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Análise de Investimentos

Índice
1. Conceitos fundamentais ..................................................................................................... 2
1.1. Noção de investimento real ..................................................................................................... 2
1.2. Análise de investimentos reais ................................................................................................. 3
1.3. Custo de oportunidade do capital ............................................................................................. 3
1.4. Incerteza inerente aos fluxos financeiros futuros ...................................................................... 3
2. Cálculo Financeiro .............................................................................................................. 4
2.1. Valor Futuro do Dinheiro.......................................................................................................... 4
2.2. Valor Atual .............................................................................................................................. 4
2.3. Rendas .................................................................................................................................... 6
3. As Demonstrações Financeiras ........................................................................................... 7
4. Capital Investido ................................................................................................................ 9
4.1. Noção de capital investido ....................................................................................................... 9
4.2. Capital físico .......................................................................................................................... 10
4.3. Gastos afundados .................................................................................................................. 10
4.4. Necessidades de fundo de maneio ......................................................................................... 10
4.5. Capital (valor) residual ........................................................................................................... 10
5. Fluxos financeiros do investimento ................................................................................... 11
6. Métodos de Avaliação Convencionais ............................................................................... 12
6.1. Período de Recuperação do Capital (PRC) – Payback ............................................................... 12
6.2. Valor Atual Líquido (VAL) – NPV ............................................................................................. 13
6.3. Taxa Interna de Rendibilidade (TIR) - IRR ................................................................................ 13
6.4. Índice de Rendibilidade (IR) - pi .............................................................................................. 14
7. Financiamento do investimento ....................................................................................... 14
7.1. Decisões de investimento e decisões de financiamento .......................................................... 14
7.2. Conceito de custo de capital ................................................................................................... 15
7.3. Custo de capital do investimento ........................................................................................... 15
7.4. Utilização do WACC nas Decisões de Investimento.................................................................. 16
7.5. O Nível do Financiamento e o WACC ...................................................................................... 16
8. Risco ................................................................................................................................ 16
8.1. Decisões de investimento em contexto de risco ...................................................................... 16
8.2. Análise de Sensibilidade ......................................................................................................... 17

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8.3. Análise de Cenários ................................................................................................................ 17

1. Conceitos fundamentais
As Finanças Empresariais são fundamentais para a vida das empresa, esta área estuda todas as decisões
tomadas no âmbito de uma atividade empresarial. As decisões financeiras de longo prazo são:
• Decisões de Investimento: como e onde afetar recursos escassos e obter os melhores resultados;
• Decisões de Financiamento: como obter os meios financeiros para financiar os investimentos;
• Decisões sobre Política de Dividendos: dos resultados obtidos, quanto se deve reinvestir na empresa
e quanto se deve entregar aos acionistas
Objetivo das Finanças Empresariais: Maximizar o valor da empresa
Valor da empresa: valor presente dos cash-flows esperados, atualizados para o presente a uma taxa que reflete
simultaneamente o risco inerente ao investimentos e a estrutura de capitais utilizada no seu financiamento
Modelos utilizados para a análise da decisão de investimento:
• Análise das Demonstrações Financeiras
• Projeções
• Relação Risco-Rendibilidade
• Valor Atual
1.1. Noção de investimento real
Os investimentos podem ser reais ou financeiros. Os investimentos reais incidem sobre ativos tangíveis ou
intangíveis e os investimentos financeiros incidem em títulos. Investimento real é todo o sacrifício,
consubstanciado numa troca de satisfação anual (associada ao custo), por satisfação futura (associada a
benefícios esperados incertos), tendo como objetivo a produção (venda) de bens ou prestação de serviços. As
empresas alocam recursos financeiros na aquisição de ativos, com o intuito de criar ou expandir a produção de
bens e/ou serviços, na expetativa de gerar cash-flows positivos no futuro, de modo a obter rendibilidades e
aumentar o valor da empresa.
Caraterísticas da decisão de investimento:
• Irreversibilidade – o dinheiro investido não vai ser recuperado
• Ligada ao futuro – por vezes, é difícil prever o futuro
• Comporta risco – tudo tem risco, e este depende de vários fatores
• Normalmente, ligada a montantes elevados
• Utiliza conhecimentos de várias áreas – impacto dos vários riscos, importância de uma equipa
multidisciplinar
• Integra-se no processo de planeamento – qualquer projeto de investimento deve ser planeado
A análise de investimentos assenta na comparação dos gastos e rendimentos financeiros associados ao
investimento.
Tipos de Investimento
• Inicial (Start-up) – projeto do zero
• Expansão – localmente ou internacionalmente
• Internacionalização – consoante a cultura/hábitos do público-alvo
• Estratégico – compra de concorrentes, localização estratégica
Através do investimento geram-se expetativas.
Expetativas de valor
• Formação de expetativas (ótimas) quanto à evolução futura das variáveis determinantes do valor

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• Utilizam de forma ótima o conjunto de informação relevante existente (expetativas racionais) – mercado
atual e futuro
1.2. Análise de investimentos reais
• Na ótica do proprietário
o Projeto integralmente financiado por capitais próprios: a rendibilidade esperada para os
proprietários é suficientemente atraente para justificar a decisão de realização de investimento?
• Na ótica da empresa
o Inclui todos os investidores no projeto (capital próprio e dívida): será a rendibilidade total – os cash
flows – gerado pelo projeto suficientemente interessante para que os investidores se decidam a nele
investir?
Estimativa dos Cash-Flows Relevantes
• Estimados sempre em base incremental (o que o incremento vai gerar à empresa?)
• Depreciações
• Necessidades de fundo de maneio (Inventários + Clientes – Fornecedores)
• Despesas de capital: de reposição de capacidade; investimentos de expansão
• Custos afundados (os custos passados são irrecuperáveis; a questão em aberto é saber se os benefícios
excedem os custos residuais previstos até à conclusão do projeto)
• Custos financeiros (a taxa de atualização já reflete o custo de capital do projeto; não são incluídos os
custos financeiros na estimação do cash-flow operacional)
1.3. Custo de oportunidade do capital
Valor do dinheiro no tempo
Uma unidade monetária disponível hoje vale mais do que uma unidade monetária disponível amanhã. Ao
abdicar de consumir no presente, esperando pelo futuro, o agente económico exige uma recompensa que que
acrescerá no futuro à poupança efetuada. Portanto, um trabalho fundamental prévio a qualquer parecer sobre a
viabilidade de um projeto consiste em ajustar a unidades monetárias referidas a diferentes momentos do tempo,
de modo que possam ser posteriormente diretamente comparáveis entre si.
Valor atual de uma unidade monetária
Obtém-se multiplicando esse capital por um fator de capitalização menor que a unidade, consistente com o
facto de uma unidade monetária hoje valer mais do que uma unidade monetária disponível num período futuro.
Se um agente possui hoje uma unidade monetária e prescinde dela por um período, deixa de a poder aplicar e
perde a remuneração que receberia progresso a aplicação alternativa, trata-se de um custo de oportunidade.
1.4. Incerteza inerente aos fluxos financeiros futuros
Incerteza e risco
Uma das características associadas a um investimento real é a incerteza inerente a todos ou parte dos
fluxos financeiros que gerará. O modo como ultrapassa a tal debilidade é por via da noção de risco, que é
uma forma de operacionalização da incerteza contra o futuro. A incerteza está associada à existência de
probabilidades de ocorrência futuras que são desconhecidas, enquanto o risco tem subjacente estimativas
de tais probabilidades. Encontramo-nos em presença da noção de incerteza quando se tem consciência de que
determinado fluxo não é certo mas se desconhece a probabilidade da respectiva ocorrência. Se formulada uma
estimativa dessa probabilidade está a lidar-se com a noção de risco. O risco está associado, portanto, à
probabilidade de um fluxo financeiro futuro não ocorrer ou ocorrer em montante diferente do esperado.
Relação risco-retorno
Para aplicações alternativas com idêntico nível de remuneração esperada, um agente racional avesso ao
risco escolherá a que tiver associado um menor risco. Para todas as restantes situações, a racionalidade do
agente impõe que a opção por aplicações de mais elevado risco tenha associada expectativas de remuneração
que compensem o acréscimo do risco. Trata-se, portanto, de escolhas baseadas na racionalidade do agente

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e no seu perfil de risco. A incorporação da relação risco-retorno na análise de investimentos permitirá
ultrapassar a dualidade estrutural que esta tem pelo facto de existir incerteza quanto aos fluxos futuros. Quanto
maior for o risco associado aos fluxos do investimento, maior será esse custo e, por isso, dentro da
racionalidade que se reconheça ao agente, maior que será a compensação que vai exigir. Uma maior taxa de
atualização significa um menor valor atual de uma unidade monetária a receber no futuro.
𝑘 = 𝑟𝑓 + 𝑝𝑟é𝑚𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜, sendo 𝑘 a taxa de rentabilidade exigida pelo agente

2. Cálculo Financeiro
2.1. Valor Futuro do Dinheiro
A fórmula pode ser escrita como:
𝑉𝐹 = 𝐶0 × (1 + 𝑖)𝑛
𝐶0 : valor hoje (período zero)
𝑖: taxa de juro
𝑛: período
2.2. Valor Atual
A fórmula pode ser escrita como:
𝐶1
𝑉𝐴 =
1+𝑖
Capitalização
As empresas obtêm rendimentos que vão aplicar de dois modos:
• Uma parte, no consumo, adquirindo os bens e serviços necessários à satisfação das suas necessidades
• A parte restante, na poupança, que pode ter dois destinos: entesouramento ou investimento
Se o rendimento for entesourado, mantém-se sob a forma de moeda, ou seja, capital monetário
improdutiva. Se o rendimento for investido, o capital monetário torna-se produtivo, podendo o investimento
revestir duas formas:
• Se for aplicado em qualquer atividade económica, produzindo um lucro (de momento incerto), o capital
monetário transforma-se em Capital Económico
• Se for aplicado em qualquer atividade financeira, produzindo um juro (de montanate certo), o capital
monetário transforma-se em Capital Financeiro
O investimento financeiro traduz-se na aplicação de recursos monetários, na expetativa de obter, em
contrapartida, um benefício – o juro. Pode-se então concluir que o juro é a remuneração do capital
investido, ou seja, a importância recebida como retribuição, pela pessoa que cede o direito de utilização de
determinado capital a outra pessoa. O processo pelo qual um capital inicial produz juros, num determinado
período de tempo, denomina-se Processo de Capitalização.
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐴𝑐𝑢𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜 = 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠
𝐶𝑛 = 𝐶0 + 𝐽
𝐶𝑛 = 𝐶0 × (1 + 𝑖)

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Regime de Juro Simples
Os juros produzidos em cada período são excluídos do processo de capitalização. O capital que vence
juros é constante ao longo do processo.

Assim ao fim do primeiro período o juro produzido por:


𝑗1 = 𝐶0 × 𝑖
Como 𝑗1 sai do processo de capitalização, o capital que vence juros durante o segundo período é também
𝐶0 :
𝑗2 = 𝐶0 × 𝑖 e por analogia teremos para cada período n qualquer:
𝑗𝑛 = 𝐶0 × 𝑖, então o Juro total será igual:
𝐽 = 𝑛 × 𝐶0 × 𝑖
Regime de Juro Composto
Os juros produzidos em cada período não são excluídos do processo de capitalização. Estes juros são
adicionados ao capital vencendo também juros nos períodos seguintes. O capital que vence juros ao longo do
processo de capitalização não é constante, como no caso do regime de juro simples. O capital vai aumentado
sucessivamente ao longo do tempo (pelo efeito de adição no fim de cada período do juro produzido nesse
período respetivamente).
Esquematicamente teremos:

Assim ao fim do primeiro período o juro produzido é dado por:


𝑗1 = 𝐶0 × 𝑖, em que 𝑖 é a taxa de juro do período
Como 𝑗1 não sai do processo de capitalização, o capital que vence juros durante o segundo período é 𝐶0 + 𝑗1 :
𝐶1 = 𝐶0 + 𝑗1 = 𝐶0 × (1 + 𝑖)
O juro produzido no 2º período é dado por:
𝑗2 = 𝐶1 × 𝑖 = 𝐶0 × (1 + 𝑖) × 𝑖
e o juro produzido no 3º período é dado por:
𝑗3 = 𝐶2 × 𝑖 = 𝐶0 × (1 + 𝑖)2 × 𝑖
Por dedução matemática, para cada período n qualquer que seja, o juro produzido é dado pela seguinte
equação:
𝑗𝑛 = 𝐶0 × (1 + 𝑖)𝑛−1 × 𝑖
O capital acumulado ao fim de cada período é dado pela expressão:
𝐶𝑛 = 𝐶0 × (1 + 𝑖)𝑛

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Sendo o juro o acréscimo sofrido por um capital quando aplicado durante um certo período, o montante de
juros produzido durante n períodos de aplicação será, portanto:
𝐽 = 𝐶𝑛 − 𝐶0
= 𝐶0 × (1 + 𝑖)𝑛 − 𝐶0
= 𝐶0 × [(1 + 𝑖)𝑛 − 1]
Equivalência de taxas
Duas taxas:
• 𝑖 (taxa do período maior)
• 𝑖 ′ (taxa do período menor)
referentes a períodos diferentes, dizem-se equivalentes, quando aplicadas a um mesmo capital produzirem,
durante o mesmo prazo de tempo, o mesmo valor acumulado.
Taxas equivalentes em RJS
Sendo:
• 𝑖 = taxa do período maior
• 𝑖 ′ = taxa do período menor
• 𝑚 = período da taxa maior / período da taxa menor
𝑖 = 𝑖′ × 𝑚
𝑖
𝑖′ =
𝑚
Taxas equivalentes em RJC
Sendo:
• 𝑖 = taxa do período maior
• 𝑖 ′ = taxa do período menor
• 𝑚 = período da taxa maior / período da taxa menor
𝑖 = (1 + 𝑖 ′ )𝑚 − 1
1
𝑖 ′ = (1 + 𝑖 )𝑚 − 1
2.3. Rendas
Uma renda é definida como uma sucessão de capitais que vencem periodicamente ao longo do tempo.
Ao intervalo de tempo entre cada vencimento, isto é, o tempo que vai de um vencimento de capital até ao
vencimento imediatamente a seguir, denomina- se período da renda. Cada um dos capitais que se vence
periodicamente é o termo da renda.
Renda temporária inteira constante imediata
Quando os termos são constantes e em número finito, o seu período coincide com o período da taxa de
juro e o primeiro termo se vence um período após a negociação. Em vez de renda imediata também se pode
dizer, normal ou postecipada.
Valor atual
Ao cálculo do valor atual de uma renda com n termos iguais à unidade, à taxa i vamos atribuir a designação
de 𝑎𝑛̅|𝑖 em que n é o número de termos e i a taxa de juro.
Teremos portanto:
1 − (1 + 𝑖)−𝑛
𝑎𝑛̅|𝑖 =
𝑖

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E o Capital em dívida inicial será igual a:
𝐶 = 𝑇 × 𝑎𝑛̅|𝑖
em que T representa a prestação a pagar periodicamente.
Valor acumulado
Ao cálculo do valor acumulado de uma renda com n termos iguais à unidade, à taxa i vamos atribuir a
designação de 𝑠𝑛̅|𝑖 em que n é o número de termos e i a taxa de juro.
Teremos pois:
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
𝑠𝑛̅|𝑖 =
𝑖

3. As Demonstrações Financeiras
O Triângulo Financeiro
Como os três ângulos de um triângulo, os mapas de estudo da situação financeira são indissociáveis. A
mudança de um dado num dos mapas implica a mudança em pelo menos um dos outros dois mapas.

Demonstração de Resultados
A análise da demonstração de resultados permite responder à questão de saber se uma empresa ganhou
ou perdeu dinheiro durante um dado período.
Recapitula:
• os rendimentos do volume de negócios (vendas) realizado num período;
• os gastos associados a esse volume de negócios.
𝑹𝒆𝒏𝒅𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐𝒔 − 𝑮𝒂𝒔𝒕𝒐𝒔 = 𝑳𝒖𝒄𝒓𝒐/𝑷𝒓𝒆𝒋𝒖í𝒛𝒐

Balanço
O balanço é uma fotografia da situação financeira de uma empresa num dado momento. Esta fotografia
refere-se:
• ao fim do ano;
• ao fim de cada trimestre;
• ao fim de cada mês;

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• a qualquer outro momento.
É útil comparar dois ou mais balanços para analisar as mudanças ao longo do período que os separa.
1º Membro: Ativo
Resume os Bens e os Direitos da Empresa. Recapitula o que a empresa possui: equipamentos, edifícios,
stocks, créditos sobre clientes, dinheiro, etc.
2º Membro: Capital Próprio + Passivo
Revela quais são as fontes de financiamento da empresa, ou seja, onde obtêm os fundos necessários à sua
actividade
Passivo: Recapitula tudo o que a empresa deve a fornecedores, bancos, etc
Capital Próprio: Resume o capital dos sócios

A análise da situação financeira deve incluir não só o valor das rubricas, mas também, a comparação do
grau de liquidez dos elementos do Activo com o grau de exigibilidade dos elementos do Passivo.

Balanço Funcional
Ciclo Longo

Ciclo de Exploração

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Geral

Fórmulas
𝐹𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑛𝑒𝑖𝑜 (𝐹𝑀) = 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 − 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙 (𝐿𝐺) =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝑁𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑐𝑖𝑐𝑙í𝑐𝑎𝑠 (𝑁𝐶) = 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠 + 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 + 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑒 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑝ú𝑏𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠
𝑅𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑠 𝑐𝑖𝑐𝑙í𝑐𝑜𝑠 (𝑅𝐶) = 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 + 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑒 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑝ú𝑏𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠
𝑁𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑛𝑒𝑖𝑜 (𝑁𝐹𝑀) = 𝑁𝐶 − 𝑅𝐶
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 (𝐼𝐶𝐶) = ∆𝑁𝐹𝑀

𝑁𝐹𝑀(ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑜 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟) = ∑ 𝑁𝐹𝑀

𝑇𝑒𝑠𝑜𝑢𝑟𝑎𝑟𝑖𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎(𝑇𝐿) = 𝐴𝐶 − 𝑁𝐶 − (𝑃𝐶 − 𝑅𝐶)


𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 = (𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 + 𝐼𝑉𝐴) × 𝑃𝑀𝑅
𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 × 𝑃𝑀𝑃
𝑆𝑡𝑜𝑐𝑘
𝑃𝑀𝐼 =
𝐶𝑀𝑉𝑀𝐶
𝐶𝑀𝑉𝑀𝐶 = 𝐸𝑥𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑖𝑠 + 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 − 𝐸𝑥𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑖𝑠
Exempo: CAPEX = 100.000€, quanto tenho de investir? 123.000€ c/ IVA

4. Capital Investido
4.1. Noção de capital investido
O capital investido deve ser entendido como um montante monetário que é necessário afetar para
implementar o investimento e garantir as adequadas condições de funcionamento das atividades
operacionais que lhe estão associadas. Como as necessidades de fundo de maneio são imprescindíveis ao
funcionamento da empresa e implicam a afetação de meios financeiros, elas têm de ser consideradas como parte
do capital investido. Este acordo incluirá, por conseguinte, duas componentes principais:
• Capital físico (CAPEX): montante afeto à aquisição ou construção dos bens de investimento tangíveis
e intangíveis
• Necessidades de Fundo de Maneio (NFM): montante afeta ao financiamento do ciclo operacional
No final da vida útil do investimento, uma parte ou a totalidade deste pode vir a ser recuperada ou capital
(valor) residual. Em geral, o investimento em capital físico tem lugar no início da vida do projeto, podendo, no
entanto, ocorrer também ao longo de vários períodos. As necessidades de fundo de maneio, sendo função do
nível de atividade, tenderão a ser ajustadas em cada período. O valor residual, por sua vez, existindo, é
recuperado no final da vida do investimento.

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4.2. Capital físico
O capital físico compreende os investimentos em ativos fixos – terrenos, edifícios, equipamentos,
licenças, trespasses – adicionados de todos os encargos suportados até a entrada em funcionamento desses
ativos líquidos de eventuais descontos obtidos.
1. As despesas de montagem, transporte, ensaios de arranque, seguros, direitos aduaneiros pagos na
importação, etc
2. Havendo utilização de capital alheio para financiar a construção desses ativos, o custo do investimento
incluirá também os juros e comissões inerentes ao uso de tais capitais até a entrada em atividade dos
bens
3. Os ativos que a empresa utiliza por virtude de contratos de leasing financeiro
4. Os gastos a suportar ao longo ou no fim da vida do investimento com a recuperação paisagística ou
ambiental do local da atividade inerente ao projeto
4.3. Gastos afundados
São os custos suportados pela empresa na fase de preparação do investimento e que não serão
recuperáveis caso este não venha assim implementado. Tais gastos têm a particularidade de não serem
afetados pela decisão de aceitar ou rejeitar o investimento. Sendo iguais para a empresa com projeto e sem
projeto, em termos incrementais o seu valor é no e por isso não são de considerar como capital investido.
4.4. Necessidades de fundo de maneio
O ciclo de exploração operacional da empresa demora tempo a completar. A empresa adquire mercadorias
ou matérias que não vai vender ou consumir de imediato e, portanto, têm de ficar imobilizadas durante algum
tempo. À medida que vão sendo consumidas, têm de ser substituídas, o que significa que a empresa terá de
manter em permanência um determinado volume de inventários que evite potenciais rupturas de
fornecimento. Tais inventários são pagos aos respetivos fornecedores e, por isso, a empresa tem de mobilizar
meios no respetivo financiamento. A empresa faz vendas, mas não recebe respectivo pagamento imediato, isto
é, em geral, tem de conceder crédito aos seus clientes. E quando esses clientes pagarem entretanto outros já
obtiveram um crédito crédito e, por isso, a empresa irá manter em permanência um titular montante de crédito
concedido. Trata-se, pois, de uma verdadeira imobilização que também tem de ser financiada. A empresa
também poderá usufruir do crédito concedido pelos seus fornecedores, não pagando de imediato as compras
que efetua. Vai efetuando pagamentos, mas também vai obtendo mais crédito e, por isso, usufruirá sempre num
determinado montante de crédito fornecedores. Obterá, desse modo, um montante de crédito que irá manter em
permanência. Nesse caso, esse montante não precisa de ser financiado, mas constitui ele próprio um
financiamento feito da empresa por parte dos seus fornecedores. Adicionalmente, a empresa poderá necessitar
de possuir em permanência uma certa reserva de meios financeiros para evitar evitar potenciais rupturas de
tesouraria no decurso do ciclo normal da exploração.
São os montantes de fundos que a empresa necessita de aplicar para financiar o seu ciclo operacional,
isto é, para financiar o desfasamento temporal entre compras e vendas e entre vendas e recebimentos.
𝑁𝐹𝑀 = 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠 + 𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 − 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 + 𝑅𝑒𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎 𝑇𝑒𝑠𝑜𝑢𝑟𝑎𝑟𝑖𝑎
O capital (des)investido em NFM determinado período t é dado pela seguinte expressão, que reflete a
variação das necessidades de fundo de maneio relativamente ao período anterior:
𝐶𝐼(𝑁𝐹𝑀)𝑡 = 𝑁𝐹𝑀𝑡 − 𝑁𝐹𝑀𝑡−1
Componentes das NFM:
• Crédito concedido aos clientes: Prazo médio de recebimentos (PMR) vigente na indústria
• Crédito obtido de fornecedores: Prazo médio de pagamentos (PMP) vigente na indústria
• Volume de inventários: Prazo médio de inventários (PMI) vigente na indústria
4.5. Capital (valor) residual
O fim da vida de um investimento só por mero acaso coincidirá com uma situação de vazio em que tudo
tenha desaparecido e nada reste. Aquilo que é habitual é que remanesçam os equipamentos e outros ativos fixos

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utilizados pelo investimento que se possa ter de recuperar paisagistica ou ambientalmente, ou a local onde a
atividade teve lugar e que se recuperem as necessidades de fundo de maneio. Estas componentes têm de ser
consideradas na análise, um investimento sob a forma de fluxos financeiros. Ao valor desses ativos líquido das
responsabilidades e das despesas que seja necessário suportar com o desinvestimento, abatido de eventuais
impostos sobre as mais-valias dá-se nome de capital (valor) residual do investimento. Sempre que haja a
alineação de activos fixos, como acontece no âmbito da realização do valor residual, haverá que verificar
a existência de mais valias e tomar em consideração respetivo impacto fiscal. Quanto a este, várias situações
podem ocorrer consoante se trate de mais ou menos valias, exista matéria coletável o positiva ou negativa, os
projetos sejam de raiz ou incrementais.
𝑀𝑎𝑖𝑠 𝑣𝑎𝑙𝑖𝑎 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 − (𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑎𝑞𝑢𝑖𝑠𝑖çã𝑜 − 𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çõ𝑒𝑠 𝑎𝑐𝑢𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎𝑠)

5. Fluxos financeiros do investimento


O CFE (cash flow expoloração) é o fluxo financeiro gerado pela atividade de exploração do
investimento, incluindo impostos, após tomada em consideração dos encargos financeiros de
financiamento para permitir a análise numa ótica de rentabilidade total. A apresentação deste fluxo, que
agora se faz segue um processo dedutivo a partir da ideia base subjacente à análise de um investimento. A sua
viabilidade é aferida pelo confronto entre os recebimentos totais por ele gerados e os correspondentes
pagamentos totais.
Define-se o cash flow global (CFG) no período t como diferença entre os recebimentos e pagamentos
não financeiros associados ao investimento.
= 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑡 − 𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑡
Como há pagamentos e recebimentos que são relativos ao custo do investimento – por exemplo, o custo do
capital investido e o valor residual pode reescrever-se a expressão anterior do seguinte modo:
𝐶𝐹𝐺𝑡 = −𝐶𝐼𝑡 + 𝑉𝑅𝑡 + (𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜𝑡 − 𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜𝑡 )
Sendo os recebimentos e pagamentos de exploração, função das vendas, compras e gastos, poder-se-á
desenvolver a expressão de modo a torná-la mais informativa. Para isso, é necessário relembrar duas relações
contabilísticas básicas:
𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑡 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 (𝑀 + 𝑀𝑃 + 𝐹𝑆𝐸)𝑡 + 𝑂𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠𝑡 + (𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠𝑡−1
− 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠𝑡 )
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑡 = (𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 + 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜𝑠)𝑡 + 𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠𝑡−1 − 𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠𝑡
Obtém-se a seguinte expressão:
𝐶𝐹𝐺𝑡 = −𝐶𝐼𝑡 + 𝑉𝑅𝑡 + ((𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 + 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜𝑠)𝑡 + (𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠𝑡−1 − 𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠𝑡 ))
− (𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 (𝑀 + 𝑀𝑃 + 𝐹𝑆𝐸)𝑡 + 𝑂𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠𝑡 + (𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠𝑡−1
− 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠𝑡 ))
As compras de matérias-primas são função dos consumos efectuados para levar a efeito a produção
(ou das vendas). Pode, pois, definir-se uma relação explicativa do custo das mercadorias vendidas e das matérias
consumidas (CMVMC).
CMVMC𝑡 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 (𝑀 + 𝑀𝑃)𝑡 + 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠 (𝑀 + 𝑀𝑃) 𝑡−1 − 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠 (𝑀 + 𝑀𝑃)𝑡
Obtém-se a seguinte expressão:
𝐶𝐹𝐺𝑡 = −𝐶𝐼𝑡 + 𝑉𝑅𝑡 + ((𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑛𝑒𝑔ó𝑐𝑖𝑜𝑠)𝑡 + (𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠𝑡−1 − 𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠𝑡 )) − ((CMVMC𝑡
+ 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠(𝑀 + 𝑀𝑃)𝑡
− 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠(𝑀 + 𝑀𝑃)𝑡−1 )+𝑂𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠𝑡 + (𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠𝑡−1 − 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠𝑡 ))
Pode ser escrita como:
𝐶𝐹𝐺𝑡 = −𝐶𝐼𝑡 + 𝑉𝑅𝑡 + (𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑛𝑒𝑔ó𝑐𝑖𝑜𝑠𝑡 − 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜𝑡 ) − ∆𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠𝑡 − ∆𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠𝑡
+ ∆𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠𝑡
Sendo:

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−∆𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠𝑡 − ∆𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠𝑡 + ∆𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠𝑡 = −𝑁𝐹𝑀𝑡
e fazendo
𝐶𝐹𝐸(𝑐𝑎𝑠ℎ 𝑓𝑙𝑜𝑤 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜) = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑛𝑒𝑔ó𝑐𝑖𝑜𝑠𝑡 − 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜𝑡
pode reescrever-se a expressão anterior, como:
𝐶𝐹𝐺𝑡 = (−𝐶𝐼𝑡 + 𝑉𝑅𝑡 − ∆𝑁𝐹𝑀𝑡 ) + 𝐶𝐹𝐸𝑡
As componentes desta expressão permitem percecionar que o fluxo financeiro implica a tomada em
consideração as componentes do custo do investimento e das componentes associados à exploração do projeto.
Por outro lado, tendo em conta o modo como a expressão foi derivada a partir da diferença entre recebimentos
e pagamentos o CFE e não é negativamente afetado pelas componentes de gastos que não têm associadas um
pagamento, isto é, as depreciações (D), as imparidades (I) e as provisões do período (P). Portanto, partindo
resultado líquido previsional do período (RL), pode obter-se o CFE a partir da adição daquelas componentes.
No entanto, para que se esteja em presença de um fluxo financeiro que seja consistente com uma ótica de
rentabilidade total, é necessário corrigi-los dos encargos financeiros de financiamento (EEFin). Estes, embora
impliquem pagamento são adicionados ao resultado líquido para evitar distorções de análise relativa à estrutura
de capitais utilizada.
𝐶𝐹𝐸𝑡 = 𝑅𝐿𝑡 + 𝐷𝑡 + 𝐼𝑡 + 𝑃𝑡 + 𝐸𝐹𝐹𝑖𝑛𝑡
Outros fluxos financeiros
Fluxos de tesouraria
Trata-se de um agregado que inclui todos os recebimentos e pagamentos da empresa, mesmo os natureza
estritamente financeiro.
Free cash flow
Fluxo financeiro, que fica disponível após investimento para remunerar os acionistas e os financiadores
externos da empresa.
𝐹𝐶𝐹𝑡 = 𝑅𝐴𝐼𝐸𝐹𝑡 × (1 − 𝑇) + 𝐷𝑡 + 𝐼𝑡 + 𝑃𝑡 − 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑡
𝐶𝐹𝐺𝑡 = 𝑅𝑎𝑝ó𝑠𝐸𝐹𝑒𝐴𝐼𝑡 × (1 − 𝑇) + 𝐷𝑡 + 𝐼𝑡 + 𝑃𝑡 + 𝐸𝐹𝐹𝑖𝑛𝑡 − 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠𝑡

6. Métodos de Avaliação Convencionais


• Considerar o valor temporal do dinheiro
• Considerar o risco
• Centrados no fluxo de caixa
• Permitir a ordenação dos projetos
• Conduzir a decisões que maximizem a riqueza dos acionistas
6.1. Período de Recuperação do Capital (PRC) – Payback
O período de recuperação de um investimento é o número de anos necessários para recuperação do
investimento inicial. O período de recuperação é calculado pela soma dos fluxos de caixa anuais até o seu
total ser igual ao investimento inicial. A gestão determina o período máximo de recuperação aceitável.
Critério de decisão:
• Se o payback é maior do que o máximo período aceitável, o projeto é recusado;
• Se o payback é menor do que o máximo período aceitável, o projeto é aceite.
Vantagens do método:
• Simplicidade de cálculo
• Facilidade de compreensão
• Centrado no fluxo de caixa

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Desvantagens do método:
• Não avalia de forma adequada o valor temporal do dinheiro
• Não considera de forma adequada o risco
• Não considera o valor dos fluxos de caixa gerados para além do período de recuperação
• Não conduz a decisões de maximização do valor
6.2. Valor Atual Líquido (VAL) – NPV
Se o VAL for positivo significa que o investimento deve ser aceite, visto que contribuirá para
aumentar a riqueza dos detentores de capital. Em termos provisionais, os fluxos monetários líquidos gerados
pela implementação do investimento permitem reembolsar o capital investido e ainda deixam um excedente que
incrementa a riqueza dos promotores. Significa também que o investimento assegura aos investidores durante
toda a vida do mesmo, uma taxa de remuneração k que inclui um prémio de risco quando o ambiente é
caracterizado pela incerteza. Sendo igual a 0, o investimento é neutro em termos de efeitos sobre a riqueza.
Sendo negativo, o investimento deve ser em princípio, rejeitado. E diz-se, em princípio, pois razões,
estratégias podem levar algumas empresas a implementarem investimentos com um VAL dessa natureza.
Desvantagens:
• Não toma em consideração o montante do investimento
• Não controla diferenças na vida de investimentos que se pretendem comparar
Mede o aumento de riqueza proporcionado por um investimento em comparação com investimentos
alternativos. O aumento de riqueza é medido pela diferença entre o valor atual dos cash-flows gerados e o
investimento inicial.
𝑉𝐴𝐿 = 𝑉𝐴 − 𝐼0
O valor atual líquido de um investimento é igual ao valor atual dos cash-flows anuais menos o investimento
inicial. O VAL pode ser expresso como:
𝑇
𝐶𝑡
𝑉𝐴𝐿 = ∑ − 𝐼0
(1 + 𝑟)𝑡
𝑡=1
𝐶1 𝐶2 𝐶3 𝐶𝑁
𝑁𝑃𝑉 = 𝐶0 + + 2 + 3 + ⋯+
(1 + 𝑖) (1 + 𝑖) (1 + 𝑖) (1 + 𝑖)𝑁
O elemento-chave do VAL é a taxa de atualização ou de desconto.
𝑖 representa a rendibilidade mínima que o projeto deve atingir para satisfazer os investidores
𝒊 varia com o risco da empresa e/ou o risco do projeto
O critério de decisão do método do VAL é o seguinte:
se o VAL > 0 aceita; se o VAL < 0 rejeita
O método do VAL considera o valor temporal do dinheiro. O método de seleção dos investimentos é
consistente com o objetivo de maximização do valor. Beneficia da importante propriedade da aditividade do
valor: VAL(A+B) = VAL(A) + VAL(B). Ordena os projetos mutuamente exclusivos com base na escolha dos
que apresentam mais elevado VAL.
6.3. Taxa Interna de Rendibilidade (TIR) - IRR
A Taxa Interna de Rendibilidade (TIR) é a taxa de atualização que torna igual a soma do valor
atualizado dos cash flows ao valor do investimento inicial. Matematicamente, a taxa interna de rendibilidade
é definida como a taxa tal que:
𝑇
𝐶𝑡
𝐼0 = ∑
(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑡
𝑡=1

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O critério de decisão para a TIR é: Aceitar se TIR >= taxa de referência; e, rejeitar no caso
contrário
O método da TIR considera o valor temporal do dinheiro. Difícil e complicada de calcular porque pode
haver múltiplas TIR’s para um projeto. Possibilidade de conduzir a soluções contraditórias com o método do
VAL. Irrealismo da taxa de reinvestimento dos cash flows. Assenta no princípio do desconto dos cash-flows.
Mede a taxa de remuneração máxima que o projeto poderá proporcionar aos financiadores. A regra de
aceitação do investimento, segundo este modelo, implica que a TIR seja superior ao custo de capital
exigido pela empresa. Uma TIR inferior levará à recusa de um investimento, uma TIR nula será sinónimo
de indiferença.
Desvantagens:
• Não é informativa sobre a dimensão do projeto
• Não toma em consideração a vida útil do projeto
6.4. Índice de Rendibilidade (IR) - pi
O índice de rendibilidade é o rácio entre o valor atual dos cash-flows com o investimento inicial. Este
indicador pode ser definido pela seguinte expressão:
𝐶𝑡
∑𝑇𝑡=1
(1 + 𝑟)𝑡
𝑝𝑖 =
𝐼0
O critério de decisão para o método pi é o seguinte: critério de decisão para o método pi é o
seguinte: se pi > 1 então aceita; o inverso rejeita

7. Financiamento do investimento
7.1. Decisões de investimento e decisões de financiamento
Capitais próprios e capitais alheios
Os capitais alheios caraterizam-se por corresponderem a um tipo de financiamento cujo reembolso e
remuneração futuros estão previamente definidos de forma contratualizada e relativamente certa. Por
outro lado, em circunstâncias normais os financiadores por capitais próprios têm poder limitado sobre a
administração da empresa que estão a financiar. O financiamento por capitais próprios pressupõe que os
investidores que o praticam prescindem do direito ao reembolso futuro e a uma remuneração fixada
contratualmente, ganhando em contrapartida um direito de voto nas assembleias gerais que nomeiam a
administração das empresas. A remuneração dos investidores por capitais próprios será sempre muito mais
incerta do que a dos financiadores dependerá dos resultados futuros da empresa, sendo sempre residual (a
empresa só pode pagar dividendos que remunerem os capitais próprios, após ter satisfeito, em primeiro lugar,
os compromissos perante os credores).
Fontes externas:
• Clientes
• Fornecedores
• Bancos
• Mercado financeiro
• Capital de risco
• Leasing
Fontes internas:
• Autofinanciamento
• Acionistas

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7.2. Conceito de custo de capital
O custo do capital é a taxa que a empresa deve ganhar nos seus investimentos para satisfazer a taxa
de rendibilidade exigida pelos investidores. O Custo Médio Ponderado do Capital (CMC) ou weighted
average cost of capital (WACC) é igual ao custo de cada fonte de financiamento (empréstimos, obrigações,
capital próprio) multiplicado pela percentagem de financiamento fornecida por cada uma das fontes.
𝑪𝑨 𝑪𝑷
𝑾𝑨𝑪𝑪 = × 𝑲𝒂 × (𝟏 − 𝒕) + × 𝑲𝒑
𝑪𝑻 𝑪𝑻
Determinar o custo do capital de cada fonte financiamento. Determinar a percentagem de cada fonte de
financiamento a usar no financiamento dos investimentos futuros. Com base no custo de cada fonte e na sua
percentagem na estrutura de capital, calculadas nas fases anteriores, determinar WACC.
7.3. Custo de capital do investimento
𝐶𝐴
Financiamento por capitais alheios: custo de 𝑘𝑑 e peso 𝑤𝑑 = 𝐶𝐴+𝐶𝑃
𝐶𝑃
Financiamento por capitais próprios: custo de 𝑘𝑠 e peso 𝑤𝑠 = 𝐶𝐴+𝐶𝑃

O custo médio ponderado do capital corresponderá, então a:


𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑤𝑠 𝑘𝑠 + 𝑤𝑑 𝑘𝑑
O custo de tais capitais (juros) é considerado um gasto fiscal, com efeito negativo sobre o resultado da
empresa e o imposto sobre o rendimento a pagar. Sendo T a taxa marginal de imposto sobre lucros, o custo
médio ponderado de capital poderá ser reescrito de forma a ter em conta essa poupança fiscal:
𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑤𝑠 𝑘𝑠 + 𝑤𝑑 𝑘𝑑 (1 − 𝑇)
Custo do Capital Alheio
O cálculo do custo do capital alheio é, regra geral, efetuado através da aplicação das regras de matemática
financeira. Passa por se estimar a taxa de juro efetiva de um determinado financiamento.
𝑲𝒂 = 𝑲𝒏 + 𝑲𝒙 + 𝑲𝒋
𝐾𝑛 = Custo nominal (taxa de juro nominal)
𝐾𝑥 = Custos explícitos (despesas diversas, spreads, impostos, despesas com garantias, etc.)
𝐾𝑗 = Custos implícitos (acréscimo do 𝐾𝑛 devido ao aumento do endividamento)

Custo do Capital Próprio


Capital Asset Pricing Model (CAPM)
𝑅𝑒 = 𝑅𝑓 + 𝛽(𝑅𝑚 − 𝑅𝑓 )
Neste caso, é importante conhecer as expectativas de rentabilidade mínima exigida pelos acionistas. Como
diferentes empresas têm diferentes níveis de risco, não basta olhar para o retorno de mercado (𝑅𝑚 ), ou seja, a
rentabilidade média é obtida pelo investimento em ações no passado. Há que fazer uns um ajustamento que
tenha em conta a classe de risco de cada investimento concreto.
𝑘𝑆𝑖 = 𝑟𝑓 + 𝑝𝑟é𝑚𝑖𝑜 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜
𝑝𝑟é𝑚𝑖𝑜 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 = (𝑟𝑀 − 𝑟𝑓 )𝛽𝑖
𝑐𝑜𝑣(𝑟𝑖 , 𝑟𝑀 )
𝛽𝑖 = 2
𝜎𝑀

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𝛽𝑖 reflete a variabilidade da rentabilidade das ações da empresa i face à rentabilidade da carteira de mercado
2 é a variância da rentabilidade da carteira de
(𝑟𝑀 ). O beta reflete, assim, o risco associado à empresa i. 𝜎𝑀
mercado, que é por definição uma carteira totalmente diversificada.
Modelo de Gordon
𝐷1
𝐾𝑝 = +𝑔
𝑉0
Fluxo Definição do WACC
CFG 𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑤𝑑 𝑘𝑑 + (1 − 𝑤𝑑 )𝑘𝑠
FCF 𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑤𝑑 𝑘𝑑 (1 − 𝑇) + (1 − 𝑤𝑑 )𝑘𝑠
Ponderadores
𝐶𝐴
𝑤𝑑 =
(𝐶𝐴 + 𝐶𝑃)
𝐶𝑃
𝑤𝑠 =
(𝐶𝐴 + 𝐶𝑃)
7.4. Utilização do WACC nas Decisões de Investimento

7.5. O Nível do Financiamento e o WACC


Efeito de novos financiamentos sobre o custo do capital
• O aumento dos capitais através da entrada de novos accionistas aumenta o WACC porque o capital
externo tem um maior custo do que o capital próprio gerado internamente.
• Quando aumenta o nível do capital alheio, o seu custo pode aumentar, o que pode provocar acréscimos
do WACC.

8. Risco
8.1. Decisões de investimento em contexto de risco
As decisões de investimento são decisões previsionais sobre situações que se verificarão no futuro.
Relativamente a situações futuras ninguém pode ter a certeza que determinado acontecimento se verificará
(Barros, 2002). Sendo o cash-flow previsional um acontecimento futuro, tanto pode assumir o valor previsto
como outro qualquer. Face à ignorância sobre qual será efetivamente o resultado futuro do cash-flow, dever-se-
á ter em consideração o risco e incerteza associado a ele. O risco é descrito como “a possibilidade de perda,
levando em conta a variação provável do cash-flow futuro”. O risco pode ser medido como uma medida de
ocorrência de eventos futuros quando a probabilidade for mensurável. Marques (2014) apoiou essa visão
afirmando que esse risco ocorre quando não se sabe qual o resultado futuro, mas pode-se lhe atribuir
probabilidades.

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O risco envolvido difere substancialmente de projeto para projeto, o que condiciona também o nível de
rendibilidade a exigir. Assim, quanto maior for o risco, maior é a expectativa de ganhos elevados, porque
os investidores pretendem ser remunerados pelo risco adicional que assumem nos seus investimentos. A análise
e avaliação de projetos de investimento depara-se com dois tipos essenciais de risco: o risco económico e
o risco financeiro. O risco económico tem a ver com os acontecimentos que afetam os resultados
operacionais e o ciclo de exploração da atividade. Este tipo de risco depende de variáveis associadas ao
negócio da empresa, onde se podem destacar duas vertentes: comercial (produtos finais e fatores de produção)
e tecnológica (inerente à tecnologia escolhida e à eficácia na sua utilização). Por outro lado, o risco financeiro
está associado a problemas de curto prazo (liquidez) ou à degradação da estrutura financeira da empresa
no médio e longo prazo (solvabilidade). Está relacionado com a contratação de dívidas que consumam o
resultado criado ou que afetem a estrutura financeira da empresa.
8.2. Análise de Sensibilidade
Uma forma de analisar os possíveis resultados de um investimento é por meio da análise de sensibilidade,
que estuda o efeito que a alteração de uma variável de entrada (input) pode ocasionar nos resultados finais
(outputs). A análise de sensibilidade pretende determinar o efeito que a alteração de uma variável poderá
provocar nos rendimentos e gastos operacionais, usados para estimar os cash-flows, mantendo-se para todas
as outras variáveis os valores inicialmente estimados. Este método consiste em analisar as simulações
possíveis para diferentes variáveis económicas ou financeiras que constituem maior incerteza no futuro,
identificando os fatores mais importantes para a criação de valor. Por exemplo diminuir as vendas em 10%,
aumentar os gastos com o pessoal em 5%, etc. A análise de sensibilidade demonstra o impacto que tais variações
têm sobre a criação de valor do investimento, medida pelo VAL e a TIR.
8.3. Análise de Cenários
A análise de cenários é uma variante da análise de sensibilidade. Esta análise estuda o impacto de uma
série de cenários diferentes que o projeto pode vir a deparar-se no futuro, considerando, entretanto, as
relações entre as variáveis e suas mudanças simultâneas. É uma técnica de análise de risco em que as séries
de circunstâncias financeiras, boas e más, são comparadas com uma situação mais provável. Quando uma
empresa elabora um projeto de investimento, devem ser construídos vários cenários que se baseiem na análise
do ambiente externo e nas competências internas, que procuram descrever determinadas situações no futuro e
que coloquem o foco nas variáveis críticas. Assim, a análise de cenários não consiste apenas em modificar
algumas variáveis mantendo as restantes constantes, mas sim, reformular todo o estudo de modo a considerar
como é que o projeto tenderia a evoluir considerando a possibilidade de uma evolução de mercado favorável
e/ou desfavorável, verificando-se o impacto nos indicadores de avaliação.

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