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Introdução ao Direito Bancário

Noção Preliminar
O direito bancário é um conjunto de normas e de princípios jurídicos que suscitam o
predicativo “bancário”. Além disso, a expressão designa a disciplina jurídica que estuda essas
mesmas normas e princípios.

As instituições de crédito e as sociedades financeiras submetem-se a regras de densidade


crescente. Fala-se, a tal propósito, num sistema financeiro. O direito bancário regula e estuda
duas grandes áreas.

 A da organização do sistema financeiro: debruça-se sobre os bancos e demais instituições,


as condições de acesso à sua actividade, a suspensão e a fiscalização e as diversas
regras conexas.
 A da actividade das instituições de crédito e sociedades financeiras: tem a ver com as
relações interbancárias e com as relações que se estabeleçam entre a banca e os
particulares.

Ao direito da organização do sistema financeiro, chamar-se-á direito


institucional; paralelamente o direito bancário material, será o direito da actividade das
instituições de crédito e sociedades financeiras ou, se se quiser, o direito da actividade
bancária, altamente entendida (vide arts. 104º e 105º CRP).

Direito bancário institucional

Corresponde à disciplina do sistema financeiro ou, substancialmente: das instituições


especializadas no tratamento do dinheiro. Pode-se reportar o direito bancário institucional ao
regime do Banco de Portugal e ao das instituições de crédito e das sociedades financeiras, tal
como resulta do Regime Geral das Instituições de Crédito.

Direito bancário material

O direito bancário institucional tem, uma autonomia clara, dada pela especificidade do seu
objecto – as operações relativas ao dinheiro – e pela afirmação das suas fontes. No entanto, a
área mais estimulante e decisiva do direito bancário é a do direito dos actos bancários, isto é,
do direito da actividade das instituições de crédito e sociedades financeiras, no seu
relacionamento com os particulares, a que se chama direito bancário material.

Este é à partida, um direito contratual ou um direito de (determinados) contratos comerciais: ele


submete-se ao direito das obrigações, com os desvios ditados pela natureza comercial dos
actos em causa e, ainda, com as especificidades propriamente bancárias, que tenham
aplicação.

Princípios bancários privados

O direito bancário deve o seu crescimento recente à incapacidade do direito privado tradicional,
civil e comercial, de acompanhar o desenvolvimento da actividade económica subjacente: a
actividade bancária.

Nos seus aspectos processuais e dinâmicos, pode-se considerar o direito bancário privado
como dominado por um princípio da simplicidade. Este princípio resulta de diversos sub-
princípios, ou princípios mais explícitos:

a) A desformalização: os actos bancários surgem sem especiais formalidades;

b) A unilateralidade: os actos bancários completam-se, muitas vezes, apenas por simples


cartas, assinadas pelo cliente, dispensam-se, assim, as clássicas propostas e aceitação;

c) A rapidez: o giro bancário não se compadece com negociações complexas ou com tempos
de espera;

d) A desmaterialização: fortemente apoiado na informática, o direito bancário lida, cada vez


mais, com valores e representações desmaterializadas.

No tocante à regulamentação proporcionada, o direito bancário encaminha-se para um modo


próprio de gerir as realidades sociais, e que fica algures entre a materialidade subjacente e a
tutela da aparência. Pode-se falar num princípio da ponderação bancária, que resulta dos
seguintes vectores:

a) A prevalência das realidades: no dever de informação como na preparação de certos


negócios mais complexos, o banqueiro não vai atender à regularidade formal dos actos, ele
descerá à substância económica da situação;

b) A abrangência: o direito bancário tende a gerar negócios ou actos em cadeia, raramente se


contentará com actos isolados;

c) A flexibilidade: o direito bancário é fortemente responsivo no sentido de enfrentar


problemas novos, com soluções diferentes;

d) O primeiro entendimento: perante actos jurídicos correntes, o direito bancário dará


primazia ao primeiro entendimento que deles resulte; há como que uma tutela da aparência,
em moldes particulares.
No tocante a sanções, o direito bancário aponta para um princípio da eficácia.

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