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UFCD 9822
Poupança – Conceitos Básicos

50h
Porto |2024
FORMADORA Ana Paula Santos
Para uso exclusivamente pedagógico

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ÍNDICE

Marketing – princípios gerais ....................................................................................... 4


Conceitos básicos ............................................................................................... 4
Evolução histórica ............................................................................................... 5

Mercado - categorização, evolução e variáveis ......................................................... 10


A evolução dos mercados ................................................................................. 10
A segmentação de mercado ............................................................................. 14

Marketing – principais variáveis ................................................................................ 18


Teoria dos 4 p do marketing ............................................................................. 18
 Produto (18)
 Preço (38)
 Distribuição (26)
 Comunicação (32)

O planeamento .......................................................................................................... 43
Metodologia de elaboração de um plano de marketing ...................................43
A organização de marketing ............................................................................. 49

Marketing digital ........................................................................................................ 50


Os 8 p´s do marketing digital ............................................................................ 55
Os vários canais do marketing digital ............................................................... 58
As ferramentas de marketing digital ................................................................ 62
As principais métricas do marketing digital ...................................................... 64
O marketing de conteúdo ................................................................................. 65

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1. OBJETIVOS DO CURSO

1.1.Objetivos Específicos

• Reconhecer a importância da poupança relacionando-a com os objetivos da


vida.
• Utilizar um conjunto de noções básicas de matemática financeira que apoiam a
tomada de decisões financeiras.
• Relacionar remuneração e risco utilizando essa relação como ferramenta de
auxílio nas decisões de aplicações de poupança.
• Identificar as características de alguns produtos financeiros onde a poupança
pode ser aplicada.
• Identificar elementos de comparação dos produtos financeiros.

1.2.CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

Poupança
A importância da poupança no ciclo de vida: meio para acomodar oscilações de
rendimento e de despesas, para fazer face a imprevistos, para concretizar objetivos de
longo prazo e para acumular património.

Comportamentos básicos de poupança (e.g. fazer um orçamento, racionar despesas


não prioritárias, envolver a família, avaliar e aproveitar descontos, etc.).

Noções básicas sobre juros


 Regime de juros simples e de juros compostos
 Taxa de juro nominal vs. taxa de juro real
 Taxa de juro nominal vs. taxa de juro efetiva

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Relação entre remuneração e o risco
 A rendibilidade esperada, o risco e a liquidez.
 Características de alguns produtos financeiros.
 Depósitos a prazo (e.g. tipo de remuneração, taxa de juro, prazo, mobilização
antecipada);
 Certificados de aforro (e.g. remuneração, mobilização);
 Obrigações do tesouro (e.g. taxa de cupão, maturidade, valor de reembolso,
valor nominal);
 Obrigações de empresas (e.g. taxa de cupão, maturidade, valor de reembolso,
valor nominal);
 Ações
 O valor de uma ação e o valor de uma empresa
 Custos associados ao investimento em ações (comissões de guarda de
títulos, de depósito ou de custódia, taxas de bolsa)
 Aspetos a ter em conta no investimento em ações
 Fundos de Investimento: conceito e noções básicas
 Seguros de vida (âmbito da garantia, custo real, redução e resgate, rendimento
mínimo garantido, participação nos resultados, noções de regime fiscal)
 Fundos de pensões
 Fundos de pensões vs. - Planos de pensões
 Espécies mais relevantes: fundos de pensões PPR/E
 Outros ativos: moeda, ouro, etc.

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2. Introdução

Poupar.
Não há verbo que as famílias portuguesas mais tenham conjugado nestes últimos anos
do que este.

A perda de rendimento levou muitos agregados familiares a redescobrirem hábitos de


poupança, a cortarem nas despesas mais supérfluas, a fazerem um orçamento familiar,
a procurarem as melhores promoções quando vão às compras e a renegociarem os
seus contratos de telecomunicações, de seguros e de outro tipo de serviços.

O objetivo desta mudança de comportamentos é claro: Fazer esticar os salários até ao


final do mês e, se possível, conseguir reservar uma parcela dos rendimentos para a
poupança.

Tendo em conta esta realidade, este módulo pretende dar algumas dicas de poupança
nas mais variadas áreas da sua vida e explica-lhe alguns conceitos financeiros
elementares para conseguir gerir melhor o seu dinheiro.

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3. Poupança

A poupança é a parcela dos nossos rendimentos que não são gastos no período em
que os recebemos. Por não sabermos o que nos vai acontecer no futuro, devemos
sempre guardar parte do que recebemos para tratar de possíveis emergências. Sem a
poupança, uma avaria no carro por exemplo pode vir a ser uma catástrofe.

Podemos identificar o que é a poupança ao subtrairmos o que gastamos àquilo que


ganhamos.

Enquanto alguns académicos defendem que a poupança é determinada pelos


rendimentos (os mais ricos tendem a poupar mais), outros defendem que quanto
maior o rendimento, maiores são os gastos.

3.1.A importância da poupança no ciclo de vida:

Saber o que é a poupança é importante, mas temos também de olhar para as suas
vantagens.

Ao pouparmos estamos não só a garantir que teremos estabilidade financeira no


futuro, como estamos a garantir que estamos seguros assim que acontecer algum
imprevisto, como uma avaria no carro.

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Por termos recursos disponíveis, podemos melhorar a nossa qualidade de vida, e
tentar atingir objetivos que seriam inalcançáveis se tivéssemos de nos sujeitar a tudo o
que rende dinheiro.

Por norma, a poupança é aplicada em produtos financeiros seguros – como as contas


poupança - que nos garantem a disponibilidade do dinheiro, mas que rendem pouco.

A importância da poupança surge como um meio para acomodar oscilações de


rendimento e de despesas, para fazer face a imprevistos, para concretizar objetivos de
longo prazo e para acumular património.

3.2.Comportamentos básicos de poupança


(e.g. fazer um orçamento, racionar despesas não prioritárias, envolver a família, avaliar
e aproveitar descontos, etc.)

Poupar significa prescindir de consumir no presente para ter recursos disponíveis no


futuro.

A poupança permite:
o Aumentar a capacidade de enfrentar situações imprevistas (por exemplo, a entrada
numa situação de desemprego ou um aumento inesperado das despesas em resultado
de uma situação de doença ou acidente).

 Satisfazer necessidades de consumo no futuro (por exemplo, a compra de casa,


a compra de um carro ou a poupança para a reforma).

Uma gestão equilibrada do orçamento familiar inclui destinar, sempre que possível,
uma parte dos rendimentos à poupança.

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O primeiro agente económico a considerar é o agente famílias. As famílias podem ser
encaradas como o agente económico mais elementar, no sentido em que será a
entidade normalmente de menor dimensão a partilhar um mesmo orçamento; à
partida, em qualquer família há um conjunto de receitas e despesas que é gerido em
conjunto e cuja gestão tem impacto sobre o bem-estar da família no seu todo.

Às famílias é, normalmente, atribuído um duplo papel no sistema económico: a elas


cabe fornecer a força de trabalho que permitirá produzir bens e serviços; além disso, é
o agente a quem está associada a noção de consumo.

As famílias consomem bens e serviços para satisfazer necessidades.

O consumo realizado pelas famílias designa-se consumo final, no sentido em que se


opõe ao consumo intermédio; este não tem por fim satisfazer diretamente
necessidades, consistindo sim na utilização de determinados bens e serviços para
produzir bens e serviços adicionais.

Do raciocínio atrás exposto fica também claro que bens e serviços são tudo aquilo que
contribui para o bem-estar dos indivíduos via consumo (ou seja, é tudo aquilo que uma
vez produzido permite satisfazer necessidades). Os serviços podem igualmente ser
designados por bens não materiais (de um ponto de vista económico, a distinção entre
bens e serviços não é relevante: ambos são produzidos e ambos são alvo de eventual
consumo intermédio ou final).

No que respeita ao comportamento das famílias é de salientar o conceito de


rendimento disponível. Este será o rendimento que as famílias irão possuir após
pagarem impostos (diretos, ou seja sobre o seu rendimento) e após receberem
diversos tipos de prestações por parte do Estado; a estas prestações atribui-se a
designação de transferências e estas incluem pensões de reforma, pensões de
invalidez, subsídios de desemprego, rendimento social de inserção, abono de família

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entre outras eventuais prestações que não exigem qualquer contrapartida por parte
de quem as recebe. Podemos ainda considerar no cálculo do rendimento disponível as
transferências externas líquidas, isto é, a diferença entre montantes sem contrapartida
recebidos e pagos ao exterior (como remessas de emigrantes, prémios de lotaria ou
doações); as transferências externas poderão assumir um valor positivo ou negativo;
as transferências do Estado para as famílias ou transferências internas são
unidirecionais e por isso serão sempre um valor positivo.

Em termos de contabilidade nacional, o rendimento disponível define-se então como


rendimento nacional bruto menos impostos mais transferências internas e
transferências externas líquidas.

O rendimento disponível das famílias só pode ter duas utilizações por parte destas:
consumo (a variável consumo privado que já caracterizamos) ou poupança.

4. Noções básicas sobre juros


A taxa de juro pode ser entendida, grosso modo, como o preço do dinheiro ou, de
outra forma, como o preço a pagar pela utilização de recursos monetários que são
pertença de outrem.

A taxa de juro é uma variável central na estruturação do raciocínio macroeconómico;


ela é o preço que se forma no mercado monetário por interação entre procura de
moeda e oferta de moeda, mas é também uma variável fundamental para as decisões

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dos agentes económicos, nomeadamente as empresas que vão basear as suas decisões
de investimento no custo associado à aquisição de capital (ou seja, no valor da taxa de
juro).

4.1.Regime de juros simples e de juros compostos

Quando pedimos dinheiro para nos financiarmos assumimos o pagamento do juro


contratado. É o custo que temos por necessitarmos de liquidez. Quando emprestamos
dinheiro, recebemos o juro aplicado ao montante da operação, é a nossa remuneração
por estarmos a disponibilizar capitais próprios.

O juro está presente nas mais variadas operações bancárias:


• Vou pagar o preço do dinheiro quando peço empréstimo através de cartões de
crédito, conta ordenado, empréstimos pessoais, hipotecários e outros.
• Vou receber o preço do dinheiro quando financio através de depósitos a prazo,
PPR, compra de títulos, ações e outros.
• A taxa de juro é a remuneração expressa em percentagem para uma
determinada unidade de tempo, a quem financia por quem pediu emprestado.

Juros Simples - O juro simples corresponde à remuneração do financiamento, por


períodos iguais considerando o capital inicial. O juro é constante de período para
período.
Fórmula: Juro Simples = Capital x Percentagem
Exemplo:
Juro Simples = €100,00 x 5% (0,05) = €5,00

Juros Compostos - O juro composto considera o montante obtido no período anterior


para calcular a remuneração. É cumulativo. Através do somatório dos juros vencidos
em todos os períodos, proporciona uma remuneração superior em cada período
futuro. Isto é, são juros sobre juros.

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Fórmula: Juro Composto = (Capital + Juro do Período Anterior) x Percentagem

Exemplo:
 Período 1 – Juro Simples = €100,00 x 5% (0,05) = €5,00
 Período 2 – Juro Composto = €105,00 x 5% (0,05) = €5,25
 Período 3 – Juro Composto = €110,25 x 5% (0,05) = €5,5125

Qual A Importância destes dois conceitos?


O juro simples é o juro que recebemos efetivamente em cada período. A importância
de compreender o fenómeno dos juros compostos prende-se com a maior facilidade
da poupança para o longo prazo.

Diz-nos que quanto mais cedo começamos a poupar maior o impacto dos juros sobre
juros. Que quanto mais cedo começamos a poupar menor será o esforço para
acumular património.

4.2.Taxa de juro nominal vs. taxa de juro real

A taxa de juro é o custo do crédito ou a remuneração da poupança. Se um particular


pedir um empréstimo a um banco, a taxa de juro é o que essa pessoa paga pelo
empréstimo. Quando se faz um depósito de poupança num banco, a taxa de juro é a
remuneração recebida por esse depósito.

Os economistas fazem uma distinção entre taxas de juro “nominais” e “reais”, mas
qual é a diferença entre ambas e por que razão é importante?

A taxa de juro nominal é a taxa acordada e paga. É, por exemplo, a taxa que os
proprietários de habitação pagam pela respetiva hipoteca ou que os aforradores

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recebem pelos seus depósitos. Os mutuários pagam a taxa nominal e os aforradores
recebem-na.

Contudo, não é só o pagamento nominal que é importante tanto para os mutuários


como para os aforradores. É preciso considerar também a quantidade de bens,
serviços ou outros produtos que poderiam ser adquiridos com esse dinheiro. Os
economistas designam este fenómeno como “poder de compra da moeda”, o qual
normalmente diminui ao longo do tempo com a subida de preços resultante da
inflação.

Subtrair a perda de poder de compra da taxa de juro nominal permite aos mutuários e
aos aforradores determinar a taxa de juro real dos respetivos empréstimos e
poupanças.

4.3.Taxa de juro nominal vs. taxa de juro efetiva

A taxa de juro nominal é a taxa de juro propriamente dita, ou seja, é uma taxa fixada
pelo período de um ano, e não sofre variações. Esta taxa deve ser mencionada em
todos os contratos de crédito e aplicações bancárias.

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A taxa de juro efetiva é aplicada quando existe capitalização, e se torna necessário
converter a taxa nominal em taxa efetiva. Assim sendo, sempre que se faz uma
aplicação, em que os juros serão incorporados no capital inicial (de forma trimestral ou
semestral), o valor a receber será maior do que o indicado pela taxa nominal.

5. Relação entre remuneração e o risco

Quando se aplica a poupança num produto


financeiro, prescinde-se de consumo
presente de bens ou serviços com o objetivo
de se aumentar, em contrapartida, os
recursos financeiros e o consumo no futuro.

O principal risco de quem faz uma aplicação financeira é o de não reaver, total ou
parcialmente, o dinheiro investido. Um outro risco é o de não obter uma remuneração
adequada durante o período em que prescindiu de utilizar o dinheiro aplicado.

A aplicação da poupança num produto financeiro tem sempre em vista obter uma
remuneração dessa aplicação. No entanto, pode existir alguma incerteza quanto à
remuneração que irá ser obtida. Nalguns casos a remuneração poderá vir a ser inferior
à que se havia antecipado inicialmente. Noutros casos a remuneração pode mesmo ser
negativa.

É possível identificar um conjunto de fatores que pode contribuir para que uma
aplicação financeira tenha um comportamento adverso face ao esperado.

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6. A rendibilidade esperada, o risco e a liquidez

Um fundo de investimento procura maximizar o rendimento, tendo em atenção o risco


que os investidores estão dispostos a assumir.

Por uma questão de transparência e informação aos investidores, os fundos de


investimento estão divididos em diferentes categorias, de acordo com o tipo de ativos
em que aplicam o capital dos participantes, tendo associadas diferentes expectativas
de rendibilidade e risco.

A rendibilidade de um Fundo não deve ser analisada de forma isolada, dado que uma
melhor performance de um Fundo de Investimento tem normalmente associado um
elevado nível de risco.

Apesar de rendibilidades passadas não constituírem garantia de rendibilidades futuras,


este é um indicador muito usado. Afinal, em termos relativos, se os gestores de uma
carteira conseguiram uma boa performance, é razoável admitir que continuem a
assegurar uma boa gestão do fundo.

A seguir analisaremos os principais riscos na aquisição de produtos financeiros.

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7. Características de alguns produtos financeiros

A poupança pode ser aplicada em produtos financeiros.

A escolha dos produtos financeiros para aplicação de poupança deve considerar:


 Os objetivos de poupança e as preferências individuais.
 As características dos produtos financeiros, nomeadamente a expetativa de
remuneração e os riscos associados.

A aplicação de poupança num produto financeiro tem associada uma expetativa de


remuneração, a que em geral chamamos “juro”.
 A remuneração da poupança deve compensar a evolução dos preços, a
inflação, para que a poupança não perca valor ao longo do tempo.
 Se a remuneração do produto de poupança for superior à inflação, a poupança
está a ganhar valor.

Os produtos financeiros para aplicação de poupança têm alguns riscos associados.


 O risco é a incerteza quanto à concretização do valor de remuneração.
 A remuneração pode ser superior ou inferior à expetativa inicial, ou pode
mesmo ser negativa.

A avaliação dos vários tipos de riscos é importante na escolha dos produtos


financeiros de aplicação da poupança.

Os principais tipos de riscos associados a aplicações em produtos financeiros são o


risco de liquidez, o risco de remuneração, o risco de capital, o risco de crédito e o risco
cambial.

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• O risco de liquidez é o risco de precisar do dinheiro aplicado antes do fim do
prazo contratado e não lhe poder mexer (por exemplo, os depósitos a prazo não
mobilizáveis antecipadamente) ou de incorrer em custos para o fazer.
• O risco de remuneração é o risco de a remuneração não ser a esperada ou de a
remuneração ser nula (por exemplo, nos depósitos com taxa de juro variável
dependente da Euribor ou nas obrigações que pagam uma remuneração –
“cupão” – variável, não se conhece no momento da aplicação o valor exato da
remuneração a receber).
• O risco de capital é o risco de perder parte ou toda a poupança aplicada no
produto financeiro. O risco de capital não existe nos depósitos, mas existe, por
exemplo em produtos financeiros como as ações e os fundos de investimento, que
não garantem o capital aplicado.
• O risco de crédito é o risco de falência ou insolvência da entidade junto da qual a
poupança foi aplicada. Nos depósitos, o risco de crédito está coberto pelo Fundo
de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por depositante e por instituição de
crédito.
• O risco cambial é o risco de perda de dinheiro no fim de uma aplicação em moeda
estrangeira, pela conversão para moeda nacional.

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8. Depósitos a prazo
(e.g. tipo de remuneração, taxa de juro, prazo, mobilização antecipada)

O que são?
São um produto bancário que pressupõe a entrega de fundos a uma instituição
bancária que, findo o período acordado, devolve o dinheiro e ainda paga juros. Os
depósitos a prazo podem ser simples ou indexados, consoante o tipo de remuneração.
Podem ser simples com taxa fixa ou indexada a índices do mercado monetário
(Euribor, cabaz de ações ou índices acionistas).
 Vantagens: São produtos de investimento mais seguros e têm garantia de
capital - até 100 mil euros em caso de falência da instituição bancária.
 Desvantagens: Atualmente as taxas de juro destas aplicações estão a registar
uma rota descendente. Para conseguir aceder a uma boa taxa de juro é
necessário aplicar uma quantia elevada.

8.1.Certificados de aforro

Certificados de aforro são títulos de dívida pública, com risco nulo e elevada liquidez. A
capitalização dos juros é trimestral e oferecem ainda um prémio de permanência.
Tornaram-se numa das aplicações mais conhecidas dos aforradores portugueses,
especialmente dos que são menos propensos ao risco, devido à garantia do Estado.

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Estes títulos só podem ser subscritos por particulares e possuem algumas
características bastante específicas. Com eles, o Estado procurou atrair as poupanças
dos pequenos investidores, tornando-os inicialmente bastante atrativos em
comparação com outros produtos como, por exemplo, os depósitos a prazo.

 Segurança - O risco associado aos Certificados de Aforro é praticamente nulo.


As características do produto garantem, pelo menos, o reembolso da totalidade
do capital investido. Além disso, uma vez que se trata de um empréstimo ao
Estado português, é improvável que este declare falência e não consiga
devolver os montantes que os particulares aplicaram.
 Liquidez - Os Certificados de Aforro podem ser subscritos nas estações de
correio de todo o país. Qualquer pessoa pode comprá-los. Para subscrever
apenas é necessário ser portador de um documento de identificação e número
de contribuinte. Não existem limites mínimos ou máximos de idade para se
tornar num subscritor de Certificados de Aforro.

Para movimentar os certificados, é necessário que o titular tenha, pelo menos, 15


anos. Mas a lei permite ultrapassar essa limitação, já que é possível inscrever nos
títulos, além do nome do titular, o nome de outra pessoa, que os poderá movimentar.
Para tal, basta preencher, no impresso de requisição, o espaço previsto para o efeito.

Os títulos são nominativos. Isto significa, entre outras coisas, que se trata de títulos
não-transmissíveis: não pode vendê-los a um amigo, por exemplo, ou dá-los a um
familiar. A titularidade dos Certificados de Aforro apenas é transmissível em caso de
falecimento do aforrador. Nesta situação, os poderes de quem está autorizado a
movimentar o título cessam e os legítimos herdeiros poderão requerer a amortização
ou a transmissão do título para seu nome.

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Que montantes?
Para subscrever Certificados de Aforro (Série D) é preciso 100 euros. Mais
precisamente pode comprar 100 unidades ao preço de 1 euro cada. O montante
máximo de subscrição é de duzentos e cinquenta mil unidades, o que equivale a 250
mil euros.

Que prazos?
Os Certificados das Séries C e D terminam no final de 10.º ano de vida, no qual serão
automaticamente resgatados. Além disso, os títulos não podem ser liquidados durante
os três primeiros meses após a subscrição, ou seja, durante esse período não é possível
reaver o dinheiro. Em linguagem mais técnica, diz-se que, nos primeiros três meses, a
liquidez dos Certificados é nula.

Os Certificados das séries anteriores não têm prazo máximo, de forma que o investidor
poderá mantê-los enquanto for esse o seu desejo.

Como recuperar o dinheiro?


• A liquidação (reembolso) dos Certificados de Aforro pode ser feita nos
mesmos locais da subscrição. Em muitas estações de correios, o pedido de
amortização pode ser processado de imediato, pelo que o cliente recebe no ato
o valor a reembolsar. Nas restantes, o pagamento do resgate efetua-se no
terceiro dia útil posterior ao pedido do cliente. Pode receber o dinheiro em
numerário (notas e moedas), através de cheque ou por transferência bancária.
Neste último caso, é necessário fornecer o NIB.
• Antes de pedir o reembolso dos Certificados, verifique a data que consta no
extrato. Se possível, aguarde pelo dia em que o tempo decorrido perfaça mais
um trimestre completo. Por exemplo, se subscreveu os títulos a 10 de maio, os
trimestres completos ocorrerão a 10 de agosto, 10 de novembro e 10 de
fevereiro. É conveniente ter em conta essas datas e pedir o reembolso só
depois de o trimestre ter terminado. Se não o fizer, perderá três meses de

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juros: no exemplo anterior, se resgatasse os Certificados no dia 8 de novembro,
não receberia os juros correspondentes ao período entre 10 de agosto e 8 de
novembro. Por dois dias, o seu dinheiro teria ficado três meses parado, sem
render absolutamente nada.
• É possível pedir o reembolso de apenas uma parte das unidades subscritas
em determinada ocasião. Por exemplo, se tiver subscrito 100 unidades, pode
reaver o dinheiro relativo a apenas 40. Nessa altura, terá de entregar o título
representativo das 100 unidades subscritas e ser-lhe-á entregue um novo,
relativo às 60 unidades que manteve. A data de emissão inicial não será
alterada.
• Em caso de falecimento do titular, os herdeiros têm um prazo de dez anos
para solicitar a transferência da titularidade. Nesse caso, será emitido um novo
Nada haverá a pagar pela transferência dos títulos. Mas se, ao fim de dez anos,
não for solicitada a transferência, o seu valor reverterá a favor do Estado. Como
o resgate só pode ser pedido pelo subscritor ou pela pessoa. Nomeada no
momento da subscrição, os herdeiros não podem exigir o reembolso direto. Só
após transferirem os certificados para seu nome, poderão optar por reaver os
montantes aplicados ou manter os certificados.
 Rendimento - Os Certificados de Aforro funcionam como uma espécie de
depósito, renovado automaticamente, de três em três meses, durante um
prazo indeterminado. Os trimestres contam-se a partir da data de subscrição,
que deverá constar no verso do título emitido.

Os juros são calculados trimestralmente e adicionados ao valor anterior do título.


Produz-se, dessa forma, um efeito de capitalização: os juros de um determinado
trimestre passam a render juros no trimestre seguinte.

Por cada certificado, é mencionada a data de subscrição, o número de unidades desse


título e a valorização da carteira até ao momento. O extrato contém ainda informação
sobre os movimentos de subscrição e de resgate mais recentes.

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Outra forma de saber quanto valem os certificados consiste em consultar a folha
gratuita distribuída nos locais de subscrição.

 Varia ao longo do tempo - A taxa de juro dos Certificados de Aforro depende


de três fatores: a taxa de referência, o diferencial que consta nas condições de
emissão e o prémio de permanência. É calculada, mensalmente, pelo Instituto
de Gestão do Crédito Público e aplicada aos certificados emitidos nesse mês e
aos que iniciam, nesse mesmo mês, mais um período trimestral de
capitalização. A taxa mantém-se inalterada durante um trimestre.

 Rendimento das novas emissões - A taxa de juro base dos Certificados de


Aforro é calculada, mensalmente, pelo Instituto de Gestão do Crédito Público e
aplicada aos certificados emitidos nesse mês aos que iniciam, nesse mesmo
mês, mais um período trimestral de capitalização. Assim, em cada mês o IGCP
divulga as séries de cada uma das séries, não apenas da que está em
comercialização, mas também das séries fora de comercialização, mas ainda
detidas por muitos aforradores. Atualmente está em comercialização a série D.

A remuneração dos certificados está dependente das taxas de juro de curto prazo
(Euribor a três meses). Assim, quando estas sobem ou descem, a remuneração dos
certificados acompanha essa evolução. Como se trata de um produto que capitaliza
trimestralmente, quando se dá a renovação, a taxa de juro a aplicar é a que está em
vigor nesse mês.

 Prémio de permanência - A intenção do Estado foi também de fazer dos


Certificados de Aforro um instrumento de poupança a médio e longo prazo.
Para isso, tem concedido um prémio de permanência a quem mantenha os
títulos durante mais tempo. Este prémio consiste em acrescer juros à taxa base.

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Assim, os títulos mais antigos beneficiam de um prémio de permanência superior e,
por isso, apresentam taxas mais atrativas. Se tiver de pedir o reembolso de alguns
títulos, opte pelos mais recentes, para não perder os prémios entretanto acumulados.

Numa perspetiva de investimento a curto prazo, a taxa dos Certificados de Aforro deve
ser comparada com a taxa dos depósitos a prazo por três meses, até porque, como
está indexada a uma taxa de referência, acompanha a evolução do mercado. No
entanto, há que ter em conta se as taxas se encontram a descer ou a subir.

 Custos - Este tipo de aplicação não tem quaisquer custos, pois não existem
comissões de subscrição ou de resgate, nem são cobradas despesas de
expediente (envio de extratos de conta, por exemplo).

 Fiscalidade - Tal como acontece com os depósitos a prazo, os juros dos


Certificados de Aforro estão sujeitos a uma retenção na fonte de 28 por cento.
A retenção é feita automaticamente, todos os trimestres, de forma que a
capitalização incide apenas sobre os juros líquidos. Uma vez que se trata de
uma taxa liberatória, não é necessário incluir estes rendimentos na declaração
de IRS.

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9. Obrigações do tesouro
(e.g. taxa de cupão, maturidade, valor de reembolso, valor nominal)

O que são?
Trata-se de títulos de dívida pública que ajudam o Estado a financiar- se. Têm o prazo
máximo de cinco anos e têm taxas crescentes.

Se mantiver as poupanças durante meia década aplicadas nesse produto, terá uma
taxa de juro líquida média de 3%.
 Vantagens: Pagam uma taxa de juro atrativa. Além disso são produtos de
investimento do Estado, o que os torna mais seguros, quando comparados com
outros ativos no mercado.
 Desvantagens: Tem um prazo de permanência mínimo de um ano, o que
significa que antes disso não podem ser mobilizados. O pagamento de juros é
anual, o que implica, em caso de resgate, a perda dos juros decorridos desde a
última data de pagamento.

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9.1. Obrigações de empresas
(e.g. taxa de cupão, maturidade, valor de reembolso, valor nominal)

O que são?
São instrumentos financeiros que representam um empréstimo contraído junto dos
investidores pela entidade que as emite, que tanto podem ser empresas, Estados ou
outras entidades públicas ou privadas.

 Vantagens: São bastante úteis, nomeadamente, para os investidores que


querem diversificar as suas aplicações, de acordo com a pirâmide dos
investimentos. Além disso, na maior parte dos casos, conhece-se à partida qual
o prazo e o rendimento, o que confere alguma estabilidade ao investidor.
 Desvantagens: O maior risco é o das entidades emitentes não cumprirem com
os compromissos assumidos. Por exemplo, se investir em obrigações de uma
empresa e esta acabar por falir, será muito difícil recuperar o seu investimento.
Além disso, se o investidor decidir vender a obrigação antes da sua maturidade
também corre o risco de perder parte do capital inicialmente investido, uma
vez que a transação estará sujeita aos preços de mercado.

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9.2. Ações

O que são?
Uma ação é um título que representa uma fração do capital social de uma empresa,
constituída sob a forma de uma sociedade anónima. O detentor destes títulos é
denominado de acionista. O retorno obtido depende da evolução da sua cotação, do
preço ao longo do tempo e da distribuição de dividendos.

 Vantagens: Quando há ganhos estes podem ser superiores às rentabilidades


geradas em outros ativos.
 Desvantagens: Há o risco de perda total ou parcial de capital. Além disso, o seu
comportamento é influenciado por vários fatores, como a situação financeira
da empresa, do mercado em que a empresa opera, a conjuntura económica
regional e global e dos mercados financeiros. Exige da parte do investidor um
acompanhamento diário dos seus investimentos e um conhecimento profundo
do modo de funcionamento dos mercados financeiros.

25
9.2.1. O valor de uma ação e o valor de uma empresa

As empresas cotadas em Bolsa são sociedades anónimas que por definição têm o seu
capital dividido em ações.

São também sociedades abertas, no sentido que qualquer pessoa pode adquirir ações
na Bolsa e dessa forma tornar-se acionista, ou coproprietário, da empresa.

Se uma empresa tiver 10 000 ações emitidas e eu comprar 100 ações, passo a deter 1%
da empresa.

Se a cotação for €10, o Valor de Mercado da empresa é €10*10 000 ações = €100 000.

Todas as ações contam para o cálculo do Valor de Mercado, mesmo aquelas que são
detidas por entidades estratégicas ou acionistas de referência.

O conjunto de todas as ações emitidas pela empresa, a multiplicar pelo valor de cada
uma (a cotação da ação) dá o valor total da empresa, ou Valor de Mercado: Valor de
Mercado = Nº Ações*Cotação

É absolutamente imprescindível saber exatamente qual é o Valor de Mercado de uma


empresa para se poder investir nela com conhecimento de causa.

Porque a cotação só por si não nos diz nada sobre o que estamos a comprar, como se
pode ver nos seguintes exemplos:
Empresa A tem 100 milhões de ações emitidas e está cotada a €1:
 Valor de Mercado = 100 000 000*€1 = €100 000 000 Empresa B tem 1 milhão
de ações emitidas e está cotada a €10: Valor de Mercado = 1 000 000*€10 =
€10 000 000

26
Quem olha apenas para a cotação, pensa que a empresa B vale 10 vezes mais que a
empresa A, uma vez que a cotação é 10 vezes superior. Mas a realidade é o inverso, na
realidade a empresa A, que está cotada a €1, vale dez vezes mais que a empresa B, que
está cotada a €10.

9.2.2. Custos associados ao investimento em ações

(comissões de guarda de títulos, de depósito ou de custódia, taxas de bolsa)

Taxa de bolsa
Sempre que se compram ou vendem títulos é necessário pagar uma taxa de bolsa, que
constitui a remuneração dessa entidade pelo serviço prestado. Com a migração para o
sistema de negociação da Euronext, a comissão de bolsa passou a ser fixa,
independentemente do volume de cada transação.

Desde 7 de novembro de 2004, a taxa de bolsa é composta pelas seguintes parcelas:


• Comissão por oferta - corresponde a 0,30 euros. Este custo surge sempre que
se envia uma ordem para o sistema de negociação, mesmo que se trate apenas
de uma alteração à ordem inicial ou a ordem não seja executada. As únicas
exceções são as ordens de cancelamento, nas quais não há lugar ao pagamento
de qualquer comissão além da cobrada inicialmente;
• Comissão por negócio realizado - trata-se de uma taxa fixa, mas o valor
depende do volume de negócios mensal do intermediário financeiro. Ou seja,
um investidor pode ter taxas diferentes consoante o escalão do intermediário
financeiro. Atualmente, esta taxa varia entre os 0,40 e os 1,94 euros;
• Comissão respeitante à compensação, liquidação e custódia - corresponde a
0,65 euros.

27
Comissão sobre as transações
O investidor também tem de suportar as comissões de intermediação, cobradas pela
instituição financeira onde é dada a ordem (banco ou corretora). Estas comissões são
normalmente de dois tipos: fixas ou em percentagem do montante negociado (cotação
x quantidade). Neste último caso, é normal existir também um valor mínimo para a
comissão cobrada.

Há ainda instituições que criaram escalões consoante o valor da transação, aplicando


para cada um deles uma comissão diferente (quanto maior o montante, menor o peso
da comissão). A existência de uma comissão fixa ou variável não constitui, à partida,
uma vantagem ou inconveniente. Tudo depende do perfil do investidor e,
consequentemente, do tipo e número de transações que executa ao longo do ano.
Sobre as comissões acresce ainda uma taxa de imposto de selo de 4 por cento.

Nas operações a efetuar em bolsas fora da Euronext Lisboa, através de um


intermediário financeiro nacional ou internacional, os custos são normalmente
superiores. Caso pretenda adquirir ações em bolsas estrangeiras, informe-se primeiro
sobre os custos a suportar junto do seu intermediário financeiro.

Sobre o pagamento de dividendos


Muitas empresas distribuem, periodicamente, rendimentos aos investidores
(dividendos). O pagamento é feito por intermédio da instituição onde os títulos estão
depositados, a qual cobra uma taxa por esse serviço. Geralmente, consiste numa
percentagem sobre o montante de dividendos a distribuir e é sujeita, quase sempre, a
um valor mínimo.

Guarda dos títulos


Quando as ações se encontram depositadas numa instituição financeira, há custos que
o intermediário tem de suportar, nomeadamente a taxa de supervisão mensal paga à

28
CMVM. Assim, grande parte das instituições cobra periodicamente (trimestral,
semestral ou anualmente) aos clientes uma comissão pela guarda dos títulos, embora
também haja casos em que esse serviço é gratuito.

Regra geral, trata-se de uma comissão fixa, mas, nos casos em que dependa do valor
da carteira, é normalmente exigido um mínimo. Os valores a pagar oscilam entre os 20
e os 30 euros por ano. Quando estão em causa ações estrangeiras, estes custos são,
em regra, superiores.

Transferência da carteira
Se estiver insatisfeito com as comissões cobradas pelo seu banco/corretora, pode
transferir a sua carteira de títulos para outra instituição financeira. Mas a maioria dos
intermediários financeiros cobra uma comissão ao cliente por este serviço. Em alguns
casos, o intermediário cobra um montante fixo, noutros cobra uma percentagem do
valor da carteira e, noutros ainda, o custo pode depender do número de valores
mobiliários que pretende transferir. A forma mais comum é a aplicação de uma taxa
fixa sobre o valor da carteira a transferir.

Em termos práticos, é necessário ter mais um aspeto em atenção: se a transferência


implica ou não uma alteração de titularidade. Se o titular da conta em ambas as
instituições não for o mesmo, trata-se de uma operação semelhante a uma compra e
venda. Nesse caso, além da comissão do banco ou da corretora, tem de pagar as taxas
de bolsa aplicadas a esse tipo de operações.

Fiscalidade
A fiscalidade das ações é outro aspeto importante para os investidores e que exige
uma abordagem detalhada. Nos mercados financeiros mais desenvolvidos, o
enquadramento fiscal é relativamente estável, mas em Portugal tem sofrido
frequentes alterações ao longo dos últimos anos.

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Distribuição de dividendos
A tributação dos dividendos sofreu alterações significativas nos últimos anos.

Os dividendos distribuídos pelas empresas nacionais estão sujeitos a uma taxa de


liberatória de 28 por cento. A entidade que paga os dividendos é obrigada, no ato do
pagamento, a reter a parcela correspondente à aplicação dessa taxa, que depois
entrega diretamente ao Estado.

Embora não seja fiscalmente interessante, os dividendos recebidos podem ser


englobados nos restantes rendimentos. No caso das ações nacionais estão
parcialmente isentos de imposto, pois apenas 50% dos dividendos são efetivamente
tributados. Assim, deverá inscrever no anexo E da declaração de rendimentos 50% dos
dividendos recebidos.

No caso de receber dividendos de ações cotadas em bolsas internacionais, também


terá de se preocupar com as suas obrigações fiscais. Neste caso, os dividendos estão
sujeitos, no país onde foram pagos, à retenção na fonte de acordo com as taxas em
vigor nesse país. Contudo, se o pagamento for feito através de um intermediário
financeiro nacional, será também efetuado, em Portugal, um pagamento de imposto
por conta à taxa de 28 por cento.

• Se o seu intermediário financeiro não estiver sediado em Portugal, terá de


preencher o anexo J (referente a rendimentos obtidos no exterior) da
declaração de rendimentos, no qual indicará o montante total dos dividendos
brutos recebidos no exterior (que são englobados a 100%), bem como o valor
do imposto que lhe foi retido no exterior;
• No caso de o intermediário financeiro estar sediado em Portugal, deverá
preencher o anexo J, mas indicando também o pagamento por conta efetuado
em Portugal. Neste caso, o Fisco fará as contas utilizando um mecanismo de
crédito de imposto por dupla tributação internacional e que visa evitar que o

30
investidor seja penalizado duas vezes com o pagamento de imposto (em
Portugal e no país onde foi obtido o rendimento). Assim, na prática, o
investidor nacional não pagará mais imposto do que aquele que pagaria se o
rendimento fosse obtido em Portugal.

Obtenção de mais-valias
O investidor é sempre obrigado a declarar as ações que vendeu ao longo de cada ano.
Terá de preencher o anexo G da declaração de rendimentos. Nesse documento deverá
identificar os títulos vendidos, valores de compra, valores de venda e, ainda, custos
suportados com a venda dos títulos.

A tributação ocorrerá apenas se o valor dos negócios em que houve mais-valias


exceder o valor dos que registaram prejuízo.

Nos casos em que há mais-valias, o investidor poderá optar pela tributação autónoma
ou pelo englobamento nos restantes rendimentos. Quem escolher a tributação
autónoma pagará atualmente ao fisco 28% do saldo global das mais- valias e menos-
valias realizadas nesse ano, independentemente dos restantes rendimentos. No caso
do englobamento, o imposto a pagar dependerá da taxa marginal de IRS do
contribuinte. Esta última pode variar entre 14,5 e 48 por cento.

O englobamento apenas compensa se a sua taxa marginal de imposto for inferior a


28%. Para quem teve um rendimento coletável inferior a 7000 euros compensa
englobar. Mas tenha em atenção que, se optar pelo englobamento, terá também de
incluir todos os restantes rendimentos de capitais.

31
No entanto, o englobamento também pode ser vantajoso nestas duas situações:
• Se no total do ano obteve menos-valias (prejuízo) na venda de ações, poderá
deduzir o prejuízo desse ano às eventuais mais-valias que venha a realizar nos dois
anos seguintes;
• Se obteve menos-valias nos dois anos anteriores e optou, nessa altura, pelo
englobamento, poderá ser rentável optar novamente por essa via. Nesse caso, os
prejuízos obtidos anteriormente serão abatidos aos ganhos agora realizados, mas
tudo depende dos valores em causa. Nos casos em que as mais-valias obtidas são
muito superiores às menos-valias englobadas nos dois anos anteriores e a taxa
marginal de IRS do contribuinte é muito elevada, pelo que pode não ser vantajoso
optar pelo englobamento.
• No caso das ações internacionais, a declaração também é obrigatória e o processo
de cálculo das mais-valias é idêntico. A diferença está unicamente no "prazo". O
contribuinte terá de inscrever no anexo J da declaração de rendimentos o saldo
global de todas as mais e menos-valias realizadas. Mantém-se a opção entre a
tributação autónoma e o englobamento das mais-valias aos restantes
rendimentos.

Aspetos a ter em conta no investimento em ações:


• Tomada a decisão de investir em ações e escolhidos os títulos em que deseja
apostar, o passo seguinte consiste em dar uma ordem de compra. Para tal, os
investidores particulares têm à sua disposição corretoras e bancos, as únicas
entidades que, em Portugal, têm acesso direto ao mercado bolsista.

• Antes de transacionar em bolsa, o investidor tem de depositar junto do


intermediário financeiro (banco ou corretora) a quantia que pretende investir.
Deve abrir a conta- títulos, onde serão depositadas as ações que possui em
carteira.

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O processo de abertura desta conta é muito simples:
 Se utilizar uma corretora para negociar em bolsa, apenas tem de abrir uma
conta-títulos, na qual deposita o dinheiro que pretende investir e que funciona
como uma conta à ordem normal;

 Se abrir conta num banco, a conta-títulos onde são depositadas as ações fica
associada à conta à ordem, mas com um número diferente. Caso não seja
cliente do banco, tem de abrir as duas contas.

A partir daí, pode começar a negociar em bolsa.


Acompanhar o investimento
Feito o investimento, deve acompanhar atentamente a evolução da cotação dos títulos
escolhidos, bem como estar a par de todas as informações relevantes sobre a atividade
das empresas que constituem a carteira de ações.

As cotações da bolsa nacional são publicadas diariamente nos principais jornais,


nomeadamente os económicos. Nestes são também noticiadas outras informações
relevantes, como, por exemplo, as datas de pagamento de dividendos, os relatórios e
contas anuais das empresas, os anúncios de aumento de capital, as ofertas públicas de
venda, as ofertas públicas de aquisição, etc.

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Mas a Internet veio revolucionar a forma como a informação é tornada pública. Os
sites dos bancos e das corretoras disponibilizam gratuitamente as cotações das ações,
não só nacionais como estrangeiras, a par das principais notícias sobre as empresas.

Segurança
A principal característica de uma ação é ser um título de copropriedade, e não um
título de dívida, como as obrigações. Uma ação não tem data, nem preço de
reembolso.

Cada ação dá direito a receber uma parte do que restar da empresa, em caso de
falência ou liquidação, pelo que pode perder todo o capital investido. Mas a
expectativa de um investidor quando adquire ações é de que a empresa registe um
crescimento sustentado dos lucros, já que é essa progressão que permite à cotação
subir.

Assim, os sucessivos acionistas poderão realizar mais-valias na venda dos seus títulos.
Por exemplo, se o investidor A comprar uma ação por 5 euros e, mais tarde, vendê-la
ao investidor B por 7 euros, que por sua vez vai aliená-la a C por 8,50 euros...

Na teoria, todos os investidores poderiam obter ganhos com o mesmo título. Mas seria
ingénuo pensar que as ações estão sempre a subir.

Ninguém sabe ao certo se uma determinada ação vai subir ou descer. É esta incerteza,
somada à inexistência de garantia do capital, que faz das ações uma aplicação de risco.

No entanto, nem todas as ações estão sujeitas ao mesmo grau de risco, porque a
situação das empresas que as emitem é diferente.

Solidez financeira

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A solidez financeira de cada empresa é um dos aspetos mais importantes e depende
de vários fatores: qualidade da gestão, evolução do volume de vendas e dos
resultados, montante de dívidas de curto e longo prazo, etc. Os analistas financeiros
procuram avaliá-los e, depois, emitem recomendações sobre as empresas, que podem
ser bastante úteis aos investidores.
Mas a solidez financeira da empresa emitente não é o único critério para avaliar a
segurança de uma ação. O risco do negócio também varia consoante o ramo de
atividade. Por exemplo, a eletricidade e a banca são negócios com uma procura mais
ou menos estável. O mesmo não acontece com o setor da pasta de papel, com
oscilações frequentes.

É necessário avaliar a evolução da cotação. Para tal, os analistas utilizam várias


técnicas e indicadores como, por exemplo, os Betas. Quanto maiores forem as
flutuações do preço de uma ação, maior é o risco que ela apresenta.

A longo prazo
Quanto mais elevado o risco de uma aplicação, maior é o rendimento que se pode
esperar.

Vários estudos a nível mundial confirmam que as ações sofrem, ao longo dos anos,
maiores variações de valor do que as obrigações, por exemplo. Assim, se num ano
sobem muito, no seguinte podem ter resultados completamente desanimadores (e
vice-versa). A curto prazo, se o momento da compra for bem escolhido, os ganhos
podem ser consideráveis, mas também as perdas também podem ser significativas.

Para minimizar o risco, deve avaliar durante quanto tempo pode pôr de parte o
dinheiro que pretende aplicar em ações. Isto porque o risco diminui à medida que o
período da aplicação aumenta. Quanto maior for a duração do investimento, menos o
rendimento se afastará da média estimada. No primeiro ano, a margem de flutuação é
enorme, mas depois vai diminuindo progressivamente.

35
A longo prazo (dez ou 15 anos), o risco é muito menor. Por isso, se puder dispor de
parte do seu dinheiro durante um período suficientemente longo, pode com toda a
tranquilidade optar pelo investimento em ações. Mas se há forte probabilidade de
necessitar do dinheiro dentro de um prazo relativamente curto (um ou dois anos), é
preferível escolher algo menos arriscado.

A probabilidade de receber menos dinheiro do que o aplicado, ao investir em bolsa


durante apenas um ano, é bastante elevada. Ao fim de cinco anos, esse risco torna- se
substancialmente inferior e, ao fim de 20 anos, o risco de perder dinheiro é quase
nulo. Estes resultados variam de acordo com o mercado considerado.

As conclusões são as mesmas: o risco do investimento em bolsa diminui com o prazo


de aplicação, ou seja, a possibilidade de perder dinheiro, por vender os títulos abaixo
do valor pago, reduz-se ao longo do tempo.

Diversificação
"Não coloque todos os ovos dentro do mesmo cesto", isto é, minimize o risco,
repartindo o dinheiro por vários títulos. Investir numa única empresa, mesmo que
promissora, é muito mais arriscado que o conjunto da bolsa, independentemente.

Assim, o risco diminui quando o investidor detém uma carteira composta por diversas
ações.

36
Mas mesmo a melhor diversificação não elimina o risco de investir em bolsa (risco de
mercado). Quando esta está numa fase desfavorável, a generalidade dos títulos segue
essa tendência. É claro que umas ações caem mais do que outras, consoante o grau de
oscilação seja superior ou inferior ao da bolsa no seu conjunto. Assim, o risco de
mercado apenas pode ser atenuado se o investidor diversificar além das ações, através
de outro tipo de ativos como obrigações, imobiliário, derivados, etc. Quanto maior for
a diversificação, menor é o risco do investimento bolsista.

Vários estudos demonstram que só se consegue uma boa diversificação escolhendo,


pelo menos, uma dezena de títulos diferentes. Para isso, é necessária uma quantia
considerável (a partir de 20 mil euros), já que quanto menor for o montante da
carteira, maior será o peso relativo dos custos que o investidor tem de suportar. Para
alguns investidores, a única possibilidade de conseguirem uma boa diversificação é o
investimento em ações através de um fundo.

Liquidez
Uma ação diz-se muito ou pouco líquida consoante um investidor
possa comprá-la/vendê-la com rapidez e sem influenciar
significativamente a sua cotação. Essa possibilidade depende da
quantidade de transações, ou seja, do número de ações
compradas/vendidas durante um determinado período.

Duas das medidas de liquidez mais utilizadas são a quantidade e o volume (cotação x
quantidade) médio de ações transacionadas diariamente: quanto mais elevadas, mais
líquida é a ação.

Que motivos podem condicionar a liquidez de uma ação?


Admissão à cotação e free float

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Pode acontecer que nem todas as ações de uma empresa estejam admitidas em bolsa
ou o free float da empresa seja reduzido. Este corresponde à percentagem do capital
que se encontra disperso em bolsa e que não constitui participações estratégicas
(posições detidas por determinados acionistas numa perspetiva de longo prazo).

Por vezes verifica-se que as empresas apenas têm uma pequena parte do capital
disponível para negociação, sendo que a grande fatia está nas mãos de acionistas
estratégicos, família do proprietário ou outra empresa do grupo (chamado "núcleo
duro").

Dimensão
As grandes companhias têm, obviamente, mais ações e também maior visibilidade,
pelo que atraem um maior número de investidores particulares e institucionais. É
natural que este tipo de ações tenha maior liquidez. Na Euronext Lisboa, por exemplo,
as ações mais transacionadas habitualmente são a Portugal Telecom, EDP e BCP, que
também são as com maior dimensão.

Tempo
A liquidez também pode variar com o tempo. Em períodos de queda bolsista, há
muitos investidores que saem do mercado acionista, originando uma redução
generalizada do número de transações. Nesses períodos, a liquidez é mais reduzida.

Importância na decisão de investimento


Apesar de não ser crucial, a liquidez de uma ação é muito importante para a decisão
do investidor. Garante que a todo o momento existe um preço de compra (preço mais

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elevado a que existem investidores interessados em comprar o título) e de venda
(preço mais baixo a que existem investidores interessados em vender o título) com um
intervalo não muito grande, o que facilita as transações.

A compra e venda de ações pouco líquidas inclui um risco de liquidez. Por exemplo, se
uma empresa tem mil ações cotadas, certamente uma venda de 100 títulos faz cair a
cotação. É natural que a ordem não seja total ou parcialmente executada, ou que a sua
execução ocorra repartida em vários negócios. Isto é, se, por exemplo, quiser comprar
100 ações da empresa X, pode acontecer que, numa primeira fase, apenas estejam a
vender 60 títulos ao preço que deseja comprar, e que só mais tarde consiga adquirir os
restantes 40. Esta fragmentação também implica maiores custos de transação.

Não basta que uma empresa seja atrativa em termos fundamentais. Mesmo que seja
adquirida a um bom preço, pode existir muita dificuldade para a vender, por não haver
investidores interessados em comprar ao preço pretendido. É até possível que, devido
à escassa liquidez, a ação demore muito tempo a ajustar ao valor fundamental da
empresa, o que pode ser desesperante. Por isso, evite títulos de liquidez reduzida,
sobretudo em carteiras pouco diversificadas.

39
10.Fundos de Investimento: conceito e noções básicas

O que são?
Trata-se de um instrumento financeiro que resulta da captação de capital junto de
diversos investidores, constituindo o conjunto desses montantes um património
autónomo, gerido por especialistas que o aplicam numa variedade de ativos.

Vantagens: Permitem maior diversificação do portefólio e investir em ativos que o


investidor particular não domina ou que são inacessíveis devido ao elevado montante
de investimento.

São de investimento simples e alguns fundos têm um regime fiscal favorável,


relativamente aos restantes investimentos. Os benefícios fiscais aplicam-se aos fundos
de investimento imobiliário, uma vez que os imóveis integrados nestes fundos (abertos
ou fechados) estão isentos de IMI e IMT.

Desvantagens: Cada fundo de investimento tem riscos próprios, no geral, não têm
garantia de capital, estão sujeitos aos riscos de mercado, pois investem em património
que oscila consoante o mercado de capital e há incertezas em relação à remuneração.

40
11.Seguros de vida
(âmbito da garantia, custo real, redução e resgate, rendimento mínimo garantido,
participação nos resultados, noções de regime fiscal)

Um seguro de vida é um seguro que garante, como cobertura principal, o risco de


morte ou de sobrevivência (ou ambos) de uma ou várias pessoas seguras. Pode
também incluir, como coberturas complementares, o risco de invalidez, de acidente ou
de desemprego.

No seguro de vida que cobre o risco de morte da pessoa segura (seguro em caso de
morte), o segurador paga ao beneficiário o capital acordado, se a pessoa segura
morrer durante o período fixado no contrato.

No seguro de vida que cobre o risco de sobrevivência da pessoa segura (seguro em


caso de vida), o segurador paga ao beneficiário o capital acordado, se a pessoa segura
se encontrar viva no final do contrato. Estes seguros são usualmente utilizados para a
constituição de uma poupança. Neste caso, o beneficiário pode ser a própria pessoa
segura.

Existem ainda modalidades mistas que englobam ambas as situações, ou seja, o


segurador paga em caso de morte e em caso de vida da pessoa segura, regra geral com
capitais distintos.

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O resgate total consiste na antecipação do recebimento da prestação devida pelo
segurador, calculada em função dos prémios entretanto pagos, dando, assim, origem à
cessação do contrato.

O resgate resulta, normalmente, de pedido expresso do tomador. O direito ao valor de


resgate é usualmente concedido após um período mínimo estabelecido no contrato e
nem todos os seguros do ramo Vida dão direito a valor de resgate.
O segurador deve anexar à apólice uma tabela de valores de resgate calculados com
referência às datas de renovação do contrato, sempre que existam valores mínimos
estabelecidos.

O reembolso é atribuído quando o beneficiário recebe, no final do contrato, o valor a


que tem direito.

A participação nos resultados é o direito do tomador do seguro, segurado ou


beneficiário receber parte dos resultados gerados pelo contrato de seguro. O
segurador deve informar anualmente o tomador do seguro do valor da participação
nos resultados que lhe é distribuído.

Quando o contrato termina, o tomador do seguro, segurado ou beneficiário tem


direito à participação nos resultados que já tenha sido atribuída, mas ainda não tenha
sido distribuída.

Nas situações em que a participação nos resultados ainda não tenha sido atribuída, o
valor a receber será proporcional ao tempo que decorreu entre a última atribuição e o
final do contrato.

A redução corresponde a uma diminuição das garantias e/ou capitais contratados, por
iniciativa do tomador do seguro ou do segurador, mantendo-se o contrato em vigor.

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Ocorre, normalmente, por decisão do segurador em caso de falta de pagamento de
parte do prémio.

O segurador deve anexar à apólice uma tabela de valores de redução calculados com
referência às datas de renovação do contrato, sempre que existam valores mínimos
estabelecidos.

12.Fundos de pensões

Pode definir-se um fundo de pensões como sendo um património exclusivamente


afeto à realização de um ou mais planos de pensões, na medida em que tem
subjacente um ou mais programas em que se definem as condições que, a ocorrerem,
constituem o direito ao recebimento de uma pensão a título de pré- reforma, reforma
antecipada, reforma por velhice, por invalidez, ou de sobrevivência, de acordo com o
definido no respetivo plano.

A afetação é exclusiva, dado que a única finalidade do património que constitui um


fundo de pensões é assegurar a exequibilidade do(s) respetivo(s) plano(s), não
respondendo por quaisquer outras obrigações, nomeadamente as de associados,
participantes, contribuintes, entidades gestoras e depositários.

Tipos
Os fundos de pensões podem ser fechados ou abertos, podendo estes últimos permitir
adesões individuais ou adesões coletivas.

Considera-se que um fundo de pensões é fechado quando respeita apenas a um


associado ou quando, existindo vários associados, houver entre estes um vínculo de

43
natureza empresarial, associativo, profissional ou social e a inclusão de novos
associados no fundo depender do seu acordo.

Um fundo de pensões será considerado aberto quando não for exigida a existência de
qualquer vínculo entre os diferentes aderentes ao fundo e as novas adesões
dependerem apenas da aceitação por parte da entidade gestora. Consoante as formas
de adesão previstas no regulamento de gestão de um fundo de pensões aberto, assim
se podem distinguir:
• Fundos de adesão coletiva: quando estiver prevista a adesão de pessoas
coletivas, enquanto associados que pretendam financiar um ou mais planos de
pensões para os seus colaboradores, nomeadamente no âmbito do 2º pilar da
previdência social;
• Fundos de adesão individual: quando estiver prevista a adesão de pessoas
individuais, no âmbito do 3º pilar da previdência social;
• Fundos de adesão coletiva e individual: quando estiverem previstos os dois
tipos de adesão.

Os fundos de pensões fechados têm a vantagem de permitir uma gestão "tailor


made", isto é, possibilitam o desenvolvimento de uma estratégia de gestão pensada
para o caso concreto do associado, atendendo às características do universo de
participantes e ao perfil de risco que o caracteriza.

No entanto, é necessário que o Fundo disponha de uma dimensão mínima que


possibilite a implementação de uma estratégia de gestão eficiente. Este aspeto
representa um obstáculo difícil de transpor para instituições de pequena e média

44
dimensão ou empresas de dimensão considerável, mas de estrutura etária jovem, que
desejem financiar planos de pensões para os seus colaboradores, ou ainda para
pessoas individuais que pretendam financiar um complemento à sua reforma.

Assim, os fundos de pensões abertos permitem preservar um plano de pensões


próprio e, simultaneamente, através da confluência para um mesmo fundo dos
montantes investidos pelos vários subscritores, ultrapassar a questão da massa crítica
e viabilizar uma diversificação acrescida e uma gestão mais eficiente.

12.1. Fundos de pensões vs. - Planos de pensões

Um plano de pensões pode caracterizar-se:


Garantias Estabelecidas
De acordo com este critério, pode classificar-se um plano de pensões como sendo:
• De benefício definido: quando os benefícios se encontrarem previamente
definidos e as contribuições forem calculadas por forma a garantirem o
pagamento daqueles benefícios;
• De contribuição definida: quando as contribuições forem previamente
definidas e os benefícios forem os resultantes das contribuições entregues e
dos respetivos rendimentos acumulados;
• Mistos: quando se conjugam as características dos dois tipos de planos atrás
mencionados.

Caso seja permitida a adesão individual a um fundo de pensões aberto, o plano de


pensões subjacente terá de ser, necessariamente, de contribuição definida.

45
É ainda comum classificar-se um plano de benefício definido como sendo:
 Integrado com a Segurança Social: quando estabelece um nível de reforma
global, integrando a pensão da Segurança Social, sendo de a responsabilidade
do plano assegurar a diferença entre esta pensão e o nível global estabelecido;
 Semi-integrado com a Segurança Social: se as características são análogas às
dos planos de benefício definido integrado, mas existir um limite superior para
a pensão a cargo do plano, por forma a diminuir o risco de um aumento
elevado das responsabilidades resultante de alterações no nível de benefícios
assegurado pela Segurança Social;
 Não integrado ou independente da Segurança Social: se os valores garantidos
não dependem da pensão da Segurança Social.

Assim, a principal diferença entre planos de benefício definido e planos de


contribuição definida consiste na incidência do risco financeiro do plano, isto é, qual
das partes terá de suportar os custos de uma potencial evolução negativa do
investimento realizado.

Com efeito, quando uma pessoa coletiva (associado) decide promover um plano de
pensões para os seus colaboradores (participantes), se o plano adotado for de
benefício definido, aqueles sabem, à partida, a fórmula de cálculo dos benefícios a que
terão direito, caso reúnam as condições previstas no plano de pensões. Esses
benefícios não dependerão, assim, da rendibilidade que o fundo venha a obter.

Deverá existir então um atuário responsável pelo plano de pensões que, de acordo
com sistemas atuariais de capitalização, proceda ao cálculo do valor do fundo,
correspondente a uma situação de equilíbrio entre, por um lado, o património e as
receitas previstas para o fundo e, por outro, as pensões futuras devidas aos
beneficiários e as comissões de gestão e de depositário futuras, devendo o associado
proceder às contribuições necessárias para assegurar esse equilíbrio.

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Caso o plano de pensões em causa seja de contribuição definida, o benefício não é
conhecido à partida, mas dependerá do montante correspondente às contribuições
efetuadas e dos respetivos rendimentos acumulados, líquidos de encargos. Portanto,
uma evolução negativa da rendibilidade do fundo repercutir-se-á desfavoravelmente
no valor das pensões a que os beneficiários terão direito.

Forma de Financiamento
Atendendo à forma como são financiados, podemos distinguir dois tipos de planos de
pensões:
• Contributivos: quando existam contribuições dos participantes e estas não
tenham carácter obrigatório estabelecido por lei ou por instrumento de
regulamentação coletiva das relações laborais;
• Não contributivos: quando o plano é financiado pelo associado.

Nos planos de pensões poderá ser previsto um período de carência, isto é, um período
mínimo de vínculo entre os participantes e o associado, exigido para que aqueles
tenham direito aos benefícios consignados no plano de pensões.

Poderão ainda estabelecer-se as condições em que o participante terá acesso aos


benefícios estabelecidos no plano independentemente da manutenção ou cessação do
referido vínculo (direitos adquiridos).

12.2. Espécies mais relevantes: fundos de pensões PPR/E

O que são?
- São produtos de médio ou longo prazo vocacionados para a poupança para a
reforma.

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Existem PPR em forma de seguro e de fundos de investimento. Alguns destes produtos
garantem o capital aplicado, outros garantem remuneração pré-definida, outros têm
remuneração variável.

Podem ser mais ou menos arriscados, pelo que é muito importante conhecer bem o
produto no qual vai investir.

Vantagens: Até 20% das contribuições podem ser deduzidas no IRS, dentro de
determinados limites. Mas, no máximo, este benefício será de 100 euros, dependendo
do escalão de rendimentos no qual se insere o seu agregado familiar.

Desvantagens: Depende da natureza do PPR. Em alguns casos pode haver risco de


perda de capital.

Os investidores poderão ainda enfrentar o risco de remuneração, em que o subscritor


pode receber uma remuneração inferior face ao esperado. E ainda o risco de liquidez,
uma vez que apesar de os fundos poderem ser levantados antes do fim previsto, terá
de devolver ao Estado todos os benefícios obtidos e poderá ser-lhe aplicada uma
penalização adicional.

13.Outros ativos: moeda, ouro, etc.

À semelhança de outros metais, o ouro é transacionado em bolsa. Desses negócios


resulta o preço internacional do ouro puro em dólares por onça. Mas se está a pensar
em comprar ou vender ouro, o que lhe interessa saber é qual o preço do metal
dourado em euros por grama.

O ouro é um metal raro, que durante séculos serviu como garantia de valor,
permitindo transações em períodos de grande instabilidade (fome, peste, guerra). Com

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o aparecimento da economia mercado e dos Estados centralizados, passou a ter um
valor mais simbólico, deixando de ser utilizado nas transações quotidianas.

Recentemente, a instabilidade do setor financeiro e a queda das bolsas levaram muitos


investidores a manter o ouro como valor-refúgio. Com as dúvidas sobre a qualidade
dos títulos de dívida pública e o pessimismo sobre as perspetivas de crescimento das
empresas, o metal dourado poderá continuar a conquistar atenções e a cotação a
bater novos recordes.
Mas, atenção, a subida do valor do ouro tem sido imparável porque, além da procura
para a indústria da ourivesaria, o mercado também tem sido impulsionado por
investidores que procuram um valor-refúgio.

Comprar ouro é uma salvaguarda em caso de crise muito grave, mas é um


investimento sem rendimento. Os ganhos ou perdas dependem da diferença entre o
valor de venda e aquisição definidos pelos mercados.

Se quer ter o ouro “à mão” deve comprar físico em barras, libras de ouro ou peças de
ourivesaria. O valor do ouro físico evolui de forma próxima à cotação internacional do
mercado.

Mas o preço dos objetos e joias de ouro, como anéis e fios, é influenciado pelo valor
artístico e, por isso, é muito subjetivo. Na revenda, a desvalorização desses objetos
pode ser muito grande. No limite, arrisca-se a receber apenas o equivalente ao peso
do ouro.
• Lingotes ou barras: com pesos entre 2,50 gramas e 12,50 quilos, a escolha
depende do montante que pretende investir. Em Portugal, o preço do ouro
expressa-se em euros por grama. Este preço deriva das cotações em Londres,
onde o preço é fixado em dólares por onça (31,1 gramas). Diariamente, o Banco
de Portugal publica o preço da cotação do ouro em barra negociado no
mercado londrino.

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• Moedas (ouro amoedado): existem milhares de moedas de ouro diferentes
com curso legal em todo o mundo. Entre as mais populares, encontram-se a
libra esterlina e os reis portugueses. Poderá aceder à cotação em revistas ou
casas de numismática. No mínimo, as moedas valem o seu peso à cotação do
ouro em barra divulgada pelo Banco de Portugal. É a forma mais usual e fácil de
investir em ouro.

Tenha cuidado com o local e o preço do ouro onde faz a aquisição. Há enormes
diferenças nos valores entre a compra e a venda por parte dos bancos e de outras
entidades até de simples barras de ouro, onde nem sequer existe um valor subjetivo
como no caso das peças de ourivesaria.

Segurança
O rendimento do ouro é muito incerto, já que o investidor não tem garantias de obter
lucro ou mesmo de recuperar a totalidade do investimento. Neste sentido, o preço do
ouro comporta-se como o de qualquer outro metal, oscilando quotidianamente
consoante a oferta e a procura existentes no mercado.

No entanto, dado que se trata de um bem que vale por si só (ao contrário de uma nota
de papel ou de uma ação de uma empresa, que só valem por aquilo que representam),
transmite uma sensação de segurança ao seu possuidor, mas que pode não passar
disso mesmo.

Outro aspeto ligado à segurança da aplicação é a qualidade do ouro ou da moeda. As


barras, por exemplo, devem conter entre 999 e 1000 milésimas de ouro fino. Também
é necessário, para qualquer peça, confirmar se trazem gravadas as punções (marcas)
autorizadas, que legitimam a peça.

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Ao contrário do que acontece com as barras, o preço das moedas pode ser superior ao
valor do ouro que contêm. A esta diferença chama-se prémio, e depende, entre outras
coisas, da sua antiguidade, do valor de coleção e da raridade.

O estado de conservação das moedas também é muito importante: se a efígie ou os


contornos se encontrarem danificados, ainda que ligeiramente, a moeda pode perder
grande parte do seu valor (mas nunca valerá menos do que o seu peso em ouro).

Por isso, para não correr o risco de fazer uma má compra (a não ser que seja um
entendido), é preferível limitar-se às moedas mais conhecidas, como a libra Rainha
Vitória, a mais procurada pelos portugueses.
Se o valor o justificar, tanto no caso das moedas como das barras, considere a
possibilidade de as guardar no cofre de um banco.

Liquidez
O ouro, tanto em barra como amoedado, pode ser transacionado nos bancos, nas
ourivesarias e nas agências de câmbio. No entanto, esta operação nem sempre é
simples. De qualquer forma, em princípio não haverá grandes problemas, a não ser
que se trate de uma moeda rara. Nesse caso, a venda é dirigida a colecionadores e
poderá ser mais difícil e demorada, até que apareça alguém disposto a pagar o seu
valor de coleção. Uma razão adicional para preferir as moedas mais correntes.

Rendimento
É possível obter mais-valias (lucros) com a venda do ouro, caso o tenha comprado num
momento favorável, com os preços em baixa. No entanto, a maioria dos pequenos
investidores pensa no ouro como uma reserva para o futuro e, por isso, não costuma
preocupar-se muito com o preço.

O mesmo não se passa com outra classe de investidores, os especuladores. Como o


seu objetivo é obter ganhos avultados, de preferência em pouco tempo, investem em

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ouro quando acreditam numa subida rápida da sua cotação. Um comportamento que
o “comum dos mortais” deve evitar, devido ao seu alto risco.

Isso não significa que não seja importante conhecer as melhores alturas para comprar
ou vender. O preço do ouro, como o de qualquer outro bem, depende da oferta e da
procura.

A oferta, neste caso, é alimentada pela produção das minas; pelas vendas dos bancos
centrais e de outros organismos internacionais; e pela venda de ouro em segunda mão
(o chamado cascalho).

Quanto à procura, provém da indústria de joalharia e dos investidores, sendo


influenciada por diversos fatores:
• Inflação: quanto mais sobem as taxas de inflação, mais aumenta o preço do
ouro. Foi-lhe sempre atribuída, de facto, a função de proteção contra a subida
dos preços, ou seja, ao contrário do dinheiro, que perdia valor em termos reais,
as pessoas adquiriam ouro pois acreditavam que não perderia valor.
• Crescimento económico: quanto maior o crescimento económico (ou seja, a
prosperidade), maior a procura de objetos em ouro. Os ourives aumentam as
suas encomendas e, por conseguinte, o preço do ouro tende a subir;
• Comportamento do dólar: o metal amarelo é, tradicionalmente, uma
alternativa à moeda americana (principal divisa mundial). Por isso, tendem a
registar evoluções opostas. Quando o dólar se aprecia, o ouro perde valor.
Quando o ouro está em alta, normalmente o dólar deprecia-se. Atualmente, o
euro funciona igualmente como uma alternativa à moeda americana e,
consequentemente, ao ouro;
• Taxas de juro reais: uma aplicação em ouro, como vimos, não paga juros.
Assim, com taxas de juro altas, os investimentos que rendem juros tornam-se
mais atrativos do que o ouro. Em momentos de taxas de juro reais baixas, o
custo de oportunidade do investimento em ouro é menor – o montante

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investido em ouro poderia estar colocado noutro investimento , logo o
interesse para investir em ouro é superior.

Estes fatores são determinantes para a evolução dos preços do ouro a longo prazo.
Contudo, o preço é determinado pelo jogo da oferta e da procura dos grandes
investidores. O pequeno investidor tem pouca influência, à exceção de épocas de
grande instabilidade política e económica, onde o ouro ainda é visto por muitos
investidores como um valor de refúgio.

Custos
Se quiser guardar as moedas ou barras no cofre de um banco (o que é preferível, se o
valor o justificar), terá de pagar o aluguer. Este varia com a dimensão do cofre. Os mais
pequenos (do tamanho de uma pequena gaveta) custam cerca de 30 euros por ano.

Caso contrário, não existem custos adicionais nas transações com ouro, a não ser o
que resulta da diferença entre o preço de compra e venda no intermediário. Esta
diferença corresponde ao ganho do intermediário.

Fiscalidade
A compra de ouro para investimento está isenta de IVA. Como investimento,
considera-se o ouro em barras e algum tipo de moedas, nomeadamente as que
tenham curso legal no seu país de origem. A compra de joias e outros artefactos está
sujeita a IVA. Os ganhos na venda do ouro não estão sujeitos a imposto sobre mais-
valias.

À semelhança de outros metais, a prata é transacionada em bolsa. Desses negócios


resulta o preço internacional da prata pura em dólares por onça. Mas se está a pensar

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em comprar ou vender prata, o que lhe interessa saber é qual o preço em euros por
grama.

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


 Bravo, Ana R. – ABC da Poupança – Vogais

14.1. Webgrafia
 https://www.deco.proteste.pt/investe/;
 https://www.cgd.pt/Particulares;
 http://saldopositivo.cgd.pt/tudo-sobre-os-seguros/;
 http://www.e-konomista.pt/artigo/seguro-de-vida/;

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