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Cálculo Financeiro

Índice
Introdução ......................................................................................................................... 2
Capítulo I- Processo de Capitalização .............................................................................. 3
1.1- Noções fundamentais ......................................................................................... 3
1.2- Capital e Juro ..................................................................................................... 3
1.3- Subprocessos Periódicos de Capitalização ........................................................ 7
1.3.2 – Especificação da Função Juro Periódico ..................................................... 12
1.3.3- Prefixação de um Valor Notável da Função, Juro Periódico – A Taxa de juro.
................................................................................................................................. 13
1.4- Casos Notáveis de capitalização ...................................................................... 17
1.4.1- Regime Simples Puro e Regime dito Simples .............................................. 17
1.4.2- Regime Composto ......................................................................................... 18
1.5- Quadro Sinóptico dos Regimes de Capitalização ............................................ 23
1.6- Confronto entre: Capitalização Simples, Capitalização Dito Simples e
Capitalização Composta ............................................................................................. 25
1.6.1- Confronto entre: Capitalização simples e Capitalização composta .......... 25
1.6.2- Prática de Cálculo em Capitalização Composta ....................................... 27
CAPÍTULO II. TAXA DE JURO E REGIME DE JUROS ANTECIPADOS. ............. 33
2.1- Disparidades entre Período de capitalização e período de preferência da taxa de
juro. ............................................................................................................................. 33
2.2- Taxas Proporcionais e Taxas Equivalentes. Taxas Efectivas e Taxas Nominais 36
2.2.1- Taxas Proporcionais e Taxas Equivalentes. .................................................. 36
2.2.2- Taxas Nominais Efectivas............................................................................. 38
2.2.3. Simbologia a Utilizar .................................................................................... 39
2.3- Regime de Juros Antecipados ............................................................................. 42
2.3.1. Taxa Real .................................................................................................. 44
2.3.2. Taxa Média ............................................................................................... 47
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 49

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Cálculo Financeiro

Introdução

O problema económico decorre do facto de que as necessidades das pessoas são


satisfeitas por bens e serviços cuja, oferta é limitada. Ao longo do desenvolvimento das
distintas sociedades, o problema económico (isto é, a satisfação das necessidades das
pessoas), foi sendo solucionada através da especialização por um lado, e por outro lado
através do processo de trocas de uns bens por outros. Mais tarde surgiu um bem
intermédio para este processo de trocas, que é a moeda. Assim, o preço passou a ser o
denominador comum da medida para o valor do bem e a moeda um meio para acumular
o valor e constituir riqueza ou capital.

Constatou-se que os bens poderiam ser consumidos imediatamente ou serem


guardados para um consumo futuro. Caso o bem fosse consumido desapareceria e, caso
houvesse acumulação, o stock dos bens poderia servir para gerar novos bens e/ ou
riqueza, através do processo produtivo.

Neste processo estabelecem-se relações formais que ligam quantidades


monetárias que são trocadas em distintos pontos no tempo. É prática universal desde
sempre nas transacções correntes o uso de empréstimos do dinheiro para conformar
estas relações. Concebeu-se também historicamente de que o dinheiro é produtivo;
como tal, o seu empréstimo faz jus a uma certa remuneração.

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Capítulo I- Processo de Capitalização

1.1- Noções fundamentais

O juro é o conceito básico de cálculo financeiro.

Não caberá nesta disciplina explicar a importância económica do juro, ou pôr em


discussão os seus fundamentos, historiar a sua institucionalização na vida das
sociedades, ou referir muitos outros aspectos que certamente teriam lugar numa teoria
social do juro, mas que estão deslocadas de uma teoria matemática do juro. O objecto de
estudo será, pois, o estabelecimento das relações matemáticas que regem o processo de
capitalização, isto é, o processo de formação do juro.

1.2- Capital e Juro

É assunto amplamente tratado em Teoria Económica a aplicação que as pessoas


dão aos rendimentos de que dispõem: uma parte do rendimento (ou todo) destina – se ao
consumo e a parte restante é aforrada. Por sua vez, o aforro individual pode ser mantido
na forma líquida da moeda, é o que se chama entesouramento, ou pode ser “colocado a
render” através, por exemplo, de um depósito a prazo num banco, ou de um empréstimo
a um empresário, ou de aquisição de acções ou obrigações.

Nesta última hipótese, a colocação da poupança a render, diz-se que o aforro foi
objecto de um investimento financeiro. O detentor de poupança passa a auferir um
rendimento (juro) gerado pela própria poupança investida. Isto é, a parte não consumida
do rendimento anterior gera assim o novo rendimento.

Através do investimento financeiro, a poupança, que era um capital monetário


(aforro ainda sob a forma de dinheiro, ou outra equivalente, portanto sem produzir
qualquer rendimento), passa a ser um capital financeiro (aforro já sob a forma de títulos
ou convertido directamente em capitais reais, propiciando sempre um juro).

Em esquema:

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A poupança entesourada é um capital monetário, também denominado fundo


líquido, ou simplesmente liquidez, ou ainda disponibilidades imediatas, enquanto que a
poupança investida é um capital financeiro, caracterizado fundamentalmente pela
produção do juro. Ao contrário do entesouramento, a poupança fica “empatada” ou só é
disponível com certa dificuldade. De realçar que um mesmo capital financeiro pode ser
objecto de sucessivos investimentos financeiros feitos por diferentes pessoas. Por
exemplo, o senhor António Liunto deposita 1.000.000,00kz no BFA, que por sua vez os
vai emprestar (admitamos que são os mesmos 1.000.000,00kz) à empresa Ndungula e
Filhos, Lda., para investir na aquisição de equipamentos de uma indústria panificadora.
Temos aqui uma cadeia de três investimentos financeiros, dos quais apenas o último é
chamado investimento real em Economia.

Ora, sendo o juro a pedra de choque de todo o cálculo financeiro, devemos


concluir que, dos possíveis destinos dos rendimentos, só a hipótese de poupança
investida releva para matéria que vamos estudar.

Em resumo, fixemos as seguintes noções básicas:

Capital Financeiro = Poupança investida;

Juro = rendimento proveniente da poupança investida por um prazo de tempo.

Observação:

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Em Economia, o termo capital pode aparecer em outras duas acepções, além da


citada em sentido financeiro:

- “Capital em sentido económico” ou “capital real” (conceito dos Clássicos


Ingleses): conjunto de bens indirectos (instrumentais ou não -instrumentais) produzidos
pelo homem;

- “Capital técnico”: é um bem indirecto instrumental produzido pelo homem.


Trata-se, pois, de um mero componente do capital em sentido económico. Por exemplo,
o tractor e as sementes são elementos do conjunto de bens a que chamamos capital real
do agricultor; mas, enquanto o tractor é um capital técnico, as sementes não o são.

Também consta da teoria económica o que se entende por investimento em


sentido económico ou investimento real: é a aplicação do aforro à formação de um
capital real.

Ora, pode-se dizer que todo o investimento real pressupõe um investimento


financeiro, pois é poupança investida; porem, nem todo o investimento financeiro, será
um investimento real. De facto quando o detentor de uma poupança faz um
investimento financeiro, duas hipóteses são possíveis:

 Ou utiliza ele próprio o capital financeiro para a formação de


capital real;

 Ou empresta-o a outrem, que por sua vez poderá utiliza-lo ou não


na formação de capital real. Pode emprestar de novo a um terceiro, como fazem
os bancos; pode gastar em consumo; ou pode adquirir capitais técnicos e
matérias - primas.

Só no primeiro caso é que o detentor de poupança fará directamente um


investimento real. Vejamos alguns exemplos:

 A Gertrudes ganha 1.000.000.00kz numa lotaria; resolve gastar


25.000.00kz num jantar com a família e deposita o remanescente no BAI pelo
prazo de um ano (consumo de 25.000.00kz; investimento financeiro de
975.000.00kz);

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 O Banco de Fomento Angola empresta à EMABOL o capital de


5.000.000.00kz para ampliação das suas instalações fabris, praticando assim o
chamado empréstimo à produção; note que o BFA faz um investimento
meramente financeiro, enquanto que a EMABOL irá realizar um investimento
real com o capital emprestado.

 O mesmo banco faz um empréstimo de 20.000.00kz à família


Kavala para gozar férias na República da Namíbia. Neste caso o investimento
financeiro do Banco é chamado empréstimo ao consumo.

 Um agricultor vendeu a sua colheita por 100.000.00kz. Aplica


70.000.00kz na aquisição de um tractor (aforro investido, isto é, investimento
real directo); subscreve 20.000.00kz de “obrigações” emitidas pelo Estado
(aforro investido, isto é, investimento meramente financeiro); gasta 2.000.00kz
na compra de um vestido para a sua esposa (consumo) e deposita os restantes
8.000.00kz em depósito a ordem no BAI (aforro sob a forma de liquidez,
embora com um rendimento muito reduzido).

Convém explicar as razões por que, ao contrário dos depósitos a prazo, não
entendemos os depósitos à ordem como autênticos investimentos financeiros:

1ª) Inteira disponibilidade do capital depositado à ordem. Visto que o


depositante pode utilizar os fundos por simples emissão de um cheque;

2ª) O juro é muito reduzido ou até é nulo;

3ª) E sobretudo porque a intenção do depositante não é propriamente a obtenção


de um rendimento, mas sim a disponibilidade de um fundo liquido associado à
segurança, comodidade e outras vantagens dos serviços bancários.

Esta última razão traz, quase sempre, implícita a ideia de que o depósito à ordem
destina-se a ser movimentado frequentemente, para pagamentos de despesas correntes,
despesas de consumo; daí que o capital em depósito à ordem não seja um aforro no
sentido preciso do termo, mas sim saldo liquido, um “saldo caixa” que é necessário
manter dado que a entrada de rendimentos não está coordenada com o pagamento das

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despesas. É o que acontece com qualquer pessoa que recebe o salário mensalmente e vai
retendo parte do rendimento para as despesas ao longo do mês.

Estuda-se em teoria económica que, ao fazer um investimento real, o investidor


espera obter um rendimento superior ao juro puro. Isto é, se o investimento é financiado
com a poupança própria, o juro puro que poderia obter se emprestasse a outrem; ou, se o
funcionamento é com a poupança alheia, o juro puro que terá de pagar ao credor.

Porquê um rendimento superior ao juro?

Precisamente porque este tipo de investimento financeiro, o investimento real


implica riscos, trabalho e responsabilidades adicionais, e daí que o seu rendimento
esperado deve ser mais elevado que o de outros investimentos financeiros de menor
risco, como por exemplo, depósitos a prazo num banco, aquisição de obrigações
emitidas pelo Estado, aquisição de acções de uma sociedade com reconhecida
estabilidade.

Segundo a teoria microeconómica clássica, o empresário confronta a chamada


teoria de eficiência do capital, ou taxa interna de juro, ou taxa interna de rendibilidade
esperada do investimento real (que são expressões sinónimas). Como a taxa de juro (ou
taxa de juro corrente para investimentos financeiros do tipo empréstimos), resolvendo-
se pelo investimento real se aquela for suficientemente maior que esta, de modo a
proporcionar pelo menos um lucro normal (igual a juro + prémio de risco +
remuneração da função empresário).

Resta tentar dar uma explicação quanto à expressão juro puro. Chama-se assim
porque todo o lucro, sendo o rendimento de um capital financeiro, é afinal um juro.
Simplesmente, não é uma forma pura do juro, já que por um lado o juro (puro) é um
rendimento certo, enquanto que o lucro varia conforme os resultados da empresa, e por
outro lado dentro do lucro está incluído o próprio juro (puro).

1.3- Subprocessos Periódicos de Capitalização

Ao processo de formação de juro, isto é, processo pelo qual um capital produz


um juro ao fim de certo tempo, chama-se processo de capitalização.

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É costume referir o juro a um dado período de tempo, na maioria das vezes o


ano, o semestre ou o trimestre, e contar tantos juros periódicos quantos os períodos que
dura o processo de capitalização; por exemplo, numa capitalização durante dois anos
haverá dois juros anuais ou haverá quatro juros semestrais conforme o período
escolhido para a produção do juro periódico for ano ou semestre.

Isto leva-nos a uma análise periódica da capitalização. É o que se fará na


presente alínea, ao considerar-se que em cada período há um subprocesso de
capitalização, resultante de cada um destes subprocessos periódicos o processo de
capitalização global.

Simbolizando por n o número de períodos que dura o processo (n é por enquanto


uma variável inteira positiva; a capitalização pode durar um só período, dois, três, etc.;).
Vem a seguinte sucessão de períodos no semieixo do tempo:

0 1 2 3 n-1 n

1º 2º 3º nº Tempo
Período Período Período Período

Em cada período, há um capital periódico inicial, um capital periódico final e um


juro periódico resultante do subprocesso periódico de capitalização. É claro que o
capital final de um período é igual ao capital inicial respectivo mais o juro periódico.
Adoptemos a seguinte simbologia para cada período (genericamente, para o período kº,
podendo ocorrer os valores 1, 2, 3, …, n):

Subprocesso de - Capital Periódico Inicial: CIk


capitalização do : - Juro Periódico: Jk
período kº - Capital Periódico Final1: CFK = CIk + Jk

Retomando de novo o semieixo do tempo, pode-se representar o processo global


de capitalização como um encadeamento de todos os subprocessos periódicos. Assim, o
investimento financeiro, no momento zero, de um capital inicial igual a C0, dá origem a

1
Obs.: Um valor nulo para n não tem sentido prático; teoricamente, porém, pode considerar-se
que n seja inteiro não - negativo, correspondendo o valor n = 0 ao momento inicial de qualquer processo

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um processo de capitalização ao longo de n períodos como se mostra na seguinte


representação:

J2 ……

CI2 CF2 CI4 CFn


0 1 2 3 n tempo
CI1= C0 CF1 CI3 CF3

J1 J3

Ora, nesta contagem do juro periódico, dois casos notáveis se nos deparam2:

1º) - Ou o juro periódico é pago no fim do respectivo período;

2º) – Ou o pagamento só é feito, pelo total dos juros no fim do processo.

No primeiro caso, dado que o juro periódico sai do processo, o capital


permanece Simples de período para período, isto é, igual ao capital inicial C0 (salvo
claro se houver reembolsos parciais ou se houver novas entradas de capital investido).
Por isso tem o nome de Capitalização Simples.

Já no segundo caso, ficando os juros periódicos retidos nas mãos do devedor,


passam naturalmente a ser uma nova parcela do capital investido, e, como tal, a sofrer
os efeitos da capitalização. Ao longo do processo, o capital aparece-nos assim composto
de três partes, a primeira constante e as duas outras progressivamente crescentes:

 Uma parte igual ao capital inicial (C0);

 Uma parte igual à soma dos juros periódicos sobre C0


(vencidos até ao momento);

2
N.B.: É fundamental que se apreenda bem a distinção entre estas duas hipóteses. Na sua
simplicidade, dominam todo o Cálculo Financeiro (Matemática Financeira).

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 Uma parte igual à soma dos juros sobre juros (conhecido


por anatocismo, isto é, produção de juros sobre juros).

Daí que este caso particular seja denominado de processo de Capitalização


Composta

1.3.1- Função Juro

Vimos que o juro é o preço atribuído à cedência de uso de um capital, durante


um lapso de tempo.

Então é imediato concluirmos que:

 O juro depende do valor do capital;


 O juro depende do valor do tempo.

E, se simbolizarmos por C e T as variáveis independentes, capital e tempo, e por


J a variável dependente juro, poderemos afirmar o seguinte:

a) Variando apenas o capital (e considerando constante o tempo), a


cada valor de C deve corresponder um valor de J, segundo uma certa lei de
correspondência ou função f1: J = f1 (C) Juro como função do capital;
b) Variando apenas o tempo (e considerando constante o capital),
também a cada valor de T deve corresponder um valor de J, segundo uma certa
lei de correspondência ou função f2: J = f2 (T) Juro como função do tempo.

c) Finalmente, variando simultaneamente o capital e o tempo, é claro


que a cada par de valores (C;T) deverá corresponder um valor de J, segundo uma
certa lei de correspondência ou função f: J = f(C;T).

Esta é a função juro que, por conveniência, simbolizaremos antes por J em


vês de f: Juro como função do capital e do tempo.
J= J (C;T)

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Até este ponto, apenas se expressa por símbolos o que já se reconhecera antes: o
juro depende de C e de T. Mas que espécie de dependência? Qual a forma da função
juro?

É evidente a existência de condições iniciais a que toda a especificação da


função deve satisfazer:

- O Juro de um capital nulo ou/e de um tempo nulo deve ser nulo:

J (0;T) = J (C;0) = J (0;0) = 0

- Todo o juro é não – negativo: J (C; T) ≥ 0

Estas condições deixam, entretanto, como possíveis muitas especificações sem


qualquer razoabilidade. Assim, por exemplo, embora a 1ª condição elimine esta
especialização:

J = C T+1 + C * T

Admite estoutra, que não é menos absurda:

J = C(T+1) – C + log (C+1)T.

Isto quer dizer que não vamos deixar vaguear livremente a nossa imaginação até
encontrarmos uma especificação aceitável. O que temos de fazer é procurar um
princípio razoável sobre o juro, depois axiomatizá-lo e daí derivar a forma da função
juro:

Axiomatização Especificação
Lei razoável de Juro Axioma Forma da Função Juro

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1.3.2 – Especificação da Função Juro Periódico

Vimos a conveniência da consideração de subprocessos de capitalização. É à luz


da capitalização período a período que iremos especificar uma forma para a função juro.

Passaremos, por isso, a falar em função juro periódico em vez de apenas função
juro. Aliás, aquela é um caso particular desta.

Em cada período kº, juro Jk é o valor da função Juro para C= CIk e para T= 1,
isto é:

Jk= j (CIK ; 1 ),para, k = 1, 2, 3, …. K

Ora o que será razoável pressupor quanto, ao juro, periódico?

Em princípio, deve ser tanto maior quanto mais avultado for o capital inicial do
período:

Jk deve variar no mesmo sentido que CIk.. Mas, cabe ainda perguntar: que espécie
de variação? O juro periódico cresce mais ou menos rapidamente, ou proporcionalmente
ao capital inicial?

Pois aceita-se como mais razoável a proporcionalidade, dada a axiomatização da


seguinte lei do juro:

Princípio fundamental do juro:

- O juro periódico é directamente proporcional ao valor do capital em processo


no inicio do período.

Segundo este axioma, o juro periódico obtém-se multiplicando o capital


periódico inicial CIk por uma dada constante de proporcionalidade. Simbolizando por i
este factor constante, vem a seguinte especificação: Jk = CIk * i , para k = 1,2,3…

Esta é a forma geral da função juro periódico, que abrange toda uma família de
funções, cada uma delas definida pelo valor escolhido para o parâmetro i.

Fica-se, portanto, dependente da prefixação de um valor de i, pelo que esta


constante assume relevância decisiva em toda a teoria do juro e merece estudo especial.

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Pode-se dizer que i é um qualquer número real > 0. Um valor nulo de i


corresponderia à hipótese de não produção de juro (inexistência de capitalização) que,
naturalmente, é excluída da teoria exposta. O mesmo se diga para valores negativos de i,
que equivaleriam ao absurdo de ser o detentor do capital a pagar o juro.

1.3.3- Prefixação de um Valor Notável da Função, Juro Periódico – A


Taxa de juro.

Reconhecido o papel notável do parâmetro i, é natural que se lhe atribua uma


designação. Poder – se – ia chamar – lhe “ coeficiente de capitalização”, ou
“parâmetro de juro”, caso já não estivesse consagrado o titulo de taxa de juro.

Duas questões: como se define a taxa de juro? E como se fixa, afinal, um seu
valor constante?

Quanto à primeira questão, é fácil ver que i não é mais do que um valor
particular da própria função juro periódico, correspondente a um capital inicial unitário.
De facto: CIk Jk =J(1;1) = i i= j(1;1) i é o juro produzido pelo capital
unitário, durante o tempo unitário(período).

A taxa de juro é, pois, um valor notável da função juro periódico, precisamente


através do qual poderão conhecer–se todos os outros valores da mesma função juro.

A taxa de juro aparece quase sempre sob a forma percentual. Por exemplo, uma
taxa de 5% quer dizer que o capital 100 produz 5 de juro, ou que o capital 1 produz 0,05
de juro: 5=J (100; 1) é equivalente a 0,05= J(1;1).

É importante reter que i está sempre referida a um dado período ou unidade


tempo, o ano, ou o mês, ou o semestre, etc.

E conforme o período de referência, assim será:

 Taxa de juro anual: i = j (1;1 ano);


 Taxa de juro semestral: i = j (1; 1 semestre);
 Taxa de juro trimestral: i = j (1; 1 trimestre);
 Taxa de juro quadrimestral: i = j (1;1quadrimestral)
 Taxa de juro mensal: i = j (1;1 mês); etc.

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Quanto à segunda questão: Como se estabelece a prefixação de i…?

Geralmente, o valor de i resulta por acordo entre as partes intervenientes na


operação financeira. Mas, a vontade das partes ou de uma delas não pode actuar sem
limites; certos factores condicionam o valor assumido pela taxa de juro:

1º) - o risco pelo não reembolso do capital investido (as taxas de juro serão tanto
maiores quanto menores as garantias prestadas pelo mutuário).

2º) - a oferta e a procura de capitais (a maior ou menor abundância de capitais


face à procura por parte dos empresários, implica menores ou maiores taxas de juro):

3º) - o próprio montante do capital investido, bem como o próprio tempo de


empate do capital;

4º) Finalmente, as restrições legais (há limites fixados no Código Civil para as
taxas de juro praticadas em operações não bancárias; as taxas vigentes na actividade
bancária são fixadas pelo Ministério das Finanças através do Banco Nacional de
Angola). A maior parte dos investimentos financeiros é feita com a intervenção das
Instituições Bancárias, quer como sujeitos passivos (recebendo depósitos), quer como
sujeitos activos (concedendo créditos).

Exemplos:

1. A Mafalda empresta à Eunice 100.000.00 kz, por um prazo de 2 anos;


durante este tempo, o juro deve ser acumulado ao capital inicial segundo uma taxa
anual de 6% (o juro anual não é entregue à credora Mafalda no vencimento, antes se
junta ao capital para produção de novos juros). Quanto receberá a Malfada no fim de
2 anos?

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Solução: Regime de capitalização composta.

No fim do 1º ano, o juro é:

J1=CI1* i J1= 100.000kz * 0,06 J1=6.000.00Kz que vai


juntar-se ao capital inicial, de modo que no inicio do 2º ano tem-se:

CI2= CI1+J1 CI2 = 100.000.00 kz + 6.000.00kz = 106.000.00 kz

Vem para juro 2º ano:

J2 = CI2 * i J 2 = 106.000.00kz * 0,06 = 6.360.00kz pelo que, o capital


que deve ser pago à Mafalda é:

Cn = 100.000.00kz + 6.000.00kz + 6.360.00kz = 112.360.00kz.3

2. Um empréstimo de 1.000.000.00kz deve ser amortizado em 5 anos, através de um


pagamento no fim de cada ano de 200.000.00kz; junto com este pagamento, serão
satisfeitos os juros à taxa de juro de 5% ao ano. Quais os pagamentos feitos no fim
de cada ano, reunindo juro e amortização?

Solução: No fim do 1º ano, o juro a pagar é:

J1= CI1*i=1.000.000.00kz*0,05=50.000.00kz que, junto com a “quota de


amortização”, soma de 250.000.00kz (valor do 1º pagamento anual, ou 1ª
anuidade).

Inicio do 2º ano, o capital em processo já é menor (CI2=1.000.000.00kz –


200.000.00kz = 800.000.00kz), pelo que o juro também é menor:

J2=CI2*i= 800.000.00kz*0,05=40.000.00kz, resultando para a 2ª anuidade o


valor de 240.000.00kz.

3
N.B.: Dentro de pouco tempo, aprenderemos a obter imediatamente este valor de capital
acumulado em regime composto, sem a necessidade de calcular, período a período, os juros periódicos
(como aqui se fez).

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No do 3º ano, o capital em processo é de 600.000.00kz, e assim


sucessivamente4.

A seguir, temos o quadro que resume todos estes passos:

Anos Capital em Juro do Amortização Anuidade


divida no inicio do ano ano

1º 1.000.000.00kz 50.000.00kz 200.000.00kz 250.000.00kz

2º 800.000.00kz 40.000.00kz 200.000.00kz 240.000.00kz

3º 600.000.00kz 30.000.00kz 200.000.00kz 230.000.00kz

4º 400.000.00kz 20.000.00 200.000.00kz 220.000.00kz

5º 200.000.00kz 10.000.00 200.000.00kz 210.000.00kz

1.000.000.00kz

4
N.B.: Pela amortização periódica , o capital “em processo”, isto é, o capital em dívida vai
diminuindo período a período, de modo que no último período a divida anula-se.

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1.4- Casos Notáveis de capitalização

- Regime de Capitalização Simples;

- Regime de Capitalização Composta.

Já vimos em 2.2 a distinção fundamental entre estes dois tipos de processo de


capitalização. Continuaremos a admitir que o processo de capitalização dura n períodos,
sendo n um número inteiro positivo.

1.4.1- Regime Simples Puro e Regime dito Simples

Na forma pura do regime simples o devedor paga periodicamente o juro, pelo


que o capital periódico inicial mantém-se sempre igual ao Capital Simples ou capital
inicial:

CI1=CI2= … = CIn=C0 e o juro periódico permanece constante de período para


período J1=J2= …= Jn = i*C0

Em esquema, sobre o semieixo do tempo, o regime Simples puro:

É claro que as partes podem convencionar um qualquer regime de capitalização


diferente dos consagrados na teoria matemática do juro. Assim, o regime “dito
Simples” sem entrega dos juros periódicos é um regime convencional em que os juros
permanecem no processo sem, porém, haver produção de juros de juros (o que contraria,
desde logo, o princípio teórico da capitalização estudado em 2.2.). Neste caso, o regime
convencionado como simples a uma dada taxa de juro, redunda realmente num regime
composto com taxa menor.

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Cálculo Financeiro

No regime dito Simples, o “juro acumulado” é por definição igual a soma dos
juros periódicos simples:

Jtotal dito Simples = j1 + j2 + …+ jn = C0 * i * n e o “capital acumulado” neste


mesmo regime vem dado por5: Cn = C0 + Jtotal = C0 + C0 * n * i = C0 * (1+ni)

Em esquema, o regime dito simples:

1.4.2- Regime Composto

Como os sucessivos juros periódicos se mantêm dentro do processo, tem aqui


pleno sentido falarmos em juro total ou acumulado, bem como em capital final ou
acumulado.

Em geral, o que nos interessa neste regime não é propriamente o cálculo dos
sucessivos juros periódicos, mas o valor único do juro total. Para obtermos a expressão
do juro total poderíamos recorrer à soma de todos os juros periódicos. Todavia, torna-se
mais simples determinar primeiro o capital Final Cn e depois passar a juro total por
diferença com o capital inicial C0.

Vejamos como obter o capital final.

Em cada período o capital inicial vai incorporar os juros do período anterior;


donde, ter-se-á o capital periódico inicial igual ao capital final do período anterior, isto
é: CI = CF
k k-1

5
N.B: _ A distinção entre regimes teóricos e regimes convencionais de juros (estes mais ou
menos desviados daqueles) deve ser feita desde já.
_ O “juro acumulado” e o “capital acumulado” não têm sentido no regime simples puro.

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Cálculo Financeiro

Para k = 1,2,3,…,n. (claro, para K=1 deve considerar-se


CI1=C0=CF0).

Por outro lado, por definição de capital periódico final, é em cada período:

CFk=CFk-1*(1+i) para k=1,2,…,n. Esta é uma fórmula de recorrência que


vai permitir-nos determinar a expressão do capital acumulado. Ensaiando a expressão
do CFk para sucessivos valores de k:

1º Período k=1 CF1=C0*(1+i)

2º Período k=2 CF2=[C0*(1+i)*(1+i)]=C0*(1+i)2

3º Período k=3 CF3=[C0*(1+i)2]*(1+i)=C0*(1+i)3

4º Período k=4 CF4=[C0*(1+i)3]*(1+i)=C0*(1+i)4 e generalizando,


vem Capital Final do Período k:

CFk=C0* (1+i) k

Dado que, em capitalização composta, o capital final do último período contem


o capital investido C0 mais todos os juros acumulados até esse período, o capital
acumulado ou final (final, relativamente ao processo global de capitalização) será o
capital do último período: Cn = CFn = C0 (1+i) n

Finalmente, é imediato obter-se daqui o juro acumulado ou total, via equação


fundamental da capitalização composta:

Jtotal composto = C0 [ (1+i) n-1 ], sendo (1+i)n chamado factor de capitalização


composto.

Dedução da expressão do juro total composto através da soma dos juros


periódicos:

O juro periódico em capitalização composta é dado pela expressão:

Jk=CIk*i=CFk-1*i= C0 (1+i) k-1 * 1

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Cálculo Financeiro

Sendo o juro total a soma dos juros periódicos, vem:

Para o confronto com o que se fez a propósito do regime simples, pode-se agora
apresentar o esquema de capitalização composta sobre o semieixo do tempo. De notar
que, enquanto no regime simples puro os subprocessos periódicos se repetem sem
alteração de período para período, no regime composto o processo avoluma-se por
acumulação dos juros e sua capitalização.

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Cálculo Financeiro

1.3.3- Exemplos

1. O juro produzido por 1.000.000,00kz ao fim do 1º ano de capitalização


composta é de 40.000,00kz. Qual será o juro total nos 3 anos de duração do processo?

2. Na lotaria saiu um prémio de 1.000.000,00kz a um estudante do 1º ano da


Faculdade de Economia do Lubango; resolveu ele investir aquele capital numa
colocação que, sendo de risco mínimo, lhe proporcionasse um rendimento mensal
suficiente para se auto-sustentar até acabar o curso. E, assim, emprestar por 5 anos os
um milhão de kwanzas à Firma Josefa & Filhos, Lda., nas condições seguintes: taxa de
juro mensal de ½% e garantia do empréstimo com hipoteca sobre uma propriedade do
devedor.

a) Qual é o regime de capitalização vigente?

b) Quanto recebe no fim de cada mês? E no fim dos 4 anos do curso?

3. Certa empresa de produtos alimentares completou meio século de existência em


1 de Agosto de 2011. No início do ano resolvera a Administração que, dos
1.000.000,00kz orçamentados para o marketing, 10% destinar-se-iam a premiar os pais
da criança angolana que fosse a primeira a nascer naquela data.

Ora, o casal premiado decidiu não despender o valor do prémio, mas sim
depositá-lo numa instituição especial de aforro para, atingida a maioridade (18 anos), o
filho receber o valor capitalizado.

Sabendo que os depósitos a prazo são remunerados à taxa de juro quadrimestral


de 2%m quanto receberá o filho em 1 de Agosto de 2029?

4. Dois irmãos, um de 13 e outro de 12 anos, receberam de herança 164.000,00kz


em dinheiro; o testamento estipulava que aquela quantia deveria ser partilhada pelos
dois herdeiros de forma que, colocadas as partilhas num banco de investimento,
resultassem iguais os respectivos valores capitalizados quando cada um dos irmãos,
atingida maioridade (18 anos), pudesse levantar a sua parte.

Se vigorar a taxa de juro anual de 5% qual deve ser o montante de cada


partilha?

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Cálculo Financeiro

5. Num empréstimo de 500.000,00kz, por 4 anos, convenciona-se:

 Taxa de juro anual: 4%;

 Em cada ano, metade do juro produzido será pago ao credor, e a outra metade
ficará retida nas mãos do devedor até ao fim do processo.

Quanto receberá o mutuante no fim do 1º, 2º, 3º e do 4º ano?

6. Num empréstimo de 100.000,00kz com capitalização anual a taxa de juro de 6%,


convencionou-se que o devedor faria o 1º e último pagamento só no fim do 4º ano,
liquidando então todo o capital acumulado.

Sabendo que o devedor veio pagar 124.000,00kz, pergunta-se: 6% foi a taxa de juro
efectivamente praticada?

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Cálculo Financeiro

1.5- Quadro Sinóptico dos Regimes de Capitalização

Expressão geral
Do juro periódico Jk = i * CIk

Regime Simples Regime “dito”


Regime Simples sem entrega
(Puro) Composto dos juros periódicos

Capital
É sempre6 CFk=C0*(1+i)k CFk=C0+C0*k*i
Periódico final
CFk=C0+C0*i

Capital É sempre CIk=CFk-1= CIk=CFk-1=


Periódico inicial
CIk=C0 =C0*(1+i)k-1*i =C0+ C0 (k-1)*i

É sempre7
Juro periódico É sempre Jk=C0(1+i)k-1*i Jk=C0*i
Jk=C0*i

Juro total Não tem J=C0(1+i)n - C0 J=C1 *n*i


Ou acumulado sentido

Capital acumu -
lado ou Não tem Cn=C0(1+ni)
Cn=C0(1+i)n
Final sentido

(Regimes teóricos) (Regime convencional)

6
Também pode-se considerar que, no fim do período, o capital em processo (ou em dívida) é apenas c 0,
dado que o juro periódico sai imediatamente do processo.
7
De notar que, ao contrario do que acontece nos regimes simples (puro) e composto, este juro periódico
foge à expressão geral. Tem-se aqui: Jk ≠CIk *i

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Cálculo Financeiro

Exemplo:
Um capital de 20.000.000,00kz foi posto a render à taxa anual de 5% durante 4
anos. Construa, para cada uma das hipóteses seguintes, um quadro que mostre os
valores a mais assumidos pelo capital periódico inicial, juro e capital periódico final.
a) Em regime simples;
b) Em regime composto;
c) Em regime dito simples (sem entrega dos juros simples de cada ano.

Solução:
a) Regime Simples:
Anos Capital anual Juro anual Capital anual Pagamento ao credor
inicial final no fim do ano
20.000.000,00kz 1.000.000,00kz 21.000.000,00kz 1.000.000,00kz

20.000.000,00kz 1.000.000,00kz 21.000.000,00kz 1.000.000,00kz

20.000.000,00kz 1.000.000,00kz 21.000.000,00kz 1.000.000,00kz

20.000.000,00kz 1.000.000,00kz 21.000.000,00kz 1.000.000,00kz

5º Zero

b) Regime composto

Anos Capital anual Juro anual Capital anual Pagamento ao credor


inicial final no fim do ano
20.000.000,00kz 1.000.000,00kz 21.000.000,00kz Zero

21.000.000,00kz 1.050.000,00kz 22.050.000,00kz Zero

22.050.000,00kz 1.102.500,00kz 23.152.500,00kz Zero

23.152.500,00kz 1.157.625,00kz 24.310.125,00kz 24.310.125,00kz

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Cálculo Financeiro

5º Zero
c) Regime dito simples (sem entrega do juro anual)

Anos Capital anual Juro anual Capital anual Pagamento ao credor


inicial final no fim do ano
20.000.000,00kz 1.000.000,00kz 21.000.000,00kz Zero

21.000.000,00kz 1.000.000,00kz 22.000.000,00kz Zero

22.000.000,00kz 1.000.000,00kz 23.000.000,00kz Zero

23.000.000,00kz 1.000.000,00kz 24.000.000,00kz 24.000.000,00kz

5º Zero

1.6- Confronto entre: Capitalização Simples, Capitalização Dito


Simples e Capitalização Composta
1.6.1- Confronto entre: Capitalização simples e Capitalização composta

O problema do confronto entre estes dois regimes costuma ser posto nestes
termos:
- Para uma mesma duração do processo e uma mesma taxa de juro, qual dos
regimes de capitalização incrementa mais o capital investido?
O que equivale a perguntar-se: qual dos regimes gera maior juro total? Ou qual
produz o maior capital acumulado?
Já é do nosso conhecimento que não tem sentido falar-se em juro total ou em
capital acumulado no regime simples puro, pelo que, quanto a este regime, a
comparação que há a fazer é a que respeita à disponibilidade ou indisponibilidade dos
rendimentos periódicos do capital. É ao detentor do capital que cabe escolher o regime
de investimento financeiro conforme pretenda dispor do juro período a período (por
exemplo, para despender em consumo), ou prefira incrementar o capital.
Mas, se considerarmos antes o regime dito simples, em vez do verdadeiro
regime simples (puro), então o confronto já é admissível com o regime composto. E é

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Cálculo Financeiro

evidente que a mesma taxa de juro e mesma duração do processo de capitalização, o


regime composto gera maior capital acumulado porque beneficia da capitalização dos
próprios juros (juros de juros) além da capitalização própria do regime dito simples
(juros só sobre o capital inicialmente investido). Aliás, já vimos que, para obtermos um
mesmo capital acumulado partindo do mesmo capital inicial, precisamos duma taxa de
juro maior no regime dito simples do que no regime composto.
O que leva as pessoas a adoptar o regime dito simples nas suas operações
financeiras e não o regime composto?
_ Desde logo, por ignorância; a capitalização composta é pouco acessível às
pessoas não versadas em matemática financeira. Depois, por comodidade, já que no
regime composto os cálculos sem tabelas são bem mais difíceis. E, finalmente, por
conveniência do devedor, uma vez que, a mesma taxa de juro, teria de pagar um capital
acumulado superior em regime composto. Enfim, também tem que se reconhecer que
tudo é uma questão de convenções; pois, se as partes convencionarem que a
capitalização será feita de certo modo, a taxa escolhida já o é com base nesse facto (por
exemplo, escolhe-se a taxa de 6% porque o regime é o dito simples, mas ter-se-ia
escolhido 5,525% no regime composto.
Para um confronto dos regimes de capitalização pode-se recorrer também à
representação gráfica bidimensional do capital em divida (ou capital em processo) como
função do tempo. O capital em dívida incorpora ou não os juros acumulados, conforme
o regime de capitalização:
 Em regime simples, no fim de cada período, o capital em divida é (C0 + C0 * i)
mas, como o juro (C0 * i) é pago imediatamente, o capital em dívida volta a ser
o capital inicial C0;
 Em regime dito simples, no fim de cada período, o juro (C0 * i) junta-se ao
capital; como o incremento é constante de período para período, o capital em
processo cresce linearmente ao longo do tempo;
 Em regime composto, o capital em dívida acompanha o capital acumulado que
de período para período cresce cada vez mais, segundo um ritmo exponencial
manifestado pela expressão conhecida: Ck = C0 (1+ i)k
 Em qualquer dos três regimes, o capital em dívida deve ser reduzido a zero no
fim do último período (fim do processo), mediante pagamento ao credor.

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Cálculo Financeiro

Exercício:
Capitalização durante 5 períodos com um capital inicial de 1.000.000,00kz.
Intencionalmente adopta-se uma taxa exagerada de 25% com o objectivo de tornar mais
evidente a diferente marcha do capital em divida nos três regimes.

1.6.2- Prática de Cálculo em Capitalização Composta

Enquanto o factor de capitalização “dito simples” (1+ni) não levanta quaisquer


dificuldades práticas de calculo, o mesmo não pode dizer-se do factor de capitalização
composta (1+i)n, (sobretudo, quando o expoente da potencia é muito elevado).
Justifica-se, pois, uma secção especial dedicada apenas ao factor de
capitalização composta (F.C.C.) e aos problemas de capitalização com ele relacionados.

1.6.2.1- Vias para Calcular o Factor de Capitalização Composta

Dados os valores das duas componentes i e n do factor, três vias se deparam


para o calcular:
 Cálculo directo;
 Recurso a tabelas financeiras;
 Recurso ao cálculo logaritmo.

(1ª Via) _ Cálculo directo


a) _ Ou Cálculo elementar da potência:

(1+i)n = (1+i)* (1+i)* (1+i)* … * (1+i)


n vezes

Exemplo: i=2%
n=3 (1+0,02)3 = 1,02*1,02*1,02=1,061208
b) _ ou desenvolvimento do binómio de newton e subsequente cálculo:

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Cálculo Financeiro

Exemplo:
(1+2%)3 = 1+3*0,02+3*0,022+0,023=1+0,06+0,0012+0,000008=1,061208

Estas vias de cálculo directo são as mais morosas e cansativas para valores
elevados de n, tornando-se mesmo impraticáveis. Daí que se haja tabelado os valores do
factor (1+i)n para certos valores de i e de n, construindo-se assim tabelas financeiras.

(2ª Via) – Tabelas Financeiras


Evidentemente, não se pode exigir que as tabelas contemplem todos valores
possíveis de i e de n. Ao consultarmos as tábuas financeiras para dados valores de i e de
n, ou não contemplam (falha em i, ou falha em n, ou falha em ambos).
A falha em n é muitas vezes facilmente suprível, se atendermos a uma
propriedade elementar das potências; por exemplo, se a tabela só prevê os valores
inteiros de n até 25, o F.C.C. para 36 períodos vem: (1+i)36=(1+i)25*(1+i)11.
Correspondentemente, o valor de (1+i)n será obtido:
 Ou imediatamente, por simples leitura das tábuas;
 Ou por estimativa, através de uma interpolação como veremos adiante.

(3ª Via) - Tábuas logarítmicas


Para obtermos o valor de (1+i)n é preciso preencher os dois passos seguintes
(exigindo-se eventual interpolação):
1º Passo: determinação do logaritmo do factor:
log(1+i)n=n*log(1+i)=w

2º Passo: determinação do factor pelo logaritmo:


(1+i)n=antilog(w)= Valor procurado.

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Cálculo Financeiro

1.6.2.2- O Cálculo estimativo por interpolação linear


Acontece muitas vezes que nas tabelas financeiras ou logarítmicas, não figura o
valor numérico procurado. Será então necessário fazer um cálculo por aproximação, isto
é, uma estimativa do valor não tabelado.
Estimar um valor não tabelado é calculá-lo subestimando a função tabelada por
uma função estimativa, que deve ser de fácil manejo no cálculo directo e conceder
razoáveis aproximações do valor procurado.
Caso particular interessante é a interpolação: a função estimativa é definida para
valer entre dois pontos tabelados consecutivos ou pólos. Aqui a função estimativa
substitui a função tabelada só e somente entre os pólos, donde o nome de função
interpoladora.
Ora, dado que a função estimativa deve permitir um cálculo fácil, compreende-
se que se adopte a forma linear para função interpoladora sempre que proporcione
estimativas razoáveis.
A estimativa por interpolação linear consiste em substituir a função tabelada por
uma função interpoladora linear ou recta interpoladora.
Vejamos rápida e genericamente como se obtém uma recta interpoladora:
1) Seja y=f(x) a função tabelada (isto é, para certos valores de x as tabelas
dão os correspondentes valores de y; para todos os outros valores
possíveis de x as tabelas são omissas);
2) Seja um valor x não contemplado nas tabelas; que fazer?
 Procura-se nas tabelas os valores consecutivos x0 e x1 tais que
x0< x<x1 e para os quais as tabelas dão os valores de y0 e y1;
 Entre os pólos (x0, y0) e (x1, y1) supõe-se que a função evolui
linearmente: donde, a equação da recta interpoladora:

- E agora trata-se de calcular o valor particular da recta par x=x, e

substituir:
 O valor desconhecido y = f(x)
 Pelo valor aproximado ӯinterp

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Cálculo Financeiro

X Y

1 15

2 17

3 25

4 37

5 60

… …

Exemplo: Imagine uma função y=f(x) tabelada como no quadro acima. Qual o
valor de y para x=2,5?

Como a tabela não prevê, façamos uma interpolação linear sobre os pontos (2;17)
e (3; 25).

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Cálculo Financeiro

Mas o problema nem sempre aparece no sentido indicado (dado x, qual o valor de y?).
Pode surgir em sentido inverso, por exemplo: qual o valor de x para y=31?

Exemplos de problemas de Capitalização Composta

Há quatro tipos gerais de problemas que se pretende determinar através da


n
equação de capitalização composta Cn=C0(1+i)

A incógnita pode ser o valor inicial C0, ou o tempo n, ou a taxa i, ou o capital


acumulado Cn (neste ultimo caso cabendo os problemas em que se pede o juro total,
que se obtém de Cn por subtracção de Co.)

Exercícios:

9. Qual o valor adquirido (ou acumulado) por um capital de 1.000.000,00kz, após


30 anos e meio de capitalização composta à taxa trimestral de 1,5%? No cálculo
utilize as tabelas financeiras.
10. Qual o capital resultante de um processo de capitalização composta a que esteve
sujeito, durante 10 anos, um capital de 100.000,00kz, à taxa de juro anual de
1,97%? No cálculo utiliza as tabelas financeiras.

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Cálculo Financeiro

11. Foram investidos 100.000,00kz, durante 15 anos, à taxa de juro composto de


4,1%. Qual o capital final resultante deste processo? Trabalhe:
a) Com tabelas financeiras;
b) Com logaritmos.
12. Em 20 de Março de 1990 foram investidos 200.000,00kz num processo de
capitalização composta à taxa semestral de 2,5%. Qual é o capital acumulado em
20 de Setembro de 2006?
13. Se aos 50 anos de idade quiser dispor de um capital de 500.000,00kz, que
quantia há-de colocar em capitalização composta uma pessoa que presentemente

tem 25 anos? A taxa de juro semestral é de .

14. Qual o capital investido num processo de capitalização composta à taxa

trimestral de , sabendo que o capital resultante, decorridos 5 anos, é de

1.000.000,00kz? No cálculo utilize as tabelas financeiras.

15. Determinar o capital que deve ser colocado a de juro anual composto, para

se obter 100.000,00kz ao fim de 20 anos.


16. Após 6 anos de capitalização composta, à taxa de juro mensal de 0,25%,
resultou um capital final de 200.000,00kz. Qual o capital inicial colocado?
17. Num processo de capitalização composta à taxa de juro anual de 3%, qual deve
ser o tempo de colocação de 100.000,00kz para se converter em 150.000,00kz?
No cálculo utilize:
a) Tabelas financeiras;
b) Logaritmos.
18. Para que 1.000.000,00kz se convertam em 1.900.000,00kz, à taxa de juro
composto de 4% ao ano, que tempo é necessário? No cálculo utiliza as tabelas
financeiras.
19. Quanto tempo deve decorrer para que o valor adquirido seja o duplo do capital
primitivo, sendo 5% a taxa de juro composto ao ano. No cálculo utiliza as
tabelas financeiras.
20. Qual a taxa de juro anual que, em capitalização composta, converte
1.000.000,00kz em 1.487.438,00kz ao fim de 10 anos? No cálculo utilize as
tabelas financeiras.

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Cálculo Financeiro

CAPÍTULO II. TAXA DE JURO E REGIME DE JUROS


ANTECIPADOS.

2.1- Disparidades entre Período de capitalização e período de preferência da


taxa de juro.

Viu-se no capítulo anterior que o processo de capitalização é analisável em


subprocessos periódicos, e sempre se considerou que o período em que decorre um
subprocesso, isto é, o período de produção de juro ou período de capitalização, tem uma
amplitude igual ao período a que está referida a taxa de juro. Por exemplo, a
capitalização é trimestral e a taxa convencionada é 1% ao trimestre.

Acontece muitas vezes que a taxa de juro fixada não é referida ao período de
capitalização; por exemplo, uma instituição de aforro anuncia que aceita depósitos por
prazos superiores a um ano, nas condições seguintes:

Os depósitos são remunerados à taxa anual de 6%, capitalizando-se


trimestralmente.

Há aqui uma incoerência. Pois, como será feita a produção trimestral do juro, se a
taxa dada é anual?

Esta incoerência é facilmente removível, se atendermos ao seguinte: é verdade


que uma capitalização trimestral implica uma função juro em que o tempo seja medido
aos trimestres; é também verdade que, ao convencionar-se uma taxa de juro anual, está a
pressupor-se uma função juro em que o tempo é medido aos anos; então, o que
precisamos é determinar uma taxa de juro trimestral que, segundo os princípios da teoria
do juro, dê o mesmo resultado que a taxa anual convencionada. É o que se designa por
taxas de juro matematicamente indiferentes.

De realçar que duas taxas de juro podem ser indiferentes do ponto de vista
matemático (que aqui se assume), mas não sê-lo segundo outros critérios de apreciação.
Por exemplo, pode não ser indiferente ao credor receber (ou, ao devedor pagar) os juros
trimestralmente ou anualmente ou mensalmente; por muito que se invoque a
“indiferença matemática” das taxas trimestral, anual e mensal subejantes àqueles juros.

O Docente: Prof. Mestre Edson Manuel de Sousa Bandeira 33


Cálculo Financeiro

E eis como o problema da “ disparidade entre período de capitalização e período


da taxa de juro” nos leva à questão da “indiferença de taxas de juro referidas a
diferentes unidades de tempo”.

Qual, pois, a taxa trimestral indiferente relativamente à taxa de 6%?

Uma primeira resposta seria esta: se ao ano se paga 6%, ao trimestre deve pagar-
se 4 vezes menos:

i´ = ⇔ e a taxa trimestral seria proporcional a taxa anual dada.

Mas esta resposta ignora a produção de juros sobre juros. Teoricamente, poderá
considerar-se correcta em regime dito simples, mas não em regime simples puro e muito
menos em regime composto.

Com efeito, vejamos separadamente as três hipóteses do regime de capitalização:

a) Se a capitalização convencionada for composta, então o que nos interessa


é que no fim do processo se obtenha o mesmo capital acumulado, independentemente
do período de capitalização adoptado; assim, após n anos de capitalização anual, vem:
Cn=Co*(1+6%)n mas, sendo com capitalização trimestral, a taxa trimestral i´ deverá ser
tal que, aplicada durante n anos, ou seja, 4n trimestral, dê um valor Co (1+i´)4n que seja
igual àquele.

Donde, para que haja indiferença, é necessário (e suficiente) que: 1+6%=(1+i´)4 e


vem

i´4=1,4674% ou i1/4=(1+6%)1/4-1 i1/4=(1+6%)0,25-1=1,01467846–1


=0,01467846*100=1,467384638617 ;

b) Se a capitalização convencionada for simples, a taxa i´ deverá ser tal


que, seja indiferente pagar (ou receber) os 4 (quatro) juros trimestrais (i´*Co). Isto é, no
regime simples pressupõe sempre, como se sabe, o pagamento do juro período a
período, ou seja, trimestre a trimestre, ou um juro anual (6%*Co). À primeira vista,

parece que deveria ser i´= 1,5%, mas é preciso olhar à essência da capitalização.

Portanto, em vez de pagar (i´*Co), o devedor poderá reter o juro trimestral e pagar os

O Docente: Prof. Mestre Edson Manuel de Sousa Bandeira 34


Cálculo Financeiro

juros acumulados só no fim do ano; haverá então juros de juros, isto é, ao longo do ano
a capitalização será composta trimestralmente, e o juro acumulado viria: Co(1+i)4-Co
que queremos seja igual a: 6%*Co.

Por outro lado, na posição de credor é fácil chegar-se à mesma conclusão (pois,
este pode, e teoricamente devemos sempre supor que o faz, lançar imediatamente
noutros processos de capitalização os juros que sucessivamente foi recebendo).

Isto é, para haver indiferença deverá ter-se: Co[(1+i)4-1]=6%* Co o que nos leva à
mesma condição necessária (e suficiente) já definida para o regime composto
(1+i)4=1+6%.

c) Se a capitalização se fizer em regime dito simples, o que interessa, tal


como em a), é que no final do processo se obtenha o mesmo capital acumulado,
independentemente do período de capitalização adoptado; assim, a capitalização anual
deve dar um valor; Cn=Co(1+n*6%) igual ao valor dado pela capitalização trimestral no

mesmo regime: Co(1+4ni) donde, para que haja indiferença i´ = =1,5%

Quando se fala de taxas de juro é fundamental saber a que tipo de taxas estamos a
referir.

De facto, as taxas podem ser proporcionais ou equivalentes, nominais ou


efectivas, líquidas ou ilíquidas, etc.

Só no regime de juro composto e quando simultaneamente o período de


capitalização é diferente do período a que está reportada a taxa é que é diferente o juro
obtido após um ano. Ou seja, só nesta situação é que há distinção entre taxa
proporcional/taxa equivalente e taxa nominal/taxa efectiva.

Vejamos a distinção entres elas.

O Docente: Prof. Mestre Edson Manuel de Sousa Bandeira 35


Cálculo Financeiro

2.2- Taxas Proporcionais e Taxas Equivalentes. Taxas Efectivas e Taxas


Nominais

2.2.1- Taxas Proporcionais e Taxas Equivalentes.

Quando a relação existente entre duas taxas é a mesma que existe entre os
períodos de tempo a que elas se referem, essas taxas dizem-se proporcionais.

Por exemplo, 20% ao ano e 10% ao semestre são taxas proporcionais, já que

= ⇔

Duas taxas dizem-se equivalentes quando, referindo-se a períodos de tempo


diferentes, fazem com que um certo capital produza o mesmo capital acumulado após
um mesmo intervalo de tempo, sendo as capitalizações efectuadas de acordo com o
período a que cada taxa está referenda.

Por exemplo, 21% ao ano e 10% ao semestre são taxas equivalentes (em regime
de juro composto) já que, o capital acumulado por 150.000.00kz ao fim de um ano é de
181.500.000kz quer em capitalização anual a taxa anual de 21%, quer em capitalização
semestral à taxa semestral de 10%.

[C1=C0 (1+21%)1]=[C1=C2(1+10%)2] (C1=150.000kz*1,21)=150.000kz *1,21)


181.500kz=181.500kz (após o 1º semestre o capital acumulado é de 165.000kz e após o
2º semestre, isto é após um ano, o capital acumulado é também de 181.500.00kz.

Generalizando:

i = taxa de juro referida a um período – base

ix = taxa de juro referida a x período - base, sendo x um numero real 0 (os valores
mais interessantes de x estarão entre 0 e 1. Como é óbvio, se x =1 período vem ix=i, e se
x=0 períodos vem ix=0).

Teoricamente, a indiferença entre duas taxas de juros, uma monoporiódica e outra sub
ou supraperiódica, é dada em regime simples e composto pela chamada relação de

ix = x*i
O Docente: Prof. Mestre Edson Manuel de Sousa Bandeira 36
Cálculo Financeiro
x
equivalência: 1+ ix =(1+i) (taxas “equivalentes”) e em regime dito simples pela
relação de proporcionalidade: (taxas “proporcionais”).

Embora na teoria matemática do juro seja assim, deve reconhece-se que na prática
generalizada da actividade comercial e bancária, estas taxas proporcionais são
consideradas também indiferentes em regime simples puro e são por vezes aceites como
aproximativamente equivalentes em regime composto.

Exemplo: Tomando o ano como período – base e a taxa de juro anual 10%, são
equivalentes todas as taxas seguintes, em regime composto e em regimes simples puro.

Anual: 10%

Semestral:i1/2=(1+10%)1/2 –1= 1,048808848 – 1= 4,8809%


Quadrimestral: i1/3=(1+10%)1/3 –1= 1,032280115-1= 3,2280%
Trimestral: i1/4= (1+10%)1/4 –1= 1,024113689 – 1= 4,4114%
Bimestral: i1/6=(1+10%)1/6 –1= 1,0160118768 – 1= 1,6012%
Mensal: i1/12= (1+10%)1/12 –1= 1,00797414- 1= 0,7974%
Quotidiana: i1365 = (1+10%)1/365 –1= 1,000261158- 1= 0,02612%.
São indiferentes em regime dito simples (e consideradas praticamente como tal
em regime simples puros) as taxas proporcionais seguintes:

Anual: 10%

Bianual: 20%
Semestral: 5%
Quadrimestral: 3,3333%
Trimestral: 2,5%
Bimestral: 1, 6667%
Mensal: 0,8333%
Quotidiana: 0,0274%

Exercício nº 01: dada a taxa de 16% ao ano com quatro capitalizações anuais, calcule as
taxas efectivas equivalentes para os seguintes períodos:

a) Um mês;

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Cálculo Financeiro

b) Dois meses;
c) Três meses;
d) Quatro meses;
e) Seis meses;
f) Dez meses;
g) Treze meses.

2.2.2- Taxas Nominais Efectivas.

Como vimos, em juro composto e quando, simultaneamente, a taxa é anual, mas


as capitalizações são feitas em sub - períodos do ano, o juro total obtido após um ano
dessas capitalizações é superior ao que seria obtido se houvesse apenas uma
capitalização no ano.
Exemplo: consideremos um capital de 100.000.00kz, n=1 ano, i=20%a.a,
i1/2=10%, calcular o juro total nos dois casos.
1ºCaso: j = 100.000.00kz[(1+20%)1- 1]
= 100.000.00kz(1,2- 1)
=100.000.00kz *0,2
=200.000.00 kz.

2º Caso: j=100.000.00kz[(1+10)2-1]
= 100.000.00kz(1,21–1)
=100.000.00kz *0,21
=21.000.00Kz.
Diz-se que a taxa é nominal de 20% ao ano com capitalizações semestrais. Como
se vê, esta taxa corresponde a uma taxa anual efectiva de 21%.
As noções de indiferença, equivalência e proporcionalidade, têm ligação com os
conceitos de taxas efectivas e taxas nominais.
Num qualquer processo de capitalização, dizem-se efectivas as taxas de juro
que, segundo os princípios da matemática financeiras, presidem a produção do juro. E
dizem-se nominais as taxas que são declaradas [(“nomeadas” em vigor no processo de
capitalização, podendo ser nominais e efectivas ou meramente nominais) e não
efectivas].

O Docente: Prof. Mestre Edson Manuel de Sousa Bandeira 38


Cálculo Financeiro

Assim, a taxa declarada em regime dito simples é sempre uma taxa “meramente
normal” porque, este regime redunda teoricamente no regime composto de taxa efectiva
menor. Salvo se o processo durar exactamente 1 (um) período da taxa de juro nominal,
caso em que está é afectiva.
No regime simples puro e no regime composto, de uma taxa efectiva, obtêm-se
outras taxas efectivas através da relação da equivalência, e obtêm-se, taxas meramente
nominais através da relação de proporcionalidade (procedimento este que aliás, é
frequente na pratica financeira).

Exemplo:

1. Em regime dito simples é indiferente aplicar 10% ao ano ou 5% ao semestre.


Todavia, a taxa efectiva (que depende da duração do processo), vem para um
tempo de 2 anos:
(1+i)2=1+2*10% (ou=1+4*5%)
(1+i)2=1+2*10% (1+i)2=1,2 log(1+i)2=log1,2 2log(1+i)=0,079181246
1+i=antilog0,039590623 i=1,095445115-1

i=0,095445115*100=9,544511495≃9,545%
e para um tempo de 4 anos:
(1+i)4=1+4*10% (1+i)4=1,4 log(1+i)4=log1,4 4log(1+i)=0,146128035

1+i=antilog0,036532008 i=1,087757304-1

i=0,087757304*100=8,775730363≃8,776%
As taxas de 10% e 5% são meramente nominais.
2. Em regime simples puro (ou em regime composto) com capitalização semestral
a 5%, a taxa anual efectiva é dada por
(1+5%)2-1=1,1025-1=0,1025*100=10,25%, enquanto 10% é meramente
nominal.

2.2.3. Simbologia a Utilizar

Passar-se-á a utilizar a seguinte simbologia, (leia-se o período o ano em termos


hábeis e compreenda-se que poderia ser outro qualquer o período bases) com
significação reservada aos regimes/ simples puro e composto:

i
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Cálculo Financeiro

= taxa anual efectiva:

i1/m = taxa subanual efectiva (relativa à fracção do ano).

Nas obras da especialidade é usual o símbolo im em vez de i1/m. Por motivos de


coerência com a simbologia adoptada nestas lições, foi preferido o símbolo i1/m, uma
vez que x = 1/m.

i(m) = taxa anula nominal, proporcional a taxa subanual efectiva quando a


capitalização se faz m vezes no ano (isto é, quando o período de capitalização é do

ano).

Sem dúvida, o caso particular mais interessante, por ser mais vulgar, é o seguinte:

 Convenciona-se uma taxa anual;


 E acrescenta-se que a capitalização se fará m vezes no ano (m=2,3,4,…).
Quando m=1, não há dúvidas quanto à taxa declarada: é efectiva. i1=i(1)=i.

Pode admitir-se duas hipóteses na interpretação deste enunciado:

 Ou se entende que a taxa anual declarada é efectiva (isto é, i), vindo a taxa
efectiva vigente no período de capitalização subanual dada pela equação
de equivalência: i1/m=(1+i)1/m -1;
 Ou se considera a taxa anual declarada como meramente nominal [isto é:
i(m)], sendo a taxa efectiva vigente no período de capitalização subanual

obtida mediante a relação de proporcionalidade

Qual destas hipóteses ocorre nas convenções concretas da actividade comercial e


bancária? Por via de regra, é a segunda hipótese que se verifica: quando a capitalização
se faz m vezes no ano, é declarada uma taxa anual que é puramente nominal.

Todavia, é certo que, em vez dessa taxa nominal, deveria ser declarada a taxa
anual efectiva; isto é, em termos teóricos.

Que razões levarão a desvios na prática daquilo que a teoria indica? A resposta é
dada por Fornés Rubió neste termos: A taxa nominal é a que se utiliza na prática para

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Cálculo Financeiro

dar uma maior facilidade ao público que não está muito co-penetrado do mecanismo do
juro composto: os juros dos empréstimos costumam ser satisfeitos por fracções do ano,
e, quando se fala da taxa de juro do empréstimo, não se menciona a taxa real anual i
equivalente à taxa real da fracção do ano i1/m, mas sim a taxa nominal obtida
multiplicando a taxa real i1/m pelo número de fracções que cabem no ano; assim, no caso
de pagamento trimestral de 1%, anuncia-se a taxa do empréstimo como sendo de 4%
anual, por ser 4 * 1%=4%, quando afinal a taxa anual real é:

i=(1+1%)4-1=1,04060401-1=0,04060401*100=4,060401≃4,0604%.

Exercícios:

1. Seja a taxa anual de 8% em regime simples. Qual é a taxa anual real; a taxa
anual nominal; e a taxa real referida ao período de capitalização?
Considere que a capitalização se faz:
a) Uma vez ao ano;
b) 4 Vezes ao ano.
2. Nos jornais tem aparecido o seguinte anúncio: o BFA remunera presentemente à
taxa anual de 4,5% os depósitos constituídos pelo prazo mínimo de um ano e um dia.
Os juros, que serão pagáveis semestralmente e no termo do prazo dos depósitos, não
estão sujeitos a qualquer dedução, visto que se encontram isentos tanto do imposto de
capital como do imposto complementar. Quanto paga efectivamente ao ano o BFA?
3. No empréstimo público “obrigações do tesouro, 10%-15%, 1988”, emitido pelo
Estado Angolano, os juros são pagos semestralmente em Maio e Novembro e as taxas
de 10% no 1º e 2º ano, 11% no 3º e 4º ano, 12% no 5º ano, 13% no 6º ano, 14% no 7º
ano e 15% no 8º ano.
Quais são as taxas anuais efectivas destes empréstimos?
4. Um capital de 1.000.000kz foi colocado num processo de capitalização
composta de período mensal. Qual o juro total ao fim de 10 anos, à taxa anual de 3%?
a) Admita que 3% é a taxa efectivamente praticada;
b) Interprete a taxa 3% conforme é corrente na banca e no comércio.
5. Pretende-se saber a taxa semestral equivalente à taxa quadrimestral de 16%?

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Cálculo Financeiro

6. Verifique se o juro produzido por 150.000kz à taxa semestral de 12%, é igual ao


juro mensal à taxa de 2%?
7. Verifique se a taxa quadrimestral de 16% é proporcional à taxa trimestral de
12%.
8. Dada a taxa de 15% ao ano, calcule as taxas efectivas equivalentes para os
seguintes períodos:
a) Um mês;
b) Três meses;
c) Quatro meses;
d) Seis meses;
e) Oito meses;
f) Um ano e meio.

2.3- Regime de Juros Antecipados

O regime de juros antecipados distingue-se do regime de juros simples apenas


pelo facto de o juro ser pago, como o próprio nome indica, antecipadamente, isto é, no
momento do contrato, e não no fim do prazo estipulado. Isto conduz obviamente a que
se receba, no momento do contrato, não o montante que se pediu, mas sim esse
montante já deduzido do respectivo juro. Note-se que este juro é calculado sobre o
montante pedido e não sobre o montante efectivamente recebido, o que conduz a que a
taxa realmente suportada acabe por ser, em termos reais, superior à taxa contratada,
como veremos no ponto seguinte. No final do prazo contratado, a quantia a entregar é a
que se pediu e não a que efectivamente se recebeu.

Esta prática contraria o que se pode considerar “normal” ou “justo”, que é pagar
uma remuneração pela utilização de um capital alheio, durante um certo prazo de
tempo, após esse prazo de tempo. Neste regime, essa remuneração é paga ainda antes de
se usufruir do capital alheio.

Além disso, é bom não esquecer que o próprio valor (real) do dinheiro é
diferente em cada um dos momentos considerados – inicio ou fim do prazo contratado.

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Cálculo Financeiro

Designando por:
C = Capital nominal (Capital solicitado);
C´= Capital actual (Capital recebido), temos então, esquematicamente,

REGIME DE JUROS ANTECIPADOS


Pede-se C Entrega-se C
Recebe-se C´[= C - j = C - Cni = C(1-ni)]

0 1 2 3 … n-1 n

Note-se que C´= C – j e j = Cni, donde, C´= C – Cni C´=C(1-ni)

Um dos aspectos que torna este regime “violento” é o facto de o juro ser
calculado sobre C que, como se vê, não é o capital que efectivamente se recebe. No
fundo, o que parece “correcto” ou “justo” é calcular o juro sobre o capital que se
recebe (C´) e não sobre o capital que se solicita.

Isto é, mais correcto seria que j=c´ni. Assim, viria:


C´= c – j
C´= c – c´ ni
C´+c´ni = c
𝑪
C´(1+ni)= c C´ 𝟏+𝒏𝒊

Exemplo: Ao obter um empréstimo a juros antecipados pelo prazo de 180 dias, à


taxa de juro anual de 12%, um certo empresário recebeu 470.000,00kz. Sabendo que foi
utilizado o ano comercial, determine:

a) O valor do empréstimo;
b) A taxa real para o mutuante.

Solução:

a) C´=470.000kz; i=12%; n=180 dias; C=?

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Cálculo Financeiro

C´=C(1-ni) 470.000kz 470.000kz

470.000kz 470.000kz C=

C=500.000,00kz

R: O valor do empréstimo foi de 500.000,00kz.

b) 470.000kz 470.000kz
+ + +

470.000kz 470.000kz

-470.000kz i= i=0,127659574*100

i=12,7659574≃12,7659575%

2.3.1. Taxa Real

Devido às características dos juros antecipados (juro calculado sobre c e cobrado


no momento 0), a taxa realmente suportada (taxa real) é superior à taxa contratada (taxa
nominal).
Vejamos um exemplo simples: ao obter um empréstimo de 100.000,00kz a juros
antecipados pelo prazo de um ano, à taxa anual de 20%. Determine:
a) O capital recebido;
b) A taxa real.

Solução:

a) C´= C-J e J=Cni J= 100.000,00kz *1*0,2=20.000,00kz


C´= 100.000,00kz-20.000,00kz=80.000,00kz
Ou

C´=C (1-ni) C´=100.000,00kz(1-1*0,2)=100.000,00kz*0,8=80.000,00kz.

R: O capital recebido foi de 80.000,00kz.

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Cálculo Financeiro

b) O que acontece é que o capital solicitado é de 100.000,00kz; o juro é de


20.000,00kz, e o capital recebido é apenas de 80.000,00kz. Um ano após o
empréstimo tem que se entregar 100.000,00kz.
No fundo, o mutuário está a suportar 20.000,00kz de juros para receber
80.000,00kz, ou seja, na realidade está a suportar uma taxa de

Ou seja, j=cni i . Neste caso, considerando o capital efectivamente

recebido, teremos: i i=0,25*100=25%, que é então a taxa

real(mente) suportada, uma vez que relaciona o juro suportado com o capital
efectivamente recebido.

De facto, se analisarmos a relação existente entre o capital recebido (C´) e o juro


suportado (j), vemos que ela é uma relação de proporcionalidade directa, quanto maior tiver que
ser o capital recebido (C´), maior acaba por ser j. Se se precisar de 80.000,00kz, tem que se
solicitar 100.000,00kz, suportando um juro de 20.000,00kz. Mas se se precisar efectivamente de
100.000,00kz, então tem que se solicitar 125.000,00kz, suportando um juro de 25.000,00kz
(admitindo sempre i=20% a. a. e n=1ano).
Vejamos em esquema:

80.000,00kz 20.000,00kz
100.000,00kz x

Assim, 80.000x = 100.000,00kz*20.000

80.000x = 2.000.000.000kz i=

Ou seja, para receber 100.000,00kz, o mutuário teria que suportar 25.000,00kz de


juro, isto é, teria que solicitar 125.000,00kz.
Designemos por:
C = capital nominal (capital solicitado);

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Cálculo Financeiro

C´= capital actual (capital recebido);


i = taxa nominal (taxa contratada - que relaciona o juro pago com o capital
solicitado);
i´ = taxa real (taxa efectivamente suportada – que relaciona o juro pago com o
capital recebido).
Tentemos estabelecer a relação entre i e i´.
Para isso consideremos um empréstimo, a juros antecipados, de uma unidade de
capital, durante uma unidade de tempo à taxa nominal i, ou seja, c=1, n=1; i. Neste caso,
j = cni j = 1*1*i j=i. Logo, C´=c-j=1-i. Então teremos:

1-i i
1 i´
Ou seja, i´(1-i)=i, pelo que

𝑖
𝑖 Taxa real em regime de juros antecipados.
𝑖

No caso do exemplo anterior, em que i=20%=0,2, teremos que


i´=0,25*100=25%

Para terminar este ponto, uma referência breve para o facto de só ser possível o
recurso a empréstimos a juros antecipados por períodos de tempo curtos. Vejamos
apenas os seguintes dois casos (académicos, claro):

1ºcaso) c = 100.000.00kz; n = 3anos; i=25% a.a. Determine a quantia recebida


pelo mutuário;

2ºcaso) c = 100.000.00kz; n = 4anos; i=25% a.a. determine a quantia recebida


pelo mutuário.

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Cálculo Financeiro

2.3.2. Taxa Média

Suponhamos que temos vários capitais diferentes colocados por prazos diferentes
e taxas diferentes: c1, c2, c3, c4, …,cn, respectivamente, colocados aos prazos de n1, n2, n3, n4,
…., nn, e às taxas de, i1, i2, i3, i4, …, in.

Qual será a taxa (única) que, aplicada a esses capitais e respectivos prazos, conduz
ao mesmo juro total? Vejamos: o juro total é J = j1 + j2 + j3 + …+ jn ,ou seja,

J = c1n1i1 + c2 n2 i2 + c3 n3 i3 + … + cn nnin.

O que se pretende é determinar uma taxa única, î, que, aplicada àqueles capitais e
prazos, conduza ao mesmo juro total, ou seja, pretende-se determinar î tal que

J=c1n1î + c2n2î + c3n3î + … + cnnnî. = c1,n1,i1 + c2n2i2 + c3n3i3 + … + cnnnin.


Donde, c1,n1i1 + c2n2i2 + c3n3i3 + …+ cnnnin =c1,n1, î + c2n2 î + c3n3 î + … + cnnn î. Ou
seja, c1n1i1 + c2n2i2 + c3n3i3 + …+ cnnnin =î(c1,n1+ c2n2 + c3n3+ … + cnnn). Donde,
finalmente
+ + + +
, isto é,
+ + + +

∑ ∑

î = TAXA MÉDIA – taxa única que, aplicada a vários capitais e respectivos


prazos substitui várias taxas conduzindo ao mesmo juro total8.

Exemplo: Determine a taxa média dos seguintes empréstimos (regime de juros


simples):

60.000.00 Kz, à taxa de 10% durante 6 meses;

1.000.00 Kz, à taxa de 12%, durante 1 ano;

1.350.000.00 Kz, à taxa de 12,5%, durante 2 anos.


8
Note-se que esta taxa não é mais do que uma média aritmética ponderada, sendo as ponderações os
capitais e respectivos prazos.

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Cálculo Financeiro

Solução:

∑ ∑

î=0,123458445*100=12,34588445%≃12,3458%

R: A taxa média é 12,3458%

O Docente: Prof. Mestre Edson Manuel de Sousa Bandeira 48


Cálculo Financeiro

BIBLIOGRAFIA

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CADILHE, Migue e SOARES, Carlos. LIÇÕES DE MATEMÁTICA FINANCEIRA.


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MATEUS, José Maria Alves. 2011. CÁLCULO FINANCEIRO. Edições Sílabo, 5ª


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MATEUS, José Maria Alves. 2014. EXERCÍCIOS PRÁTICOS DE CÁLCULO


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MATIAS, Rogério. 2008. CÁLCULO FINANCEIRO – Casos Reais Resolvidos e


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MATIAS, Rogério. 2013. CÁLCULO FINANCEIRO – Teoria e Prática. 4ª Edição.


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APLICAÇÕES DE CÁLCULO FINANCEIRO: CASOS PRÁTICOS. Edições
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