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Universidade Politécnica

A POLITÉCNICA

Engenharia Económica

Capitulo II – Avaliação Económica de Investimentos

2.1. Tipos de Avaliação de Projectos

A avaliação do projecto pode e deve fazer-se relativamente a diferentes aspectos


relevantes, dando origem a diferentes tipos de avaliação, a saber:

1) Avaliação Financeira do projecto de investimento – segundo Mithá (2008) –


“é o estudo de apoio a tomada de decisão por parte do investidor (o detentor do
capital próprio necessário ao projecto) e dos financiadores (os detentores do
capital alheio) do projecto”. É a avaliação mais importante para projectos
privados. Em geral, a avaliação financeira incorpora a avaliação; Técnica,
comercial e avaliação institucional.

Avaliação Técnica – consiste na análise dos aspectos técnicos,


engenneering e o design das instalações e equipamentos do projecto,
estimando os custos de investimento e os custos operativos da construção
e operação do projecto. Constitui elemento da avaliação financeira.

Avaliação Comercial – trata das condições de compra de bens e


serviços necessários a implementação do projecto e das condições de
venda (marketing) na fase de operação do projecto. E uma avaliação que
envolve em geral, um estudo de mercado, que identifica os clientes e os
concorrentes. As quantidades e preços das vendas, da conta de
exploração previsional do projecto, assim como o fundo de maneio, são
determinantes para a avaliação comercial. Tal como a avaliação técnica,
a comercial constitui parte da avaliação financeira.

Avaliação Institucional – trata de questões relacionadas a gestão do


projecto em particular, o sistema de gestão e o tipo de organização do
pessoal a adoptar na fase de construção e na fase de operação. É
igualmente uma avaliação incorporada na financeira do projecto.

2) Avaliação Económica e Social – segundo Mithá (2008) – “ A avaliação


económica e social do projecto de investimento é o estudo de apoio à tomada de
decisão publica em relação ao projecto”. Em geral distingue-se da avaliação

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económica, com o objectivo de maximizar o bem-estar social da avaliação social
com objectivo de medir o impacto de determinada acção sobre aspectos sociais.

A avaliação económica é um tipo de avaliação que justifica numa economia de


mercado apenas quando o projecto é um projecto público ou quando sendo um projecto
privado é parcialmente financiado com fundos públicos. Esta avaliação faz-se em
termos da rendibilidade financeira, mas principalmente em função da contribuição do
projecto para o bem-estar da população ou da contribuição do projecto para os
objectivos da politica económica nacional.

Este é um tipo de avaliação que se efectua independentemente da avaliação financeira,


não obstante na maior parte das vezes esta avaliação ser feita posteriormente a
financeira.

A Avaliação Social: a avaliação social de projecto de investimento, analisa a


contribuição do projecto para objectivos sociais, designando-se por vezes por impacto
social. Exemplos de avaliação social:
 A distribuição de rendimento;
 A fixação da população no território;
 A melhoria das condições de vida, em particular da nutrição, saúde, educação e
aspectos culturais da população relacionada com o projecto.

 Índice de Desenvolvimento Humano (índice utiliza certos critérios de avaliação;


renda, longevidade e educação) para medir o desenvolvimento humano em
alguns países africanos, levado a cabo pelo Programa das Nações Unidas.

A avaliação social é independente quer da avaliação económica quer da avaliação


financeira, podendo contudo estar associada a estes tipos de avaliação.

3) Avaliação Ambiental: A avaliação ambiental do projecto avalia as implicações


em termos do meio ambiente fisico devido ao projecto, focando em particular
aspectos relacionados a poluição. Trata-se de uma avaliação independente dos
tipos de avaliação acima referidos, estando no entanto, em geral, associado a
avaliação financeira. É igualmente designado por impacto ambiental.

A avaliação financeira é a “mãe” de todas as outras avaliações já que o seu algoritmo de


suporte, designado por orçamento de capital constitui a infra-estrutura de todas as outras
formas de avaliação.

2.2. Avaliação Financeira do Projecto de Investimento

3.2. Indicadores de Avaliação Financeira de EI:


 Valor Actual Liquido:
 Taxa Interna de Retorno;
 Período de Recuperação de Investimentos (Payback);
 Índice de Rendibilidade dos Investimentos

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O processo de tomada de decisão de um investimento deve fundamentar-se no objectivo
fim da empresa, que é a maximização da riqueza dos proprietários, conciliando a
relação entre risco e retorno no fluxo de caixa descontado. Em outras palavras, devem
ser aceites projectos cujos valores presentes dos benefícios (ingressos de recursos)
sejam superiores aos valores presentes dos custos (desembolsos de recursos), como se
segue. Se isto ocorrer, a organização estará caminhando de acordo com a lógica de
agregação de valor.

I. Valor Actual Liquido/ Valor Presente Liquido

Segundo Casarotto e Kopittke (1998) o VPL é descrito, algebricamente, como o


somatório dos fluxos de caixa descontados do projecto em análise. Como temos que
considerar o valor do dinheiro no tempo, não se pode somar directamente os fluxos de
caixa envolvidos sem antes ajustá-los a uma taxa de desconto.

Vantagens:

 É uma medida absoluta de valor;


 Evidencia uma noção do risco envolvido;
 Considera o valor do dinheiro no tempo;
 É consistente com o objectivo das organizações;
 Considera todos os fluxos de caixa envolvidos.
Desvantagem:

 É normalmente problemática a determinação segura da taxa de actualização mais


apropriada, sendo este um inconveniente tanto mais importante uma vez que o
VPL é muito sensível à taxa utilizada;

 O pressuposto da constância no tempo da taxa de actualização pode não ser


realista, pois o custo do capital varia no tempo, assim como as taxas para as
aplicações alternativas variam no tempo com as condições dos mercados
financeiros;

 O pressuposto de que os fluxos intermédios serão reinvestidos ou financiados à


mesma taxa pode não ser realista pois depende das condições futuras do
mercado de capitais, assim como das alternativas de investimento que poderão
surgir no futuro;

 O VPL assume implicitamente que é necessário decidir em permanecer ou


desistir do investimento, no entanto, esse pressuposto não é realista, pois a
decisão pode ser adiada a fim de se obter informações adicionais. Para contrariar
esta desvantagem deve ser utilizada a avaliação de opções reais;

 O método do VPL fornece valores absolutos, o que se traduz em consequências


imediatas: é impossível estabelecer um valor normativo diferente de zero para o
VPL abaixo do qual os projectos não deverão ser aprovados. Para isso, é preciso
estender o valor presente líquido com a avaliação de opções reais;

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 O método não é conclusivo quando é aplicado a projectos alternativos com vidas
económicas substancialmente diferentes.

Formula
VPL = ΣCFn/(1 + i)n
Onde:
i = taxa de desconto dos fluxos de caixa;
n = número de períodos de fluxo de caixa;
CFn = fluxo de caixa de ordem “n” , representando as entradas e saídas de
recursos do projecto em análise.

Critério de aceitação: São aceites os investimentos com valor presente líquido maior ou
igual a zero.

Aceite-se o projecto se o VPL é positivo, o maior VPL é o melhor.


Aceitar o projecto sempre que o seu VPL >0, e rejeitar o projecto sempre que VPL<0.
Quando VPL =0 o empresário também deve rejeitar o projecto, visto que a lucratividade
do projeto é igual à taxa mínima requerida.

II. Taxa Interna de Retorno


Casarotto e Kopittke (1998) definem a TIR como sendo a taxa de desconto que
faz com que o valor presente dos ingressos de recursos seja igual ao valor
presente dos desembolsos. Ela expressa a rentabilidade efectiva (quando o projecto for
de investimento), ou o custo efectivo (quando o projecto for de financiamento). O Valor

Actual Líquido (VAL) de um projecto diminui à medida que a taxa de actualização


aumenta

• A Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) de um projecto é a taxa para a qual o VAL é


nulo

Formula

 TIR = a+b x c/d


 Onde; a= a taxa que da VPL positivo
 b= a diferença entre as 2 taxas usadas
 c= VPL positivo
 d= somatório absoluto dos 2 VPL’s sem tomar em conta os sinais

Critério de aceitação:

1. São aceites investimentos com a taxa interna de retorno maior ou igual a taxa
de desconto;

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 Assim, se a TIR for maior que a taxa de juros k, o VPL será positivo. De outro
modo que, se a TIR for menor que a taxa de juros k, o VPL será negativo.

 Representa rendimentos de uma oportunidade de Investimento


 Aceita-se o Projecto com maior TIR. O TIR deve ser maior de que o custo de
capital.
 Sempre que a TIR > k, podemos concluir que:
 O projeto foi recuperado
 O projeto foi remunerado com a taxa mínima requerida k
 O projeto gera um lucro excedente igual ao VPL.
Vantagens:
1. Medida relativa de valor permitindo a comparação com outras taxas;
2. Excelente critério de aceitação.

Desvantagens:

1. Difícil cálculo para quem não possui calculadoras financeiras ou computadores;

2. É critério de difícil classificação, dado que em comparações de projectos há a


possibilidade de ocorrência de situações onde o projecto de maior TIR
tenha menor VPL. Neste caso, a melhor alternativa é o VPL, que representa
uma medida absoluta de valor em moeda (MT);

3. Há situações onde se encontram múltiplas taxas internas de retorno. Neste caso,


a TIR não tem significado. Deve-se utilizar o VPL para se tomar a decisão;

4. Também há situações onde não se obtém nenhuma taxa interna de


retorno. Novamente, devemos recorrer ao VPL.

III. Índice de Lucratividade (IL)

Muitas vezes temos de escolher entre projectos com diversas magnitudes e o


valor presente líquido não permite que haja uma classificação em termos de
rentabilidade por ser ele um valor absoluto. O índice de lucratividade foi concebido para
que mantendo todas as hipóteses da construção teórica do valor presente líquido
obtivéssemos uma medida relativa.

Quando o IL é igual a unidade, o investimento está gerando em sua vida útil o retorno
mínimo exigido pelos investidores internos e externos, ou seja, o retorno é igual ao
custo do capital. O excesso do IL em relação a unidade representa o retorno obtido
além do custo de capital.
 Comparação de projetos com durações diferentes
 Tempo necessário para os recebimentos cobrir o investimento inicial.
Formula.
IL = (Valor Presente Liquido + Investimento Inicial) / investimento inicial.

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Critério de aceitação:
São aceites investimentos cujo índice de lucratividade seja maior ou igual a um.
Correspondência entre o IL e o VPL:
 VPL maior que 0 ⇒IL maior que 1
 VPL igual a 0 ⇒IL igual a 1
 VPL menor que 0 ⇒IL menor que 1
Vantagens e desvantagens
As vantagens e desvantagens deste indicador são as mesmas do VPL excepto que um é
absoluto e o outro relativo.

IV. Payback Ou Período de Recuperação de Investimento (PRI)

Este critério de análise determina o número de períodos que um determinado


investimento demora para se pagar ao investidor, ou seja, é o tempo de
recuperação do investimento.

Formula

Payback = a+b/d
Sendo:

a = o numero de anos em que o cash flow descontado acumulado é positivo;

b = o último cash flow descontado acumulado;

c = o cash flow bruto do mesmo ano

Critério de aceitação:

São aceites investimentos cujo período de payback seja menor ou igual ao


período máximo aceite pelos investidores.

Vantagens:
1. É de fácil aplicação;
2. Sua interpretação é simples;
3. Dá uma noção de risco do projecto;
4. Trabalho com base nos fluxos de caixa e não lucro.

Desvantagens:
1. Despreza os fluxos de caixa após o payback;
2. Não necessariamente o projecto de menor payback é o mais rentável.
3. Cálculo para fluxos constantes.

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