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DIREITO BANCÁRIO E DOS SEGUROS

COMENTÁRIO AO AVISO N.º 10/16 DE 5 SETEMBRO


TERMOS E CONDIÇÕES GERAIS DE ABERTURA, MOVIMENTAÇÃO E
ENCERRAMENTO DE CONTA DE DEPOSITO BANCÁRIO

Divua Bartolomeu Jorge Dala


Nº 13209
Turma: P
Pós-Laboral

O DOCENTE:
Dr. Miguel de Carvalho

LUANDA, AOS 19 DE ABRIL DE 2021


COMENTÁRIO AO AVISO N.º 10/16 DE 5 SETEMBRO
TERMOS E CONDIÇÕES GERAIS DE ABERTURA, MOVIMENTAÇÃO E
ENCERRAMENTO DE CONTA DE DEPOSITO BANCÁRIO

Divua Dala1

Resumo:
O contrato de depósito bancário é um contrato financeiro por meio da qual efectua-se a
entrega de alguma coisa, às instituições financeira para sua conservação podendo esta
tirar proveito do mesmo.
Todavia, existem operações a realizar por parte do seu com vista a dar início,
continuidade e fim do contrato, devendo-se pra tal observar certas regras e condições
legais.

Palavras-Chave:
Abertura de Conta; Movimentação; Encerramento de Contas; Instituições Financeiras;
Titular de Conta; Depositante; Depositário.

1
Estudante finalista do curso de Direito na Universidade Católica de Angola
INTRODUÇÃO

O aviso 10/16 de 5 Setembro estabelece as condições e termos gerais de abertura,


movimentação e encerramento de contas de depósito bancário, apresentando uma nova
roupagem à operação de forma actualizar e adequar o sistema financeiro bancário
angolano às melhores praticas e politicas no que toca ao estabelecimento de regras e
procedimentos inerentes a abertura, movimentação e encerramento de contas de
depósito bancário.
O sistema financeiro bancário é composto pela seguinte trilogia: A Banca; as
Seguradoras; e o Mercado Imobiliário e, é sobre estas instituições financeiras bancarias,
os quais se aplicará o presente aviso, que se encontram sob a supervisão do Banco
Nacional de Angola (BNA)
Contrato De Depósito
Em termos gerais o contrato de depósito pode ser entendido como contrato segundo a
qual, uma das partes entrega a outra uma coisa móvel ou imóvel, para que a guarde, e a
restitua quando for exigida. O contrato caracterizasse por ser um contrato real e
presumivelmente gratuito, cujos sujeitos são o depositante e o depositário.
O depositário está obrigado:
a) A guardar a coisa depositada;
b) A avisar imediatamente o depositante, quando saiba que algum perigo ameaça a
coisa ou que terceiro se arroga direitos em relação a ela, desde que o facto seja
desconhecido do depositante;
c) A restituir a coisa com os seus frutos.
O depositário não pode usar a coisa nem subdeposiá-la, sem autorização do depositante.
Mas, ele pode guardar a coisa de modo diverso do convencionado quando dava para
supor que o depositante concordaria em função das circunstâncias, devendo ser
comunicado ao depositante, logo que possível.
O depósito cerrado não deve ser devassado pelo depositário, presumindo culpa desde
quando o invólucro ou o recipiente que contem a coisa se mostre violado.
O depositante tem os deveres de:
a) Pagar a retribuição devida, quando esse seja o caso;
b) Reembolsar o depositário das despesas;
c) Indemnizá-lo do prejuízo, salvo se o depositante tiver agido “sem culpa”.

Depósito Irregular

Pela natureza das coisas, o depositário não pode consumir a coisa depositada: nessa
altura a restituição não seria possível.
Desde o início surgiu, pois, um depósito particular: aí, o depositário, em vez de
restituir a própria coisa depositada, teria de devolver O equivalente. A esta figura
vieram os comentadores chamar depósito irregular.

A natureza do depósito irregular é discutida: querem uns que se trate de um


verdadeiro depósito, outros de um mútuo e outros, por fim, de um contrato com
elementos do mútuo e do depósito.

O depósito irregular não é um verdadeiro depósito, Basta ver que não se lhe aplicam
regras existenciais relativas ao dever de custódia. Mas também não é um mero
mútuo, o depósito, mesmo irregular, é celebrado no interesse do depositante que,
assim, quer beneficiar da conservação daquele preciso valor, mantendo, sobre ele, uma
permanente disponibilidade, o mútuo visa o interesse do mutuário, que pretende
gastar a coisa e, eventualmente, o do mutuante, mas através da recepção dos juros.

Temos, que é um contrato misto com elementos do depósito e do mútuo, e que por
estar há muito nominado e autonomizado, podemos apresentar como tipo próprio:
precisamente o do depósito irregular.

O depósito bancário pode ser entendido como o depósito feito, em dinheiro, por um
cliente – depositante – junto de um banqueiro – depositário.
As seguintes modalidades:
a) Depósitos à ordem: são os exigíveis a todo o tempo, pelo cliente;
b) Depósito com pré-aviso: são exigíveis apenas após um pré-aviso escrito, feito
com a antecedência fixada contrato
c) Depósitos a prazo: são exigíveis no fim do para que forem acordados; as
instituições de crédito podem conceder uma mobilização antecipada, nas
condições acordadas;
d) Depósitos a prazo não mobilizáveis: não admitem tal antecipação;
e) Depósitos em regime especial: todos os outros; a sua criação é livre devendo,
contudo, ser dado conhecimento das suas características.

O depósito bancário em sentido próprio é um depósito em dinheiro, constituído junto de


um banqueiro. Trata-se de uma operação que surge sempre associada uma abertura de
conta tal modo que, a quando da efectivação, o banqueiro já deu o seu assentimento
genérico: ele mais não pode fazer do que aceitar as diversas manifestações da sua
concretização.

Mantemos, tudo visto, o depósito bancário como figura unitária, típica, autónoma e
próxima, do depósito irregular.

Contrato De Abertura De Conta


A abertura de conta é um contrato celebrado entre o banqueiro e o seu cliente, pelo qual
ambos assumem deveres recíprocos relativos a diversas práticas bancarias. Trata-se de
um contrato que marca o início de uma relação bancaria complexa e duradoura entre o
banqueiro e o seu cliente e traça o quadro básico do relacionamento entre essas duas
entidades.
Para abertura de contas são exigidas determinadas condições que são várias e diferentes
consoante o cliente seja uma pessoa colectiva (Empresa) ou uma pessoa particular.
Assim, as condições gerais definem-se como aplicáveis à abertura, à movimentação, à
manutenção e ao encerramento de contas de depósito junto do banco.

O contrato de abertura de conta conclui-se pelo preenchimento de uma ficha, com


assinatura e pela aposição da mesma assinatura, num local bem demarcado. Trata-se de
um ponto importante, uma assinatura passará a ser válida para todas as comunicações
dirigidas ao banqueiro e para todas as ordens inerentes, maxime: para a assinatura de
cheques, caso sejam emitidos.
O banqueiro pode alterar as cláusulas contratuais gerais, remetendo as alterações ao
cliente. Não havendo oposição deste, dentro de determinado prazo a alteração tem-se
por aceite.

Modalidades

As contas de cuja abertura se trate são susceptíveis de diversas classificações. Desde


logo, temos contas de pessoas singulares e de pessoas colectivas. Perante sociedades e
formação, associações não reconhecidas, sociedades civis, comissões, condomínios ou
similares, surge-nos, na prática bancária, a figura da "entidade equiparada a pessoa
colectiva": as contas abertas com referência a essa situação, exige-se, então, que fique
bem expresso quais as pessoas autorizadas a movimentar a conta e como se procederá à
sua substituição, no caso de alterações ou da falta de todas ou de alguma delas.

Quanto à titularidade, a conta pode ser individual ou colectiva, consoante seja aberta em
nome de urna única ou de várias pessoas: neste último caso pode falar-se em
contitularidade conta. Na referida hipótese, a conta pode ser, ainda." Solidária conjunta
ou mista.

Formalidades
Por via da legislação destinada a combater o branqueamento de capitais e financiamento
do terrorismo, o banco é obrigado a identificar devidamente o seu cliente, através do
bilhete de identidade ou equivalente, aquando da abertura da conta, bem como é
necessário a apresentação do cartão contendo o número fiscal e o cartão de contribuinte.

Tratando-se de pessoa colectiva, essas mesmas operações são devidamente adaptadas:


escritura de constituição ou exemplar do Diário República onde tenha sido publicada;
nomeação de administradores, por fotocópia notarial da acta, quando não resultem do
contrato; fotocópia do cartão de pessoa colectiva; procurações, quando existam;
fotocópias do bilhete de identidade e do cartão de contribuinte das pessoas singulares
que obriguem a sociedade.

Os procedimentos de identificação devem assentar em documentos comprovativos


idóneos, deles sendo extraídas e conservadas cópias legíveis. O empregado bancário
deve exarar, no processo, a data e a sua própria identificação. As entidades do sector
financeiro têm um regime mais aligeirado. Enquanto não estiverem reunidos os
requisitos necessários para a abertura de conta, não pode haver movimentos.
Movimentação Da Conta
As contas abertas podem ser movimentas de forma individual ou colectiva, conforme a
titularidade do contrato da conta bancaria, e no caso desta última, a movimentação da
conta dependerá do regime ou modalidade da conta, devendo ser movimentada por
qualquer um dos titulares, ou somente por todos em simultâneo. Para realização de tal
operação é exigível a devida identificação do titular, nos termos supra cita.
Não é permitido a movimentação da conta por qualquer que seja a pessoa, caso não
apresente a sua devida e comprovada identificação, bem como, quando formalmente
comunicadas, as instituições financeira devem impedir a motivação da conta na
situações seguintes:
a) Por morte de pelo menos de um dos titulares;
b) Por decisão e instrução do organismo de Supervisão;
c) Por decisão das autoridades judiciais, que determinem embargos, arrolamento,
arresto ou penhora; e
d) Por congelamento de fundos, nos termos da lei.
No caso de contas cujo titular venha falecer, e sempre que as instituições tomarem
conhecimento do falecimento do seu cliente, por via de qualquer meio de comunicação,
deve adoptar todas diligências necessária à protecção da conta do mesmo.
Caso os herdeiros comprovem a sua qualidade de herdeiro diante do banco, devendo
apresentar ao mesmo a certidão de óbito e a escritura publica de habilitação de herdeiros
ou um oficio do tribunal em que se encontre nomeado o cabeça de casal, banco tem o
dever de disponibilizar aos herdeiros toda informação sobre o extracto, saldo e
eventuais encargos existente na conta. Desta feita, não será permitido aos herdeiros que
movimentem a conta sem que antes provem a sua qualidade.

Encerramento
Consiste no acto de fechar a conta de forma definitiva a com vista a não revê-la,
extinguindo-se desta forma o contrato inicialmente celebrado para abertura da mesma.
O falecimento do titular da conta dá lugar ao encerramento automático da conta, salvo
se, a pessoa falecida for co-titular de uma conta colectiva ou enquanto o processo
sucessório não estiver concluído.
Para que se encerre a conta a lei determina uma série de requisitos mínimos de
informação para banco em relação a conta à encerrar, nestes moldes:
a) Os bancos têm a missão de verificar anualmente, analisando todas as contas
sobre não se realizou qualquer operação, durante um período superior a 5 anos;
b) Acto continuou, os bancos devem informar ao seu cliente que, a falta de
operação na referida conta, tal como, deve informar ao titular da conta que este
pode ordenar de forma expressa o encerramento.
Em seguida e uma vez cumprida todo procedimento legalmente exigido por lei, o banco
deve informar ao titular da conta bem como, os seus representantes por escrito que a
conta deve ser encerrada no prazo de 30 dias. Também, prevê-se o encerramento
automático de uma conta que não movimentada num período de 15 anos, sem que haja
qualquer procedimento para tal e os depósitos nela existente reverter-se-ão a favor do
estado.
Ora, os bancos devem disponibilizar um formulário para encerramento de conta aos
titulares das contas e seus representantes, e sempre que solicitadas deve autorizar a
renúncia da titularidade de conta colectiva, desde que seja por escrito.
Situações em que os bancos podem encerrar a conta:
a) Sempre que solicitado pelos titulares de contas ou seus representantes, tendo o
prazo de 30 dias para sua concretização;
b) Havendo incumprimento dos titulares de contas ou dos seus representantes,
devendo a conta ser encerrada no prazo de 60 dias depois da denúncia;
c) Sempre que se verificar a inobservância do Aviso 22/12, de 25 de Abril, sobre
a prevenção branqueamento de capitais e financiamento de terrorismo;
d) Sempre que existir uma ordem judicial ou administrativa competente.
LEGISLAÇÃO CONSULTADA

 Aviso n.º 10/16 de 5 Setembro - Termos e Condições Gerais de Abertura,


Movimentação e Encerramento de Conta de Depósito Bancário
 Constituição da República de Angola
 Lei 12/15 de 17 de Junho lei das Instituições Financeiras
 Lei 01/04 de 13 de Fevereiro, Lei das Sociedades Comerciais
 Código Civil Angolano

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