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ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Adimplemento ocorre, em regra por meio do pagamento. Pagamento, portanto, significa cumprimento ou
adimplemento da obrigação.

Princípios aplicáveis ao cumprimento da obrigação:

Princípio da boa-fé: Art. 422 CC

Referido princípio exige que as partes atuem de maneira correta durante as tratativas, formação e cumprimento
do contrato. Guarda relação com o principio de direito que prevê que a ninguém é dado beneficiar-se da própria
torpeza.

Princípio da pontualidade: a prestação deve ser cumprida em tempo, no momento aprazado, de forma
integral, no local e modo devidos. Só a prestação devida, cumprida integralmente desonera o obrigado.

O credor não é obrigado a receber por partes se assim não foi convencionado, ainda que a prestação seja
divisível.
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ESPÉCIES DE PAGAMENTO

O pagamento pode ser direto ou indireto (pagamento por consignação, dação em pagamento, etc)
e pode ser efetuado voluntariamente ou por meio de execução forçada (sentença judicial)

Há o cumprimento da obrigação quando o devedor realiza o pagamento espontaneamente e,


também, quando o faz voluntariamente após notificação ou mesmo no decurso do processo de
execução. Art. 924, II do CPC – a execução se extingue quando a obrigação for satisfeita.
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REQUISITOS DE VALIDADE DO PAGAMENTO

Para que o pagamento produza efeitos, dentre o quais o principal que é o de extinguir a obrigação, devem ser
verificados os seus requisitos essenciais de validade:

a) Existência de vínculo obrigacional; é preciso existir uma obrigação


b) Intenção de solvê-lo, de cumprir a obrigação – a intenção também é requisito essencial ao conceito de
cumprimento, pois sem ela poderia se concluir que houve uma doação (se o ato foi feito com animus donandi).
c) Cumprimento da prestação; d) Pessoa que efetua o pagamento (solvens)
e) Pessoa que recebe o pagamento (accipiens)

O cumprimento da prestação pode ser feita pelo devedor, por seu sucessor ou por terceiro (art. 304 e 305),
exigindo-se a presença do credor, seu sucessor ou de quem de direito os represente (art. 308, CC), considerando
que o pagamento feito a quem não possui a qualidade para receber é indevido. Quem paga mal, paga duas
vezes.
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DE QUEM DEVE PAGAR

“Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios
conducentes à exoneração do devedor.

Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor,
salvo oposição deste.”

 Os terceiros não interessados também podem, se quiserem, realizar o pagamento da obrigação. Não
interessados são aqueles que não possuem interesse jurídico na relação obrigacional e não terão o seu
patrimônio afetado no caso de descumprimento. (Ex: pai que paga a dívida do filho). – Dívida de namorado,
amante, etc

“Art. 305. O terceiro não interessado que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se
do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.”

 A sub-rogação transfere todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo credor em relação à
dívida contra o devedor principal e eventuais fiadores e garantidores.
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RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. DÍVIDA. FALECIMENTO. PAGAMENTO. SOBRINHO.


HERDEIROS. RESPONSABILIDADE. LIMITE. VALOR DA HERANÇA. 1. Trata-se de ação de cobrança
movida por sobrinho contra seus tios, objetivando a condenação dos réus ao reembolso do quanto
despendido no tratamento médico de sua tia, além das despesas com remédios, internação,
sepultamento e produtos destinados aos animais de estimação da falecida. 2. Nos termos do art.
1.697 do Código Civil, ao autor, sendo parente de terceiro grau na linha colateral, não cabia
obrigação alimentar. 3. Ao pagar as despesas em decorrência de obrigação moral e com intenção de
fazer o bem, o recorrente tornou-se credor dos recorridos, nos termos do artigo 305 do Código Civil.
3. Não tendo natureza alimentar o crédito do autor, limita-se a responsabilidade dos réus ao valor da
herança – art. 1.997 do Código Civil. 4. Recurso especial não provido.
(STJ – REsp: 1510612 SP 2014/0196405-8, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de
Julgamento: 26/04/2016, T3 – TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/05/2016)
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DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR

Pagamento deve ser efetuado diretamente ao credor

“Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer
depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.”

 Como refere-se a um direito do credor, ela deve satisfazer obrigação em relação ao credor, por isso é que o
pagamento deve ser feito ao credor ou quem possui poderes para representa-lo.

 Credor, no entanto, não é apenas aquele que originariamente constitui a obrigação, mas também o herdeiro,
o cessionário, o sub-rogado, etc.

 Duas hipóteses em que o pagamento feito a quem não é credor se torna eficaz: a) quando o credor
ratifica o pagamento; b) quando o pagamento, mesmo feito a quem não é credor, reverte-se em benefício
deste (ex: pagamento feito ao irmão do credor que utilizou o dinheiro para pagar a conta de luz do credor).
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CREDOR PUTATIVO

“Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda que provado depois que não era
credor.”

 O credor putativo é aquele que aos olhos do mundo parece ser credor, quando na realidade não o é.

 Porém, se verificado que o devedor tinha conhecimento de que o credor putativo não era, de fato, o credor
da obrigação, agiu o devedor de má-fé e por este motivo o pagamento não é válido.
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CREDOR PUTATIVO

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. SEGURO DPVAT. INDENIZAÇÃO. CREDOR PUTATIVO. TEORIA DA APARÊNCIA.
1. Pela aplicação da teoria da aparência, é válido o pagamento realizado de boa-fé a credor putativo.
2. Para que o erro no pagamento seja escusável, é necessária a existência de elementos suficientes para
induzir e convencer o devedor diligente de que o recebente é o verdadeiro credor.
3. É válido o pagamento de indenização do DPVAT aos pais do de cujus quando se apresentam
como únicos herdeiros mediante a entrega dos documentos exigidos pela lei que dispõe sobre
seguro obrigatório de danos pessoais, hipótese em que o pagamento aos credores putativos
ocorreu de boa-fé.
4. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 1601533/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/06/2016,
DJe 16/06/2016)
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DO OBJETO DO PAGAMENTO

O objeto do pagamento deverá ser o conteúdo da prestação obrigacional. O devedor deve entregar ao credor
exatamente o objeto que se comprometeu a entregar.

“Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.”

“Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a
receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.”

CPC, no art. 916, flexibiliza esta regra ao permitir o parcelamento do pagamento na execução.

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