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Decisão de

Investimentos

AULA
Meta da aula
Apresentar os conceitos empregados na decisão de
investimentos: estrutura de ativos e passivos, lucro
esperado e retorno do investimento; bem como
mostrar uma análise das demonstrações contábeis
objetivos

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
• Entender o conceito de decisão de investimentos;
• Compreender as diferenças na estrutura de
ativo;
• Calcular indicadores econômico-financeiros.

Pré-requisitos
Para que você acompanhe com proveito esta
aula, é necessário estar familiarizado com a
terminologia contábil, que já foi apresentada nas
aulas anteriores.
INTRODUÇÃO

O conteúdo sobre decisão de investimentos se inicia nesta aula (Aula


7) e se estende para as próximas duas aulas (Aula 8 e Aula 9). Neste
momento é importante que, você aluno(a), entenda os aspectos gerais da
decisão de investimento. Por isso, nesta aula, serão apresentados os
conceitos gerais sobre decisão de investimentos e a análise das
demonstrações contábeis, visto que esta, auxilia na tomada de decisão.

A decisão de investimentos na teoria econômica é apresentada como


um processo de tomada de decisão baseado em: (i) uma análise objetiva
e pontual do investimento e seus possíveis resultados e seu retorno
calculado; mas também (ii) na perspectiva subjetiva do investidor. Os
investimentos, na maioria dos casos, apresentam riscos menores ou
maiores. O risco e a incerteza são percebidos subjetivamente e envolvem
fatores psicológicos e emocionais. Evidências neuroeconômicas mostram
que a influência psicológica e emocional na tomada de decisão,
envolvendo risco e incerteza, pode ter um papel informativo e útil no
processo de tomada de decisão.

Com base nessa introdução fica nítido o importância de se estudar o


porquê e como são tomadas as decisões de investimento. O controller
assume um papel importante nesse processo, seja auxiliando na análise
das demonstrações contábeis, seja coordenando os departamentos e
prestanto a devida consultoria aos mesmos.

Dito isso, vamos a aula!!!!!!!


DESENVOLVIMENTO

1. Decisão de investimento

O tema decisão de
investimento tem sido
explorado, na literatura
financeira, em termos de
uma decisão de opções de
investimentos, com seus
respectivos riscos e retornos.
Assim, as decisões de
investimento determinam a
combinação e o tipo de ativos constantes do balanço patrimonial da
empresa, esta combinação refere-se ao montante de recursos aplicados
em ativos circulantes e ativos permanentes (fixos).

1.1 Conceito e classificação de investimentos

Um investimento caracteriza-se por ser um gasto não consumido


imediatamente, cujos resultados virão de seus benefícios futuros. Entre
seus aspectos, podemos citar:
❖ todos os gastos que utilizam determinado modelo de mensuração,
geralmente fluxo de caixa descontado;
❖ geradores de outros produtos e serviços;
❖ instrumentos e meios para desenvolver as atividades;
❖ não se exaurir de uma única vez;
❖ haver o usufruto (uma obra de arte não seria considerada um
investimento industrial).
Pelo disposto é possível depreender que uma empresa precisa
realizar investimentos para poder se desenvolver e se manter no mercado
competitivo. Os gastos com investimentos são feitos para obter lucros e
podem ser feitos de duas maneiras. Os investimentos podem ser
investimentos fixos como edifícios, máquinas ou fábricas; ou
investimentos monetários, como ações, títulos, etc. Ambas as formas de
investimento podem fazer uma empresa crescer. De outro ponto de vista,
os investimentos podem ser investimentos de substituição, quando um
ativo físico é substituído; ou os investimentos podem ser investimentos
líquidos quando, aos ativos existentes, novos são adicionados. A decisão
de fazer um investimento ou não depende da expectativa de lucro do
investidor, do custo do ativo e da disponibilidade para financiar o
investimento e de como financiá-lo.
O campo da economia analisa o risco do ponto de vista do tomador
de decisão: como ele toma suas decisões na ausência de informações
perfeitas. A demanda para planejar um investimento é influenciada pela
experiência anterior de lucro do investidor e suas suposições sobre
oportunidades de lucro futuras. Os empresários também estão dispostos a
investir em ações, onde sua decisão depende de sua experiência anterior
e do ritmo de vendas. Ao fazer seus planos, um empresário leva em conta,
por um lado, as taxas de lucro esperadas e o risco das várias oportunidades
de investimento potenciais para ele; e, por outro lado, o custo das
finanças. Se a taxa de lucro esperada excede o custo do financiamento
pela margem necessária para cobrir o elemento de risco, o empresário
gostaria de realizar o projeto.
!
Você sabia?
O investimento, as decisões de investimento e o comportamento do investimento
podem ser estudados a partir de dois pontos de vista. O investimento pode ser analisado e
estudado empiricamente e teoricamente. Em resumo, os resultados das análises empíricas
podem ajudar a completar ou corrigir as teorias sobre os investimentos, ou simplesmente
entendê-los melhor. Do outro ponto de vista, a correta e eficaz análise empírica e pesquisa
de investimentos podem ser feitas com base nas teorias do comportamento do
investimento.

A decisão do investidor de investir é subjetiva. Sua decisão depende


dos custos esperados, de seu conhecimento das técnicas aprimoradas e de
sua percepção de risco, que é um fator inteiramente subjetivo. Os
empresários querem saber o período de retorno do projeto de
investimento para decidir se realmente farão as despesas de investimento
ou não. Para uma boa decisão de investimento, o investidor precisa
entender completa e corretamente as oportunidades possíveis e essas
decisões não devem ser feitas às pressas. Uma decisão errada de
investimento pode levar as empresas até à falência.
É necessário entender as ideias básicas das decisões de
investimento para obter o máximo valor do processo de avaliação. Na
avaliação de investimentos, os indicadores devem ser escolhidos de acordo
com a especificidade do projeto e das informações do tomador de decisão.

1.2 Ativos fixos e capital de giro

No balanço patrimonial, o ativo representa os investimentos da


empresa, que são agrupados em duas classes principais:
❖ os que têm uma dinâmica própria e acompanham o ciclo de
operações da empresa, denominados de investimentos no capital
de giro (estoques, contas a receber, contas a pagar);
❖ os que se caracterizam por um forte grau de imutabilidade ou
fixidez, denominados de ativos fixos (imóveis, equipamentos,
utensílios, intangíveis adquiridos).
Para desenvolverem suas funções,
as atividades requerem, além dos
recursos imediatamente
consumidos em seu processo de
execução e obtenção dos produtos
e serviços, investimentos nas duas
classes de ativos.

1.3 Tipos de investimento

As possibilidades de investimento são infinitas e podem ocorrer de


forma ininterrupta e variada para as pessoas físicas dentro das empresas
e corporações. Pode-se investir em ativos financeiros (títulos do governo,
títulos de renda fixa, ações de empresas, derivativos, mercado futuro
etc.), em commodities (metais, produtos agropecuários, minerais etc.),
no mercado imobiliário, etc. Mas o que interessa é o ambiente
empresarial, no qual se pode vislumbrar quatro grandes principais tipos de
investimentos, conforme segue.

I. Aquisição de uma empresa já existente.


II. Investimento em uma nova empresa.
III. Investimento da empresa em uma nova unidade de negócio ou novo
produto.
IV. Investimento da empresa em ativos específicos.

Todos eles requerem análise de retorno e risco. No entanto, a


decisão sobre os investimentos dos tipos I e IV caracteriza-se
fundamentalmente por ser baseada em único valor – o valor total da
empresa e o valor do ativo específico. Já a decisão sobre os investimentos
dos tipos II e III caracteriza-se por um valor decorrente da combinação das
duas classes de investimentos: ativos fixos e capital de giro, os quais
requerem um estudo diferenciado, que pode ser chamado de estrutura do
ativo.

1.3.1 Exemplo de estruturas de ativos

Neste exemplo a ideia é apresentar a estrutura do ativo de uma


nova empresa ou unidade de negócio, estruturada no setor de confecção
de vestuário. O exemplo apresenta duas opções para o decisor, tendo
como base uma definição inicial. A empresa pode ser estruturada
desenvolvendo o máximo possível de atividades operacionais
internamente (Opção 1), ou pode entregar a terceiros o desenvolvimento
das atividades necessárias para levar o produto ao consumidor final (Opção
2).
A Opção 1 representa uma empresa de confecção que produz e tem
corpo próprio de vendas. A Opção 2 representa uma empresa que não
produz, apenas coloca sua marca nos produtos, e também os vende por
meio de vendedores terceirizados que ganham por comissão. A tabela a
seguir mostra como uma estrutura de ativo pode ser diferente de outra
dependendo de decisões de tecnologia e segmento da cadeia operacional.
As quantidades a serem vendidas são as mesmas para as duas opções.

Estrutura do ativo (investimentos)


Opção 1 Opção 2
Giro $ % $ %
Estoque de materiais 24.000 9,56% 0 0,00%
(-) Fornecedores -8.000 -3,19% -16.267 -13,96%
Estoque de produtos acabados 43.000 17,13% 48.800 41,88%
Clientes 60.000 23,90% 60.000 51,49%
Soma 119.000 47,41% 92.533 79,41%
Ativo fixo
Imóveis - Fábrica 48.000 19,12% 0 0,00%
Equipamentos - Fábrica 60.000 23,90% 0 0,00%
Equipamentos - Administração/Vendas 24.000 9,56% 24.000 20,59%
Soma 132.000 52,59% 24.000 20,59%
Total 251.000 100,00% 116.533 100,00%

O ativo decorrente da escolha da Opção 1 é muito maior do que o


da Opção 2, porque, são realizados mais processos internamente e porque
há necessidade de se ter mais ativos fixos e estoques.
A Opção 2 exige menos investimentos. Outro ponto importante é a
estrutura percentual do ativo. A Opção 1 tem 52,59% de ativos fixos e
47,41% de capital de giro. A Opção 2 tem muito mais participação de
capital de giro (79,41%), já que, por não ter fábrica, exige menos
investimentos em ativos fixos.

1.3.2 Lucro esperado

Cada opção traz resultados diferentes em termos de lucro ou


prejuízo. As estruturas de gastos, de materiais e de ativos são diferentes.
Portanto, fica claro que o lucro será diferente. Na tabela a seguir são
apresentados os resultados das duas opções com base nos dados
levantados inicialmente. Neste momento não são inseridas as despesas
financeiras do financiamento dos investimentos nem os impostos sobre o
lucro.

Demonstração de resultados
Opção 1 Opção 2
$ % $ %
Receita total 40.000 100,00% 40.000 100,00%
(-) Custos variáveis
Materiais 8.000 20,00% 24.400 61,00%
Comissões 0 0,00% 6.000 15,00%
Total 8.000 20,00% 30.400 76,00%
Margem de contribuição (1) 32.000 80,00% 9.600 24,00%
(-) Custos/Despesas Fixas 28.700 71,75% 7.700 19,25%
Lucro operacional (2) 3.300 8,25% 1.900 4,75%

A Opção 1 evidencia um lucro operacional mensal de $ 3.300,00,


bem maior que o lucro operacional de $ 1.900,00 da Opção 2. Se observar
apenas o valor absoluto do lucro, pode-se decidir pela Opção 1. Porém,
essa análise não é conclusiva. É necessário fazer a análise de
rentabilidade, por meio do retorno sobre o ativo, uma vez que cada opção
exigiu valores de investimentos diferentes nos ativos.
OBS: as diversas etapas do modelo de decisão conduziram
a determinadas estruturas de ativos, que, por sua vez,
levaram a determinadas estruturas de resultado e,
consequentemente, de lucro esperado.

1.3.3 Retorno do investimento (ROI)

Esta é a análise final nesta etapa de definição. O retorno do


investimento (ROI) deve ser o elemento determinante para se escolher
uma alternativa ou outra. O ROI é a relação entre o lucro operacional e os
ativos essenciais para se obter esse lucro, pelo processamento das
transações e operações necessárias para produzir, administrar e vender o
produto escolhido para a nova empresa ou unidade de negócio. Esta
análise está na tabela a seguir. A anualidade da rentabilidade foi feita de
forma simples, multiplicando-se por 12 a rentabilidade mensal obtida.
Rentabilidade do ativo
Opção 1 Opção 2
Lucro operacional (A) 3.300 1.900
Ativo Total 251.000 116.533
Rentabilidade do ativo (anualizada) (A:B) 15,78% 19,57%

De posse desta análise, observa-se que, apesar de o lucro


operacional da Opção2 ser menor, pelo fato de ela ter exigido menos
investimentos de recursos financeiros na sua estrutura de ativos,
apresenta uma rentabilidade maior – 19,57%, contra os 15,78% da Opção
2.
A Opção 1 exigiu mais ativos, à luz dos dados elaborados. Assim,
mesmo tendo lucro maior, a rentabilidade final foi menor que a da Opção
2. A decisão seria, neste momento, pela Opção 2.

1.3.4 Determinação da estrutura do passivo

Como complemento natural da determinação da estrutura do ativo,


qualquer projeto de investimento requer a decisão de financiamento, ou
seja, quais serão as fontes de recursos a serem buscadas que permitirão a
efetivação do investimento proposto. A decisão de financiamento para um
projeto específico determina sua estrutura específica de passivo.
Contudo, dentro da visão de uma operacionalidade contínua, uma empresa
não deixa de ser uma sucessão de projetos de investimentos. Assim, a
decisão de financiamento de um projeto juntar-se-á a decisões anteriores
de financiamento de outros projetos, formando, no conjunto, a estrutura
de passivo da empresa.
Apesar de ser uma atividade ligada à tesouraria, cabe também à
controladoria seu monitoramento, pois, se adequada, gera resultados
econômicos mensuráveis, que impactam o valor da empresa.
Define-se estrutura de passivo a participação relativa dos diversos
tipos de fontes de capital remuneradas que estão sendo utilizadas para
financiar os investimentos do ativo da empresa. Essa estrutura também é
denominada de estrutura de capital. Dentro do estudo da estrutura de
passivo não se consideram como fontes de capital os passivos normais
decorrentes do financiamento dos custos das operações da empresa, tais
como fornecedores, contas a pagar, salários e encargos sociais a pagar,
impostos a recolher e adiantamentos de clientes. Estes são denominados
de passivos de funcionamento, pois não são remunerados explicitamente
com juros, e os prazos de pagamento deles existem para dar
operacionalidade à rotina de pagamentos. Esses passivos, para estudo da
estrutura como um todo, devem ser alocados no ativo com sinal negativo,
pois fazem parte do investimento no capital de giro. Os passivos
remunerados com juros, que fazem parte do conceito de estrutura de
passivo, são denominados de passivos de financiamento.

Exemplos de estrutura de passivo


Empresa A Empresa B
$ % $ %
Financiamentos 100.000 10,00% 250.000 25,00%
Debêntures 250.000 25,00% 350.000 35,00%
Ações preferenciais 300.000 30,00% 150.000 15,00%
Ações ordinárias 350.000 35,00% 250.000 25,00%
Total 1.000.000 100,00% 1.000.000 100,00%

A empresa A apresenta fontes de capital captadas externamente –


financiamentos e debêntures – que totalizam 35% da estrutura do passivo.
A maior parte está representada por captação junto a acionistas ordinários
e preferenciais, que detêm 65% da estrutura do passivo. A empresa B tem
uma situação oposta: 60% de sua participação é captação externa e apenas
40% é de captação junto aos acionistas.

2. O dilema liquidez versus rentabilidade

A busca de uma ótima estrutura de capital parte do pressuposto de


que é possível ter lucros maiores quando se obtém maior quantidade de
fontes baratas de capital. O custo dessas fontes são os juros e qualquer
outra remuneração que se pague aos detentores e cedentes do capital.
Quanto menor for o custo das fontes de capital, mais lucros a empresa
poderá conseguir. Dentro desse pressuposto, há uma ideia inicial de se
buscar a maior quantidade de fontes externas de capital, desde que a um
custo menor que o das fontes dos acionistas. Contudo, a empresa pode
não conseguir os resultados esperados, em função de outros riscos
existentes, e perder parcial ou totalmente, temporária ou
definitivamente, a condição de honrar as parcelas dos juros e das
amortizações do principal. Denomina-se liquidez a condição que a
empresa tem de honrar com todos os seus compromissos financeiros.
Quanto maior a liquidez, mais segurança financeira ela tem.
Portanto, na busca da maior rentabilidade através do uso intensivo de
fontes externas de capital, a empresa pode se ver, no horizonte futuro, às
voltas com a possibilidade de perda parcial ou total de liquidez. Este
dilema, não facilmente solúvel, é denominado de dilema liquidez ×
rentabilidade. Esta é uma das gestões prioritárias da área financeira das
empresas.

3. Análise das Demonstrações Financeiras

Para se chegar à tomada de decisão de investir ou não, é necessário


empregar técnicas de análise das empresas. A metodologia clássica para
avaliação do desempenho global da empresa é normalmente chamada de
análise financeira ou análise de balanço. Por meio de um conjunto de
procedimentos e conceitos aplicados de forma inter-relacionada, obtém-
se uma série de indicadores que permite fazer uma avaliação sobre a
situação econômica e financeira da empresa e o retorno do investimento.
A visão mais comum da análise de balanço é em relação a balanços
publicados. Porém, o mais importante é a aplicação dos fundamentos da
análise de balanço nos Demonstrativos Contábeis da própria empresa,
objetivando um monitoramento dos resultados e desempenho dos gestores
e investimentos.
Para a conclusão do processo orçamentário é necessária a análise
das demonstrações financeiras projetadas com o intuito de verificar se os
números apresentados refletem os objetivos e metas tanto estratégicos
como operacionais ou de programas de produção e vendas.
Fundamentalmente, é necessário:

1. Analisar a lucratividade projetada para verificação das novas margens


de lucro sobre as vendas e as estruturas de custos projetadas.
2. Avaliar a rentabilidade projetada para verificar se atende o esperado
ou o desejado.
3. Verificar os impactos na liquidez e no endividamento da situação
projetada, se os números obtidos pelo plano orçamentário não
comprometerão a saúde financeira da empresa.
4. Verificar a situação patrimonial projetada, avaliando as novas
estruturas do ativo e passivo e se elas são coerentes com os planos
estratégicos e operacionais.
5. Verificar qual o impacto que a situação projetada poderá causar no
valor da empresa e os reflexos para seus investidores.
Como o instrumental de análise de balanço ou análise das
demonstrações financeiras oferece um conjunto de indicadores que
permite as análises citadas, estrutura-se essa análise, comparando pelo
menos com o último exercício, para avaliar e fundamentar as conclusões
e, com isso, aceitar ou não o plano orçamentário.

3.1 Análise Financeira ou de Balanço

Constitui-se em um processo de análise sobre os Demonstrativos


Contábeis, objetivando uma avaliação da situação da empresa em seus
aspectos operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros.
A avaliação sobre a empresa tem por finalidade analisar o seu
resultado e o seu desempenho, detectar os pontos fortes e fracos do
processo operacional e financeiro da companhia, objetivando propor
alternativas de curso futuro a serem tomadas e seguidas pelos gestores da
empresa.
Nesse processo, o controller se vale de uma série de cálculos
matemáticos, traduzindo os Demonstrativos Contábeis em indicadores.
Tais indicadores buscam evidenciar as características dos principais inter-
relacionamentos existentes entre o Balanço Patrimonial, que apresenta
uma visão estática e momentânea da empresa, e a dinâmica representada
pela Demonstração de Resultados.

3.2 Indicadores Econômico-Financeiros

Compreendem a geração de um painel básico de indicadores. Esses


indicadores podem ser tanto de relações entre elementos do Balanço
Patrimonial, como de elementos da Demonstração de Resultados que se
relacionam com o Balanço Patrimonial.
São apresenta dos em termos de índices, percentuais, números
absolutos, dias etc., com o objetivo de facilitar ainda mais o entendimento
da situação da empresa apresentada nos Demonstrativos Contábeis.

Exemplo Numérico – Indicadores Econômico-Financeiros

Na tabela a seguir são apresentados os principais indicadores, bem


como suas fórmulas, parâmetros e conceito básico.
A análise dos indicadores financeiros deve considerar todos os
aspectos conjuntamente. O analista deve assumir alguns parâmetros e
dizer se a empresa está bem ou não, tanto em cada um dos indicadores
como no conjunto deles, e verificar, entre outras coisas:
1. Os índices de liquidez estão bons ou não?
2. O endividamento é aceitável?
3. O giro do ativo está melhorando?
4. O lucro gerado apresenta um grau de segurança para pagamento do
serviço da dívida (juros dos financiamentos)?
5. A rentabilidade do capital próprio está dentro da média do custo de
oportunidade do mercado?
6. Os dividendos distribuídos satisfarão os acionistas e promoverão maior
valor da empresa?
7. A análise geral indica empresa em crescimento e potencial de geração
de lucros?

Vamos ao exemplo

Balanço patrimonial Real Projetado


1 Ativo total 11.023.500 12.189.488
1.1 Ativo Circulante 4.027.500 5.545.655
1.1.1 Caixa/Bancos 1.000 1.000
1.1.2 Aplicações financeiras 929.100 1.006.323
1.1.3 Contas a receber de clientes 1.520.000 2.016.868
1.1.3.1 Contas a receber - Bruto 1.550.000 2.061.033
1.1.3.2 (-) provisões devedores duvidosos 30.000 44.165
1.1.3.3 (-) títulos descontados 0 0
1.1.4 Estoques 1.572.400 2.514.364
1.1.4.1 De materiais 1.000.000 1.822.285
1.1.4.1.1 De materiais - Bruto 1.000.000 1.822.285
1.1.4.1.2 (-) Provisão retificadora 0 0
1.1.4.2 Em processo 0 0
1.1.4.3 Acabados 570.000 689.279
1.1.4.4 Adiantamentos a fornecedores 2.400 2.800
1.1.5 Impostos a recuperar 4.500 5.800
1.1.6 Despesas do exercício seguinte 500 1.300
1.2 Ativo Não Circulante 6.996.000 6.643.833
1.2.1 Realizável a longo prazo 6.000 6.000
1.2.1.1 Depósitos judiciais 5.000 5.000
1.2.1.2 Incentivos fiscais 1.000 1.000
1.2.2 Investimentos em controladas 200.000 230.000
1.2.3 Imobilizado 6.790.000 6.407.833
1.2.4.1 Imobilizado - Bruto 9.290.000 9.990.000
1.2.4.2 (-) Depreciação acumulada 2.500.000 3.582.167
1.2.5 Intangível 0 0
2 Passivo total 11.023.500 12.189.489
2.1 Passivo circulante 2.223.500 3.010.522
2.1.1 Fornecedores 260.000 916.059
2.1.2 Salários e Encargos a pagar 120.000 131.939
2.1.3 Contas a pagar 100.000 114.666
2.1.4 Impostos a recolher - sobre mercadorias 240.000 34.440
2.1.5 Impostos a recolher - sobre lucros 100.000 80.063
2.1.6 Adiantamento de clientes 3.500 5.000
2.1.7 Empréstimos 1.200.000 1.653.629
2.1.8 Dividendos a pagar 200.000 74.726
2.2 Passivo Não Circulante 8.800.000 9.178.967
2.2.1 Exigível a Longo Prazo 4.800.000 4.848.946
2.2.1.1 Financiamentos 4.800.000 4.848.946
2.2.2 Patrimônio Líquido 4.000.000 4.330.021
2.2.2.1 Capital Social* 4.000.000 4.000.000
2.2.2.2 Reservas e Lucros Acumulados 0 0
2.2.2.3 Lucro do período 0 330.021
*Quantidade de ações da empresa: 2.000.000

Demonstração do Resultado do Exercício Real Projetado


(=) Receita operacional bruta II 18.062.310 22.011.660
(-) Impostos sobre vendas IPI-ISS 0 0
(=) Receita operacional bruta I 18.062.310 22.011.660
(-) Impostos nas Vendas (ICMS; PIS; Cofins) 3.562.310 4.341.214
(=) Receita operacional líquida 14.500.000 17.670.446
(-) Custo dos produtos vendidos 11.925.000 14.247.291
Materiais diretos 6.250.000 7.886.166
Materiais indiretos 750.000 863.587
Mão de obra direta 1.600.000 1.900.142
Mão de obra indireta 1.520.000 1.702.194
Despesas gerais 900.000 1.091.981
Depreciação 905.000 922.500
(+/-) Variação dos estoques industriais 0 -119.279
(=) Lucro bruto 2.575.000 3.423.155
(-) Despesas operacionais (Comerciais + Administrativas) 1.785.000 2.096.318
Comerciais 855.000 1.070.227
Mão de obra 150.000 160.206
Materiais indiretos 65.000 72.334
Despesas 600.000 795.522
Depreciação 28.000 28.000
Provisão Devedores duvidosos 12.000 14.165
Administrativas 930.000 1.026.091
Mão de obra 560.000 607.450
Materiais indiretos 60.000 63.752
Despesas 180.000 223.222
Depreciação 130.000 131.667
(=) Lucro operacional I 790.000 1.326.837
(+) Receitas financeiras de aplicações 60.000 80.881
(+) Outras receitas financeiras 45.000 62.073
(-) Despesas financeiras com financiamentos 500.000 607.227
(-) Outras despesas financeiras 90.000 106.800
(-/+) Equivalência patrimonial 20.000 30.000
(=) Lucro operacional II 325.000 785.764
(-/+) Outras receitas e despesas 0 0
(-/+) Valor de venda de imobilizados 0 0
(=) Lucro antes dos impostos 325.000 785.764
(-) Impostos sobre o lucro 97.500 235.729
(=) Lucro líquido depois do Imp. De Renda* 227.500 550.035
* Considere arbitrariamente o valor de mercado das ações como sendo 1,40 (real) e 2,40
(projetado)

Com base nas demonstrações anteriores, podemos calcular os


indicadores econômico-financeiros como apresentado na tabela a seguir.
PAINEL DE INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS
Indicadores Fórmula Conceito Parâmetros Valores
Indicadores de Capacidade de Pagamento Real Projetado
Disponibilidade Capacidade de pagamento de todo passivo circulante
Liquidez Imediata Quanto maior, melhor 0,42 0,33
Passivo Circulante apenas com recursos de caixa

Ativo Circulante Acima de 1, sendo considerado


Liquidez Corrente Capacidade de pagamento de dívidas de curto prazo 1,81 1,84
Passivo Circulante normal 1,50

Ativo Circulante − Estoques Idem liquidez corrente, excluindo os estoques por não
Liquidez Seca Entre 0,60 e 0,70 1,10 1,01
Passivo Circulante serem facilmente realizáveis
Passivo Circulante + Exigível LP Indicador de solvência ou cobertura de dívida com Até 1,00. Acima de 1,00, no Brasil,
Endividamento Geral 1,76 1,82
Patrimônio Líquido todos os credores é considerado excessivo
Endividamento Empréstimos + FinanciamentosIndicador de solvência ou cobertura de dívida com os Até 1,00. Acima de 1,00, no Brasil,
1,50 1,50
Financeiro Patrimônio Líquido credores bancários é considerado excessivo
Índice de Cobertura de Lucro Operacional Indicador da capacidade de pagamento dos encargos
Quanto maior, melhor 1,58 2,19
Juros Juros de Financiamentos com capital de terceiros
Indicadores de Atividade
Quanto maior, melhor. Depende
Giro do Estoque – CPV Representa a quantidade de vezes que a fábrica
dos conceitos de administração de 7,58 5,67
Global (vezes) Estoques totais consegue produzir produtos no ano
produção e vendas
Quanto maior, melhor. Quando
Receita Operacional Líquida É a quantidade de vezes que a empresa consegue trans
Giro do Ativo (vezes) mais giro, maior possibilidade de 1,32 1,45
Ativo Total for mar o ativo em vendas
reduzir a margem operacional
Quanto maior, melhor. Quanto
Giro do Patrimônio Receita Operacional Líquida É a quantidade de vezes que a empresa consegue
mais giro, maior possibilidade de 3,63 4,08
Líquido (vezes) Patrimônio Líquido transformar o capital próprio em vendas
reduzir a margem líquida
Setorial/produto. Quanto maior,
Lucro Bruto Lucro bruto porcentual obtido em cada venda (antes
Margem Bruta melhor. Deve ser associado ao giro 17,76% 19,37%
Receita Operacional Líquida dos juros e impostos)
do ativo
Lucro Operacional Lucro operacional porcentual obtido em cada venda Setorial/produto. Quanto maior
Margem Operacional 5,45% 7,51%
Receita Operacional Líquida (antes dos juros e impostos) do ativo melhor. Deve ser associado ao giro
Setorial/produto. Quanto maior,
Lucro Líquido após Impostos
Margem Líquida Lucro final porcentual obtido em cada venda melhor. Deve ser associado ao giro 1,57% 3,11%
Receita Operacional Líquida
do capital próprio
Rentabilidade do Ativo Lucro Operacional Representa a capacidade ope racional de geração de Setorial/produto. Quanto maior,
7,17% 10,89%
– Bruta Ativo Total lucro antes dos impostos e juros do ativo melhor. Deve ser associado ao giro
Libor, Prime Rate, TJLP. Entre 12%
Rentabilidade do Lucro Líquido Final Representa a remuneração do capital próprio.
e 15%, é considerado bom; abaixo, 5,69% 12,70%
Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido Indicador final de rentabilidade
fraco; e acima, ótimo
Indicadores de Análise de Preços e Retorno de Ações
Não há. Cada empresa expressa seu
Valor Patrimonial por Patrimônio Líquido
Representa o valor contábil unitário de cada ação capital social com quantidades 2,00 2,17
Ação – R$ Quantidade de ações do capital
diferentes de ações
Deve ter uma aná li se de
Lucro Líquido Final
Lucro por Ação É o lucro anual que cabe a cada ação rentabilidade similar à do 0,11 0,28
Quantidade de ações do capital
Patrimônio Líquido
Para ações com maior risco, o
P/L – Relação mercado quer P/L menor,
Valor de Mercado da ação Representa em quantos anos o investidor recupera o
Preço/Lucro (com aceitando P/L maior em ações de 12,31 8,73
Lucro por ação valor investido na ação
valor de mercado) menor risco. Ao redor de 8, é um
número normal
Nota: LP: longo prazo; CPV: Custo do produto vendido
Com base nos dados acima é possível analisar a empresa como um
todo. No caso específico foi realizada uma análise sobre dados reais e
projetados, porque foi considerado que a empresa apresentara suas
demonstrações rotineiras e o departamento responsável pelo
planejamento, que pode incluir o controller, projetou as demonstrações
para o exercício seguinte. Assim, temos um panorama geral no qual
podemos comparar se os investimentos – embutidos nos ativos da empresa
analisada – surtiram resultado, visto o efeito gerado na projeção das
demonstrações.
Não obstante, como já dito anteriormente, a análise deve ser feita
na empresa de origem, na empresa a qual se deseja fazer um investimento
(se esse for o caso) e em demonstrações projetadas, para compara o real
vs projetado, como no exemplo anterior.
Na próxima aula iremos analisar os investimentos de forma
particular, ou seja, fazendo analises específicas por tipo de investimento
como auxílio de cálculos do valor presente líquido, taxa interna de
retorno, fluxo de caixa descontados, entre outros.

AUTO-AVALIAÇÃO

Você conseguiu responder a todas as atividades? É muito importante


que você domine os conhecimentos iniciais de controladoria. Se ainda tiver
dúvidas, converse com seus colegas e com o seu tutor.

TAREFA

Utilizar a Aba 2 (Base para cálculo da Tarefa) da Planilha “Auxiliar


da Aula 7” para calcular os Indicadores de Capacidade de Pagamento das
empresas. Também, faça uma análise comparativa entre os setores. OBS:
os dados foram obtidos das DFC’s das empresas.

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