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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS


09.03.2020 – SEGUNDA – FEIRA (aula presencial)
Docente: Drº António Pedro Ferreira
apferreira@autonoma.pt
E-learning: Dbds1920_PL
https://videoconf-colibri.zoom.us/profile;
Join URL: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/549834078
ualdbdspl@gmail.com

Avaliação:
1. TRABALHO INDIVIDUAL: relatório individual, cerca de 15 páginas, tipo
de letra arial ou times to rome, tamanho: 12, espaçamento: 1,5 mm, notas de
rodapé – tamanho 10, espaçamento: simples 06.07.2020 (40%);
2. TESTE: A DEFINIR DATA = (60%) 29.06.2020

DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS


Desde sempre que estas matérias têm sido estudadas em separado, a
UAL quis juntá-las. Vamos ficar essencialmente pelo Direito Bancário e depois
faremos uma pequena abordagem pelo Direito dos Seguros. O direito bancário
engloba matérias de:
1) Direito administrativo;
2) Direito das contra-ordenações;
3) Contratos; e
4) Direito das garantias.

1. A atividade bancária: suas vertentes de diversidade (PP: 23 a 34)


Segundo os ensinamentos de, SARAIVA MATIAS 1, “o Direito Bancário
ganhou autonomia científica e pedagógica, nas últimas décadas, face ao papel
de enorme relevo do sistema financeiro, nas sociedades modernas. Na
verdade, as operações de banco eram já consideradas, no Código Comercial
de Veiga Beirão (1888), como atos de comércio e, portanto, como integrantes
do direito comercial.” Daí resulta, o Direito bancário é, um conjunto de
princípios e normas jurídicas que regem a atividade bancária, assim como a

1
VÁRIOS AUTORES - Introdução ao Direito, coordenação de Pedro Trovão do Rosário.
Almedina, 2018: 151-154.

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sua constituição e o funcionamento das instituições bancárias, no âmbito do


sistema financeiro.
O exercício da atividade bancária assenta numa vertente de diversidade,
por uma lado, na diversidade das fontes normativas que constituem o respetivo
quadro de regulamentação e por outro na diversidade das operações e
negócios sucessivamente concretizados. Dando origem a clássica distinção
entre direito bancário público e direito bancário privado.
1) vertente institucional, ou seja, que é que do ponto de vista profissional
pode exercê-lo, a que regras esta sujeito, a que regras quem exerce essa
atividade esta sujeito, quais os poderes de supervisão que está sujeito o direito
bancário. É uma vertente essencialmente pública, até porque as instituições
bancárias não se encontram numa paridade, ius imperiu = direito público; de
natureza essencialmente pública. Que condições esta sujeita a atividade
bancária e o conjunto de operações que os bancos fazem com os seus
clientes.
2) A vertente material, é o estudo das grandes classes de operações, os
bancos no exercício da sua atividade não estão munidos do ius imperium,
estamos no âmbito do direito privado (contrato de depósito, operações
passivas, prestação de garantias, locação financeira, lesing, etc).
Em suma, a vertente institucional é aquela que regula o acesso e
exercício da atividade bancária; enquanto a vertente material traduz-se na
atividade bancária propriamente dita.

Bibliogragia:
 Banco de Portugal: regime geral das instituições de crédito e
sociedades financeiras tem sido objeto de sucessivas alterações – DL nº
298/1992, de 31.12. aqui é onde vamos encontrar a parte da natureza pública
do Direito Bancário e enquadra o exercício da atividade bancária e tudo isto
sujeito à entidade supervisora que é o Banco de Portugal.
 Manual de Direito Bancário, 2ª edição, quid iuris, na vertente pública, já
estão um pouco desatualizadas, relativamente às operações bancárias ainda
esta atualizado. A atividade bancária é algo que contatamos diariamente, é
importante que tínhamos uma visão enquadrada.
 Manual de Direito Bancário, Professor António Meneses Cordeiro.
 Manual de Direito Bancário e Seguros, Professor João Clavão da Silva.

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Programa:
1 - Introdução: Noção e características do direito bancário
2 - Relacionamento do direito bancário com outras disciplinas jurídicas
3 - A actividade bancária no ordenamento jurídico português
4 - Regime de acesso e de exercício da actividade bancária
5 - Enquadramento institucional
6 - União Bancária: noção e estrutura
7 - Os três pilares da União Bancária
8 - Supervisão centralizada (MUS)
9 - Resolução de instituições bancárias (MUR)
10 - Garantia de depósitos
11 - Supervisão bancária: prudencial e comportamental
12 - Normas e Códigos de Conduta
13 - Responsabilidade das Instituições de Crédito
14 - Operações bancárias: abertura de conta, depósito, concessão de crédito,
desconto, prestação de garantias.
15 – Outras operações bancárias

20.04.2020 – SEGUNDA – FEIRA (20h30 às 22h30)


1. As operações bancárias (PP: 24 a 34) – a actividade bancária
A definição conceptual do direito bancário, traduz-se num ramo do
direito que regula o exercício da atividade que as instituições bancárias se
dedicam e uma segunda alternativa de definir o Direito Bancário, poderia ou
seria que o Direito Bancário é o ramo do direito que regula a atividade
bancária. Qualquer uma destas observações esta parcialmente correta, mas
não se consegue abranger a totalidade e unicidade que o direito bancário pode
abarcar, estas demonstram alguma tautologia, razão pela qual o direito
bancário regula as atividades exercidas pelas instituições bancárias, sendo
estas instituições que exercem a atividade bancária ou a atividade é bancária
(que se decompõe em operações bancárias) porque é exercida por instituições
bancárias.
Dito de outro modo, é a prática de determinados negócios que confere a
quem os pratica a qualificação de entidade nacária (vertente objectivista), ou
se, a contrário sensu, é o facto de serem praticados por uma entidade bancária
que qualifica determinados negócios como bancários (vertente sujectivista), isto
é, se é o sujeito que carateriza a atvidade ou se é a atvidade que carateriza o
sujeito.

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A natureza delas é de ambos os raciocínios, devemos de entrar numa


plataforma de raciocínios dado que nos dois casos, conforme dispõe o artigo
362.º, do Código Comercial, estabelece a natureza comercial das operações
do banco, “são comerciais”, por isso a atividade bancária decompõe-se em
operações bancárias, significa que o direito bancário constitui-se em duas
vertentes: a institucional que é aquela que regula de quem e de que modo a
atividade bancária pode ser realizada (direito público); e a material que é
aquela que regula a concretização das operações bancárias (direito privado).
Transforma o Direito Bancário simultaneamente, regulado pelo Direito
Público, isto é, só exerce a atividade bancária quem é autorizado a tal, a
instituição que tem poder para o efeito que é o Banco de Portugal, numa
posição de ius imperium, há uma posição de dependência legal, que atribui ao
Banco de Portugal poder de autoridade das instituições que supervisiona.
Depois há uma outra vertente, que são as operações bancárias, que as
instituições fazem com os seus clientes: garantias, apoios, etc, isto são
matérias reguladas pelo direito privado, até porque as relações que são
estabelecidas são prioritárias, nenhuma das partes esta revestida de ius
imperium, isto é, de poder de autoridade. O direito bancário é o ramo do
direito que regula o acesso à atividade bancária, condições, concretizações ao
exercício da atividade e sendo esta concretizada pelas operações bancárias.
Quer a vertente institucional, quer a vertente material giram em torno
da disponibilização, gestão e rentabilização da moeda. Os bancos existem para
gerir o dinheiro de outros e outros querem alguém para confiar a gestão do
dinheiro. Só temos confiança nos bancos até porque eles criaram um sistema
bancário. As instituições bancárias em geral, os bancos em geral por força da
sua especialização, pela sua capacidade técnica, experiência profissional
oferecem garantias em cuidar bem do dinheiro que cada um de nós lhe dá a
guarda. No entanto existem exceções.
O direito bancário tem a ver fundamentalmente com a vertente
institucional, quem pode, a que registos tem de obedecer para ter acesso a
esse instituto. E por outro lado, tem outra vertente com o exercício da atividade
bancária, que tem a ver com as operações bancárias que se realizam em todo
o mundo.
Isto leva-nos a um outro pormenor, que é o do percebermos, porque a
atividade bancária é tão importante, e é fundamental nas economias modernas.
A necessidade da presença dos serviços mínimos bancários, atividade

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bancária é fundamental na sociedade atual, em que as economias não podem


sobreviver, isto leva-nos a outro ponto que é o de perceber, se as relações que
os bancos estabelecem com os seus clientes estão sujeitos a tantas regras do
cliente e do operador bancário (o exemplo do tamanho da letra para publicitar
as cláusulas contratuais do serviço bancário), isto prejudicaria o direito de
informação que vem sido definido com o direito dos clientes.
Apesar da imprecisão cientifica, tradicionalmente e genericamente, o
direito bancário tem sido definido como o quadro regulamentador da relações
jurídicas estabelecidas pelas entidades bancárias. Portanto, o direito bancário
divide-se em direito bancário público e direito bancário privado, donde, por um
lado, no conjunto de regras comportamentais a que as entidades bancárias se
encontram sujeitas no exercício da sua atividade de natureza privada; e por
outro lado, o conjunto das normas prudenciais, que tem por objetivo o reforço
de uma gestão prudente e sã da atividade bancária, na qual expressa a
regulamentação publicística, para efeitos de tutela do interesse coletivo que
visa satisfação dessa atividade.

27.04.2020 – SEGUNDA – FEIRA (20h30 às 22h30)


O exercício da atividade bancária e a diversidade da regulamentação P31)
À semelhança de outros ordenamentos jurídicos, no ordenamento jurídico
português verifica-se a inexistência de uma regulamentação unitária no âmbito
do exercício da atividade bancária. Nesse sentido a sua regulamentação
encontra-se espalhada em diversas fontes, desde os códigos civil e comercial e
vai até à mais variada legislação avulsa (concessão profissionalizada de
crédito, formas de financiamento, cheque, das modalidades de depósito
bancário), até ao Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades
Financeiras, estabelecido pelo Decreto-Lei nº 298/92, de 31.12, que entrou
em vigor em 01.01.1993, sendo o diploma fundamental de regulação
institucional do direito bancário. Para além destas regulamentações, tem
surgido o acréscimo de diversas intervenções da autoridade supervisora
mediante avisos, cujo objectivo se preende em estabelecer critérios adequados
para o exercício da actividade bancária, quer ao nível comportamental, quer ao
nível prudencial.

2. A estrutura jurídico-bancária vigente (PP: 155 a 209)


As instituições de crédito e os seus elementos definidores

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O conceito de instituição de crédito resulta da Primeira Diretiva, em


torno da questão de saber quais os critérios definidores relativos à receção de
fundos reembolsáveis e à concessão de crédito por contra própria eram de
aplicação cumulativa ou em alternativa, nesse sentido o Conselho entendeu na
solução cumulativa, fundamentando que a receção de fundos reembolsáveis
de público para outros fins, ou seja para o financiamento de actividades
entre as quais não se inclua a concessão de crédito a título de profissão
habitual, não dará lugar nem a a espécie autónoma de instituições de crédito,
nem a outro tipo de instituições financeiras, sendo-lhes pura e simples vedada.
No quadro geral das disposições relativamente a esta matéria, verificar-se
entãino nosso ordenamento jurídico, a definição de instituição de crédito
constante do RGICSF passou a exigir uma conotação funcional entre a receção
do público de depósitos ou outros fundos reembolsáveis e a concessão de
crédito, consagrando esta concessão de crédito como o destino normal dos
fundos recebidos. O conceito de instituição de crédito, expressa a
intermediação no crédito, conceito oriundo da ciência económica que pretende
identificar a atividade de aproximação entre os agentes económicos que detêm
excesso de fundos e os agentes económicos deles carecidos. Essa actividade
desenvolvida, no seio do sistema financeiro, e por entidades que nele operam,
que fazem uso dos fundos captados junto dos aforradores para colocar ao
dispor dos utilizadores, assumindo estes o compromisso de os devolverem
caso sejam solicitados e acrescidos dos seus rendimentos.
As instituições de crédito passaram então a ser qualificadas como “...
as empresas cuja actividade consiste em receber do público depósitos ou
outros fundos reembolsáveis e em conceder crédito por conta própria”, nos
termos do alínea w), artigo 2ª, RGICSF. Os bancos não são a única instituição
de crédito, eles concedem créditos, por isso permite-nos compreender o
sistema bancário como veio de transmissão, isto é, de quem precisa de
financiamento e de quem precisa de ser financiado, e dai o banco utiliza o
dinheiro por sua conta própria. E de outro lado, temos um grupo de entidades
relativamente às quais a lei não dá nenhuma distinção, limita-se a enunciar
entidades são sociedades financeiras.

As instituições de crédito, em especial (PP: 162)


A partir de 2014, o legislador entendeu que não era necessário o
conceito de sociedade financeira, utilizando uma metodologia de legislação

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que já é nossa conhecida, nos direitos reais classificação das coisas: móveis e
imóveis.
Os diversos tipos de instituições de crédito previstos na lei são, em
geral, definidos por um conjunto de carateristicas especificas que, têm a ver
com o seu objecto, com as operações que lhe são permitidas e com as que lhe
são vedadas e por fim, com o montante mínimo de capital social exigido.
Destas caracteristicas especificas, importa salientar que as instituições de
crédito que não sejam os bancos só podem efectuar as operações permitidas
pelas normas legais e regulamentares que regem a sua atividade, conforme
dispõe, o nº 2, artigo 4.º, RGICSF. Entendeu-se que não existe uma definição
em concreto de sociedade financeira, encontra-se especificado na lei os tipos
de instituições de crédito, no artigo 3.º, RGICSF, que é uma lista
exemplificativa de instituições de crédito: os bancos; as caixas económicas
que integram a caixa central de crédito agrícola mútuo e as caixas de crédito
agrícola mútuo; as instituições financeiras de crédito; as instituições financeiras
de crédito; as instituições de crédito hipotecário e outras empresas que
corresponde à definição do artigo anterior, como tal sejam qualificadas por lei.
A partir de 2012, foram revogadas algumas alíneas, muitas entidades que
vinham enunciadas na redação anterior, foi entendido que deixa de fazer
sentido serem instituições de crédito e passaram a constar da lista das
sociedades financeiras. Assim sendo, são instituições de crédito: os bancos,
nos termos do artigo 4.º, nº 1, RGICSF, aqui encontramos a essência da
actividade bancária: as operações passivas, ativas e neutras.

Os bancos – alínea a), artigo 3.º, RGICSF


No nosso ordenamento jurídico vigora o princípio da banca universal,
razão pela qual os bancos são a única instituição de crédito que pode praticar
todas as operações enunciadas no nº 1, artigo 4.º, RGICSF, bem como prestar
os serviços de investimento. O grupo dos bancos do qual passou a integrar, a
definitiva e formalmente, a Caixa Geral de Depósitos, que antes estava
automatizada no âmbito da alínea b), artigo 3.º, RGICSF, esta entidade
passou a poder praticar todas as operações permitidas aos bancos,
designadamente receber depósitos à ordem, a prazo ou em outras
modalidades autorizadas pelo conselho de administração. A Caixa Geral de
Depósitos dispõe de notário privativo, com as habilitações e a competência
dos notários públicos, para lavrar os atos e contratos em que ela seja parte; os

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atos e contratos realizados por si podem ser titulados por documento particular
ou por simples troca de correspondência, com exceção de atos sujeitos a
registo, os quais devem constar de documento exigidos pro lei para a prova do
ato a registar, nos termos do artigo 9.º, nº 6, do DL nº 287/93 e dos artigos
16.º, 45.º, 65.º, do DL nº 48.953. Face ao exposto, quanto às demais
instituições de crédito, apenas praticam as operações permitidas nas normas
legais e regulamentares que regem a atividade, nomeadamente as que se
referem ao objeto de cada tipo de instituição; ás operações que lhes são
permitidas e às quais lhe são vedadas e à fixação do capital mínimo, conforme
dispõe nº 2, artigo 4.º, RGICSF.

As caixas económicas - alínea b), artigo 3.º, RGICSF (PP: 164)


A definição das carateristicas das caixas económicas e o
estabelecimento do quadro genérico da sua atuação, encontram-se
consagradas no DL 136/79, de 18.05. As caixas económicas desde sempre
foram delimitadas por um duplo critério: de serem confinadas a uma acitividade
bancária restrita e do constituirem instituições sem fins lucrativos.
As caixas económicas limitam as suas operações de crédito activas a
empréstimos sobre penhores hipotecários, pese embora as caixas económicas
atualmente existentes e com sede nas regiões autónomas possam efetuar
operações de desconto comercial, cujo objectivo versa no beneficio de
explorações agro-pecuárias ou de pequenas e medias empresas; de
concessão de crédito a médio e longo prazos ao investimento produtivo;
abertura de crédito em conta corrente; de crédito à habitação com taxas
bonificadas. De todo modo, a Caixa Económica de Lisboa, anexa ao Montepio
Geral, tem legitimidade para realizar operações bancárias para além daquelas
que estão mencionadas nos seus estatutoos, desde que sejam autorizadas
pelo Banco de Portugal, nos termos do artigo 5.º, nº 2, alineas a) e b), DL
136/79, de 18.05.

A Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo e as Caixas de Crédito Agricola


Mútuo - alínea c), artigo 3.º, RGICSF (PP: 168)
O regime jurídico atual do Crédito Agrícola Mútuo e as Caixas de Crédito
Agricola Mútuo encontra-se no âmbito do DL nº 24/91, de 11.01. Este regime
tem por objectivo, criar um modelo organizativo para o conjunto formado pela
Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo e pelas suas associadas. Estas no
seu conjunto praticam a generalidade das operações que os bancos praticam,

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porque foram construídas segundo o modelo bancário. Neste enquadramento,


as caixas de crédito agrícola mútuo têm por objecto o exercicio de funções de
crédito em favor dos seus associados, assim como a prática dos demais atos
inerentes à atividade bancária. Estas entidades podem financiar-se através dos
meios permitidos às cooperativas, receber depósitos ou outros fundos
reembolsáveis dos seus associados ou de terceiros e ter acesso a outros
meios de financiamento que lhes sejam especialmente autorizados pelo Banco
de Portugal, ouvida a Caixa Central, tratando-se de caixas suas associadas.
Portanto, tanto as caixas de crédito agrícola mútuo como a própria Caixa
Central de Crédito Agrícola Mútuo são qualificadas por lei como sociedades
cooperativas de responsabilidade limitada, nos termos dos artigos 1.º e 50.º,
do DL nº 24/91.

As instituições financeiras de crédito - alínea d), artigo 3.º, RGICSF (PP: 171)
Este novo tipo de instituição de crédito foi criado pelo DL nº 186/2002,
de 21.08, tendo como objecto a prática de todas as operações permitidas aos
bancos, com a exceção da recepção de depósitos. Em relação à emissão de
moeda eletrónica, a prática desta operação fica dependente de autorização do
Banco de Portugal, conforme dispõe nº 2, artigo 5.º, DL 42/2002, de 02.03.
As instituições financeiras de crédito, cujo objetivo criado para permitir
a concretização de projetos empresariais de reagrupamento de actividades
financeiras numa única entidade jurídica sem forçar a constituição de redes de
captação de depósitos, o que levaria à atribuição do estatuto de banco pelas
entidades em causa. De todo o modo, no âmbito do DL nº 186/2002, de 21.08,
são consideradas uma espécie de instituição de crédito que possam
desenvolver todas as actividades hoje permitidas às sociedades de locação
financeira; às sociedades de factoring e às sociedades financeiras para
aquisições a crédito, e por isso é um instrumento eficiente de concorrência em
mercado aberto.

As instituições de crédito hipotecário - alínea e), artigo 3.º, RGICSF (PP: 171)
O DL nº 59/2006, de 20.03, veio introduzir no nosso ordenamento jurídico
um novo tipo de instituição de crédito, que são as chamadas instituições de
crédito hipotecário tem a ver com a estrutura operativa da sua atividade. As
instituições de crédito hipotecário baseiam-se em concessão, aquisição e
alienação de créditos garantidos por hipoteca sobre bens imóveis com intituinto

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de emissão de obrigações hipotecárias, nos termos do nº 1, artigo 6.º, do


referido diploma. Dai resulta que as instituições de crédito hipotecário, podem
conceder, adquirir e alienar créditos sobre administrações centrais ou
autoridades regionais e locais de um dos Estados-Membros da União Europeia
e créditos com garantia expressa e juridicamente vinculativa das mesmas
entidades, tendo em vista a emissão de obrigações sobre o sector público.

As sociedades de investimento - alínea e), artigo 3.º, RGICSF (PP: 171)


O artigo 4.ºA, RGICSF, que introduziu em 2014, um modelo de
entidades financeiras às chamadas sociedades de investimento, são
entidades que não recebem depósitos reembolsáveis, são empresas que não
recebem crédito, são empresas que estão vocacionadas para a gestão de
patrimónios ou nos mercados bolsistas. O regime jurídico das sociedades de
investimento, consta do DL nº 260/94, de 22.10, o qual a define as instituições
de crédito que têm por objecto exclusivo uma actividade restritiva quanto à
realização das operações financeiras e bem como em relação à prestação de
serviços conexos no referido diploma. As sociedades de investimento,
podem realizar e efetuar as operações de crédito a médio e longo prazo, não
destinadas a consumo; oferta de fundos no mercado intercambiário; tomada de
participações no capital de sociedades; subscrição e aquisição de valores
mobiliários, bem como a participação na tomada de colocação de emissões de
valores imobiliários e prestação de serviços corretivos; consultadoria, guarda,
administração e gestão de carteiras de valores mobiliários; gestão e
consultadoria em gestão de outros patrimónios; administração de fundos de
investimentos; consultadoria de empresas em matéria de estrutura do capital,
de estratégia empresarial e de questões conexas, assim como de consultadoria
e serviços no domínio da fusão e compra de empresas; outras operações
previstas na lei; transações por conta de clientes sobre instrumentos do
mercado monetário e cambial; e por último outras operações cambiais
necessárias ao exercicio da sua actividade. Sendo que essa actidade só pode
ser financiada com fundos próprios e com recurso à emissão de obrigações de
qualquer espécie; à emissão de títulos de dívisa de curto prazo, nos termos do
DL nº 181/92, de 22.08; aos financiamentos concedidos por outras instituições
de crédito e por último aos financiamentos previstos nas disposições das
alíneas a) e d), nº 2, artigo 9.º, RGICSF.

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04.05.2020 – SEGUNDA – FEIRA


Principais agentes de atividades bancárias
As instituições de crédito, as sociedades financeiras; as empresas
de investimento e as instituições financeiras, alguns destes conceitos tem e
outros não tem a ver com o das sociedades financeiras RGICSF.
As diferenças entre as Instituições de Crédito e as Sociedades
Financeiras, o manual do Professor esta desatualizado, artigos 3.º e 2-A,
RGICSF, dá-nos uma definição de instituição de crédito que a alínea w) – a
instituição de crédito é a empresa cuja aquilo que distingue a instituição de
crédito das demais agentes financeiros é a função de intermediação do crédito,
porque a instituição de crédito recebe fundos do público e utiliza esses fundos
da sua própria conta para aceder ao crédito. Os depósitos bancários, o que
sejam outros fundos reembolsáveis equiparados a outros depósitos. Os
depósitos bancários são em si mesmo fundos reembolsáveis, porque o
depósito é o contrato através do qual o cliente coloca à guarda do banco as
suas poupanças: dinheiro, com a determinação de que quando o cliente
necessite desse dinheiro, o possa adquirir nos termos e condições, isto é, na
condição e no compromisso de ser devolvido nos termos de condições que
está no contrato de depósito.

Com isto tudo, poderia ser reembolsável qualquer financiamento à entidade


bancária?
O nosso ordenamento jurídico não entende assim, entende que são
fundos reembolsáveis, para além dos depósitos, apenas os resultantes da
emissão de títulos de dívida e nas indicadas condições. Retira-se à contrário
sensu, do artigo 3.º, RGICSF, o que significa que quer as empresas de
obrigações; obrigações em papel comercial, fora da legislação aplicável, não
devem ser consideradas fundos reembolsáveis equiparados a depósitos.
Qualquer sociedade comercial pode emitir obrigações e aquela sociedade
comercial para emitir papel comercial, essa permissão é emitida e definida
montantes e limites dessas emissões, não deve ser considerado fundos
reembolsáveis e equiparados a depósitos.
Só são equiparados a depósitos, os fundos reembolsáveis recebidos do
público, as emissões de obrigações hipotecárias – DL 59/2006, só podem ser
emitidas por Instituições de Crédito (categorias): as obrigações de caixa; as
obrigações hipotecárias – DL 408/91; e os certificados de depósito – DL

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387/93, só podem ser emitidos por Instituições de crédito habilitadas para os


emitir;
a) Há depois uma segunda vertente que tem a ver com a
ultrapassagem nos limites de legislação, a emissão de obrigação de papel
comercial. O que significa como essa emissão de obrigação ou de papel
comercial quando feita por instituição de crédito não esta fixada nos limites,
também deveram ser enquadrados nos fundos reembolsáveis e equiparados a
depósitos.
As sociedades financeiras em geral não fazem intermediação do
crédito, não fazem depósitos reembolsáveis, nem depósitos. A sociedade
financeira tem apenas uma função de disponibilização creditícia pura. No
manual vem indicado que o elemento caraterizador das sociedades financeiras
é a concessão de crédito sem que intervenham, o crédito é proveniente dos
seus fundos próprios e o crédito não é baseado nos depósitos do público. As
empresas de investimento caraterizam-se fundamentalmente por prestação de
serviços a terceiros, podem fazê-lo ao nível da consultadoria, ao nível de
intermediação dos produtos financeiros – alínea r) do artigo 2-A, RGICSF,
também tem uma definição de “empresas de investimento”, são as empresas
cuja atividade habitual se inclua a prestação de um ou mais serviços de
investimento a terceiros ou o exercício de uma ou mais atividades de
investimento sujeitas aos requisitos previstos na Diretiva nº 2004/39/CE, de
21.04, com exceção das instituições de crédito e das pessoas ou entidades
previstas no nº 1 do artigo 2.º, desta Diretiva. As empresas financeiras
constituírem-se um aglomerado de empresas, são instituições continuam ainda
a ter uma intervenção relevante no funcionamento dos mercados financeiros.
Estes são traços gerais, os elementos definidores de que é a estrutura deste
grupo.

3. A atividade bancária no âmbito do sistema financeiro (PP: 224 a 241)


O sistema financeiro: o seu enquadramento
A actividade bancária como vertente do sistema financeiro
O sistema financeiro afigura-se na estrutura organizada de
instrumentos, de mercados e de instituições, sob a regulação e o controlo das
autoridades de supervisão, através do qual se processa o tratamento do
dinheiro, na qualidade de objecto genérico da actividade financeira, e por isso
não são só os bancos mas as seguradoras enquanto entidades que integram o
sistema financeiro.

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O sistema financeiro integra, o sistema financeiro material que traduz


uma perspectiva muito ampla que se limita a agregar e a englobar os
elementos de natureza económica e social subjacentes ao conceito; e o
sistema financeiro formal refere-se a ideia de ser através da intervenção
legislativa que o Estado, vai desenvolvendo a organização e as competências
que lhes são incumbidas.
Portanto, a intervenção estadual no sistema financeiro não se limita
tão só a definir quem o integra em cada momento, mas na definição de regras
no âmbito do exercicio dessa actividade, donde fixa parâmetros de disciplina,
através da garantis da formação, da captação e da segurança das poupanças e
a aplicação dos meios financeiros disponíveis, em função do desenvolvimento
económico e social. Dai resulta que o sistema financeiro, deve assegurar a
realização de três tarefas fundamentais no funcionamento da economia: a
oferta de intrumentos de regulação de trocas; a acumulação das poupanças e o
financiamento do investimento, por via da intermediação no crédito e por último
a gestão do risco. A oferta de intrumentos de regulação de trocas, que se
traduz na especialização dos agentes económicos que conduz ao exercício de
actividades que permitam um melhor desempenho ao nível individual e que irá
proporcionar a estes uma regulação dos meios de troca desenvolvida e eficaz.
Por isso, um dos elementos essenciais na funcionalidade das trocas é o
sistema de pagamentos, associado a uma adequação dos instrumentos
monetários que regulam as transações comerciais e não comerciais. No
sistema de economia de troca, a moeda elimina a necessidade de verificação
da dupla coincidência na procura, razão pela qual é um sistema de troca direta,
em que cada individuos tem de possui o que o outro deseja para que a troca se
concretize. De todo o modo, o objectivo da produção é o mercado, com todas
as vantagens de diversificação e valorização dos produtos inerentes a uma
acentuada especialização. Por isso, é que a moeda considerada um
instrumento de regulação de trocas percorreu um caminho de evolução
histórica acompanhado todo esse desenvolvimento oriunda da especialização,
desde a moeda mercadoria até a atual moeda electrónica. Dai resulta que a
procura de novos meios de pagamento fiáveis a satisfazer a necessidade de
redução dos custos das transações e de garantia de uma regulação sejam
cada vez mais seguros.
A acumulação das poupanças e o financiamento do investimento,
por via da intermediação no crédito, uma das funções do sistema financeiro

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é assegurar a canalização dos fundos captados junto de quem os não utiliza


para quem deles necessita para assegurar as respectivas despesas de
consumo ou investimento. Dessa actividade, pode surgir riscos para as partes
envolvidas, cabendo ao sistema financeiro reforçar esse processo e adoptar
medidas para torná-lo mais eficiente; definindo formas contratuais adequadas,
desenvolvendo os mercados como momento organizado de encontro entre
sujeitos e produzindo informação viável; garantindo a intervenção de
intermediários financeiros que desenvolvam uma função integradora dos
mecanismos de troca e ofereçam serviços que facilitem a circulação dos
instrumentos financeiros. Como tal, cabe ao sistema financeiro encontrar
esquemas eficientes de disponibilização de informação, de liquidez e de
transformação do risco.
O sistema financeiro deve desenvolver uma correta informação, em que
é garantido o acesso a um conjunto de factos que visam três objectivos
essenciais: reforçar a fiabilidade do utilizador dos fundos disponibilizados e das
finalidades a que tais fundos se destinam; colmatar as eventuais assimetrias
que sempre se verificam quando uma das partes possui melhor informação do
que a outra; e permitir uma melhor avaliação das potencialidades de retorno do
investimento. É através da informação que se garante o acesso a uma maior
diversidade de instrumentos contratuais que cobrem os variados esquemas de
preferência dos agentes em termos de risco, desde uma pura aversão ao risco
até à procura de uma exposição elevada. Por outro lado, temos a liquidez, que
traduz a facilidade com que alguém consegue trocar activos por dinheiro, por
outros activos ou por outros bens e serviços, constituindo a respectiva
abrangência um dos instrumentos de mediação da eficiência do sistema
financeiro. Nesse sentido, compete ao sistema financeiro assegurar a presença
de mecanismos de solidez que contribuam para a redução do risco dos
investidores e para tornar mais fácil o inter câmbio com os utilizadores dos
fundos, em especial a negociabilidade e a padronização dos instrumentos
financeiros e a existência de mercados organizados. Existem alguns campos,
na margem de risco que a informação e a liquidez não conseguem anular, nos
casos em que os utilizadores preferem instrumentos financeiros que não
cativam os investidores, ou nos casos os utilizadores apresentam uma elevada
margem de risco, pela novidade dos respectivos projectos ou organizações
empresariais ou pela incerteza de resultados associada à sua actividade. É
através da transformação do risco, que o sistema financeiro vai ultrapassar o

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impasse criado, proporcionando aos investigadores utilizações de baixo risco e


disponibilizando ao utilizador o financiamento desejado, apesar do seu elevado
risco, ou ainda facultando-lhes outros instrumentos de maior risco. Dessa forma
isto é obtido através da interposição de um intermediário financeiro entre o
investigador e utilizador, de forma a que o risco deste seja assumido pelo
próprio intermediário; ou pela disponibilização aos investidores de aplicações
agregadas e diversificadas.
A gestão do risco é uma tarefa que resulta da essência do sistema
financeiro. A sua função desenvolve-se principalmente em duas áreas
específicas: nos instrumentos financeiros derivados que proporcionam meios
de salvaguarda das variações das cotações de valores mobiliários, das taxas
de juro, das taxas de câmbio; e da actividade seguradora, cujo objectivo
afigura-se na negociação dos designados riscos puros, isto é, os riscos que se
manifestam sob a forma de perdas ou danos futuros e não são determináveis.
Em síntese, a transferência do risco para o âmbito de entidades
especializadas, constitui a transformação pelo segurado de um evento futuro,
danoso e incerto quanto à gravidade e à frequência, num custo certo
configurado pelo prémio de apólice.

A actividade bancária como vertente do sistema financeiro (PP: 231)


As instituições financeiras
As instituições não monetárias
Os intermediários financeiros
As entidades supervisoras
A actividade do sistema financeiro é desenvolvida em torno de um
conjunto múltiplo de instituições financeiras, não monetárias, intermediários
financeiros e entidades supervisoras, donde apresentam uma característica
essencial e comum, têm por objecto o tratamento do dinheiro; e uma diferença
que reside, apenas e tão só, no tipo de tratamento que é dado por cada uma
delas, no que trata o seu objecto. Significa isto que, certas instituições
financeiras criam dinheiro; outras utilizam-no para disponibilização a clientes e
investidores através da concessão de crédito; e outras aplicam-no, por conta
própria ou de terceiros, na negociação de valores imobiliários; e existem outras
que assumem os riscos de terceiros; e por último, as que asseguram o regular
funcionamento do sistema e protegendo os interesses dos depositantes,
investidores, credores e o público em geral.

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As instituições monetárias (PP: 231)


As instituições monetárias, tem a faculdade de criar moeda, donde
recebem do público depósitos e utilizam-nos, por conta própria, na concessão
de crédito. Como tal, a alteração da quantidade de moeda operada por esta
articulação entre a receção de depósitos e a concessão de crédito pode
consistir em que as entidades que recebem depósitos recolhem o excedente de
moedade que os agentes económicos não querem gastar e utilizam-no
permitindo a realização de empréstimos, por um certo prazo, a quem precisar
de fundos. E por conseguinte, o total dinheiro em circulação aumenta, na
medida em que o depositante continua a considerar o seu dinheiro depositado
e o mutuário utiliza o mesmo dinheiro como seu, até ao momento do
reembolso.

As instituições não monetárias (PP: 232)


Existem outras instituições financeiras em que está vedada a receção de
depósitos, pese embora possam receber do público outros fundos
reembolsáveis para utilização, por conta própria, mediante a concessão de
crédito. São as instituições não mometárias, a sua atividade não é a criação
de moeda, no sentido económico, mas tão só se centra essencialmente na
disponibilização de crédito, neste grupo englobam-se as empresas, que muito
embora não exercem a intermediação creditícia, donde promovem a capatação
de poupanças que há-de acontecer futuramente na aplicação em activos
financeiros.

Os intermediários financeiros (PP: 233)


Existem outras instituições financeiras, os intermediários financeiros que
intervêm nos vários mercados de valores mobiliários, negociando por conta
própria, executando ordens dos investigadores pela subscrição ou transação
de valores ou, praticando qualquer acto de intermediação que tenha por
objecto valores mobiliários. A intermediação financeira, é a atividade que
faculta a comercialização de produtos financeiros (ações/obrigações). A CMVM
que é a vertente da comissão do Mercado de Valores Mobiliários, tem como
missão supervisionar e regular os mercados de instrumentos financeiros.
Temos aqui quatro vertentes do sistema financeiro: vertente bancária; vertente
seguradora; vertente intermediação financeira; e a vertente supervisora e
reguladora. Esgotam o enquadramento do sistema financeiro, e se haverá
necessidade de identificar uma quarta vertente do sistema financeiro que é a

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vertente supervisora, que é reguladora das atividades que são exercidas pelos
respetivos agentes.

As entidades supervisoras (PP: 233)


Às entidades supervisoras é incumbida a função de supervisionar o
exercício das actividades que constituem o objecto dos diferentes oepradores
financeiros. A actividade do sistema financeiro é desenvolvida em torno de um
conjunto múltiplo de instituições financeiras que exercem a sua actividade
financeira, sejam agregadas aquelas outras instituições a quem o Estado
incumbe da fiscalização do exercício dessa mesma actividade, nas suas
diferentes modalidades. O ordenamento jurídico português, no que respeita ao
exercício genérico das actividades cometidas; quer às instituições de crédito,
sociedades financeiras, e bem como às empresas de investimento, nos termos
do RGICSF, encontra-se sujeito à supervisão do Banco de Portugal; o exercício
da actividade seguradora e de fundos de pensões está sujeito à supervisão do
Instituto de Seguros de Portugal; e o exercício das actividades relativas a
valores mobiliários está sujeito à supervisão da Comissão de Valores
Imobiliários.
Dentro desta perspetiva, incumbe a função tutela ao Governo e exercida
através do respetivo Ministro das Finanças, o qual compete no âmbito desta o
seguinte: superintender o mercado monetário, financeiro e cambial, coordenar
a actividade dos agentes do mercado com a política económica e social do
Governo, conforme estipulado nos nºs 1 e 2, artigo 91.º, RGICFS; estabelecer
políticas de valores mobiliário, em relação às matérias reguladas no CódVM e
em legislação complementar; exercer sobre a CMVM os poderes de tutela
conferidos pelo estatuto dessa entidade; coordenar a supervisão e a
regulamentação relativas a valores mobiliários, quando a competência pertença
a mais do que uma entidade pública; impor medidas excecionais apropriadas,
por portaria conjunta do Primeiro-Ministro e do Ministro das Finanças, ouvidos
a CMVM e o Banco de Portugal, quando se verifique a perturbação e perigo
grave daqueles mercados.

A individualização de vertentes constitutivas:


em especial, a actividade seguradora e a actividade bancária (PP: 239 a 241)
O sistema financeiro é uma realidade multifacetada, no qual ntegram a
bolsa, a banca e os seguros, razão da necessidade de vincar a separação da
actividade segurada das demais actividades, até porque o direito dos seguros

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tem um objecto de tratamento dogmatico automatizado, ou seja, tem um factor


de unidade e individualidade. Por isso a actividade seguradora, assenta num
determinado estatuto profissional das entidades seguradoras que a destingue
das restantes entidades que actuam no sistema financeiro; e as diversas
modalidades de contrato de seguro caracterizam-se com uma estrutua ben
diferenciada da estrutura dos contratos de crédito ou de investimento.
Em relação à actividade bancária, encontra-se individualizada através da
intermediação no crédito, quer do ponto de vista de economia e técnicas
bancárias, quer de um ponto de vista jurídico. Nesse sentido, a nível
qualitativo, a transformação sobressai da criação de moeda bancária, que é
constituida pelos direitos de crédito existentes sobre a banca. A nível
quantitativo, e salvaguardado as reservas tendentes à manutenção de
adequados níveis de liquidez e de solvabilidade, por norma, é concedido
crédito em montante superior aos fundos recebidos. Desta forma a actividade
bancária não se reduz a receber depósitos e a conceder crédito, ela
proporciona também a criação de crédito: a entidade bancária recebe fundos
do público (operações passivas) que vai emprestar a quem precisar (operações
activas). Os fundos que são utilizados nestas operações activas revertem-se a
favor da entidade bancária sob a forma de depósitos, que é um fenómeno que
se chama de multiplicação de depósitos, no qual se cria um crédito maior. Na
actividade bancária incluem-se um conjunto de operações desenvolvidas a
título de investimento, por conta própria e alheia, assim como os serviços da
mais diversa natureza que são facultados pelos bancos aos seus clientes. Por
isso, é assegurada uma grande amplitude e diversidade funcional, constituindo
uma resposta dos bancos de capitalizarem as suas vantagens competitivas no
seio dos mercados financeiros, em ordem à manutenção de margens de lucro
adequadas.

4. Traços distintivos da atividade bancária (PP: 242 a 284)


Quanto aos sujeitos: Os Bancos
Quanto ao objecto: A moeda
A atividade bancária desenvolve-se entre dois aspetos fundamentais: os
Bancos, dada a sua estrutura intrínseca donde assenta as bases fundamentais
da relação negocial e o público que tem a simples capacidade para a prática de
atos patrimoniais. Os sujeitos que são os bancos (instituições bancárias) e
todos estes agentes trabalham em instituições bancárias. As instituições de
crédito fazem transferências de ativos, gestão do risco e trabalham o dinheiro.

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A vertente económica: áreas nucleares de actividade do banco universal


(243)
O conceito de Banco, do ponto de vista económico, abrange os conceitos
de banca de retalho, banca de investimento e gestão de ativos. O banco
universal encontra-se dividido nas áreas assinaladas: a banca de retalhos,
constitui o clássico domínio da banca comercial, estruturada em torno da
receção de depósitos e outros fundos reembolsáveis, da concessão de crédito,
da gestão de contas bancárias e das transações que lhes estejam associadas
e da gestão de carteiras de títulos e outros interesses de clientes com fortunas
pessoas assinaláveis. A banca de investimentos desenvolve a sua actividade
no âmbito da concessão de crédito a médio e a longo prazo, na tomada de
participações sociais de outras empresas e no acompanhamento e
consultadoria de processos de fusões e aquisições. Por fim, a gestão de
activos, engloba, os institucionais, os fundos de pensões e outros instrumentos
de poupança em larga escala. Importa salientar que existe a capatação de
outras actividades pelos bancos universais, como a emissão de cartões de
crédito e as intervenções na actividade seguradora.

A vertente funcional: os bancos e a organização da circulação mometária da


económia (PP: 245)
Os bancos desempenham um papel importante na missão de assegurar
que a circulação monetária decorra de modo organizado e estruturado. Os
quais representam um papel fundamental e imprescindível na sua actividade,
na harmonização de atritos ou frições susceptíveis de ocorrer na circulação e
resultantes das trocas comerciais, quer sejam de natureza qualitativa, ou de
natureza espacial ou temporal. Em suma a função económica dos Bancos tem
uma função de equilibrio na gestão de conflitos de natureza qualitativa,
especial e temporal da circulação monetária.

A quadripartição funcional da actividade dos bancos (PP: 246)


A oferta de liquidez e o acesso a um sistema fiável de pagamentos
A transformação de activos
A gestão do risco: risco de crédito, risco da taxa de juro e da liquidez, risco
das operações fora de balanço
A consultadoria e a disponibilização de informação

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O banco tem uma atividade estrutural dividida em quatro vectores: a


oferta de liquidez dos aforradores e através dos mecanismos de liquidez
para conceder crédito a quem precisa e garantindo que a circulação de liquidez
é efetuada, isto é, a garantia de um sistema fiável dos pagamentos, a qual se
traduz numa situação de todos os clientes de um dado banco,
independentemente do banco, se todos os depositados desse banco,
decidissem levantar todo dinheiro lá depositado, o que acontecia os esses
bancos: colapssavam, faliam, até porque os bancos não tinham como devolver
todo esse dinheiro. Normalmente os bancos utilizam o nosso dinheiro a prazo
para concederem crédito. A noção de instituição de crédito, a entidade que
recebe os depósitos e utiliza-os na concessão de crédito, os depósitos a prazo
o dinheiro esta a circular no exercício legal da atividade bancária (exemplo da
crise de 1929 nos EUA).
Isto leva-nos a pensar: como é que os bancos fazem isso, é através do
mecanismo de transformação de ativos e depois geram essa operação através
de uma teoria, defendida por Kolmogorov, tem muita influência que é a teoria
das probabilidades, ou seja, quando um banco utiliza o produto dos débitos
para conceder créditos sabe que através das teoria das probabilidades, os
seus clientes não vão todos aos mesmo tempo levantar esse “dinheiro” através
do mecanismo de transformação de ativos.
A transformação de activos é uma das principais justificações da
intermédiação financeira, na medida que proporciona o necessário elo de
ligação entre o que os investidores realmente necessitam e o que os
aforradores querem proporcionar. Resulta daqui que, raras vezes existe
correspondência perfeita entre as partes (depósitos e créditos), por isso, torna-
se necessária a intervenção dos bancos, nos quais têm uma tarefa
fundamental, através das vertentes: transformação de escala; de maturidade;
de qualidade e de risco.
A gestão de risco é uma tarefa fundamental uma vez que, a actividade
de financiamento desenvolvida pelos bancos através da concessão de crédito é
uma operação de troca de prestação actual pela promessa de uma
contraprestação futura, geralmente a troco de uma remuneração. E partir
daqui, importa salientar, a especial relevância que o factor risco assume neste
tipo de operações. A atividade bancária é uma atividade de risco, desdobra-se
em várias vertentes (quadrante da atividade bancária): a gestão de risco de
crédito (incumprimento do devedor); risco da taxa de juro e liquidez, esta pode

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subir ou descer, poder benéfica ou pode ser prejudicial para o cliente ou para a
entidade bancária; risco das operações fora do balanço, embora estejam
legalmente permitidas na atividade bancária. Por exemplo, a prestação de uma
garantia autónoma em que o cliente apresenta junto da obra que concorreu
para construir, garantia diz que vai pagar na primeira solicitação, apesar de não
traduzir nem numa operação de débito, nem de crédito, no entanto vai-se
repercutir no passivo do Banco. As operações fora de balanço quando correm
bem o Banco, são uma “mina de dinheiro” para este, quando correm mal e num
leque de garantias prestadas forem a baixo, podem provocar danos no balanço
do Banco.
O papel desempenhado pelos Bancos na disponibilização de serviços de
consultadoria e prestação de informações aos seus clientes, é um paradigma
de informação assimétrica, quando os clientes precisam avançar numa
situação financeira e não sabem o que estão a fazer, nos termos dos quais de
assume que os diferentes agentes económicos possuem elementos de
informação, que podem usar para satisfazer as necessidades de quem os
procura e da majoração dos seus lucros. Neste sentido, os Bancos têm acesso
a uma informação mais minunciosa, credível, sedimentada, viável, estável e
eficiente, que lhes permite exercer uma função de monitorização muito
relevante de acompanhamento e avaliação neste tipo de situações. O que
corresponde à modalidade de ciclo de vida, derivado da utilização de
financiamento mediante intermediários.
Em síntese, os Bancos podem ser definidos como as empresas de
distribuição que, no quadro geral da recepção de depósitos e da concessão de
crédito, gerem os conflitos resultantes da circulação monetária e cuja
actividade se desdobra no exercicio de funções de disponiblização de liquidez
e de meios de pagamento, de transformação de activos, de gestão do risco e
de prestação de consultadoria e de informação aos agentes económicos, numa
perspectiva de relacionamento longo e duradouro com a clientela.

Quanto ao objecto: a moeda (PP: 258)


Abordagem económica e a abordagem jurídica da moeda
A moeda e dinheiro: ensaio de uma distinção e relevância
De todo modo não existe uma unânimidade quanto ao conceito de
moeda, por isso pode resultar a resposta a duas questões essenciais: a
questão de saber o que é moeda em concreto, isto é, quais as caracteristicas
fundamentais que permitem qualificar uma determinada coisa como moeda; e a

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questão de saber o que é a moeda em abstrato, ou seja, qual é a natureza


intríseca do fenómeno descrito pela expressão moeda. O conceito de moeda é
de especial relevância quer para a ciência económica, quer para a ciência
jurídica, constata-se a identidade em algumas das suas funções essenciais.
Depreende-se que moeda representa uma realidade simultaneamente
económica e jurídica.
Do ponto de vista da ciência económica, a moeda é um instrumento de
troca, em que esta traduz uma capacidade de termo homogeneo de
comparação em face à diversiade de de outros bens; como instrumento de
medida de valor, define-se na representação fisica e material da moeda, como
coisa indicando a unicidade de apuramento de valores; e por fim como
instrumento de reserva de liquidez, opera numa acentuada redução da fidúcia
da moeda como mecanismo de capitalização de valores. Do ponto de vista da
ciência juridica, a moeda constitui um meio de pagamento, uma unidade de
medida de valores e por último um instrumento de capitalização de valores
patrimoniais. Em suma, todas estas funções encontram-se interligadas de
forma sistemática, mantendo a sua própria identidade.
Importa referir que a moeda tem funções essenciais: uma função
libertação que torna possível o aparecimento de actividades diversificadas, não
integradas na disciplina dos tradicionais do comércio, da actividade cultural ou
científica; uma função de comando, especialmente no mecanismo de
concessão de crédito, no qual impõe a quem o utiliza a tarefa de ganhar
dinheiro, cujo objectivo tem em vista o cumprimento das obrigações adoptadas;
uma função de distribuição que resulta do funcionamento de escala de valores
abstratos, significa isto que, a capacidade que cada um tem de adquirir bens e
serviços depende unica e exclusivamente da quantidade de actos monetários
que tem possibilidade de adquirir; e por último, uma função de confiança na
medida em que o seu valor duradouro torna possível constituí-la numa base
credível e sustentável no desenvolvimento e estruturação da vida das pessoas.
Dentro desta perspectiva, importa salientar que as funções dinâmicas da
moeda, podem afectar e influenciar a actividade bancária, até porque
constituem em si mesmas um verdadeiro motor de desenvolvimento das
transações bancárias que são levadas a efeito e que podem influênciar na
própria gestão monetária e bem como, no comportamento comercial dos
agentes económicos.

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De todo modo, estas funções dinâmicas da moeda só são assinaláveis,


quando se verifiquem num quadro de ligação directa entre a gestão monetária
e a actividade bancária, quer isto dizer, a moeda existe, com determinado
objecto de actividade das entidades e essas preconizam a razão de ser da sua
presença na existência de moeda.

Moeda e dinheiro: ensaio de uma distinção e sua relevância (PP: 266 a 290)
A vertente bancária do sistema financeiro, trabalha com dinheiro ou com a
moeda, e por isso o dinheiro é uma componente da moeda. Quer do ponto de
vista económico, quer do ponto de vista jurídico, dinheiro e moeda são
realidades parecidas, pese embora não totalmente concordantes. Nesse
sentido, retêm-se a ideia de moeda é mais abragente do que a ideia de
dinheiro, até porque o facto de ser moeda tudo o que satisfaça as condições
económicas essenciais dessa qualificação. A moeda expressa requisitos
fundamentais, consideradas caracteristicas de especial relevância,
designadamente, da aceitabilidade, da disponibilidae; da trocabilidade ou
liquidez, verificando-se outras caracteristicas que podem estar associadas que
são acessórias, da qualidade padronizada, da divisibilidade, da raridade e da
durabilidade.
A moeda para o sistema económico constitui um instrumento de troca, de
medida de valor e de reserva de liquidez, ao passo que para a ciência jurídica,
esta traduz-se num meio de pagamento, uma unidade de medida de valores e
um instrumento de capitalização de valores patrimoniais.
Por exemplo, uma barra de outro preenche os requisitos, o problema vem
aqui, a moeda é tudo o que possa satisfazer os requisitos dessas noções da
ciência económica e da ciência jurídica. A questão que se coloca, se nós
formos almoçar ao restaurante e levarmos quatro lasquinhas de ouro que até
valem €100,00, para pagar €20,00, o que o empregado nos vai dizer em
circunstancias normais, não aceita essa forma de pagamento, até porque não é
a forma de pagamento das obrigações pecuniárias – artigo 550.º, do CC –
princípio nominalista, o legislador ao reportar-se à moeda que tenha em curso
legal no país à data em que for efetuado e pelo valor nominal. Temos aqui que
definir o que é o dinheiro, é aquilo que cumpre as obrigações pecuniárias sem
possibilidade de recusa por parte do credor (o empregado não pode recusar a
nota de €20,00, como meio de pagamento de uma obrigação pecuniária). O
dinheiro é uma especialidade que integra o grupo geral de moeda, só o

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dinheiro permite cumprir as obrigações pecuniárias por parte do credor (mas


também do devedor). O dinheiro é uma componente da moeda, e a única
componente que obriga o credor aceitá-la nas obrigações pecuniárias. O
dinheiro é sempre moeda, mas nem toda a moeda é dinheiro.
A actividade bancária tem traços distintos, quanto aos sujeitos; ao objeto,
à moeda, que é gerida pelos bancos. A diversidade das fontes reguladoras do
exercício da atividade bancária, se quiséramos constituir uma instituição, ou
banco respeitando as diretrizes que vem na lei. Se formos um banco no
exercício de atividade bancária – Lei Uniforme relativo ao Cheque que é um
acordo internacional e aceite pelo países subscritores, ou seja, o cheque, letras
e livranças são matérias que são reguladas por convenções em matérias
internacionais – DL 454/91, de 28.12, isto a ver a prepósito da diversidade que
atividade bancária que estão sujeitas às perspetivas Institucional e Material.
O interesse público que o exercício da atividade bancária representa no
mundo atual, é fundamental do ponto de vista Institucional e do ponto de vista
material, levando em linha de conta, os agentes ativos de atividade bancária,
estão exerce-la no contexto do direito privado – ponto de vista teórico
dogmático. A realidade dos factos a posição dos agentes ativos e dos agentes
passivos, é diferente, e assume aqui em especial relevância tem a ver com as
cláusulas contratuais gerais, que são celebradas com os clientes dos bancos,
no âmbito da situação atual do país. Por exemplo: uma cláusula de um cartão
de crédito (quando cancelados só vigora após 48 horas) a partir do momento
da perda ou extravio é uma cláusula abusiva, é um risco por parte das
entidades bancárias – Doutrina Norte Americana.

11.05.2020 – SEGUNDA – FEIRA


Instituição de Crédito
Havia muitas entidades, embora não recebendo depósitos junto do
público, pode receber outros fundos do público não reembolsáveis,
equivalentes a depósitos: obrigações de caixa; obrigações hipotecárias; papel
comercial desde que emitido em condições diferentes dos previstos na lei e nos
certificados de depósitos, são procedimentos que estão vedados a qualquer
sociedade comercial, estava a proceder a uma recolha de fundos equivalentes
a depósitos – figura de investimento de crédito. Houve a alteração legislativa –
a instituição de crédito continua a manter-se, são estas os bancos; as
Instituições de Crédito; as Caixas Económicas; as Caixas de Crédito Agrícola

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Mútuo, etc. As Instituições financeiras de crédito e as Instituições de Crédito


Hipotecário continuam a não receber depósitos. O artigo 6.º, RGICSF, tipos de
sociedades financeiras: instituições financeiras, sociedades financeiras de
crédito, sociedade de investimento, as sociedades de locação financeira e as
sociedades factoring e as sociedades de garantia mútua.
As sociedades de locação financeira, não é uma forma de financiamento
equivalente à concessão de crédito. Faz adquirir um bem que precisamente
para o exercício da sua atividade profissional (exemplo: uma grua) que o
cliente utiliza em contrapartida de uma renda e no final pode adquirir o bem ou
não. O que se verifica aqui é ainda uma forma alternativa ao crédito e ao
financiamento.
As sociedades factoring, consiste na entrega de um determinado valor
pecuniário com as faturas que iremos receber (liquidez). Esta sociedade não
esta a emprestar dinheiro, apenas lhe esta a antecipar o valor das faturas de
acordo com a sua atividade profissional. São operações ou canais que saem
do “pelo cliente”. Permitem acessos de liquidez determinante para a atividade
profissional. São formas de financiamento, mas não de concessão de crédito
seu.

Sociedades de locação financeira


Concede crédito 1 milhão de euros
A B (na promessa deste lhe devolver, isto é a concessão pura de crédito).
As empresas não recorrem exclusivamente ao crédito para se financiarem.

Concede crédito 50 milhões de euros


A B (que precisa de um máquina industrial, através de um contrato de
locação financeira, mas que tem um pormenor diferente dos contratos de
locação pura, o locatário no fim do contrato pode optar por adquirir a
propriedade da máquina ou pode entrega-la de novo, até porque já não precisa
dela. Traduz-se numa operação de financiamento, evitou-se o endividamento
(fundos próprios ou créditos de instituições bancárias) e não necessita da
mesma máquina na sua atividade profissional é uma operação de
financiamento e não uma concessão de crédito.
Do ponto de vista da regulação bancária, são duas situações, que
justificam uma referência um pouco mais acentuada. A atividade bancária
apresenta um conjunto de regulamentação que é comum a todo um conjunto

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de atividades. O Código Comercial que esta em vigor, refere-se às operações


bancárias, como um ato de comércio – artigo 362.º, do Ccom: “são comerciais
todas as operações de bancos, em especial às de câmbio, as notas pagáveis à
vista e ao portado”, não vê aqui mencionados os depósitos bancários. O direito
bancário, quer na vertente institucional, quer na vertente material, assenta no
mesmo tipo de fontes como variadíssimos ramos do direito, em tudo o que é
aplicável segue-se o regime do Código Comercial.
Depois aparecem outro tipo de fontes que tem a ver com as situações que
resultam de regulamentação específica própria que é destinada ao exercício da
atividade bancária: ao nível institucional (sociedades financeiras) mas relevam
situações bancárias: a matéria dos depósitos bancários existe um diploma
relativamente às operações de locação financeira de cessão económica. O
exercício da atividade bancária tem sido profundamente influenciado (35 anos)
desde a entrada de Portugal na UE, tem sido profundamente influenciada pelos
mecanismos de regulação da UE. O exercício da atividade bancária é uma
criação condicionada pelas políticas da UE (diretivas) que reorganizaram
materiais: fundos próprios; definição dos rácios. O próprio regime geral das
Instituições de Crédito não é mais do que resultado da transposição das
diretivas, para uma melhor consolidação.

Preâmbulo RGICS (53 atualizações com 18 anos de vigência) – PP: 301


Com efeito, ao proceder-se à reforma da regulamentação geral do
sistema financeiro português, com exclusão do sector de seguros e de fundos
de pensões, transpõem-se também para a ordem jurídica interna os seguintes
atos comunitários:
Diretiva n.º 77/780/CEE do Conselho, de 12 de dezembro de 1989, na
parte que, a coberto das derrogações acordadas, ainda não fora acolhida na
legislação nacional;
Directiva n.º 897/646/CEE do Conselho, de 15 de dezembro de 1989
(Segunda Directiva de Coordenação Bancária);
Directiva n.º 92/30/CEE do Conselho, de 6 de Abril de 1992, sobre
supervisão das instituições de crédito em base consolidada.
Que outras fontes (PP: 301), podemos encontrar no exercício da atividade
bancária, estão aqui em causa os avisos e as instruções do Banco de Portugal
(o aviso do fundamento da letra relativo aos cartões de crédito, que as
instituições queiram comercializar).

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

Os usos e práticas dos agentes económicos, também são uma fonte


reguladora da atividade bancária, desde que não sejam desconformes como lei
(garantia autónoma é uma forma de garantia pessoal que é parecida com a
fiança, mas que apresenta relativamente à fiança, não ser subsidiária. A fiança
é uma garantia pessoal subsidiária (incumprimento da obrigação própria),
enquanto que a garantia autónoma é uma garantia pessoal não subsidiária. A
fiança esta regulada no Código Civil, a prestação das garantias autónomas não
esta regulada em nenhum ordenamento jurídico do mundo, foi desenvolvida
fundamentalmente pelas Entidades Bancárias, e pode ser um exemplo dos
usos e práticas do direito bancário. As práticas e usos uniformes consagrados,
na Câmara do Comércio Internacional, não é um instrumento legal, mas define
o conjunto de regras e procedimento que envolvam créditos documentários, e
até porque só isso é que os bancos. As convenções internacionais – lei
uniforme sobre cheques e a lei sobre letras e livranças.
A substância de atividade bancária rege-se fundamentalmente, pelos
ramos de direito com a qual ela se convenciona – direitos obrigacionais, reais e
direito comercial, pelo direito das sociedades comerciais, muitas das
instituições bancárias são especialmente sociedades anónimas. O final de
contas não deixa de ser onde se envolvem um conjunto de abordagens que
são os efeitos e as funções bancárias: mecanismos de pagamento, soluções
de pagamento, etc. Isto significa que o direito bancário constitui atualmente um
exemplo interessante de um ramo do direito cuja a autonomia não é
contestada, ramo do direito que se referia: direito público diz respeito às
Instituições bancárias propriamente ditas e o direito privado, que é a vertente
que diz respeito à atividade bancária propriamente dita, traduz-se nas
operações bancárias por solicitação dos clientes. O direito bancário é o direito
com vertente pública e privada.
De todo o modo a atividade bancária, é uma atividade que apresenta uma
relevância excedível nas sociedades modernas, significa também que atividade
bancária apresenta um interesse público de grande relevância, o exercício não
pode ser deixado à mercê dos mecanismos gerais de controlo, no
relacionamento com os clientes, as entidades bancárias, poderiam ser tentadas
a fazer prevalecer os seus próprios interesses na maneira como organizam
com os seu clientes. Por isso mesmo, esse mecanismo de utilização das
cláusulas contratuais gerais, tem de estar sujeito ao DL 246/85. O caso da
Alemanha/Itália onde as instituições bancárias a preposito das cláusulas

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contratuais gerais, o seu conteúdo é negociado e revisto regularmente, por


representantes das assembleias de consumidores que são chamados a
participar. Significa que cada vez mais esta desenvolvida, a atividade bancária
por ser desenvolvida nas sociedades modernas está sujeita a um mecanismo
de legitimidade e não pode estar sujeito à vontade das partes e se pretende
definir as linhas e a tutela dos interesses do cliente e do consumidor.

Autorização das Instituições de Crédito com sede em Portugal:


Uma instituição de crédito (sociedades financeiras) reporta-nos, tem de
estar desde logo autorizada a exercer a atividade bancária em Portugal, a não
ser que sejam filiais ou sucursais que estejam autorizadas pela UE. É um
processo que esta sujeito a autorização, e é concedida/recusada pelo Banco
de Portugal, com base num pedido expresso de autorização, pedido que é
instruído com um conjunto vasto de requisitos gerais que constam do artigo
14.º, RGICSF:
a) Corresponder a um dos tipos previstos na lei portuguesa;
b) Adotar a forma de sociedade anónima; nenhuma instituição de crédito
pode ser constituída por forma de sociedade por quotas.
c) Ter por exclusivo objeto o exercício da atividade legalmente permitida
nos termos do artigo 4.º; ou seja, o exercício da atividade bancária.
d) Ter capital social não inferior ao mínimo legal, representado
brigatoriamente por ações nominativas; isto é, representada por ações
nominativas – Portaria 95/94, fixa o capital social mínimo das instituições de
crédito e sociedades financeiras. O capital social das instituições de crédito
deve obedecer ao requisito da portaria, e por outro lado, esse capital tem de
estar representado por ações nominativas, justifica a necessidade das
entidades de supervisão saberem concretamente o que pertence a quem
pertence das Instituições de crédito.
e) Ter a sede principal e efetiva da administração situada em Portugal;
tem a sede em Portugal, as instituições de crédito não podem recorrer à
mudança de sede para beneficiarem de determinadas regalias.
f) Apresentar dispositivos sólidos em matéria de governo da sociedade,
incluindo uma estrutura organizativa clara, com linhas de responsabilidade bem
definidas, transparentes e coerentes; esta foi uma alínea acrescentada já
depois, e a partir da crise financeira de 2008, com as consequências, cada vez
se começou a salientar um intercâmbio internacional com os mecanismos de

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supervisão da atividade bancária (primeira versão do DL 298/92, de 31.12), só


tinha quatro alíneas em 2007, houve uma evolução grande no âmbito dos
requisitos gerais.
g) Organizar processos eficazes de identificação, gestão, controlo e
comunicação dos riscos a que está ou possa vir a estar exposta; uma das
funções bancárias é a gestão dos riscos, da própria clientela e da própria
instituição pode estar exposta. É importante fazer a análise, a versão inicial
como linha de orientação da UE, revela-se insuficiente para a gestão da
atividade bancária e por outro lado, verifica-se aqui que as crises que vieram
acontecendo vieram a mostrar as deficiências de regulação, o direito teve de
acompanhar a evolução social, a regulação existente revelou-se incapaz de
acompanhar essa evolução, houve necessidade de atualiza-la conforme os
interesses e exigências da sociedade. Este processo de autorização (pode
caducar) e de decisão (revogada) (manual, PP: 541).
h) Dispor de mecanismos adequados de controlo interno, incluindo
procedimentos administrativos e contabilísticos sólidos;
i) Dispor de políticas e práticas de remuneração que promovam e sejam
coerentes com uma gestão sã e prudente dos riscos;
j) Ter nos órgãos de administração e fiscalização membros cuja
idoneidade, qualificação profissional, independência e disponibilidade deem,
quer a título Individual, quer ao nível dos órgãos no seu conjunto, garantias de
gestão sã e prudente da instituição de crédito.

18.05.2020 – SEGUNDA – FEIRA – PP:425


5. Perspectiva extrínseca – a supervisão comportamental (PP: 425 a 483
O exercício da actividade bancária está, dada a sua natureza e relevância
económica e social adstrita a um conjunto de pressupostos que visam
essencialmente: fixar padrões de comportamentos que assegurem a qualidade
e a correção dos serviços prestados, baseados em critérios de rigor
profissional; adequar o relacionamento entre Bancos e Clientes aos princípios
gerais da boa fé, da prestação de informação adequada e da salvaguarda da
reserva da vida privada; prevenir a acorrência de conflitos de interesses, entre
as entidades financeiras e os membros dos respectivos órgãos sociais; e por
último garantir o exercicio da sua actividade baseado em critérios de uma
concordância sã entre as diversas entidades financeiras.

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No enquadramento do exercicio da atividade bancária e do controlo do


exercicio da sua atvidade bancária, importa referir alguns conceitos distintos,
designadamente o de supervisão, regulação, superintendência do exercicio da
atividade bancária.
Não há definições legais de nenhuns destes conceitos, doutrinariamente
tem havido conceitos que permitem estabelecer um enquadramento de
distinção destas situações, tomamos como base, o artigo 91.º, do RGICSF, as
referências à distinção entre superintendência e supervisão só aparece no
título VII, que tem por epigrafe, supervisão prudencial quando nos artigos
anteriores já se falou ma modalidade de supervisão comportamental, talvez
esta técnica legislativa não seja a metodologicamente adequada. No nosso
ordenamento jurídico, embora sem haver uma definição legal do que integre
cada uma destas areas de intervenção, há uma distinção obvia entre
superintendência do mercado financeiro, do mercado financeiro e cambial e
supervisão. A superintendência, nos termos do nº 1 do artigo 91.º, do
RGICSF, compete ao ministro das finanças, deve entender-se
fundamentalmente os mecanismos de coordenação da atividades dos agentes
dessed mercardo monetário financeiro e cambial, de maneira a adequar os
exercicio dessas atividades com a politica social do governo. Esta atividade de
superintendência, não é assim tão irrelevante, até porque nos termos do nº 2
do artigo 91.º, RGICSF, se remete ao Governo, ordenar as medidas
apropriadas, adequadas, nomedamente o encerramento temporário das
medidas de crédito, quando nesses mercados se verifique a pertubação.
Podemos partir da conjugação destes dos numeros 1 e 2 do artigo 91.º
RGICSF, que a superintedência, da competência do Ministro das Finanças,
podemos dizer que a atividade de superintendência do mercado financeiro,
constitui fundamentalmente o mecanismo de intervenção governamental
através do qual e garantida a coordenação da atividade do sistema financeiro
com a politica social e económica do governo, ou seja, a superintendência tem
uma visão ampla do sistema financeiro no seu contexto da economia em geral,
e tenta coordenar a intervenção desse sistema no contexto genérico da
atividade economica naturalmente e pautada por principios de politica,
economica e social, que o governo vai adotando e assumindo em cada
momento da sua gestão.
A supervisão já parte de um principio oposto, isto é, a supervisão
pretende ter em conta fundamentalmente, a estrutura e o modo de

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financiamento do sistema financeiro especialmente da sua vertente bancária,


enquanto elemento da actividade economica geral do pais do estado
português, ou seja, na superintedência parte-se e enquadra-se a atividade
financeira no sistema económico geral e controla-se essa integração o sistema
financeiro na atividade geral, enquanto na supervisão parte-se da essência sua
vertente bancária e estruturam-se os mecanismos necesssários bancários a
garantir o exercicio da atividade bancária é concretizado e através de
procedimentos, que por um lado garantam a solidez do sistema bancário e não
ponham em causa compromentam os principios gerais da politica economica e
social.

TÍTULO VII Supervisão prudencial


CAPÍTULO I Princípios gerais
Artigo 91.º Superintendência
1 - A superintendência do mercado monetário, financeiro e cambial, e designadamente a
coordenação da atividade dos agentes do mercado com a política económica e social do
Governo, compete ao Ministro das Finanças.
2 - Quando nos mercados monetário, financeiro e cambial se verifique perturbação que ponha
em grave perigo a economia nacional, poderá o Governo, por portaria conjunta do Primeiro-
Ministro e do Ministro das Finanças, e ouvido o Banco de Portugal, ordenar as medidas
apropriadas, nomeadamente a suspensão temporária de mercados determinados ou de certas
categorias de operações, ou ainda o encerramento temporário de instituições de crédito.

Estabelecer a distinção entre estes dois mecanismos que vem na lei, mas
que lei não nos dá uma definição em direta, estabelecer os parametros de
distinção entre a superintendência e a supervisão do sistema financeira
que naturalmente no contexto do RGICSF, é supervisão sob a vertente
bancaria do sistema fianceira. Os paramentros que podemos concluir tem a ver
com o âmbito de intervenção e com o sentido. A superintendência visa a
garantia e assegurando a intervenção do mercado monetário financeiro e
cambial é elememento ativo e passivo da prossecução da , ou seja, a
superintendência parte do genéro para a espécie, e por isso a superintendência
é exercida pelo governo especialmente através do Ministro das Finanças e
quando seja necessário tomar determinadas medidas a intervenção do governo
é concretizada através de Portaria primeiro ministro e do Ministro das Finanças
ainda que ouvido o Banco de Portugal.
No que diz respeito à supervisão propriamente dita, já partimos da
espécie para o genero, supervisão visa garantir a solidez da vertente bancário,
o rigor de procedimentos desse sistema, de maneira a garantir também que a
vertente bancária do sistema financeiro é um elemento ativo integrante,

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participante da construção da politica económica e social do governo, é claro


que estamos a falar da vertente bancária do sistema financeiro, mas não
esquecer que há disposições similares para as vertentes segurada e de
operações sob valores mobiliários também no sentido de garantir que cada
uma dessas areas do sistema financeiro que participam legitma e ativamente
no desenvolvimento da politica social do estado português.
Quanto à supervisão bancária, subdivide-se em duas componentes: a
componente comportamental e a componente prodencial. Na supervisão
comportamental garante-se o modo legitimo e legitimado do relacionamento
dos bancos das entidades bancárias com os seus clientes e também o
comportamento das entidades bancárias nas relações que elas próprias
estabelecem umas com as outras. A supervisão comportamental tem a ver com
o comportamento das instituições bancárias, é pautado por principios de rigor,
de prudência, de transparência e de lealdade e tutela de interesses que as
entidades bancárias e visa garantir os procedimentos que as entidades
bancárias adotam umas relativamente às outras são pautados por critérios de
transparência, lealdade. Porque o sistema bancário é de carateristica
oligopolista, com alguns laivos de monopólio, temos um número reduzido de
entidades que definem as regras de funcionamento do mercado, ora bem se
não houvesse uma intervenção pública sobre esta matéria, poderia ser a de
cartelizarem os seus procedimentos, havia uma comissão a partir de agora as
taxas de juro são todas a 15%, o que se traduzia numa cartelizam do mercado
bancária.
E é por ai a supervisão comportamental prossegue uma boa parte dos
seus objetivos; em primeiro lugar, garantir que nas relações que estabelecem
com os seus clientes, as entidades de crédito garantem ao cliente
profissionalismo no exercicio das suas funções, rigor técnico, transparência na
definição de eventuais interesses e garantia de tutela primacial dos interesses
dos clientes relativamente a quaisquer outros interesses, mas a supervisão
comportamental também visa garantir regras de sã concorrência entre os
sujeitos ativos da atividade bancária, isto é, entre as entidades bancárias e o
relacionamento que elas estabelecem umas com as outras (PP: 425, manual).
A conclusão de tudo isto só obtemos quando chegarmos ao fim, a
supervisão bancária é um mecanismo de proteção de interesses
individualizado, estamos necessariamente a referirmos supervisão

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comportamental, porque são os interesses dos clientes fundamentalmente e os


interesses das instituições enquanto entidades autonomas.
Já na supervisão prudencial, temos fundamentalmente em causa um
interesse sistemico.
Dois exemplos: quando falamos no dever de segredo bancário, estamos a
falar dos interesses do cliente, o interesse primário é do cliente e por
decorrente da tutela desse interesse, a insituição que não obedecesse a esse
direito ficava sem clientela, estamos ver mecanismo de interesse
individualizados. Quando a lei fixa mecanismo de provisão para os créditos
concedidos, quando lei fixa de rácios de sovabilidade que as instituições de
crédito devem respeitar, todas e cada uma devem respeitar de acordo com a
sua estrutura extriseca, quando as lei define mecanismo de recuperação de
instituições que se encontrem em risco de cessar pagamentos.

Qual é o interesse que esta fundamentalmente em causa?


É interesse da institução individualmente considerada ou a garantia de
funcionamento do sistema bancário?
É do sistema em geral. O entendimento desse sistema bancário como
sendo um conjunto de peças de domino colocadas verticalmente a seguir umas
às outras, se uma cair as outras caem também, e portanto a perspetiva
intriseca da supervisão comportamental é garantir, em primeiro lugar é tentar
que nenhuma cai, depois é garantir que se alguma cair não levem todas as
outras por arrasto, dai a perspetiva sistemica cujos interesses são tutelados
pelo exercicio da supervisão bancária.Um outro modo de abordar a distinção
entre supervisão comportamental e supervisão prudencial, tem a ver com a
perspetiva sobre a qual é analisado o exercicio de cada uma dessas
modalidades de supervisão, e dai podemos dizer que a supervisão
comportalmental, é analisada sob uma perspetiva extríseca, da instituição
para fora, e por isso estão em causa os relacionamentos estabelece com os
seus clientes e as instituições, enquanto que a supervisão prodencial tem em
vista de forma intríseca, é a instituição vista sob o seu próprio interior. Na
perspetiva extríseca, a que se refere a supervisão comportalmental, podemos
dizer que o exercício dessa supervisão é pautado pelo enunciado daquilo que
se chamam as normas ou regras de conduta bancária, tem em vista o conjunto
das regras de conduta – artigos 73.º, SS, do RGICSF, competência técnica;
artigo 74.º; 76.º - poderes do Banco de Portugal.

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TÍTULO VI Supervisão comportamental


CAPÍTULO I Regras de conduta
Artigo 73.º Competência técnica
As instituições de crédito devem assegurar, em todas as atividades que exerçam, elevados
níveis de competência técnica, garantindo que a sua organização empresarial funcione com os
meios humanos e materiais adequados a assegurar condições apropriadas de qualidade e
eficiência.
Artigo 74.º Outros deveres de conduta
Os administradores e os empregados das instituições de crédito devem proceder, tanto nas
relações com os clientes como nas relações com outras instituições, com diligência,
neutralidade, lealdade e discrição e respeito consciencioso dos interesses que lhes estão
confiados.
Artigo 75.º Critério de diligência
Os membros dos órgãos de administração das instituições de crédito, bem como as pessoas
que nelas exerçam cargos de direção, gerência, chefia ou similares, devem proceder nas suas
funções com a diligência de um gestor criterioso e ordenado, de acordo com o princípio da
repartição de riscos e da segurança das aplicações e ter em conta o interesse dos
depositantes, dos investidores, dos demais credores e de todos os clientes em geral.
Artigo 76.º Poderes do Banco de Portugal
1 - O Banco de Portugal poderá estabelecer, por aviso, regras de conduta que considere
necessárias para complementar e desenvolver as fixadas no presente diploma.
2 - Com vista a assegurar o cumprimento das regras de conduta previstas neste Regime Geral
e em diplomas complementares, o Banco de Portugal pode, nomeadamente, emitir
recomendações e determinações específicas, bem como aplicar coimas e respetivas sanções
acessórias, no quadro geral dos procedimentos previstos no artigo 116.º
3 - As disposições do presente título não prejudicam os poderes atribuídos a outras
autoridades de supervisão e regulam a atuação das instituições de crédito no âmbito da
criação e comercialização de produtos e serviços bancários de retalho.

O nosso RGICSF, depois da versão original, especialmente depois de


2008, abriu capítulo II, nesta aréa da supervisão comportamental,
especiaficamente com as relações dos clientes, com a alteração do artigo 77.º,
RGICSF, cuja epigrafre é o dever de informação e assistência.

Artigo 75.º Dever de informação


1 - As instituições de crédito devem informar os clientes sobre a remuneração que oferecem
pelos fundos recebidos e sobre o preço dos serviços prestados e outros encargos suportados
por aqueles.
2 - O Banco de Portugal regulamentará, por aviso, os requisitos mínimos que as instituições de
crédito devem satisfazer na divulgação ao público das condições em que prestam os seus
serviços.
Redação dada pelo seguinte diploma: Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de Dezembro.

CAPÍTULO II Relações com os clientes


Artigo 77.º Dever de informação e de assistência
1 - As instituições de crédito devem informar com clareza os clientes sobre a remuneração que
oferecem pelos fundos recebidos e os elementos caracterizadores dos produtos oferecidos,
bem como sobre o preço dos serviços prestados e outros encargos a suportar pelos clientes.
2 - Em particular, no âmbito da concessão de crédito ao consumo, as instituições autorizadas a
conceder crédito prestam ao cliente, antes da celebração do contrato de crédito, as
informações adequadas, em papel ou noutro suporte duradouro, sobre as condições e o custo
total do crédito, as suas obrigações e os riscos associados à falta de pagamento, bem como
asseguram que as empresas que intermedeiam a concessão do crédito prestam aquelas
informações nos mesmos termos.
3 - Para garantir a transparência e a comparabilidade dos produtos oferecidos, as informações
referidas no número anterior devem ser prestadas ao cliente na fase pré-contratual e devem
contemplar os elementos caracterizadores dos produtos propostos, nomeadamente incluir a
respetiva taxa anual de encargos efetiva global, indicada através de exemplos que sejam

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representativos.
4 - O Banco de Portugal regulamenta, por aviso, os requisitos mínimos que as instituições de
crédito devem satisfazer na divulgação ao público das condições em que prestam os seus
serviços.
5 - Os contratos celebrados entre as instituições de crédito e os seus clientes devem conter
toda a informação necessária e ser redigidos de forma clara e concisa.
6 - O Banco de Portugal estabelece, por aviso, regras imperativas sobre o conteúdo dos
contratos entre instituições de crédito e os seus clientes, tendo em vista garantir a
transparência das condições de prestação dos correspondentes serviços.
7 - A violação dos deveres previstos neste artigo constitui contraordenação punível nos termos
da alínea h) do artigo 210.º do presente Regime Geral.
8 - As instituições de crédito ficam obrigadas a enviar anualmente, no mês de janeiro, uma
fatura-recibo, sem qualquer custo, discriminando todas as comissões e despesas associadas a
conta de depósito à ordem suportadas no ano civil anterior, ao seu respetivo titular.
9 - A fatura-recibo referida no número anterior designa uma declaração global recapitulativa de
todas as comissões e despesas associadas a conta de depósito à ordem, não prejudicando as
obrigações de faturação e declarativas previstas na legislação fiscal.
10 - A fatura-recibo prevista no n.º 8 deve conter as seguintes informações:
a) A comissão unitária cobrada por cada serviço e o número de vezes que o serviço foi
utilizado durante o período abrangido e, nos casos em que os serviços estejam combinados
num pacote, a comissão cobrada pelo pacote, o número de vezes que a comissão
correspondente ao pacote de serviços foi cobrada durante o período abrangido e a comissão
adicional cobrada por qualquer serviço que ultrapasse a quantidade abrangida pela comissão
do pacote, quando existam;
b) O montante total das comissões cobradas durante o período abrangido para cada serviço,
cada pacote de serviços prestados e qualquer serviço que ultrapasse a quantidade abrangida
pela comissão do pacote;
c) A taxa de juro aplicada à facilidade de descoberto ou à ultrapassagem de crédito associada
à conta de pagamento e o montante total dos juros cobrados relativamente ao saldo a
descoberto durante o período abrangido, sempre que aplicável;
d) A taxa de juro remuneratória aplicada à conta de pagamento e o montante total dos juros
auferidos durante o período abrangido, sempre que aplicável;
e) O montante total das comissões cobradas para todos os serviços prestados durante o
período abrangido.
11 - A fatura-recibo prevista no n.º 8 deve, ainda, obedecer às seguintes características:
a) Ter uma apresentação e disposição claras, que facilite a leitura, com carateres de tamanho
legível;
b) Adotar o formato de apresentação normalizado e o símbolo comum, estabelecido nas
normas técnicas de execução adotadas pela Comissão Europeia;
c) Ser exato, não induzir em erro e encontrar-se expresso na moeda da conta de pagamento
ou, se o consumidor e o prestador de serviços de pagamento assim tiverem acordado, noutra
moeda;
d) Conter o título «extrato de comissões» no topo da primeira página, junto de um símbolo
comum, de forma a permitir a sua distinção de qualquer outra documentação;
e) Ser redigido em português, salvo se o consumidor e o prestador de serviços de pagamento
tiverem acordado noutra língua.

A preocupação nesta alteração tão profunda, foi a de alterar uma filosofia


de procedimento, que não era originária das instituições portuguesa, eram uma
filosofia de procedimento generalizada. Atualmente, cada vez mais se chegou à
conclusão de que os clientes bancários entregam às instituições bancárias a
gestão dos seus assuntos financeiros porque confiam na sua competência
técnica, porque confiam na sua solidez e confiam na sua gestão criteriosa, as
entidades bancárias não “vendem gato por lebre”, no entanto podia haver
entidades bancárias que o faziam.

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Os bancos são tecnicamente confiáveis, quando os bancos fazem vacilar


a regra da confiança, é preciso recuperar essa confiaça. Essa confiança nas
entidades bancárias vacilou, porque em algumas situaçõe e em alguns casos
concretos, as entidades bancárias efetivamente venderam “gato por lebre”,
prevalecendo-se do grau de confiança que os clientes depositavam nas
instituições, não prestaram as informações necessárias e adequadas a que os
clientes relativamente ao produto bancário ou serviço bancário, que tomassem
uma decisão de aquisição de forma informada, consciência e razoavelmente
sustentada e fundamentada, e foi isso que se alterou com o passado dos
tempos, e por isso é que hoje detetamos uma pormonorização do dever de
informação.
As consequências do incumprimento do dever de informação encontram
no artigo 210.º, alínea h) -  RGICSF.

25.05.2020 – SEGUNDA – FEIRA


O índice do RGICSF, temos três vertentes de supervisão:
Supervisão geral
A supervisão geral é a agregação do mecanismo de supervisão é que
posteriormente, desdobra-se em supervisão prudencial e supervisão
comportamental, ou seja, tem em vista a obrigação do sistema bancário do
ponto de vista integrado. Pretende alcançar por uma visão integrada do
comportamento sistémico do sistema bancário. O subsistema bancário não é
um subsistema que vive sozinho depende do subsistema financeiro, isto é, uma
componente do sistema financeiro.
O sistema financeiro tem quatro vertentes (pernas): vertente bancária;
vertente seguradora; vertente intermediação financeira (valor imobiliário: ações,
obrigações); e vertente supervisora e reguladora; porque tudo isto funciona de
acordo com as regras, os condicionalismos, as definições que são
proporcionadas pelos mecanismos de supervisão. Temos um modelo duplo.
Por exemplo: Reino Unido e a Alemanha, têm um único organismo que
supervisiona isto tudo. Dada a vertente bancária, seguros e valores
imobiliários, o quere que seja os Bancos proporcionarem aos seus clientes está
sempre associado um seguro. Qual a primeira entidade fornecedora de
seguros (vida) que o Banco nos reenvia, é a seguradora que esta integrada no
mesmo grupo financeiro no qual esse banco pertence. O caso do Banco
Espírito Santo, ao vender os valores imobiliários que faziam parte do grupo
Espírito Santo. A relevância disto tudo, o sistema financeiro é um sistema, é um

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sistema organizado, é um sistema ordenado onde cada peça ocupa o seu


devido lugar, mas onde a interconexação entre as atividades desenvolvidas
(bancário, seguros e valores imobiliários) por cada entidade é extraórdinaria,
mútua e profunda. Mas é mais notório nuns casos do que noutros, nuns
sentidos do que noutros: quantos produtos bancários é que vemos vendidos
pelas seguradoras? Poucos!! Também há produtos que não são originários dos
produtos das seguradoras mas que são comercializados por estes. Isto
conduz-nos à interconexão entre três subvertentes do sistema financeiro
(bancário, seguros e valores imobiliários).
O sistema financeiro é um sistema quartripartido, há um elemento que
esta fora do mecanismo comecial que são as entidades supervisoras, estas
asseguram que o exercício da atividade é concretizada por cada elemento
bancário, seguros e valores imobiliários e exercecem a sua atividade de acordo
com o quadro geral legalmente definido para o efeito. As entidades
supervisoras têm por missão assegurar o exercício de atividade por parte de
cada elemento dos setores integrantes e é concretizado através de
mecanismos à lei. Cada elemento integrante de cada setor que exerça a sua
atividade de acordo com o enquadramento geral para o efeito e o exercicio
dessa atividade contribua para uma concretização adequada cometidas às
funções do sistema financeiro (PP: 226): gestão do risco, etc.

Supervisão comportamental ou extrínseca


Com o desenvolvimento da atividade bancária, levou à criação de duas
vertentes da supervisão: a comportamental ou extrínseca e a prudencial ou
intríseca. A matéria da supervisão comportamental ou extrínseca, encontra-se
formulada no título VI, nos artigos 73.º a 88.º, do RGICSF, especial destaque
para as regras de conduta; as relações com os clientes; o segredo profisional;
os conflitos de interesse e a defesa da concorrência. A supervisão
comportamental ou extrínseca tem a ver com o cumprimento de regras de
conduta que são criadas pelas instituições bancárias para serem cumpridas
quando estabelecem relações jurídicas, esta visa exatamente regular o modo
como as Instituições bancárias se relacionam com os outros, estão em mira
específica das regras comportamentais: os clientes e as outras Instituições.
Os deveres dos Bancos, são regra geral, deveres de ação, impondo ao
Banco comportamentos revestidos de determinadas carateristicas. Nessa
medida, existe um fundamental dever de omissão, quanto à proibição imposta

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

ao banco e a todos os que com ele mantêm contacto profissional, que tenham
acesso por via disso a informações de clientes, de alguma forma as utilizarem
em proveito próprio ou de terceiros.
O impacte das normas comportamentais é especialmente relevante entre
o relacionamento de bancos e clientes, podem ser agrupados em três
categorias de deveres: a categoria dos deveres de salvaguarda dos interesses
dos clientes, onde pontifica a execução fiel dos actos e negócios que integrem
a relação negocial; a do dever de informação, que salvaguarda a favor dos
clientes; e por fim a do dever de segredo profissional, ancorado no direito à
reserva da vida privada do cliente, serve de indicador de confiança inerente à
sustentabilidade da relação negocial bancária.
Os interesses cuja a tutela que está aqui em causa, isto é, a entidade
bancária deve cuidar os interesses do cliente como um bom pai de famíla,
dever de informação, etc. Imediatamente há outros interesses aqui em causa
que são os interesses dos clientes que são protegidos e tutelados que a lei
impõe às entidades bancárias, está qui em causa a proteção dos clientes. As
instituições bancárias devem respeitar as regras de concorrência que são os
interesses sistemáticos, porque o sistema financeiro se funda no princípio da
livre e sã concorrência, qualquer procedimento que viole as regras de
concorrência tem consequências.
A supervisão comportamental ou extrínseca, precavê os comportamentos
dos Bancos que vendam “gato por levre” e os comportamentos que possam
violar as regras da sã. Tudo isto esta interligado, quando o sistema garante que
os Bancos atuam de forma regular no seu relacionamento com os clientes,
também se esta a tutelar o interesse do sistema, porque se os clientes não
tiverem confiança nas entidades bancárias o sistema colapsa. Esse colapso
atualmente, teria consequências nefastas na economia. A supervisão
comportamental tem em vista o modo como as Instituições que integram o
sistema (perspetiva extrínseca) não tem a ver com a visão da instituição em si
própria, isto é, tem a ver com o comportamento da Instituição perante terceiros.
A supervisão prudencial ou intríseca, quando se determina que um banco
não pode utilizar a totalidade do dinheiro que recebe do público, ou seja, tem
de reter que é designada por taxa de liquidez. Esta causa algumas
preocupações, que tem a ver com a estabilidade económica das Instituições
Financeiras, o que esta aqui em causa é a preocupação de saber como a
Instituição cuida de si própria de maneira a assegurar permanentemente da

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sovalibilidade, solidez económica e financeira. Por isso é que na supervisão


comportamental, esta em causa uma perspetiva extrínseca de como os Bancos
exercem a sua atividade e na supervisão prudencial esta em causa uma
perspectiva intrínseca de como os Bancos exercem a sua atividade.

01.06.2020 – SEGUNDA – FEIRA


As regras de conduta (PP: 430)
As relações com os clientes (PP: 432)
O capítulo I do Título VI, do RGICFS, define um conjunto básico de
regras de conduta, nos artigos 73.º a 76.º, do referido diploma, constituindo
um conjunto diversificado de deveres: o dever da mais elevada competência
técnica; os deveres de diligência, neutralidade, lealdade e discriminação e
respeito consciencioso dos interesses dos clientes; procedendo à
concertização do critério de diligência através do recurso à figura do bonus
pater familias, baseado no padrão da diligência exigível ao ser humano comum.
O artigo 76.º, do RGICFS, não estipula qualquer dever mas define a
possibilidade de o Banco de Portugal estabelecer, por aviso, regras de conduta
que considere necessárias para complementar e desenvolver a actividade
bancária e assegurar o cumprimento das regras através de outros mecanismos
complementares, podendo emitir determinações específicas e recomendações
para o efeito e aplicar coimas e sanções acessórias aos incumpridores, nos
termos, nº 2, artigo 116.º, RGICFS.
No âmbito da supervisão comportamental ou extrínseca, a preocupação
das autoridades é a forma como as entidades bancárias pautam as suas
condutas, quanto aos seus clientes e das relações com as outras entidades. No
regime geral das instituições de crédito e sociedades financeiras, existe um
conjunto de regras que tem fundamentalmente em vista os interesses dos
clientes e à defesa da concorrência e ao modo como as instituições se
relacionam umas com as outras. Nas regras de condutas, por um lado, tem a
ver com a competência técnica, são as entidades ou instituições bancárias, que
devem assegurar aos clientes a confiança dos seus interesses financeiros, e
por outro lado, existe um critério de diligência, a gestão das instituições
financeiras, deve ser assegurada com critério e se assegure a segurança das
aplicações, no interesse dos depositantes, credores, etc. Temos uma
focalização do cliente, no critério da diligência e focalizado nos interesses do
próprio mercado financeiro, e não ponha em causa a solidez do mercado
financeiro.

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Importa salientar a matéria das relações com os clientes, no qual integram


os aspectos relacionados com o dever de informação e assistência, nos termos
do artigo 77.º, RGICFS; as reclamações, nos termos do artigo 77.º-A,
RGICFS; os códigos de conduta, nos termos do artigo 77.º-B, RGICFS; e por
último a publicidade, nos termos do artigo 77.º-C e D, RGICFS.
Quer isto dizer que a nossa lei evolui, foram instaurados mecanismos
para os clientes, entre as vantagens e os riscos e a tomada de uma decisão
livre, esclarecida, fundamentada no produto que o cliente pretende adquirir.
Nesse sentido diz-nos, as disposições do artigo 77.º, RGICSF, que o cliente
pode contar com a assistência técnica entre a relação dos bancos e os seus
clientes. A relação que se estabelece entre os clientes e as entidades
bancárias é de um contrato de execução prolongada, uma relação
multifacetada e dilatada no tempo, em que os bancos existem para suprir,
colaborar na satisfação das necessidades. O dever assistência esta
intimamente conetado com o dever de informação, no qual os clientes se
sentem devidamente acompanhados pelas entidades bancárias em todos os
momentos.
Em especial, o dever geral de informar, assume no direito bancário e às
entidades bancárias, um campo privilegiado de incidência, de dever de
informar, razão pela qual atendendo ao valor económico das operações em
causa nas relações consideradas, à sua eventual complexidade e à
necessidade de uma extrema precisão no recorte jurídico, económico e
financeiro das mesmas. Por isso, é um dever que recai em especial sobre os
bancos, enquanto sujeitos da relação da relação mais e melhor preparados do
ponto de vista técnico e dos quais é esperado um desempanho bastante
profissional, pautados por juizos de equidade e pelos ditames da boa fé na
formação da relação contratual.
CAPÍTULO II Relações com os clientes
Artigo 77.º e de assistência
1 - As instituições de crédito devem informar com clareza os clientes sobre a remuneração que
oferecem pelos fundos recebidos e os elementos caracterizadores dos produtos oferecidos,
bem como sobre o preço dos serviços prestados e outros encargos a suportar pelos clientes.
2 - Em particular, no âmbito da concessão de crédito ao consumo, as instituições autorizadas a
conceder crédito prestam ao cliente, antes da celebração do contrato de crédito, as
informações adequadas, em papel ou noutro suporte duradouro, sobre as condições e o custo
total do crédito, as suas obrigações e os riscos associados à falta de pagamento, bem como
asseguram que as empresas que intermedeiam a concessão do crédito prestam aquelas
informações nos mesmos termos.
3 - Para garantir a transparência e a comparabilidade dos produtos oferecidos, as informações
referidas no número anterior devem ser prestadas ao cliente na fase pré-contratual e devem
contemplar os elementos caracterizadores dos produtos propostos, nomeadamente incluir a
respetiva taxa anual de encargos efetiva global, indicada através de exemplos que sejam

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representativos.
4 - O Banco de Portugal regulamenta, por aviso, os requisitos mínimos que as instituições de
crédito devem satisfazer na divulgação ao público das condições em que prestam os seus
serviços.
5 - Os contratos celebrados entre as instituições de crédito e os seus clientes devem conter
toda a informação necessária e ser redigidos de forma clara e concisa.
6 - O Banco de Portugal estabelece, por aviso, regras imperativas sobre o conteúdo dos
contratos entre instituições de crédito e os seus clientes, tendo em vista garantir a
transparência das condições de prestação dos correspondentes serviços.
7 - A violação dos deveres previstos neste artigo constitui contraordenação punível nos termos
da alínea h) do artigo 210.º do presente Regime Geral.
8 - As instituições de crédito ficam obrigadas a enviar anualmente, no mês de janeiro, uma
fatura-recibo, sem qualquer custo, discriminando todas as comissões e despesas associadas a
conta de depósito à ordem suportadas no ano civil anterior, ao seu respetivo titular.
9 - A fatura-recibo referida no número anterior designa uma declaração global recapitulativa de
todas as comissões e despesas associadas a conta de depósito à ordem, não prejudicando as
obrigações de faturação e declarativas previstas na legislação fiscal.
10 - A fatura-recibo prevista no n.º 8 deve conter as seguintes informações:
a) A comissão unitária cobrada por cada serviço e o número de vezes que o serviço foi
utilizado durante o período abrangido e, nos casos em que os serviços estejam combinados
num pacote, a comissão cobrada pelo pacote, o número de vezes que a comissão
correspondente ao pacote de serviços foi cobrada durante o período abrangido e a comissão
adicional cobrada por qualquer serviço que ultrapasse a quantidade abrangida pela comissão
do pacote, quando existam;
b) O montante total das comissões cobradas durante o período abrangido para cada serviço,
cada pacote de serviços prestados e qualquer serviço que ultrapasse a quantidade abrangida
pela comissão do pacote;
c) A taxa de juro aplicada à facilidade de descoberto ou à ultrapassagem de crédito associada
à conta de pagamento e o montante total dos juros cobrados relativamente ao saldo a
descoberto durante o período abrangido, sempre que aplicável;
d) A taxa de juro remuneratória aplicada à conta de pagamento e o montante total dos juros
auferidos durante o período abrangido, sempre que aplicável;
e) O montante total das comissões cobradas para todos os serviços prestados durante o
período abrangido.
11 - A fatura-recibo prevista no n.º 8 deve, ainda, obedecer às seguintes características:
a) Ter uma apresentação e disposição claras, que facilite a leitura, com carateres de tamanho
legível;
b) Adotar o formato de apresentação normalizado e o símbolo comum, estabelecido nas
normas técnicas de execução adotadas pela Comissão Europeia;
c) Ser exato, não induzir em erro e encontrar-se expresso na moeda da conta de pagamento
ou, se o consumidor e o prestador de serviços de pagamento assim tiverem acordado, noutra
moeda;
d) Conter o título «extrato de comissões» no topo da primeira página, junto de um símbolo
comum, de forma a permitir a sua distinção de qualquer outra documentação;
Artigo 77.º-E Deveres especiais na comercialização ao retalho de produtos e
instrumentos financeiros pelas instituições de crédito
1 - No âmbito da comercialização ao retalho de produtos e instrumentos financeiros, quer os
mesmos tenham sido criados e instruídos por si ou por outra instituição de crédito, as
instituições de crédito, antes da celebração do respetivo contrato ou subscrição do produto,
prestam ao cliente todas as informações adequadas, em papel ou noutro suporte duradouro,
sobre as condições, os custos, encargos e todos os riscos associados ao produto,
nomeadamente quanto à rentabilidade do mesmo e o nível de perdas que podem ocorrer.
2 - Para garantir a transparência e a comparabilidade dos produtos oferecidos, as informações
referidas no número anterior devem ser prestadas ao cliente na fase pré-contratual e devem
contemplar os elementos caracterizadores dos produtos propostos, a entidade emitente e
todas as informações relevantes, para a tomada de decisão por parte do cliente.
3 - O Banco de Portugal pode, através de aviso, emitir as normas regulamentares necessárias
à concretização do disposto no presente artigo.
4 - Sem prejuízo do recurso a outros instrumentos de supervisão, o Banco de Portugal pode
ordenar a suspensão da comercialização ao retalho de produtos e instrumentos financeiros
sempre que as instituições de crédito não cumpram o disposto nos números anteriores.

O dever de segredo bancário (PP: 469) – artigos 78.º a 84.º, do RGICSF

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Uma outra regra de conduta que esta sujeita à supervisão


comportamental, é o segredo bancário, este sempre foi entendido como uma
sub modalidade do segredo profissional. Esta matéria encontra-se no nosso
ordenamento jurídico consignada nos artigos 78.º a 84.º, RGICSF, no qual são
enunciados os sujeitos activos e os sujeitos passivos, nº 1, artigo 78.º,
RGICSF; o seu objecto, nº 2, artigo 78.º, RGICSF; a duração da sujeição ao
dever de segredo por parte das autoridades de supervisão e de quem quer que
com elas colabore, seja a que título for, artigo 80.º, RGICSF; a conformação
do dever de segredo de no âmbito da cooperação com outras entidades
revestidas de autoridade pública, nacionais ou comunitárias, artigo 81.º,
RGICSF; a conformação do mesmo dever no âmbito da cooperação com
países terceiros, artigo 82.º, RGICSF; a adequação dos sistemas de
informações sobre riscos ao dever de segredo, artigo 83.º, RGICSF; e a
cominação das sanções aplicáveis à sua violação, onde pretendeu sujeitar
esse dever a outras sanções além da prevista no Código Penal, no caso do
segredo bancário, há ainda lugar sanções que derivam, artigo 84.º, RGICSF e
artigos 210.º, e SS, a prepósito das contravenções. As sanções que por um
lado, com as coimas do artigo 210.º,alínea m), para além da coima, pode
haver lugar a um agravamento da coima, outras sanções acessórias nos
termos a alinea a)m artigo 212.º, RGICSF.
Artigo 84.º Violação do dever de segredo
Sem prejuízo de outras sanções aplicáveis, a violação do dever de segredo é punível nos
termos do Código Penal.

SECÇÃO II Ilícitos em especial


Artigo 210.º Coimas
São puníveis com coima de (euro) 3000 a (euro) 1 500 000 e de (euro) 1000 a (euro) 500 000,
consoante seja aplicada a ente coletivo ou a pessoa singular, as infrações adiante referidas:
a) O exercício de atividade com inobservância das normas sobre registo no Banco de Portugal;
b) A violação das normas relativas à subscrição ou à realização do capital social, quanto ao
prazo, montante e forma de representação;
c) A infração às regras sobre o uso de denominações constantes dos artigos 11.º e 46.º;
d) A inobservância de relações e limites prudenciais determinados por lei ou pelo Ministro das
Finanças ou pelo Banco de Portugal no exercício das respetivas atribuições;
e) A omissão, nos prazos legais, de publicações obrigatórias;
f) A inobservância das normas e procedimentos contabilísticos determinados por lei ou pelo
Banco de Portugal, quando dela não resulte prejuízo grave para o conhecimento da situação
patrimonial e financeira da entidade em causa;
g) A violação de regras e deveres de conduta previstos neste Regime Geral ou em diplomas
complementares que remetam para o seu regime sancionatório, bem como o não acatamento
das determinações específicas emitidas pelo Banco de Portugal para assegurar o respetivo
cumprimento;
h) A violação dos deveres de informação previstos no artigo 77.º;
i) A omissão de informações e comunicações devidas ao Banco de Portugal, nos prazos
estabelecidos, e a prestação de informações incompletas;
j) (Revogada.)
l) A violação das normas sobre registo de operações constantes do n.º 3 do artigo 118.º-A;

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m) As violações dos preceitos imperativos do presente Regime Geral e da legislação


específica, incluindo a legislação da União Europeia, que rege a atividade das instituições de
crédito e das sociedades financeiras, não previstas nas alíneas anteriores e no artigo seguinte,
bem como dos regulamentos emitidos em cumprimento ou para execução dos referidos
preceitos.

Artigo 212.º Sanções acessórias


1 - Conjuntamente com as coimas previstas nos artigos 210.º e 211.º, podem ser aplicadas aos
responsáveis por qualquer infração as seguintes sanções acessórias:
a) Perda do benefício económico retirado da infração;
b) Perda do objeto da infração e de objetos pertencentes ao agente relacionados com a prática
da infração;
c) Publicação da decisão definitiva ou transitada em julgado;
d) Quando o arguido seja pessoa singular, a inibição do exercício de cargos sociais e de
funções de administração, gerência, direção ou chefia em quaisquer entidades sujeitas à
supervisão do Banco de Portugal, por um período de seis meses a três anos, nos casos do
artigo 210.º, ou de um a 10 anos, nos casos do artigo 211.º;
e) Suspensão do exercício do direito de voto atribuído aos titulares de participações sociais em
quaisquer entidades sujeitas à supervisão do Banco de Portugal, por um período de um a 10
anos.
2 - A publicação a que se refere a alínea c) do número anterior é efetuada, na íntegra ou por
extrato, a expensas do infrator, num local idóneo para o cumprimento das finalidades de
proteção dos clientes e do sistema financeiro, designadamente num jornal nacional, regional
ou local, consoante o que, no caso, se afigure mais adequado.
CAPÍTULO III Segredo profissional
Artigo 78.º Dever de segredo
1 - Os membros dos órgãos de administração ou fiscalização das instituições de crédito, os
seus colaboradores, mandatários, comissários e outras pessoas que lhes prestem serviços a
título permanente ou ocasional não podem revelar ou utilizar informações sobre factos ou
elementos respeitantes à vida da instituição ou às relações desta com os seus clientes cujo
conhecimento lhes advenha exclusivamente do exercício das suas funções ou da prestação
dos seus serviços.
2 - Estão, designadamente, sujeitos a segredo os nomes dos clientes, as contas de depósito e
seus movimentos e outras operações bancárias.
3 - O dever de segredo não cessa com o termo das funções ou serviços.

O dever de segredo incide sobre duas vertentes fundamentais, a


primeira que é a mais notória que tem a ver com a vida os clientes e por outro
lado, com a vida da própria entidade bancária. Apresenta-se o dever de
segredo com uma amplitude objetiva e como uma amplitude subjetiva de
noção, artigo 78.º, RGICSF. Na amplitude objetiva, no relacionamento com os
clientes, em bom rigor esta sujeito ao dever de segredo, tudo o que tenha a ver
com a vida dos clientes e com a vida da instituição bancária. Quer ao nível
subjetivo, não são só certas entidades que estão sujeitas ao dever de segredo,
são todas e quaisquer entidades que se relacionem com as entidades
bancárias, que não o podem revelar, estão sujeitos a esse dever qualquer
pessoa que tenha uma relação profissional com as entidades bancárias. O
dever de segredo, continua sempre independentemente da cessação dos
serviços ou da relação profissional.

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A sujeição ao dever de segredo tem exceções – artigo 79.º, RGICSF,


a primeira execeção deriva a de o cliente autorizar que esses elementos sejam
autorizados, cessa o dever de segredo. Tudo o resto integram a sujeiçaõ do
dever de segredo não pode ser causa justificativa de não ser prestadi, nos
termos do nº 2 do artigo 79.º, RGICSF, quando o Banco de Portugal solicita
essas informações, ao Fundo de Garantias de Depósitos.
O dever de segredo do Banco de Portugal, não pode revelar
informações e envolve todos aqueles que no âmbito de qualquer relação com
este – artigo 80.º, RGICSF.
Por outro lado o artigo 81.º, do RGICSF, prevê a não sujeição ao dever
de segredo. Já quanto à cooperação com países terceiros, com o que diz
respeito à partilha de informação dos Estados-Membros da União Europeia, de
acordo com os mecanismos que vem a ser desenvolvidos, permite ter a
garantia e estão sujeitas aos mesmos deveres e regras, e dai resulta que se
abra uma facilidade maior no âmbito da cooperação. No artigo 82.º, RGICSF,
estes acordãos de cooperação só podem ser celebrados quanto a informações
que gozem de uma proteção de segredo igual ao similiar no ordenamento
português. Existe um sistema de informações reciprocas, relativamente aos
riscos de crédito e para as garantias de crédito. A entidade bancária, tem meio
de obter informações do cliente, tem a ver com a garantia do sistema, e tem a
ver com o facto de as instituições asseguarem essas garantias.
Artigo 79.º Exceções ao dever de segredo
1 - Os factos ou elementos das relações do cliente com a instituição podem ser revelados
mediante autorização do cliente, transmitida à instituição.
2 - Fora do caso previsto no número anterior, os factos e elementos cobertos pelo dever de
segredo só podem ser revelados:
a) Ao Banco de Portugal, no âmbito das suas atribuições;
b) À Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, no âmbito das suas atribuições;
c) À Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, no âmbito das suas
atribuições;
d) Ao Fundo de Garantia de Depósitos, ao Sistema de Indemnização aos Investidores e ao
Fundo de Resolução, no âmbito das respetivas atribuições;
e) Às autoridades judiciárias, no âmbito de um processo penal;
f) Às comissões parlamentares de inquérito da Assembleia da República, no estritamente
necessário ao cumprimento do respetivo objeto, o qual inclua especificamente a investigação
ou exame das ações das autoridades responsáveis pela supervisão das instituições de crédito
ou pela legislação relativa a essa supervisão;
g) À administração tributária, no âmbito das suas atribuições;
h) Quando exista outra disposição legal que expressamente limite o dever de segredo.
3 - (Revogado.)
Artigo 80.º Dever de segredo do Banco de Portugal
1 - As pessoas que exerçam ou tenham exercido funções no Banco de Portugal, bem como as
que lhe prestem ou tenham prestado serviços a título permanente ou ocasional, ficam sujeitas
a dever de segredo sobre factos cujo conhecimento lhes advenha exclusivamente do exercício
dessas funções ou da prestação desses serviços e não poderão divulgar nem utilizar as
informações obtidas.
2 - Os factos e elementos cobertos pelo dever de segredo só podem ser revelados mediante

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autorização do interessado, transmitida ao Banco de Portugal, ou nos termos previstos na lei


penal e de processo penal.
3 - Fica ressalvada a divulgação de informações confidenciais relativas a instituições de crédito
no âmbito da aplicação de medidas de intervenção corretiva ou de resolução, da nomeação de
uma administração provisória ou de processos de liquidação, exceto tratando-se de
informações relativas a pessoas que tenham participado na recuperação ou reestruturação
financeira da instituição.
4 - É lícita, designadamente para efeitos estatísticos, a divulgação de informação em forma
sumária ou agregada e que não permita a identificação individualizada de pessoas ou
instituições.
5 - Fica igualmente ressalvada do dever de segredo a comunicação a outras entidades pelo
Banco de Portugal de dados centralizados, nos termos da legislação respetiva.
Artigo 81.º Cooperação com outras entidades
1 - O disposto nos artigos anteriores não obsta, igualmente, a que o Banco de Portugal troque
informações com a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a Autoridade de Supervisão
de Seguros e Fundos de Pensões, a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, o Conselho
Nacional de Supervisores Financeiros, com autoridades, organismos e pessoas que exerçam
funções equivalentes às destas entidades em outro Estado-Membro da União Europeia e ainda
com as seguintes entidades igualmente pertencentes a um Estado-Membro da União Europeia:
a) Organismos encarregados da gestão dos sistemas de garantia de depósitos ou de proteção
dos investidores, quanto às informações necessárias ao cumprimento das suas funções;
b) Entidades intervenientes em processos de liquidação de instituições de crédito, de
sociedades financeiras, de instituições financeiras e autoridades com competência de
supervisão sobre aquelas entidades;
c) Pessoas encarregadas do controlo legal das contas e auditores externos de instituições de
crédito, de sociedades financeiras, de empresas de seguros, de instituições financeiras, e
autoridades com competência de supervisão sobre aquelas pessoas;
d) Autoridades de supervisão e de resolução dos Estados-Membros da União Europeia, quanto
às informações necessárias ao exercício, respetivamente, das funções de supervisão e
resolução de instituições de crédito e instituições financeiras;
e) (Revogada.)
f) Bancos centrais do Sistema Europeu de Bancos Centrais e outros organismos com uma
função similar na sua qualidade de autoridades monetárias, caso as informações sejam
relevantes para o exercício das respetivas tarefas legais, nomeadamente a aplicação da
política monetária e a correspondente provisão de liquidez, a fiscalização dos sistemas de
pagamento, compensação e liquidação e a salvaguarda da estabilidade do sistema financeiro;
g) Outras autoridades com competências para a supervisão dos sistemas de pagamentos;
h) Organismos responsáveis pela manutenção da estabilidade do sistema financeiro na
vertente macroprudencial;
i) Organismos responsáveis por reestruturações destinadas a preservar a estabilidade do
sistema financeiro;
j) Sistemas de proteção institucional a que se refere o n.º 7 do artigo 113.º do Regulamento
(UE) n.º 575/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013, e as
autoridades responsáveis pela sua supervisão;
k) Entidades responsáveis pela aplicação, pelo acompanhamento e pelo financiamento de
medidas de resolução e de recapitalização;
l) Câmaras de compensação ou qualquer outro organismo semelhante reconhecido pela lei
nacional para garantir serviços de compensação ou de liquidação de contratos num dos
respetivos mercados nacionais.
2 - O Banco de Portugal pode igualmente trocar informações com as seguintes entidades caso
tais informações sejam relevantes para o exercício das respetivas atribuições:
a) A Autoridade Bancária Europeia, quanto às informações previstas nas diretivas europeias
relevantes e no Regulamento (UE) n.º 1093/2010 do Parlamento Europeu e do Conselho, de
24 de novembro de 2010;
b) O Comité Europeu do Risco Sistémico, nos termos do disposto no Regulamento (UE) n.º
1092/2010, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de novembro de 2010;
c) A Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados, nos termos das diretivas
europeias relevantes e do Regulamento (UE) n.º 1095/2010, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 24 de novembro de 2010;
d) A Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares de Reforma, criada pelo
Regulamento (UE) n.º 1094/2010, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de novembro
de 2010.
e) O membro do Governo responsável pela área das finanças, quando a troca dessas
informações esteja relacionada com a aplicação de medidas de resolução, bem como quando

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respeite a uma decisão ou matéria que exija, nos termos da lei, a notificação ou consulta
daquele membro do Governo ou possa implicar a utilização de fundos públicos.
f) A administração tributária, no âmbito das suas atribuições.
g) As comissões parlamentares de inquérito da Assembleia da República, no estritamente
necessário ao cumprimento do respetivo objeto;
h) A Assembleia da República nos estritos termos previstos em regime legal especial de
transparência e escrutínio de operações de capitalização, resolução, nacionalização ou
liquidação de instituições de crédito com recurso, direto ou indireto, a fundos públicos.
3 - O Banco de Portugal pode trocar informações, no âmbito de acordos de cooperação que
haja celebrado, com autoridades de supervisão de Estados que não sejam membros da União
Europeia, em regime de reciprocidade, quanto às informações necessárias à supervisão, em
base individual ou consolidada, das instituições de crédito com sede em Portugal e das
instituições de natureza equivalente com sede naqueles Estados.
4 - O Banco de Portugal pode ainda trocar informações com autoridades, organismos e
pessoas que exerçam funções equivalentes às das autoridades mencionadas no proémio do
n.º 1 e nas alíneas a) a c), f) e g) do mesmo número em países não membros da União
Europeia, devendo observar-se o disposto no número anterior.
5 - Ficam sujeitas a dever de segredo todas as autoridades, organismos e pessoas que
participem nas trocas de informações referidas nos números anteriores.
6 - As informações recebidas pelo Banco de Portugal nos termos das disposições relativas a
troca de informações só podem ser utilizadas:
a) Para exame das condições de acesso à atividade das instituições de crédito e das
sociedades financeiras;
b) Para supervisão, em base individual ou consolidada, da atividade das instituições de crédito,
nomeadamente quanto a liquidez, solvabilidade, grandes riscos e demais requisitos de
adequação de fundos próprios, organização administrativa e contabilística e controlo interno;
c) Para aplicação de sanções;
d) No âmbito de ações judiciais que tenham por objeto decisões tomadas pelo membro do
Governo responsável pela área das finanças ou pelo Banco de Portugal no exercício das suas
funções de supervisão e regulação;
e) Para efeitos da política monetária e do funcionamento ou supervisão dos sistemas de
pagamento;
f) Para assegurar o funcionamento correto dos sistemas de compensação em caso de
incumprimento, ainda que potencial, por parte dos intervenientes nesse mercado.
g) No âmbito de inquéritos parlamentares cujo objeto inclua especificamente a investigação ou
exame das ações das autoridades responsáveis pela supervisão das instituições de crédito ou
pela legislação relativa a essa supervisão.
7 - O Banco de Portugal só pode comunicar informações que tenha recebido de entidades de
outro Estado-Membro da União Europeia ou de países não membros com o consentimento
expresso dessas entidades e, se for o caso, exclusivamente para os efeitos autorizados.
Artigo 82.º Cooperação com países terceiros
Os acordos de cooperação referidos no n.º 3 do artigo 81.º só podem ser celebrados quando
as informações a prestar beneficiem de garantias de segredo pelo menos equivalentes às
estabelecidas no presente Regime Geral e tenham por objetivo o desempenho de funções de
supervisão que estejam cometidas às entidades em causa.

Conflito de interesses (PP: 474)


Uma outra regra de conduta tem a ver com o conflito de interesses –
artigo 85.º e SS, RGICSF, segundo a dupla perspectiva das operações de
crédito a membros dos órgãos sociais e das operações de outra natureza, ou
seja, pretende-se salvaguardar a não confusão entre os interesses dos
membros de administração ou fiscalização das entidades bancárias, ou dos
interesses da instituição ou de outras entidades que os órgãos da
administração ou fiscalização que tenham relação indireta. Significa que a

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

preocupação foi desde logo, a de garantir que não havia mistura entre os
interesses dos órgãos da administração e dos interesses da própria instituição.

CAPÍTULO IV Conflitos de interesses


Artigo 85.º Crédito a membros dos órgãos sociais
1 - Sem prejuízo do disposto nos n.os 6 e 7, as instituições de crédito não podem conceder
crédito, sob qualquer forma ou modalidade, incluindo a prestação de garantias, quer direta
quer indiretamente, aos membros dos seus órgãos de administração ou fiscalização, nem a
sociedades ou outros entes coletivos por eles direta ou indiretamente dominados.
2 - Presume-se o caráter indireto de concessão de crédito quando o beneficiário seja cônjuge,
unido de facto, parente ou afim em 1.º grau de algum membro dos órgãos de administração ou
fiscalização ou uma sociedade direta ou indiretamente dominada por alguma ou algumas
daquelas pessoas, podendo tal presunção ser ilidida antes da concessão do crédito, perante o
conselho de administração da respetiva instituição de crédito, a quem cabe tal verificação,
sujeita a comunicação prévia ao Banco de Portugal, nos termos de procedimento a definir por
instrução.
3 - Para os efeitos deste artigo, é equiparada à concessão de crédito aquisição de partes de
capital em sociedades ou outros entes coletivos referidos nos números anteriores.
4 - Ressalvam-se do disposto nos números anteriores, as operações de caráter ou finalidade
social ou decorrentes da política de pessoal, bem como o crédito concedido em resultado da
utilização de cartões de crédito associados à conta de depósito, em condições similares às
praticadas com outros clientes de perfil e risco análogos.
5 - (Revogado.)
6 - O Banco de Portugal pode determinar a aplicação do artigo 109.º aos membros de outros
órgãos que considere exercerem funções equiparáveis e às sociedades ou outros entes
coletivos por eles dominados.
7 - O disposto nos n.os 1 a 4 não se aplica às operações de concessão de crédito de que
sejam beneficiárias instituições de crédito, sociedades financeiras ou sociedades gestoras de
participações sociais que se encontrem incluídas no perímetro de supervisão em base
consolidada a que esteja sujeita a instituição de crédito em causa, nem às sociedades gestoras
de fundos de pensões, empresas de seguros, corretoras e outras mediadoras de seguros que
dominem ou sejam dominadas por qualquer entidade incluída no mesmo perímetro de
supervisão.
8 - Os membros do órgão de administração ou fiscalização de uma instituição de crédito não
podem participar na apreciação e decisão de operações de concessão de crédito a sociedades
ou outros entes coletivos não incluídos no n.º 1 de que sejam gestores ou em que detenham
participações qualificadas, bem como na apreciação e decisão dos casos abrangidos pelo n.º
7, exigindo-se em todas estas situações a aprovação por maioria de pelo menos dois terços
dos restantes membros do órgão de administração e o parecer favorável do órgão de
fiscalização.
9 - As operações realizadas ao abrigo do disposto neste artigo, no que a beneficiários e
montantes se refere, são discriminados no relatório anual da instituição de crédito em causa.

08.06.2020 – SEGUNDA - FEIRA


Conflito de interesses (manual: 474)
As manifestações das normas de conduta dos Bancos manifestam-se no
segredo de justiça, conflito de interesses e defesa da concorrência.
Os conflitos de interesse integram o crédito a membros dos órgãos
sociais e operações de outra natureza, o interesse da sociedade comercial que
é o interesse dos sócios e a busca de obtenção de lucros, porque
fundamentalmente temos o interesse da sociedade comercial e do interesse de
quem a gere, o interesse da Sociedade Comercial, reflete-se o interesse dos
sócios, já o interesse das pessoas que gerem a sociedade comercial, artigo

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

6.º, CSC. Resulta daqui que um administrador de uma sociedade e prestar uma
garantia de uma sociedade de que é dono, pode estar aqui em causa um
conflito de interesses, é contrário ao fim social, a não ser que haja um, é um
pouco nesta linha de orientação, o RGICSF, decidiu consagrar algumas
normas no artigo 85.º, RGICSF, esta aqui em causa é evitar que a instituição
de crédito se envolva com situações de conflito, enquanto sociedade comercial
e que se rege pelas mesmas regras. O artigo 86.º A, RGICSF, consigna os
mecanismos organizacionais e administrativos, como os mecanismos de
compliance (desenvolve-se ao nível de todas as sociedades, conjunto de
disciplinas a fim de cumprir e se fazer cumprir as normas legais e
regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para
as atividades da instituição ou empresa, bem como evitar, detectar e tratar
quaisquer desvios ou inconformidades que possam ocorrer), de estrutura da
entidade comercial, quadro de mecanismos que assegura a Sociedade
Comercial em causa cumpre escrupulosamente a atividade a que esta sujeita e
dinamizam os procedimentos que obviem esse incumprimento. São os
mecanismos que a sociedade adota para cumprimento das regras. Essa
própria função dos mecanismos de compliance, conforme resulta do artigo
86.º-B, RGICSF, que vem também incluido no conflito de interesses que tem
a ver com a remuneração das pessoas, de maneira a garantir que o funcionário
bancário previligie sempre o interesse da instituição em detrimento do cliente.
CAPÍTULO IV Conflitos de interesses
Artigo 85.º Crédito a membros dos órgãos sociais
1 - Sem prejuízo do disposto nos n.os 6 e 7, as instituições de crédito não podem conceder
crédito, sob qualquer forma ou modalidade, incluindo a prestação de garantias, quer direta
quer indiretamente, aos membros dos seus órgãos de administração ou fiscalização, nem a
sociedades ou outros entes coletivos por eles direta ou indiretamente dominados.
2 - Presume-se o caráter indireto de concessão de crédito quando o beneficiário seja cônjuge,
unido de facto, parente ou afim em 1.º grau de algum membro dos órgãos de administração ou
fiscalização ou uma sociedade direta ou indiretamente dominada por alguma ou algumas
daquelas pessoas, podendo tal presunção ser ilidida antes da concessão do crédito, perante o
conselho de administração da respetiva instituição de crédito, a quem cabe tal verificação,
sujeita a comunicação prévia ao Banco de Portugal, nos termos de procedimento a definir por
instrução.
3 - Para os efeitos deste artigo, é equiparada à concessão de crédito aquisição de partes de
capital em sociedades ou outros entes coletivos referidos nos números anteriores.
4 - Ressalvam-se do disposto nos números anteriores, as operações de caráter ou finalidade
social ou decorrentes da política de pessoal, bem como o crédito concedido em resultado da
utilização de cartões de crédito associados à conta de depósito, em condições similares às
praticadas com outros clientes de perfil e risco análogos.
5 - (Revogado.)
6 - O Banco de Portugal pode determinar a aplicação do artigo 109.º aos membros de outros
órgãos que considere exercerem funções equiparáveis e às sociedades ou outros entes
coletivos por eles dominados.
7 - O disposto nos n.os 1 a 4 não se aplica às operações de concessão de crédito de que
sejam beneficiárias instituições de crédito, sociedades financeiras ou sociedades gestoras de
participações sociais que se encontrem incluídas no perímetro de supervisão em base

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

consolidada a que esteja sujeita a instituição de crédito em causa, nem às sociedades gestoras
de fundos de pensões, empresas de seguros, corretoras e outras mediadoras de seguros que
dominem ou sejam dominadas por qualquer entidade incluída no mesmo perímetro de
supervisão.
8 - Os membros do órgão de administração ou fiscalização de uma instituição de crédito não
podem participar na apreciação e decisão de operações de concessão de crédito a sociedades
ou outros entes coletivos não incluídos no n.º 1 de que sejam gestores ou em que detenham
participações qualificadas, bem como na apreciação e decisão dos casos abrangidos pelo n.º
7, exigindo-se em todas estas situações a aprovação por maioria de pelo menos dois terços
dos restantes membros do órgão de administração e o parecer favorável do órgão de
fiscalização.
9 - As operações realizadas ao abrigo do disposto neste artigo, no que a beneficiários e
montantes se refere, são discriminados no relatório anual da instituição de crédito em causa.
Artigo 86.º-A Mecanismos organizacionais e administrativos
1 - As instituições de crédito devem dispor de mecanismos organizacionais e administrativos
adequados à natureza, escala e complexidade da sua atividade que possibilitem, de forma
eficaz, a identificação de possíveis conflitos de interesses, a adoção de medidas adequadas a
evitar ou a reduzir ao mínimo o risco da sua ocorrência e a adoção de medidas razoáveis
destinadas a evitar que, verificada uma situação de conflito de interesses, os interesses dos
seus clientes sejam prejudicados.
2 - Caso verifiquem, com um grau de certeza razoável, que os mecanismos organizacionais e
administrativos adotados são insuficientes para evitar riscos de prejuízo para os interesses do
cliente, as instituições de crédito devem, em momento prévio ao da aquisição de produtos ou
serviços por parte do cliente, prestar-lhe informação clara e precisa sobre a origem e a
natureza dos conflitos de interesses em causa e, bem assim, sobre as medidas adotadas para
mitigar os riscos identificados.
3 - A informação a prestar nos termos do número anterior deve ser transmitida através de
documento em papel ou noutro suporte duradouro e deve ser suficientemente detalhada para
permitir, tendo em conta a natureza do cliente, que este tome uma decisão informada.
4 - Os mecanismos organizacionais e administrativos a implementar pelas instituições de
crédito nos termos previstos nos números anteriores devem possibilitar a identificação, a
prevenção ou a mitigação de situações de conflito entre os interesses dos clientes e os das
instituições de crédito, incluindo os dos titulares dos seus órgãos sociais, colaboradores,
pessoas que lhes prestem serviços a título permanente ou ocasional e quaisquer sociedades
que com elas estejam em relação de domínio ou de grupo, ou entre os interesses de diferentes
clientes que surjam ou possam surgir, designadamente os que decorram ou possam decorrer
da aceitação de incentivos de terceiros, da própria remuneração da instituição de crédito e
demais estruturas de incentivos.
Artigo 86.º-B Remuneração e avaliação do pessoal
1 - As instituições de crédito devem definir uma política de remuneração e de avaliação de
desempenho para as pessoas singulares que têm contacto direto com clientes bancários no
âmbito da comercialização de depósitos e produtos de crédito e, bem assim, das pessoas
singulares que, direta ou indiretamente, estão envolvidas na gestão ou supervisão daquelas
pessoas.
2 - A política de remuneração e de avaliação das pessoas referidas no número anterior não
pode prejudicar a sua capacidade para atuar no interesse dos clientes, devendo, em particular,
assegurar que as medidas relativas a remuneração, objetivos de vendas ou de outro tipo não
são suscetíveis de incentivar as pessoas em causa a privilegiar os seus próprios interesses ou
os interesses das instituições de crédito em detrimento dos interesses dos clientes.
3 - As instituições de crédito avaliam, com periodicidade mínima anual, a política de
remuneração, adotando, sempre que necessário, as medidas que se mostrem adequadas a
assegurar que a mesma tem em devida consideração os direitos e interesses dos clientes e
não cria incentivos para que os interesses dos clientes sejam prejudicados.

A defesa da concorrência (PP: 475)


A regulação das matéria da defesa da concorrência, vem consignada nos
capítulo v, nos artigos 87.º e 88.º, RGICSF, que encerra o título dedicado à
supervisão comportamental

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A defesa da concorrência tem a ver fundamentalmente, com as regras


de conduta que visam acautelar como as entidades Bancárias se relacionam
com os seus clientes e umas com as outras, nos termos, artigo 87.º, RGICSF,
em que o nº 2, dá-nos uma indicação de matérias que podiam ser indiciadoras
de violação. O RGICSF se limitou, no seu essencial, a reiterar a sujeição do
exercício da actividade das instituições de crédito, e das suas associações
empresariais, à legislação das defesa da concorrência, nos termos nº 1, artigo
87.º, RGICSF, determinando não serem consideradas restritivas da
concorrência os acordos legítimos entre as instituições de crédito e as práticas
concertadas que tenham por objecto as operações de participação em
emissões de créditos e colocações de valores imobiliários ou instrumentos
equiparados; concessão de créditos ou outros apoios financeiros de elevado
montante a uma empresa ou a um conjunto de empresas. De todo modo, existe
uma colaboração entre o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de
Valores Mobiliários, juntamente com a Autoridade da Concorrência, no que
dispõe o artigo 88.º, RGICSF, em relação aos processos instaurados por
práticas restritivas da concorrência imputáveis a instituições de crédito ou suas
associações empresariais, é obrigatoriamente solicitado e enviado à Autoridade
da Concorrência o parecer emitido pelo Banco de Portugal, e se estiver em
causa o exercício da actividade de intermediação de instrumentos financeiros,
terá de ser emitido parecer da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

No nº 3, deste artigo, esta em causa os usos e prática bancárias


assumem aqui um papel de revelo que não violem os principios gerais, esses
bons usos são aceites em função do filtro pelas regras da boa concorrência. É
evidente que a matéria de que a lei nº 147/2015, de 09.09, é o diploma para o
setor segurador, é o diploma correspondente e equivalente no que diz respeito
ao plano segurdor, no que diz respeito ao RGICSF ao setor bancário.
A partir de 2018, foi a acrescentado um novo capítulo – artigos 90.º, e SS
do RGICSF, mais uma vez que isto esta em linha direta com as linhas de
compliance, partilhando procedimentos com preocupações fundamentais as
instituições de crédito possuirem arquivos, por outro lado, as obrigações de
depósitos de crédito, portanto em qualquer uma das vertentes foi colocado o
assento tónico nos interesses do cliente, de modo a que os produtos estejam
de acordo com o perfil de risco e informações dos clientes. O cliente bonnes

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

parter familia, ou seja, o cidadão comum, a primeira informação que leva é em


conta é do seu gestor de conta e por vezes levo-nos a comprar gato por lebre.
CAPÍTULO V Defesa da concorrência
Artigo 87.º Defesa da concorrência
1 - A atividade das instituições de crédito, bem como a das suas associações empresariais,
está sujeita à legislação da defesa da concorrência.
2 - Não se consideram restritivos da concorrência os acordos legítimos entre instituições de
crédito e as práticas concertadas que tenham por objeto as operações seguintes:
a) Participação em emissões e colocações de valores mobiliários ou instrumentos equiparados;
b) Concessão de créditos ou outros apoios financeiros de elevado montante a uma empresa ou
a um conjunto de empresas.
3 - Na aplicação da legislação da defesa da concorrência às instituições de crédito e suas
associações empresariais ter-se-ão sempre em conta os bons usos da respetiva atividade,
nomeadamente no que respeite às circunstâncias de risco ou solvabilidade.

15.06.2020 – SEGUNDA – FEIRA


Os deveres de contratação (PP: 476)
Há uma matéria que não vem consagrada na lei, incide sobre as
situações de incumprimento dos bancos com os seus clientes. Os bancos tem
o dever de contratar com os clientes ou não? Aparentemente nas
operações ativas (de crédito) o Banco não é obrigado a contratar. O banco
opera também com operações passivas (depósitos a prazo destinado a
totalidade da clientela) e neutras. Isto leva-nos, as operações bancárias
dividem-se em: as operações ativas, são aquelas em que o banco fica obrigado
a prestar um serviço; as operações passiva, a concessão de crédito; e as
operações neutrais, a prestação de garantias. O que alguma doutrina refere-
nos é que a relação que cada banco estabelece com o seu cliente é vista numa
perspetiva de longividade, quando se trata de operações financeiras, o que
signifca, que as relações do banco com os seus clientes visa dois objetivos
essenciais: visa se manter no tempo; em cada momento se manter a
concretização dos negócios. Nas operações ativas, na perspetiva do professor
António Ferreira, o Banco não tem qualquer obrigação de contratar, é uma
conclusão assumida por todos os autores. No contexto de uma relação
negocial já mantida ao longo do tempo, a recusa de contratar operações
passivas e operações neutras, haverá a possibilidade de recusar a contratação,
desde que o Banco fundamente as razões da recusa. Isto porque aquele banco
e aquele cliente estabeleceram ao longo do tempo a concretização dos
negócios nos interesses da instituição bancária e do seu cliente.
Em síntese: quanto aos deveres de contratação, em principio o Banco
não tem obrigação de contratar nas operações de crédito, em relação aos
clientes já existentes pode recusar-se a contratar justificando as suas razões,

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

no caso de novos clientes ai poderá haver apenas a aferição do cumprimento


das regras que são estabelecidas para realizar a operação. Daí advém os
serviços mínimos bancários, são instituições de crédito que aceitaram os
clientes com fracos recursos económicos e que não tem capacidade para ter
uma conta no Banco, e desde logo tem acesso a mecanismo especificos de
acesso aos serviços minimos bancários. A criação dos serviços mínimos
bancários, significa a tentativa de garantir a todas as pessoas que
independentemente da sua situação económica, todas as pessoas tem o direito
a aceder ao sistema bancária e beneficiar dos beneficios e vantagens dos
serviços bancários. No entanto, existe uma determinada parte da população,
que não tem a possibilidade de manter uma conta bancária, decidiu criar um
serviço intermédia que são os serviços mínimos bancários, que tem um custo
reduzido de manutenção da conta. Os bancos são estabelecimentos que tem a
sua porta aberta ao público, oferecem os seus serviços, produtos financeiros
aos seus clientes e que deve ser garantida sem qualquer reserva.

Dever de prestação de serviços (PP: 493)


É um dever que decorre do próprio enunciado das regras de conduta –
artigo 73.º, 74.º e 75.º, RGICSF. Este enunciado de deveres tem como
pressuposto, os Bancos estão obrigados ou sujeitos a estes deveres, em todas
as atividades que exerçam: na prestação dos serviços e dos produtos
financeiros. O dever de prestação de serviços é motivo essencial do
exercício da atividade bancária. Portanto quando um Banco estabelece uma
relação de negócios com um cliente, significa que lhe esta a disponibilizar uma
panopólia de produtos e serviços financeiros e ao cumprimento de todos dos
deveres especificados na lei. A vertente comportamental da supervisão
bancária numa perspetiva extrinseca.
TÍTULO VI Supervisão comportamental
CAPÍTULO I Regras de conduta
Artigo 73.º Competência técnica
As instituições de crédito devem assegurar, em todas as atividades que exerçam, elevados
níveis de competência técnica, garantindo que a sua organização empresarial funcione com os
meios humanos e materiais adequados a assegurar condições apropriadas de qualidade e
eficiência.
Artigo 74.º Outros deveres de conduta
Os administradores e os empregados das instituições de crédito devem proceder, tanto nas
relações com os clientes como nas relações com outras instituições, com diligência,
neutralidade, lealdade e discrição e respeito consciencioso dos interesses que lhes estão
confiados.
Artigo 75.º Critério de diligência
Os membros dos órgãos de administração das instituições de crédito, bem como as pessoas
que nelas exerçam cargos de direção, gerência, chefia ou similares, devem proceder nas suas

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

funções com a diligência de um gestor criterioso e ordenado, de acordo com o princípio da


repartição de riscos e da segurança das aplicações e ter em conta o interesse dos
depositantes, dos investidores, dos demais credores e de todos os clientes em geral.

Não sai esta matéria


A perspetiva extrínseca – a supervisão prudencial – artigos 91.º e SS, do
RGICSC (manual, PP: 495)
A preocupação tem a ver com a própria estrutura da instituição bancária.
Estamos a referir numa perspetiva intríseca, o Banco visto para dentro, o
Banco deve respeitar um conjunto de regras ditas prudenciais que tem uma
finalidade específica de aplicar os fundos de que dispõem de modo a possam
assegurar a todo o tempo os “níveis adequados de liquidez e solvabilidade” nos
termos do artigo 94.º, do RGDICSF. Em suma, este tipo de supervisão é
responsável por avaliar a idoneidade dos gestores de sociedades financeiras e
por assegurar a estabilidade e solvabilidade  destas mesmas sociedades,
contribuindo de igual modo para a estabilidade global de todo o sistema
financeiro. A supervisão prudencial preocupa-se essencialmente com
aspectos do funcionamento interno das sociedades (com a infraestrutura
financeira em que se apoiam), quer tomadas isoladamente (micro) quer em
conjunto (macro).
CAPÍTULO II Normas prudenciais
Artigo 94.º Princípio geral
As instituições de crédito devem aplicar os fundos de que dispõem de modo a assegurar a todo
o tempo níveis adequados de liquidez e solvabilidade.
TÍTULO VII Supervisão prudencial
CAPÍTULO I Princípios gerais
Artigo 91.º Superintendência
1 - A superintendência do mercado monetário, financeiro e cambial, e designadamente a
coordenação da atividade dos agentes do mercado com a política económica e social do
Governo, compete ao Ministro das Finanças.
2 - Quando nos mercados monetário, financeiro e cambial se verifique perturbação que ponha
em grave perigo a economia nacional, poderá o Governo, por portaria conjunta do Primeiro-
Ministro e do Ministro das Finanças, e ouvido o Banco de Portugal, ordenar as medidas
apropriadas, nomeadamente a suspensão temporária de mercados determinados ou de certas
categorias de operações, ou ainda o encerramento temporário de instituições de crédito.
Artigo 92.º Atribuições do Banco de Portugal enquanto Banco Central
1 - Nos termos da sua Lei Orgânica, compete ao Banco de Portugal:
a) Orientar e fiscalizar os mercados monetário e cambial, bem como regular, fiscalizar e
promover o bom funcionamento dos sistemas de pagamento, designadamente no âmbito da
sua participação no Sistema Europeu de Bancos Centrais;
b) Recolher e elaborar as estatísticas monetárias, financeiras, cambiais e da balança de
pagamentos, designadamente no âmbito da sua colaboração com o Banco Central Europeu.
2 - As restantes atribuições do Banco de Portugal conferidas pelo presente Regime Geral não
podem prejudicar a sua independência no exercício das funções de banco central e de
membro do Sistema Europeu de Bancos Centrais.
Artigo 93.º Supervisão
1 - A supervisão das instituições de crédito, das companhias financeiras, das companhias
financeiras mistas, em especial a sua supervisão prudencial, incluindo a da atividade que
exerçam no estrangeiro, incumbe ao Banco de Portugal, de acordo com a sua Lei Orgânica e o
presente Regime Geral.

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2 - O disposto no número anterior não prejudica os poderes de supervisão atribuídos à


Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
3 - O Banco de Portugal deve, no exercício das suas competências, avaliar o impacte potencial
das suas decisões na estabilidade do sistema financeiro de todos os outros Estados-Membros
da União Europeia interessados, especialmente em situações de emergência, com base nas
informações de que, em cada momento, disponha.
4 - No exercício das suas competências, o Banco de Portugal tem em conta a convergência
relativamente aos instrumentos e práticas de supervisão na aplicação da lei e regulamentação
adotadas por força da Diretiva n.º 2013/36/UE e do Regulamento (UE) n.º 575/2013, ambos do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013, nomeadamente no quadro da
participação no Sistema Europeu de Supervisão Financeira.
5 - Para efeitos do disposto no número anterior, o Banco de Portugal:
a) Coopera com as autoridades de supervisão e demais entidades integrantes do Sistema
Europeu de Supervisão Financeira, de acordo com o princípio da cooperação leal previsto no
n.º 3 do artigo 4.º do Tratado da União Europeia, assegurando, em particular, um fluxo
adequado e fiável de informação;
b) Participa nas atividades da Autoridade Bancária Europeia e nos colégios de autoridades de
supervisão;
c) Desenvolve todos os esforços para dar cumprimento às orientações e recomendações
emitidas pela Autoridade Bancária Europeia e para responder aos alertas e recomendações
emitidos pelo Comité Europeu do Risco Sistémico;
d) Coopera de forma estreita com o Comité Europeu do Risco Sistémico.
6 - A prossecução das demais atribuições legais do Banco de Portugal não deve interferir nem
prejudicar o desempenho das suas competências legais de supervisão, designadamente no
âmbito da Autoridade Bancária Europeia ou do Comité Europeu do Risco Sistémico.
Artigo 93.º-A Informação a divulgar
1 - Compete ao Banco de Portugal divulgar as seguintes informações:
a) Os textos dos diplomas legais e regulamentares e as recomendações de caráter geral
adotados em Portugal no domínio prudencial;
b) As opções e faculdades previstas na legislação comunitária que tenham sido exercidas;
c) Os critérios e metodologias gerais utilizados para efeitos do artigo 116.º-A;
d) Dados estatísticos agregados relativos a aspetos fundamentais da aplicação do quadro
prudencial, incluindo o número e a natureza das medidas de supervisão corretivas tomadas
nos termos do n.º 1 do artigo 116.º-C e das medidas impostas nos termos do título XI;
e) Os critérios gerais e as metodologias adotados para verificar o cumprimento dos requisitos
aplicáveis às instituições investidoras e às instituições patrocinadoras previstos nos artigos
405.º a 409.º do Regulamento (UE) n.º 575/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de
26 de junho de 2013;
f) Sem prejuízo do dever de segredo, uma descrição sumária do resultado do exercício de
supervisão e a descrição das medidas impostas nos casos de violação dos requisitos referidos
na alínea anterior, identificados anualmente.
2 - A divulgação da informação prevista nas alíneas a) a d) do número anterior deve ser
suficiente para permitir uma comparação com os métodos adotados pelas autoridades
competentes de outros Estados-Membros da União Europeia.
3 - As informações previstas nas alíneas a) a d) do n.º 1 devem ser publicadas num formato
idêntico ao utilizado pelas autoridades competentes dos outros Estados-Membros da União
Europeia e regularmente atualizadas, devendo ser acessíveis a partir de um único endereço
eletrónico.
4 - Caso o Banco de Portugal exerça a faculdade prevista no n.º 3 do artigo 7.º do
Regulamento (UE) n.º 575/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de
2013, divulga as seguintes informações:
a) Os critérios aplicados para determinar se existem impedimentos significativos, de direito ou
de facto, atuais ou previstos, a uma transferência rápida de fundos próprios ou ao reembolso
imediato de passivos;
b) O número de instituições de crédito-mãe que beneficiam do exercício da faculdade prevista
no n.º 3 do artigo 7.º do referido Regulamento e, entre estas, o número de instituições de
crédito com filiais em países terceiros;
c) Numa base agregada para Portugal:
i) O montante total dos fundos próprios em base consolidada das instituições de crédito-mãe
que beneficiam do exercício da faculdade prevista no n.º 3 do artigo 7.º do referido
Regulamento e que sejam detidos em filiais situadas em países terceiros;
ii) A percentagem dos fundos próprios totais em base consolidada das instituições de crédito-
mãe que beneficiam do exercício da faculdade prevista no n.º 3 do artigo 7.º do referido
Regulamento, representado por fundos próprios detidos em filiais situadas em países terceiros;

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iii) A percentagem do total de fundos próprios nos termos do artigo 92.º do referido
Regulamento em base consolidada das instituições de crédito-mãe que beneficiam do
exercício da faculdade prevista no n.º 3 do artigo 7.º do referido Regulamento, representado
por fundos próprios detidos em filiais situadas em países terceiros.
5 - Caso o Banco de Portugal exerça a faculdade prevista no n.º 1 do artigo 9.º do
Regulamento (UE) n.º 575/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de
2013, divulga as seguintes informações:
a) Os critérios aplicados para determinar se existem impedimentos significativos, de direito ou
de facto, atuais ou previstos, a uma transferência rápida de fundos próprios ou ao reembolso
imediato de passivos;
b) O número de instituições de crédito-mãe que beneficiam do exercício da faculdade prevista
no n.º 1 do artigo 9.º do referido Regulamento, e o número dessas instituições de crédito-mãe
com filiais em países terceiros;
c) Numa base agregada para Portugal:
i) O montante total dos fundos próprios das instituições de crédito-mãe que beneficiam do
exercício da faculdade prevista no n.º 1 do artigo 9.º do referido Regulamento, e que sejam
detidos em filiais situadas em países terceiros;
ii) A percentagem dos fundos próprios totais das instituições de crédito-mãe que beneficiam do
exercício da faculdade prevista no n.º 1 do artigo 9.º do referido Regulamento representado por
fundos próprios detidos em filiais situadas em países terceiros;
iii) A percentagem do total de fundos próprios exigidos ao abrigo do artigo 87.º do referido
Regulamento das instituições de crédito-mãe que beneficiam do exercício da faculdade
prevista no n.º 1 do artigo 9.º do referido Regulamento representado por fundos próprios
detidos em filiais situadas em países terceiros.
Exemplos: o NOVO BANCO, traduz um erro a variados níveis: decisão da
sua constituição, erro de precepitação da solução da qual não existia nenhum
modelo e um erro de concretização; a sua resolução foi uma experiência que
funcionou mal. O quadro regulador desta matéria, transpõe as diretivas da UE,
mas o que esta em causa estas injeções de capital resultam em primeira linha
dos compromissos assumidos pelo Estado Português e a Empresa que
adquiriu o NOVO BANCO. A TAP, também precisou de financiamento.

22.06.2020 – SEGUNDA – FEIRA


Supervisão prudencial - a perspetica intríseca
A supervisão prudencial razão pela qual se chama a perspetiva
intríseca, o que esta aqui em causa é a regulação da estrutura económico
financeira da própria instituição, com os comportamentos que a instituição
adota para não lesar os credores e com a sua credibilidade da instituição
bancária. A supervisão comportamental tem a ver com os comportamentos
perantes os clientes – comportamento exterior.
A supervisão prudencial esta sujeita a principios gerais que tem a ver
com a organização da matéria – artigo 91.º, RGICSF e tem a ver com a
distinção entre superintendência e a supervisão. O sistema bancário
desempenha funções de relevância nas economias de cada estado, isso
significa que o sector bancário do sistema financeiro apresenta uma relevância
de sistema que as autoridades não podem esquecer, no caso português esse

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

poder é atribuido ao Banco de Portugal, a intervenção do setor bancário


obedece a regras emitidas pela política do governo.
TÍTULO VII Supervisão prudencial
CAPÍTULO I Princípios gerais
Artigo 91.º Superintendência
1 - A superintendência do mercado monetário, financeiro e cambial, e designadamente a
coordenação da atividade dos agentes do mercado com a política económica e social do
Governo, compete ao Ministro das Finanças.
2 - Quando nos mercados monetário, financeiro e cambial se verifique perturbação que ponha
em grave perigo a economia nacional, poderá o Governo, por portaria conjunta do Primeiro-
Ministro e do Ministro das Finanças, e ouvido o Banco de Portugal, ordenar as medidas
apropriadas, nomeadamente a
No contexto da supervisão não esta em causa uma intervenção direta do
Governo, mas a vigilância que este deve desenvolver em que os objetivos
sejam estabelecidos, e em situações de grave crise. O que esta em causa é a
avaliação do grau de perturbação possa causar da globalidade na economia
nacional e na prossecução dos objetivos da politica do governo, isto não
significa que o Governo ou o Ministro das Finanças tenham um poder
hierárquico relativamente ao Banco de Portugal e vice versa. Não existe
dependência hierárquica entre o Banco de Portugal e Governo ou o Ministro
das Finanças, por duas ordens de razões, tem a ver com o teor de um preceito
constitucional – artigo 102.º, CRP.
Artigo 102.º (Banco de Portugal)
O Banco de Portugal é o banco central nacional e exerce as suas funções nos termos da lei e
das normas internacionais a que o Estado Português se vincule.
Lei n.º 5/98, de 31 de janeiro, artigos 10.º, 17
A superentendência é da competência do Governo.
A supervisão compete ao Banco de Portugal.
O banco portugal enquanto entidade supervisora do sistema bancária,
cujos principios reguladores que integram um principio fundamental a
independência as autoridades financeiras. A independência do BP, cujas
funções são exercidas no âmbito legalmente definidas, o BC quando se
relacionada com os outros agentes economicos esta investido de um poder de
autoridade.
Em sintese, a superintendência tem um perspetiva macroeconómica e
compete ao Ministro das Finanças. Quando ocorram situações graves é que
pode intervir. Na supervisão prudencial propriamente dita que compete ao BC,
mas visa uma situação completamente diferente, esta definida no artigo 93.º,
RGICSF.
Artigo 93.º Supervisão
1 - A supervisão das instituições de crédito, das companhias financeiras, das companhias
financeiras mistas, em especial a sua supervisão prudencial, incluindo a da atividade que
exerçam no estrangeiro, incumbe ao Banco de Portugal, de acordo com a sua Lei Orgânica e o

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

presente Regime Geral.


2 - O disposto no número anterior não prejudica os poderes de supervisão atribuídos à
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
3 - O Banco de Portugal deve, no exercício das suas competências, avaliar o impacte potencial
das suas decisões na estabilidade do sistema financeiro de todos os outros Estados-Membros
da União Europeia interessados, especialmente em situações de emergência, com base nas
informações de que, em cada momento, disponha.
4 - No exercício das suas competências, o Banco de Portugal tem em conta a convergência
relativamente aos instrumentos e práticas de supervisão na aplicação da lei e regulamentação
adotadas por força da Diretiva n.º 2013/36/UE e do Regulamento (UE) n.º 575/2013, ambos do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013, nomeadamente no quadro da
participação no Sistema Europeu de Supervisão Financeira.
5 - Para efeitos do disposto no número anterior, o Banco de Portugal:
a) Coopera com as autoridades de supervisão e demais entidades integrantes do Sistema
Europeu de Supervisão Financeira, de acordo com o princípio da cooperação leal previsto no
n.º 3 do artigo 4.º do Tratado da União Europeia, assegurando, em particular, um fluxo
adequado e fiável de informação;
b) Participa nas atividades da Autoridade Bancária Europeia e nos colégios de autoridades de
supervisão;
c) Desenvolve todos os esforços para dar cumprimento às orientações e recomendações
emitidas pela Autoridade Bancária Europeia e para responder aos alertas e recomendações
emitidos pelo Comité Europeu do Risco Sistémico;
d) Coopera de forma estreita com o Comité Europeu do Risco Sistémico.
6 - A prossecução das demais atribuições legais do Banco de Portugal não deve interferir nem
prejudicar o desempenho das suas competências legais de supervisão, designadamente no
âmbito da Autoridade Bancária Europeia ou do Comité Europeu do Risco Sistémico.
Para que serve a supervisão prudencial, visa assegurar o respeito pelas
normas prudenciais – artigo 94.º, RGICSF, o grau de exigência para as
instituições de crédito é diferente até porque uma parte dos fundos que as
instituições detem não são suas, mas dos clientes.
O artigo 2.º - A, RGICSF o que significa quando as instituições de crédito
estão a gerir os fundos que dispões, não são só os seus, mas também dos
seus clientes e dai a preocupação do artigo 94.º, RGICSF, as normas
pudenciais tem fundamentalmente em vista uma aplicação de modo a
assegurar níveis adequados de solidez e solavibilidade.
CAPÍTULO II - Normas prudenciais
Artigo 94.º Princípio geral
As instituições de crédito devem aplicar os fundos de que dispõem de modo a assegurar a todo
o tempo níveis adequados de liquidez e solvabilidade.
Artigo 2.º A Definições
Para efeitos do disposto presente Regime Geral, entende-se por:
w) «Instituição de crédito», a empresa cuja atividade consiste em receber do público depósitos
ou outros fundos reembolsáveis e em conceder crédito por conta própria;
O artigo 95.º, RGICSF refere-se à questão do capital, o conceito de
capital e fundo próprios, temos dois conceitos distintos. A portaria nº 95/90, de
09.02, encontramos a determinação de vários modelos de instituições de
crédito com atribuição dos vários valores. A lei decidiu criar limites minimos
para este tipo de entidades, não deixam de continuar a ser sociedades
comerciais. Sendo as instituições de crédito consideradas sociedades
comerciais onde estabeleceu limites ao capital social sem tem nada a ver com

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DIREITO BANCÁRIO E DIREITO DOS SEGUROS – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 2º SEMESTRE

o Código das Sociedades Comerciais. No caso especial, por um lado que as


instituições de crédito, usarem em grande medida o dinheiro que outros lhe
conferem à guarda, o que significa o desiquilibrio criar efeitos sistemiticos que
dai podem advir, o capital social é o limite da responsabilidade dos sócios, e
tem a ver com a sua natureza e funções que estas sociedades financeiras que
qualquer desiquilibrio poderia causar.
Artigo 95.º Capital
1 - Compete ao Ministro das Finanças, ouvido o Banco de Portugal ou sob sua proposta, fixar,
por portaria, o capital social mínimo das instituições de crédito.
2 - As instituições de crédito constituídas por modificação do objeto de uma sociedade, por
fusão de duas ou mais, ou por cisão, devem ter, no ato da constituição, capital social não
inferior ao mínimo estabelecido nos termos do número anterior, não podendo também os seus
fundos próprios ser inferiores àquele mínimo.

29.06.2020 – SEGUNDA – FEIRA – TESTE


Matéria para o TESTE BANCÁRIO:
I. Introdução - pag. 23 a 34
II. Capítulo 2 subsecção 5 - pag. 155 a 210
III. Secção 2 - pag. 224 a 239
IV. Secção 3 - pag. 242 a 284
V. Capítulo 8 - pag. 425 a 483

06.07.2020 – SEGUNDA – FEIRA – ENTREGA DO TRABALHO


Qual é diferença entre capital e fundos próprios

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