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Cálculo Financeiro

Capítulo 2 – Regime Composto

Licenciatura em Contabilidade e Administração

2022/2023

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes 1


Regime Composto

2. Regime Composto
2.1. Capitalização
2.2. Taxas de juro
2.3. Atualização
2.4. Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (T.A.E.G.)

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

2. Regime Composto
2.1 Capitalização
Regime de Capitalização Composta
Valor acumulado em Regime Composto
Fórmula Fundamental do Juro Composto
2.2. Taxas de juro
2.3. Atualização
2.4. Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (T.A.E.G.)

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Regime de Capitalização Composta

Este regime carateriza-se pelo facto de existirem juros de juros,


isto é, os juros produzidos em cada período da capitalização
são adicionados ao capital inicial e passam também eles as
vencer juros nos períodos seguintes.

O juro de cada período k é igual ao produto do capital no


início do período Ck-1, pela taxa de juro:

j  Ck 1i

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Representação Gráfica
Reta do tempo com unidade igual ao período da taxa de juro i

Capitalização Capitalização Capitalização

C0 C1= C0+C0i C2= C1+C1i C3= C2+C2i … Cn Capitais

0 1 2 3 … n Tempo

Períodos de capitalização

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Regime Composto - Capitalização

Valor Acumulado em Regime Composto

Exemplo 1
Considere uma aplicação de 100 000,00 €, durante 10 anos, à
taxa de juro composto anual de 10%.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Valor Acumulado em Regime Composto


Exemplo 1 (continuação)
C0  100 000

C1  100 000  100 000  0,1 


 C1  100 000  1  0,1  110 000

C2  110 000  110 000  0,1 


 C2  110 000  1  0,1  100 000  1  0,1  121000
2

C3  121000  121000  0,1 


 C3  121000  1  0,1  100 000  1  0,1  133 100
3

C10  100 000  1  0,1  259 374,25


10

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Regime Composto - Capitalização

Valor Acumulado em Regime Composto


Generalizando
Consideremos na época zero um capital C0.
Capitalizando C0 durante n períodos de uma taxa i obtemos:

C0  C0
C1  C0  j1  C0  C0i  C0 (1  i)
C2  C1  j2  C1  C1i  C1 (1  i)  C0 (1  i)(1  i)  C0 (1  i)2
C3  C2  j3  C2  C2i  C2 (1  i)  C0 (1  i)2 (1  i)  C0 (1  i)3
...
Cn1  Cn 2  jn1  Cn 2  Cn 2  i  Cn 2  1  i   C0  1  i   1  i   C0  1  i 
n 2 n 1

Cn  Cn1  jn  Cn1  Cn1  i  Cn1  1  i   C0  1  i   1  i   C0  1  i 


n 1 n

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Regime Composto - Capitalização

Valor Acumulado em Regime Composto

Tem-se, então, a Fórmula Fundamental do Valor Acumulado


em regime composto:

Cn  C0  1  i 
n

em que:
C0 - representa o capital inicial
n - representa o prazo (número de períodos da capitalização)
i - representa a taxa de juro

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Valor Acumulado em Regime Composto

Em relação à fórmula fundamental do valor acumulado


podemos afirmar que:

• É válida para um único capital e pressupõe taxa fixa;

• Pressupõe a existência de concordância temporal entre o


n e o i;
• O valor acumulado em regime composto é diretamente
proporcional ao capital (C0), mas não ao número de
períodos da capitalização (ou seja, ao prazo) (n).
• Ao longo dos sucessivos períodos de capitalização, o valor
acumulado em regime composto varia em progressão
geométrica de razão igual a (1+i).
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto - Capitalização

Valor Acumulado em Regime Composto

A fórmula do valor acumulado em regime composto, nos termos


definidos só é válida para um único capital e pressupõe taxa fixa.

Analisemos, alguns casos em que isso não se verifica.

1º Caso - Um capital e várias taxas (taxa variável)

Exemplo 2
Considere uma aplicação de 20 000,00€, durante 10 anos, em que
nos primeiros seis vigorou a taxa anual de juro composto de 1% e no
restante prazo a taxa anual de 2%. Calcule o valor acumulado obtido
no final do prazo.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Valor Acumulado em Regime Composto


1º Caso - Um capital e várias taxas (taxa variável)
Exemplo 2

C10  20 000  1  0,01  1  0,02   22 980,47


6 4

C6
Resposta: 22 980,47€
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto - Capitalização

Valor Acumulado em Regime Composto


2º Caso - Vários capitais e uma taxa (taxa fixa)

Exemplo 3

Numa conta bancária, remunerada à taxa anual de 1%, foram


efetuados dois depósitos: o primeiro de 20 000,00€ e o segundo, 2
anos depois, de 10 000,00€. Calcule o valor acumulado (regime
composto) obtido 10 anos depois do primeiro depósito.

C10  20 000  1  0,01  10 000  1  0,01  32 921,01


10 8

Resposta: 32 921,01€
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto - Capitalização

Valor Acumulado em Regime Composto


3º Caso - Vários capitais e várias taxas
Exemplo 4
Numa conta bancária foram efetuados dois depósitos: um de
20 000,00€ e outro, 2 anos depois, de 10 000,00€. Sabendo que 4
anos após o segundo depósito a taxa de juro anual que remunera a
conta passou de 1% para 2%, calcule o valor acumulado (regime
composto) obtido 4 anos depois da referida alteração.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Valor acumulado em regime composto


3º Caso - Vários capitais e várias taxas
Exemplo 4

C10  20 000  1  0,01  1  0,02   10 000  1  0,01  1  0,02  


6 4 4 4

 C10  34 244,3

Ou
C10  20 000  1  0,01  10 000  1  0,01   1  0,02   34 244,3
6 4 4

C6

Resposta: 34 244,30€
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto - Capitalização

Fórmula Fundamental do Juro Composto

Juro periódico (jk)

Como se viu, o juro de um qualquer período (k) é sempre


calculado a partir do valor acumulado no período
imediatamente anterior (k-1).

Assim,

jk  Ck 1  i  jk  C0  1  i 
k 1
i

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Regime Composto - Capitalização

Fórmula fundamental do Juro Composto

Juro Composto
O juro total ou rendimento, obtido ao fim de n períodos de
capitalização pode ser obtido:
Jtn  Cn  C0
 C0 (1  i)n  C0
Cn

 C0 (1  i)n  1


A expressão do Juro Composto ou Juro total na época k:

Jt k  C0 (1  i)k  1

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Regime Composto - Capitalização

Fórmula fundamental do Juro Composto

Juro composto (Jtn)

O juro composto corresponde à soma de todas as parcelas de


juro periódicas que se vencem ao longo de uma capitalização.

Assim,
Jt n  j1  j2  j3  ...  jn 
 Jt n  C0  i  C1  i  C2  i  ...  Cn1  i 
 Jt n  C0  i  C0  1  i   i  C0  1  i   i  ...  C0  1  i 
n 1
i 
2

 Jt n  C0  i  1  1  i   1  i   ...  1  i  
2 n 1

Soma de n termos variáveis em progressão


geométrica de razão igual a (1+i)

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Fórmula fundamental do Juro Composto

Assim, aplicando a fórmula da soma dos termos de uma


progressão geométrica, vem:

Jt n  C0  i  1  1  i   1  i   ...  1  i 
n 1
2


1  i   1
n

 Jt n  C0  i 
1  i   1
 Jt n  C0  1  i   1
n

Tem-se, então, a fórmula fundamental do juro composto:

Jt n  C0  1  i   1
 n

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Fórmula fundamental do Juro Composto

Em relação à fórmula fundamental do juro composto


podemos afirmar que:

• É válida para um único capital e pressupõe taxa fixa.


• Pressupõe a existência de concordância temporal entre o
n e o i.
• O juro composto é diretamente proporcional ao capital (C0),
mas não ao número de períodos da capitalização (ou seja,
ao prazo) (n).

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Fórmula fundamental do Juro Composto

A fórmula fundamental do juro composto, nos termos


definidos, só é válida para um único capital e pressupõe taxa
fixa.

Analisemos, alguns casos em que isso não se verifica.

1º Caso - Um capital e várias taxas (taxa variável)

Exemplo 5
Considere uma aplicação de 20 000,00€, durante 10 anos, em que
nos primeiros seis vigorou a taxa anual de juro composto de 1% e no
restante prazo a taxa anual de 2%. Calcule o juro obtido no final do
prazo.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Fórmula fundamental do Juro Composto


1º Caso - Um capital e várias taxas (taxa variável)
Exemplo 5

J10  20 000  1  0,01  1  0,02   1  2 980,47


6 4

Resposta: 2 980,47€

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Fórmula fundamental do Juro Composto


2º Caso - Vários capitais e uma taxa (taxa fixa)
Exemplo 6
Numa conta bancária, remunerada à taxa anual de 1%, foram
efetuados dois depósitos: o primeiro de 20 000,00 € e o segundo, 2
anos depois, de 10 000,00 €. Calcule o juro total (regime composto)
obtido 10 anos depois do primeiro depósito.

Jt n  20 000  1  0,01  1  10 000  1  0,01  1  2 921,01


10 8

Resposta: 2 921,01€
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto - Capitalização

Fórmula fundamental do Juro Composto


3º Caso - Vários capitais e várias taxas
Exemplo 7
Numa conta bancária foram efetuados dois depósitos: um de
20 000,00 € e outro, 2 anos depois, de 10 000,00€. Sabendo que 4
anos após o segundo depósito a taxa de juro anual que remunera a
conta passou de 1% para 2%, calcule o juro total (regime composto)
obtido 4 anos depois da referida alteração.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Fórmula fundamental do Juro Composto


3º Caso - Vários capitais e várias taxas
Exemplo 7 (Continuação)
J  20 000  1  0,01  1  0,02   1 
6 4

10 000  1  0,01  1  0,02   1


4 4

 J  4 244,3

Ou

J  20 000  1  0,01  1  0,02  


6 4

10 000  1  0,01  1  0,02   20 000  10 000


4 4

 J  4 244,3

Resposta: 4 244,30€

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Fórmula fundamental do Juro Composto - Aplicações

Exercício 1
Numa conta bancária foram efetuados dois movimentos: um
depósito de 30 000,00 € e um levantamento, 4 anos depois, de
8 000,00 €.
a) Sabendo que a conta é remunerada à taxa de juro composto
anual de 3%, calcule o seu saldo 6 anos depois do último
movimento.
b) Admitindo que não foi feito o levantamento, calcule o total de
juros de juros.
c) Sabendo que 2 anos após o segundo movimento a taxa de
juro composto anual que remunera a conta passou de 3% para
4%, calcule:
c1) o saldo da conta 6 anos depois do último movimento.
c2) o juro produzido no segundo triénio.
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto - Capitalização

Aplicações (Continuação)

Exercício 1 (Resolução)
a)

Cn  30 000  1  0,03   8 000  1  0,03   Cn  30 765,07


10 6

Resposta: 30 765,07€

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Aplicações (Continuação)

Exercício 1 (Resolução)
b)

JJ  30 000  1  0,03   1  30 000  10  0,03  1317,49


10

Juro Composto Juro Simples

Resposta: 1 317,49€

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Aplicações (Continuação)

Exercício 1 (Resolução)
c)

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Aplicações (Continuação)

Exercício 1 (Resolução)
c1) O saldo da conta 6 anos
depois do último movimento.

Cn  30 000  1  0,03   1  0,04   8 000  1  0,03   1  0,04  


6 4 2 4

 Cn  31977,35

Ou

Cn  30 000  1  0,03   8 000  1  0,03    1  0,04  


6 2 4

C6
 Cn  31977,35

Resposta: 31 977,35€
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto - Capitalização

Aplicações (Continuação)

Exercício 1 (Resolução)
c2) O juro produzido no segundo triénio.

J  j4  j5  j6  J  C3  0,03  C4  0,03  C5  0,03 


 J  30 000  1,03   0,03  30 000  1,03   8 000   0,03 
3 4

 30 000  1,03   8 000  1,03    0,03 


5

 J  2 552,56

Resposta: 2 552,56 €

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Aplicações (Continuação)

Exercício 2

Numa conta bancária foi efetuado um depósito de 20 000,00 €.


Sabendo que 2 semestres depois do referido depósito a taxa de juro
composto semestral que remunera a conta passou de 5% para 2% e
que no final do prazo a conta apresentava um saldo de 23 867,63 €,
determine o prazo da aplicação.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Aplicações (Continuação)

Exercício 2 (Resolução)

20 000  1  0,05   1  0,02 


n2
 23 867,63 
2

23 867,63
 1  0,02   ln 1  0,02   ln 1,082431746 
n2 n2

20 000  1  0,05 
2

ln 1,082431746 
  n  2   ln 1  0,02   ln 1,082431746   n  2   
ln 1,02 
 n2  4  n  6

Resposta: 6 semestres (ou 3 anos)

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Regime Composto - Capitalização

Aplicações (Continuação)

Exercício 3
O Sr. C fez, no mesmo dia, dois investimentos em produtos
financeiros distintos. O primeiro de 41 000,00 €, em regime
composto, à taxa semestral de 1%, e o segundo em regime simples,
à mesma taxa.
a) Sabendo que ao fim de doze semestres o total de juros obtido com
o primeiro corresponde ao dobro do total de juros obtido com o
segundo, determine o valor do segundo investimento.
b) Sabendo que ao fim de doze semestres o valor acumulado obtido
com o primeiro corresponde a metade do valor acumulado obtido
com o segundo, determine o valor do segundo investimento.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Capitalização

Aplicações (Continuação)

Exercício 3 (Resolução)
a)
41000  1  0,01  1  2  Y  12  0,01  Y  21 665,94
12

Juro Composto Juro Simples

Resposta: 21 665,94€

b) 1
41000  1  0,01   Y  1  12  0,01  Y  82 499,69
12

2
Valor acumulado Valor acumulado
composto simples

Resposta: 82 499,69€

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

2. Regime Composto
2.1. Capitalização
2.2. Taxas de juro
Taxas equivalentes
Concordância temporal
Taxas nominais
2.3. Atualização
2.4. Taxa anual de encargos efetiva global (T.A.E.G.)

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

2.2. Taxas de juro

Taxas equivalentes

Exemplo 8
Considere uma aplicação de 10 000,00 €, durante 1 ano, à taxa
de juro anual de 21%.
Se esta aplicação fosse feita a uma taxa semestral, qual
deveria ser o seu valor de modo a que o valor acumulado
obtido, em regime composto, fosse igual?

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Taxas equivalentes (Continuação)

10 000 10 000. (1+0,21) = 12 100

C0 C1
Anos
0 1 i = 21% a.a.

10 000 10 000. (1+0,105) = 11 050 10 000. (1+0,105)2 = 12 210,25

C`0 C`1 C`2


Semestres
0 1 2 i `= 10,5% a.s.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Taxas equivalentes (Continuação)

Como se verifica, os valores acumulados em regime composto


obtidos são diferentes quando se utiliza a taxa anual de 21%
ou a taxa semestral que lhe é proporcional, 10,5%.

Qual deverá ser, então, a taxa semestral (i`) de modo a que o


valor acumulado obtido (em regime composto) seja igual ao
que se obteve quando se utiliza a taxa anual de 21%?

C`2  C1  10 000  1  i`  10 000  1  0,21  i` 10%


2

Diz-se, assim, que a taxa de juro anual de 21% e a taxa de juro


semestral de 10% são equivalentes (em regime composto).

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Taxas equivalentes (Continuação)

Assim, pode-se, pois, definir taxas equivalentes (em regime


composto) do seguinte modo:
“Duas taxas de períodos diferentes dizem-se equivalentes
(em regime composto) quando aplicadas alternativamente
ao mesmo capital, durante o mesmo intervalo de tempo,
originam valores acumulados em regime composto (bem
como os respetivos juros compostos) iguais.”

Antes de definirmos a fórmula que nos permite relacionar duas


taxas de períodos diferentes, impõe-se estabelecer a notação
que vamos passar a usar:

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Taxas equivalentes (Continuação)

Notação

Taxa Período

i →Taxa anual 1 ano

i2 →Taxa semestral 1/2 ano

i3 →Taxa quadrimestral 1/3 ano

i4 →Taxa trimestral 1/4 ano

i6 →Taxa bimestral 1/6 ano

i12 →Taxa mensal 1/12 ano

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Taxas equivalentes (Continuação)

Considere-se, então, as duas taxas efetivas seguintes:


ip 1/p ano
ik 1/k ano

Então, de acordo com a definição, para que estas duas taxas


sejam equivalentes é necessário que:
Cp  C`k  C0  1  ip   C0  1  ik   1  ip   1  ik 
p k p k

 1  ip   1  ip   1  ik 
p
 1  ik   ip  1  ik 
k k k
p p p p 1

Em suma: k

ip  1  ik   1p

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Taxas equivalentes (Continuação)


Exemplo 9
Considere uma taxa trimestral de 5%
Qual a taxa semestral que lhe é equivalente? E a bimestral?
Taxa trimestral i4  0,05

Taxa semestral equivalente


i2  1  i4   1  i2  1  0,05   1  i2  0,1025  10,25%
4 2
2

Taxa bimestral equivalente


4 4
i6  1  i4   1  i2  1  0,05   1  i6  0,0330616  3,30616%
6 6

Uma vez que i2 é equivalente a i4 e i6 também é equivalente a


i4, então as taxas i2 e i6 são também elas equivalentes.
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto – Taxas de juro

A concordância temporal

Como se disse, a Concordância Temporal significa que as


variáveis prazo (n) e taxa de juro (i) têm que ter o mesmo
período de referência, isto é, têm de estar expressas na
mesma unidade de tempo.

Quando tal não acontece, veremos que é indiferente:

• encontrar a taxa de juro i’ com o mesmo período em que está


expresso o prazo n;
ou
• converter o prazo n no mesmo período da taxa de juro i.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

A concordância temporal (Continuação)

Exemplo 10
Considere uma aplicação de 40 000,00€, durante 9 meses, à
taxa de juro composto semestral de 3%. Calcule o valor
acumulado obtido.

Sugestão de resolução - Alternativa 1


Considerar n = 9 (meses) e utilizar uma taxa mensal (i12)
equivalente à taxa semestral (i2) de 3%.
2
i12  1  0,03  12  1  i12  0,00493862  0,493862%

Assim,
Cn  40 000  1  i12   40 000  1  0,00493862   41 607,02
9 9

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

A concordância temporal (Continuação)

Sugestão de resolução - Alternativa 2


Utilizar a taxa semestral (i2) de 3% e converter o prazo (n) de 9
meses para o mesmo período da taxa, isto é, semestres.
2
Cn  40 000  1  i12   1  i12   1  i2 
9
12

Então,
9
 2

Cn  40 000  1  i2    Cn  40 000  (1  0,03) 12 
18
12
 
9
 Cn  40 000  (1  0,03) 6
 41 607,02

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

A concordância temporal (Continuação)

Sugestão de resolução - Alternativa 3


Utilizar uma unidade de tempo diferente do mês e do semestre.
Considere-se, por exemplo, o ano:
9
Cn  40 000  1  i   i  1  i2   1  i  1  0,03   1  0,0609
2 2
12

Então,
9
Cn  40 000  1  0,0609  12  41 607,02

Sem surpresa, verifica-se que, independentemente da


alternativa utilizada, o valor acumulado obtido é sempre o
mesmo.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Taxas nominais
• Quando se fala em “taxas nominais” pressupõe-se que se está em
regime composto.
• Em termos teórico, as taxas nominais podem ser de qualquer
período (mensal, bimestral,…, anual). Contudo, na prática, quando
se fala em “taxas nominais” admite-se que o período é anual.
Assim, pode ler-se “taxa anual nominal”.
• Em regime composto, não se efetua cálculo de juros com taxas
nominais, apenas com taxas efetivas.
Neste sentido, quando somos confrontados com uma taxa nominal é
necessário obter, a partir dela, uma taxa efetiva. O modo como se obtém
essa taxa efetiva remete para a regra da proporcionalidade, que vimos no
regime simples.
O período da taxa efetiva vai depender da frequência da taxa nominal, isto
é, quantas vezes é capitalizável durante um ano.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Taxas nominais (Continuação)

Seja,

i(k): a taxa (anual) nominal de frequência k ou capitalizável


k vezes por ano.
ik : a taxa efetiva de período igual a 1/k do ano.

Então, diz-se que uma taxa (anual) nominal i(k) é a taxa


proporcional à taxa efetiva ik, de período k vezes superior.

Assim,

i k 
i  k   k  ik  ik 
k

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Taxas nominais (Continuação)


Exemplo 11
Considere-se uma taxa anual nominal de frequência 3, isto é,
capitalizável 3 vezes ao ano.

i k  i  3   9%
Taxas
proporcionais
i k  0,09
ik  i3   3%
k 3
Taxas
equivalentes
ip  1  ik  i4  1  i3 
k 3
p 1 4  1  2,24167%

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Taxas nominais (Continuação)


Exemplo 12
Considere uma aplicação feita à taxa i(4)=4%. Se tivesse sido feita a
uma taxa i(3), isto é, a uma taxa nominal capitalizável
quadrimestralmente, qual deveria ser o seu valor de modo a que o
juro composto obtido ao fim de n anos fosse o mesmo?

i  4   0,04
Taxas
proporcionais
i  4  0,04
i4    0,01
Taxas
4 4
equivalentes

i3  1  i4   1  1  0,01
4 4
3 3 1
Taxas
proporcionais
i  3   3  i3  3  1  0,01 3  1  4,006652%
 4

 
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto – Taxas de juro

Ideias a reter:
• Em regime composto, o cálculo de juros deve ser feito apenas
com taxas efetivas. Nunca com taxas nominais.

• Em regime composto, quando se pretende calcular a partir de uma


taxa efetiva de um dado período uma taxa efetiva de um período
diferente deve recorrer-se à fórmula das taxas equivalentes.

• A fórmula das taxas equivalentes só é válida para taxas efetivas.


Nunca para taxas nominais.

• Quando somos confrontados com uma taxa nominal é a


frequência dessa taxa que determina o período da taxa efetiva a
qual se obtém pela regra da proporcionalidade. Qualquer taxa
efetiva de outro período deve ser calculada a partir da regra
(fórmula) das taxas equivalentes.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Aplicações

Exercício 4
Admita que fez uma aplicação a uma taxa (anual) nominal de
6%. O que é preferível, que esta taxa seja capitalizável
bimestralmente ou capitalizável quadrimestralmente?

Sugestão de resolução

O que está aqui em causa é saber qual das taxas é preferível:


i  6   6% ou i  3   6%

Ora, quando se está perante duas taxas nominais de igual valor,


aquela que apresenta uma frequência maior é a que origina um juro
composto (e, por conseguinte, um valor acumulado) maior.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Aplicações (Continuação)

Exercício 4 (Resolução - Continuação)

Esta conclusão decorre do seguinte:

i  6   0, 06 i  3   0,06
Taxas
proporcionais
0,06 0,06
i6   0,01 i3   0,02
6 3
Taxas
equivalentes

i'3  1  0, 01 i'6  1  0,02 


6 3
3 1 6 1
 0,0201  2,01%  0,00995  0,995%

Resposta: A taxa i(6)=6% é preferível.


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Regime Composto – Taxas de juro

Aplicações (Continuação)

Exercício 5

O Sr. C fez um investimento de 50 000,00 €, por um prazo de cinco


anos. Nos dois primeiros anos vigorou a taxa i(2)=2% e no restante
prazo a taxa i(4)=3%.
Qual a taxa anual efetiva (i) deste investimento?

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Aplicações (Continuação)

Exercício 5 (Resolução)

A taxa anual efetiva (i) deste investimento deve ser tal, de modo a que
quando aplicada ao capital de 50 000,00€, durante os 5 anos, permita obter
um valor acumulado em regime composto (ou um juro composto) igual
àquele que se obtém quando se aplica as taxas i(2)=2% (durante 2 anos) e
i(4)=3% (durante 3 anos) ao mesmo capital (50 000,00€).

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto – Taxas de juro

Aplicações (Continuação)

Exercício 5 (Resolução - Continuação)


Em primeiro lugar, é necessário calcular as taxas efetivas que
derivam das taxas nominais dadas. Assim,
0,02 0,03
i2   0,01  i4   0,0075
2 4
Pretende-se, então, que:
         
4 12
 5
C 50 000 1 i 1 i
           
2 4 5 4 12
 1 i 1 0,01 1 0,0075
   
5
C
 5 50 000 1 i

Logo, 1
5

i  1,01  1,0075    1  0,026231


4 12

Resposta: 2,6231%
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Regime Composto - Atualização

2. Regime Composto
2.1. Capitalização
2.2. Taxas de juro
2.3. Atualização
Introdução
Valor Atual e Desconto por Dentro
Valor Atual e Desconto por Fora
2.4. Taxa anual de encargos efetiva global (T.A.E.G.)

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Atualização

Introdução

Capital diferido
É um capital que se vence numa data futura.
Valor nominal do capital diferido (C)
É o valor que um capital assume na época (data) do seu
vencimento.

Diferimento (n)
É o intervalo de tempo que decorre entre a época em que se
pretende calcular o valor atual de um capital (V) e a época de
vencimento desse capital (C).
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto - Atualização

Introdução (Continuação)

Valor atual de um capital diferido (V)


É o valor que se deve atribuir a um capital numa época (data)
anterior ao seu vencimento.

Atualização
É o processo através do qual se atribui valor a um capital para
uma época (data) anterior ao seu vencimento.

Desconto
É o decréscimo de valor sofrido pelo capital C. É, portanto, a
diferença entre o valor nominal do capital (C) e o seu valor
atual (V).

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Atualização

Valor Atual e Desconto por Dentro


Exemplo 13
Um indivíduo tem na sua posse um cheque pré-datado, que se vence
daqui a nove meses, no valor de 5 468,43€. Qual o valor que deveria
receber hoje, admitindo uma taxa de juro composto mensal de 1%?

Juro composto

5 000+5 000  1  0,01  1  5 468,43


9

V V C
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto - Atualização

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

O Valor Atual por Dentro em Regime Composto (V) é o valor


que capitalizado em regime composto durante um intervalo de
tempo igual ao diferimento e à mesma taxa de juro a que foi
feita a atualização produz um valor acumulado igual ao valor
nominal do capital (C).

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto - Atualização

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

Assim, nos termos definidos, vem:

C
V  V  1  i   1  C  V. 1  i   C  V 
n n

1  i
n

Tem-se, então, a Fórmula do Valor Atual por Dentro em


Regime Composto:

V  C  1  i 
n

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

Em relação à Fórmula do Valor Atual por Dentro em Regime


Composto podemos afirmar que:

• É válida para um único capital e pressupõe uma taxa única.


• Pressupõe a existência de concordância temporal entre o
n e o i.
(Quando a concordância temporal não se verifica, deve-se proceder da
maneira que vimos para o caso da capitalização.)

• O valor atual (V) é diretamente proporcional ao valor


nominal do capital (C), mas não ao diferimento (n).

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

Exemplo 14

O Sr. F tem de pagar daqui a 4 e 9 meses, respetivamente, as


quantias de 8 000,00€ e 12 000,00€. Se estas quantias fossem
pagas de imediato, qual deveria ser o valor a pagar (VP),
admitindo que o desconto é feito por dentro à taxa de juro
composto anual de 6%?

4 9
VP  8 000  1  0,06  +12 000  1  0,06 
 
12 12  19 332,99

Resposta: 19 332,99€

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

Exemplo 15

O Sr. F tem de pagar daqui a 4 e 9 meses, respetivamente, as


quantias de 8 000,00€ e 12 000,00€. Se estas quantias fossem
pagas daqui a 6 meses, qual deveria ser o valor a pagar
admitindo que os cálculos são feitos à taxa de juro simples
anual de 6%?
2 3
VP  8 000  1  0,06  +12 000  1  0,06 

12 12  19 904,53

Resposta: 19 904,53€

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

Exemplo 16

A empresa Beta vendeu a um cliente uma máquina no valor de


50 000,00 €, tendo aquele aceitado para seu pagamento duas
letras de igual valor nominal com vencimentos a 6 e 10 meses.
a) Sabendo que os valores nominais das letras foram
calculados de modo a incluírem juros compostos calculados à
taxa anual de 9%, determine o valor nominal de cada letra.
b) Se o cliente tivesse aceitado apenas uma letra, com
vencimento a 6 meses, qual deveria o seu valor nominal,
admitindo que os juros tinham sido calculados nos termos
referidos anteriormente?

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

a)
6 10
50 000  C  1  0,09  +C  1  0,09 
 
12 12  26 475,62

V1 =25 359,05. V2 =24 640,95.

Resposta: 26 475,62€

b)
6
50 000  C  1  0,09 

12  47 891,31

Resposta: 47 891,31€
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

O desconto por dentro em regime composto ou desconto


racional (d) é, por definição, a diferença entre o valor nominal
do capital (C) e o seu valor atual em regime composto (V).
Assim,
d  C  V  V  C  1  i 
n

Daqui, vem:
d  C  C  1  i   d  C  1  1  i  
n n

Tem-se, então, a Fórmula do Desconto por Dentro em


Regime Composto (ou Desconto Racional):

d  C  1  1  i  
n

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

Pode-se, no entanto, exprimir o desconto por dentro em regime


composto em função do valor atual. Com efeito, o desconto por
dentro em regime composto corresponde ao juro composto
produzido pelo valor atual quando capitalizado à mesma taxa a
que foi feito o desconto e por um prazo igual ao diferimento.
Assim,
d  C  1  1  i    C  V  1  i 
n
  n

Daqui vem:

d  V  1  i   1  1  i   
n
n

 d  V  1  i   V  1  i   1  i   d  V  1  i   1
n n n n

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

Em suma:

d  C  1  1  i   d  V  1  i   1


n n

Três aspetos que estão subjacentes a esta fórmula:


• É válida para um único capital e pressupõe uma taxa única.

• Pressupõe a existência de concordância temporal entre o n e o i.


(Quando a concordância temporal não se verifica, deve-se proceder da
maneira que vimos para o caso da capitalização.)

• O desconto por dentro (d) é diretamente proporcional ao valor nominal


do capital (C), mas não ao diferimento (n).

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

Exemplo 17

Uma empresa tinha em carteira as duas letras seguintes:


- a primeira, diferida de 3 meses, de valor nominal 10 000,00€;
- a segunda, diferida de 10 meses, de valor nominal 8 000,00€.
Na data de vencimento da primeira, a empresa procedeu à sua
cobrança e descontou a segunda à taxa de juro composto
anual de 6%.

a) Determine o valor recebido pela empresa.

b) Se a letra tivesse sido descontada um mês antes do seu


vencimento, qual seria o valor do produto liquido de desconto
recebido pela empresa?

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Dentro (Continuação)

a) Determine o valor recebido pela empresa.


7
VR  10 000  8 000  1  0,06 

12  17 732,65

Resposta: 17 732,65€

b) Se a letra tivesse sido descontada um mês antes do seu


vencimento, qual seria o valor do produto liquido de desconto
recebido pela empresa?
1
PLD  8 000  1  0,06 

12  7 961,25

Resposta: 7 961,25€

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Fora

No Capítulo 1, vimos que é possível estabelecer a relação


entre a taxa de juro (i) e a taxa de desconto (θ), ou seja:
θ
i
1 n  θ
Se considerarmos um diferimento de um período da taxa de
juro (θ), isto é, n=1, vem:
θ
i
1 θ
Por outro lado, sabe-se que o valor atual por dentro em regime
composto pode obter-se do seguinte modo:
V  C  1  i 
n

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Fora (Continuação)

Então, como
θ
V  C  1  i 
n
 i
1 θ
n
 θ 
 V  C  1  
 1 θ 
n n
 1 θ  θ   1 
 V  C   V  C  
 1 θ   1 θ 
n
 V  C  1  θ    V  C  1  θ 
1 n

Tem-se, então, a Fórmula do Valor Atual por Fora em


Regime Composto:

V  C  1  θ 
n

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Fora (Continuação)

Três aspetos que estão subjacentes a esta fórmula:

• É válida para um único capital e pressupõe uma taxa única.


• Pressupõe a existência de concordância temporal entre o
n e o θ.
(Quando a concordância temporal não se verifica, deve-se proceder da
maneira que vimos para o caso da capitalização.)

• O valor atual (V) é diretamente proporcional ao valor


nominal do capital (C), mas não ao diferimento (n).

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor atual e desconto por fora (Continuação)

O desconto por fora em regime composto (D) é, por


definição, a diferença entre o valor nominal do capital (C) e o
seu valor atual em regime composto (V).
Assim,
D  C  V  V  C  1  θ 
n

Daqui, vem:
D  C  C  1  θ   D  C  1  1  θ  
n n

Tem-se, então, a Fórmula do Desconto por Fora em Regime


Composto:
D  C  1  1  θ  
n

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Valor Atual e Desconto por Fora (Continuação)

Três aspetos que estão subjacentes àquela fórmula:

• É válida para um único capital e pressupõe uma taxa única.

• Pressupõe a existência de concordância temporal entre o


n e o θ.
(Quando a concordância temporal não se verifica, deve-se proceder da
maneira que vimos para o caso da capitalização.)

• O desconto por fora (D) é diretamente proporcional ao valor


nominal do capital (C), mas não ao diferimento (n).

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Aplicações

Exercício 6

O Sr. A contraiu um empréstimo de 20 000,00 €, à taxa


i(12)=12%, que deverá liquidar através de três pagamentos
mensais, os dois primeiros de igual valor e o último o dobro
daqueles.

a) Sabendo que o primeiro pagamento ocorreu meio ano após


a contração do empréstimo, determine o valor do último
pagamento.

b) Se aquela taxa fosse uma taxa de desconto, qual seria o


valor do último pagamento.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Aplicações (Continuação)
Exercício 6 (Resolução)
a) Sabendo que o primeiro pagamento ocorreu meio ano após a contração
do empréstimo, determine o valor do último pagamento.

20 000  Y  1  0,01  Y  1  0,01  2.Y  1  0,01


6 7 8

 Y  5 373,85
Resposta: O último pagamento será de 10 747,70€.

b) Se aquela taxa fosse uma taxa de desconto, qual seria o valor do último
pagamento.

20 000  Y  1  0,01  Y  1  0,01  2.Y  1  0,01


6 7 8

 Y  5 377,74

Resposta: O último pagamento seria de 10 755,48€.


Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto

Aplicações (Continuação)

Exercício 7

O Sr. A descontou hoje duas letras:


- a primeira, de valor nominal 6 000,00 € e diferida de 5 meses,
à taxa de desconto composto anual de 10%; e
- a segunda, diferida de 11 meses, à taxa i(2)=9%.

a) Calcule o valor nominal da segunda letra.

b) Se a segunda letra fosse descontada daqui a 5 meses, à


mesma taxa de desconto da primeira, qual seria o valor do
desconto?

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Aplicações (Continuação)
Exercício 7 (Resolução)
a) Calcule o valor nominal da segunda letra.

0,09
i2   0,045
2
5 11
14 000  6 000  1  0,1  Y  1  0,045 

12 6  Y  8 951,71

Resposta: 8 951,71€.

b) Se a segunda letra fosse descontada daqui a 5 meses, à mesma taxa de


desconto da primeira, qual seria o valor do desconto?

 6

D  8 951,71 1  1  0,112   D  459,37
 

Resposta: 459,37€.
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto

2. Regime Composto
2.1. Capitalização
2.2. Taxas de juro
2.3. Atualização
2.4. Taxa anual de encargos efetiva global (T.A.E.G.)

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (T.A.E.G.)

Exemplo 18

O Sr. B contraiu um empréstimo de 10 000,00 €, à taxa i(2),


que vai liquidar, através de um pagamento de 11 576,25 €, um
ano e meio depois.

a) Determine i(2).

b) Determine a taxa anual efetiva deste empréstimo.

c) Admita que na data da contração do empréstimo foi cobrada


uma comissão de abertura de crédito de 100,00 €.
Determine a T.A.E.G. do empréstimo.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (T.A.E.G.)

Exemplo 18

a) Determine i(2).
10 000
10 000  11576,25  1  i2   1  i2  
3 3

11576,25
1

 10 000  3
 1  i2      i2  0,05
 11576,25 

Então,
i  2   2  i2  i  2   2  0,05  i  2   0,1

Resposta: i(2) é igual a 10%.


Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto

Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (T.A.E.G.)

Exemplo 18 (Continuação)
b) Determine a taxa anual efetiva deste empréstimo.
10 000
10 000  11576,25  1  i   1  i 
1,5 1,5
 
11576,25
1

 10 000  1,5
 1  i      i  0,1025
 11576,25 

Pode-se calcular a taxa anual efetiva (i) de outra maneira.


Com efeito, uma vez que se sabe que a taxa semestral efetiva é
igual a 5%, bastava recorrer à regra das taxas equivalentes:

i  1  i2   1  i  1  0,05   1  i  0,1025
2 2

Resposta: A taxa anual efetiva é de 10,25%.


Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
Regime Composto

Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (T.A.E.G.)

Exemplo 18 (Continuação)

c) Admita que na data da contração do empréstimo foi cobrada uma


comissão de abertura de crédito de 100,00 €.
Determine a T.A.E.G. do empréstimo.

No cálculo da T.A.E.G. deve incluir-se não apenas o encargo


suportado com os juros, mas também os demais encargos
relacionados com o empréstimo.

A T.A.E.G. – que sublinhe-se, não é uma taxa de juro – é a taxa que


faz com que o valor atual dos cash inflows seja igual ao valor atual
dos cash outflows.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (T.A.E.G.)

Exemplo 18 (Continuação)
9 900
10 000  100  11576,25  1  TAEG   1  TAEG 
1,5 1,5
c)  
11576,25

Cash Cash Cash


inflow outflow outflow

1

 9 900  1,5
 1  TAEG      TAEG  0,1099118
 11576,25 

Resposta: A T.A.E.G. é de 10,99118%.

Conclusão:
TAEG > TAE (i) > TAN [i(k)]
Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes
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Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (T.A.E.G.)

Exemplo 19
O Sr. B contraiu um empréstimo de 20 000,00 €, à taxa i(2)=10%,
que vai liquidar através de dois pagamentos semestrais de igual
valor, o primeiro dos quais seis meses depois da contração do
empréstimo.
Com este empréstimo, o mutuário suportou ainda os seguintes
encargos: comissão de processamento da prestação de 2,60 € (a
pagar na data de cada semestralidade) e comissão de abertura de
crédito (paga na data da contração do empréstimo). Determine:

a) O valor de cada prestação semestral.

b) O valor da comissão de abertura de crédito, sabendo que a TAEG


do empréstimo é de 11,7869%.

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


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Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (T.A.E.G.)

Exemplo 19 (Continuação)

a) O valor de cada prestação semestral.

0,1
i2   0,05
2
20 000  Y  1  0,05   Y  1  0,05 
1 2
 Y  10 756,1

Resposta: 10 756,10 €

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


Regime Composto

Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (T.A.E.G.)

Exemplo 19 (Continuação)
b) O valor da comissão de abertura de crédito, sabendo que a TAEG
do empréstimo é de 11,7869%.
1
20 000  y  10 756,1  2,6   1  TAEG   10 756,1  2,6   1  TAEG 
 1
2

Cash Cash Cash


inflow outflows outflows

y  20 000  10 758,7  1  0,117869   10 758,7  1  0,117869 


1 1
2 
 y  200

Resposta: 200,00€

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes


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FIM
do
Capítulo 2

Ana Paula Lopes, Manuel Mendes Monteiro, Mário Nuno Fernandes

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