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Direito Das Obrigações – Aula 9

Prof. Nilton Medeiros

DO ADIMPLEMENTO

A extinção da obrigação é o fim pretendido pelo legislador, após o seu


adimplemento, tanto pelo credor, quanto pelo devedor.

1 Princípios da boa-fé e da probidade

“Art. 422, CC. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na


conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé”.

A boa-fé exige correção durante as tratativas, como na formação do contrato e


o seu cumprimento, da mesma forma que ninguém pode beneficiar-se da
própria torpeza.

Questão prática de aplicação da boa-fé: alguém que compra 10 vacas e sua


entrega será realizada em 15 dias. Nesse período, devem ser alimentadas e
cuidadas adequadamente, mantendo sua saúde até a data de entrega.

A boa-fé é presumida, devendo a má-fé ser provada.

A probidade é decorrente da boa-fé, sendo entendida como a honestidade de


proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres atribuídos.

“Art. 113, CC. Os negócios devem ser interpretados conforme a boa-


fé e os usos do lugar de sua celebração.

[...]

Art. 187, CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.

A boa-fé também é disciplinada no Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 51, CDC, IV. São nulas de pleno direito, entre outras, as
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que: (...) estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas,
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade”.

2 Do pagamento

É o adimplemento de qualquer espécie de obrigação, da forma convencionada.


Ninguém, por exemplo, é obrigado a receber em partes, se foi convencionado o
pagamento em única parcela.

O pagamento pode ser voluntário ou por meio de execução forçada, em razão


de sentença judicial.
O pagamento pode ser, ainda por meio normal, como meios anormais (ex:
prescrição, novação, anulação, compensação...).

Pode ocorrer com a tradição, na prestação de fato, ou na sua abstenção, nas


obrigações de não fazer.

2.1 Sujeitos na relação do pagamento

2.1.1 Por quem é realizado o pagamento

Pagamento deve ser efetuado por pessoa interessada (quem tem interesse
jurídico na extinção da dívida, estando vinculado ao contrato, como fiador,
avalista, herdeiro, adquirente do imóvel hipotecado...).

Art. 304, CC. Qualquer interessado na extinção da dívida por pagá-la,


usando, se o credor se opuser dos meios conducentes à exoneração
do devedor.

Somente consistirá no pagamento exclusivo pelo devedor na obrigação intuitu


personae.

Pagamento por terceiro não interessado:

Art. 304, CC. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não
interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição
deste.

O terceiro não interessado pode realizar o pagamento, às vezes por uma


questão moral ou decorrente de laço familiar ou de amizade (ex: pai que paga
a dívida do filho).

Pagamento efetuado mediante transmissão da propriedade:

Art. 307, CC. Só terá eficácia o pagamento importar transmissão da


propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto, em que
ele consistiu.

A entrega de bem, móvel ou imóvel, em pagamento de dívida que importar


transmissão da propriedade de bem, só terá efeitos se realizada pelo titular do
direito real. Considera realizada a transferência desde o momento em que
ocorreu a tradição.

2.1.2 A quem se deve pagar

Pagamento efetuado diretamente ao credor:

Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o


represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto
quanto reverter em seu proveito.

Não apenas o credor originário como aquele legitimado a receber. Se a dívida


for solidária ou indivisível, qualquer dos cocredores está autorizado a recebe-la.
Há três espécies de representantes do credor: legal, judicial e convencional.
Legal decorre da lei (pais, tutores e curadores), judicial (nomeado pelo juiz
como o inventariante, síndico da falência, administrador da empresa
penhorada) e o convencional (recebe mandato outorgado pelo credor, com
poderes para receber e dar quitação).

Validade do pagamento efetuado a terceiro que não o credor: o pagamento a


quem não ostenta qualidade de credor ou de representação na data em que foi
efetuado o pagamento não tem o efeito liberatório, não exonerando o devedor.

Pagamento efetuado ao credor putativo: é aquele que se apresenta aos olhos


de todos como o verdadeiro credor (art. 309, cc).

CREDOR PUTATIVO. TEORIA DA APARÊNCIA. 1. Pela aplicação da


teoria da aparência, é válido o pagamento realizado de boa-fé a
credor putativo. 2. Para que o erro no pagamento seja escusável, é
necessária a existência de elementos suficientes para induzir e
convencer o devedor diligente de que o recebente é o verdadeiro
credor. STJ.

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