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Cálculo Financeiro

Licenciatura em Contabilidade e Administração

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 1


Regime Simples

O CÁLCULO FINANCEIRO

Valor Temporal do Dinheiro


É o conceito base de todo o Cálculo Financeiro. Expressa que
o valor de uma mesma quantia de dinheiro não é constante e
varia com o tempo.

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Regime Simples

1. Regime Simples
1.1. Capitalização
1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental
1.1.2. Valor acumulado em regime simples
1.2. Taxas de juro
1.2.1. Taxas proporcionais
1.2.2. A concordância temporal
1.2.3. Convenções no cálculo de juros
1.3. Taxa média
1.4. Atualização

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Regime Simples

1.1. Capitalização

Regime de Capitalização Simples


Os juros de cada período são sempre calculados com base
no capital (principal), i.e. não há juros de juros.

- Simples “puro”
Os juros são calculados e pagos periodicamente.

- “dito” Simples
Os juros são calculados periodicamente mas apenas são
pagos no fim do prazo.

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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental

Exemplo
Considere uma aplicação de 20 000,00 €, durante 10 anos, à
taxa de juro simples anual de 10%.

Juro do período (jk)


j1 = j2 = j3 =1= j10 = 20 000×0,1 = 2 000

Juro total (J10)


J10 = j1 + j2 + j3 +1+ j10
J10 = 10×20 000×0,1 = 20 000

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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental (Continuação)

Generalizando:

Juro do período (jk)


j1 = j2 = j3 =1= jn = C0 × i

Juro total (Jn)


Jn = j1 + j2 + j3 +1+ jn
Jn = n × C0 × i ⇔ Jn = C0 × n × i

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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental (Continuação)

Tem-se, então, a fórmula fundamental de juro simples:

Jn = C0 × n × i

em que:
C0 representa o capital inicial;
n representa o prazo (número de períodos da capitalização); e
i representa a taxa de juro

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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental (Continuação)

Três aspetos que estão subjacentes à fórmula fundamental


de juro simples:

1 – É válida para um único capital e pressupõe taxa fixa.


2 – Pressupõe a existência de concordância temporal entre o
n e o i.
3 – Assenta na seguinte ideia:
O juro simples é diretamente proporcional ao capital (C0) e
número de períodos da capitalização (ou seja, ao prazo) (n).

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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental (Continuação)

A fórmula fundamental de juro simples, nos termos definidos


só é válida para um único capital e pressupõe taxa fixa.
Analisemos, pois, as situações em que isso não se verifica.

Como proceder?

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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental (Continuação)

Primeira situação: 1 capital e várias taxas (taxa variável)

Exemplo
Considere uma aplicação de 20 000,00 €, durante 10 anos, em
que nos primeiros seis vigorou a taxa anual de juro simples de
1% e no restante prazo a taxa anual de 2%. Calcule o juro
simples obtido no final do prazo.

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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental (Continuação)

Primeira situação: 1 capital e várias taxas (taxa variável)

Juro do período (jk e j`k)


j1 = j2 = j3 = j4 = j5 = j6 = 20 000×0,01 = 200
j`7 = j`8 = j`9 = j`10 = 20 000×0,02 = 400

Juro total (J10)


J10 = j1 +1+ j6 + j`7 +1+ j`10
J10 = 6×20 000×0,01 + 4×20 000×0,02
J10 = 6×200 + 4×400
J10 = 1 200 + 1 600 = 2 800

Resposta: 2 800,00 €
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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental (Continuação)

Segunda situação: vários capitais e uma taxa (taxa fixa)

Exemplo
Numa conta bancária, remunerada à taxa anual de 1%, foram
efetuados dois depósitos: o primeiro de 20 000,00 € e o
segundo, 2 anos depois, de 10 000,00€. Calcule o juro total
(regime simples) obtido ao fim de 10 anos.

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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental (Continuação)

Segunda situação: vários capitais e uma taxa (taxa fixa)

Juro total do primeiro capital (C0 = 20 000,00 €):


J = 20 000×10×0,01 = 2 000

Juro total do segundo capital (C`0 = 10 000,00 €):


J` = 10 000×8×0,01 = 800

Juro total (JT)


JT = J + J` = 2 000 + 800 = 2 800

Resposta: 2 800,00 €

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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental (Continuação)

Terceira situação: vários capitais e várias taxas

Exemplo
Numa conta bancária foram efetuados dois depósitos: um de
20 000,00 € e outro, 2 anos depois, de 10 000,00€. Sabendo
que 4 anos após o segundo depósito a taxa de juro anual que
remunera a conta passou de 1% para 2%, calcule o juro total
(regime simples) obtido 4 anos depois da referida alteração.

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Regime Simples

1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental (Continuação)

Terceira situação: vários capitais e várias taxas

Juro total do primeiro capital (C0 = 20 000,00 €):


J = 20 000×6×0,01 + 20 000×4×0,02 = 2 800

Juro total do segundo capital (C`0 = 10 000,00 €):


J` = 10 000×4×0,01 + 10 000×4×0,02 = 1 200

Juro total (JT)


JT = J + J` = 2 800 + 1 200 = 4 000

Resposta: 4 000,00 €

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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples

O valor acumulado (ou valor futuro) em regime simples


corresponde à soma do capital inicial (C0) com o respetivo juro
simples (Jn).

Representado por Cn o valor acumulado (em regime simples),


vem:
C n = C 0 + Jn ⇔
⇔ Cn = C0 + C0 × n × i ⇔
⇔ C n = C 0 . (1 + n × i )

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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

Tem-se, então, a fórmula do valor acumulado em regime


simples:

C n = C 0 .. (1 + n × i )

Três aspetos que estão subjacentes a esta fórmula:

1 – É válida para um único capital e pressupõe taxa fixa.


2 – Pressupõe a existência de concordância temporal entre o
n e o i.
3 – O valor acumulado em regime simples é diretamente
proporcional (apenas) ao capital (C0).
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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

Exemplo
Numa conta bancária, remunerada à taxa de juro simples anual
de 2,5%, foi efetuado um depósito de 20 000,00 €. Calcule o
saldo da conta ao fim de 10 anos.

O saldo corresponde ao valor acumulado no final do 10.º ano,


ou seja, C10.
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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

Então,

C 10 = 20 000. (1 + 10 × 0,025 ) ⇔
⇔ C 10 = 25 000

Resposta: 25 000,00 €

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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

Pode ser feita uma tabela com o detalhe das capitalizações


“ditas simples” ao longo dos períodos de capitalização:

- A coluna dos juros tem sempre o mesmo valor.


- A coluna dos capitais no fim de cada período de capitalização
é sempre incrementada da mesma importância C0.
- Dizemos que os capitais no fim de cada período progridem
aritmeticamente com razão igual a C0i.
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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

A fórmula do valor acumulado em regime simples, nos


termos definidos, só é válida para um único capital e pressupõe
taxa fixa.
Analisemos, pois, as situações em que isso não se verifica.

Como proceder?

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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

Primeira situação: 1 capital e várias taxas (taxa variável)

Exemplo
Considere uma aplicação de 20 000,00 €, durante 10 anos, em
que nos primeiros seis vigorou a taxa anual de juro simples de
3% e no restante prazo a taxa anual de 4%. Calcule o valor
acumulado obtido no final do prazo.

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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

Primeira situação: 1 capital e várias taxas (taxa variável)

Juro total com a primeira taxa (i = 3%):


J = 20 000×6×0,03 = 3 600

Juro total com a segunda taxa (i` = 4%):


J` = 20 000×4×0,04 = 3 200

Valor acumulado (C10)


C10 = C0 + (J + J`) = 20 000 + (3 600 + 3 200) = 26 800

Resposta: 26 800,00 €

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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

Segunda situação: vários capitais e uma taxa (taxa fixa)

Exemplo
Numa conta bancária, remunerada à taxa anual de 3% (regime
simples), foram efetuados dois depósitos: o primeiro de
20.000,00€ e o segundo, 2 anos depois, de 10 000,00€.
Calcule o saldo da conta 10 anos após o primeiro depósito.

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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

Segunda situação: vários capitais e uma taxa (taxa fixa)

Valor acumulado do primeiro capital (C0 = 20 000,00 €):


Cn = 20 000×(1 + 10×0,03) = 26 000

Valor acumulado do segundo capital (C`0 = 10 000,00 €):


C`n = 10 000×(1 + 8×0,03) = 12 400

Saldo (S10)
S10 = Cn + C`n = 26 000 + 12 400) = 38 400

Resposta: 38 400,00 €

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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

Terceira situação: vários capitais e várias taxas

Exemplo
Numa conta bancária foram efetuados dois depósitos: um de
20 000,00 € e outro, 2 anos depois, de 10 000,00€. Sabendo
que 4 anos após o segundo depósito a taxa de juro simples
anual que remunera a conta passou de 3% para 4%, calcule o
saldo da conta 4 anos depois da referida alteração.

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Regime Simples

1.1.2. Valor acumulado em Regime Simples (Continuação)

Terceira situação: vários capitais e várias taxas

Valor acumulado do primeiro capital (C0 = 20 000,00 €):


Cn = 20 000 + (20 000×6×0,03 + 20 000×4×0,04) = 26 800

Valor acumulado do segundo capital (C`0 = 10 000,00 €):


C`n = 10 000 + (10 000×4×0,03 + 10 000×4×0,04) = 12 800

Saldo (S10)
S10 = Cn + C`n = 26 800 + 12 800 = 39 600

Resposta: 39 600,00 €

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Regime Simples

Aplicações

Exercício 1
Numa conta bancária foram efetuados dois movimentos: um
depósito de 30 000,00 € e um levantamento, 4 anos depois, de
8 000,00€.
a) Sabendo que a conta é remunerada à taxa de juro simples
anual de 3%, calcule o seu saldo 6 anos depois do último
movimento.
b) Sabendo que 2 anos após o segundo depósito a taxa de juro
simples anual que remunera a conta passou de 3% para 4%,
calcule:
b1) o saldo da conta 6 anos depois do último movimento.
b2) o juro produzido no segundo triénio.
b3) o juro produzido no segundo quadriénio.

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Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Exercício 1(Resolução)
a)

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Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Exercício 1(Resolução)
a)
Valor acumulado do primeiro capital (C0 = 30 000,00 €):
Cn = 30 000×(1 + 10×0,03) = 39 000

Valor acumulado do segundo capital (C`0 = - 8 000,00 €):


C`n = 8 000×(1 + 6×0,03) = 9 440

Saldo (S10)
S10 = Cn - C`n = 39000 - 9 440) = 29 560

Resposta: 29 560,00 €
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Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Exercício 1(Resolução)
b)

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Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Exercício 1(Resolução)
b1)
Valor acumulado do primeiro capital (C0 = 30 000,00 €):
Cn = 30 000 + (30 000×6×0,03 + 30 000×4×0,04) = 40 200

Valor acumulado do segundo capital (C`0 = - 8 000,00 €):


C`n = - 8 000 + (8 000×2×0,03 + 8 000×4×0,04) = 9 760

Saldo (S10)
S10 = Cn - C`n = 40 200 - 9 760 = 30 440

Resposta: 30 440,00 €
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Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Exercício 1(Resolução)
b2)

Juro do segundo triénio do primeiro capital (C0 = 30 000,00 €):


J = j4 + j5 + j6 = 30 000×3×0,03 = 2 700

Juro do segundo triénio do segundo capital (C`0 = - 8 000,00 €):


J` = j5 + j6 = 8 000×2×0,03 = 480

Juro total (JT)


JT = J - J` = 2 700 – 480 = 2 220

Resposta: 2 220,00 €
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Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Exercício 1(Resolução)
b3)

Juro do 2.º quadriénio do primeiro capital (C0 = 30 000,0 €):


J = j5 + j6 + j7 + j8 = 30 000×2×0,03 + 30 000×2×0,04 = 4 200

Juro do 2.º quadriénio do segundo capital (C`0 = - 8 000,00 €):


J` = j5 + j6 + j7 + j8 = 8 000×2×0,03 + 8 000×2×0,04 = 1 120

Juro total (JT)


JT = J - J` = 4 200 – 1 120 = 3 080

Resposta: 3 080,00 €
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Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Exercício 2
Numa conta bancária foi efetuado um depósito de 14 000,00 €
durante 30 meses. Sabendo que 12 meses depois do referido
depósito a taxa de juro simples mensal que remunera a conta
aumentou meio ponto percentual e que no final do prazo a
conta apresentava um saldo de 19 460,00€, calcule o valor da
taxa inicial.

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Regime Simples

Aplicações (Continuação)
Exercício 2

19 460 = 14 000 + 14 000 × 12 × i + 14 000 × 18 × i ' ∧ i ' = i + 0,005


Então,
5 460 = 14 000 × 12 × i + 14 000 × 18 × ( i + 0,005 ) ⇔
4 200
⇔ 4 200 = 14 000 × 12 × i + 14 000 × 18 × i ⇔ i = ⇔ i = 0, 01
14 000 × 30
Resposta: A taxa inicial era de 1%
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Regime Simples

1. Regime Simples
1.1. Capitalização
1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental
1.1.2. Valor acumulado em regime simples
1.2. Taxas de juro
1.2.1. Taxas proporcionais
1.2.2. A concordância temporal
1.2.3. Convenções no cálculo de juros
1.3. Taxa média
1.4. Atualização

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Regime Simples

1.2. Taxas

1.2.1. Taxas proporcionais

Exemplo
Considere dois empréstimos de igual valor (15 000,00€) e pelo
mesmo prazo (2 anos): o primeiro à taxa de juro simples
mensal de 1% e o segundo à taxa de juro simples bimestral de
2%.

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Regime Simples

1.2.1. Taxas proporcionais (Continuação)

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Regime Simples

1.2.1. Taxas proporcionais (Continuação)

Em relação ao primeiro empréstimo tem-se:


Juro do período (jk)
j1 = j2 = j3 =1= j24 = 15 000×0,01 = 150
Juro total (J24)
J24 = 24×15 000×0,01 = 3 600

No que respeita ao segundo empréstimo tem-se:


Juro do período (j`k)
j`1 = j`2 = j`3 =1= j`12 = 15 000×0,02 = 300
Juro total (J´12)
J`12 = 12×15 000×0,02 = 3 600

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Regime Simples

1.2.1. Taxas proporcionais (Continuação)

Como se pode verificar:


J24 = J`12 = 3 600

Pode-se, então, concluir que:


A taxa mensal de 1% e a taxa bimestral de 2% são
proporcionais, uma vez que quando aplicadas ao mesmo
capital (15 000,00€) durante o mesmo intervalo de tempo (2
anos = 24 meses = 12 bimestres) produzem o mesmo juro
simples ou, se se preferir, o mesmo valor acumulado em
regime simples.

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Regime Simples

1.2.1. Taxas proporcionais (Continuação)

Assim:
Duas taxas de períodos diferentes (i e i`) dizem-se
proporcionais quando aplicadas ao mesmo capital durante o
mesmo intervalo de tempo dão origem a juros simples (ou
valores acumulados em regime simples) de igual valor.

De outro modo:
Duas taxas de períodos diferentes (i e i`) dizem-se
proporcionais quando a razão entre essas duas taxas é igual à
razão entre os períodos de tempo a que elas se referem.

i M ês 1% 1
No nosso exemplo: = → =
i ' B im estre 2% 2
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Regime Simples

1.2.2. A concordância temporal

Como se disse anteriormente, a Concordância Temporal


significa que as variáveis prazo (n) e taxa de juro (i) têm que
ter o mesmo período de referência, isto é, têm de estar
expressas na mesma unidade de tempo.

Quando tal não acontece, veremos que é indiferente:

• encontrar a taxa de juro i’ com o mesmo período em que está


expresso o prazo n;
ou
• converter o prazo n no mesmo período da taxa de juro i.

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Regime Simples

1.2.2. A concordância temporal (Continuação)

Exemplo
Considere uma aplicação de 40 000,00 €, durante 9 meses, à
taxa de juro simples semestral de 3%. Calcule o juro obtido.

Alternativa 1
Considerar n = 9 (meses) e utilizar uma taxa mensal (i`)
proporcional à taxa semestral (i) de 3%.

0,03
J = 40 000 × 9 × ⇔ J = 1 800
6

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Regime Simples

1.2.2. A concordância temporal (Continuação)

Alternativa 2
Utilizar a taxa semestral (i) de 3% e converter o prazo (n) de 9
meses para o mesmo período da taxa, isto é, semestres.
9
J = 40 000 × × 0,03 ⇔ J = 1 800
6
Alternativa 3
Utilizar uma unidade de tempo diferente do mês e do semestre.
Considere-se, por exemplo, o ano:
9
J = 40 000 × × ( 2 × 0,03 ) ⇔ J = 1 800
12

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Regime Simples

1.2.2. A concordância temporal (Continuação)

Alternativa 3 (Continuação)

Considere-se, agora, o trimestre:


9 0,03
J = 40 000 × × ⇔ J = 1 800
3 2

O quadrimestre:
9 0, 03
J = 40 000 × × ⇔ J = 1 800
4 1,5

Sem surpresa, verifica-se que, independentemente da


alternativa utilizada, o valor do Juro é sempre o mesmo.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 46


Regime Simples

1.2.3. Convenções no cálculo de juros

O prazo, em anos, para efeito de cálculo de juros, segue uma


das quatro convenções seguintes:
- Atual ⁄ Atual
- Atual ⁄ 360
- Atual ⁄ 365
- 30 ⁄ 360.

Exemplo
Considere uma aplicação de 10 000,00 €, à taxa anual de 10%,
entre 29-01-2020 e 5-06-2020 (ano bissexto). Calcule o juro
recebido de acordo com as diferentes convenções.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 47


Regime Simples

1.2.3. Convenções no cálculo de juros (Continuação)

- Atual: número de dias efetivamente decorridos.

-“30”: número de dias decorridos, admitindo que o mês tem


sempre 30 dias.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 48


Regime Simples

1.2.3. Convenções no cálculo de juros (Continuação)

Juro Corrido = 10 000 × ? × 0,1

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 49


Regime Simples

1.2.3. Convenções no cálculo de juros (Continuação)

Notas finais:

1 – A convenção (Atual / Atual) está-se a calcular os Juros


Exatos.
2 – A convenção (30 / 360) está-se a calcular os Juros
Comerciais.
3 – O Decreto-Lei n.º 88/2008, de 29 de Maio, estabelece a
obrigatoriedade do uso, por parte das instituições de crédito
e sociedades financeiras, das convenções:
• 30/360 no cálculo de juros das operações de crédito à
habitação
• Atual/360 no cálculo de juros das operações de
depósitos.
Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 50
Regime Simples

Aplicação

Considere uma aplicação de 20 000,00€, à taxa de juro anual


de 4%, efetuada em 15/10/2020. Determine o juro simples
produzido até 15/03/2021, considerando:
a) a convenção Atual / Atual (Juros exatos).
b) a convenção 30 / 360 (Juros comerciais).

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 51


Regime Simples

Aplicação

a)
 77 74 
J = 20 000 ×  +  × 0,04 = 330,5
 366 365 
Resposta: 330,50 €

b)
150
J = 20 000 × × 0,04 = 333, 33 ( 3 )
360
Resposta: 333,33 €

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 52


Regime Simples

1. Regime Simples
1.1. Capitalização
1.1.1. Juro Simples: Fórmula fundamental
1.1.2. Valor acumulado em regime simples
1.2. Taxas de juro
1.2.1. Taxas proporcionais
1.2.2. A concordância temporal
1.2.3. Convenções no cálculo de juros
1.3. Taxa média
1.4. Atualização

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 53


Regime Simples

1.3. Taxa média

Exemplo
Considere as seguintes capitalizações em regime simples:
- 10 000,00 €, à taxa anual de 1%, durante 2 anos;
- 20 000,00 €, à taxa anual de 2%, durante 3 anos; e
- 30 000,00 €, à taxa anual de 3%, durante 4 anos.
Se estas capitalizações fossem todas feitas à mesma taxa
anual, qual deveria ser o seu valor de modo a que o total de
juros produzido fosse o mesmo?

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 54


Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

10 000 × 2 × 0, 01 + 20 000 × 3 × 0, 02 + 30 000 × 4 × 0,03


=
10 000 × 2 × im + 20 000 × 3 × im + 30 000 × 4 × im

Então,
10 000 × 2 × 0, 01 + 20 000 × 3 × 0,02 + 30 000 × 4 × 0,03
im = ⇔
10 000 × 2 + 20 000 × 3 + 30 000 × 4
⇔ im = 0,025

Resposta: A taxa média anual é 2,5%

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 55


Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

Então, chama-se taxa média em regime simples (im) à taxa


única que simultaneamente aplicada a cada uma daquelas
capitalizações produz um juro simples global igual à soma dos
juros quando aplicadas àquelas capitalizações as respetivas
taxas.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 56


Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

Generalização

Considere-se as p capitalizações seguintes:


- capital C1, com o prazo n1, à taxa i1;
- capital C2, com o prazo n2, à taxa i2;
1
- capital Cp, com o prazo np, à taxa ip

e em que as taxas i1; i2;1 ip; estão expressas na mesma


unidade de tempo.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 57


Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

Soma dos juros quando aplicadas àquelas capitalizações as


respetivas taxas:
C 1 × n 1 × i1 + C 2 × n 2 × i2 + ... + C p × n p × ip

Soma dos juros quando simultaneamente se aplica a taxa


média (im):
C 1 × n 1 × im + C 2 × n 2 × im + ... + C p × n p × im

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 58


Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

Igualando as duas expressões anteriores, vem:


C 1 × n 1 × i1 + C 2 × n 2 × i 2 + ... + C p × n p × ip
=
C 1 × n 1 × im + C 2 × n 2 × im + ... + C p × n p × im

E, finalmente:

C1 × n1 × i1 + C2 × n2 × i2 + ... + Cp × np × ip
im =
C1 × n1 + C2 × n2 + ... + Cp × np

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 59


Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

Ou, de outro modo:

∑C k × nk × ik
im = k =1
p

∑C
k =1
k × nk

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 60


Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

Exemplo
Considere as seguintes aplicações em regime simples:
-12 000,00 €, durante 14 meses, à taxa trimestral de 1%;
- 24 000,00 €, durante 7 trimestres, à taxa quadrimestral de
0,75%; e
- 36 000,00 €, durante 10 quadrimestres, à taxa semestral de
0,5%.

Calcule
a) a taxa média anual (regime simples) destas aplicações.
b) a taxa média mensal (regime simples) destas aplicações.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 61


Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

a)
14 7 10
12 000 × × 0,04 + 24 000 × × 0,0225 + 36 000 × × 0, 01
im = 12 4 3 ⇔
14 7 10
12 000 × + 24 000 × + 36 000 ×
12 4 3
⇔ im ≈ 0,01536932

Resposta: A taxa média anual é 1,536932%.

b) A taxa média mensal (i`) é proporcional à taxa média anual.


Então:
0, 01536932
i`= ≈ 0,00128077
12

Resposta: A taxa média mensal é 0,128077%.


Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 62
Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

Casos particulares:

Caso 1: Os capitais têm todos o mesmo valor


p

∑C k × nk × ik
im = k =1
p
∧ C1 = C2 = ... = Cp = C
∑C
k =1
k × nk

Daqui, vem:
p p p

∑C×n k × ik C × ∑ nk × ik ∑n k × ik
im = k =1
p
⇔ im = k =1
p
⇔ im = k =1
p

∑C×n
k =1
k C × ∑ nk
k =1
∑n
k =1
k

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 63


Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

Caso 2: Os prazos são todos iguais


p

∑C k × nk × ik
im = k =1
p
∧ n1 = n2 = ... = np = n
∑C
k =1
k × nk

Daqui, vem:
p p p

∑C k × n × ik n × ∑ Ck × ik ∑C k × ik
im = k =1
p
⇔ im = k =1
p
⇔ im = k =1
p

∑C
k =1
k ×n n × ∑ Ck
k =1
∑C
k =1
k

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 64


Regime Simples

1.3. Taxa média (Continuação)

Caso 3: Os capitais têm todos o mesmo valor e os prazos são


todos iguais
p

∑C k × nk × ik
C1 = C2 = ... = Cp = C
im = k =1
∧
 n1 = n2 = ... = np = n
p

∑C
k =1
k × nk

Daqui, vem:
p p p

∑C×n×i k C × n × ∑ ik ∑i k
im = k =1
p
⇔ im = k =1
p
⇔ im = k =1
p
∑C×n
k =1
C × n × ∑1
k =1

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 65


Regime Simples

Aplicações

Exercício 1
Considere uma aplicação de 5 000,00 €, em regime simples,
nas seguintes condições:
- durante o primeiro semestre vigorou a taxa semestral de 3%;
- durante os 2 semestres seguintes a taxa semestral de 2%; e
- no restante prazo vigorou a taxa semestral 1%.

Sabendo que a taxa média anual desta aplicação foi de 2,8%,


determine o prazo desta aplicação.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 66


Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Seja n o período de vigência da última taxa (1%).

1 × 0,03 + 2 × 0,02 + n × 0,01


0,014 = ⇔
1+ 2 + n
⇔ 0,014 + 0, 028 + 0,014 × n = 0,07 + 0,014 × n ⇔
⇔ 0,004 × n = 0,028 ⇔ n = 7

Resposta: Prazo da aplicação – 5 anos (ou 10 semestres)

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 67


Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Exercício 2
Considere três empréstimos, em regime simples, nas seguintes
condições:
- o primeiro com duração de 9 trimestres, à taxa semestral de
4%;
- o segundo com duração 24 meses, à taxa anual de 6%; e
- o terceiro com duração de 10 quadrimestres, à taxa trimestral
de 3%.

Sabendo que o valor do segundo e o do terceiro empréstimos


são, respetivamente, o dobro e o triplo do primeiro, calcule a
taxa média anual (regime simples) destes empréstimos.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 68


Regime Simples

Aplicações (Continuação)

9 10
C×× 0,08 + 2.C × 2 × 0,06 + 3.C × × 0,12
im = 4 3 ⇔
9 10
C × + 2.C × 2 + 3.C ×
4 3
9 10 
C ×  × 0,08 + 2 × 2 × 0,06 + 3 × × 0,12 
im = 4 3  ⇔
9 10 
C× + 2×2 + 3× 
4 3 
⇔ im ≈ 0,09969231

Resposta: A taxa média anual é 9,969231%.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 69


Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Exercício 3
Um indivíduo fez uma aplicação durante três anos, à taxa de
juro simples semestral de 2%.
Com o valor acumulado obtido efetuou um novo investimento à
taxa de juro simples trimestral de 1,5%, obtendo ao fim de
quatro anos um montante de 16 665,60€.
Determine:
a) O valor da aplicação inicial.
b) A taxa média anual (regime simples) destas aplicações.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 70


Regime Simples

Aplicações (Continuação)

a)
C × (1 + 3 × 0,04 ) . (1 + 2 × 0,06 ) = 16 665, 6 ⇔ C = 12 000

Resposta: 12 000,00 €.

b)
Sabe-se que:
C 1 = 12 000 ∧ C 2 = 12 000 × (1 + 3 × 0,04 ) = 13 440

Então:
12 000 × 3 × 0,04 + 13 440 × 4 × 0,06
im = ⇔ im ≈ 0,05197861
12 000 × 3 + 13 440 × 4

Resposta: A taxa média anual é 5,197861%.


Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 71
Regime Simples

Aplicações (Continuação)

Exercício 4
Considere as seguintes aplicações em regime simples:
- 4 000,00 €, durante 1 ano, à taxa anual de 2%;
- 6 000,00 €, durante 2 anos, à taxa anual de 3%; e
- 10 000,00 €, durante 3 anos, a uma taxa anual de valor igual
à taxa média anual destas três aplicações,

Calcule a taxa média anual (regime simples) destas aplicações.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 72


Regime Simples

Aplicações (Continuação)

4 000 × 1 × 0,02 + 6 000 × 2 × 0,03 + 10 000 × 3 × im


im =
4 000 × 1 + 6 000 × 2 + 10 000 × 3

Então,
4 000 × 1 × 0,02 + 6 000 × 2 × 0, 03 + 10 000 × 3 × im
=
4 000 × 1 × im + 6 000 × 2 × im + 10 000 × 3 × im

Que é equivalente à expressão seguinte:

4 000 × 1 × 0,02 + 6 000 × 2 × 0, 03


im = = 0,0275
4 000 × 1 + 6 000 × 2

Resposta: A taxa média anual é 2,75%

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 73


Regime Simples

1. Regime Simples
1.1. Capitalização
1.2. Taxas de juro
1.3. Taxa média
1.4. Atualização
1.4.1. Introdução
1.4.2. Valor atual e desconto por dentro
1.4.3. Valor atual e desconto por fora
1.4.4. Comparação das duas formas de desconto

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 74


Regime Simples

1.4. Atualização

1.4.1. Introdução

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 75


Regime Simples

1.4.1. Introdução (Continuação)

Alguns conceitos relevantes


Capital diferido
É um capital que se vence numa data futura.
Valor nominal do capital diferido (C)
É o valor que um capital assume na época (data) do seu
vencimento.
Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 76
Regime Simples

1.4.1. Introdução (Continuação)

Alguns conceitos relevantes

Diferimento (n)
É o intervalo de tempo que decorre entre a época em que se
pretende calcular o valor atual de um capital (V) e a época de
vencimento desse capital (C).

Valor atual de um capital diferido (V)


É o valor que se deve atribuir a um capital numa época (data)
anterior ao seu vencimento.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 77


Regime Simples

1.4.1. Introdução (Continuação)

Alguns conceitos relevantes

Atualização
É o processo através do qual se atribui valor a um capital para
uma época (data) anterior ao seu vencimento.

Desconto
É o decréscimo de valor sofrido pelo capital C. É, portanto, a
diferença entre o valor nominal do capital (C) e o seu valor
atual (V).

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 78


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro

Exemplo
Um indivíduo tem na sua posse um cheque pré-datado, que se
vence daqui a nove meses, no valor de 5 450,00€. Qual o valor
que deveria receber hoje, admitindo uma taxa de juro simples
mensal de 1%?

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 79


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro

Exemplo
Um indivíduo tem na sua posse um cheque pré-datado, que se
vence daqui a nove meses, no valor de 5 450,00€. Qual o valor
que deveria receber hoje, admitindo uma taxa de juro simples
mensal de 1%?

5 000+5 000 × 9 × 0,01 = 5 450

V V n i C

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 80


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro (Continuação)

O valor atual por dentro em regime simples (V) é o valor que


capitalizado em regime simples durante um intervalo de tempo
igual ao diferimento e à mesma taxa de juro a que foi feita a
atualização produz um valor acumulado igual ao valor nominal
do capital (C).

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 81


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro (Continuação)

Assim, nos termos definidos, vem:

C
V + V × n × i = C ⇔ V. (1 + n × i ) = C ⇔ V =
1+ n × i

Tem-se, então, a fórmula do valor atual por dentro em


regime simples:

C
V = .
1+ n × i

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 82


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro (Continuação)

Três aspetos que estão subjacentes àquela fórmula:

1 – É válida para um único capital e pressupõe uma taxa única.


2 – Pressupõe a existência de concordância temporal entre o
n e o i.
(Quando a concordância temporal não se verifica, deve-se proceder da
maneira que vimos para o caso da capitalização.)

3 – O valor atual (V) é diretamente proporcional ao valor


nominal do capital (C), mas não ao diferimento (n).

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 83


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro (Continuação)

Exemplo
O Sr. F tem de pagar daqui a 4 e 9 meses, respetivamente, as
quantias de 8 160,00€ e 12 540,00€. Se estas quantias fossem
pagas de imediato, qual deveria ser o valor a pagar (VP),
admitindo que o desconto é feito por dentro à taxa de juro
simples anual de 6%?

8 160 12 540
VP = + = 20 000
1+4 × 0,005 1+9 × 0,005

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 84


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro (Continuação)

Exemplo
O Sr. F tem de pagar daqui a 4 e 9 meses, respetivamente, as
quantias de 8 160,00€ e 12 540,00€. Se estas quantias fossem
pagas daqui a 6 meses, qual deveria ser o valor a pagar
admitindo que os cálculos são feitos à taxa de juro simples
anual de 6%?

12 540
VP = 8 160. (1+2 × 0,005 ) + = 20 507, 61
1+3 × 0,005

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 85


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro (Continuação)

Exemplo
A empresa Beta vendeu a um cliente uma máquina no valor de
50 880,00€, tendo aquele aceitado para seu pagamento duas
letras de igual valor nominal com vencimentos a 6 e 10 meses.

a) Sabendo que os valores nominais das letras foram


calculados de modo a incluírem juros simples calculados à taxa
anual de 9%, determine o valor nominal de cada letra.
b) Se o cliente tivesse aceitado apenas uma letra, com
vencimento a 6 meses, qual deveria o seu valor nominal,
admitindo que os juros tinham sido calculados nos termos
referidos anteriormente?

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 86


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro (Continuação)

a)
C C
50 880 = +
0,09 0,09
1+6 × 1+10 ×
12 12
⇔ 50 880 × 1,045 × 1,075 = 1,075 × C + 1,045 × C ⇔
⇔ C = 26 961

b)
C
50 880 = ⇔ C = 50 880 × 1,045 ⇔
0,09
1+6 ×
12
⇔ C = 53 169, 6
Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 87
Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro (Continuação)

O desconto por dentro em regime simples (d) – ou desconto


racional – é, por definição, a diferença entre o valor nominal do
capital (C) e o seu valor atual em regime simples (V).

Assim,
C
d=C−V∧V =
1+ n × i

Daqui, vem:

C C + C×n×i−C C×n×i
d=C− ⇔ d= ⇔ d=
1+ n × i 1+ n × i 1+ n × i

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 88


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro (Continuação)

Tem-se, então, a fórmula do desconto por dentro em regime


simples (ou desconto racional):

C×n×i
d= . d = V .× n × i
1+ n × i

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 89


Regime Simples

1.4.2. Valor atual e desconto por dentro (Continuação)

Três aspetos que estão subjacentes àquela fórmula:

1 – É válida para um único capital e pressupõe uma taxa única.


2 – Pressupõe a existência de concordância temporal entre o
n e o i.
(Quando a concordância temporal não se verifica, deve-se proceder da
maneira que vimos para o caso da capitalização.)

3 – O desconto por dentro (d) é diretamente proporcional ao


valor nominal do capital (C), mas não ao diferimento (n).

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 90


Regime Simples

1.4.3. Valor atual e desconto por fora

O desconto por fora em regime simples, também designado por


desconto comercial, define-se pelo facto de ser diretamente ao
valor nominal do capital e ao diferimento.

Assim,
D = C×n×θ

em que θ representa a taxa de desconto, a qual pode ser


definida como o desconto sofrido por uma unidade de capital
durante uma unidade de tempo.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 91


Regime Simples

1.4.3. Valor atual e desconto por fora (Continuação)

É necessário, contudo, impor uma restrição, que está


relacionada com o facto de o valor do desconto (D) ter de ser
obrigatoriamente inferior ao valor nominal do capital (C).

Deste modo,
D < C ⇔ C×n×θ < C ⇔ n×θ <1

Então, a fórmula do desconto por fora em regime simples


ou desconto comercial é a seguinte:

D = C × n × .θ ∧ n × θ < 1

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 92


Regime Simples

1.4.3. Valor atual e desconto por fora (Continuação)

Três aspetos que estão subjacentes àquela fórmula:

1 – É válida para um único capital e pressupõe uma taxa única.


2 – Pressupõe a existência de concordância temporal entre o
n e o θ.
(Quando a concordância temporal não se verifica, deve-se proceder da
maneira que vimos para o caso da capitalização.)

3 – O desconto por fora (D) é, como se disse anteriormente,


diretamente proporcional ao valor nominal do capital (C),
e ao diferimento (n).

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 93


Regime Simples

1.4.3. Valor atual e desconto por fora (Continuação)

Exemplo
Um indivíduo tem na sua posse um cheque pré-datado, que se
vence daqui a nove meses, no valor de 5 450,00€. Qual o valor
que deveria receber hoje, admitindo uma taxa de desconto
simples mensal de 1%?

Desconto por dentro (ou racional) Desconto por fora (ou comercial)

5 000 × 9 × 0,01 = 450 5 450 × 9 × 0,01 = 490,5

V i d C θ D

Valor a receber (por dentro ou racional) Valor a receber (por fora ou comercial)
5 450 − 450 = 5 000 5 450 − 490,5 = 4 959,5
Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 94
Regime Simples

1.4.3. Valor atual e desconto por fora (Continuação)

O valor atual por fora em regime simples é, por definição, a


diferença entre o valor nominal do capital (C) e o desconto por
fora (D).

Assim,
V = C − D ⇔ V = C − C × n × θ ⇔ V = C × (1 − n × θ )

Tem-se, então, a fórmula do valor atual por fora em regime


simples:

V = C × (1 − n .× θ ) ∧ n × θ < 1

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 95


Regime Simples

1.4.3. Valor atual e desconto por fora (Continuação)

Três aspetos que estão subjacentes àquela fórmula:

1 – É válida para um único capital e pressupõe uma taxa única.


2 – Pressupõe a existência de concordância temporal entre o
n e o θ.
(Quando a concordância temporal não se verifica, deve-se proceder da
maneira que vimos para o caso da capitalização.)

3 – O valor atual por fora (V) é diretamente proporcional ao


valor nominal do capital (C), mas não ao diferimento (n).

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 96


Regime Simples

1.4.4. Comparação das duas formas de desconto

Exemplo
Considere um capital diferido de oito meses, de valor nominal
20 000,00€, que foi descontado três meses antes do seu
vencimento à taxa de juro semestral de 6%. Qual o valor do
desconto e do produto líquido de desconto (valor atual)?
0,06
20 600 × 3 ×
Se, por dentro d = 6 = 600 → V = 20 000
d
0,06
1+6 ×
6

0,06
Se, por fora D = 20 600 × 3 × = 618 → V f = 19 982
6

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 97


Regime Simples

1.4.4. Comparação das duas formas de desconto


(Continuação)

Conclusão: Para o mesmo valor nominal do capital (C), o


mesmo diferimento (n) e para uma taxa de juro (i) de valor
igual à taxa de desconto (θ), o desconto por fora (D) é sempre
maior do que o desconto por dentro (d). Evidentemente que,
então, o valor atual por dentro é maior do que o valor atual por
fora.

É possível, contudo, estabelecer uma relação entre as taxas de


juro e de desconto de modo a que os valores dos descontos (e,
por conseguinte, dos valores atuais) sejam iguais.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 98


Regime Simples

1.4.4. Comparação das duas formas de desconto


(Continuação)
C×n×i i
D = d ⇔ C×n×θ = ⇔ θ=
1+ n × i 1+ n × i

i
θ= .
1+ n × i

Esta expressão representa a taxa de desconto equivalente à


taxa de juro, isto é, a relação que deve existir entre as duas
taxas (de desconto e de juro) de modo a que o valor do
desconto por fora seja igual ao do desconto por dentro.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 99


Regime Simples

1.4.4. Comparação das duas formas de desconto


(Continuação)

Partindo daquela expressão, vem:


i θ
θ= ⇔ i = θ + n × i× θ ⇔ i − n × i× θ = θ ⇔ i =
1+ n × i 1− n × θ

Em suma:
θ
i= .
1− n × θ
Esta expressão representa a taxa de juro equivalente à taxa
de desconto, isto é, a relação que deve existir entre as duas
taxas (de juro e de desconto) de modo a que o valor do
desconto por dentro seja igual ao do desconto por fora.

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 100


Regime Simples

1.4.4. Comparação das duas formas de desconto


(Continuação)

Aplicando ao exemplo anterior, tem-se que:

- a taxa de desconto anual equivalente à taxa de juro é:


0,12
θ= = 0,11650485 = 11, 650485%
3
1+ × 0,12
12

- a taxa de juro anual equivalente à taxa de desconto é:


0,12
i= = 0,12371134 = 12,371134%
3
1− × 0,12
12
Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 101
Regime Simples

Aplicações

Exercício
Uma empresa tinha em carteira as duas letras seguintes:
-a primeira, diferida de 3 meses, de valor nominal 10 000,00€;
- a segunda, diferida de 10 meses, de valor nominal 7 245,00€.
Na data de vencimento da primeira, a empesa procedeu à sua
cobrança e descontou a segunda à taxa de juro simples anual
de 6%.
a) Determine o valor recebido pela empresa.
b) Se a letra tivesse sido descontada por fora, a que taxa de
desconto deveria tê-lo sido, de modo a que o produto líquido
recebido fosse o mesmo?

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 102


Regime Simples

Aplicações (Continuação)

a)

7 245
V R = 10 000 + = 7 000
7
1+ × 0,06
12

b)

0,12
θ= = 0,11214953 = 11, 214953%
7
1+ × 0,12
12

Fernandes, M.N. Cálculo Financeiro 103

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