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AULA 2
ECONÔMICO-FINANCEIRA DE PROJETOS
Alguns projetos não são definidos tão facilmente. Em alguns casos você não tem uma boa ideia
em relação aos custos e aos benefícios. E mais, você poderá não saber se o projeto é
tecnicamente viável. Nesses casos uma abordagem mais detalhada é necessária: o estudo de
viabilidade.
Um estudo de viabilidade é utilizado para fornecer muito mais diligência e compreensão sobre
o projeto, e se o mesmo é praticável e viável. Na verdade, o estudo de viabilidade poderá ser
considerado um projeto em si. Poderá requerer o documento termo de abertura do projeto e um
cronograma e poderá necessitar ser gerenciado como um projeto pequeno. Por outro lado, o
estudo de viabilidade poderá ser apenas uma análise mais detalhada sobre a viabilidade do
projeto e não requerer uma estrutura igual à de um projeto pequeno.
Técnico. O projeto é viável em termos técnicos? Se for, indique todos os riscos técnicos
associados ao projeto.
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condições financeiras para executar o projeto, mas não ter todos os membros da equipe livres
para isso.
Político. Há algum problema político interno (ou externo) que torne inviável este projeto?
Análise de custo/benefício (em um nível macro). Incluir uma análise de custo/benefício que
considere as expectativas de retorno e custos ao longo de um tempo preestabelecido. O
objetivo de uma análise de custo/benefício é quantificar cada custo e cada benefício, mesmo
aqueles denominados intangíveis ou ocultos. Normalmente, a análise de custo/benefício
representa custos e benefícios incrementais. O resultado financeiro mais útil de uma análise de
custo/benefício é a representação de um sumário do fluxo de caixa ao longo do tempo.
premissas (suposições);
riscos;
o modelo financeiro que foi utilizado;
benefícios estimados;
custos estimados;
alinhamento dos objetivos às estratégias da empresa;
urgência;
consequências se não for executado no período planejado.
Gerenciando projetos
Geralmente nos deparamos com dois tipos de projetos: os que devem ser feitos e os que
podem ser feitos.
Na primeira opção, apenas é cabível a missão de realizar o projeto da melhor maneira possível,
pois não há possibilidade de não executá-lo. Projetos dessa natureza são geralmente
selecionados por uma gestão de portfólio, a qual detecta a impreterível necessidade do produto
desse trabalho. A urgência e o alto grau de necessidade inibem o custo como driver (foco) do
projeto, dando lugar ao escopo e ao tempo. Muitas vezes o prejuízo ou a falta de possibilidade
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de medição do ROI (return of investment), que seriam itens de extrema preocupação e análise
em projetos em que o driver é igual a custo, deixam de ser empecilhos da viabilidade para
serem detalhes de um intuito maior. Parafraseando Maquiavel no livro O príncipe, poderíamos
dizer que “os fins justificam os meios”.
Mudando completamente o cenário para a segunda opção (projetos que podem ser feitos), é
oportuna no mínimo a pergunta: “Vale a pena investir nesse projeto?” Projetos dessa natureza,
em que um estudo de viabilidade precisa ser feito, levam em si o sentido puro da palavra
inglesa project, que em português significaria empreendimento. Independentemente do produto
de um empreendimento, o intuito do sponsor (patrocinador do projeto) é o ROI financeiramente
palpável. Certamente o sponsor retirará um valor aplicado em algum lugar para investir no
projeto. Sendo assim, conclui-se que ele espera no mínimo um lucro maior do que o concebido
na aplicação atual. Nesse contexto, cabe expor algumas técnicas de análise de viabilidade de
projetos.
1) Payback simples
O payback simples mede o tempo de retorno do investimento, ou seja, o tempo em que o lucro
líquido acumulado se iguala ao valor do investimento. É uma técnica muito simples e não leva
em consideração diversos fatores, como a taxa de juros e a inflação. Além de não considerar o
valor do dinheiro no tempo, o payback simples atua apenas sob um fluxo de caixa constante,
que na prática é raro.
2) Payback descontado
É um dos métodos mais utilizados. Traz a valor presente todos os fluxos de caixa referentes a
aplicações e retiradas do projeto (não há necessidade de o fluxo ser constante). Também
considera o risco do projeto por meio da taxa de desconto. Um VPL positivo indica um projeto
com lucro. Um VPL negativo indica prejuízo. E um VPL igual a zero significa que o projeto se
paga (sem lucro, mas também sem prejuízo). O resultado do VPL é o valor financeiro, ou seja,
se positivo indica de quanto é o lucro e se negativo de quanto é o prejuízo.
A TIR é uma taxa que representa o valor do projeto. Enquanto o VPL utiliza os fluxos de caixa e
uma taxa de juros para calcular o valor do dinheiro no tempo, a TIR apenas considera o fluxo
de caixa puro (não considera nenhuma taxa no fluxo). A TIR é a própria taxa que indica o valor
percentual daquele fluxo de caixa. Ao ser utilizada no projeto, a TIR iguala o VPL a zero. Por
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exemplo, um investidor está em dúvida se investe em determinado projeto. Ele possui uma
aplicação que rende 20% ao ano. Para o investidor retirar a aplicação do ambiente atual, a TIR
desse projeto deve ser no mínimo maior que 20% ao ano. Caso contrário não compensa.
Sendo assim, quando um projeto deve obrigatoriamente ser feito e o foco não é
necessariamente o retorno financeiro, uma análise de viabilidade pode não fazer sentido e a
preocupação do gerente do projeto ou do sponsor devem ser voltadas a outras áreas, como
escopo, tempo, qualidade, etc. Porém, quando tratamos um projeto como empreendimento, é
necessário avaliarmos o retorno financeiro para verificar se vale a pena o investimento.
Para tanto, as boas práticas de gerenciamento de projetos asseguram que todo projeto deve
ser analisado em função do seu custo-benefício, ou seja, se o retorno obtido compensa o
investimento a ser feito, considerando-se ainda um adicional referente ao risco envolvido no
projeto.
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Com o fluxo de caixa em mãos, podem-se utilizar diversas ferramentas de análise a fim de se
determinar a viabilidade ou não da implantação de um projeto. Entre as mais frequentemente
usadas estão: payback, valor presente líquido (VPL) e taxa interna de retorno (TIR).
O método do payback consiste em analisar o tempo necessário para que o recurso investido
seja recuperado mediante a geração de fluxo de caixa posterior. Primeiramente, o investidor,
ou o patrocinador do projeto, deve estabelecer um prazo máximo para obter o valor investido
de volta. Em seguida, os fluxos de caixas serão somados até que se obtenha valor igual ao
investimento inicial.
Confrontando-se o tempo exigido pelo investidor e o calculado pelo somatório dos fluxos de
caixa, teremos que o projeto será viável quando o tempo necessário para se recuperar o
investimento for igual ou inferior ao determinado pelo investidor. O payback simples é calculado
utilizando-se o somatório simples dos fluxos de caixa; já no payback descontado é
acrescentada uma taxa de desconto ou atratividade que considerará o valor do dinheiro no
tempo, tornando assim o cálculo mais próximo da realidade.
Por ser um método mais simples e de cálculo fácil, o payback geralmente é utilizado em análise
de projetos sem maior impacto financeiro para empresas ou ainda como um segundo filtro de
análise, quando, por exemplo, se comparam dois projetos em que pelos outros métodos
disponíveis chega-se a valor semelhante.
O método do valor presente líquido (VPL), também conhecido como método do fluxo de caixa
descontado, assim como o payback descontado, leva em consideração o fator tempo no fluxo
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de caixa, aplicando-se ainda uma taxa de desconto que deve indicar o valor justo
considerando-se o risco existente no investimento.
Essa metodologia busca comparar o montante investido com o valor presente dos fluxos de
caixa gerados pelo projeto, só que, diferentemente do payback descontado, o VPL considera
todos os fluxos de caixa do projeto e não somente aqueles que ocorrem antes de se alcançar o
valor investido.
Onde:
t: período (anos ou meses)
n: vida útil do projeto
i: taxa mínima de atratividade
FC: fluxo de caixa líquido
O valor presente líquido engloba todas as variáveis citadas em seu cálculo, sendo que além da
fórmula matemática as calculadoras financeiras e planilhas eletrônicas mais comuns do
mercado efetuam o VPL de forma automática a partir do lançamento do investimento e do fluxo
de caixa. A análise do VPL é bem simples: caso o valor obtido seja positivo, o projeto é viável;
caso seja negativo, deverá ser rejeitado.
A taxa interna de retorno (TIR) representa a taxa que torna o VPL nulo, ou seja, a taxa que
deverá ser comparada com o custo de capital exigido para o projeto. Assim, caso a TIR de
determinado projeto seja superior ao custo do capital o projeto deve ser aceito, caso seja igual
pode ou não ser aprovado e caso seja inferior o projeto deve ser rejeitado.
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A TIR e o VPL são os métodos de análise de viabilidade mais usados, embora para o cálculo
da TIR, em razão da sua complexidade, sejam necessárias calculadoras financeiras ou
planilhas eletrônicas.
Por suas características, podemos identificar vantagens e limitações na utilização da TIR para
a análise de viabilidade de projetos.
Por apresentar uma taxa como resultado, a TIR possibilita que os gestores a identifiquem
claramente e possam compará-la com a taxa estabelecida para o custo de capital. Assim, a sua
utilização é muito bem aceita entre os executivos financeiros, que, em geral, preferem decidir
com base em uma taxa expressa em percentual, ao contrário do VPL, que apresenta um
número natural.
Em relação às limitações, temos que a TIR assume que os fluxos de caixa são reinvestidos à
sua própria taxa, ou seja, que os mesmos serão descontados a partir da taxa calculada.
Entretanto, caso a TIR assuma valores extremos (muitos elevados ou muito baixos), a mesma
deixa de representar a verdadeira rentabilidade do investimento, uma vez que é pouco
plausível que a organização reinvista os fluxos de caixa em taxas extremamente elevadas ou
insignificantemente baixas.
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Outra limitação desse método se vê nos casos em que ocorrem mudanças no sinal do fluxo de
caixa. Quando isso acontece, existe a possibilidade de ser gerada uma TIR a cada mudança no
sinal do fluxo de caixa, o que dificulta a análise de viabilidade do projeto.
Entretanto, mais importante do que a metodologia a ser utilizada para a análise de viabilidade
de projetos, é a devida dedicação na elaboração de um correto fluxo de caixa, pois se este
estiver superestimado ou subestimado, a ferramenta de análise partirá de uma base de dados
incorreta, o que certamente prejudicará a decisão do investidor.
Assim, podemos afirmar que a análise de viabilidade de um projeto precisa ser tratada como
ponto fundamental na sua gestão, motivo pelo qual os responsáveis devem envidar todos os
esforços necessários para que o processo seja feito de forma assertiva.
Além disso, esse projeto é uma ferramenta que subsidia o empresário a acompanhar o
desempenho econômico-financeiro do seu negócio, pelo prazo em que foi projetado, além de
formar um “quadro” de investimentos da empresa, no sentido de nortear o empresário para
quantos de seus projetos executados eram viáveis ou não, identificando seu desempenho em
termos corporativos.
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Gerência de projetos
iniciação;
planejamento;
execução ou produção do projeto;
controle ou monitoramento;
encerramento ou conclusão.
Reduzida a sua forma mais simples, a gerência de projetos é a disciplina de manter os riscos
de fracasso em um nível tão baixo quanto necessário durante o ciclo de vida do projeto.
O risco de fracasso aumenta de acordo com a presença de incerteza durante todos os estágios
do projeto.
O fracasso dos projetos normalmente está ligado a metas e objetivos mal estabelecidos, falhas
de planejamento, falta de liderança e informações inadequadas ou insuficientes para que se
possa elaborar o projeto.
O profissional de projetos raramente participa de modo direto das atividades que produzem o
resultado final. Em vez disso, trabalha para manter o progresso e a interação mútua dos
diversos participantes do empreendimento, de modo a reduzir o risco de fracasso do projeto.
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atender a maior parte das exigências das diversas áreas envolvidas no escopo, o que resulta
num projeto com custo muito maior e pouco competitivo. E a partir de ambas as alternativas é
possível desenvolver uma solução intermediária que atenda a boa parte das exigências com
um custo competitivo.
tempo, assegurando que as tarefas sejam executadas no prazo previsto (muitas vezes
determinado por um cronograma, quando cabível);
custo, assegurando que o orçamento seja respeitado;
qualidade, garantindo a conformidade com o que foi solicitado;
escopo, assegurando que tudo o que foi prometido seja entregue e que não haja muitas
mudanças durante a execução;
recursos humanos, de forma a garantir o uso otimizado do pessoal envolvido no projeto;
comunicação, permitindo que as informações do projeto sejam obtidas e disseminadas.
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