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Unidade 7: POUPANÇA E INVESTIMENTO

7.1 A utilização dos rendimentos: O Consumo e A Poupança


7.2 Os destinos da poupança. A importância do investimento
7.2.1 Os destinos da poupança.
7.2.2 Investimento: Definição, tipos e funções
7.3 O financiamento da atividade económica: autofinanciamento e financiamento externo
7.3.1 Crédito
7.4 O investimento em Cavo verde.

Objetivos:
- Conhecer os destinos da poupança;
- Compreender a importância da formação de capital na economia;
- Conhecer as formas de financiamento da atividade económica

7.1 A utilização dos rendimentos: O Consumo e A Poupança


Com o Rendimento pessoal disponível as famílias decidem em utilizar uma parte desse rendimento na
aquisição de bens e serviços para satisfazerem as suas necessidades e a parte restante destina-se a poupança.
Consumo – è a utilização de bens e serviços aptos a satisfazer as necessidades humanas.
Poupança – designa-se a parcela do rendimento disponível que não é afeto/utilizado no consumo.

Cálculo:
Rendimento Pessoal disponível = Poupança + Consumo
Poupança = Rendimento Pessoal disponível – Consumo
Consumo = Rendimento Pessoal disponível – Poupança

Utilização do rendimento pessoal disponível

Consumo Poupança

As famílias/indivíduos quando estão dispostas a fazerem alguma poupança, estão a deixar de consumir no
presente para consumir no futuro. Mas esta decisão não é permanente, pelo fato de que tudo o que se poupa
no presente certamente a que ser consumido no futuro, mais cedo ou mais tarde.
A variável tempo tem uma influência na decisão económica de consumir e deixar de poupar ou não
consumir e poupar.

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A taxa de poupança é um indicador que mede a parte do rendimento pessoal disponível que se destina à
poupança.

valor da poupança
Taxa de poupança  x 100
Rendimento Pessoal Disponível

Porquê poupar? Objetivos da poupança


 Motivos de precaução contra eventuais riscos futuros (problemas de saúde, perda de emprego,
etc.);
 Para satisfazer objetivos de longo prazo (compra de uma casa ou de um automóvel, estudos numa
faculdade/universidade, etc.);
 Aplicar o dinheiro a fim de aumentar os rendimentos.

Fatores determinantes da poupança das famílias:

A poupança das famílias depende de vários fatores, dentre elas podemos destacar:
- Nível de rendimentos - quanto mais elevados forem os rendimentos, maior será a possibilidade das
famílias pouparem após terem efetuado as necessárias despesas de consumo. O rendimento determina,
portanto, em grande parte, o nível de poupança das famílias.
- A política fiscal conduzida pelo Estado, através dos impostos diretos, que incidem sobre os rendimentos
ou sobre o património, bem como os indiretos, que incidem sobre o consumo, na medida em que altera os
rendimentos disponíveis das famílias, tem, naturalmente, uma influencia direta sobre os níveis de
poupança.
- Incerteza quanto ao futuro - as expetativas quanto ao nível de rendimento no futuro, situações
imprevistas como o desemprego ou doença, ou qualquer outro tipo de despesas imprevistas podem levar
as famílias a reservarem uma parte do seu rendimento.
- O grau de consumismo - também determina o nível de poupança das famílias.

7.2 Os destinos da poupança. A importância do investimento


Os destinos da poupança
Normalmente, existem três destinos possíveis para a poupança, sendo eles:
-entesouramento
- colocação financeira
- investimento.

 Entesouramento – A poupança é retida/guardada pelos seus titulares, normalmente sob a forma de


moeda, metais preciosos, peças de arte, etc.
 Colocação em instituições Financeiras – mediante análise de vários critérios, tais como: rendibilidade e
liquidez e o risco que se quer correr, o titular (aforrador) decide qual o melhor produto financeiro que
lhe convém. Exemplos: depósitos, títulos financeiros (ações e obrigações).

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As poupanças que têm como destino a colocação financeira vão desempenhar um importante papel no
financiamento do investimento.
Exemplo: Alguém deposita uma certa quantia no banco e o banco por sua vez pode utilizar este valor para
financiar um projeto de um outro investidor.
As poupanças podem ainda ser utilizadas como Investimento, isto é, a formação ou criação de capital.
Ex: Uma pessoa pode decidir em investir na aquisição de máquinas e equipamentos e ainda em instalações,
criando assim a sua empresa e desenvolver a atividade pretendida.

7.2.2 Investimento: Definição, tipos e funções


A poupança surge como condição necessária para a criação ou formação de capital, mas para se conseguir é
essencial que seja investida ao em vez de entesourada.
Investimento – é a parcela da poupança que se destina a aquisição de bens de produção que permitem manter
ou aumentar a capacidade produtiva de um país.
Para que as empresas possam desenvolver as suas atividades produtivas, precisam de um vasto conjunto de
bens de produção, duradouros e não duradouros, a que designamos de capital. ( ver matéria “produção de
bens e serviços” 11º ano).
Para se conseguir a acumulação de bens e serviços, é preciso que haja investimento e formação de capital.
Testo de apoio nº1
INVESTIMENTO. Aplicação de recursos (dinheiro ou títulos) em empreendimentos que renderão juros ou lucros, em geral a
longo prazo. Num sentido amplo, o termo aplica-se tanto à compra de máquinas, equipamentos e imóveis para a instalação de
unidades produtivas como à compra de títulos financeiros (letras de câmbio, ações etc.). Nesses termos, investimento é toda
aplicação de dinheiro com expectativa de lucro. Em sentido estrito, em economia, investimento significa a aplicação de capital em
meios que levam ao crescimento da capacidade produtiva (instalações, máquinas, meios de transporte), ou seja, em bens de
capital. Por isso, considera-se também investimento a aplicação de recursos do Estado em obras muitas vezes não lucrativas, mas
essenciais por integrarem a infra-estrutura da economia (saneamento básico, rodovias, comunicações). O investimento bruto
corresponde a todos os gastos realizados com bens de capital (máquinas e equipamentos) e formação de estoques. O investimento
líquido exclui as despesas com manutenção e reposição de peças, equipamentos e instalações desgastadas pelo uso. Como está
mais diretamente ligado à compra de bens de capital e, portanto, à ampliação da capacidade produtiva, o investimento líquido
mede com maior precisão o crescimento da economia. Os investimentos realizados na compra de equipamentos e instalações são
registados nas contas nacionais no item “formação de capital fixo” (ou investimento fixo). Os investimentos com capital circulante
(formados pelos estoques de produtos finais) compõem o item “variação de estoques”. Diferencia-se ainda a formação interna de
capital dentro de um país e os investimentos realizados no exterior. Geralmente cada país define o que considera investimento de
uma forma específica e que corresponda melhor às suas necessidades económicas.
In, dicionário de economia.

 Importância do investimento para a economia


O investimento é de crucial importância no crescimento e no desenvolvimento de uma economia, pelo fato
de proporcionar o aumento da capacidade produtiva, através da substituição dos equipamentos, pelo
aumento dos já existentes e pela integração das tecnologias.
Também podemos dizer que o investimento produtivo pode gerar mais investimento produtivo:
- o investimento produtivo visa a promoção de emprego, potencia o crescimento económico, (PIB)
- o aumento da riqueza (PIB) do país pode conduzir ao aumento da poupança;

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- Por conseguinte, o crescimento da poupança pode gerar novos investimentos.

 Tipos de investimentos realizados pelos agentes económicos (classificação)


Existem várias classificações do investimento. Quanto a sua natureza, o investimento pode ser classificado
em três categorias: material, imaterial e financeiro.
- Investimento material ou tangível – quando diz respeito à aquisição de bens tangíveis, ou seja, compra de
bens com existência física, como instalações, máquinas ou veículos de transporte de mercadorias e matérias-
primas, terrenos, construção de portos e aeroportos, entre outros;
O investimento material ou tangível subdivide-se em: formação bruta de capital fixo (FBCF) e Variação de
existências/inventários
- A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - abarca o conjunto de bens de produção duradouros
adquiridos pelas empresas (maquinas e equipamentos), assim como os investimentos feitos pela
administração publica em infraestruturas ( escola, estradas, hospitais, portos, aeroportos).
- A variação de existências - consiste nos stocks de matérias-primas, produtos semi-acabados (em curso) e
os produtos que apesar de acabados não foram vendidos.
Variação de existências = Existência final – Existência Inicial, (do período)

Formação de capital (Investimento Bruto) = Formação Bruta de Capital Fixo + Variação de Existências

- Investimento imaterial ou intangível – quando se refere à aquisição de bens intangíveis, bens não
corpóreos, como a aplicação dos recursos em formação de trabalhadores, em Investigação e
Desenvolvimento (I&D), em publicidade e marketing, etc.

- Investimento financeiro – quando envolve a aquisição de ativos financeiros, por exemplo, ações e
obrigações.

Tanto os investimentos realizados pelas empresas como os investimentos efetuados pelo poder local ou
central, podem ter diversas funções na atividade económica. Assim de acordo com as suas funções
principais, o investimento pode ser classificado em: investimentos de substituição, de capacidade e de
inovação.
Investimento Substituição – quando o investimento visa substituir máquinas e equipamentos, que,
apresentam algum desgaste durante o seu tempo de vida útil, (velhos e obsoletes).

Investimento de capacidade - o objetivo do investimento é o de aumentar a capacidade produtiva. Pode ser


feita por meio de, aquisição de maquinas novas e de ampliação das instalações da empresa, entre outros.

Investimento de Inovação – consiste na realização de atividades que visam desenvolver novos produtos e
processos ou introduzir melhorias significativas nos produtos e processos já existentes.

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Quanto ao agente que investe, o investimento pode ser classificado em: investimentos público e privado.
Investimento Privado - Quando é realizado por empresas privadas.
Investimento Publico – Quando realizado por entidades publicas, nomeadamente a administração central e
local (Governo, Câmaras Municipais).

Texto de apoio nº:2 INVESTIMENTO A FUNDO PERDIDO. É o investimento realizado sem expectativa de retorno do montante
investido. Esse tipo de investimento é geralmente realizado pelo Estado, no sentido de melhorar as condições de existência de
setores de baixa renda, como na construção de moradias populares, saneamento básico, ou mesmo realizações de obras de infra-
estrutura como estradas, que estimulam os investimentos privados por meio da oferta de um produto ou serviço antes inexistentes.
In, dicionário de economia.

Inovação tecnológica, Investigação e desenvolvimento (I&D)

No mercado altamente competitivo e em permanente mudança, a inovação surge como um fator de extrema
importância para que as empresas se tornem cada vez mais competitivas, uma vez que permite aperfeiçoar
os processos, o aumento da produtividade e a adição de valor aos produtos.
A inovação tecnológica consiste na introdução no mercado de um bem ou serviço tecnologicamente novo e
ou melhorado de forma significativa, bem como a introdução de um novo processo de produção (ou
distribuição) ou significativamente melhorado.
O desenvolvimento e implementação de produtos e processos tecnologicamente novos ou aperfeiçoados
implicam que, sejam levados a cabo várias atividades de inovação tecnológica. Tais como a realização de
atividades de investigação e desenvolvimento (I&D).
A investigação e desenvolvimento significa o trabalho criativo prosseguido de forma sistemática com o
objetivo de aumentar o conhecimento, bem como a utilização desse conhecimento em novas aplicações.
Pode ser desenvolvida dentro da empresa ou adquirido numa outra.
Exemplos de atividades de inovação:
- Aquisição de maquinaria, equipamento e software (programas informáticos)
- Formação
- Realização de atividade de I&D
- atividades de marketing

 O financiamento da atividade económica: autofinanciamento e financiamento externo


Autofinanciamento ou financiamento interno - consiste na capacidade que as empresas têm em financiar a
sua própria atividade, ou seja recorrem aos fundos próprios (poupanças).
Diz-se que existe capacidade de financiamento nas situações em que as empresas detêm os meios suficientes
para o financiamento da sua atividade;
Financiamento externo - quando as empresas não dispõem de fundos próprios suficientes para financiarem a
sua atividade e recorrem a fundos de terceiros, (Ex: recurso ao crédito).
Ou seja, há necessidade de financiamento quando as empresas não dispõem de fundos próprios suficientes
para financiarem a sua atividade.
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Quando as empresas investem a partir de fundos alheios, designa-se por financiamento externo, este pode
ser direto, quando se recorre ao mercado de títulos, e indireto, quando se recorre ao crédito junto dos
intermediários/instituições financeiras.

Financiamento externo indireto: o crédito


Por crédito entende-se o mecanismo pelo qual o mutuante cede temporariamente ao mutuário um bem ou
moeda, comprometendo-se este ultimo a entregá-lo no final do prazo acordado acrescido de juro.
Sendo, o mutuante aquele que cede o empréstimo e mutuário aquele que pede o empréstimo.
O crédito é fundamental para qualquer economia, permitindo potenciar o seu crescimento. Este estimula,
quer a produção, viabilizando o investimento das empresas e possibilitando o seu financiamento pontual,
quer o consumo das famílias, ao permitir-lhes adquirir antecipadamente os bens que desejam.

A principal função do crédito - é financiar a atividade económica, seja a produção ou o consumo.

 Tipos de crédito

a) Quanto à finalidade podemos distinguir dois tipos de crédito: crédito à produção e crédito ao consumo.
 Crédito ao consumo: é contraído pelas famílias para a aquisição de bens de consumo como
eletrodomésticos, automóveis, viagens, etc.;

 Crédito à produção: crédito concedido às empresas para a aquisição de bens de produção,


garantindo o financiamento e o funcionamento das empresas. O crédito à produção subdivide-se em:
crédito à produção de funcionamento e crédito à produção de financiamento.

Crédito à produção de funcionamento: crédito concedido para resolver necessidades pontuais,


momentâneas, como o pagamento de fornecedores ou de salários.
Crédito à produção de financiamento: crédito para o investimento – modernização, substituição ou
aumento da capacidade de produção.

b) O crédito pode também ser classificado quanto à sua duração: em créditos de curto, médio e longo
prazos.
 Crédito de curto prazo: período de utilização inferior a um ano. Ex.: compra de eletrodomésticos
por parte das famílias;
 Crédito de médio prazo: período de utilização compreendido entre 1 a 5 anos. Ex.: compra de um
automóvel;
 Crédito de longo prazo: período de utilização superior a 5 anos. Ex.: crédito à compra de habitação.

c) Quanto ao beneficiário: temos o crédito público, e o crédito privado.


 O crédito público – quando for concedido a uma entidade pública.
 O crédito privado – quando é concedido a particulares ou empresa.

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d) Quanto à sua origem, o crédito pode ser: interno e externo.


 Crédito interno – mutuante e mutuário residem no mesmo país;
 Crédito externo - mutuante e mutuário residem em países diferentes.

Cedência de crédito – quem pode conceder crédito?


A cedência de crédito é autorizado à instituições financeiras.
Instituições financeiras - são entidades que realizam a intermediação financeira entre os diversos agentes
económicos.
As instituições financeiras subdividem-se em: instituições financeiras monetárias e instituições financeiras
não monetárias.
 Instituições financeiras monetárias – instituições que recebem depósitos e que criam moeda através
da concessão de crédito (bancos);
 Instituições financeiras não monetárias – instituições que não podem receber depósitos, nem criam
moeda, mas concedem crédito.

 As Instituições financeiras monetárias – Os Bancos

Bancos - Funcionam como intermediários entre a procura e a oferta de financiamento.

Empresa cuja atividade básica consiste em guardar dinheiro ou valores e conceder empréstimos. O banco
executa várias outras operações conexas, como pagamento e cobrança em nome de terceiros, venda e
desconto de títulos e operações com moedas estrangeiras. Na prática, a atividade bancária diminui a
necessidade de dinheiro para a realização de negócios e transações, sobretudo na medida em que “cria”
dinheiro na forma da chamada moeda escritural (os depósitos bancários, movimentados por meio de
cheques).

È a capacidade de receber depósitos que confere às instituições financeiras monetárias a capacidade de criar
moeda escritural, o que não acontece com as instituições financeiras não monetárias.

Os bancos desempenham vários operações de entre elas destacamos as operações passivas e as operações
ativas.

• Operações passivas: consistem na captação de poupanças junto dos diversos agentes económicos, sob a
forma de depósitos que podem ser à ordem ou a prazo e sobre os quais os bancos pagam juros. Nestas
operações a Taxa de juro é passiva

• Operações ativas: constituídas por todas as operações de concessão de crédito sobre as quais os bancos
recebem juros. A Taxa de juro é ativa

Os bancos ao realizarem as operações passivas e ativas, estão a realizar a atividade de intermediação


financeira. Ou seja captam as poupanças de alguns agentes económicos para depois emprestar a outros que
necessitam de financiamento (credito).

O crédito bancário é uma forma de financiamento externo indireto, já que os agentes económicos que
necessitam de fundos recorrem a um intermediário financeiro (banco) e não diretamente a aqueles agentes
económicos que pouparam os fundos.

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Quando os bancos recebem depósitos não têm de os guardar, mas por força da lei devem efetuar uma
reserva legal, ou seja do depósito recebido deve manter no banco uma parcela desse valor inicial. Ao
realizar estas atividades os bancos estão a criar moeda, não notas e trocos mas sim moeda escritural.

Criação de moeda - quando falámos de criação de moeda estamos a referir-nos à criação de moeda
escritural que é efetuado pelos bancos comerciais.

Emissão de moeda - quando falamos de emissão de moeda estamos a referir-nos à colocação em circulação
de notas e moedas de trocos; esta função é desempenhada pelos bancos centrais.

Ex: O Carlos fez um depósito no BCA no valor de 100.000$00. A legislação bancária obriga o BCA a reter
no banco central 20% do depósito. (100.000$00 x 20% ) = 20.000$00.

OPERAÇÕES BCA CAIXA BCN BAI BI BIC BCP BPI

DEPÓSITO 100.000 80.000 64.000 51.200 40.960 32.768 26.214 20.971

RESERVAS 20.000 16.000 12.800 10.240 8.192 6.554 5.243 4.194

CRÉDITO 80.000 64.000 51.200 40.960 32.768 26.214 20.971 16.777

Análise:

O Carlos depositou no BCA 100.000$, sendo que o BCA fez uma reserva legal de 20.000$, isto é 20% do
depósito do Carlos. Com os restantes 80.000$ o BCA concedeu um crédito ao David que fez um depósito na
Caixa no mesmo valor, a CAIXA fez a reserva legal de 16.000$00 e emprestou os restantes 64.000$ ao Joel
e assim sucessivamente com a mesma lógica, até não haver espaço para mais empréstimos.

Então,

Total dos depósitos é de 416.113, suponhando que as operações chegaram no limite.

Total dos depósitos = 100.000+80.000+64.000+51.200+40.960+32.768+26.214+20.971 + (...) = 416.113$00

Criação de moeda = Total de depósitos – Depósito Inicial

=416.113-100.000$00=316.113$00

De acordo com este processo há uma altura em que chega-se ao limite, isto é, não haverá espaço para mais
empréstimos.

Os Juros

Taxa de Juro - è o juro produzido por uma unidade de capital durante uma unidade de tempo. Pode-se
dizer que é o preço do dinheiro / crédito.

O juro - representa o custo da utilização de recursos monetários alheios.

Juro: é o rendimento do capital cedido sob a forma de empréstimo. Varia com o capital emprestado (C), a duração
do empréstimo (n) e a taxa de juro (i).

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NOTA: Por vezes, os bancos, para concederem empréstimo, exigem garantias (hipotecas de edifícios,
terrenos, etc.) e também fiadores (pessoas que se responsabilizam pelo pagamento dos empréstimos em caso
de incumprimento por parte do devedor).

JURO (j)= CAPITAL(c) x TAXA DE JURO (i) x

Se a taxa de juro anual for de 8%, isto quer dizer que por cada unidade de capital emprestada (1$00), o
credor exige um juro de 0.08 unidade de capital por ano.

Ter sempre em atenção que uma taxa de juro refere a um determinado período de tempo (mês, trimestre,
quadrimestre, semestre, ano etc.

Exemplos:

1. O BCN concedeu um crédito no valor de 500.000$ ao Abel cuja taxa de juro mensal exigido foi de 3,5%.

a)Calcule o valor dos juros a ser pagos ao banco pelo Abel ao fim de 6 meses.

b) Qual o valor do capital a ser devolvido ao BCN no fim de 6 meses?

2. Um investidor aplica 1.000.000$00 a juros simples de 3% ao mês.

a) Determine o valor recebido após 1 ano.

b) Qual o montante que o banco deve devolver ao investidor no fim de um ano.

3. Calcule o juro que renderá um capital de 200.000$ aplicado a uma taxa de juros simples de 4% ao ano,
durante 6 meses.

 Tipos de Taxas de juros praticado nos mercados financeiros

Tanto em âmbito empresarial quanto nas finanças pessoais, os juros fazem parte da economia como um
agente comum.

Os juros mais praticados:

Juros simples, juros compostos, juro indexado, juros compensatórios, juros moratórias, juros nominais, juros
reais, juros sobre capital próprio, juros rotativos.

Sendo a taxa de juro o preço do crédito, ela é como qualquer outro preço influenciada pela inflação. Assim,

Taxa de juro nominal – é a que vigora nos mercados, tanto para aplicações como para crédito.

Taxa de juros real – tem em consideração o efeito da inflação, ou seja, corresponde aproximadamente à
diferença entre a taxa de juro nominal e a taxa de inflação.
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Exemplo:

Se um investidor fizer uma aplicação à taxa de juro anual de 2% e a taxa de inflação for de 3%, então a taxa
de juro real é negativa (-1%), o que significa que o a forrador perdeu dinheiro com esta aplicação.

Juros simples - o percentual adicionado refletirá apenas no valor inicial. É um valor negociado
anteriormente, sem a adição de outros juros.

Juros compostos – conhecido também como “ juros sobre juros “, é o caso daqueles que estão relacionados
ao período de negociação. O somatório ocorre sobre o valor inicial e também sobre os juros angariados nos
meses anteriores.

 Tipos de bancos
Banco Central: no nosso caso é o Banco de Cabo Verde. È ele que regula como os outros bancos devem
atuar.
Bancos comerciais: aqueles que concedem crédito e captam os depósitos criando moeda;
Bancos de investimento: vocacionados para a concessão de crédito de médio ou longo prazo, principalmente
para as empresas, mas também podendo dar apoio nas áreas da gestão e administração de ativos financeiros;
Bancos de poupança: têm características semelhantes às dos bancos comerciais mas também com funções
características dos bancos de investimento, nomeadamente no que respeita à concessão de crédito de médio
e longo prazo, muitas vezes orientado para áreas específicas da economia.

 Instituição financeiras não Monetárias


Diferente dos bancos estas instituições podem conceder créditos, mas por outro lado não estão autorizados a
efetuar depósitos.
Alguns exemplos:
 Sociedade de locação financeira (leasing) – São instituições para-bancárias que têm como objeto
exclusivo o prática da atividade de locação financeira (leasing).
Leasing: consiste na celebração de um contrato entre o locador (a empresa de leasing) e um locatário (pessoa
individual ou coletiva) a quem é cedido temporariamente um determinado bem móvel ou imóvel, mediante o
pagamento de uma renda (capital+juros). No final do prazo, o locatário tem a opção de compra do bem em
troca do pagamento de um valor residual previamente acordado.
As locadoras podem efetuar operações sobre bens imóveis (ex: terrenos, instalações), designadas de leasing
imobiliário, ou sobre bens móveis ( ex: navios, viaturas, máquinas) designadas por leasing mobiliário.
Vantagens do leasing:
- Facilidade de celebração do contrato;
- Vantagens fiscais: se a empresa tiver bons resultados, é-lhe favorável “comprar” o equipamento através do
leasing. Os juros entram como custo, diminuindo os resultados obtidos.
Desvantagem do leasing:

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- Como o equipamento não pertence ao locador, não aparece no balanço da empresa passando para o exterior
uma imagem subavaliada da empresa.
 Sociedades de factoring
são sociedades que têm por objeto a cobrança de créditos de terceiros, isto é, adiantam aos seus clientes
(empresas) o valor da faturação e assumem, por sua conta e risco, esses créditos responsabilizando-se pela
sua cobrança.
Nestes tipos de contratos existem três intervenientes:
- o “fator” o cessionário; o “aderente”; os “ devedores”.
 Sociedade de capital de risco
Empresas que têm como objetivo a promoção do investimento e a inovação tecnológica em projetos ou
empresas em fase de reestruturação económica e financeira, participando no respetivo capital social e
intervindo no respetivo processo de gestão.

 Financiamento externo direto – o Mercado de Títulos


Trata-se das formas utilizadas pelas grandes empresas para financiarem a sua atividade a médio e longo
prazos, através do recurso ao mercado de títulos de médio e longo prazo (mercado de capitais), através da
emissão de valores mobiliários, como por exemplo ações, obrigações e títulos de participação.
- Ações: são títulos representativos de uma parte do capital de uma empresa (obrigatoriamente sociedade
anónima) e que conferem ao seu possuidor (acionista) o direito de receber uma parte dos lucros distribuídos
assim como o direito de participar nas assembleias gerais da empresa. A cotação das ações resulta da oferta
e da procura das mesmas em cada momento.
- Obrigações: são títulos mobiliários que representam uma parte de um empréstimo à uma empresa que as
emitiu, tendo o obrigacionista o direito de poder receber um juro preestabelecido. Podem ser emitidas por
empresas como pelo próprio Estado.
A principal diferença entre as ações e as obrigações é que os detentores de ações são sócios da empresa e
que, por isso, têm direito a receber lucros enquanto os detentores de obrigações são simplesmente credores
da mesma, não tendo, portanto, participação nos seus lucros, recebendo apenas juros.
Os títulos de Participação
São títulos que possuem simultaneamente caraterísticas de uma ação e caraterística de uma obrigação. Por
isso são designados de títulos “mistos”, os quais confere ao seu detentor o direito de receber dividendos e
juros.
As empresas que necessitam de financiamento emitem os títulos (ações, obrigações, títulos de participação)
e colocam-nos à subscrição, geralmente pública, de empresas e particulares. Este processo da-se no mercado
primário.
Mercado de títulos: mercado onde são transacionados diversos títulos emitidos por empresas públicas ou
privadas e pelo próprio Estado.

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Tipos de mercados de títulos:


• Mercado primário: são colocados para transação os novos títulos mobiliários, isto é, aqueles que ainda não
foram cotados em bolsa.
• Mercado secundário: também designado como bolsa de valores. Neste mercado são transacionados os
títulos que já passaram pelo mercado primário, ou seja, aqueles que já estão a ser cotados em bolsa.
O preço a que esses títulos são transacionados no mercado (Bolsa) é determinado pelo encontro entre a
oferta e a procura.
A Bolsa de Valores Mobiliário - é o lugar de encontro dos proprietários de títulos já emitidos e dos investidores que
desejam adquirir esses títulos.

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