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O primeiro passo para a elaboração de um projeto, que é o estudo de mercado, e suas

três grandes partes: estudo do produto, demanda e oferta do produto e estudo da localização
com variáveis de insumos e mão de obra.
O estudo do produto consiste em identificá-lo sob o ponto de vista econômico,
classificando-o como bem econômico durável ou não durável, bem de capital ou
intermediário, conhecendo sua taxa de reposição e ciclo de vida. A taxa de reposição é
importante para determinar a quantidade de produção, pois se ela for baixa, significa que o
produto será adquirido poucas vezes num determinado período de tempo, o que implica em
um menor volume de produção. Além disso, a taxa de reposição pode indicar a possibilidade
de uma expansão da empresa.
Os bens duráveis podem ser divididos em dois grupos: aqueles que apresentam forte
relação com o avanço tecnológico e aqueles que apresentam fraca relação. Produtos do
primeiro grupo são influenciados pelo surgimento de novas técnicas, provocando um efeito
conhecido como substituição tecnológica, o que indica a necessidade de atualização constante
por parte do técnico responsável. Já os produtos do segundo grupo são influenciados pelo
comportamento do consumidor quanto à preferência em uma determinada marca, um hábito
adquirido ou a confiança no produto.
O ciclo de vida de um produto é composto por quatro etapas: introdução, crescimento,
maturidade e saturação, e declínio. A fase de introdução é a mais arriscada e cara, pois muitos
produtos não são aceitos pelo mercado. Na fase de crescimento, o produto é aceito pelo
público e aparecem dois tipos de consumidores: inovadores e limitadores. Na fase de
maturidade e saturação, os lucros começam a cair e novos modelos devem ser introduzidos
para estender a duração do ciclo, como descobrir novas aplicações para o produto, buscar
novos mercados, evitar a obsolescência por meio do processo de inovação e reduzir custos por
meio de parcerias. Na fase de declínio, o produto perde espaço para produtos mais eficazes, e
a inovação é fundamental para se manter na etapa de maturidade. A pesquisa e
desenvolvimento (P&D) é uma saída muito empregada pelas empresas para estudar os
mercados e inserir novos processos e produtos tecnológicos.
A análise quantitativa na econometria e na estatística econômica são importantes para
projetar a demanda e oferta de um produto. No entanto, a simples aplicação de modelos de
regressão e outras ferramentas estatísticas não é suficiente. É fundamental o levantamento de
uma série histórica e a identificação das variáveis que afetam a demanda e oferta do produto.
O exemplo de uma cadeira de rodas serve para ilustrar como é necessário investigar as
causas que levam à demanda do produto, bem como as variáveis que afetam a oferta. Para
isso, é necessário buscar informações em hospitais e redes de saúde para entender as lesões
que levam à paralisia dos membros inferiores, o número de internações e o período do ano em
que os acidentes são mais frequentes. Essas informações permitem construir uma série
histórica e identificar as variáveis que afetam a demanda do produto.
Destaca-se a importância de esgotar as variáveis que proporcionam uma série razoável
e questionar analiticamente o emprego dessas variáveis. Isso significa que o processo de
levantamento de dados e construção da série histórica é crucial para uma projeção precisa da
demanda e oferta do produto.
Deve-se considerar diversas variáveis em conjunto no estudo de localização para a
implantação de uma indústria. Embora a técnica dos orçamentos comparados seja uma das
mais empregadas, é preciso levar em conta forças locacionais importantes, como incentivos
fiscais, políticas de desenvolvimento industrial e arranjos produtivos locais, que podem afetar
o custo e a rentabilidade do projeto.
Além disso, é importante considerar a disponibilidade de mão de obra e insumos de
produção na região escolhida, pois isso pode afetar o custo do projeto. Por exemplo, uma
cidade pode apresentar o menor custo de transferência devido à tarifa de transporte, mas pode
não ter mão de obra qualificada disponível, o que aumentaria o custo do projeto.
É relevante considerar o tempo em que os incentivos fiscais são concedidos, pois uma
isenção fiscal de curto prazo pode não ser vantajosa se o projeto tem uma expectativa de
longo prazo. As políticas de desenvolvimento industrial e os arranjos produtivos locais
também podem trazer facilidades para determinado segmento do mercado, além de
possibilitar a integração de pequenas e médias empresas com as grandes empresas. Em
resumo, o estudo da localização deve ser feito de forma integrada, considerando diversas
variáveis que podem afetar o sucesso do projeto.
O processo de produção é a base para a produção de um projeto, sendo composto por
etapas, subetapas e tarefas que devem ser realizadas de forma planejada, ordenada e dinâmica
para garantir qualidade. Um exemplo de processo de produção pode ser a produção de
nobreak para grandes computadores, que é dividido em quatro grandes etapas e várias
subetapas com suas respectivas tarefas. O memorial descritivo é importante para descrever
detalhadamente todas as atividades do processo. É fundamental que haja sintonia entre o
fluxograma do processo e o memorial descritivo para que o projeto seja bem-sucedido. Um
processo bem estruturado pode reduzir os custos e gerar maior rentabilidade para a empresa.
O programa de produção é o planejamento do funcionamento da empresa sob o ponto
de vista das variáveis que fazem o processo de produção funcionar. As variáveis mais
importantes do programa são o tempo, a mão de obra, o regime de trabalho, o volume de
matéria-prima e materiais secundários, o kWh consumido e o emprego das máquinas e
equipamentos. O tempo é uma variável crítica, pois seu aumento aumenta os custos de
produção. O controle da mão de obra é importante para a eficiência e produtividade do
processo. O volume de matéria-prima deve ser previsto com cuidado para evitar perdas. O
kWh consumido pelas máquinas e equipamentos também deve ser controlado. O programa de
produção deve ser construído em perfeita sintonia com o processo de produção, pois um
depende do outro.
O orçamento de custos e receitas é importante para obter uma visão antecipada dos
balanços projetados, estimar a rentabilidade e confirmar o tamanho e a localização do projeto.
Na fase de orçamento dos custos, os custos diretos e indiretos são apropriados e classificados.
Na fase de elaboração do programa de produção, é necessário indicar o melhor método de
rateio dos custos, como a departamentalização ou o critério do custeio baseado em atividades
(ABC). A escolha do método de rateio deve levar em conta o processo de produção e o
planejamento do programa apresentado. O critério escolhido deve refletir a realidade da
empresa e revelar os custos de maneira eficiente.
O horizonte financeiro de um projeto é uma decisão fundamental e irreversível que
deve ser tomada com muito cuidado, pois afeta a viabilidade do projeto e seu resultado final.
O horizonte financeiro pode ser dividido em investimentos e projeção de resultados, e é
necessário empregar ferramentas de engenharia econômica para tomar decisões de
investimento corretas.
As decisões de investimento que envolvem escolher entre comprar ou alugar terrenos,
construir ou adaptar edifícios, comprar máquinas ou alugá-las e decidir sobre o capital de
giro. Existem vários métodos de engenharia econômica, como o método do valor presente, o
método do benefício uniforme, o método do custo uniforme e o método da taxa interna de
retorno, que podem ser usados para avaliar investimentos. O técnico precisa se familiarizar
com as fórmulas financeiras e escolher a taxa mínima de atratividade encontrada no mercado
para empregar esses métodos. O sucesso ou fracasso de um projeto depende em grande parte
da correta tomada de decisão em relação ao horizonte financeiro.
O capital de giro é fundamental para as operações da empresa e está diretamente
ligado ao ciclo operacional e financeiro. A formação desse capital envolve a definição de um
caixa mínimo, o financiamento de vendas a prazo e o gerenciamento dos estoques de insumos,
produtos em processo e produtos acabados. É importante considerar o tempo necessário para
cada etapa do processo e calcular o número de dias de estoque e prazo médio de
financiamento.
É interessante que se calcule os recursos necessários para a formação do capital de
giro de um projeto, incluindo itens como estoque de peças e materiais de reposição, crédito
fornecedor e impostos. O objetivo é evitar problemas financeiros e garantir que as operações
da empresa sejam viáveis. Além disso, destaca-se a necessidade de se elaborar um quadro de
usos e fontes para visualizar todos os recursos investidos no projeto e como eles serão
utilizados. Esse quadro está intimamente ligado aos resultados projetados e ao fluxo de caixa,
que é fundamental para a taxa interna de retorno do negócio.
O quadro de usos e fontes apresenta os investimentos fixos em um horizonte de
implantação, incluindo o capital de giro e a composição dos recursos entre capital próprio e de
terceiros. Já o quadro de projeção dos resultados revela a projeção dos resultados em um
determinado período de tempo, permitindo identificar se há um resultado positivo ou negativo
e considerando que, mesmo havendo prejuízo operacional nos primeiros anos, o projeto pode
ser viável a longo prazo.
O quadro do fluxo de caixa é crucial para encontrar a taxa interna de retorno de um
projeto e deve estar em sintonia com os quadros de usos e fontes e de projeção de resultados.
Ele apresenta as entradas de caixa provenientes dos resultados projetados e as saídas de caixa
devidas aos investimentos em capital de terceiros e suas amortizações.
Ademais o projeto de viabilidade deve conter uma análise completa, incluindo o
estudo de mercado, o horizonte financeiro e o conhecimento das ferramentas de engenharia
econômica. Destaca-se a necessidade de um técnico conhecer amplamente o projeto para
opinar e questionar as variáveis apresentadas. Enfatiza-se que uma demanda insatisfeita nem
sempre é suficiente para viabilizar um projeto, e que a taxa interna de retorno encontrada pode
não ser a desejada pelo empresário. Por fim, o conhecimento das ferramentas de engenharia
econômica é fundamental para influenciar os resultados finais do projeto.

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