidade que existe entre a taxa nominal reportada ao período inicial, 12%, e
a taxa efectiva para o período de capitalização, 6%, é de 2, que coincide com o número
de vezes que a capitalização ocorre durante o ano.
Página |18|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
NÃO Há sincronismo?
SIM
A taxa é NOMINAL!
A taxa é EFECTIVA!
Aplicar a
Proporcionalidade para
obter a taxa efectiva
O período de SIM
capitalização da taxa é
o que necessita?
NÃO
Aplicar a Equivalência
para obter a taxa
efectiva pretendida
Utilizar a Taxa!
Página |19|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
EXEMPLO: Qual a taxa mensal efectiva que corresponde a uma taxa trimestral efectiva
de 2%?
(1 i12 )12 (1 i4 ) 4
1
i12 (1 i4 ) 3
1
1
i12 (1 0,02) 3
1
i12 0,66277%
Esta questão coloca-se quando estamos em presença de uma taxa nominal referente a
um dado período, mas com um período de capitalização não coincidente com a
referência da taxa, e pretendemos obter a taxa efectiva para esse período de referência.
EXEMPLO: Qual a taxa efectiva anual correspondente à taxa anual nominal de 6%, no
caso da capitalização se efectuar ao trimestre?
i( 4 ) 6%
i4 1,5%
4 4
Página |20|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
(1 i ) (1 i4 ) 4
i (1 i4 ) 4 1
i (1 0,015) 4 1
i 6,14%
EXEMPLO: Qual a taxa nominal com capitalização mensal que corresponde à taxa
efectiva anual de 12,6825%?
(1 i12 )12 (1 i)
1
i12 (1 i) 12
1
1
i12 (1 0,126825) 12
1
i12 1%
Faz sentido falarmos desse tipo de problemas quando temos uma dada taxa nominal,
referida a um certo período de tempo, mas com um período de capitalização que não
lhe é correspondente, e pretendemos obter uma outra taxa nominal, referida ao mesmo
período de tempo inicial, mas com um período de capitalização diferente.
Página |21|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
EXEMPLO: Qual a taxa nominal com capitalização ao trimestre que corresponde à taxa
anual nominal com capitalização diária de 12,6%?
i(360) 12,6%
i360 0,035%
360 360
(1 i4 ) 4 (1 i360 ) 360
i4 (1 i360 ) 90 1
i4 (1 0,00035) 90 1
i4 3,19957%
i( 4) i4 4 3,19957% 4 12,79828%
C1i1 n1 C 2 i 2 n2 C i n C In C In C In
... n n n 1 1 2 2 ... n n
360 360 360 360 360 360
Página |22|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
C n C n C n Cin C i n C i n
I 1 1 2 2 ... n n 1 1 1 2 2 2 ... n n n
360 360 360 360 360 360
Donde
I
C i nk k k
C n k k
EXEMPLO: Qual a rendibilidade média obtida pelos seguintes capitais, aplicados, a partir
de hoje, em regime de capitalização simples: 660 contos, por 30 dias, à taxa de 8,5%;
240 contos, por 15 dias, à taxa de 5%; 450 contos, por 50 dias, à taxa de 10%.
I 0,0896078 8,96%
Ou ainda
C1 (1 i1 ) n1 C2 (1 i2 ) n2 ... Cn (1 in ) nn C1 (1 I ) n1 C2 (1 I ) n2 ... Cn (1 I ) nn
EXEMPLO: Qual a taxa média de aplicação dos seguintes capitais, que se encontram
ambos colocados em regime de juro composto: 2.000 contos por 3 anos, à taxa anual de
7,5%; 1.750 contos, por 2 anos e meio, à taxa anual de 6%.
x y
x0=6% y0=4.406,461755
xint=? y=4.509,023505
x1=7,5% y1=4.581,404378
x1 x0
xint x0 ( y y0 )
y1 y 0
7,5% 6%
xint 6% (4509,023505 4406,461755)
4581,404378 4406,461755
xint 6,88%
Devemos então atender aos conceitos de taxa bruta e de taxa líquida. Enquanto a taxa
bruta incorpora o que é retido na fonte a título de imposto, a taxa líquida, encontra-se
desonerada desse encargo.
Sendo que:
J n C 0 [(1 iliq ) n 1]
J n 1000[(1 0,04) 3 1]
J n 124,864
Página |24|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
No exemplo anterior, considerámos uma taxa efectiva anual, sendo que tributação
ocorre também anualmente, em concreto, no final de cada ano. Porém, como é sabido,
o período de capitalização nem sempre coincide com o ano.
Nesses casos, a tributação vai ocorrer em cada produção de juros, pelo que a solução
surge em três passos: 1) cálculo da taxa efectiva para o período de capitalização; 2)
cálculo da taxa líquida correspondente e 3) transformação do período de tempo da
aplicação em função do período de capitalização.
EXEMPLO: Qual a taxa efectiva anual líquida que corresponde à taxa anual nominal
bruta de 5%, com capitalizações ao semestre?
Sendo 5% uma taxa nominal, calcula-se, primeiramente, a taxa efectiva para o período
de capitalização:
i( 2) 5%
i2 2,5%
2 2
Havendo duas capitalizações durante o ano, a taxa efectiva anual líquida, decorre da
relação de equivalência:
i (1 i 2 ) 2 1
i (1 0,02) 2 1 4,04%
Em épocas de inflação, a taxa de juro é composta por duas partes: uma destinada a
remunerar a cedência do capital, outra destinada a compensar o efeito do aumento dos
preços e a consequente perda de valor do capital.
Assim, podemos distinguir as taxas de juro a preços correntes, que incorporam o efeito
da inflação e as taxas de juro a preços constantes, como tal desoneradas desse efeito.
Estas últimas são denominadas taxas de juro reais.
Página |25|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Sendo i a taxa de juro (a preços correntes), i’ a taxa de juro real (a preços constantes) e
z a taxa de inflação, teremos:
C0 (1 i) C0 (1 z)(1 i' )
Ou de outro modo,
(1 i) (1 z)(1 i' )
Logo
1 i
1 i'
1 z
1 i
i' 1
1 z
iz
i'
1 z
EXEMPLO: Qual foi o montante real de juro proporcionado por um capital de 500 contos,
que esteve aplicado durante um ano, à taxa de 6% sabendo que nesse mesmo ano, a
inflação atingiu os 2,8%?
i z 0,06 0,028
i' 3,11284%
1 z 1 0,028
J C0 i '
J 500 0,0311284 15,564contos
Página |26|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
A Taxa anual de encargos efectiva global (TAEG) é a taxa que torna equivalentes, os valores
actualizados dos recebimentos, por um lado, e dos pagamentos, por outro, realizados ou por
realizar pelo consumidor.
R (1 TAEG ) Pk (1 TAEG )
nk nk
k
No que concerne à taxa anual efectiva, é a taxa de juro que, para uma determinada operação
de crédito, torna equivalentes, numa base anual, os valores recebidos e emprestados por uma
Instituição bancária. Constitui a taxa de rendibilidade real da instituição bancária.
TAEG 12,53%
5.6. Indexantes
No dia-a-dia, muitas operações bancárias são efectuadas com taxas de juro associadas a outras
taxas. Diz-se que são indexadas a essas outras taxas, tidas como referência, que se designam
indexantes.
A taxa indexante mais utilizada actualmente é a Euribor. A Euribor é a taxa à qual os bancos
trocam dinheiro entre si. É calculada com base nas taxas praticadas pelos principais bancos
europeus.3
3
Para mais informações sobre o Euribor sugere-se a consulta da página http://pt.euribor-rates.eu/
Página |27|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Esta taxa será revista, salvo convenção em contrário, no final de cada semestre.
Bibliografia
Quelhas, Ana Paula; Correia Fernando, Manual de Matemática Financeira; Almedina
Página |28|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
6. Valor Actual e Desconto. Desconto por dentro ou desconto racional. Desconto por
fora ou desconto comercial. Comparação entre o desconto por dentro e o
desconto por fora. Desconto composto.
Como temos vindo a acentuar, um capital tem um certo valor num certo momento;
reportado a outro momento, o seu valor é outro (normalmente inferior se reportado a
um momento anterior e superior se reportado a um momento posterior)
Não é tão fácil, numa primeira fase, perceber as operações de actualização (ou de
desconto), mas a verdade é que elas são muito frequentes e uteis no dia-a-dia.
Pensemos, por exemplo, numa dívida de determinado montante, com vencimento
numa determinada data futura, cujo pagamento se pretende antecipar.
Página |29|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Assim sendo, questão central é a de saber qual o montante do desconto, isto é, qual o
montante que iremos deduzir ao capital com vencimento em n.
Por sua vez, como o próprio nome indica, o desconto composto é calculado atendendo
ao regime de capitalização composto.
Sendo que o montante do desconto é o que resulta da diferença entre o valor de uma
capital em um determinado momento n (Cn) e o valor do mesmo num determinado
momento n-t (Cn-t) e notando por D, esse montante, teremos:
D Cn Cnt
No caso do desconto por dentro (cujo montante passaremos a designar D d), o valor a
deduzir é calculado sobre o próprio produto líquido do desconto, logo sobre C n-t.
Significa, então, que o desconto por dentro corresponde ao juro simples vencido pelo
valor líquido do desconto no prazo que decorre entre a data do vencimento do capital e
aquela em que se realiza a operação, o mesmo é dizer em t. Daí que se formalize:
Cn Cnt Dd
Ou de outro modo
Página |30|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Cn Cnt Cnt i t
Donde resulta
Cn Cnt (1 it )
E por consequência,
Cn
C n t
1 it
Temos assim,
Cn
Dd C n
1 it
C n (1 it ) C n
Dd
1 it
Logo
C n it
Dd
1 it
O que permitirá obter, de modo directo, o valor do desconto por dentro partindo de Cn.
EXEMPLO: Qual o desconto por dentro sofrido por um capital de 275 contos, à taxa de
7%, quando faltavam 50 dias para o seu vencimento?
Uma vez que partimos do montante do capital no seu vencimento – e não do produto
líquido do desconto – vamos recorrer à fórmula encontrada anteriormente:
C n it
Dd
1 it
50
275 0.07
Dd 360 2,648
50
1 0.07
360
Página |31|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Ou
Cn
C n t
1 it
275
C n t 272,352
50
1 0.07
360
Dd C n Cnt
Ou ainda
Dd C nt i y
50
Dd 272,352 0,07 2,648
360
D f Cn it
Igualmente:
D f Cn Cnt
C n it C n C nt
C nt C n C n it
De onde resulta
Página |32|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Cnt Cn (1 it )
EXEMPLO: Qual o desconto por fora sofrido pelo capital de 275 contos que
considerámos no ponto anterior, à mesma taxa de 7% e quando faltavam os mesmos 50
dias para o seu vencimento?
50
D f 275 0,07 2,674
360
No caso de pretendermos determinar, também, o produto líquido do desconto, bastará
aplicar directamente a fórmula
Cn t Cn (1 it )
50
Cn t 275 (1 0,07 ) 272,326
360
Ou muito simplesmente:
C n t C n D f
Cnt 275 2,674 272,326
Ou seja, será uma taxa que designaremos por df, tal que:
Cnt (1 d f t ) Cn
Isto é,
4 Taxa real é a taxa única que em RJS traduz todos os encargos inerentes à operação de desconto
Página |33|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
C n (1 it )(1 d f t ) C n
(1 it )(1 d f t ) 1
1
(1 d f t )
(1 it )
1
(1 d f t )
(1 it )
1
dft 1
1 it
1 1 it
dft
1 it
it 1
df
1 it t
i
df
1 it
Note-se que a taxa real em desconto por fora, depende do tempo, sendo que quanto
maior for t, maior é a diferença entre df e i. Dito de outro modo, em desconto por fora,
para cada data focal, há uma taxa real diferente.
Este aspecto é muito importante porque limita muito o campo de aplicação deste tipo
de desconto.
1
Na verdade, o limite da aplicabilidade teórica deste tipo de desconto é dado por t
i
1 1 1
(ou, i ), ou seja, para prazos superiores a ou taxas superiores a , o valor actual
t i t
calculado pelo desconto por fora é negativo, o que não tem sentido prático.
Sendo
Cn Cnt (1 i) t
Página |34|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Dc C n C n t
Dc C n t (1 i) t C n t
Dc C n t [(1 i ) t 1]
Dc C n C n t
Dc C n C n (1 i ) t
Dc C n [1 (1 i ) t ]
EXEMPLO: Calcular o desconto composto sofrido por um capital de 1000 contos, por um
período de 3 anos, à taxa de 5%.
C nt C n (1 i ) t
E de seguida
Dc Cnt [(1 i) t 1]
Página |35|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Dc Cn [1 (1 i) t
d c [1 (1 i ) 1 ]
1
dc 1
(1 i )1
i
dc
1 i
d c (1 i ) i
d c id c i
dc
i
1 dc
d c t
Dc Cn [1 (1 ) ]
1 dc
Ou ainda:
Dc Cn [1 (1 d c ) t ]
Obtivemos, assim, a expressão do desconto composto, ocorrendo este à taxa de desconto dc.
5 Taxa de Desconto é a redução sofrida por uma unidade de capital descontada durante uma unidade de tempo.
Página |36|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Letra é um título de crédito pelo qual uma pessoa – o sacador – ordena a outra – o
sacado – que lhe pague a si próprio ou a um terceiro – o tomador ou beneficiário – uma
determinada importância, em determinada data.
Assim sendo, o montante do desconto bancário (DB), pode ser obtido através da
expressão seguinte:
DB D f CC IS P
Sendo:
Notando:
VN – valor nominal;
PLD – Produto Líquido do Desconto;
D – taxa de desconto;
Cc – taxa da comissão de cobrança;
Is – taxa do imposto de selo;
t – prazo da operação.6
6 Notar que na expressão do desconto bancário acrescem dois dias ao período de tempo decorrente desde o
desconto até ao vencimento da letra. Tal deve-se à possibilidade consentida pela lei de uma letra poder ser
liquidada nos dois dias ulteriores ao seu vencimento.
Página |37|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Teremos:
t2 t2
DB VN d VN CC (VN d VN CC ) Is P
360 360
t 2
DB VN d CC (1 Is) P
360
PLD B VN DB
t 2
PLD B VN VN d CC (1 Is) P
360
t 2
PLD B VN 1 d CC (1 Is) P
360
88 2
D f VN d t 130000 0,145 4.712,5
360
Cálculo do PLD:
Página |38|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
t 2
PLDB VN 1 d CC (1 Is) P
360
88 2
PLDB 1300001 0,145 0,005 (1 0.04) 150 124.273$00
360
A situação mais comum é aquela em que o sacado liquida uma parcela do valor da dívida,
aceitando uma nova letra pelo valor remanescente – a reforma parcial.
A questão fundamental que então se coloca é a de saber qual o valor nominal da nova
letra. Em ambas as situações, do desconto imediato da letra de reforma resulta um
produto líquido igual ao montante não liquidado no vencimento da letra inicial.
Página |39|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
t 2
PLDR VN R 1 d CC (1 Is) P
360
Assim sendo, o valor nominal da letra de reforma será obtido, em caso de reforma
parcial, recorrendo à expressão:
t 2
VN I PP VN R 1 d CC (1 Is) P
360
t 2
VN I VN R 1 d CC (1 Is) P
360
EXEMPLO: O sacado de uma letra de valor nominal de 500 contos, cujo vencimento
ocorre hoje, verificou não dispor de meios financeiros para proceder à sua liquidação.
Solicitou, então, a reforma integral da mesma por um período de 45 dias. Sabendo que
a nova letra engloba os encargos decorrentes de um possível desconto bancário
imediato e que as condições praticadas pela banca em operações similares são:
45 2
500 VN R 1 0,08 0,0225 (1 0,04) 0,2
360
VN R 517,946contos
Página |40|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
O valor nominal da nova letra será de 517,946 contos. O montante do desconto bancário
da letra de reforma será exactamente 17,946 contos; a letra de reforma, uma vez
descontada, há-de produzir um produto líquido de desconto exactamente igual à
quantia em dívida.
45 2
500 200 VN R 1 0,08 0,0225 (1 0,04) 0,2
360
VN R 310,850contos
Bibliografia
Instituto Superior de Gestão Bancária; Cálculo Financeiro; 2004
Página |41|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Atendendo às noções estudadas até agora, admitamos uma dívida de 1.000 contos, com
vencimento daqui a um ano, e os dois casos seguintes:
1. O devedor deseja diferir o pagamento da dívida por uma ano, ou seja pagá-la
somente daqui a dois anos (um ano depois da data inicialmente prevista). Parece
razoável admitir que, nessa data (daqui a dois anos), pague um valor superior a
1.000 contos. Quanto exactamente? Depende da taxa de juro adoptada.
2. O devedor deseja antecipar o pagamento da dívida um ano, isto é, pagá-la ainda
hoje (um ano antes da data inicialmente prevista). Parece razoável admitir que,
nesta data (hoje), pague um valor inferior a 1000 contos. Quanto exactamente?
Depende da taxa de actualização adoptada.
O que importa, neste momento, é que se compreenda que, em qualquer dos casos, vai
ser necessário estabelecer uma equivalência entre os capitais envolvidos, ou seja, por
um lado, os 1000 contos com vencimento daqui a um ano, e, por outro,
✓ o capital que deve ser pago daqui a 2 anos (situação 1), seguramente superior a
1000 contos;
ou
✓ o capital que deve ser pago hoje mesmo (situação 2), seguramente inferior a
1000 contos.
Esquematicamente,
Generalizando, podemos dizer que a equivalência entre capitais pode ser obtida
capitalizando (isto é, reportando-os a um momento posterior) ou actualizando (isto é,
reportando-os a um momento anterior).
É esta a essência da equivalência de capitais e, no fundo, é à sua volta que gira todo o
Cálculo Financeiro (valor temporal do dinheiro).
Equivalência de Capitais
Actualização
(ou desconto) Capitalização
Assim, dependendo da data focal definida e dos vencimentos originais envolvidos, pode
acontecer que, em determinada operação de equivalência, seja necessário
É igualmente possível que um ou mais capitais não necessitem de ser capitalizado nem
actualizados – basta que o seu vencimento coincida com a data focal definida.
Página |43|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
É forçoso que qualquer equação de valor, para estar bem elaborada, apresente todos os
capitais envolvidos reportados a um mesmo momento (a data focal definida para a
operação de equivalência).
1º) O quê?
Entre que capital ou capitais, por um lado (1º membro da equação) e que capital
ou capitais, por outro (2º membro da equação), se pretende estabelecer a
equivalência?
2º) Quando?
Para que data se pretende estabelecer a equivalência (isto é, qual a data focal da
operação de equivalência)?
3º) Como?
De que forma se pretende estabelecer a equivalência? Através do Regime de
Juro Simples, ou do Regime de Juro Composto? No caso de a equivalência
envolver actualização de capitais, esta é feita segundo a solução racional ou
comercial?
EXEMPLO: O Sr. Fernando tem duas dívidas para com o Sr. António: uma no montante
de 300 contos, com vencimento daqui a 6 meses; a outra, no montante de 500 contos,
com vencimento daqui a 10 meses.
O Sr. Fernando está a ponderar antecipar o pagamento destas duas dívidas, pensando
poder fazê-lo dentro de 2 meses.
Se as partes acordarem na utilização da taxa anual efectiva de 12%, quanto deverá pagar
o Sr. Fernando nessa altura (daqui a 2 meses) em substituição das duas dívidas originais?
Assuma como data focal, o dia de hoje e responda considerando cada um dos seguintes
cenários:
Página |44|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
Respondamos às três questões que devemos colocar com vista à elaboração da equação
de equivalência:
O quê?
• Por um lado, as duas dívidas iniciais de 300 e 500 contos (que constituem um dos
membros da equação;
• Por outro, o pagamento único, X, com que se pretende substituir as duas dívidas
originais (que constitui o 2º membro da equação).
A equação de valor não pode ficar assim. Os capitais envolvidos na equação não estão
reportados a um mesmo momento.
Quando?
Hoje mesmo (momento 0), que foi a data focal definida para a equivalência. Assim todos
os capitais envolvidos na equação de equivalência têm de ser reportados para o
momento 0. Neste caso, todos eles têm de ser actualizados: X tem que ser actualizado
por 2 meses, os 300 contos, por 6 meses e os 500 contos por 10 meses, ou seja
Como?
De acordo com o regime (regime de juro simples ou regime de juro composto) e solução
(solução comercial ou solução racional) definidos.
Assim temos na alínea a), mediante utilização do desconto por fora: Cnt Cn (1 it )
2 6 10
X (1 0.12 ) 300 (1 0.12 ) 500 (1 0.12 )
12 12 12
Cn
No regime de juro simples, solução racional (desconto por dentro) temos C nt
1 it
Página |45|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
X 300 500
2 6 10
(1 0.12 ) (1 0.12 ) (1 0.12 )
12 12 12
X 752,316contos
X 752,494
EXEMPLO: Assuma os dados do exemplo anterior, alterando a data focal para daqui a
dois meses (data do pagamento X).
Esquematicamente temos:
4 8
X 300 (1 0.12 ) 500 (1 0.12 )
12 12
X 748contos
Página |46|
Texto de Apoio à disciplina de
Cálculo e Operações Financeiras
300 500
X
4 8
(1 0.12
) (1 0.12 )
12 12
X 751,425contos
X 752,494
Em resumo:
Conclusões:
É por esta razão que o Regime de Juro Composto é o regime de eleição do Calculo
Financeiro e o campo de aplicação de Regime de Juro Simples é sobretudo o curto prazo,
e de preferência, num contexto de taxas baixas, situação em que as suas fragilidades são
“toleráveis”.
Página |47|