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1.

Projeto de investimento
 
Noção de investimento-Um projeto é um conjunto de atividades coordenadas e
interrelacionadas que visam cumprir com um fim específico. Em geral, é estabelecido um
período de tempo (um prazo) e um orçamento para o cumprimento desse fim, pelo que um
projeto é um plano ou um programa.
Um investimento por outro lado é a colocação de capital para obter lucros/rendimentos
futuros.
 

Fases de elaboração de um projeto de investimento


 
Introdução
O projeto de investimento é o ponto de partida incontornável de qualquer iniciativa
empresarial, não se tratando de uma descrição do investimento em si, mas de uma análise
com vista a apurar se este é ou não uma aposta viável.
Em linhas gerais, este processo passa por seis passos distintos:
 
-Passo 1-Identificação
Antes da elaboração do projeto de investimento em si impõe-se proceder a todo um trabalho
de análise de conjuntura, visando a formalização de ideias concretas acerca de quais são os
projetos prioritários ao desenvolvimento do país ou região em que se enquadra o projeto.
 
-Passo 2-Preparação
Uma vez identificada a área de atividade mais vantajosa e o tipo de negócio específico em que
se pretende investir, avança-se com a preparação do respetivo projeto. Esta segunda fase diz
respeito aos estudos a levar a cabo para que os projetos a realizar satisfaçam os requisitos
necessários, permitindo que os mesmos sejam analisados e se torne rentável a sua realização.
Os requisitos são de 3 ordens:
-Técnicos;
-Económicos;
-Financeiros.
Estes estudos incidem, normalmente sobre:
-Os aspetos comerciais;
-Os aspetos técnicos;
-Os aspetos económicos;
-Os aspetos financeiros;
-Os aspetos jurídicos;
-Os aspetos políticos;
-Enquadramento institucional.
É com base na análise dos resultados destes estudos que se constroem as diversas variantes
possíveis de um projeto bem como o registo previsional das receitas e despesas de cada uma
delas.
 
-Passo 3-Análise
Esta etapa é a que vai permitir a tomada de decisão final. Para isso existem 2 óticas de análise
conhecidas:
Análise Financeira- a análise da rentabilidade nesta ótica tem em vista, em função das
condições atuais e futuras, verificar se os capitais investidos são remunerados e reembolsados
de modo a que as receitas geradas superem as despesas realizadas num período mais ou
menos longo de tempo.
Análise Económica- este tipo de análise, também chamada análise social ou análise custo-
benefício, difere da análise financeira na medida em que os dados não são tratados a preços
de mercado mas sim a preços de mercado corrigidos de todas as distorções que alteram o seu
valor real. Estas distorções são, por exemplo:
-Controlo de preços;
-Os incentivos às exportações;
Assim a análise económica de um projeto de investimento processa-se através da comparação
entre as receitas e as despesas corrigidas. É necessário ter em conta as repercussões que a
realização de um projeto tem nos outros setores da economia nacional, medidos a preços de
referência. Essas repercussões são difíceis de calcular, utilizando-se para o efeito a matriz das
relações inter-industriais, ou na ausência desta, inquéritos aos agentes económicos que mais
diretamente estão relacionados com a realização do projeto.
Com este tipo de análise pretende-se verificar não só a viabilidade técnica e financeira do
projeto, mas também qual o seu contributo para a economia nacional.
 
-Passo 4-Decisão
Esta quarta fase é a da tomada de decisão, isto é, o momento de aceitar ou rejeitar o projeto
de acordo com o nível de satisfação das perspetivas da entidade promotora alcançado.
Na eventualidade de o projeto ser rejeitado, o mesmo poderá ser reconsiderado,
promovendo-se novos estudos para a sua concretização. Se for aceite passa-se à fase seguinte.
 
-Passo 5-Execução
Chegados a este ponto, é altura de se proceder à revisão dos estudos técnicos e financeiros
efetuados, do calendário de realização de projetos, etc. Com isto pretende-se, por um lado,
aprofundar detalhadamente as operações a realizar, e, por outro lado, e tendo em linha de
conta o período de tempo decorrido entre a primeira e quarta etapa.
Neste ponto serão então desencadeadas as ações necessárias para pôr em funcionamento o
projeto, por exemplo:
-Construção civil
-Montagem de equipamentos
-Recrutamento e formação de pessoal
-Lançamento do sistema de gestão
-Contratos de funcionamento
-Etc.
 
-Passo 6-Funcionamento e controlo
Consiste na verificação do bom cumprimento do calendário de realização dos investimentos,
na análise dos desvios de funcionamento e na implementação das respetivas ações corretivas.
 
2.Alternativas de investimento face ao gasto
 
Custos variáveis-são aqueles que variam diretamente com a quantidade produzida ou vendida,
na mesma proporção (exemplo matérias primas, água, energia elétrica, etc).
Custos fixos-são os gastos que permanecem constantes, independente de aumentos ou
diminuições na quantidade produzida e vendida. Os custos fixos fazem parte da estrutura do
negócio (exemplo renda, seguros, etc.).
Custos semi-variáveis -são exemplo deste tipo de gastos, o consumo de energia elétrica numa
empresa que fabrica pão e cujos serviços de apoio, para funcionarem, independentemente de
produzirem ou não, necessitam de consumir energia elétrica (exemplo da iluminação dos
escritórios ou para os computadores de serviço-este consumo tem uma natureza fixa), todavia
quando fabrica o pão, para o cozer, fazem-no, com recurso a um forno elétrico (esta é a parte
variável do gasto).
Ponto morto (ponto crítico) das vendas-corresponde ao montante de vendas que permite que
a empresa não tenha lucro nem prejuízo. A partir dessa quantidade, a empresa passa a ter
lucro.
PCV=Ponto crítico das vendas
CF=Custos fixos do período
PV=Preço unitário de venda
Cvu=Custo variável unitário
 
PCV=CF/(PV-Cvu)
 
Margem de segurança-indicador de risco que indica o nível de vendas que a empresa pode
descer até atingir o ponto crítico. Exprime o distanciamento do nível de atividade alcançado
pela empresa relativamente ao ponto crítico. Quando a MS for elevada, significa que o risco do
negócio é menor e quando for reduzida, o risco será maior.
 
MS=V-V* ou MS=Q-Q*
 
Q-Quantidades vendidas
Q*-Ponto crítico das vendas em quantidade
V-Valor das vendas
V*-Ponto crítico total em valor
 
3.Plano de investimento de um projeto
 
Investimento é uma aplicação de fundos escassos que geram rendimento, durante um certo
tempo, de forma a maximizar a riqueza da empresa.
 
Alguns conceitos:
Propriedades de investimento-propriedades detidas para obter rendas e/ou para valorização
do capital (terrenos ou edifícios ou parte de um edifício).
Ativos fixos tangíveis- consideram-se ativos fixos tangíveis os itens tangíveis que sejam detidos
para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para arredondamento a outros, ou
para fins administrativos e se espera que sejam usados durante mais do que um período.
Ativos intangíveis-um ativo intangível é um ativo não monetário identificável (é separável e
resulta de direitos contratuais ou de outros direitos legais), sem substância física.
Fundo de Maneio-o fundo de maneio (FM) corresponde à parte dos capitais permanentes que
não é absorvida no financiamento do ativo não corrente e que, consequentemente, está
aplicada na cobertura (total ou parcial) das necessidades do ciclo de exploração:

Fundo de maneio=capitais permanentes-ativo não corrente


 
4.Plano de financiamento do projeto
 
As necessidades de financiamento correspondem à soma do investimento a realizar em capital
fixo com o investimento em fundo de maneio necessário sendo possível considerar uma
margem de segurança para fazer face a variações imprevistas do volume de investimento .O
financiamento do projeto deve satisfazer a regra do equilíbrio financeiro, ou seja, as
necessidades de médio e longo prazo, como sejam os investimentos em capital fixo e em
fundo de maneio deverão ser financiados ser financiados por operações de médio e longo
prazo.
 
5.Contas de exploração previsionais de um projeto
 
Gastos Operacionais- o desenvolvimento da atividade da empresa implica gastos e perdas
operacionais que importa quantificar.
 
Principais Gastos e Perdas Operacionais:
 
Custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas-corresponde aos gastos diretamente
suportados com os produtos vendidos e, nalguns casos, com os serviços prestados.
O cálculo do CMVMC tem por base:
-Características dos produtos ou serviços;
-Previsão de vendas;
-Processo produtivo e de comercialização (as decisões de investimento podem influenciar este
custo).
 
Fornecimentos e Serviços externos- os gastos com fornecimentos e serviços externos são os
gastos com bens e serviços que não são diretamente incorporados na produção. Exemplos:
Publicidade e Propaganda; Conservação e reparação; Eletricidade; Etc…
 
Gastos com Pessoal- os gastos com pessoal devem ser determinados com base no quadro de
recursos humanos definido para a empresa, atendendo às condições salariais, e outros
benefícios, praticados no setor em que a empresa se enquadra. Esta rúbrica inclui: Subsídio de
alimentação, Seguro de acidente de trabalho, Gastos com formação; Contribuição da empresa
para a Segurança Social, etc…
 
Tipos de Cash-Flow:
-Cash Flow operacional-é o fluxo de caixa que entra e saí da empresa em relação à sua
atividade empresarial.
-Cash Flow por atividades de investimento-é aquele que é recebido ou gasto conforme os
investimentos da empresa.
-Cash Flow das atividades de financiamento-é o dinheiro recebido da emissão de ações ou da
dívida menos o dinheiro pago como dividendos e a recompra de dívidas.
 
Noção de Cash Flow genericamente
Cash Flow é o movimento de entrada e saída de dinheiro de uma empresa. O dinheiro
recebido significa entradas e o dinheiro gasto significa saídas. O fluxo de caixa determina a
capacidade da empresa para gerar lucros e para fazer face a todos os seus pagamentos.
 

6.Cash Flows associados ao projeto


 
É utilizado o conceito de cash flow como medida de rendibilidade de um projeto de
investimento.
O cash flow mede a diferença entre as receitas e as despesas verificadas durante um certo
período de tempo.
Durante a implementação de um projeto de investimento, identificam-se normalmente dois
períodos, o período de investimento e o período de exploração do investimento. Os cash flows
gerados durante aqueles dois períodos recebem iguais designações:
-Cash flow de investimento. É sempre negativo, pois corresponde às despesas de
investimento;
-Cash flow de exploração. Será positivo ou negativo consoante as receitas forem superiores
ou inferiores às despesas.
 
Fórmulas:
Cash flow de investimento= + Investimento em capital fixo+ Fundo de Maneio- Valor residual
do investimento
Cash flow de exploração= +Resultado do período+ Amortizações e reintegrações do
exercício+ Provisões do exercício+ Encargos Financeiros
Cash flow líquido= Cash flow de exploração- Cash flow de investimento
 
O princípio da atualização dos cash flows
No âmbito da avaliação de projetos de investimento, o procedimento mais comum respeita á
valorização de fluxos gerados no futuro no momento atual, e a designada Atualização.
Atualizar significa descontar um fluxo futuro a uma determinada Taxa de Atualização (TA), que
reflita o custo de oportunidade ou, de outra forma, o rendimento exigido pelo investidor pelo
facto de ter de aguardar pelo tal momento futuro para receber esse montante em causa. A TA
influencia a aceitação ou rejeição dos projetos de investimento. Um projeto deve ser
financiado por Capitais Próprios e Alheios, por isso, a TA deve ser no mínimo, igual ao custo
ponderado dos capitais investidos no projeto.
 

7.Vida Útil (Económica) dos investimentos


 
Esta variável é extremamente importante, pois as conclusões de um estudo de avaliação de
um projeto podem ser completamente diferentes conforme o seu valor.
Existem três diferentes noções de tempo de vida útil de um projeto de investimento. Assim,
podemos distinguir entre:
-Vida física de um investimento ou vida económica, cujo valor resulta de um cálculo de
compromisso entre custos crescentes de manutenção e valores decrescentes de revenda;
-Vida tecnológica de um investimento, cujo valor depende do momento em que uma nova
tecnologia (proporcionando menores custos e melhor qualidade) venha substituir a existente,
tornando-a obsoleta;
-Vida do produto, cujo valor depende do momento em que o produto fabricado na
sequência do investimento realizado, se torna obsoleto e provoca a inutilidade dos ativos
pagos com aquele investimento.
Em conclusão, o tempo de vida útil do investimento deve ser o tempo mais curto daqueles
três.
 
Noção genérica de produto de vida útil
 
Período durante o qual a empresa pode esperar estar em produção e, portanto, gerar tanto
proveitos como custos para a empresa.
 
8.Principais indicadores de análise de projetos
 

Os indicadores mais utilizados são:


-Valor Atual Líquido (VAL)
-Taxa Interna de Retorno (TIR)
-Prazo de recuperação do capital ou Pay-Back
 
Valor atual líquido-VAL
 
Este indicador é o mais fiável. O VAL baseia-se na atualização dos cash flows verificados
durante o período de vida do projeto a uma dada taxa de referência i.
Informando-nos acerca do montante de capital que tem de ser aplicado hoje, de forma a
proporcionar receitas e despesas futuras.
 

O momento de desinvestimento corresponde ao ano de venda da empresa, de conclusão do


projeto, ou do horizonte temporal da análise em curso. Dele faz parte um determinado valor
residual.
-Se o VAL for superior a 0, o projeto cobrirá tanto o investimento inicial como a renumeração
mínima exigida pelo investidor, gerando ainda um excedente financeiro. Estaremos perante
um projeto economicamente viável.
-Se o VAL for inferior a 0, a decisão deve ser contrária à sua realização. Estaremos perante um
projeto economicamente inviável.
 
Taxa interna de rendibilidade-TIR
 
A TIR é outro método usado na avaliação de projetos. Representa a taxa máxima de
rendibilidade do projeto. A TIR é calculada para um VPL que seja igual a zero, onde o
investimento não dá lucro nem prejuízo.

 
Com esta fórmula obtemos qual seria o valor atualizado para cada recebimento, entre todos os
períodos, e após um investimento inicial que toma valor negativo, já que foi uma saída de
dinheiro.
-Valor presente líquido é positivo------o investimento é viável
-Valor presente líquido é negativo----o investimento não é viável
 
Uma vez obtida a TIR, compara-se com a taxa de atualização. Um projeto só é elegível quando
se verifica TIR>TA.
A TIR menor que a TA implica que o VAL é menor que 0(zero)- significa que o investimento não
é economicamente atrativo. Entre vários investimentos, o melhor será aquele que tiver a
maior TIR.
 
A interpretação do critério deve ser feita da seguinte forma:
TIR<TA - Os CF gerados são insuficientes para pagar o investimento feito e o retorno exigido.
TIR=TA - Os CF gerados correspondem exatamente ao investimento feito mais o retorno
exigido.
TIR>TA - Os CF gerados são superiores.
 
Período de recuperação ou Pay Back (PB)
 
Este critério consiste no apuramento do tempo necessário para que as receitas geradas e
acumuladas (cash flows) recuperem as despesas em investimento realizadas e acumuladas
durante o período de vida do projeto.
Podemos encontrar projetos com menores períodos de recuperação que outros, o que não
significa que tenham maior rendibilidade.
 
A interpretação deste critério deve ser feita da seguinte forma:
PR<n - Projeto rentável
PR>n - Projeto não rentável
 
n-período de vida útil do investimento

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