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Cálculo Financeiro

Capítulo 2- Capitalização Ano lectivo 2020

Mestre Victor Chissingui


Mestre Riquelme Chicomo 2º Ano/ ISemestre
Dr. Agostinho Miguel
Capitalização
 Objectivos

No final deste capítulo, o aluno deverá ser capaz de:


 Compreender o conceito de capitalização
 Compreender que, em regime de juros simples, o juro período é constante e o
capital acumulado evolui em progressão geométrica de razão c*i
 Compreender que em regime de juro composto, o juro período e o capital
acumulado evoluem em progressão geométrica(1+i)
 Compreender porque é que a utilização do regime de juro simples é pouco
adequada em operações de médio/longo prazo
 Compreender que a frequência de capitalização não é importante no Regime de
juro simples ( não há juros de juros), mas é vital no regime de juro Composto
 Compreender que, para prazos inferiores a um período de capitalização, a
utilização do regime de juro simples conduz a um juro superior ao que é obtido
com a utilização do Regime de juro Composto
 Compreender o conceito de capital acumulado em regime de juro simples

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Capitalização
 Objectivos (continuação)

 Compreender o conceito de capital acumulado em regime de juro


composto
 Compreender que em regime de juro simples, não há verdadeira
distinção entre taxas nominais e efectivas ou entre taxas
proporcionais e equivalentes. Esta distinção só existe em regime
de juro composto
 Consultar as tabelas financeiras a partir do factor de capitalização n;
i%
 Compreender o conceito de capitalização em regime de juros
simples
 A partir do factor de capitalização composto n; i% = 1  i n
calcular n
ou i
 Compreender o factor de capitalização simples
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Capitalização
 Regime de juros simples: trata-se de um
regime através do qual, o juro é calculado só
em função do tempo, mantendo o mesmo
capital inicial.

 Regime de juro Composto: trata-se de um


regime através do qual, o juro é calculado com
base no capital e no tempo, uma vez que o juro
vencido em cada unidade de tempo se adiciona
ao capital inicial vencendo também juro.

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Capitalização
 Capitalização em regime de juros simples: O
capital que vence juros é constante ao longo do
processo

 Como o juro sai do processo de capitalização,


não faz sentido em falar de capital acumulado
quando se está a abordar o sistema de
capitalização em regime de juro simples.

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Capitalização
 Exemplo de aplicação da capitalização
em regime de juros simples:
 Um capital de 500.000 USD foi aplicado
durante 3 anos, em regime de juros
simples à taxa anual de 10%.
a) Calcule o juro vencido em cada ano
b) Calcular o total de juros vencidos

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Capitalização

a) J1= C0*i
J1= 500.000*0,1 = 50.000 USD
Por Analogia j3 = 50. 000 USD
3 3

b)
j total =  j 1 = C 0 i
i 1 i 1

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Capitalização
 J total = 3*500.000*0,1 = 150.000 USD
 a) O juro produzido em cada período é de 50.000 USD
 b) O total de juro vencidos é de 150.000 USD

 Representar na recta de tempo !!!!!!!!!!!!

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Capitalização
 Capitalização em regime de juros compostos

 Por oposição ao regime de juros simples, os juros


produzidos no regime de juros compostos não são
excluídos do processo de capitalização .
 O capital que vence juros ao longo do tempo não é
portanto constante, como no caso do regime de juros
simples
 Juros são adicionados ao capital vencendo também juros
nos períodos seguintes”Juros sobre juros”

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Capitalização
 Por dedução matemática, para cada
período n qualquer que seja, o juro
produzido é dado pela seguinte equação:

J n  C0  1  i 
n 1
i

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Capitalização
 O capital acumulado ao fim de cada
período n é dado pela expressão:

Cn  C0  1  i 
n

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Capitalização
 Sendo o juro o acréscimo sofrido por um capital quando
aplicado durante um certo período de tempo, o
montante de juros produzidos durante n períodos de
aplicação será portanto:

J total = Cn - C0
= C 0  1  i  - C 0
n

= C0  (1  i) 1
n

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Capitalização
 Exemplo de aplicação:
Um capital de 500.000 USD foi aplicado
durante 3 anos, em regime de juro
compostos à taxa anual de 10%.
a) Calcular o juro vencido em cada ano.
b) Qual o capital acumulado ao fim de cada
período
c) Calcular o total de juros vencidos

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Capitalização
a) J1 = C0 * i
J1 = 500.000* 0,1 = 50.000
Como o juro não sai do processo de capitalização, o capital ao fim do primeiro
período é dado por :
C1= C0 + J1
= 500.000 + 50.000 = 550.000.
O juro produzido no segundo período é dado por:
J2 = C1*i
J2 = 550.000* 0,1 = 55.000
como o juro não sai do processo de capitalização, o capital ao fim do segundo
período é dado por :
C2 = C1+ J2
= 550.000 + 55.000 = 605.000

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Capitalização
 O juro produzido no terceiro período é
dado por:
J3 = C2*i
J3= 605.000*0,1=60.500
Como o juro não sai do processo de capitalização, o capital ao fim do
terceiro período é dado por:
C3 = C2 + J3
= 605.000 + 60.500 =665.500

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Capitalização
 Os juros produzidos ao longo do tempo de
aplicação são:
Jtotal = Cn – C0
= C3 – C0
= 665.500 – 500.000 = 165.500

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Capitalização
 Não tendo calculado C3, teríamos:

C
Jtotal = n  1  i 3 – C
= 500.000  (1  0,1) 3  1
0

 = 165.500 USD

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Capitalização
 Comparando os resultados obtidos pelo
mesmo capital aplicado em regime de
juros simples e aplicado em regime de
juros compostos teremos:

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Capitalização
 Regime de juros simples versus juro composto
 Juros produzidos e capital acumulado

Regime de juros Simples Regime de juro compostos


Período Juro Capital Juro Capital
Vencido Acumulado Vencido Acumulado
1 50 500 50 550
2 50 500 55 605
3 50 500 60,5 665,5

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Capitalização
 Relações entre taxas de juro

 Sendo a taxa de juro a constante de proporcionalidade


entre o juro produzido e o capital acumulado por um
capital inicial aplicado durante a unidade de tempo,
podem se evidenciar algumas relações entre as taxas
de juro.

 Taxas equivalentes

 Duas taxas de juro dizem-se equivalentes referidas a


períodos diferentes, se quando aplicadas a capitais
iguais durante igual extensão de tempo produzem o
mesmo efeito
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Capitalização
 Usando a definição de capital acumulado
teremos:

C n  C0 1  in 
n

Cm  C0 1  im 
m

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Capitalização
 Se as taxas im e in são equivalentes então
partindo do capital inicial Co os capitais
acumulados nos dois processos de
capitalização são iguais isto é:

C n = Cm donde

 C0 1  in  = C0 1  im 
n m

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Capitalização
 Verificando o exposto para uma taxa
anual e outra semestral teremos:
Canual  C0 1  is 
2

Canual  C0 1  ia 
1

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Capitalização

 Canual = Canual donde


 1  ia 
1
= 1  i 2
s

 Então is e ia são equivalentes se o capital acumulado,


por aplicação do capital C0 durante um ano é igual,
quando colocado à taxa semestral is ou à taxa anual ia.

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Capitalização
 Exemplo de aplicação de taxas equivalentes

 1. O Sr. António Costa, Director Financeiro da TAAG, pretende


substituir uma taxa de 6% semestral por uma taxa equivalente
referenciada a um período de tempo diferente.
 a) Qual a taxa no caso de ser anual
 b) Qual a taxa no caso de ser trimestral

 Resposta :
 a) A taxa de juro anual equivalente é 12,36%
 b) A taxa de juro trimestral equivalente é 2,956%

 NB: Na sala de aula detalhar-se - à resolução

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Capitalização
 Taxas proporcionais:
 Quando entre duas taxas de juro, referidas a
períodos diferentes, existe a mesma relação de
proporcionalidade que entre os seus períodos
diz-se que são proporcionais.

 Por definição, para um período de tempo 1/m do


ano, a taxa de juro proporcional à taxa anual ia/m
em que o m é o número de períodos iguais em
que se dividiu o ano.
ia
im 
m
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Capitalização
 Exemplo de aplicação de taxas proporcionais:

Determine a taxa de juro mensal proporcional à taxa de juro anual de


18%.

Resposta

A taxa de mensal é 1,5%

NB: Na sala de aula detalhar-se - à resolução

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Capitalização
 Taxas efectivas:
 Se as taxas de im e i são equivalentes, isto é produzem o
mesmo efeito quando aplicadas ao mesmo capital
durante o mesmo período de tempo então é indiferente
aplicar uma ou outra. Portanto quando se aplica uma
está-se necessariamente a aplicar outra.

 Estas taxas são definidas como taxas efectivas, desde


que, pelo menos uma seja referida ao período de
capitalização efectivamente praticado

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Capitalização
 Assim teremos:
1  i  1  im 
m

 Em que m é o número de períodos de


capitalização da taxa im durante o número de
períodos de capitalização da taxa i.

 Assim, a taxa efectiva anual, num processo, de


capitalização semestral à taxa is seria portanto:

1  ia   1  is 
2

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Capitalização
 .
ia  (1  is ) 1 2

 Se se tratar de uma taxa periódica, o


exemplo poderá ser o de calcular a taxa
trimestral efectiva dada uma taxa
semestral.
 Assim teremos:

1  is   1  it  2

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Capitalização
 Donde
it  (1  is )1/ 2 1
 Exemplo de aplicação de taxas efectivas:

 Considerando a taxa semestral efectiva de 12% determine :


 a) A taxa anual efectiva
 b) A taxa mensal efectiva

Respostas
a) A taxa anual efectiva é 25,44%
b) A taxa mensal é 1,906%

NB: Na sala de aula detalhar-se - à resolução

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Capitalização
 Taxas Nominais

 No entanto , em vez de falarmos em taxas equivalentes se usarmos


taxas proporcionais, im e i , somente uma delas pode ser
considerada efectiva.

 Se a capitalização se fizer no período 11m do ano, a


taxa im será efectiva no período de referência (11m) e
taxa proporcional i será a taxa anual correspondente
(não equivalente ).

 Esta taxa chama-se portanto taxa nominal ou declarada, se o


período de capitalização for o ano a taxa efectiva será i e im será
a taxa nominal referente ao período m.

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Capitalização
 Se uma taxa anual ia
capitaliza m vezes ao
ano, então ia é a taxa nominal anual e,
teremos respectivamente:
ia
 taxa efectiva do período m
m
m
 ia 
1    1  taxa efectiva anual
 m

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Capitalização
 Exemplo de aplicação de taxas nominais:

 A empresa “Cidade Vida” colocou 1.000 USD,


durante 5 anos à taxa anual de 1,6%, em
regime de capitalização composta . Determine o
capital acumulado se:
 a) A capitalização for anual
 b) A capitalização for semestral
 C) A capitalização for mensal

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Capitalização
 Respostas:

 a) O capital acumulado, se a capitalização for


anual será 1.082,60
 b) O capital acumulado, se a capitalização for
semestral será 1.082 ,94.
 C) O capital acumulado, se a capitalização for
mensal será 1.083,01.

NB: Na sala de aula detalhar-se - à resolução

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Capitalização
 Relação entre taxa nominal e efectiva

 A taxa nominal é a taxa efectiva se o período de


capitalização coincide com o período da taxa. Isto é,
uma taxa anual i, que capitaliza uma vez ao ano, é
nominal anual e também efectiva anual

 Quando o período da taxa e o período de capitalização


não são coincidentes, a relação entre a taxa efectiva e
taxa nominal pode ser dada por :

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Capitalização
1. Se o período de capitalização é inferior
ao período da taxa de juro então:
i efectiva  (1  ino minal )n  1

2. Se o período de capitalização é superior


ao período da taxa então:
1
i efectiva  (1  ino min al )  1
n

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Capitalização
 Aferindo para i anual e i semestral
teremos que ia é nominal e efectiva se é uma taxa
anual com período de capitalização ao ano ( isto é
capitaliza uma vez ao ano).

Se o período de capitalização for o semestre então:


ia
 taxa efectiva do período m
2
2
 ia 
1    1  taxa efectiva anual
 2
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Capitalização
 Exemplo de aplicação da relação entre taxa nominal
e efectiva.

 O sr. João Campos colocou 1.000 USD durante 10 anos


à taxa anual de 6%, em regime de capitalização
composta. Qual o capital acumulado, sabendo que a
capitalização é semestral, se:

 a) A taxa anual de 6% é efectiva


 b) A taxa anual de 6% é nominal

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Capitalização
 Respostas:

a) O capital acumulado, se a taxa anual for efectiva será


1.788.65

b) O capital acumulado, se a taxa anual for nominal será


1.806,11.

 NB: Na sala de aula detalhar-se - à resolução

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Capitalização
 Inflação é uma subida sustentada e continuada do nível geral de
preços. Ou seja, a inflação desvaloriza o dinheiro no tempo, já que
diminui o seu poder de compra. Nesta senda, torna-se necessário
fazer uma correcção monetária no sentido de recuperar o poder
de compras de determinado valor.

 Deflação é entendida como uma descida sustentada e continuada


do nível geral de preços.

 Ao exposto, demonstra-se que quando o valor da moeda aumenta


(deflação) ou diminui (inflação) ao longo do período de
capitalização a taxa real do processo será superior ou inferior,
respectivamente a taxa que foi acordada.

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Capitalização
 Se a taxa de inflação for superior à taxa de
juro corrente, o valor acumulado, em termos
de valor real será inferior ao valor inicial.
 Taxa corrente é a taxa convencionada para a
aplicação.
 O capital acumulado calculado com base em
taxas correntes será sempre superior ao
capital inicial pela própria definição do conceito
de capitalização.

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Capitalização
 A taxa real de juro é a constante de proporcionalidade
entre o valor real de um capital acumulado e o valor
de capital inicial quando aplicado durante a unidade de
tempo.

 O capital acumulado calculado com base na taxa de juro


corrente terá de ser deflacionado pelo efeito de inflação .

 Se a taxa de juro corrente for i, e considerarmos I como


a taxa de inflação então ir será a taxa de juro real.

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Capitalização
 O aumento real do poder de compra será
dado pelo valor real do juro produzido. Isto
é a diferença entre capital acumulado
real e o capital inicial.
 Assim teremos:
 Jreal = Cn real – C0

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Capitalização
 A expressão que nos permite determinar a
taxa de juro real de uma aplicação, função
da taxa de juro corrente e da taxa de
inflação é a seguinte:

ireal 
1 i
1
1  I 
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Capitalização
Exemplo de aplicação
A empresa Global expert Angola aplicou 1.000
USD durante 3 anos, à taxa de juro anual de
8%, em regime de capitalização anual
composta. Sabendo que durante o período da
aplicação a taxa média de inflação foi de 5%,
determine,
a) O capital acumulado
b) A taxa real de aplicação
c) O valor real do capital acumulado

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Capitalização
 Respostas:
 O capital acumulado é de 1.259,71
 A taxa real da aplicação é de 2,85%
 O valor real do capital acumulado é
1.087,95

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