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Direito Civil

OBRIGAÇÕES
PROFª. JULIANA LUIZ PREZOTTO
FORMAS ESPECIAIS DE EXTINÇÃO DAS
OBRIGAÇÕES
Regras especiais de pagamento/pagamento indireto
b) Consignação em f) compensação;
pagamento; g) transação;
b) pagamento com sub- h)compromisso
rogação; (arbitragem);
c) imputação do pagamento; i) confusão;
d) dação em pagamento; j) remissão.
e) novação;
Pagamento em consignação
oA consignação é o instituto jurídico colocado à disposição do credor
para que promova o depósito da coisa/quantia (e,
consequentemente, exerça o direito de adimplir a prestação) diante
de obstáculo ao recebimento criado pelo credor ou quaisquer
circunstâncias impeditivas de pagamento.
oDevedor – sujeito ativo da consignação – consignante
oCredor – sujeito passivo da consignação – consignatário
o Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou
em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.
Depósito judicial e extrajudicial
oConsignação judicial – depósito judicial.
oConsignação extrajudicial – depósito em
estabelecimento bancário.
Dívida quesível e portável
oDívida quesível – aquela que deve ser cumprida no domicílio
do devedor.
oDívida portável – aquela que deve ser cumprida no domicílio
do credor.

oA regra geral do art. 327 é que, se as partes nada


convencionaram a respeito, o pagamento deve ser feito no
domicílio do devedor. (portanto, dívida quesível)
HIPÓTESES DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO (ART. 335)
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar
receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
 Quando por algum motivo o credor não pode receber a
prestação ou quando há mora do credor no recebimento da
prestação ou na outorga da quitação.
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa
no lugar, tempo e condição devidos;
 Hipótese de inércia do credor em dívida quesível.
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido,
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de
acesso perigoso ou difícil;
- Exemplo: incapaz que não possui representante legal
(não foi interditado), por exemplo.
- Credor desconhecido: quando preciso pagar a alguém
que falece e não há certeza sobre quem são os herdeiros –
ou quando não tem herdeiros.
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente
receber o objeto do pagamento;
 Exemplo: dois possíveis beneficiários de seguro de vida;
herdeiros que dão continuidade ao negócio do pai, mas não
regularizaram inventário.
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
 Exemplo: pedidos em revisional de contrato;
desacordo em contratos de locação; cumprimento de
sentença/execução, quando há desacordo em relação
aos valores executados.
A consignação deve seguir os mesmos ditames do
pagamento direto (art. 335, V do CC.). , inclusive no lugar
estipulado (art. 337 do CC).
Levantamento do depósito
É possível que, mesmo tendo consignado os valores
em depósito judicial ou extrajudicial, o devedor
promova o levantamento, “retome” o valor que havia
depositado sem que seja destinado ao credor;
entretanto, há regras e momentos para que isso
aconteça.
Antes do aceite/contestação do credor: caso mude de ideia, o devedor pode
pedir o levantamento do valor, desde que o credor ainda não tenha declarado
que aceita o depósito (Art. 338), o que não muda a obrigação dele de pagar.
Após o aceite ou contestação do credor: o devedor pode promover o
levantamento com a anuência do credor; entretanto, o credor perde a
preferência e garantia que tinha sobre a coisa; além disso, se não houve anuência
dos codevedores e fiadores, são exonerados da obrigação, ficam esses
exonerados da obrigação (art. 340).
Após julgada procedente a consignação: o devedor só pode promover o
levantamento com consentimento do credor, dos outros devedores e fiadores.
(art, 339).
Contestação do credor
Contestação do credor – art. 544 do CPC
O credor pode alegar:
I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa
devida;
II - foi justa a recusa;
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
IV - o depósito não é integral.
DEPÓSITO DE COISA INCERTA
Se a escolha couber ao credor, abre-se prazo para que ele
escolha a prestação antes de o devedor promover o depósito
(art. 342)

DESPESAS DO DEPÓSITO
◦ Se julgado procedente o pedido: à conta do credor
◦ Se julgado improcedente o pedido: à custa do devedor
OBRIGAÇÃO LITIGIOSA
Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante
consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo
conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento.
- É a hipótese em que o devedor tem a prestação sujeita a mais de uma
pessoa, essas que se intitulam simultaneamente suas credoras; o devedor
precisa, nesse caso, consignar a coisa em juízo para não correr o risco de
ter que pagar novamente a algum deles.
OBRIGAÇÃO LITIGIOSA
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que
se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a
consignação.
 prestações que se vencem no curso do processo que diz respeito
à coisa litigiosa. Basicamente, havendo mais de um credor que se
intitula legítimo, qualquer deles pode requerer a consignação.
PAGAMENTO COM SUB-
ROGAÇÃO
Circunstância me que se substitui uma coisa ou pessoa por outra, com os
mesmos ônus e atributos.
◦ Substituição de coisa – sub-rogação real
◦ Substituição de pessoa – sub-rogação pessoal

Para o direito das obrigações muito importa a sub-rogação pessoal ativa,


que é aquela em favor de pessoa que paga obrigação alheia. A sub-rogação
real é mais aplicável na seara dos direitos reais.
Efeitos da sub-rogação
◦ Liberatório – libera o credor original do vínculo obrigacional
◦ Translativo – translada o vínculo da relação obrigacional originária
para um novo credor.
A sub-rogação pode ser legal ou convencional. O art. 346
aborda as hipóteses de sub-rogação legal, enquanto o art.
347 aborda a sub-rogação convencional.
SUB-ROGAÇÃO X CESSÃO DE
CRÉDITO
SUB-ROGAÇÃO CESSÃO DE CRÉDITO
Para que ocorra é imprescindível que Para que ocorra é prescindível que haja
haja quitação (ao menos parcial) quitação
Os acessórios (frutos e garantias) Os acessórios (frutos e garantias)
seguem a obrigação principal seguem a obrigação principal
Legal ou convencional Convencional
Legal – não necessita notificação do Precisa ser notificada ao devedor para
devedor que tenha eficácia em relação a ele,
Convencional – precisar da notificação mas não impede a eficácia entre
do devedor nocaso do art. 347, I do CC cedente e cessionário.
(plano da eficácia da escala ponteana)

Caráter gratuito Caráter gratuito ou onero$o


É forma de pagamento indireto É forma de transmissão de obrigações
SUB-ROGAÇÃO LEGAL
Abrange somente o valor total que foi despendido pelo novo credor
e os direitos decorrentes a ele se limitam (art. 350 do CC).
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
 Ocorre quando dois credores possuem um devedor em comum; um dos
credores paga ao outro a dívida, de seus próprios recursos; se sub-roga no
lugar do outro e lança o débito que para o devedor, assumindo o lugar do
outro credor.
 Exemplo: ordem de créditos do art. 83 da Lei 11.101/2005
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário,
bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado
de direito sobre imóvel;
Remição da hipoteca. Remição, nesse caso (com “ç”) é a extinção da
garantia; é a liberação do bem das “amarras” da garantia que se dá
quando o devedor paga o débito no qual constituiu uma garantia real.
 A hipótese do artigo ocorre quando alguém vende um bem gravado
com hipoteca. O novo proprietário sabe que a garantia pode ser
executada a qualquer momento e o imóvel tomado se a dívida que
originou a hipoteca deixar de ser paga. O adquirente paga a dívida para
poder ver livre o imóvel que adquiriu.
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia
ser obrigado, no todo ou em parte.
 Fiador.
SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL
É hipótese em que, por lei, não haveria sub-rogação; mas se perfaz,
nesse caso, pela vontade das partes.
Há posicionamentos no sentido de que abrange apenas o limite do
valor desembolsado; e há entendimento no sentido de que abranger
valores além, de acordo com o pactuado pelas partes (receber
multas, etc.)
Art. 347. A sub-rogação é convencional:
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente
lhe transfere todos os seus direitos;
◦ Exemplo: seguro de responsabilidade civil. Por contrato, a seguradora
promove a cobertura dos danos causados ao segurado; mas, em
contrapartida, pode cobrar os prejuízos do causador do dano como se fosse
ela quem os tivesse sofrido.
-> Nesse caso, a sub-rogação é regida pelos dispositivos que tratam
da cessão de crédito (art. 286 a 298), conforme art. 348 do CC.
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa
para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante
sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
- Empréstimo de dinheiro para quitar dívida. Contrato de mútuo (‘empréstimo
de coisas fungíveis’).
IMPORTANTE
◦ O sub-rogado se torna titular de tudo o que cabia ao primeiro credor,
inclusive em relação às garantias (Art. 349) . Isso significa que, em
tese, se o credor anterior era hipossuficiente e beneficiado pela
relação de consumo, pode ocorrer de o credor que assume o “posto”
também se beneficiar da aplicação do Código de Defesa do
Consumidor.
◦ A seguradora, por exemplo, sub-roga-se em todos os direitos do
segurado, inclusive no que se refere à aplicabilidade de todos os
institutos do Código de Defesa do Consumidor (Resp 257.833/STJ).
Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os
direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver
desembolsado para desobrigar o devedor.
 Vedação ao enriquecimento ilícito. Quando há uma sub-rogação
legal, o sub-rogado só pode cobrar aquilo que pagou. A sub-rogação
se limita à quantia paga e não à quantia devida.
Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá
preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens
do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e
outro dever.
 Se o sub-rogado paga parte do débito apenas, ele e o credor
permanecem na posição de credores: o sub-rogado em relação
à parte que pagou e o devedor em relação à parte que ainda
não recebeu.
 Nesse caso, quem tem preferência é em primeiro lugar o
credor de receber o restante dos valores.
IMPUTAÇÃO AO PAGAMENTO
É a indicação de qual débito está sendo pago ao credor, quando o
devedor tem com ele mais de um débito líquido e vencido (art. 352
do CC).
Requisitos:
1) Existência de mais de um débito da mesma natureza em relação
ao mesmo credor e mesmo devedor;
2) Os débitos serem líquidos e vencidos
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas
líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação
de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita
pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.
 Se o devedor não indicar qual das dívidas está pagando, fica
sujeito àquela que o credor escolher para a quitação, a não ser que
tenha havido violência ou dolo.
Se o credor não estipular a imputação, dá-se a quitação
(art. 354 +355):
1) Primeiro dos juros
2) das dívidas líquidas e vencidas;
3) se todas forem líquidas e vencidas, da mais onerosa.
DAÇÃO EM PAGAMENTO
Ocasião em que se presta algo diferente da obrigação devida, com o
fim de extinguir a obrigação, mediante acordo com o credor.
Ainda que o credor não seja obrigado a receber prestação diversa da
pactuada, pode consentir com a substituição das prestações.
Não se confunde com obrigações alternativas (naquelas, já se prevê
a possibilidade contratual de outra prestação, então não seria
necessária a dação, nem a anuência do credor).
Requisitos da dação em pagamento:
◦ A) dívida vencida;
◦ B) consentimento do credor;
◦ C) Entrega de coisa diversa da devida
◦ D) Ânimus solvendi
No caso da obrigação de dar coisa, a dação em pagamento
se regula pelas normas do contrato de compra e venda (art.
357).
Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em
pagamento, a transferência importará em cessão.
 se a coisa dada em pagamento for um título de crédito
(cheque, nota promissória), ocorre a cessão do crédito ali
representado.
Evicção
A evicção acontece quando o adquirente de um bem perde,
total ou parcialmente a posse, a propriedade ou o uso por
meio de decisão judicial ou ato administrativo.
Pode acontecer de o devedor perder a coisa entregue em
dação em pagamento por meio de evicção.
o Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação
primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
NOVAÇÃO
Ocorre quando credor e devedor ajustam uma obrigação nova para
substituir a anterior. O principal efeito decorrente é a extinção da
dívida primitiva, com todos os acessórios e garantias lá previstos.
ELEMENTOS ESSENCIAIS
◦ Obrigação anterior – dívida novada
◦ Obrigação nova – dívida novadora
◦ Intenção de novar – ânimus novandi
ESPÉCIES
-Objetiva (art. 360, I do CPC)
- Substitui o objeto da prestação, mas mantém-se as mesmas
partes.
- As mesmas partes contraem nova dívida para substituir a
anterior.
- Ocorre modificação SUBSTANCIAL do objeto do contrato.
-Subjetiva (art. 360, II e III do CC)
-Subjetiva passiva (inciso II): o novo devedor assume nova
obrigação em relação ao credor; a obrigação é “quitada” em
relação ao devedor antigo e o novo “assume a partir daí”.
-Não é sub-rogação porque não demanda cumprimento
(ainda que parcial) da obrigação de outro para que os papéis
se alterem. A obrigação é outra.
-Caso fosse a mesma, seria chamada de assunção de dívida
ou cessão de débito (art. 299 a 303).
-Subjetiva ativa:
Substitui-se o credor, mas a obrigação é considerada nova;
caso contrário, seria cessão de crédito.
-Subjetiva mista:
Substitui-se o credor e o devedor.
A novação se dá por vontade das partes, mas pode ser expressa ou
tácita.
Quando tácita, é necessário ser possível percebê-la de forma
inequívoca (por isso “tácita mas inequívoca”) – o que geralmente
ocorre quando se vê incompatibilidade entre a obrigação antiga e a
nova obrigação. Caso isso não aconteça, analisa-se como se fossa
uma obrigação “duas etapas”: a primeira obrigação se conjuga à
segunda e vice-e-versa.
◦ Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação
confirma simplesmente a primeira.
Na novação subjetiva passiva é necessária, contudo, a
anuência do credor, já que este não se obriga a aceitar
devedor diverso.
Nesse caso, se o credor aceitar o novo devedor e este se
tornar inadimplente, não pode cobrar nada do devedor
anterior, a não ser que tenha havido má-fé na substituição
(art. 363).
◦ Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de
consentimento deste.
Novação subjetiva passiva – insolvência do novo devedor
Em regra, o devedor anterior não se responsabiliza pela
insolvência do novo devedor.
Entretanto, se o novo devedor for insolvente e a substituição se
der por má-fé do antigo devedor, o credor tem o direito de
ingressar com ação de regresso contra o devedor anterior para
cobrar os valores.
o Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação
regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.
oDevedores solidários que não participam da novação
entre um devedor solidário e o devedor ficam exonerados
da dívida (at. 365 do CC).
O fiador também fica exonerado da dívida se não consentir
com a novação (art. 366 do CC).
Obrigações extintas e nulas não podem ser objeto de
novação; anuláveis podem (a exemplo de contrato firmado
com relativamente incapaz) (art. 367 do CC);
COMPENSAÇÃO
É o meio de pagamento pelo qual a obrigação extingue-se em
relação ao credor em razão de outra obrigação devida pelo credor ao
devedor (credores e devedores umas das outras – art. 368 do CC).
- Dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis (art. 370 do CC).
Coisas fungíveis: não podem diferir em qualidade (que precisa estar
no contrato [art. 371 do CC])
Fiador: o devedor não pode compensar com o fiador, mas o fiador
pode compensar com o credor em favor do afiançado (Art. 372)
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
 Via de regra, a “diferença de causa”, o fato de uma das dívidas decorrer de
ato lícito (Exemplo, de um contrato) e outra de um ato ilícito (indenização em
acidente de trânsito) não impede a compensação.
 Os incisos I a III dizem respeito a débitos que, entretanto, não são passíveis
de compensação em razão de sua causa.
Se a pessoa assume uma dívida e em relação a ela se obriga
a um terceiro, não pode querer utilizar o débito de outro
para compensar com outro credor (art. 376)
oPor exemplo: o contratante do seguro de vida estipula o benefício
em favor de um terceiro, o beneficiário. Se o contratante do
seguro falece e deixou uma dívida, não pode a instituição
compensar com o valor do seguro de vida, já que é destinado aos
herdeiros.
Compensação em cessão de crédito
 Em relação ao devedor (cedido), a cessão passa a ser eficaz a
partir do momento em que é notificado.
 O momento da notificação é o momento cabível para o devedor
alegar exceções pessoais como a compensação; se não informar ao
cessionário da compensação, não poderá opô-la em relação a ele.
◦ Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dos
seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria
podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao
cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente.
A compensação importa a ambas as partes; entretanto,
eventuais valores gastos com despesas para pagamento em
outro lugar não são incluídas na compensação.
Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se
podem compensar sem dedução das despesas necessárias à
operação (Art. 378)
Se a mesma pessoa tiver mais de uma dívida compensável,
aplicam-se as regras da imputação do pagamento (art. 379
do CC).
 Não se admite compensação em prejuízo de terceiro, nem de
crédito já penhorado. No caso do crédito já penhorado, excetua-se a
hipótese em que o direito de compensação já era prévio à penhora.
◦ Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O
devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste,
não pode opor ao exequente a compensação, de que contra o próprio credor
disporia.
CONFUSÃO
Ocorre quando o credor e o devedor acabam por se concentrar na
mesma pessoa.
Acarreta na extinção da obrigação
◦ Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam
as qualidades de credor e devedor.
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou
só de parte dela.
A confusão extingue a dívida no limite daquilo que foi objeto de
confusão, sem qualquer impacto em eventual solidariedade.
◦ Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário
só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no
crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.

Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos


os seus acessórios, a obrigação anterior.
REMISSÃO DAS DÍVIDAS
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a
obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.
 É necessário que o devedor aceite o “perdão”.

Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por


escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-
obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de
adquirir.
Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado
prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção
da dívida.
 o fato de o objeto do penhor ter sido devolvido não leva
ao “perdão” da dívida, mas apenas a renúncia de utilizar tal
bem como garantia do pagamento.
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores
extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo
que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os
outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da
parte remitida.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO SUB-ROGATÓRIA DE RESSARCIMENTO DE
INDENIZAÇÃO (SEGURO). PEDIDO JULGADO PROCEDENTE. RECEBIMENTO DO RECURSO NO EFEITO
SUSPENSIVO. INCIDÊNCIA DO ART. 1012, CAPUT, DO CPC. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. NÃO
CONHECIMENTO. ACIDENTE DISCUTIDO EM DEMANDA DIVERSA. AUTORES E OBJETO DIVERSO.
INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO COM O OBJETO DA AÇÃO. INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA PAGA A SEGURADO. SUB-
ROGAÇÃO DA SEGURADORA NOS DIREITOS DO SEGURADO (CC, ART. 349 E 786). RELAÇÃO ENTRE
SEGURADO E SEGURADORA QUE NÃO OBSTA A SUB-ROGAÇÃO E O EXERCÍCIO DO DIREITO DE REGRESSO
CONTRA O CAUSADOR DO DANO. BOLETIM DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO MENCIONANDO “AVARIA DE
PEQUENA MONTA” QUE NÃO SE PRESTA A DESCONSTITUIR A CONCLUSÃO DA SEGURADORA, QUANTO À
PERDA TOTAL DO VEÍCULO. ORÇAMENTO DANDO CONTA DE QUE O CUSTO DO REPARO SE APROXIMARIA
DO VALOR DE MERCADO DO BEM. EVENTUAL RECUPERAÇÃO E POSTERIOR COLOCAÇÃO DO VEÍCULO EM
CIRCULAÇÃO POR TERCEIROS QUE NÃO DESOBRIGA O CAUSADOR DO DANO A RESSARCIR A SEGURADORA
DA INDENIZAÇÃO QUE PAGOU O SEU SEGURADO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. MAJORAÇÃO DOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA (CPC, ART. 85, §11). RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO
E NÃO PROVIDO(TJPR - 8ª C.Cível - 0004090-59.2017.8.16.0026 - Campo Largo - Rel.: Desembargador
Mário Helton Jorge - J. 11.05.2020)

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