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Exercícios (Prof.

Paulo Henrique Faria Nunes)

Aluno: Pedro Henrique Pereira Brandão Matrícula:600917553

1 Explique a diferença entre "processo" e "procedimento".

Resposta: "processo" e "procedimento" são dois conceitos distintos:

1. *Processo:* O processo é o conjunto de atos, procedimentos e recursos que ocorrem


perante um tribunal para resolver um litígio ou uma controvérsia legal. Ele é uma ação judicial
formalizada que envolve as partes (autor e réu), um juiz e, em muitos casos, advogados. O
processo é a ação judicial em si, que busca a solução de um conflito.

2. *Procedimento:* O procedimento refere-se às etapas específicas e às regras que devem


ser seguidas durante a tramitação do processo. Ele detalha como o processo deve ser
conduzido, desde a petição inicial até a sentença final. Cada tipo de processo pode ter um
procedimento específico, que define como as partes devem apresentar suas alegações, as
provas que podem ser admitidas, os prazos a serem seguidos, entre outros detalhes.

Em resumo, o processo é a ação judicial em si, enquanto o procedimento são as regras e


etapas que guiam o desenvolvimento desse processo no tribunal. Ambos são componentes
fundamentais do direito processual civil e ajudam a garantir um sistema legal organizado e
justo.

2 A "ação de reintegração de posse" é um tipo de processo ou procedimento especial?


Explique.

Resposta: A "ação de reintegração de posse" é um tipo de processo especial dentro do direito


processual civil brasileiro. Ela é uma ação judicial específica utilizada para restabelecer a
posse de alguém sobre um imóvel que foi ilegalmente invadido ou retomado por outra pessoa.
Nesse contexto, a ação de reintegração de posse segue um procedimento especial, diferente
do procedimento padrão de outros tipos de processos.

O procedimento da ação de reintegração de posse é regulado pelos artigos 554 a 568 do


Código de Processo Civil brasileiro. Ele envolve prazos mais curtos e regras específicas para
a apresentação da petição inicial, a concessão de liminares (decisões provisórias), a citação
do réu (ocupante ilegal) e a tramitação do processo em si.

Portanto, a "ação de reintegração de posse" é tanto um tipo de processo quanto um


procedimento especial, pois está relacionada a um objetivo específico (reaver a posse de um
imóvel) e segue regras particulares estabelecidas na legislação brasileira para atingir esse
fim.

3 Sob quais hipóteses é cabível a consignação em pagamento?


Resposta: A consignação em pagamento é uma ação judicial que permite a um devedor
depositar a quantia que deve a seu credor em um órgão do Poder Judiciário, quando existem
dúvidas ou disputas sobre a obrigação de pagamento. Ela é cabível em diversas situações,
como:

1. *Recusa injustificada do credor:* Quando o credor se recusa a receber o pagamento,


mesmo quando o devedor está disposto a pagar, e essa recusa não tem motivo justo.

2. *Dúvida sobre o valor devido:* Se houver uma disputa sobre o valor exato da dívida, e o
devedor não concordar com a quantia reivindicada pelo credor.

3. *Local incerto do credor:* Quando o devedor não sabe onde encontrar o credor para efetuar
o pagamento, desde que tenha feito esforços razoáveis para localizá-lo.

4. *Mora do credor:* Se o credor estiver em mora, ou seja, em atraso para receber o


pagamento, e o devedor quiser quitar a dívida.

5. *Vício na coisa ou na prestação:* Quando o devedor recebeu a coisa ou a prestação de


serviço com algum defeito ou vício, e o credor não providenciou a correção ou a substituição.

6. *Pagamento condicional:* Se o devedor quiser pagar sob condições específicas, e o credor


não aceitar essas condições.

A consignação em pagamento deve ser feita mediante ação judicial, seguindo procedimentos
específicos estabelecidos pelo direito processual civil do país em questão. Além disso, o
devedor deve estar em dia com suas obrigações, ou seja, não pode estar em mora, e o valor
a ser depositado deve ser equivalente à quantia devida, de acordo com seu entendimento.

4 Faça uma análise comparada entre os três tipos de ação de consignação:


a) credor certo;
b) credor incerto;
c) consignação de alugueres.

Resposta: As ações de consignação são instrumentos legais que permitem a um devedor


cumprir sua obrigação de pagamento de uma dívida, mesmo quando há incerteza, dúvidas
ou disputas em relação ao credor, ao valor devido ou às condições de pagamento. Vamos
analisar comparativamente os três tipos de ação de consignação mencionados:

a) *Credor Certo:*
- Neste caso, o devedor conhece o credor, mas há algum motivo que o impede de efetuar
o pagamento diretamente a ele. Isso pode ocorrer quando o credor se recusa
injustificadamente a receber o pagamento ou quando há dúvidas sobre o valor da dívida.
- A ação de consignação com credor certo é utilizada quando o devedor sabe quem é o
credor, mas há um impasse quanto ao pagamento.
- O objetivo principal é liberar o devedor de sua obrigação de pagamento, depositando o
valor da dívida em juízo.
b) *Credor Incerto:*
- Aqui, o devedor não tem conhecimento de quem é o verdadeiro credor, mas sabe que
existe uma dívida a ser paga.
- Esse tipo de ação é utilizada quando há incerteza quanto à identificação do credor, como
em casos de herança, em que não se sabe a quem pagar.
- A finalidade é proteger o devedor de eventuais ações de cobrança futuras por parte de
diversos pretendentes ao crédito.

c) *Consignação de Alugueres:*
- A consignação de alugueres é um tipo específico de ação de consignação relacionada ao
pagamento de aluguéis em contratos de locação.
- Pode ser usada quando o locatário quer cumprir sua obrigação de pagamento, mas o
locador não aceita o valor ou as condições de pagamento propostas.
- Essa ação é comum em disputas entre inquilinos e proprietários de imóveis.

As ações de consignação são ferramentas legais que visam permitir que o devedor cumpra
suas obrigações financeiras em situações em que haja incerteza, disputa ou recusa
injustificada do credor. A escolha entre os diferentes tipos de ação de consignação depende
das circunstâncias específicas do caso, como a identificação do credor, a natureza da dívida
e os motivos que levam à necessidade de consignar o pagamento.

5) Na hipótese de mora do devedor, é possível a consignação em pagamento?


Explique.
Resposta: Em geral, a consignação em pagamento não é admitida quando o devedor está
em mora, ou seja, em atraso no pagamento de uma dívida. A consignação é uma ação judicial
que visa permitir ao devedor efetuar o pagamento de uma obrigação em meio a disputas,
incertezas ou recusas injustificadas do credor. Quando o devedor está em mora, significa que
ele já deveria ter cumprido a obrigação e não o fez no prazo acordado.

A mora do devedor implica que ele está em falta com sua obrigação de pagamento, e nesse
caso, a solução adequada é regularizar a situação de mora, pagando a dívida vencida e
eventuais encargos pelo atraso. A consignação em pagamento não é apropriada para
resolver uma situação em que o devedor simplesmente deixou de pagar a dívida no prazo.

No entanto, pode haver exceções e situações específicas em que a consignação em


pagamento seja permitida, mesmo com o devedor em mora, dependendo das leis e
regulamentos do país em questão e das circunstâncias do caso. Portanto, é aconselhável
consultar um advogado ou especialista em direito para obter orientação específica em
situações complexas envolvendo atrasos no pagamento e consignação em pagamento.

6) Qual o foro competente para a ação de consignação em pagamento?


Resposta: A determinação do foro competente para uma ação de consignação em
pagamento varia de acordo com as leis e regulamentos de cada jurisdição. Em geral, o
foro competente é aquele que está vinculado à localização do devedor, do credor, do
local de cumprimento da obrigação ou do objeto da dívida. Aqui estão algumas
diretrizes gerais:
1. *Foro do domicílio do devedor:* Em muitos sistemas legais, o foro competente para ação
de consignação em pagamento é o tribunal do local onde o devedor tem seu domicílio.

2. *Foro do domicílio do credor:* Em algumas situações, o foro competente pode ser o tribunal
do local onde o credor tem seu domicílio.

3. *Foro do local de cumprimento da obrigação:* Se a obrigação deve ser cumprida em um


local específico, o foro competente pode ser o tribunal desse local.

4. *Foro do local onde se encontra o objeto da dívida:* Se a ação estiver relacionada a um


objeto ou propriedade específica, o foro competente pode ser o tribunal da jurisdição onde
esse objeto se encontra.

5. *Acordo entre as partes:* Em alguns casos, as partes podem estipular em contrato qual
será o foro competente em caso de litígio, desde que essa escolha esteja de acordo com a
legislação local.

As regras de competência podem variar significativamente de país para país e, em alguns


casos, até mesmo dentro de diferentes estados ou regiões dentro de um mesmo país.
Portanto, é fundamental consultar um advogado ou especialista em direito local para
determinar o foro competente específico para uma ação de consignação em pagamento em
uma jurisdição específica.

7) Qual a natureza da sentença na ação de consignação em pagamento?

Resposta: A natureza da sentença na ação de consignação em pagamento é declaratória e


condenatória.

1. *Natureza Declaratória:* A sentença declaratória confirma a existência da relação jurídica


entre as partes, ou seja, reconhece que existe uma dívida ou obrigação a ser cumprida. Nesse
caso, a sentença de consignação em pagamento declara que o devedor tinha uma obrigação
de pagamento em relação ao credor.

2. *Natureza Condenatória:* A sentença condenatória estabelece as consequências legais e


determina o que as partes devem fazer. Na ação de consignação em pagamento, a sentença
pode condenar o credor a aceitar o pagamento feito pelo devedor por meio do depósito
judicial. Isso significa que o tribunal ordena que o pagamento seja considerado válido e que
o credor deve aceitá-lo.

Além disso, a sentença também pode incluir determinações sobre como os valores
depositados serão liberados e distribuídos entre as partes, caso haja disputas sobre o
montante devido. Portanto, a sentença na ação de consignação em pagamento serve para
resolver a controvérsia entre as partes e estabelecer os efeitos legais do pagamento efetuado
pelo devedor.

8) Explique a diferença entre a autotutela e a heterotutela na defesa da posse.


Resposta: A autotutela e a heterotutela são dois conceitos fundamentais no contexto da
defesa da posse, especialmente no direito civil. Vamos explicar a diferença entre eles:

1. *Autotutela:*
- A autotutela se refere à defesa da posse realizada pelo próprio possuidor ou detentor do
bem.
- Nesse caso, a pessoa que está na posse do bem toma medidas para protegê-lo ou
recuperá-lo por conta própria, sem recorrer ao auxílio do sistema legal ou das autoridades.
- A autotutela pode incluir ações como o uso da força física para expulsar invasores, a
instalação de cercas ou dispositivos de segurança, ou qualquer outra ação direta para manter
ou recuperar a posse.

2. *Heterotutela:*
- A heterotutela envolve a defesa da posse por meio das autoridades legais e do sistema
judicial.
- Nesse caso, o possuidor ou detentor que enfrenta uma ameaça ou violação de sua posse
busca a intervenção do sistema legal para proteger seus direitos.
- O indivíduo afetado recorre a medidas judiciais, como ações possessórias, para buscar
uma decisão do tribunal que determine a proteção ou a restituição de sua posse. O tribunal
pode emitir ordens para que terceiros se abstenham de interferir na posse ou para que
autoridades auxiliem na execução da decisão.

A autotutela envolve a defesa da posse por meios diretos e autônomos, enquanto a


heterotutela utiliza o sistema judicial e as autoridades legais para proteger ou recuperar a
posse. Em muitas jurisdições, a autotutela é restrita e regulamentada por lei para evitar
abusos e conflitos violentos, incentivando as partes a buscarem soluções por meio do sistema
legal.

9) Explique a diferença entre esbulho e turbação.

Resposta: Esbulho e turbação são dois conceitos importantes no contexto das ações
possessórias e na defesa da posse. Eles se referem a diferentes tipos de interferência na
posse de um bem e têm implicações distintas:

1. *Esbulho:*
- Esbulho ocorre quando alguém é privado da posse de um bem de forma violenta, ilegal
ou clandestina. Em outras palavras, é quando alguém é expulso de sua posse por meio de
força física, fraude ou artifícios ilegais.
- O esbulho é uma interferência mais grave na posse e geralmente é alegado quando a
pessoa que estava na posse de um bem é expulsa de maneira violenta ou ilegal por outra
pessoa que alega ter direitos sobre o mesmo bem.
- Para combater o esbulho, a pessoa que foi desapossada pode recorrer às ações
possessórias para buscar a reintegração de posse, ou seja, a retomada da posse do bem.

2. *Turbação:*
- A turbação ocorre quando alguém sofre uma interferência na posse que não envolve a
expulsão violenta ou ilegal. É uma perturbação na posse, mas não necessariamente uma
privação total dela.
- Exemplos de turbação incluem a ocupação temporária de parte de um terreno, a obstrução
do acesso a um imóvel ou qualquer interferência que prejudique o livre exercício da posse.
- Para lidar com a turbação, a pessoa afetada pode recorrer às ações possessórias para
buscar uma decisão judicial que impeça a continuação da interferência e restaure a posse
plena e tranquila do bem.

A diferença principal entre esbulho e turbação está na gravidade da interferência na posse.


O esbulho envolve uma privação mais séria da posse, enquanto a turbação se refere a
perturbações na posse que não necessariamente envolvem expulsão violenta. Ambos os
conceitos são importantes no contexto das ações possessórias, que buscam proteger os
direitos dos possuidores contra interferências indevidas.

10) Tendo em vista o estudo das ações possessórias, explique o que é o princípio da
fungibilidade.

Resposta: O princípio da fungibilidade é um conceito importante no contexto das ações


possessórias e se relaciona à possibilidade de substituição de uma ação possessória por
outra quando ocorre uma escolha equivocada por parte do autor da ação. Esse princípio é
aplicado para garantir que erros formais na escolha da ação não prejudiquem
substancialmente os direitos do autor.

A fungibilidade permite que, em certas situações, se o autor ingressa com a ação possessória
errada, o juiz pode aceitar essa ação e tratá-la como se fosse a ação correta, desde que os
requisitos essenciais para a proteção da posse sejam atendidos. Isso significa que o tribunal
pode adaptar a ação para corresponder à verdadeira natureza da situação, desde que a
intenção do autor seja proteger sua posse.

Os requisitos típicos para a aplicação do princípio da fungibilidade incluem:

1. Boa-fé por parte do autor: O autor deve agir de boa-fé, ou seja, não pode ter agido de forma
maliciosa ou intencionalmente escolhido a ação errada para prejudicar o réu.

2. Equivalência entre as ações: As ações possessórias envolvidas devem ser


substancialmente equivalentes em relação à proteção da posse. Em outras palavras, a ação
escolhida erroneamente deve buscar o mesmo objetivo de proteção da posse que a ação
correta.

3. Não prejuízo ao réu: A aplicação do princípio da fungibilidade não deve causar prejuízo
indevido ao réu. O réu não deve ser surpreendido ou prejudicado pela substituição da ação.

O princípio da fungibilidade visa promover a justiça e a eficiência no sistema legal, permitindo


que os autores possam corrigir erros formais na escolha da ação sem serem punidos por
equívocos de boa-fé. No entanto, sua aplicação pode variar dependendo das leis e
regulamentos de cada jurisdição e das circunstâncias específicas de cada caso.
11) Qual a diferença entre as ações possessórias de "força nova" e de "força velha"
quanto ao momento da propositura da ação e ao procedimento?
Resposta: As ações possessórias de "força nova" e "força velha" são termos que se
referem ao momento da propositura da ação e ao procedimento das ações
possessórias em direito brasileiro. Vamos entender a diferença entre elas:

1. *Ação Possessória de "Força Nova":*


- A ação possessória de "força nova" é uma ação que deve ser proposta quando o autor foi
privado recentemente da posse de um bem.
- Ela se aplica quando a turbação (perturbação na posse) ou o esbulho (privação violenta
ou ilegal da posse) ocorreu há pouco tempo, geralmente nos últimos seis meses.
- O procedimento para ação possessória de "força nova" é mais rápido e simplificado. O
autor deve demonstrar a posse anterior, o ato de turbação ou esbulho e o tempo decorrido
desde a perturbação ou privação da posse.
- A decisão judicial visa restaurar a posse ao autor, se as alegações forem comprovadas.

2. *Ação Possessória de "Força Velha":*


- A ação possessória de "força velha" é utilizada quando a turbação ou o esbulho ocorreu
há mais tempo, ou seja, mais de seis meses antes da propositura da ação.
- Nesse caso, o procedimento é mais complexo, e o autor deve demonstrar não apenas a
posse anterior e o ato de perturbação ou privação da posse, mas também a posse mansa e
pacífica durante esse período de seis meses.
- A ação possessória de "força velha" é mais rigorosa quanto à comprovação da posse
anterior e da posse mansa e pacífica durante o período exigido.
- A decisão judicial visa restaurar a posse ao autor, assim como na "força nova," se as
alegações forem comprovadas.

A principal diferença entre as ações possessórias de "força nova" e "força velha" está
relacionada ao momento da privação da posse. A "força nova" é usada quando a privação
ocorreu recentemente (até seis meses antes da ação), enquanto a "força velha" se aplica
quando a privação ocorreu há mais tempo. O procedimento e os requisitos de prova são mais
rigorosos na "força velha" devido à necessidade de demonstrar a posse mansa e pacífica
durante o período exigido.

12) Faça uma análise comparada entre a tutela antecipada (liminar) "genérica" e
"própria".

Resposta: A tutela antecipada é uma medida judicial que permite que um tribunal conceda
um provimento judicial antes do julgamento final do processo, com o objetivo de adiantar a
proteção dos direitos da parte autora. Dentro da tutela antecipada, podemos fazer uma
análise comparativa entre a "tutela antecipada genérica" e a "tutela antecipada própria":

1. *Tutela Antecipada Genérica:*


- A tutela antecipada genérica é uma decisão judicial que concede um provimento de
urgência sem especificar qual é o direito a ser protegido ou o mérito da causa.
- Ela é concedida quando estão presentes os requisitos gerais para a concessão da tutela
antecipada, ou seja, a probabilidade do direito alegado pela parte autora e o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo.
- A tutela antecipada genérica é útil quando o tribunal não tem informações suficientes para
tomar uma decisão definitiva sobre a causa, mas reconhece a necessidade de proteger os
direitos da parte autora imediatamente.

2. *Tutela Antecipada Própria:*


- A tutela antecipada própria é uma decisão judicial que concede um provimento de urgência
especificando qual direito está sendo protegido e qual é a pretensão da parte autora.
- Ela é concedida quando a parte autora apresenta elementos de prova que sustentam a
sua alegação, e o tribunal reconhece que a proteção antecipada desse direito é necessária.
- A tutela antecipada própria é mais precisa e específica do que a genérica, pois se baseia
em informações detalhadas apresentadas pela parte autora.

A principal diferença entre a tutela antecipada genérica e a tutela antecipada própria está na
especificidade da decisão. A tutela antecipada genérica é mais ampla e concede proteção
sem entrar em detalhes sobre o direito em questão, enquanto a tutela antecipada própria se
concentra em um direito específico e é concedida com base em elementos de prova
apresentados pela parte autora. Ambas são ferramentas importantes para garantir a
efetividade do processo judicial e a proteção dos direitos das partes.

13) Qual o foro competente para a propositura das ações possessórias?

Resposta: O foro competente para a propositura das ações possessórias, no contexto do


direito brasileiro, geralmente é determinado com base na localização do imóvel objeto da
disputa. Portanto, o local onde se encontra o bem imóvel é fundamental para determinar qual
é o tribunal competente para julgar a ação possessória.

Em termos práticos:

1. *Foro do domicílio do réu:* Se o réu, a parte contra quem a ação possessória é movida,
tiver domicílio conhecido na jurisdição onde o imóvel está localizado, o foro competente será
o do domicílio do réu.

2. *Foro do local do imóvel:* Se o réu não tiver domicílio conhecido na jurisdição onde o
imóvel está localizado, o foro competente será o do local do imóvel.

Essa regra visa facilitar o acesso à justiça e garantir que as disputas possessórias sejam
tratadas no local em que o imóvel está situado, uma vez que os aspectos físicos da posse
são de grande relevância nesse tipo de ação.

É importante observar que a determinação exata do foro competente pode variar em casos
específicos e depender das leis e regulamentos locais. Portanto, é aconselhável consultar um
advogado ou especialista em direito para obter orientações específicas em relação ao foro
competente em situações concretas de ações possessórias.
14) Quem pode figurar nos polos "ativo" e "passivo" das ações possessórias?

Resposta: Nas ações possessórias, os polos "ativo" e "passivo" se referem às partes


envolvidas na disputa pela posse de um bem imóvel ou móvel. As pessoas ou entidades que
podem figurar nos polos ativo e passivo das ações possessórias podem variar de acordo com
a legislação local e a jurisdição específica, mas, em termos gerais:

*Polo Ativo:*
- O polo ativo da ação possessória geralmente é ocupado pela parte que busca a proteção
ou a recuperação da posse do bem.
- Pode incluir o possuidor atual do bem que está sendo disputado, bem como outras pessoas
ou entidades que reivindiquem direitos de posse sobre o mesmo bem.

*Polo Passivo:*
- O polo passivo da ação possessória é ocupado pela parte que está sendo acusada de
perturbar ou privar a posse do autor.
- Normalmente, o polo passivo inclui a pessoa ou entidade que está interferindo na posse do
autor, seja por meio de turbação (perturbação) ou esbulho (privação).

É importante destacar que as ações possessórias têm o objetivo de proteger ou recuperar a


posse, não discutindo a propriedade em si. Portanto, o autor busca uma decisão judicial que
confirme ou restaure sua posse, enquanto o réu pode alegar que possui direitos legítimos de
posse ou que o autor não possui direito à posse do bem.

As regras e os procedimentos específicos para ações possessórias podem variar entre


jurisdições, mas, em geral, essas ações são usadas para resolver disputas de posse de
maneira eficaz e rápida, sem entrar em questões de propriedade. Portanto, as partes que
podem figurar nos polos ativo e passivo devem estar relacionadas à posse do bem em
questão.

15) Um cliente procura um advogado porque uma área da qual ele é possuidor foi
invadida por dezenas de famílias e ele pretende obter uma ordem judicial de
desocupação. No entanto, ele não tem condição de identificar todos os invasores.
Oriente o cliente acerca da propositura da ação.

Resposta: A situação descrita envolve um caso de invasão de propriedade ou posse, e o


cliente deseja tomar medidas legais para obter uma ordem judicial de desocupação da área.
Se o cliente não consegue identificar todos os invasores, ainda é possível buscar uma solução
legal. Aqui estão algumas orientações para o cliente:

1. *Consulte um advogado:* O primeiro passo é consultar um advogado especializado em


direito imobiliário ou direito possessório. Um advogado poderá avaliar a situação, discutir as
opções legais disponíveis e orientar sobre o melhor curso de ação.
2. *Documentação e evidências:* O cliente deve reunir toda a documentação relevante que
demonstre sua posse ou direito sobre a área invadida. Isso pode incluir escrituras, contratos
de compra e venda, comprovantes de pagamento de impostos ou contas relacionadas à
propriedade.

3. *Registro de ocorrência policial:* Em muitos casos, é aconselhável registrar uma ocorrência


policial relatando a invasão. Isso pode ser útil como evidência para a ação legal e pode ajudar
as autoridades a lidar com a situação.

4. *Notificação extrajudicial:* O advogado pode enviar uma notificação extrajudicial aos


invasores, informando sobre os direitos de propriedade ou posse do cliente e exigindo a
desocupação pacífica da área em um prazo determinado. Isso pode ser uma etapa preliminar
antes de entrar com uma ação judicial.

5. *Ação de reintegração de posse:* Caso a notificação extrajudicial não surta efeito, o


próximo passo pode ser a propositura de uma ação judicial de reintegração de posse. Nesse
caso, o cliente não precisa identificar individualmente todos os invasores. A ação será movida
contra "ocupantes desconhecidos" ou "terceiros não identificados" como rés. O tribunal
analisará as provas apresentadas pelo cliente e decidirá sobre a desocupação com base
nelas.

6. *Assistência policial:* Uma vez que a ordem judicial de desocupação seja concedida, as
autoridades policiais podem ser solicitadas para auxiliar na execução da decisão e garantir
que a área seja desocupada.

É crucial que o cliente busque a orientação de um advogado para entender completamente o


processo legal e as opções disponíveis. O advogado também pode ajudar a preparar a
documentação necessária e a representar o cliente perante o tribunal, garantindo que seus
direitos sejam protegidos durante todo o processo.

16) Explique a diferença entre a ação de exigir contas, de procedimento especial no


CPC, e a ação de prestação de contas referente à obrigação alimentícia.

Resposta: A ação de exigir contas e a ação de prestação de contas referente à obrigação


alimentícia são dois tipos diferentes de ações judiciais relacionadas à prestação de contas,
mas com propósitos e procedimentos distintos. Vamos explicar a diferença entre elas:

1. *Ação de Exigir Contas (CPC - Código de Processo Civil):*


- A ação de exigir contas, regulamentada pelo Código de Processo Civil (CPC), é uma ação
que permite a uma pessoa (credor ou interessado) solicitar que outra pessoa (devedor) preste
contas sobre determinadas atividades financeiras ou administrativas.
- Ela é utilizada quando o autor acredita que o réu está envolvido em uma relação na qual
existe um dever legal ou contratual de prestar contas, como um administrador, um tutor, um
curador ou um sócio de uma empresa.
- O objetivo da ação de exigir contas é obter um relatório completo e detalhado das
atividades financeiras ou administrativas do réu, a fim de verificar se ele cumpriu suas
obrigações ou se houve algum desvio ou irregularidade.
2. *Ação de Prestação de Contas Referente à Obrigação Alimentícia:*
- A ação de prestação de contas referente à obrigação alimentícia é específica para
situações em que o autor é o beneficiário de uma obrigação de alimentos, geralmente em
casos de pensão alimentícia.
- Nesse contexto, o autor busca obter informações detalhadas sobre os valores pagos a
título de pensão alimentícia pelo réu, a fim de verificar se o montante pago está de acordo
com o que foi estabelecido judicialmente.
- O objetivo da ação de prestação de contas alimentares é garantir a transparência nas
obrigações financeiras relacionadas aos alimentos e assegurar que o beneficiário receba o
valor adequado para atender às necessidades do alimentado.

Portanto, a diferença fundamental entre essas ações está na sua finalidade e no contexto em
que são aplicadas. A ação de exigir contas é mais ampla e pode ser usada em várias
situações onde há um dever de prestar contas, enquanto a ação de prestação de contas
referente à obrigação alimentícia se concentra especificamente na prestação de contas
relacionada a pagamentos alimentícios e visa proteger os direitos do beneficiário dos
alimentos. Ambas as ações têm seus procedimentos regulamentados por lei e são utilizadas
para garantir a transparência e a justiça em questões financeiras e administrativas.

17) Tendo em vista o estudo do inventário e da partilha, conceitue os itens seguintes:


inventário; espólio; monte-mor; inventariante; colação; adiantamento de legítima;
partilha; sobrepartilha.

Resposta: Certamente! Vamos conceituar cada um dos termos relacionados ao inventário e


à partilha:

1. *Inventário:*
- O inventário é um procedimento legal que ocorre após o falecimento de uma pessoa, com
o objetivo de apurar e registrar todos os bens, direitos e obrigações deixados pelo falecido. É
necessário para a transferência de propriedade dos bens aos herdeiros e legatários.

2. *Espólio:*
- O espólio é a massa de bens, direitos e obrigações deixada pela pessoa falecida. Durante
o processo de inventário, esses ativos e passivos são reunidos em uma entidade jurídica
fictícia chamada espólio, que é representada pelo inventariante.

3. *Monte-Mor:*
- O monte-mor é a soma total dos bens, direitos e obrigações do espólio. Durante o
inventário, os valores dos ativos são somados, e as dívidas são subtraídas para chegar ao
monte-mor, que é a base para a partilha entre os herdeiros.

4. *Inventariante:*
- O inventariante é a pessoa nomeada para administrar o inventário e representar o espólio
perante o processo judicial. Pode ser um dos herdeiros, cônjuge sobrevivente ou um terceiro
de confiança da família.

5. *Colação:*
- A colação é o ato de trazer de volta ao monte-mor os bens ou doações feitas em vida pelo
falecido a seus herdeiros, a fim de igualar as quotas dos herdeiros na partilha. A colação é
uma regra importante em sistemas legais que adotam o princípio da igualdade na herança.

6. *Adiantamento de Legítima:*
- O adiantamento de legítima é um ato pelo qual o autor da herança antecipa, em vida, parte
da herança que cada herdeiro teria direito a receber após sua morte. Essa antecipação é feita
com o consentimento do herdeiro e deve ser computada na partilha.

7. *Partilha:*
- A partilha é a etapa do processo de inventário em que os bens e direitos do espólio são
divididos entre os herdeiros de acordo com a lei ou com o testamento do falecido. Cada
herdeiro receberá sua quota-parte na herança nessa fase.

8. *Sobrepartilha:*
- A sobrepartilha ocorre quando, após a partilha dos bens do espólio, novos bens ou direitos
são descobertos ou adquiridos. Esses novos ativos são distribuídos entre os herdeiros em
uma etapa adicional, semelhante à partilha original.

18) Indique três características que justificam a inclusão do inventário no rol de


procedimentos especiais.

Resposta: A inclusão do inventário no rol de procedimentos especiais se justifica por três


características distintas que envolvem esse processo:

1. *Complexidade e Especificidade:* O inventário é um procedimento legal complexo e


específico, que envolve a apuração de todos os bens, direitos e obrigações deixados pelo
falecido. Essa tarefa exige conhecimentos técnicos e jurídicos para identificar, avaliar e
registrar corretamente os ativos e passivos do espólio. Além disso, a partilha dos bens entre
os herdeiros requer cálculos precisos e considerações das normas legais que regem a
sucessão.

2. *Partes Envolvidas:* O inventário envolve diversas partes interessadas, como herdeiros,


legatários, cônjuges, inventariantes e, em muitos casos, menores de idade ou incapazes.
Lidar com essas partes e garantir que seus direitos sejam protegidos requer procedimentos
especiais e cuidados legais específicos.

3. *Proteção dos Direitos de Terceiros:* O inventário não se limita à mera divisão de bens
entre herdeiros, mas também envolve a proteção dos direitos de terceiros, como credores do
falecido. O procedimento deve garantir que as dívidas sejam pagas adequadamente e que
os ativos sejam distribuídos de forma justa, respeitando as disposições legais e os interesses
de todos os envolvidos.

Em resumo, o inventário é um procedimento legal que apresenta características de


complexidade, envolvimento de diversas partes interessadas e a necessidade de proteger os
direitos de terceiros. Essas características justificam sua inclusão no rol de procedimentos
especiais, que são regulamentados por normas específicas para garantir sua correta
condução e a proteção dos direitos das partes envolvidas.
19) Inês Perada ficou viúva recentemente. Ela procurou um advogado e lhe informou o
seguinte: a) seu marido faleceu 30 dias atrás; b) o casal possuía um filho de 19 anos e
outro de 17 anos; c) todo o patrimônio do casal foi adquirido após o casamento; d) o
patrimônio do casal inclui uma casa e um apartamento em Goiânia, avaliados em R$
500.000,00 e 250.000,00 respectivamente; 10 hectares na zona rural de Mozarlândia,
avaliados em R$ 200.000,00; e) o de cujus possuía R$ 80.000,00 em uma conta no Banco
do Brasil (BB) e R$ 250.000,00 de saldo na conta do FGTS; f) o casal não possuía
dívidas à época do falecimento do de cujus.
Inês Perada deseja saber: a) qual o prazo para abertura do inventário; b) caso o
inventário não seja aberto no prazo legal, qual a consequência jurídica; c) é possível
levantar os valores depositados no BB e na conta vinculada do FGTS sem incluí-los no
inventário?; d) é possível requerer o inventário por escritura pública? e) na hipótese
de inventário judicial, qual o procedimento a ser adotado (inventário tradicional;
arrolamento sumário; ou arrolamento comum)?
Esclareça as dúvidas de Inês Perada com a justificativa legal.

Vamos esclarecer as dúvidas de Inês Perada com base na legislação brasileira:

a) *Prazo para Abertura do Inventário:*


- O prazo para abertura do inventário é de até 60 (sessenta) dias a partir do falecimento do
cônjuge, de acordo com o artigo 611 do Código de Processo Civil (CPC). Inês Perada tem
um prazo de até 60 dias a partir do falecimento do marido para iniciar o inventário.

b) *Consequência da Não Abertura do Inventário no Prazo Legal:*


- A não abertura do inventário no prazo legal pode acarretar em multa, conforme previsto
no artigo 611 do CPC. Além disso, a falta de inventário pode prejudicar a transferência legal
dos bens aos herdeiros e gerar problemas futuros na administração do patrimônio.

c) *Levantamento de Valores no Banco do Brasil (BB) e FGTS sem Inclusão no Inventário:*


- Os valores depositados no Banco do Brasil (BB) e na conta vinculada do FGTS podem
ser levantados sem necessidade de inclusão no inventário, desde que Inês Perada seja a
beneficiária indicada ou a herdeira legal desses valores. Ela pode requerer diretamente ao
BB e à Caixa Econômica Federal o levantamento desses valores mediante a apresentação
dos documentos necessários.

d) *Requerimento do Inventário por Escritura Pública:*


- Sim, é possível requerer o inventário por escritura pública, desde que preenchidos os
requisitos legais. A escritura pública de inventário é uma opção mais rápida e econômica em
comparação com o inventário judicial. Para isso, é necessário que todos os herdeiros sejam
maiores e capazes, haja consenso entre as partes, não haja testamento, e não existam
herdeiros menores ou incapazes. Além disso, o patrimônio não pode envolver bens situados
em outros estados.

e) *Procedimento a Ser Adotado no Inventário Judicial:*


- No caso de inventário judicial, o procedimento a ser adotado pode variar de acordo com a
complexidade e as circunstâncias do caso. As opções incluem:
1. *Inventário Tradicional:* É o procedimento mais comum, envolvendo a abertura de um
processo judicial de inventário.
2. *Arrolamento Sumário:* Pode ser utilizado quando todos os herdeiros são maiores,
capazes e concordam com o arrolamento sumário, que é um procedimento mais simplificado.
3. *Arrolamento Comum:* Similar ao arrolamento sumário, mas pode ser utilizado mesmo
quando não há consenso entre os herdeiros. O procedimento exige a nomeação de um
inventariante.

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