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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

BELUCHA DE TIMA GASPAR

EMERSON TIRANO DE CARDOSO

HÍRIS VALÉRIA DA SILVA JAMAL

IDELSON POMPILIO SELEMANE SAIDE

JESUÍNA DA NILSA PASCOAL

VIVITA DA SOMOE CECILIO

DIREITO BANCÁRIO MATERIAL

NAMPULA

2022
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

BELUCHA DE TIMA GASPAR

EMERSON TIRANO DE CARDOSO

HIRIS VALERIA DA SILVA JAMAL

IDELSON POMPILIO SELEMANE SAIDE

JESUINA DA NILSA PASCOAL

VIVITA DA SOMOE CECILIO

DIREITO BANCÁRIO MATERIAL

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de Direito


Bancário e Seguros, referente ao 2º semestre, curso de
Direito, 4º ano. Turma Única, Leccionada pelo
Docente: MA. Alberto Langa

NAMPULA

2022
Folha de abreviaturas

Art. - Artigo

C.C – Código Civil

Ed. - Edição

Idem - Obra Citada

P. – Página

PP. – Páginas

Vol. – Volume

III
Índice
Introdução...................................................................................................................................1

CAPITULO I: DIREITO BANCÁRIO MATERIAL.............................................................2

1. ASPECTOS GERAIS......................................................................................................2

2. ACTO NUCLEAR...........................................................................................................2

2.1. ABERTURA DE CONTA...........................................................................................2

2.2. NATUREZA DA ABERTURA DE CONTA..............................................................3

2.3. A CONTA CORRENTE..............................................................................................4

2.4. TITULARIDADE DA CONTA BANCÁRIA.............................................................4

2.5. CONDIÇÕES DE ABERTURA DE CONTA BANCÁRIA.......................................5

3. CESSAÇÃO E BLOQUEIO DA CONTA......................................................................7

4. DOS ACTOS BANCÁRIOS EM ESPECIAL.................................................................7

4.1. O DEPÓSITO BANCÁRIO.........................................................................................7

5. CONVENÇÃO DE CHEQUE.......................................................................................10

6. MÚTUO BANCÁRIO...................................................................................................12

7. LOCAÇÃO FINANCEIRA...........................................................................................13

8. CESSÃO FINANCEIRA...............................................................................................14

9. GARANTIAS BANCÁRIAS........................................................................................18

CONCLUSÃO......................................................................................................................21

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................22
Introdução
O presente trabalho, tem como tema Direito Bancário Material que faz
referência a uma das áreas do Direito Bancário, que é da actividade das instituições de crédito.
Antes de mais é necessário contextualizar o tema em questão de modo que tenhamos uma
visão geral do que seja o Direito Bancário Material.

O direito bancário material compreende a área mais estimulante e decisiva do


Direito Bancário, como também pode ser entendida como Direito dos actos bancários, isto é,
do Direito da actividade das instituições de crédito e sociedades financeiras, no seu
relacionamento com os particulares.

Este ramo do Direito Bancário é visto como a parte privado do mesmo, isto
porque, é nele que encontramos a actividade bancária propriamente dita, a relação da banca-
cliente, desde a sua abertura da conta bancária como o término da relação jurídica bancária.

Ele acompanha de perto a conjuntura económica, sendo incompatível com a


ortodoxia que geralmente acompanha a norma jurídica. A despeito de tal dinâmica, faz-se
cada vez mais necessária a composição de regras e ordenamentos destinados aos bancos e
instituições financeiras, para que se verifique a circulação da massa monetária.

Para elaboração do trabalho, usamos o método dedutivo que nos ajudou para a
descoberta aspectos importantes atinentes ao Direito Bancário Material.

O trabalho tem como objectivo geral:

 Conhecer aspectos relevantes sobre o Direito Bancário Material.


Objectivos específicos:

 Compreender e analisar as actividades das instituições de crédito;


 Distinguir o acto nuclear dos actos bancários em especial;
 Descrever de forma minuciosa as garantias bancárias.

1
CAPITULO I: DIREITO BANCÁRIO MATERIAL
1. ASPECTOS GERAIS

O direito bancário material compreende a área mais estimulante e decisiva do


Direito Bancário, como também pode ser entendida como Direito dos actos bancários, isto é,
do Direito da actividade das instituições de crédito e sociedades financeiras, no seu
relacionamento com os particulares.1

2. ACTO NUCLEAR

A abertura de conta é o acto nuclear pelo qual o banqueiro e o cliente assumem


deveres recíprocos de, na sua relação, praticar várias operações bancárias que tem natureza
complexa e perene, razão pela qual identifica-se a abertura da conta como contrato bancário
geral.

Do contrato de abertura de conta podem surgir muitos outros contratos, como


os contratos de depósito, de mútuo, de desconto, de abertura de crédito, para além de ter
acesso a serviços postos a disposição pelo banqueiro.2

2.1. ABERTURA DE CONTA

A abertura de conta é o contrato celebrado entre o banqueiro e o seu cliente,


pelo qual ambos assumem deveres recíprocos relativos a diversas práticas bancárias.

A abertura de conta é um contrato nuclear do direito bancário, que marca o


início de uma relação bancária, complexa e duradoura e que fixa o regime essencial em que
essa relação se irá processar. Opera como um acto nuclear, e não um mero contrato bancário,
constituindo o tronco comum dos diversos actos subsequentes a que, supletivamente, se
aplicam as regras do mandato.3

A abertura de conta não dispõe de qualquer regime legal, é um tipo social,


assentado somente nas cláusulas contratuais gerais dos bancos, comummente designadas
``condições gerais´´ e nos usos e legislação bancária.

As cláusulas contratuais admitem estipulação em contrário, desde que


acordadas por escrito, ou alteração unilateral, pelo banqueiro, desde que devidamente
1
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2011, p. 27
2
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 154
3
Idem, p. 152
2
comunicada, que se considera aceite se não houver oposição verificado um determinado
prazo.

A conta bancária é um gráfico estabelecido por deve4 e haver5 onde se registam


as operações entre o titular da conta e o seu beneficiário.

A conta bancária é um contrato sem nomen júris, normativo, consensual,


gratuito, bivincular, de duração indeterminada e celebrado intuitu personae.

A conta bancária, um contrato normativo, é um contrato de adesão com


substancial restrição a liberdade de estipulação, desigualdade entre as partes, complexidade e
natureza formulária.

Do pressuposto de que o banco pode servir-se dos fundos depositados sem


incorrer em crime de abuso de confiança, há quem entenda que a conta bancária é um contrato
de mútuo.6

Logo, a abertura de conta é o negócio bancário nuclear. Ela marca o início


duma relação bancária complexa entre o banqueiro e o seu cliente e traça o quadro básico do
relacionamento entre essas duas entidades.7

Portanto o grupo conclui que, para efectuar qualquer operação bancária é


necessário que particular tenha uma conta na banca, sendo esta pela qual, vai permitir o início
do relacionamento contratual em termos específicos com a banca, gerando assim obrigações
entre as partes.

2.2. NATUREZA DA ABERTURA DE CONTA


A abertura de conta tem características difíceis de reduzir. Ela surge como
contrato normativo, uma vez que regula toda uma actividade jurídica ulterior, ainda que
facultativa. Tem, pois, traços do que acima chamámos contratação mitigada. Embora o
banqueiro não fique obrigado a celebrar contratos ulteriores, ele compromete-se a ficar
disponível para examinar quaisquer propostas que lhe venham a ser formuladas, respondendo,
em termos de razoabilidade, as questões que lhe sejam postas.8

4
Lançamentos de débito.
5
Lançamentos de crédito.
6
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 158
7
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2011, p. 500
8
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2011, p. 510
3
Mas além disso, a abertura de conta tem efeitos jurídicos imediatos: a conta-
corrente bancária, o serviço de caixa por parte do banqueiro, o dever, deste, de receber
depósitos, de prestar informações e de efectuar comunicações e toda uma série de traços,
resultantes das cláusulas contratuais gerais. A abertura de conta deve ser tomada como um
negócio materialmente bancário, por excelência.

2.3. A CONTA CORRENTE


A conta corrente bancária é o suporte de diversas operações bancárias do
cliente e habilita-o a aceder aos serviços bancários – de caixa e de transferências, isto é,
permite ao cliente efectivar todo o giro profissional e pessoal.

A conta-corrente bancária é um elemento necessário da abertura de conta, e


constitui um contrato celebrado entre o banqueiro e o seu cliente, termos em que se postula a
prestação de diversos serviços bancários, com relevo para o serviço de caixa, reportando-se os
movimentos em dinheiro e negócios mais vasto.9

2.4. TITULARIDADE DA CONTA BANCÁRIA


Quanto à titularidade, a conta pode ser individual ou colectiva, consoante seja
aberta em nome de uma única ou várias pessoas (contitularidade da conta). Podendo, a conta
ser solidária, conjunta ou mista.10

 Conta solidária : qualquer dos titulares pode movimentar sozinho livremente a conta;
o banqueiro exonera-se, no limite, entregando a totalidade do depósito a um único dos
titulares;

Designa-se de solidária aquela conta, à ordem, com pré-aviso ou aviso a prazo, que, para sua
movimentação a débito, é suficiente a assinatura de qualquer dos titulares, indistinta e
isoladamente.

Este tipo de conta permite uma maior maleabilidade e facilidade no depósito, levantamento de
fundos e na consulta dos saldos, devido à solidariedade em que assenta, pois o cumprimento
efectuado pelo banco a qualquer co-titular liberta-o perante os restantes co-titulares.

A solidariedade deste tipo de conta assenta no regime estabelecido nas obrigações solidárias,
nos termos do art.º 512 do C.C.11
9
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 155
10
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2011, p. 503
11
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 166
4
 Conta conjunta: só pode ser movimentada por todos os seus titulares em simultâneo.
É aquela conta em que são necessárias as assinaturas de todos os titulares, ou é aquela
para cuja movimentação a débito se exige a actuação unitária de todos os seus titulares
mediante a recolha de todas as assinaturas.

 Conta mista: alguns dos titulares só podem movimentar a conta em conjunto com
outros, designada de mista aquela conta que para a sua movimentação valem as
assinaturas de uma parte dos titulares podendo-se dizer que exige uma participação
solidária de grupos de assinaturas atuando conjuntamente.12
2.5. CONDIÇÕES DE ABERTURA DE CONTA BANCÁRIA
Antes de estabelecer uma relação de negócios com um cliente, o banqueiro
deve solicitar todas as informações mais recentes relativas ao cliente para constituir o
processo do cliente contendo pormenores pessoais e financeiros. 13

Assim, para a celebração do contrato de abertura de conta, para além do


preenchimento dos formulários o cliente deve apresentar ao Banco a seguinte documentação:

2.5.1. PESSOAS SINGULARES – RESIDENTES E NÃO RESIDENTES


Para abertura de uma conta bancária para residentes e não residentes
individuais, o cliente deve preencher os seguintes formulários:

a) Ficha de abertura de conta;


b) Ficha de informação do cliente – pessoas singulares (devem ser preenchida por todos
os titulares e co-titulares da conta);
c) Ficha de assinaturas (a ser preenchida por cada pessoa que abriga a conta);
d) Convenção de cheque.14

As pessoas singulares devem apresentar os seguintes documentos:

a) Fotocópia autenticada do B.I, Passaporte ou DIRE;


b) Documento comprovativo do NUIT;
c) Atestado de residência, para residentes; ou
d) Referencias bancárias feitas por mensagem SWIFT emitida pelo banco do cliente no
seu país de residência, para não residentes;
12
As contas são ainda, susceptíveis de diversas classificações, consoante o tipo de depósito.
13
Idem, p. 159
14
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 160
5
e) Carta de autorização de execução de instruções do cliente transmitidas por fax caso
este pretenda enviar as instruções via ao Banco.15
2.5.2. PESSOAS COLECTIVAS
Sociedades Comerciais e outras Pessoas Colectivas

Para abertura de uma conta bancária para uma sociedade comercial, o cliente
deve apresentar os seguintes documentos:

a) Carta solicitando a abertura da conta, onde constem os nomes das pessoas autorizadas
a movimentar a conta, e especificando as respectivas condições de movimentação, os
nomes das pessoas que irão movimentar a conta bem como a moeda de denominação
da conta;
b) Fotocópia autenticada dos Estatutos da sociedade publicados no Boletim da República,
incluindo as alterações verificadas na sociedade desde a sua constituição até a data;
c) Fotocópia autenticada da certidão de registo junto da conservatória de registo das
entidades legais;
d) Documento comprovativo do NUIT;
e) Alvará ou Documento equivalente;
f) Fotocópia autenticada da acta da reunião da assembleia geral da sociedade de eleição
dos órgãos sociais da sociedade;
g) Carta de autorização de execução de instruções do cliente transmitidas por fax caso
este pretenda enviar as instruções por fax Banco.16

3. CESSAÇÃO E BLOQUEIO DA CONTA


A cessação duma conta bancária provoca o termo dos diversos negócios dela
dependente. Encerrada a conta, caducam as convenções de cheque, os contratos de depósito,
os acordos relativos a cartões e os outros acordos acessórios.

O cancelamento, por iniciativa do banqueiro, depende dum pré-aviso feito com


8, 15 ou 30 dias de antecedência, consoante os bancos.

A conta pode cessar por acordo das partes (revogação ou distrate).

Idem, p. 160
15
16
Idem, p. 161
6
A conta bancária pode, ainda, ser bloqueada, numa situação que, por vezes,
prenuncia a cessação do contrato de abertura de conta, mas que não se confunde com ela. O
bloqueio é decidido pelo banqueiro, podendo advir de múltiplas razões:

 O pedido do próprio cliente;


 Por ordem do tribunal ou por morte do cliente; nesta hipótese, o saldo será entregue
aos herdeiros, extinguindo-se a conta.

O desaparecimento duma pessoa colectiva não bloqueia nem extingue, por si,
a conta; esta será movimentada pelos liquidatários, nos termos gerais, até a liquidação
definitiva: a cessação da conta e, com ela, da relação bancária complexa, ficará, então,
consumada.17

4. DOS ACTOS BANCÁRIOS EM ESPECIAL


4.1. O DEPÓSITO BANCÁRIO
4.1.1. DEPÓSITO REGULAR
O depósito bancário é diferente do contrato de depósito sobre o qual diz o
artigo 1185 do C.C `` Deposito é o contrato pelo qual uma das partes entrega a outra uma
coisa móvel ou imóvel, para que a guarde, e a restitua quando for exigida´´. O depósito
regular, assim, trata de coisa infungível.

Trata-se de um contrato real quoad constitutionem, que só produz efeitos pela


entrega da coisa, embora já se admita ser um depósito consensual. O art.º 1186 do C.C, por
remissão para o mandato, presume a gratuidade do depósito.

O depósito é um contrato intuitu pesonae celebrado na convicção da diligência


exigível de guardar bem.

É, aliás, o que pode compreender-se do artigo 1187 do C.C que prevê as


obrigações de depositário:

a) Guardar a coisa depositada;


b) Avisar imediatamente o depositante, quando saiba que algum perigo ameaça a coisa
ou que terceiro se arroga direitos em relação a ela, desde que o facto seja
desconhecido do depositante; e
c) Restituir a coisa com os seus frutos.18
17
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2011, pp. 508-510
18
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 167
7
4.1.2. DEPÓSITO IRREGULAR
O depósito irregular também é diferente do depósito bancário, entende-se por
depósito irregular, aquele através do qual o depositário, em vez de restituir a coisa depositada,
tem que devolver o equivalente (art.º1206 do C.C) são aplicáveis as regras do mútuo (arts
1143, 1144 e 1149 do C.C), sendo, coerentemente, inaplicáveis as regras relativas ao mútuo
oneroso previsto nos arts 1145 e seguintes do C.C.19

O depósito irregular, trata, destarte, de coisa fungível, art.º 217 do C.C, que na
substituibilidade aplica-se ao depósito bancário stricto sensu, pois, quando se deposita
dinheiro no banco, este dá um valor equivalente e, não exactamente, na forma das notas
depositadas.

Ele é diferente do depósito regular pelo facto de no depósito irregular o


depositário ter o dever de restituir o equivalente e ainda porque não tem a obrigação de
devolver a coisa depositada; tem, afinal, como objecto coisa fungíveis.

O depósito bancário pode ser classificado como depósito irregular, quando se


trate de depósito à ordem, e de mútuo quando de deposito a prazo se trate, embora estas
posições devam ser entendidas em termos hábeis.20

4.1.3. CONCEITO DE DEPÓSITO BANCÁRIO


Em sentido amplo, deposito bancário é o contrato pelo qual uma pessoa
(depositante) entrega a um banco (depositário) uma soma de dinheiro ou bens móveis de
valor, para que este os guarde e restitua quando o depositante o solicitar.

Desde modo, a expressão depósito bancário, tomada em sentido amplo, abarga,


não somente o depósito de numerário mas, e uma vez que engloba a entrega de quaisquer
valores ao banco, abrangerá ainda o depósito de títulos, o depósito de valores feito em cofres-
fortes e os denominados depósitos cerrados.

Em sentido estrito, a expressão deposito bancário abrange somente a entrega


de numerário.21

19
Idem, p. 168
20
Idem, p. 171
21
CAMANHO, Paula Ponces, Do Contrato De Deposito Bancário, Almedina, Coimbra, 1998, pp. 69-72.
8
Para os juristas, o depósito de fundos em banco é o contrato pelo qual uma
pessoa entrega certa soma de dinheiro a seu banqueiro, que se obriga a lhe restituir, a seu
pedido, nas condições previstas.22

4.1.4. NATUREZA JURÍDICA


A natureza jurídica deste contrato tem sido amplamente debatida. As posições
sobre esta questão dividem-se, essencialmente, entre os que o qualificam como contrato de
locação e os que entendem tratar-se de um depósito.23

Os defensores da tese de locação sustentam que a obrigação do banco é colocar


a disposição do cliente um local seguro, comprometendo-se somente a segurança e vigilância
do cofre-forte, e não dos objectos nele depositados.

Os que entendem tratar-se de um depósito sustentam que o banco assume uma


obrigação de custódia e de restituição in individuo do bem recebido. Ora, esta é precisamente
a obrigação que impende sobre qualquer depositário.

Opinião diferente é a de ANTUNES VARELA que considera que a cedência


temporária e remunerada de um cofre numa casa bancária constitui um contrato misto, uma
vez que a estrutura deste contrato engloba elementos típicos de dois ou mais contratos
nominados. Assim, para este autor, a paredes meias com o contrato de alugue de cofre, há um
contrato de depósito (quer do cofre, quer dos valores que o utente nele vai guardando).

Outros autores consideram que nenhuma das posições defendidas


anteriormente resolve o problema e que é um contrato sui generis, enquadrando-o, alguns
autores, nos denominados ``contratos de guarda´´ (contrats de garde). Os outros consideram
que este contrato ilustra a especificidade de o qualificar correctamente.24

4.1.5. MODALIDADES DO DEPÓSITO BANCÁRIO


As diferentes modalidades de depósito bancário se estabelecem conforme o
objectivo, a forma e a titularidade da operação.25

Quanto ao objectivo (escopo económico visado pelo depositante), o depósito


bancário é considerado à vista, a prazo e de poupança.
22
ABRÃO, Nelson, Direito Bancário, 13ª ed., Saraiva, São Paulo, 2010, p. 143
23
CAMANHO, Paula Ponces, Do Contrato De Deposito Bancário, Almedina, Coimbra, 1998, p. 76
24
CAMANHO, Paula Ponces, Do Contrato De Deposito Bancário, Almedina, Coimbra, 1998, pp. 78-79
25
KOHLE, Etiane Barbi, Direito Bancário, Unijui, Brasil, 2012, pp. 32-33
9
No depósito à vista o depositante pode efectuar o saque dos valores
depositados a qualquer tempo. No depósito a prazo, o depositante só saca depois de um
determinado prazo, levando ele ao direito de receber remuneração em juros e correcção
monetária e, no depósito de poupança, sistema de captação de recursos populares, a cada 30
dias são creditados juros e correcção monetária.

Considerada a forma do depósito bancário, tem-se que ele pode ser simples,
quando representado por uma única operação de ingresso e retirada, cabível somente no
prazo, ou de movimento, que permite o fluxo contínuo de ingresso e retirada mediante ordens
de pagamento emitidas ou cheques.

Portanto, quanto a titularidade, o depósito pode ser individual e conjunto,


podendo neste ser simples, quando cada titular tem sua cota, ou solidário, quando os titulares
podem fazer retiradas sozinhos de todo o valor.

5. CONVENÇÃO DE CHEQUE
5.1. CONCEITO
A convenção de cheque é o contrato que permite a movimentação da conta de
depósitos através de cheque.26

O cheque é um meio de pagamento pelo qual uma pessoa emitente ou sacador,


ordena a um banco sacado, para que este pague à pessoa nele mencionada, à sua ordem, ou ao
portador tomador ou beneficiário, com fundos que ali depositou provisão a quantia de
dinheiro dela constante.27

5.2. FUNÇÃO DO CHEQUE


O cheque passa a ser um meio de extinção de dívidas, substituindo, em certa
medida a moeda legal com vantagens de representar a elevada facilidade e parca onerosidade
nos envios de fundos e redução de risco de furto, perda ou incêndio.28

A função económica do cheque é, de certa forma, semelhante à da letra:

 Serve de meio de pagamento, sendo, assim, um título de crédito formal porque


enuncia uma ordem de pagamento do emitente do cheque ao banqueiro a favor de uma
pessoa que pode ser o próprio sacador ou portador.
26
COELHO, Fábio Ulhoa, Curso de Direito Comercial, vol. I, 16ª ed., Editora Saraiva, São Paulo, 2012, p. 559
27
ABUDO, José Ibraimo, Direito Comercial, Maputo, 2009, p. 325
28
PIRES, José Maria, Direito Bancário, vol. II, Lisboa, 1995, p. 318
10
 É um instrumento de crédito, dado que pela sua circulação se movimenta o crédito
sobre o banqueiro sacado, permitindo, assim, dispensar a circulação de numerário.29
 É um instrumento de compensação, uma vez que permite liquidações reciprocas,
através das câmaras de compensação evitando o Estado e ao Banco Central custos
elevados na emissão e manutenção de notas e moedas.30

5.3. PRINCIPAIS FORMAS DO CHEQUE


1. Cheque nominativo; e
2. Cheque ao portador.
5.3.1. CHEQUE NOMINATIVO
Cheque nominativo é o que contém o nome da pessoa a quem, ou à ordem de
quem, deve ser pago, e não pode pagar-se a qualquer outra que no título não esteja
mencionada. Este cheque pode ser passado à ordem do próprio sacador ou emitente ou de
terceira pessoa beneficiário.

5.3.2. CHEQUE AO PORTADOR


Cheque ao portador é aquele que não contém o nome da pessoa a quem deve
ser pago, e pode pagar-se a qualquer que se apresente a cobrá-lo.31

6. MÚTUO BANCÁRIO
6.1. O MÚTUO CIVIL
O artigo 1142º do C.C, define mútuo como o contrato pelo qual uma das partes
empresta à outra dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro
tanto do mesmo género e qualidade.

Pode ser um contrato gratuito ou oneroso, consoante haja ou não retribuição,


embora a onerosidade se presuma, art.º 1145 C.C. a presunção de onerosidade contraria o
hábito social do mútuo e faz sentido nas relações comerciais e não nas relações civis.32

6.2. O MÚTUO BANCÁRIO

29
Idem, p. 424
30
Idem, p. 318
31
CARDOSO, J. Pires, Noções de Direito Comercial, 13ª ed., Coimbra, 1999, pp. 353-354
32
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2011, p. 573
11
Alguns autores designam o contrato de mútuo bancário por empréstimo
bancário.33A diferença é em termos práticos pouco relevante, contudo em termos teóricos
parece-nos chamar à colação uma divergência doutrinária interessante.

Começamos por dizer que a designação nos parece igualmente aceitável, uma
vez que quando se fala de matéria de direito bancário ele está, conforme já demonstrámos
supra, estreitamente ligado e tem inclusivamente por fonte o direito comercial. Ora, como se
sabe, o contrato de mútuo é na terminologia do C.Com. designado por empréstimo mercantil.

Deste modo, descendendo o direito bancário do direito comercial, faria sentido


que se pudesse adoptar esta designação. Contudo, é nosso entender que o contrato “mãe”
neste domínio e que serve de bitola quer a uma, quer à outra figura é o contrato de índole
civil, previsto e designado no CC por mútuo. Deste modo, é nossa convicção que a melhor
designação (se é que tal coisa existe) passa pela utilização da terminologia mútuo bancário ao
invés da designação de empréstimo bancário.

Feito que está o esclarecimento, retomamos a nossa exposição dizendo que o


mútuo bancário consiste no contrato pelo qual o banco (mutuante) entrega ou se obriga a
entregar uma determinada quantia em dinheiro ao cliente (mutuário), ficando este obrigado a
restituir outro tanto do mesmo género e qualidade (“tantundem”), acrescido dos
correspondentes juros.34

6.3. MODALIDADES
Finalmente, no que ao mútuo bancário diz respeito, importa ainda referir que
este pode assumir diversas modalidades, sendo normalmente, em abstracto, classificado em
função do seu objecto ou finalidade e em particular em função da duração, do critério das suas
garantias e do número de sujeitos.35

No que diz respeito à duração contratual, o mútuo bancário pode ser de curto,
médio ou longo prazo.

Assim, será de curto prazo quando não exceda um ano de duração; será de
médio prazo quando for superior a um ano e inferior a cinco anos de duração; e será de longo
33
ANTUNES, José A. Engrácia, Direito dos Contratos Comerciais, Almedina, 2009, p. 497
34
Idem, p. 498
35
ANTUNES, José A. Engrácia, Direito dos Contratos Comerciais, Almedina, 2009, pp. 498-499
12
prazo quando se mantenha por mais de cinco anos (DL n.º 344/78, de 17 de novembro, artigos
1.º e 2.º).

Já relativamente às garantias, o mútuo bancário pode ser de dois tipos,


caucionado ou descoberto, em função do seu cumprimento ser ou não assegurado por
garantias pessoais ou reais.

O mútuo bancário pode ainda ser classificado, em função do número de


sujeitos mutuantes, como simples ou sindicado, conforme os casos em que intervenha
somente um ou vários bancos em consórcio.

No que se refere à classificação do contrato em função da sua finalidade,


diremos que o mútuo pode ser livre ou de escopo. Será de escopo quando do contrato ou da lei
resulte a obrigação de dar um determinado fim à quantia mutuada. E, por conseguinte, será
livre quando essa obrigação não exista.

7. LOCAÇÃO FINANCEIRA
7.1. CONCEITO
A locação financeira é mais conhecida por leasing, é um contrato oneroso,
temporário e originador de relações duradouras, pelo qual uma entidade, o locador financeiro,
as sociedades de leasing concede a outra, o locatário financeiro, o gozo temporário de uma
coisa corpórea adquirida pelo próprio locador a terceiro, o fornecedor, por um contrato de
compra e venda, por indicação do locatário.

Como também pode ser entendida, como o contrato pelo qual o locador,
mediante remuneração, cede a um locatário o gozo temporário de coisa, móvel ou imóvel,
disponibilizada por fornecedor, por este indicado, com promessa de compra ou devolução,
decorrido o período acordado, por preço determinado ou determinável.36

7.2. FORMAS
A operação de locação financeira pode ter a forma de leasing operacional ou
de leasing financeiro.

No leasing operacional, designado de renting ou operating leasing ou leasing


operativo ou operacional, o objecto são bens estandardizados de longa duração.

36
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 228
13
O locatário é obrigado a restituir os bens locados, findo o prazo, salvo a
celebração de novo contrato, sendo, por isso, o seu fim específico ou essencial a protecção do
serviço de locação de bens.

No leasing financeiro o locatário goza de uma dupla opção de restituir o bem


locado e a de adquirir os bens locados ao preço estipulado.

Esta operação de leasing, designada também de capital leasing ou finance


leasing pode apresentar-se sob forma de lease-back, caracterizando-se então o facto de o
locador adquirir um bem existente, cedendo para utilização de seu anterior proprietário
mediante contrato de locação financeira.

É uma verdadeira locação financeira restitutiva pela qual se concede um


crédito a médio ou longo prazo garantido pela propriedade dos objectos da locação.37

8. CESSÃO FINANCEIRA
8.1. CONCEITO
Apresenta-se como um contrato-quadro, organizatório, que conduz a uma
colaboração duradoura entre as partes, através de um contrato oneroso, consensual, de
conteúdo atípico e misto, isto é, um contrato promessa de venda de créditos futuros, com
assunção de risco e prestação de serviços.38

O contrato de factoring/ cessão financeira consiste num acordo celebrado, em


grande parte das vezes, a curto prazo, entre uma instituição financeira, (uma sociedade de
factoring nomeadamente designada no contrato por factor), e o cliente (também denominado
aderente ou cedente), em que este último transfere ou obriga a transferir ao factor a totalidade
ou parte dos seus créditos presentes ou futuros.39

8.2. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE CESSÃO FINANCEIRA


(FACTORING)
Antes de nós debruçarmos sobre as características essenciais do contrato de
cessão financeira, faremos uma breve alusão sobre a sua forma que também constitui uma das
características essenciais.

37
Idem, p. 229
38
Idem, p. 230
39
VASCONCELOS, L. M., Dos Contratos de Cessão Financeira, Coimbra, Coimbra, 1999, p. 18
14
O Código Civil estipula, no seu art. 219.º, que, para uma declaração negocial
ser eficaz, não tem necessariamente que ter uma forma especial. Trata-se do designado
princípio da liberdade de forma ou da consensualidade.

No entanto, no caso objeto de estudo, a lei estipula uma forma especial a


observar. Com efeito, o contrato de cessão financeira ou de factoring, devido a sua
complexidade de conteúdo, exclui a possibilidade da sua celebração por mera oralidade e,
portanto, as declarações negociais constitutivas deste contrato devem exprimir-se em termos
solenes ou formais.

 O contrato de factoring é um contrato nominado, uma vez que este negócio tem o seu
nomen iuris.
 Neste mesmo sentido, esta modalidade contratual “é essencialmente atípica, de tal
modo que, sem uma prévia fixação da realidade relevante, nem seria possível proceder
a estudos do regime”.40
 Não obstante, até poderemos avançar que este contrato é um contrato misto, pois, além
dos parâmetros contratuais legalmente estipulados, as partes podem celebrar ou incluir
nos seus contratos cláusulas diversas, com o objetivo de satisfazer outras necessidades
económicas e sociais, tal como permite o art. 405.º do CC que consagra o princípio da
liberdade contratual, mormente no que tange à sua vertente da liberdade de estipulação
ou de modelação do conteúdo contratual.
 Uma outra característica do contrato de factoring é a onerosidade. Um contrato
oneroso significa que ambas as partes retiram do mesmo acordo uma vantagem
patrimonial. É clara a vantagem patrimonial usufruída por ambas as partes num
contrato de factoring.
 Ademais, podemos também caracterizar o contrato de factoring como sendo um
contrato sinalagmático e de execução continuada 41. Efectivamente, o contrato de
factoring é um contrato sinalagmático, na medida em que gera obrigações recíprocas
para ambos os contraentes.
 Uma outra característica relevante do contrato de factoring é o facto de este contrato
se aproximar do contrato de adesão. Podemos encontrar no contrato de factoring as
principais características do contrato de adesão, tal como a superioridade de uma das

40
CORDEIRO, António M., Cessão Financeira (Factoring), Lex, Lisboa, 1994, p. 82
41
SANTANA, João C., O Contrato de Factoring, Cosmos, Lisboa, 1993, p. 36
15
partes, criação unilateral das cláusulas e a impossibilidade de modelação do texto
negocial.42
8.3. MODALIDADES DO CONTRATO DE FACTORING
Antes de entrarmos no estudo das modalidades do contrato de factoring,
iremos fazer uma breve alusão às funções deste contrato.

Em primeiro lugar, podemos referir que o contrato de factoring assume uma


função clara e primacial de financiamento.

Por outro lado, poderemos acrescentar que a segunda função deste contrato é a
cobertura do risco do crédito.

Por fim, identificamos como função do contrato de cessão financeira a


assunção por parte do factor da execução dos serviços administrativos ligados à gestão e
administração e cobrança dos créditos.

Como ensina Menezes Cordeiro, estas funções assumem na doutrina alemã a


designação de função financeira, seguro e prestações de serviço43.

Neste seguimento, poderemos distinguir algumas das modalidades de


factoring.

Segundo o critério do risco, o factoring pode ser próprio e impróprio. O


factoring próprio ou sem recurso implica a transferência para o factor de todos os riscos do
incumprimento do terceiro devedor e a prestação de outros serviços (factoring
multisserviços). No factoring impróprio ou com recurso o factor não assume o risco do
incumprimento, colaborando apenas na administração e cobrança do crédito (factoring com
recurso).

No contrato de factoring com recurso podemos ainda distinguir factoring com


recurso com antecipação e sem antecipação, consoante os casos em que o factor, não
assumindo o risco do crédito, pode ou não conceder adiantamento. 44 De igual modo, também
sucede com o contrato de factoring sem recuso em que o factor assume o risco de cobrança,
podendo este também ser com antecipação ou sem antecipação.

42
Idem, p. 34
43
Idem, p. 45
44
VASCONCELOS, L. M., Dos Contratos de Cessão Financeira, Coimbra, Coimbra, 1999, p. 387
16
De acordo com o critério da prestação de serviços, o factoring pode ser de
serviços ou sem serviços. No factoring de serviços ou incompleto, está implícito o serviço de
financiamento, ou seja, não há antecipação de fundos. O factor dedica-se apenas a prestar ao
aderente os serviços de contabilidade e consultadoria. No factoring sem serviços, o factor
limita-se apenas a antecipar fundos. Tem um papel exclusivamente financeiro. No factoring
completo, existe antecipação de fundos, bem como prestação de serviços de gestão de créditos
e cobrança.

Consoante se verifique ou não comunicação da cessão ao devedor, podemos


dizer que o factoring é aberto ou fechado ou oculto. De facto, no factoring aberto ou com
notificação, existe conhecimento prévio do devedor, que declara se concorda com a cessão de
crédito. No factoring fechado ou sem comunicação, a cessão de créditos é oculta, tudo se
passando nas relações com o devedor como se a cessão não tivesse tido lugar.

Por último, o factoring também pode ser selectivo ou em branco, consoante o


factor só aceite créditos que previamente seleccionou ou não exista essa possibilidade de
selecção.45

9. GARANTIAS BANCÁRIAS
9.1. CONCEITO
As garantias bancárias ou garantia autónoma, serão aquelas emitidas pelos
próprios bancos que, normalmente, são destinadas a garantir obrigações de seus próprios
clientes com terceiros, diferenciando-se, por isso, da garantia geral.46

9.2. FIGURAS SEMELHANTES


9.2.1. GARANTIA BANCÁRIA E INDEMNIZAÇÃO
A garantia Bancária confunde-se com uma indemnização.

Quando accionada, ela redundará num ressarcimento ao credor num valor


previamente calculado. Tal ressarcimento tem a ver com os danos que o credor possa ter
sofrido por qualquer incumprimento ou cumprimento defeituoso do devedor.

45
Monteiro, Munes O., O Contrato de Factoring em Portugal, Elcla, Porto, 1996, p. 63
46
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 238
17
A indemnização também opera nesta mesma linha filosófica, embora o
contrato não seja uma condição primordial como é no caso da garantia bancária.

9.3. GARANTIAS ESPECIAIS


Por garantias especiais das obrigações, designam-se os esquemas que visam
reforçar a garantia geral, sempre presente, promover a afectação de novos bens (coisas ou
prestações), desempenhar um papel do tipo compulsório levando o devedor ou terceiro, a
efectuar a prestação devida. As garantias especiais podem classificar-se em:

9.3.1. GARANTIAS REAIS OU PATRIMONIAIS


Estas garantias, visam o reforço da garantia geral por afetação de certos ou
determinados bens ao cumprimento da obrigação.

Assim, o credor que tenha a garantia de determinados bens do devedor a


assegurar o seu crédito será um credor preferencial, no sentido de que, em caso de
incumprimento, pode fazer pagar-se pelo valor daqueles bens tidos como garantia antes dos
credores desprovidos de garantia. Exemplos deste tipo de garantias são o penhor e hipoteca.47

9.3.2. GARANTIAS PESSOAIS


As garantias pessoais reforçam a garantia geral através da afetação do
património de terceiros por responsabilização especial do garante, chamado a substituir o
devedor no cumprimento da obrigação.

Há duas obrigações, uma constituída entre o devedor e o credor, outra


constituída entre o garante e o credor. Podemos citar como garantia pessoal a livrança, o aval,
etc.48

O critério classificativo e usado para os actos bancários mutatis mutandi, sendo


bancárias, todas as garantias prestadas numa relação em que uma das partes é um banco.

A garantia bancária é um instrumento cuja função é assegurar a realização de


uma prestação advinda de uma relação bancária.
47
Idem, p. 244
48
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 244
18
A garantia bancária pode ser estudada em dois sentidos: um sentido mais lato e
outro sentido mais estrito.49

9.4. GARANTIAS BANCÁRIAS EM SENTIDO LATO


As garantias em sentido lato são:

GARANTIAS BANCÁRIAS REAIS

São garantias reais: a hipoteca, o penhor civil, o penhor mercantil, o penhor


bancário, a penhora e arresto, a caução, os privilégios creditórios, consignação de rendimentos
e o direito de retenção.

GARANTIAS BANCÁRIAS PESSOAIS

As garantias bancárias pessoais são: a fiança, o aval, o seguro de crédito, o


crédito documentário, os avales do Estado, e as garantias bancárias propriamente ditas.50

9.5. GARANTIAS BANCÁRIAS EM SENTIDO ESTRITO


A garantia bancária é uma garantia pessoal prestada por bancos, é autónoma,
produto da liberdade contratual, que se caracteriza por o banco que a presta se obrigar a pagar
logo que o pagamento lhe seja exigido sem formular objecções.

As garantias exigidas pelo banco, para conceder créditos aos seus clientes, são
prestadas por outras entidades, que não o próprio banco beneficiário, enquanto na garantia
bancária, em sentido estrito, o banco intervém como emitente.51

49
Idem
50
Idem, p. 245
51
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 246
19
CONCLUSÃO
Após minucioso estudo sobre o tema acima citado, o grupo atingiu os
objectivos, e ressalta que o contrato de abertura de conta é primordial para relação entre
banca-cliente.

Como é de conhecimento comum todos os actos especiais que podem ser


desencadeados entre banca e cliente tem o início na abertura de conta.

É possível ver lacunas nas vicissitudes desse contrato sendo que o cliente só
adere e as cláusulas se negociáveis são e estarão sempre a dar vantagens a banca, facto que
dificulta o gozo dos direitos dos consumidores e não só a exigibilidade dos mesmos quando
deparados com cláusulas abusivas.

Uma vez realizado o contrato, o banco pode exigir do cliente garantias


bancárias nos casos de contratos de cessão financeira por exemplo, e aqui vemos uma
simplicidade nos actos para concessão de tal garantia pois não se faz a entrega material da
coisa.

Mas além disso, a abertura de conta tem efeitos jurídicos imediatos: a conta-
corrente bancária, o serviço de caixa por parte do banqueiro, o dever, deste, de receber
depósitos, de prestar informações e de efectuar comunicações e toda uma série de traços,
resultantes das cláusulas contratuais gerais. A abertura de conta deve ser tomada como um
negócio materialmente bancário, por excelência.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Legislação

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, (1966), decreto-lei n. 47 344, de 25 de


Novembro de 1966.

Doutrina:

 ABRÃO, Nelson, Direito Bancário, 13ª ed., Saraiva, São Paulo, 2010
 ABUDO, José Ibraimo, Direito Comercial, Maputo, 2009
 ANTUNES, José A. Engrácia, Direito dos Contratos Comerciais, Almedina, 2009
 CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina,
Coimbra, 2011
 CAMANHO, Paula Ponces, Do Contrato De Deposito Bancário, Almedina, Coimbra,
1998
 COELHO, Fábio Ulhoa, Curso de Direito Comercial, vol. I, 16ª ed., Editora Saraiva,
São Paulo, 2012
 CORDEIRO, António M., Cessão Financeira (Factoring), Lex, Lisboa, 1994
 CARDOSO, J. Pires, Noções de Direito Comercial, 13ª ed., Coimbra, 1999
 PIRES, José Maria, Direito Bancário, vol. II, Lisboa, 1995
 VASCONCELOS, L. M., Dos Contratos de Cessão Financeira, Coimbra, Coimbra,
1999
 SANTANA, João C., O Contrato de Factoring, Cosmos, Lisboa, 1993
 Monteiro, Munes O., O Contrato de Factoring em Portugal, Elcla, Porto, 1996
 WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011
 KOHLE, Etiane Barbi, Direito Bancário, Unijui, Brasil, 2012

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