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Desafios e Estratégias em Planejamento e Controle de Produção - Indústria

e Serviços

Aline Coca, Pedro Martins e Felipe Freitas


Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/Itaguaí)

Introdução

Com a globalização, as empresas passaram a sentir maior influência da concorrência


mundial, o resultado disso foi seu aprimoramento para conseguirem se tornar mais
competitivas e não sucumbirem. Para isso, precisaram se adequar e aperfeiçoar com
celeridade a produção, por meio de processos fundamentais como o planejamento,
programação e controle da produção, e assim atenderem às expectativas dos clientes.
Logo, o PCP (Planejamento e Controle da Produção) é essencial para as empresas,
pois é responsável por monitorar e gerenciar as atividades de produção visando a satisfação
da demanda dos consumidores e reduzir os custos com matéria-prima, mão-de-obra, logística
e armazenagem, otimizando os lucros do negócio.

Fundamentos do PCP

Para Bonney (2000), o Planejamento e Controle da Produção (PCP), como o próprio


nome já diz, tem o objetivo de planejar e controlar a produção de modo que a companhia
consiga atingir suas metas de produção da forma mais eficiente possível e ao mesmo tempo
atendendo às expectativas dos clientes.
Assim, as estratégias para tomada de decisão e os quesitos operacionais estão
relacionados com as questões básicas: O que produzir e comprar; quanto produzir e comprar;
quando produzir e comprar; com quais recursos produzir (Corrêa e Gianesi, 2001).
Segundo Tubino (2007), o planejamento e o controle são responsáveis por coordenar
e gerenciar as atividades da operação produtiva das empresas a fim de atender os planos
estabelecidos em níveis estratégico, tático e operacional.
No nível estratégico é desenvolvido o Plano de Produção que se dá a longo prazo. Já
no nível tático, esse Plano de Produção é desmembrado em Plano Mestre de produção,
tornando-o plano de médio prazo, com o objetivo de guiar as etapas de programação e
execução das atividades operacionais, nele os bens e os serviços necessários para sua
execução são especificados. E por fim, no nível operacional, acontece a programação e o
controle da implementação do plano mestre.
Após a definição do planejamento, ocorre a programação da produção. De acordo
com Mesquita et al. (2008), programar a produção se baseia em decidir quando, onde e por
quem cada atividade deverá ser executada, para que as entregas ocorram dentro do prazo
estabelecido e todas as tarefas no menor tempo possível, diminuindo estoques e ociosidade
das máquinas e colaboradores. O autor ainda afirma que a programação da produção é de
responsabilidade do nível operacional (chão de fábrica).
Conforme Chiavenato (2008), programar a produção é elaborar uma agenda contendo
os compromissos para as diversas áreas produtivas que fazem parte do processo. A
programação é a interação entre o planejamento, a execução e o controle.
Assim, a programação pode ser definida como um cronograma, onde a realização das
operações acontecem conforme o planejado objetivando a diminuição dos custos com
estoques e economizando os recursos.
Já o controle da produção é o responsável pela mensuração e reparação do
desempenho das atividades da produção da empresa, garantindo que os objetivos do negócio
sejam alcançados. Para Chiavenato (2008), sua função é averiguar o cumprimento do que foi
previamente planejado, identificando possíveis gaps, suas medidas corretivas e como evitar
sua reincidência.
Entende-se então, que o controle age primeiramente de forma corretiva e
posteriormente propõe ações de prevenção. Há uma conexão entre o controle e a
programação por meio do acompanhamento de indicadores que comparam o que foi
programado para produzir e o que realmente está sendo produzido, buscando sempre o
alcance das metas estabelecidas. Quando estas não são atingidas, busca-se soluções a curto
prazo de modo a viabilizar o alcance das mesmas pela corporação.

Desafios na Indústria

A Indústria apesar de hoje já ter uma abertura muito maior para os fundamentos do
PCP, enfrenta também algumas dificuldades para sua implementação, principalmente com o
advento das ferramentas de inteligência artificial, automação e big data. Isso porque essas
ferramentas trouxeram uma tecnologia exponencial para o setor e nem sempre a capacidade
de acompanhar é a mesma dos trabalhadores que tocam o dia a dia.

Hoje na previsão da demanda temos diversos fatores que podem dificultar o trabalho
do PCP, uma má interpretação, utilização de dados obsoletos, variações irregulares na
demanda provenientes de fatores internos e externos, ações da concorrência dentre outros.

Além disso, temos diante desse cenário de Indústria 4.0 uma dificuldade de encontrar
mão de obra especializada, muitos processos manuais que são mais suscetíveis ao erro,
informações descentralizadas e por fim inventários desatualizados.

No Brasil, o desenvolvimento da Indústria 4.0 está concentrado principalmente em


grandes indústrias, localizadas nos principais centros de comércio. Uma projeção do cenário
industrial para 2030, prevê que o país tornar-se-á um dos principais consumidores das
tecnologias e serviços componentes da Indústria 4.0, porém, ainda será preciso desenvolver
internamente as respectivas tecnologias que integram o conceito Gausemeier (2016)

Diante disso, Inácio Andrade de Sousa Júnior (2010) diz “Como forma de auxílio ao
PCP, as empresas tendem a buscar soluções tecnológicas como os sistemas de gestão
integrada. A utilização desses sistemas permite uma maior interação entre os outros setores
da empresa e o PCP. Com a inserção destes sistemas informatizados de gestão, as empresas
ganham em confiabilidade do seu ciclo de informações, ganham tempo de processamento de
atividades que antes eram total ou parcialmente manualizadas, além de inserirem
tecnologicamente a empresa na competição do mercado e melhorar a sua imagem com seus
clientes internos e externos e fornecedores. Como principais ferramentas difundidas para esta
finalidade estão os sistemas ERP, que são divididos em módulos e vendidos comercialmente
em pacotes montados de acordo com a realidade financeira ou técnica de cada empresa.”

Num cenário de desafios gigantescos no setor industrial e uma busca constante por
ganhos competitivos é imprescindível o uso de um ERP, mas acima de tudo é necessário ter
um controle de inputs nessa ferramenta que seja muito bem organizado e definido, primeiro
por que estamos na era da big data onde as informações vem de dezenas de fontes diferentes
e por fim essa decisão tem que ser apoiada com organização.

Confirmado por Inácio Andrade de Sousa Júnior (2010) a implantação do PCP


propicia maior controle de estoques, a realização da previsão de demanda de forma mais
acurada e a definição com maior exatidão das metas de produção de acordo com a capacidade
instalada dentre outras melhorias. O PCP, então, surge como diferencial para garantir a
sobrevivência destas empresas e propiciar uma melhora no desempenho operacional das
mesmas, com aumento nos ganhos de pedidos devido à maior confiabilidade dos prazos de
entrega estudados pelo novo setor e otimização de variáveis que outrora não eram estudadas
com afinco.

Reafirmado por Vollman (2006) explica que as exigências competitivas do mercado


não diminuíram ao longo da última década. A pressão por estoques menores, custos de
transformação mais baixos e respostas mais rápidas é incessante. Desta forma para atender
essas necessidades é fundamental realizar controle de entrada e saída de materiais e produtos,
juntamente com o planejamento detalhado de produção, considerando as prioridades e
previsões de produção.

Desafios em Serviços

O cenário atual de PCP em serviços ainda é muito incipiente, visto que pouquíssimos
fundamentos são utilizados no dia a dia, grande parte desses problemas enxergamos em
previsões de demanda muito focadas no passado e não na projeção de futuro da empresa, a
utilização de relatórios e dados é raríssima, trazendo pouco histórico para apoiar a tomada de
decisão e diante desse cenário a empresa trabalho num modo retroativo, buscando sempre
uma solução para o presente e nunca para o futuro.

Dito isso podemos observar Gaither (2011) estoques são necessários, mas a questão é quanto
estoque manter, além da importância estratégica, também se mantém estoque porque reduz
custos como, emissão de pedido, custos de falta de produtos ou materiais, custos de
aquisição, custo da qualidade na partida, entre outros. De modo geral, manter esse controle,
além de reduzir o risco de erros por excesso ou falta de materiais, consequentemente reduz
custos relacionados aos mesmos e acarretando lucro às organizações, porém ainda há muito
espaço para melhorias nessa importante área.

Uma dificuldade grande do setor de serviços é tangibilizar o seu produto, mas mesmo assim o
uso dos conhecimentos de pcp são fundamentais para otimização dos processos de uma
empresa desta área, porque por mais que o serviço seja intangível, ele é cercado por
processos que são tangíveis e físicos, um dentista precisa de estoque de pastas de dente por
exemplo.

A gestão dos fatores tangíveis dentro de um processo intangível se mostra importante como
citado, porém ao ter este controle mais organizado e planejado também será possível escalar
seu serviço e por fim personalizar de acordo com essa gestão de demanda, afinal o
empresário terá informações precisas sobre o consumo dos seus clientes.

Estratégias de PCP na Indústria

Conforme visto, a aplicação de forma eficiente do PCP nas indústrias requer a


definição de estratégias personalizadas que atendam a demandas específicas para cada tipo de
negócio estabelecendo os 3 níveis do Planejamento, possibilitando a execução de acordo com
os métodos estipulados, tendo um resultado correspondente à estimativa, e melhor análise das
tomadas de decisão ao solucionar desafios.
A fim de manter o controle em relação aos modelos estratégico, tático e operacional, o
PCP dá suporte às áreas integradas na criação de documentos, estimativas, registros, e
planos, que fundamentam as métricas que posteriormente mensuram os resultados de cada
atividade exercida na cadeia produtiva.
Na realidade industrial a divisão das atividades na integração de setores são
fundamentadas nas etapas:
- Previsão de demanda: Atividades relacionadas a quantidade de produto que o
cliente externo demanda e qual a disponibilidade entre os clientes internos.
- Planejamentos agregados de produção: Atividades de RH, manejo de efetivos,
controle de volumes de produção e estoque, perspectiva anual e feedbacks
mensais das práticas.
- Planejamento da capacidade produtiva: Avaliação da disposição estrutural e
mão de obra, organização do planejamento produtivo de acordo com as metas
anuais estabelecidas, visam alcançar uma disponibilidade ótima para
possibilitar o aumento da demanda.
- Programação detalhada de produção: Programação diária que organiza prática
operacional, sequenciamento de execuções e ordens de produção.
Diante dos componentes requeridos, os setores que envolvem as integrações se
especificam em áreas de engenharia, vendas, compras, produção e recursos humanos. Estas
áreas contam com uma intercomunicação através de extração e compartilhamento de dados
geridos pelas ferramentas e modelos de produção.
O modelo de produção compatível com a estratégia de PCP é o Just in Time (JIT)
que facilita a produção e gestão de estoques de maneira enxuta, com mínimos estoques e
precisão nas entregas. O JIT funciona por meio do conceito de produção puxada ou por
demanda, onde o start da produção se dá a partir do pedido feito, ou seja, primeiro vende,
depois produz. Dessa maneira, cada etapa de produção fabrica apenas o necessário para a
próxima etapa o que leva a redução de estoques.
Outra estratégia importante é a implantação de um Sistema de Gestão Integrada (ERP)
que centraliza dados e processos das diversas áreas da companhia, o que permite o
compartilhamento de todas as informações em tempo real e com transparência, elevando a
outro patamar a comunicação e facilitando a identificação de gargalos, falhas e/ou
oportunidades.
Temos ainda a otimização da cadeia de suprimentos como uma importante tática
aliada ao PCP, isso porque ela visa o melhoramento da eficácia dos processos envolvidos na
aquisição de matérias-primas, produção, armazenamento, distribuição, transporte e até a
chegada do produto ao cliente. Essa otimização proporciona vantagens competitivas, redução
de custos, melhora da qualidade e aumento da satisfação dos consumidores.

Estratégias de PCP em Serviços

Projetando os conceitos gerais do PCP na aplicação ao setor de serviços é possível


perceber a permanência de estratégias na separação e segmentação de etapas produtivas.
Dessa vez, ao invés de avaliar etapas industriais, o sistema prioriza a leitura das
contabilidades, subdivisões de verbas e planejamento de investimentos para ampliação do
negócio.
A definição de abordagens aos clientes também é um norteador de alta relevância no
processo de planejamento estratégico de execução do pcp, pois ao coletar informações de
demanda em cada período do ano permite analisar tendência de mercados a partir da
disponibilidade da rotina de cada cliente, seja o consumidor final ou uma empresa
terceirizada.
Podendo alinhar a demanda e exigência dos clientes ocorre uma facilitação na
adaptação do planejamento tático da empresa, melhorando a estruturação do meio
organizacional definindo as funções e setores correspondentes.
Outro quesito estratégico dentro de um PCP em Serviços é definir os diferenciais de
mercado, entendendo e criticando as práticas dos concorrentes, tentando verificar através de
um banco de dados, quais os pontos fortes que cada empresa destaca é o que fazer para
atingir os melhores custo benefícios, aderindo a vivências já estipuladas, novas maneiras de
se orientar no mercado.
Atualmente a revelação de um modelo de cadastramento e fidelização de clientes
compatibiliza uma demanda puxada, de forma a oferecer produtos e serviços sem uma
demanda já existente. Isso gera a visão de estratégias mais ousadas de aderir a inovações.
Na parte de controle, é possível afirmar que após as criações de modelos de atividades
e práticas dentro da cadeia produtiva é necessário sistemas de rastreabilidade de cada ação e
negociação realizada, priorizando as evidências dos acontecimentos, os cumprimentos
alfandegários e legislativos, assim como, projeções de retorno do investimento realizado.
Nesse caso, outro agente da conformidade operacional é a prática de auditorias que criam
diagnósticos de verificação das conformidades.

Conclusão

Conforme o que foi visto, o PCP tem influência direta nos resultados de desempenho
da empresa como um todo, especialmente no que diz respeito a produção de produtos dentro
dos padrões de conformidade, redução dos custos, entregas cumprindo prazos e confiáveis,
introdução de novos produtos no portfólio da empresa, flexibilidade para mudanças
repentinas, lead times adequados, inovação e satisfação dos consumidores.
Por meio da associação entre o planejamento e o controle da produção, a eficiência e a
eficácia das companhias são aumentadas e os processos passam por melhorias contínuas que
minimizam os gaps inerentes aos mesmos.
O sistema de PCP representa grande impacto sobre como os clientes vêm as empresas
em termos de disponibilidade de produtos, agilidade das entregas, inovação e flexibilidade,
por isso pode ser usado como um fator estratégico muito importante para a competitividade
das organizações.

Referências Bibliográficas

BONNEY, M. Reflections on production planning and control (PPC). Revista Gestão &
Produção. Vol. 7, número 3, p.181-207, 2000.

CHIAVENATO, I. Planejamento e Controle da Produção. 2. ed. São Paulo: Manole, 2008.

TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas,


2007.

GAITHER, N. Administração da produção e operações. São Paulo: Editora Pioneira


Thomson learning, 8º. Edição 2011.

Ferrarezi, Rosivaldo. A importância do PCP na indústria. 2016 Brazilian Technology


Symposium

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