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Cálculo Financeiro

ÍNDICE
CAPÍTULO III – DESCONTO ........................................................................................ 2
3.1- O Desconto como é Concebido Teoricamente. ..................................................... 2
3.1.1- Desconto composto á taxa de juro i ................................................................ 2
3.1.2.- Desconto Composto á Taxa de Desconto d ................................................... 4
3.2.- O Desconto como é Praticado .............................................................................. 5
3.3. Equação de Equivalência entre Dois capitais: em Desconto Comercial e em
Desconto Racional ........................................................................................................ 6
3.3.1. Equação de Equivalência Entre Um Capital e Um Conjunto de Capitais: em
Desconto Comercial e em Desconto Racional .......................................................... 7
3.4. Aplicações Concretas de Operações de Desconto e de Operações de capitalização
em Juro Simples ............................................................................................................ 9
3.4.1. Desconto Bancário de Letras........................................................................... 9
3.4.2- Reforma de Letras ......................................................................................... 13
3.4.3. O Desconto Como é Praticado ...................................................................... 17
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 22

O Docente: Edson Manuel de Sousa Bandeira, MSc. 1


Cálculo Financeiro

CAPÍTULO III – DESCONTO


3.1- O Desconto como é Concebido Teoricamente.
3.1.1- Desconto composto á taxa de juro i

Como deverá definir-se, numa posição teórica, o valor actual do capital Cn quando
falta o tempo t para o vencimento?

O valor actual é o capital que, colocado a juros, se converterá no capital nominal


ao fim do tempo t. Isto é, o valor actual resulta de se pressupor a existência de um
processo, implícito ou não, de capitalização entre o momento actual e o vencimento,
com formação de juros de juros (portanto, processo de capitalização composta). Uma
questão que se levanta: sendo a capitalização apenas implícita, não havendo nesse caso
taxa de juro convencionada, que taxa se há-de considerar? Razoável é que seja a taxa de
juro corrente para tais capitais e para tais prazos.

Nesta acepção teórica, o juro total composto coincide com o desconto.

Quando é conhecido Cn – t, o processo tem o mesmo sentido que o tempo,


obtendo-se o valor acumulado e o juro total:

Cn – t Cn Cn = Cn – t (1+i)t
Juro
Composto Jtotal = Cn – t [(1+i)t – 1]

Mais quando é dado Cn, como acontece no presente capítulo, o sentido seguido é
inverso ao do tempo, obtendo-se o valor actual e o desconto composto:

Cn – t Cn Cn– t = Cn (1+i)-t
Desconto
Composto DComposto = Cn Cn – t = Cn [(1–(1+i)-t]

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Estas são as expressões do desconto composto à taxa de juro i e do correspondente


valor actual.

Exercícios:

1. Na venda de um equipamento fabril, o comprador pagou a pronto 100.000,00kz


e prometeu pagar os restantes 400.000,00kz decorridos três anos. Meio ano antes
do vencimento propôs a liquidação do capital em dívida. Quanto deve pagar, se
a taxa de juro corrente para estes prazos e estes capitais for de 4% ao ano?
2. A Manuela tem duas dívidas para com a Elisabeth: uma de 100.000,00kz
vencível daqui a dois anos e outra de 200.000,00kz vencível daqui a cinco
meses. Quando deve pagar hoje a Manuela, se quiser antecipar o pagamento das
duas dívidas à taxa de juro anual de 5%?
3. O Zeferino deve ao Emanuel 100.000,00kz vencível em 31 de Dezembro de
2000. Por sua vez, o Emanuel deve 200.000,00kz ao Novato, com vencimento
em 30 de Junho de 2001. E o Novato deve pagar 80.000,00kz ao Zeferino
imediatamente (1 de Janeiro de 1999). Nesta data resolveram fazer
compensações das dívidas e saldar o restante a 3%.
4. Na compra de uma casa, convencionou-se que o preço (1.000.000,00kz) só seria
pago decorridos 10 anos e que, entretanto, no fim de cada mês seria entregue o
juro á taxa anual nominal de 6%. Se decorridos 4 anos e meio for liquidada a
dívida, quanto deve ser pago?
5. Uma Companhia Financeira firmou um contrato para vender dentro de 2 anos e
3 meses um lote de terreno por 33.500.000,00kz. Supondo que o preço do
dinheiro é de 4% capitalizável trimestralmente, qual é o valor actual desse
contrato?
6. O Sikitu assumiu há 10 anos uma dívida, cujo valor era então de 100.000,00kz e
comprometeu-se a paga-la no fim de 12 anos, acumulando juros compostos à
taxa anual de 4%. Faltando 2 anos para o vencimento, o credor propõe a
antecipação do pagamento e o Sikitu concorda. Quanto deverá pagar?
7. A Empresa Muhepa, Lda., entrou em liquidação. No inventário figura um título
de crédito com vencimento a 5 anos, de valor inicial de 950,00kz e acumulando
juro anual de 5,5%. Qual o valor actual a 6%?

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3.1.2.- Desconto Composto á Taxa de Desconto d

a) A concepção teórica do desconto conduz ao chamado desconto composto à


taxa de juro i, que é susceptível de assumir outra forma desde que a taxa de juro i
seja substituída por uma taxa de desconto d assim definida:

d = desconto do capital 1 no tempo 1.

Vem para taxa d correspondente à taxa i:

d = Cn-Cn-1, sendo Cn = 1.

d = 1–1(1+i)- 1
𝑖 𝑑
𝑑= ou formulando i em função de d: i=
1+𝑖 1−𝑑

E podemos agora apresentar a expressão do valor actual segundo a taxa de


desconto composto d:

Cn- t = Cn (1+i)-t Cn- t = Cn (1 –d)t e a expressão do desconto composto à


taxa de desconto d:

D Composto = Cn[1–(1-d)t] .

Convém notar que o desconto à taxa d é equivalente ao desconto à taxa i desde


que estas sejam equivalentes, de acordo com as relações anteriormente estabelecidas.
Dessas relações, é licito concluir que d é sempre menor do que a taxa i equivalente:

d(1+i) = i d<i

Concretizando, são equivalentes a taxa de juro de 6% e a taxa de desconto


5,6604%, bem como 5% e 4,7619%.

b) O desconto composto à taxa de desconto d resulta de um processo cumulativo


de sucessivos descontos: primeiro, desconta-se o valor nominal para o inicio do último
período; depois desconta-se o valor obtido (menor que o nominal) para o inicio do

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penúltimo período; e assim sucessivamente até chegar ao momento actual. Seguindo


esta via poder-se-á deduzir a expressão do valor actual já encontrada.

Com efeito:

Valor actual quando falta 1 (um) período para o vencimento:

Cn-1= Cn – Cn*d = Cn (1-d)

Valor actual quando faltam 2 períodos para o vencimento:

Cn-2= Cn-1–(1-d) = Cn(1-d)2

Valor actual quando faltam 3 períodos para o vencimento:

Cn-3= Cn-2–(1-d) = Cn(1-d)3.

Generalizando, o valor actual quando faltam o tempo t para o vencimento será:

Cn-t = Cn(1-d)t.

3.2.- O Desconto como é Praticado

Viu-se na alínea anterior que o desconto deve conduzir à igualdade teórica de


situações no momento actual e no vencimento. Contudo, na prática corrente comercial e
bancária esta acepção teórica do desconto não é respeitada.

Desde logo, um desvio é imposto por motivo razoável: sendo o desconto


geralmente feito por um terceiro (banco) ao credor, tem de haver uma margem ou
remuneração compensatória para a cobertura de encargos e de risco. Não se entra em
linha de conta com as taxas especiais resultantes de políticas de crédito selectivas,
inferiores às taxas correntes. Então não poderá satisfazer-se a referida igualdade teórica
de situações, pois, o valor actual resultante do desconto já não será um capital
equivalente ao valor nominal. Essa compensação para a entidade que desconta poderia
ser obtida se o desconto composto fosse calculado com uma mesma taxa de juro i
superior à corrente.

Com efeito, se a entidade desconta à taxa de juro de 5%, entrega ao credor


primitivo a quantia: Cn(1+5%)- t.

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Tudo se passa como se esta quantia estivesse aplicada durante o tempo t. E se em


tal aplicação a entidade obtivesse a taxa corrente de juro que por hipótese é menor, por
exemplo, 4%, resultaria ao fim do tempo t:

[Cn(1+5%)-t]*(1+4%)t

No entanto, ao fim do tempo t, o descontante não recebe isto, mas sim o valor
nominal Cn que é maior.

[Cn(1+5%)-t]*(1+4%)t < [Cn(1+5%)-t]*(1+5%)t

Ficaria assim uma margem igual a: Cn -Cn(1+5%)-t*(1+4%)t.

Porém, esta hipótese de compensação não é a correntemente adoptada.

Outra explicação para a inexistência prática de operações de desconto composto


reside no facto de o regime de capitalização composto ser pouco acessível às pessoas
não versadas em matemática financeira.

Em vez do regime teórico, outros mais simples estão consagrados. Mais uma vez
deve reconhecer-se que tudo é uma questão de convenções.

3.3. Equação de Equivalência entre Dois capitais: em Desconto


Comercial e em Desconto Racional

Dois capitais, C1 e C2, dizem-se equivalentes num dado momento, se nesse


momento os seus valores actuais a uma dada taxa são iguais, ou seja, se C´1 = C´2, isto é,
C1 – d1 = C2 – d2.

Em desconto comercial, como d=Df=Cni, vem:

C1-C1n1i=C2n2i C1(1-n1i) = C2(1-n2i)

Em desconto racional, com d=Dd=C`rni, vem:

C´r1 = C´r2 𝐶1 𝐶2
=
1 + 𝑛1 i 1 + 𝑛2 i

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Resumindo, temos:

C1(1-n1i) = C2(1-n2i)
(Equação de equivalência de dois capitais em
desconto comercial ou desconto por fora);
𝑪𝟏 𝑪𝟐
=
𝟏 + 𝒏 𝟏 𝒊 𝟏 + 𝒏𝟐 𝒊

(Equação de equivalência de dois capitais em


desconto racional ou desconto por dentro)

Daqui podemos tirar várias conclusões:

1ª) Dois capitais são equivalentes numa dada data, e só nessa. Única excepção
(óbvia): quando os dois capitais são iguais e têm o mesmo vencimento. Nesta
hipótese são equivalentes em qualquer momento;
2ª) Dois capitais iguais, mas com vencimentos diferentes nunca poderão ser
equivalentes;
3ª) Dois capitais diferentes, mas com o mesmo vencimento nunca poderão ser
equivalentes;
4ª) Dois capitais não podem ser equivalentes num mesmo momento nos dois
regimes de desconto (comercial e racional) simultaneamente.

3.3.1. Equação de Equivalência Entre Um Capital e Um Conjunto de Capitais: em


Desconto Comercial e em Desconto Racional

Vamos supor que temos vários capitais diferentes (C1,C2, …, Cn), com
vencimentos diferentes (n1, n2, …, nn), que queremos substituir por um capital único, C,
relativamente ao qual:

1º) Queremos que seja determinado o montante, C (pelo que temos que
determinar a quantos dias deve ser o seu vencimento, n); ou
2º) Queremos que vença em determinado momento, daqui a n dias (pelo que
temos que saber qual deve ser o seu montante, C)

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Esquematicamente:

Equivalência de capitais:

C1
n1

C2
n2

C3
n3

C
n

Momento
Actual

No fundo, o objectivo é:

1) Considerando o Desconto Comercial

C(1-ni)= C1(1-n1i)+ C2(1-n2i)+…+ Cn(1-nni) (Equação geral de equivalência de um

capital a um conjunto de capitais, sendo i a taxa de actualização utilizada, em

desconto comercial).

2) Considerando o Desconto racional

= + + + (Equação geral de equivalência de um capital a um

conjunto de capitais, sendo i a taxa de actualização utilizada, em desconto racional).1

1
N.B.: Notemos que qualquer das equações anteriores pode ser resolvida quer em ordem a n (quando se
conhece C), quer em ordem a C (quando se conhece n).

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3.4. Aplicações Concretas de Operações de Desconto e de Operações de


capitalização em Juro Simples

Neste ponto vamos ver dois casos concretos (muito frequentes no dia-a-dia
empresarial) de aplicação da teoria da equivalência de capitais: O desconto bancário de
letras e a reforma de letras.

3.4.1. Desconto Bancário de Letras

O desconto bancário de letras, tão frequente na prática comercial, é um caso


concreto – e que obedece a regras próprias (como veremos em seguida) – de uma
operação de desconto ou actualização.

Como se sabe, muitos negócios são concretizados através de títulos de créditos.

Centremos a nossa atenção na letra de câmbio (ou simplesmente letra) e na


vertente que mais nos interessa, ou seja, do ponto de vista puramente financeiro. Nela
consta uma importância (“Valor nominal” que designaremos por L) e, uma data de
vencimento. O valor nominal reporta-se à data de vencimento. No entanto, o credor
pode ter necessidade ou interesse em realizar antecipadamente aquele valor (em rigor
não será exactamente aquele valor, dado que vai ser recebido num momento anterior ao
seu vencimento, sendo pois razoável esperar que se receba um valor inferior àquele).
Então propõe a uma instituição bancária o desconto da letra.

O desconto bancário é, então, uma operação (de desconto, obviamente), pela qual
o credor realiza, antes da data do seu vencimento, o valor nominal reduzido de uma
parcela que é composta por encargos legais ou contratuais estipulados para a operação.

Na data do vencimento, compete ao devedor pagar ao banco o valor nominal.

Naturalmente que o banco pode ou não aceitar a proposta de desconto,


dependendo esse facto de aspectos vários, como sejam a maior ou menor credibilidade
dos intervenientes, o valor dos seus compromissos, a política mais ou menos selectiva
de crédito que está a ser seguida, etc.

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Caso o banco aceite a proposta de desconto, credita na conta do credor uma


quantia vulgarmente designada por Produto Líquido do Desconto, ou simplesmente
PLD. O PLD é a diferença entre o valor nominal da letra e o conjunto dos encargos a
que a mesma está sujeita quando é descontada.

E quais são esses encargos? São:

 O desconto por fora, Df (vulgarmente designado – incorrectamente – por


“juros”);
 A comissão de cobrança, Cc;
 O imposto de selo, IS (ou ISOB, como também é conhecido – Imposto de
Selo Sobre Operações Bancárias);
 Despesas eventuais, vulgarmente designadas por portes, P.

Cujos cálculos são efectuados do seguinte modo:

= (repare-se que este é exactamente o desconto calculado segundo a solução

comercial);

Cc = LiCc;

IS = is(Df+Cc);

P = Vários.

Vejamos cada um deles mais detalhadamente:

1- Desconto por Fora

= em que L representa o valor nominal da letra;

n representa o número de dias que medeia entre a data da apresentação da letra a


desconto (ou melhor, da “data – valor”) e a sua data de vencimento ambas inclusive,
acrescido de 2 (dois) dias. Porquê? Porque, nos termos da Lei Uniforme relativa às
Letras e Livranças, “o portador de uma letra pagável em dia fixo ou a certo termo de
data ou de vista deve apresentá-la a pagamento no dia em que ela, é pagável ou num dos

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dois dias úteis seguintes”. Ou seja, a Lei prevê 2 (dois) dias úteis de tolerância para
além do vencimento2.

i representa a taxa de desconto utilizada pelo banco. Há anos atrás era rígida,
dependendo de n, mas actualmente é livre e negociável. Pode assistir-se a variações
significativas de banco para banco e até dentro do mesmo banco, de cliente para cliente.
Expressa-se em termos anuais.

Como n está expresso em dias e i em anos, é necessário dividir Lni por 365 dias,
para que fiquemos com n e i expressos na mesma unidade de tempo.

2- Comissão de Cobrança

Cc = LiCc em que:

iCc representa a taxa (percentagem ou permilagem) a que é calculada a comissão


de cobrança. Varia de banco para banco, de acordo com diversos factores, como por
exemplo o tipo de letra (isto é, domiciliada ou não domiciliada, sobre a mesma praça ou
sobre outra praça), tendo geralmente valores máximos e mínimos.

Uma tabela possível é a seguinte:

SOBRE A PRAÇA SOBRE OUTRA PRAÇA

DOMICILIADA NÃO DOMICILIADA NÃO


DOMICILIADAS DOMICILIADAS

1‰ 2‰ 0,5% 1%

Min. Máx. Min. Máx. Min. Máx. Min. Máx.

1,50Kz 6,00Kz 0,20Kz 600Kz 0,20Kz 6,00Kz 0,40Kz 12,00Kz

2
N.B.: Em rigor, o número de dias a acrescer para efeitos de cálculos de Df pode ser superior a
dois, tendo esse facto a ver com o dia da semana em que a letra vence (e, consequentemente, com o
segundo dia útil posterior). Pode coincidir com sábados, domingos ou feriados e daí, na prática, o número
de dias a acrescer pode ser superior. Para efeitos académicos vamos sempre considerar apenas dois dias.

O banco, ao aceitar a operação de desconto, assume desde logo que o devedor vai aproveitar esta
faculdade que a Lei lhe confere, repartindo imediatamente esse facto sobre o seu cliente (que descontou a
letra).

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3- Imposto de Selo

IS = is(Df+Cc) em que:

is representa a taxa a que é calculado o imposto de selo. Tem sido de 9%, mas a
partir de Janeiro de 1995 em Portugal passou a ser de 7%.

Trata-se de um encargo fiscal (ao contrario de Df, Cc e P, que são receitas do


banco; IS é uma receita do Estado)3.

TABELA DA SELAGEM DE LETRAS (1995)4

Tabela geral do imposto do selo (Art. 101º, nº 1 – Letras e livranças)

Valor Nominal da Letra Taxa Forma de Pagamento

Até 25,00Kz 0,062Kz Selo Especial

De 26,00Kz à 50,00Kz 0,183Kz ---------------||--------------

De 51,00Kz à 100,00Kz 0,365Kz ---------------||--------------

De 101,00Kz à 200,00Kz 0,729Kz ---------------||--------------

De 201,00Kz à 300,00Kz 1,214Kz ---------------||--------------

De 301,00Kz à 450,00Kz 1,822Kz ---------------||--------------

De 451,00Kz à 600,00Kz 2,428Kz ---------------||--------------

De 601,00Kz à 850,00Kz 3,642Kz ---------------||--------------

3
Já agora, deve mencionar-se uma outra receita fiscal relacionada com as letras, e é, a selagem das
mesmas, que é o custo do impresso, se quisermos, que depende do valor nominal da letra, de acordo com
a tabela que a seguir se transcreve, e que não deve ser confundida com este imposto de selo – ISOB –, o
qual tem lugar devido ao desconto, que uma operação de crédito.
4
Atenção: Esta tabela está desactualizada. Apresentamos apenas para efeitos académicos.

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De 851,00Kz à 1.000,00Kz 4,855Kz ---------------||--------------

De 1.001,00Kz à 1.350,00Kz 6,068Kz ---------------||--------------

De 1.351,00Kz à 1.600,00Kz 7,282Kz ---------------||--------------

De 1.601,00Kz à 1.850,00Kz 8,495Kz ---------------||--------------

De 1.851,00Kz à 2.100,00Kz 9,709Kz ---------------||--------------

De 2.101,00Kz à 2.350,00Kz 10,923Kz ---------------||--------------

De 2.351,00 à 3.033,75Kz 12,135Kz ---------------||--------------

Superior a 3.033,75Kz 4‰ Selo de Verba

3.4.2- Reforma de Letras

Vimos no ponto anterior o desconto bancário de letras. Ainda que regido por
regras próprias e bem definidas não deixa de ser, na essência, um exemplo concreto de
uma operação de desconto ou actualização.

Vamos agora ver a reforma de letras, que pode ser assumida a uma operação de
capitalização.

Reformar uma letra é diferir o seu pagamento para um momento posterior. Logo,
parece correcto que o valor nominal da nova letra seja superior ao da letra inicial.
Contudo, como veremos, é possível reformar letras de vários modos.

Designada por L a letra inicial e por NL a “nova letra” (letra reformada), teremos:

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REFORMA DE LETRAS

L NL

0 n

Ou seja, temos inicialmente um capital L reportado ao momento 0, cujo


pagamento é diferido para um momento posterior, n, sendo pois teoricamente correcto
que o capital equivalente, reportado a esse momento n, seja superior a L.

Este diferimento, muito frequente no dia-a-dia comercial, acontece basicamente


porque não convém ao aceitante pagar a divida na altura inicialmente prevista, na sua
totalidade ou, pelo menos, em parte.

Assim, a reforma pode ser total (se o aceitante não faz qualquer entrega em
numerário ou cheque na altura do vencimento da divida inicial, diferindo assim a
totalidade da divida para mais tarde), ou parcial (caso o aceitante resolva pagar parte da
divida inicial no seu vencimento, diferindo para mais tarde apenas o restante dessa
dívida).

Além disso, podemos ainda conceber a reforma tanto sob a forma dita comercial
como sob a forma dita racional.

Como já vimos, no primeiro caso o juro incide sobre o valor nominal da letra
reformada, isto é, reportado ao momento do vencimento inicial; no segundo caso, o
juro incide sobre o valor da letra de reforma, isto é, reportado ao momento do
vencimento do novo aceite.

Designemos então, por:


L = Valor nominal da letra inicial;
LD = Montante em dívida relativamente à letra inicial (se a reforma for total,
LD=L; se a reforma é parcial, LD˂L);
NL = Valor nominal da nova letra;
n = Prazo da reforma;
i = Taxa de juro (“Capitalização”) acordada entre as partes.

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Assim, NL=LD+J

No caso da reforma comercial, como J=LDni, vem: NL=LD(1+ni)

No caso da reforma racional, como

J=NLni NL=LD+NLni NL – Nlni=LD NL(1 – ni)=LD

NL=

Esquematicamente5:

REFORMA

COMERCIAL C/ RACIONAL
R

S N N
Juro Jur
s os

T
T/
P T/ T/
T/ P
P P
P
P P

NL=LD 𝑳𝑫
T NL=LD NL=
𝟏−𝒏𝒊
NL=LD(1+ni)

NL=LD(1+ni) NL=L
𝑳𝑫
NL=
𝟏−𝒏𝒊

5
Note-se que nas hipóteses atrás consideradas assumiu-se sempre que os juros da reforma são incluídos
no valor nominal do novo aceite. No entanto, na prática, eles podem ser pagos à parte, situação em que,
como é óbvio, o valor nominal do novo aceite será LD.

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Convém no entanto referir que na prática nem sempre há lugar a cobrança de


juros. De facto, se a reforma é por um período curto e/ou se o montante em causa é
baixo, talvez seja preferível ao sacador não cobrar juros, por questão de “imagem”, de
boas relações, etc. Por outras palavras, porque poderia estar a assumir uma atitude que
“caísse mal” junto do cliente (cobrar juros de algumas dezenas, centenas ou mesmo
milhares de kwanzas poderia por em causa negócios futuros mais importantes). No
fundo, e isso também é importante reter, pode haver interesses ou razoes comerciais que
se sobreponham a questões meramente financeiras, ainda que teoricamente correctas.

Outra situação que pode acontecer na prática é calcular o valor nominal do novo
aceite de forma a que, o descontado imediatamente ao sacador receber a quantia a que
tinha direito no momento do vencimento inicial, isto é, L. No fundo, o que se pretende é
que o PLD do novo aceite (descontado imediatamente), seja L (se se tratou de uma
reforma total) ou LD (se se tratou de uma reforma parcial).

Esta solução, ainda que teoricamente correcta, raramente é utilizada na prática,


pois é a mais trabalhosa e mais onerosa (ao ser aquela com maior NL, é a que origina
mais ágio).

Finalmente, é também frequente ficar desde logo acordado entre sacado e sacador
que o novo aceite não inclui juros nem o seu valor nominal é calculado nos termos do
parágrafo anterior, sendo que, em vez disso, o sacador desconta o novo aceite e debita
ao sacado o montante dos encargos suportados com esse desconto (isto é, o ágio). Ou
seja, quem acaba por suportar os encargos é o sacador.

Nesta hipótese, é frequente o sacador, após receber o “bordereau” do banco com


a indicação dos encargos suportados com o desconto da nova letra, fotocopiá-lo e enviar
a fotocópia ao sacado, juntamente com uma nota de débito, ficando esse valor em conta
corrente.

Esta é a solução mais cómoda e menos onerosa (não envolve cálculos e os


encargos incidem apenas sobre L ou LD, valores obviamente inferiores a NL).

Como se vê, muitas vezes a teoria aponta num sentido, mas a prática pode assumir
formas diversas.

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3.4.3. O Desconto Como é Praticado

Na prática comercial, o valor actual que resulta do desconto não é equivalente ao


valor nominal.

A instituição bancária quando realiza o desconto, entrega ao sacador do título o


valor líquido do desconto, ou seja, a diferença entre o valor nominal e o ágio.

Ágio é o valor total que fica retido no banco e que é constituído por:

Desconto Comercial

Ágio
_ Comissões sobre o valor nominal do título;
Comissões Fiscais _ Imposto de Selo
_ Portes
_ Telegramas, etc. …

Valor Líquido do Desconto = Valor Nominal – Ágio

Como as comissões fixas servem para o banco fazer face aos gastos reais, o seu
benefício é de facto o valor do desconto comercial, que só é recuperado quando se
receber o valor na data do vencimento.

3.4.3.1. Determinação do valor Líquido do Desconto

Exemplos:

1. O Sr. Herberto Tito descontou 71 dias antes do vencimento, no banco de


comércio e industria, um saque de 100.000.000Kz nas seguintes condições;
 Taxa de desconto: 18%
 Comissão de cobrança: 1‰ (letra descontada em outro banco – não
domiciliado);
 Portes: 350.000Kz.

Determine o valor líquido do desconto.

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Solução:

L = 100.000.000Kz; i = 18%; i´ = 1‰; i´´ = 9%; n = 71+2= 73 dias; PLD=?

A=L – Ágio ou PLD = L – E (ágio, ou seja, total dos encargos)

E= + ( + +

E=( + )( + +

= (3.600.000Kz + 100.000Kz) * 1,09+350.000Kz

= 3.700.000Kz * 1,09 + 350.000Kz

= 4.033.000Kz + 350.000Kz = 4.383.000Kz

PLD = L – E;

PLD = 100.000.000Kz – 4.383.000Kz = 95.617.000Kz

R: O valor líquido do desconto é de 95.617.000Kz

2. O comerciante Paulo Livamba descontou no Banco de Fomento de Angola uma letra


com valor nominal de 800.000.000Kz quando faltavam 68 dias para o seu
vencimento. Os encargos do desconto são os seguintes:
 Taxa de desconto: 20,5%;
 Comissão de cobrança: 0,5%;
 Imposto: 9%;
 Portes: 341.000Kz.
Determine o valor líquido do desconto.

O Docente: Edson Manuel de Sousa Bandeira, MSc. 18


Cálculo Financeiro

Solução:

PLD=L – E e E= + ( + +

L=800.000.000Kz; i=20,5%; n=68+2=70 dias; i´=0,5%; i´´=9%;


P=341.000Kz; PLD=?

E=( + )( + +

= (31.452.054,79Kz + 4.000.000Kz) * 1,09 + 341.000Kz

= 35.452.054,79Kz * 1,09 + 341.000Kz

= 38.642.739,72Kz + 341.000Kz = 38.983.739,72 ≈ 38.983.740,00Kz

PLD = L – E

PLD = 800.000.000Kz – 38.983.740Kz = 761.016.260Kz

R: O Valor Líquido do Desconto é de 761.016.260Kz

O Docente: Edson Manuel de Sousa Bandeira, MSc. 19


Cálculo Financeiro

Exercícios:

1. Uma pessoa concedeu um empréstimo a juros antecipados, tendo entregue ao


devedor 2.125.000Kz, correspondentes ao período de 300 dias e à taxa
semestral de 9,125%. O valor dos juros foi depositado em regime de juro
composto durante 1 ano, à taxa quadrimestral de 6%. Determine
a) O juro recebido antecipadamente;
b) O valor do empréstimo;
c) O juro do depósito.

2. Qual é o valor liquido que se obtém ao descontar uma letra de 100.000.000Kz


não domiciliada e sobre outra praça, 28 dias antes do seu vencimento, à taxa
de 19% e admitindo que os portes ascenderão a 100.000Kz?
3. Qual será o valor líquido obtido pelo desconto de uma letra domiciliada e
sobre outra praça, com valor nominal de 200.000.000Kz, à taxa de 19%
quando faltarem 33 dias para o seu vencimento? Os portes ascenderam a
200.000Kz.
4. Suponha que tem uma letra de 365.000.000Kz em seu poder e que vai propor
a desconto. A taxa utilizada é de 18%, faltam 28 dias para o vencimento e a
letra é domiciliada e sobre a praça. Uma vez creditada a sua conta pelo
produto líquido do desconto, prefere emprestar esse montante a juros
antecipados à taxa anual de 15% durante 3 meses, ou depositá-lo em regime
de juros simples, à mesma taxa e pelo mesmo prazo? Justifique.
5. Duas letras, uma de valor nominal de 25.000.000Kz e outra de valor nominal
de 25.212.700Kz vencem-se, respectivamente, daqui a 120 e 180 dias (ano
comercial). Considerando a taxa de 25% determine daqui a quantos dias será a
data de equivalência, a um capital de 45.675.200Kz (juros simples).
6. Considere duas letras, uma de valor nominal de 12.000.000Kz e outra de valor
nominal de 12.250.000Kz, vencíveis, respectivamente, daqui a 45 e 90 dias.
Determine a taxa i por forma que aquelas duas letras sejam equivalentes daqui
a 10 dias a uma única letra de valor nominal de 24.300.000Kz vencível daqui
à 80 dias.
7. Determine o vencimento médio das seguintes letras:
 Letra A de 26.000.000Kz, vencível daqui a 90 dias;

O Docente: Edson Manuel de Sousa Bandeira, MSc. 20


Cálculo Financeiro

 Letra B de 24.000.000Kz, vencível daqui a 60 dias;


 Letra C de 30.000.000Kz, vencível daqui a 10 dias.
Foi utilizada a taxa de 16%.
8. A firma EDK, Lda., é aceitante de 4 letras de valores nominais de
10.000.000Kz, 20.000.000Kz, 30.000.000Kz e 40.000.000Kz vencíveis,
respectivamente, daqui a 1, 2, 3 e 4 meses. No dia do vencimento da primeira
letra, o aceitante propõe ao credor a substituição das 4 letras por uma nova de
valor nominal de 100.000.000Kz, tendo sido acordada a taxa de 16%. Qual
deverá ser o prazo de vencimento da nova letra?

O Docente: Edson Manuel de Sousa Bandeira, MSc. 21


Cálculo Financeiro

BIBLIOGRAFIA

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Instrumentos financeiros: Da Prática a teoria. 2ª Edição, Escolar editora. 2009;

BRANCO, Anísio Costa Castelo Branci. 2012. MATEMÁTICA FINANCEIRA


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CADILHE, Migue e SOARES, Carlos. LIÇÕES DE MATEMÁTICA FINANCEIRA.


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MATEUS, José Maria Alves. 2011. CÁLCULO FINANCEIRO. Edições Sílabo, 5ª


Edição revista e actualizada. Lisboa;

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FINANCEIRO. 3ª Edição. Edições Silabo. Lisboa;

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Resolvidos e Explicados. Escolar Editora. Lisboa;

MATIAS, Rogério. 2008. CÁLCULO FINANCEIRO – Casos Reais Resolvidos e


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MATIAS, Rogério. 2013. CÁLCULO FINANCEIRO – Teoria e Prática. 4ª Edição.


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CÁLCULO FINANCEIRO. Areas Editora, 9ª Edição. Lisboa;

SAMANEZ, Carlos Patrício. 2007. MATEMÁTICA FINANCEIRA - Aplicações à


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APLICAÇÕES DE CÁLCULO FINANCEIRO: CASOS PRÁTICOS. Edições
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O Docente: Edson Manuel de Sousa Bandeira, MSc. 22

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