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Cálculo Financeiro

Cap. 7 Introdução aos Métodos de Avaliação de Projectos de


Investimento

Mestre Victor Chissingui Ano Lectivo 2020


Dr. Agostinho Chitanda Miguel 2º Ano/ I Semestre
Decisão de Investimento
 Entende-se por investimento o conjunto de
despesas feitas com aquisição de activos
imobilizadoras, bem como, todos os encargos
que a empresa irá suportar decorrentes dessa
decisão de aquisição.

 Todavia, deve enquadrar na preparação da


decisão de investimento não apenas os custos e
outras despesas de aquisição do bem
imobilizado, mas também todos os restantes
encargos que decorrerão para a empresa de
aquisição.
Victor Chissingui/Agostinho Miguel
Decisão de Investimento

 Tipos de Investimentos:
1. Investimentos Financeiros;
2. Investimentos não directamente
produtivos:
- Investimentos de substituição;
- Investimentos de expansão.
3. Investimentos em activos reais;

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento

 Investimentos Financeiros: Consiste na aquisição de


activos financeiros , participações de capital em
empresas, títulos de rendimentos ou mesmos bens
corpóreos como edifícios ou terrenos, em que o
objectivo fundamental é a obtenção de uma mais-valia
futura na sua revenda ou a obtenção de um rendimento
decorrente da sua mera fruição.

 EX: Dividendos; Juros obtidos ou rendas

 Para os investimentos em activos financeiros, os activos


adquiridos não são incorporados no processo produtivo
da empresa, apenas representam uma aplicação do
capital que a empresa tenha disponível.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento

 Investimentos não directamente produtivos: São


aqueles investimentos em activos imobilizados
corpóreos ou incorpóreos que ainda que úteis ao
processo produtivo da empresa nele não se incorporam
directamente.

 EX: Investimentos destinado a melhorar as condições de


trabalho ( I&D de produtos ou processos de fabrico;
formação dos colaboradores, entre outros)

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Investimentos de substituição: são aqueles em que a
empresa decide meramente substituir determinado bem,
equipamento ou edifício, por outro de características
idênticas e sem o objectivo de aumentar a sua
capacidade produtiva.

 Refere-se que a substituição raramente é inócua,


principalmente numa era como a actual em que a
evolução tecnológica leva a que a substituição operada
conduza à aquisição de novos equipamentos que são
tecnicamente mais apurados, logo mais produtivos,
permitindo melhorar a qualidade de produção , que os
vêm substituir.
Victor Chissingui/Agostinho Miguel
Decisão de Investimento
 Investimentos de expansão: são aqueles que têm por
objectivo aumentar a capacidade produtiva da empresa.

 Assim, a análise da decisão de investir é, neste caso,


mais complexa, pois será necessário estudar a
rendibilidade derivada dessa expansão, o que não
acontecia nos casos anteriores.

 Por seu lado, é necessário analisar qual o novo


posicionamento da empresa face ao mercado, o que
poderá alterar substancialmente a estratégia da
empresa, em termos de preço e utilização da
capacidade produtiva.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Componentes de um projecto de
investimento:

 Estudo de Mercado
 Estudo técnico
 Quantificação do Investimento
 Estudo financeiro

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Estudo de Mercado: visa conhecer a capacidade que a empresa terá
de vir a colocar o produto junto dos clientes potenciais. Quanto
poderá vender e a que preço são os resultados que pretende atingir.
Estes resultados são geralmente apresentados de forma
probabilística, e não determinística, ou através de formulação de
cenários.

 Destas respostas irá depender de um estudo aprofundado de


questões como: Quem serão os clientes? Qual o seu
comportamento como consumidor? Qual o seu rendimento
disponível?

 Em termos de concorrência: Quais são as empresas no mercado?


Qual é a sua estratégia e capacidade concorrencial? Qual o
impacto que a irá ter sobre o equilíbrio do mercado?

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento

 Estudo técnico: tem por objectivo definir a


base tecnológica do projecto bem como as suas
condições de laboração e técnicas em geral.

 Quantificação do Investimento: é a fase em


que, definida a tecnologia e o mercado, se vão
estimar os parâmetros básicos que irão ser
utilizados na avaliação do projecto.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento

 Estudo do Financiamento: consiste na análise de


como a empresa irá obter fundos necessários para fazer
face aos encargos com aquisição de bens imobilizados
e ao impacto que o projecto poderá ter noutras rubricas
do activo.

 Neste parâmetro, há que estudar onde e a que custo se


irá a empresa financiar, sob pena de o projecto poder vir
a parar a meio da sua implementação por falta de
fundos, o que acrescenta –se, tem sido uma situação
infelizmente demasiado frequente em projectos
industriais em Angola.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento

 Custos e Proveitos na Análise de


Investimentos:
 Capital investido;
 Receitas e despesas de exploração;
 Período de vida útil;
 Valor residual; e
 Custo de capital ( COC)

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Capital investido: Há que quantificar todos os aumentos das rubricas do
activo que resultam da implementação do projecto de investimentos.

 Nesta senda, Há que definir com precisão os custos de aquisição e


instalação dos bens imobilizados corpóreos, isto é, terrenos, edifícios;
equipamentos fabris e administrativos, material de transporte e outros .

 Por seu lado, há ainda que ter em conta eventuais imobilizações


incorpóreas , como marcas ou patentes, e despesas diversas necessárias
ao início da produção.

 Finalmente, há que analisar em termos líquidos o aumento de rubricas do


balanço que poderá ser determinado pela implementação do projecto. O
objectivo aqui é o de determinar qual o capital de que teremos de dispor
para financiar esses acréscimos, sem nos esquecermos que estamos
sempre a referirmo-nos ao se aumento líquido.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento

 Receitas e despesas de exploração: as receitas e


despesas de exploração são todas aquelas que
derivarão directamente do projecto da empresa.
 Há que estimar quer as vendas, quer os custos tanto ao
nível de matérias primas como da mão-de-obra ou
outros afinal da totalidade dos custos em que a empresa
incorre para que se torne possíveis as vendas
estimadas.
 Algumas notas importantes a ter em conta nesta
estimativa de receitas e despesas: periodicidade;
Custos antes de encargos financeiros e
amortização.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento

 Período de via útil: é o tempo que o


projecto é suposto estar em produção ,
logo gerar proveitos e custos da empresa.

 Este período pode ser determinado a


partir das capacidades físicas do
equipamento, ou por razões de
obsolescência técnica ou comercial.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento

 Valor residual: É o valor que a empresa virá a


receber no final do período de vida útil do
projecto pela venda dos activos imobilizados
adstritos ao projecto.

 Realce-se aqui que caso tenha havido


investimentos em stocks e clientes, bem como
financiamento de fornecedores nos termos
acima referidos, há que contar com a reposição
de todas estas contas ao nível que teriam sem
impacto do projecto.
Victor Chissingui/Agostinho Miguel
Decisão de Investimento
 Custo de capital ( COC): deverá
corresponder à estimativa da empresa de
qual a taxa de juro de mercado a que se
irá financiar.
 Deve a estimativa utilizada na análise
resultar de uma média ponderada das
taxas que a empresa estimar para
diversas formas de financiamento que
estejam disponíveis.
Victor Chissingui/Agostinho Miguel
Decisão de Investimento
 Impacto dos impostos no custo de capital:
 Efectivamente como os encargos
financeiros são dedutíveis ao lucro
apurado pela empresa, então o custo para
a empresa do capital mutuado não é a
totalidade do que paga o mutuário, mas
sim esse montante deduzido da poupança
de imposto, logo o custo de capital real
para a empresa é menor dado o benefício
fiscal i*(1-t).

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Principais critérios de análise de investimentos:

 Pay-Back; (Período de recuperação);

 VAL (Valor actualizado líquido);

 TIR (Taxa Interna de rendibilidade); e

 Análise de Sensibilidade.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Cash-Flow de Exploração é o fluxo
financeiro gerado pela actividade de
exploração do projecto.

CF-Exp= Resultados líquidos +Amortizações+ Encargos Financeiros

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 VAL: sendo um critério universalmente mais aceite, o Valor
Actual Líquido (VAL) não é mais do que o cálculo do somatório
das receitas líquidas ( ou cash-flows) de exploração actualizadas
a uma determinada taxa de actualização diminuindo dos valores
actualizados à mesma taxa.
m Ij CFLi n
VAL   
j 0 (1  k ) j
i 1 1  K i

n
It n
( Rt  Dt Vr
 ou VAL    
t 0 1i  t
t 1 1i  1i 
t t

CFLi = Cash Flow líquido do ano i


k = custos de oportunidade do capital
Ij = Investimento do ano j
n = vida esperada do projecto
Victor Chissingui/Agostinho Miguel
Decisão de Investimento
 se o VAL > 0 o investimento deve ser realizado.
Isto é , os fluxos de caixa positivos superam os
fluxos negativos, em termos de actualização.

 se VAL < 0, o investimento deve ser rejeitado,


isto é, os fluxos de caixa negativos superam os
fluxos de caixa positivo em termos actualizados.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Vantagens:
 Facilidade de cálculo, mas apenas uma vez conhecida uma
taxa de actualização apropriada.
 Conceptualmente mais perfeito e completo que o Pay- back uma
vez que, considera a totalidade dos fluxos assim como o
custo de oportunidade de capital.

 Desvantagens:
 É normalmente problemática a determinação segura da taxa de
actualização mais apropriada. Este é inconveniente tanto mais
importante uma vez que, como se pode verificar, o VAL é muito
sensível à taxa utilizada (COC)

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Exemplo de Aplicação:
 Suponha que o investimento inicial em ambos projectos é de 1000
Usd e o custo de capital é de 10%.

Proj. A Proj. B
Ano Rt-Dt Rt-Dt
1 500 100
2 300 100
3 200 300
4 100 500
5 100 700

Calcule o valor actualizado líquido para os dois projectos ?

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Resposta:
 VAL projecto A= -17<0. Rejeita-se o projecto
porque os fluxos de caixa negativos superam os
fluxos de caixa positivo.

 VAL projecto B=176 >0. O investimento deve


ser realizado. Isto é , os fluxos de caixa
positivos superam os fluxos negativos.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Taxa interna de rendibilidade (TIR): é a taxa de actualização que
torna nulo o VAL. A regra de decisão neste caso é, em termos
absolutos, a de escolher os projectos cuja TIR seja
superior ao custo de capital (TIR>COC).
m Ij n
CFLi
0   
j  0 (1  k ) i 1 1  K 
j t
ou

n
It n
( Rt  Dt ) Vr
0    
t 0 1i  t
t 1 1i  1i  t n

 Em termos relativos o melhor projecto é aquele que apresenta uma


TIR mais elevada.
 No caso anterior a TIR proj A =9,08% <coc 10%; e
TIRprojB=14,806%>coc10%

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Vantagens
 Não exige uma decisão prévia sobre a taxa de
actualização adequada para actualizar os cash-flows
futuros do projecto

 Fornece um valor relativo ( taxa) dando assim um


tratamento aceitável ao problema escala e,
simultaneamente, permite o estabelecimento de um
termo de comparação (custo do capital da empresa)
abaixo do qual os projectos deverão ser recusados

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento

 Desvantagens
 Para determinados tipos de investimentos
não é possível determinar um único valor
para a empresa a TIR, isto é, existe mais
do que uma taxa que anula o valor do
VAL.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Período de Recuperação (pay-Back):Sendo um critério mais
utilizado, depois do VAL e da TIR, o critério do Período de
Recuperação procura analisar o risco que está inerente a um
determinado projecto, utilizando o factor tempo como medida de
risco, uma vez que, quanto mais rápido é o reembolso do
investimento, menor é o risco de um projecto .

 Este método traduz-se na medição do tempo que demora entre a


realização do investimento e a sua recuperação através dos cash-
flows de exploração acumulados.

 Este critério é vital para analisar projectos de rápido período de


obsolescência dos equipamentos e/ou dos produtos que se estão a
fabricar.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Período de Recuperação (Pay-Back)
 Vantagens:
 Facilidade de Compreensão;
 Simplicidade de aplicação;
 Fornece uma ideia do grau de liquidez e de risco do
projecto;
 Em tempo de grande instabilidade e pela razão anterior,
a utilização deste método é uma forma de aumentar a
segurança dos negócios da empresa.
 Desvantagens:
 O período de recuperação ignora os Cash-Flow após o período
de reembolso e portanto a taxa de rendibilidade do
investimento.

Victor Chissingui/Agostinho Miguel


Decisão de Investimento
 Exemplo de aplicação:

Proj. A ( coc=10%)
Ano Invest (Rt-Dt) CF-ACT CF- Acum
0 -1.000 -1000,00
1 500 455 -545
2 300 248 -297
3 200 150 -147
4 146,41 100 -47
5 100 62 15

 De acordo com os dados da tabela acima, sabemos que o período de recuperação do


investimento se situa entre o 4º e 5º anos. E o adicional do 4º ano calcula-se da
seguinte maneira:
 (47/62)*12= 9,096774194 meses.
 Podemos ainda ser mais específicos e calcular o nº de dias durante o 9º mês:
0,0967741935*30=2,9 3dias.

 Podemos então concluir que o Pay-back period deste projecto de investimento é de 4


anos, 9 meses e 3 dias.
Victor Chissingui/Agostinho Miguel

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