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Índice
Introdução ......................................................................................................................... 2
Capítulo I- Processo de Capitalização .............................................................................. 3
1.1- Noções fundamentais ......................................................................................... 3
1.2- Capital e Juro ..................................................................................................... 3
1.3- Subprocessos Periódicos de Capitalização ........................................................ 7
1.3.2 – Especificação da Função Juro Periódico ..................................................... 12
1.3.3- Prefixação de um Valor Notável da Função, Juro Periódico – A Taxa de juro.
................................................................................................................................. 13
1.4- Casos Notáveis de capitalização ...................................................................... 17
1.4.1- Regime Simples Puro e Regime dito Simples .............................................. 17
1.4.2- Regime Composto ......................................................................................... 18
1.5- Quadro Sinóptico dos Regimes de Capitalização ............................................ 23
1.6- Confronto entre: Capitalização Simples, Capitalização Dito Simples e
Capitalização Composta ............................................................................................. 25
1.6.1- Confronto entre: Capitalização simples e Capitalização composta .......... 25
1.6.2- Prática de Cálculo em Capitalização Composta ....................................... 27
CAPÍTULO II. TAXA DE JURO E REGIME DE JUROS ANTECIPADOS. ............. 33
2.1- Disparidades entre Período de capitalização e período de preferência da taxa de
juro. ............................................................................................................................. 33
2.2- Taxas Proporcionais e Taxas Equivalentes. Taxas Efectivas e Taxas Nominais 36
2.2.1- Taxas Proporcionais e Taxas Equivalentes. .................................................. 36
2.2.2- Taxas Nominais Efectivas............................................................................. 38
2.2.3. Simbologia a Utilizar .................................................................................... 39
2.3- Regime de Juros Antecipados ............................................................................. 42
2.3.1. Taxa Real .................................................................................................. 44
2.3.2. Taxa Média ............................................................................................... 47
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 49
Introdução
Nesta última hipótese, a colocação da poupança a render, diz-se que o aforro foi
objecto de um investimento financeiro. O detentor de poupança passa a auferir um
rendimento (juro) gerado pela própria poupança investida. Isto é, a parte não consumida
do rendimento anterior gera assim o novo rendimento.
Em esquema:
Observação:
Convém explicar as razões por que, ao contrário dos depósitos a prazo, não
entendemos os depósitos à ordem como autênticos investimentos financeiros:
Esta última razão traz, quase sempre, implícita a ideia de que o depósito à ordem
destina-se a ser movimentado frequentemente, para pagamentos de despesas correntes,
despesas de consumo; daí que o capital em depósito à ordem não seja um aforro no
sentido preciso do termo, mas sim saldo liquido, um “saldo caixa” que é necessário
manter dado que a entrada de rendimentos não está coordenada com o pagamento das
despesas. É o que acontece com qualquer pessoa que recebe o salário mensalmente e vai
retendo parte do rendimento para as despesas ao longo do mês.
Resta tentar dar uma explicação quanto à expressão juro puro. Chama-se assim
porque todo o lucro, sendo o rendimento de um capital financeiro, é afinal um juro.
Simplesmente, não é uma forma pura do juro, já que por um lado o juro (puro) é um
rendimento certo, enquanto que o lucro varia conforme os resultados da empresa, e por
outro lado dentro do lucro está incluído o próprio juro (puro).
0 1 2 3 n-1 n
1º 2º 3º nº Tempo
Período Período Período Período
1
Obs.: Um valor nulo para n não tem sentido prático; teoricamente, porém, pode considerar-se
que n seja inteiro não - negativo, correspondendo o valor n = 0 ao momento inicial de qualquer processo
J2 ……
J1 J3
Ora, nesta contagem do juro periódico, dois casos notáveis se nos deparam2:
2
N.B.: É fundamental que se apreenda bem a distinção entre estas duas hipóteses. Na sua
simplicidade, dominam todo o Cálculo Financeiro (Matemática Financeira).
Até este ponto, apenas se expressa por símbolos o que já se reconhecera antes: o
juro depende de C e de T. Mas que espécie de dependência? Qual a forma da função
juro?
J = C T+1 + C * T
Isto quer dizer que não vamos deixar vaguear livremente a nossa imaginação até
encontrarmos uma especificação aceitável. O que temos de fazer é procurar um
princípio razoável sobre o juro, depois axiomatizá-lo e daí derivar a forma da função
juro:
Axiomatização Especificação
Lei razoável de Juro Axioma Forma da Função Juro
Passaremos, por isso, a falar em função juro periódico em vez de apenas função
juro. Aliás, aquela é um caso particular desta.
Em cada período kº, juro Jk é o valor da função Juro para C= CIk e para T= 1,
isto é:
Em princípio, deve ser tanto maior quanto mais avultado for o capital inicial do
período:
Jk deve variar no mesmo sentido que CIk.. Mas, cabe ainda perguntar: que espécie
de variação? O juro periódico cresce mais ou menos rapidamente, ou proporcionalmente
ao capital inicial?
Esta é a forma geral da função juro periódico, que abrange toda uma família de
funções, cada uma delas definida pelo valor escolhido para o parâmetro i.
Duas questões: como se define a taxa de juro? E como se fixa, afinal, um seu
valor constante?
Quanto à primeira questão, é fácil ver que i não é mais do que um valor
particular da própria função juro periódico, correspondente a um capital inicial unitário.
De facto: CIk Jk =J(1;1) = i i= j(1;1) i é o juro produzido pelo capital
unitário, durante o tempo unitário(período).
A taxa de juro aparece quase sempre sob a forma percentual. Por exemplo, uma
taxa de 5% quer dizer que o capital 100 produz 5 de juro, ou que o capital 1 produz 0,05
de juro: 5=J (100; 1) é equivalente a 0,05= J(1;1).
1º) - o risco pelo não reembolso do capital investido (as taxas de juro serão tanto
maiores quanto menores as garantias prestadas pelo mutuário).
4º) Finalmente, as restrições legais (há limites fixados no Código Civil para as
taxas de juro praticadas em operações não bancárias; as taxas vigentes na actividade
bancária são fixadas pelo Ministério das Finanças através do Banco Nacional de
Angola). A maior parte dos investimentos financeiros é feita com a intervenção das
Instituições Bancárias, quer como sujeitos passivos (recebendo depósitos), quer como
sujeitos activos (concedendo créditos).
Exemplos:
3
N.B.: Dentro de pouco tempo, aprenderemos a obter imediatamente este valor de capital
acumulado em regime composto, sem a necessidade de calcular, período a período, os juros periódicos
(como aqui se fez).
1.000.000.00kz
4
N.B.: Pela amortização periódica , o capital “em processo”, isto é, o capital em dívida vai
diminuindo período a período, de modo que no último período a divida anula-se.
No regime dito Simples, o “juro acumulado” é por definição igual a soma dos
juros periódicos simples:
Em geral, o que nos interessa neste regime não é propriamente o cálculo dos
sucessivos juros periódicos, mas o valor único do juro total. Para obtermos a expressão
do juro total poderíamos recorrer à soma de todos os juros periódicos. Todavia, torna-se
mais simples determinar primeiro o capital Final Cn e depois passar a juro total por
diferença com o capital inicial C0.
5
N.B: _ A distinção entre regimes teóricos e regimes convencionais de juros (estes mais ou
menos desviados daqueles) deve ser feita desde já.
_ O “juro acumulado” e o “capital acumulado” não têm sentido no regime simples puro.
Por outro lado, por definição de capital periódico final, é em cada período:
CFk=C0* (1+i) k
Para o confronto com o que se fez a propósito do regime simples, pode-se agora
apresentar o esquema de capitalização composta sobre o semieixo do tempo. De notar
que, enquanto no regime simples puro os subprocessos periódicos se repetem sem
alteração de período para período, no regime composto o processo avoluma-se por
acumulação dos juros e sua capitalização.
1.3.3- Exemplos
Ora, o casal premiado decidiu não despender o valor do prémio, mas sim
depositá-lo numa instituição especial de aforro para, atingida a maioridade (18 anos), o
filho receber o valor capitalizado.
Em cada ano, metade do juro produzido será pago ao credor, e a outra metade
ficará retida nas mãos do devedor até ao fim do processo.
Sabendo que o devedor veio pagar 124.000,00kz, pergunta-se: 6% foi a taxa de juro
efectivamente praticada?
Expressão geral
Do juro periódico Jk = i * CIk
Capital
É sempre6 CFk=C0*(1+i)k CFk=C0+C0*k*i
Periódico final
CFk=C0+C0*i
É sempre7
Juro periódico É sempre Jk=C0(1+i)k-1*i Jk=C0*i
Jk=C0*i
Capital acumu -
lado ou Não tem Cn=C0(1+ni)
Cn=C0(1+i)n
Final sentido
6
Também pode-se considerar que, no fim do período, o capital em processo (ou em dívida) é apenas c 0,
dado que o juro periódico sai imediatamente do processo.
7
De notar que, ao contrario do que acontece nos regimes simples (puro) e composto, este juro periódico
foge à expressão geral. Tem-se aqui: Jk ≠CIk *i
Exemplo:
Um capital de 20.000.000,00kz foi posto a render à taxa anual de 5% durante 4
anos. Construa, para cada uma das hipóteses seguintes, um quadro que mostre os
valores a mais assumidos pelo capital periódico inicial, juro e capital periódico final.
a) Em regime simples;
b) Em regime composto;
c) Em regime dito simples (sem entrega dos juros simples de cada ano.
Solução:
a) Regime Simples:
Anos Capital anual Juro anual Capital anual Pagamento ao credor
inicial final no fim do ano
20.000.000,00kz 1.000.000,00kz 21.000.000,00kz 1.000.000,00kz
1º
20.000.000,00kz 1.000.000,00kz 21.000.000,00kz 1.000.000,00kz
2º
20.000.000,00kz 1.000.000,00kz 21.000.000,00kz 1.000.000,00kz
3º
20.000.000,00kz 1.000.000,00kz 21.000.000,00kz 1.000.000,00kz
4º
5º Zero
b) Regime composto
5º Zero
c) Regime dito simples (sem entrega do juro anual)
5º Zero
O problema do confronto entre estes dois regimes costuma ser posto nestes
termos:
- Para uma mesma duração do processo e uma mesma taxa de juro, qual dos
regimes de capitalização incrementa mais o capital investido?
O que equivale a perguntar-se: qual dos regimes gera maior juro total? Ou qual
produz o maior capital acumulado?
Já é do nosso conhecimento que não tem sentido falar-se em juro total ou em
capital acumulado no regime simples puro, pelo que, quanto a este regime, a
comparação que há a fazer é a que respeita à disponibilidade ou indisponibilidade dos
rendimentos periódicos do capital. É ao detentor do capital que cabe escolher o regime
de investimento financeiro conforme pretenda dispor do juro período a período (por
exemplo, para despender em consumo), ou prefira incrementar o capital.
Mas, se considerarmos antes o regime dito simples, em vez do verdadeiro
regime simples (puro), então o confronto já é admissível com o regime composto. E é
Exercício:
Capitalização durante 5 períodos com um capital inicial de 1.000.000,00kz.
Intencionalmente adopta-se uma taxa exagerada de 25% com o objectivo de tornar mais
evidente a diferente marcha do capital em divida nos três regimes.
Exemplo: i=2%
n=3 (1+0,02)3 = 1,02*1,02*1,02=1,061208
b) _ ou desenvolvimento do binómio de newton e subsequente cálculo:
Exemplo:
(1+2%)3 = 1+3*0,02+3*0,022+0,023=1+0,06+0,0012+0,000008=1,061208
Estas vias de cálculo directo são as mais morosas e cansativas para valores
elevados de n, tornando-se mesmo impraticáveis. Daí que se haja tabelado os valores do
factor (1+i)n para certos valores de i e de n, construindo-se assim tabelas financeiras.
substituir:
O valor desconhecido y = f(x)
Pelo valor aproximado ӯinterp
X Y
1 15
2 17
3 25
4 37
5 60
… …
Exemplo: Imagine uma função y=f(x) tabelada como no quadro acima. Qual o
valor de y para x=2,5?
Como a tabela não prevê, façamos uma interpolação linear sobre os pontos (2;17)
e (3; 25).
Mas o problema nem sempre aparece no sentido indicado (dado x, qual o valor de y?).
Pode surgir em sentido inverso, por exemplo: qual o valor de x para y=31?
Exercícios:
15. Determinar o capital que deve ser colocado a de juro anual composto, para
Acontece muitas vezes que a taxa de juro fixada não é referida ao período de
capitalização; por exemplo, uma instituição de aforro anuncia que aceita depósitos por
prazos superiores a um ano, nas condições seguintes:
Há aqui uma incoerência. Pois, como será feita a produção trimestral do juro, se a
taxa dada é anual?
De realçar que duas taxas de juro podem ser indiferentes do ponto de vista
matemático (que aqui se assume), mas não sê-lo segundo outros critérios de apreciação.
Por exemplo, pode não ser indiferente ao credor receber (ou, ao devedor pagar) os juros
trimestralmente ou anualmente ou mensalmente; por muito que se invoque a
“indiferença matemática” das taxas trimestral, anual e mensal subejantes àqueles juros.
Uma primeira resposta seria esta: se ao ano se paga 6%, ao trimestre deve pagar-
se 4 vezes menos:
Mas esta resposta ignora a produção de juros sobre juros. Teoricamente, poderá
considerar-se correcta em regime dito simples, mas não em regime simples puro e muito
menos em regime composto.
parece que deveria ser i´= 1,5%, mas é preciso olhar à essência da capitalização.
Portanto, em vez de pagar (i´*Co), o devedor poderá reter o juro trimestral e pagar os
juros acumulados só no fim do ano; haverá então juros de juros, isto é, ao longo do ano
a capitalização será composta trimestralmente, e o juro acumulado viria: Co(1+i)4-Co
que queremos seja igual a: 6%*Co.
Por outro lado, na posição de credor é fácil chegar-se à mesma conclusão (pois,
este pode, e teoricamente devemos sempre supor que o faz, lançar imediatamente
noutros processos de capitalização os juros que sucessivamente foi recebendo).
Isto é, para haver indiferença deverá ter-se: Co[(1+i)4-1]=6%* Co o que nos leva à
mesma condição necessária (e suficiente) já definida para o regime composto
(1+i)4=1+6%.
Quando se fala de taxas de juro é fundamental saber a que tipo de taxas estamos a
referir.
Quando a relação existente entre duas taxas é a mesma que existe entre os
períodos de tempo a que elas se referem, essas taxas dizem-se proporcionais.
Por exemplo, 20% ao ano e 10% ao semestre são taxas proporcionais, já que
= ⇔
Por exemplo, 21% ao ano e 10% ao semestre são taxas equivalentes (em regime
de juro composto) já que, o capital acumulado por 150.000.00kz ao fim de um ano é de
181.500.000kz quer em capitalização anual a taxa anual de 21%, quer em capitalização
semestral à taxa semestral de 10%.
Generalizando:
ix = taxa de juro referida a x período - base, sendo x um numero real 0 (os valores
mais interessantes de x estarão entre 0 e 1. Como é óbvio, se x =1 período vem ix=i, e se
x=0 períodos vem ix=0).
Teoricamente, a indiferença entre duas taxas de juros, uma monoporiódica e outra sub
ou supraperiódica, é dada em regime simples e composto pela chamada relação de
ix = x*i
O Docente: Prof. Mestre Edson Manuel de Sousa Bandeira 36
Cálculo Financeiro
x
equivalência: 1+ ix =(1+i) (taxas “equivalentes”) e em regime dito simples pela
relação de proporcionalidade: (taxas “proporcionais”).
Embora na teoria matemática do juro seja assim, deve reconhece-se que na prática
generalizada da actividade comercial e bancária, estas taxas proporcionais são
consideradas também indiferentes em regime simples puro e são por vezes aceites como
aproximativamente equivalentes em regime composto.
Exemplo: Tomando o ano como período – base e a taxa de juro anual 10%, são
equivalentes todas as taxas seguintes, em regime composto e em regimes simples puro.
Anual: 10%
Anual: 10%
Bianual: 20%
Semestral: 5%
Quadrimestral: 3,3333%
Trimestral: 2,5%
Bimestral: 1, 6667%
Mensal: 0,8333%
Quotidiana: 0,0274%
Exercício nº 01: dada a taxa de 16% ao ano com quatro capitalizações anuais, calcule as
taxas efectivas equivalentes para os seguintes períodos:
a) Um mês;
b) Dois meses;
c) Três meses;
d) Quatro meses;
e) Seis meses;
f) Dez meses;
g) Treze meses.
2º Caso: j=100.000.00kz[(1+10)2-1]
= 100.000.00kz(1,21–1)
=100.000.00kz *0,21
=21.000.00Kz.
Diz-se que a taxa é nominal de 20% ao ano com capitalizações semestrais. Como
se vê, esta taxa corresponde a uma taxa anual efectiva de 21%.
As noções de indiferença, equivalência e proporcionalidade, têm ligação com os
conceitos de taxas efectivas e taxas nominais.
Num qualquer processo de capitalização, dizem-se efectivas as taxas de juro
que, segundo os princípios da matemática financeiras, presidem a produção do juro. E
dizem-se nominais as taxas que são declaradas [(“nomeadas” em vigor no processo de
capitalização, podendo ser nominais e efectivas ou meramente nominais) e não
efectivas].
Assim, a taxa declarada em regime dito simples é sempre uma taxa “meramente
normal” porque, este regime redunda teoricamente no regime composto de taxa efectiva
menor. Salvo se o processo durar exactamente 1 (um) período da taxa de juro nominal,
caso em que está é afectiva.
No regime simples puro e no regime composto, de uma taxa efectiva, obtêm-se
outras taxas efectivas através da relação da equivalência, e obtêm-se, taxas meramente
nominais através da relação de proporcionalidade (procedimento este que aliás, é
frequente na pratica financeira).
Exemplo:
i=0,095445115*100=9,544511495≃9,545%
e para um tempo de 4 anos:
(1+i)4=1+4*10% (1+i)4=1,4 log(1+i)4=log1,4 4log(1+i)=0,146128035
1+i=antilog0,036532008 i=1,087757304-1
i=0,087757304*100=8,775730363≃8,776%
As taxas de 10% e 5% são meramente nominais.
2. Em regime simples puro (ou em regime composto) com capitalização semestral
a 5%, a taxa anual efectiva é dada por
(1+5%)2-1=1,1025-1=0,1025*100=10,25%, enquanto 10% é meramente
nominal.
i
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Cálculo Financeiro
ano).
Sem dúvida, o caso particular mais interessante, por ser mais vulgar, é o seguinte:
Ou se entende que a taxa anual declarada é efectiva (isto é, i), vindo a taxa
efectiva vigente no período de capitalização subanual dada pela equação
de equivalência: i1/m=(1+i)1/m -1;
Ou se considera a taxa anual declarada como meramente nominal [isto é:
i(m)], sendo a taxa efectiva vigente no período de capitalização subanual
Todavia, é certo que, em vez dessa taxa nominal, deveria ser declarada a taxa
anual efectiva; isto é, em termos teóricos.
Que razões levarão a desvios na prática daquilo que a teoria indica? A resposta é
dada por Fornés Rubió neste termos: A taxa nominal é a que se utiliza na prática para
dar uma maior facilidade ao público que não está muito co-penetrado do mecanismo do
juro composto: os juros dos empréstimos costumam ser satisfeitos por fracções do ano,
e, quando se fala da taxa de juro do empréstimo, não se menciona a taxa real anual i
equivalente à taxa real da fracção do ano i1/m, mas sim a taxa nominal obtida
multiplicando a taxa real i1/m pelo número de fracções que cabem no ano; assim, no caso
de pagamento trimestral de 1%, anuncia-se a taxa do empréstimo como sendo de 4%
anual, por ser 4 * 1%=4%, quando afinal a taxa anual real é:
i=(1+1%)4-1=1,04060401-1=0,04060401*100=4,060401≃4,0604%.
Exercícios:
1. Seja a taxa anual de 8% em regime simples. Qual é a taxa anual real; a taxa
anual nominal; e a taxa real referida ao período de capitalização?
Considere que a capitalização se faz:
a) Uma vez ao ano;
b) 4 Vezes ao ano.
2. Nos jornais tem aparecido o seguinte anúncio: o BFA remunera presentemente à
taxa anual de 4,5% os depósitos constituídos pelo prazo mínimo de um ano e um dia.
Os juros, que serão pagáveis semestralmente e no termo do prazo dos depósitos, não
estão sujeitos a qualquer dedução, visto que se encontram isentos tanto do imposto de
capital como do imposto complementar. Quanto paga efectivamente ao ano o BFA?
3. No empréstimo público “obrigações do tesouro, 10%-15%, 1988”, emitido pelo
Estado Angolano, os juros são pagos semestralmente em Maio e Novembro e as taxas
de 10% no 1º e 2º ano, 11% no 3º e 4º ano, 12% no 5º ano, 13% no 6º ano, 14% no 7º
ano e 15% no 8º ano.
Quais são as taxas anuais efectivas destes empréstimos?
4. Um capital de 1.000.000kz foi colocado num processo de capitalização
composta de período mensal. Qual o juro total ao fim de 10 anos, à taxa anual de 3%?
a) Admita que 3% é a taxa efectivamente praticada;
b) Interprete a taxa 3% conforme é corrente na banca e no comércio.
5. Pretende-se saber a taxa semestral equivalente à taxa quadrimestral de 16%?
Esta prática contraria o que se pode considerar “normal” ou “justo”, que é pagar
uma remuneração pela utilização de um capital alheio, durante um certo prazo de
tempo, após esse prazo de tempo. Neste regime, essa remuneração é paga ainda antes de
se usufruir do capital alheio.
Além disso, é bom não esquecer que o próprio valor (real) do dinheiro é
diferente em cada um dos momentos considerados – inicio ou fim do prazo contratado.
Designando por:
C = Capital nominal (Capital solicitado);
C´= Capital actual (Capital recebido), temos então, esquematicamente,
0 1 2 3 … n-1 n
Um dos aspectos que torna este regime “violento” é o facto de o juro ser
calculado sobre C que, como se vê, não é o capital que efectivamente se recebe. No
fundo, o que parece “correcto” ou “justo” é calcular o juro sobre o capital que se
recebe (C´) e não sobre o capital que se solicita.
a) O valor do empréstimo;
b) A taxa real para o mutuante.
Solução:
470.000kz 470.000kz C=
C=500.000,00kz
b) 470.000kz 470.000kz
+ + +
470.000kz 470.000kz
-470.000kz i= i=0,127659574*100
i=12,7659574≃12,7659575%
Solução:
real(mente) suportada, uma vez que relaciona o juro suportado com o capital
efectivamente recebido.
80.000,00kz 20.000,00kz
100.000,00kz x
80.000x = 2.000.000.000kz i=
1-i i
1 i´
Ou seja, i´(1-i)=i, pelo que
𝑖
𝑖 Taxa real em regime de juros antecipados.
𝑖
Para terminar este ponto, uma referência breve para o facto de só ser possível o
recurso a empréstimos a juros antecipados por períodos de tempo curtos. Vejamos
apenas os seguintes dois casos (académicos, claro):
Suponhamos que temos vários capitais diferentes colocados por prazos diferentes
e taxas diferentes: c1, c2, c3, c4, …,cn, respectivamente, colocados aos prazos de n1, n2, n3, n4,
…., nn, e às taxas de, i1, i2, i3, i4, …, in.
Qual será a taxa (única) que, aplicada a esses capitais e respectivos prazos, conduz
ao mesmo juro total? Vejamos: o juro total é J = j1 + j2 + j3 + …+ jn ,ou seja,
J = c1n1i1 + c2 n2 i2 + c3 n3 i3 + … + cn nnin.
O que se pretende é determinar uma taxa única, î, que, aplicada àqueles capitais e
prazos, conduza ao mesmo juro total, ou seja, pretende-se determinar î tal que
∑ ∑
Solução:
∑ ∑
î=0,123458445*100=12,34588445%≃12,3458%
BIBLIOGRAFIA