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Direito Civil – Aula 4 – Do Pagamento

Adimplemento / pagamento – artigos 304 e ss.

O Adimplemento é a mola propulsora das obrigações, ele é a mola dinamizadora. Ele atrai e
polariza o direito das obrigações – conforme a doutrina de Clovis do Couto e Silva.

Pagamento é realizar a prestação, não é necessariamente dinheiro, é realizar a


obrigação assumida no contrato.
Esse pagamento pode ser direto quando o próprio bem da vida pactuado é entregue.
No caso do professor o pagamento é dar aula. É a entrega com exatidão da prestação
assumida.
Esse pagamento também pode ser indireto, a Teoria do Pagamento Indireto envolve
um mundo à parte – ela envolve formas alternativas de extinção da obrigação – como a
consignação em pagamento, a imputação, a dação em pagamento, a confusão, a
compensação, a remissão.

Princípio da exatidão ou da verdade da prestação está no artigo 313 CC:


Art. 313 CC – O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda
que mais valiosa.

Temos 5 questões importantes a ser tratadas sobre pagamento:

Quem deve pagar?

Solvens é o autor do pagamento que nada mais é do que aquele que paga. É claro que quem
deve pagar é o devedor ou seu representante legal, em regra o pagamento compete ao
devedor. Porém o Código Civil também permite que um terceiro realize o pagamento.
Repare só: esse terceiro que pode realizar o pagamento é dividido em dois grandes grupos:
O terceiro interessado e o terceiro desinteressado.

O terceiro interessado é aquele que pode sofrer o impacto econômico do não pagamento pelo
devedor, a exemplo do fiador, da seguradora, do sócio, do avalista.
O terceiro interessado pode pagar uma vez que pode sofrer as consequências econômicas do
não pagamento pelo devedor, ele pode ser o fiador, avalista, seguradora. E o terceiro
interessado que paga sub-roga-se a consequência jurídica é a sub-rogação na forma do artigo
346, inciso III CC:

Art. 346 CC – A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:


III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no
todo ou em parte.

Súmula 188
O segurador tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo que efetivamente
pagou, até ao limite previsto no contrato de seguro.

Então se o fiador paga, ele pode cobrar do locatário o valor do aluguel que ele fiador pagou
porque a consequência é a sub-rogação, além disso, vale se atentar ao enunciado da sumula
188 do STF que admite o direito de regresso da seguradora contra o autor do ilícito quando a
seguradora paga.

Então, qual é a consequência jurídica do pagamento da obrigação pelo terceiro interessado? A


sub-rogação:

Art. 346 CC – A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:


I – do credor que paga a dívida do devedor comum;
II – do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro
que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre o imóvel;
III – do terceiro interessado, que paga a divida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou
em parte.

Súmula 188 STF – O segurado tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo que
efetivamente pagou, até ao limite previsto no contrato de seguro.

E o terceiro desinteressado? Ele pode pagar, em nome próprio ou em nome do devedor.


Quando o terceiro desinteressado paga em nome próprio, ele terá direito de regresso contra
o devedor. Quando o terceiro desinteressado paga em nome do devedor ele não tem direito a
nada porque é uma liberalidade.
A quem pagar?
Acipiens, é aquele a quem se deve pagar. É claro que não vale o pagamento que não é feito ao
credor nem ao seu representante legal, salvo se comprovar que se converteu em favor dele.

Mas sobre a figura do Acipiens há duas reflexões importantíssimas:

A primeira diz respeito a figura do credor putativo. Putare em latim significa aparentar ser o
que verdadeiramente não é. Credor putativo é aquele que parece ser credor mas não é. O
Código Civil diz que pagamento de boa-fé a credor putativo é valido e eficaz, libera o
devedor.
Dentro da Teoria da Aparência o devedor não pagou mal, pagou bem, o pagamento é valido e
eficaz. O credor real que vá brigar com o credor putativo.

Art. 309 CC – O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois
que não era credor.

A outra é quanto ao credor incapaz, artigo 310 CC, dispõe o Código Civil brasileiro que não vale
o pagamento realizado ao credor incapaz, salvo que se comprove ter sido conscientemente
feito a ele.

Art. 310 CC – Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o
devedor não provar que em beneficio dele efetivamente reverteu.

Onde pagar?
Regra da Dívida Queráble (quesível) + Devedor.
Exceção: dívida portable que é aquela portável, a ser realizada no domicílio do credor.
A regra é o pagamento no domicílio do devedor, princípio do favor debitoris e a exceção é no
domicilio do credor.

Agora perceba se o contrato indicar mais de um local para o pagamento a escolha do local
competirá ao credor.
Se o contrato indicar o local do pagamento, mas as partes se comportarem ao longo do tempo
admitindo o pagamento em local distinto há uma renúncia tácita ao local do pagamento.
Art. 327 CC – Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes
convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou
das circunstâncias.

Parágrafo único – Designado dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.

Art. 330 CC – O Pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato.

Como pagar?
Princípio da exatidão – eu tenho que pagar na exata forma pactuada sob pena de
inadimplemento ou mora, princípio da identidade da prestação.
O pagador tem direito ao recibo que é a prova do pagamento, se esse recibo não for entregue
o pagador tem o direito de retenção, ou seja, ficar com a coisa até o recibo ser entregue. E
esse recibo comprovará a quitação. O recibo tem a finalidade jurídica dar o efeito liberatório.
Quitação não se confunde com recibo, recibo é o documento, quitação é o efeito liberatório.

Art. 320 CC- A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o
valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o
lugar do pagamento, com assinatura do credor, ou do seu representante.
Parágrafo único – ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de
seus termos ou das circunstancias resultar haver sido paga a dívida.

Quando pagar?
Imediatamente, salvo se as partes disciplinaram em sentido contrário.

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