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ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS

OBRIGAÇÕES

ANTONIO JORGE SANTOS OLIVEIRA

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ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS
OBRIGAÇÕES

 A partir dessa fase, passa-se ao estudo da parte final do direito


das obrigações. Como já foi salientado, as obrigações nascem
para serem extintas, pois existe interesse, tanto do credor,
quanto do devedor, em adimplir a obrigação contraída.
Inclusive, por conta da característica da provisoriedade.
 ADIMPLEMENTO: No Direito Civil, adimplemento, também
chamado de pagamento, compreende uma das formas de
extinção de uma determinada obrigação através do seu
cumprimento pelo devedor.
 Frise-se que este pagamento pode ser feito de forma
VOLUNTÁRIA, ou seja, o devedor cumpra voluntariamente e
de forma FORÇADA, o que analisaremos quando falarmos do
2 inadimplemento das obrigações.
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 PAGAMENTO: é todo ato voluntário, realizado pelo devedor ou


por terceiro, com o objetivo de extinção da obrigação,
exatamente como foi pactuada na sua formação.
 PRINCÍPIOS:
 BOA FÉ OU DA DILIGÊNCIA NORMAL: o princípio basilar de
toda e qualquer relação obrigacional. A ideia da honestidade,
do respeito, etc.
 PONTUALIDADE: o pagamento para gerar a extinção da
obrigação, ele deve ser pontual, ou seja, deve ser realizado,
não só no prazo estipulado, mas como dito, da mesma forma
pactuada.

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 ESPÉCIES:
 PAGAMENTO DIRETO: é aquele que é realizado diretamente
ao credor. Esta é a regra no nosso ordenamento.
 PAGAMENTO INDIRETO: Porém, existem algumas formas de
pagamento que este se realiza, ou seja, existe a extinção da
obrigação, mas aquele não é entregue diretamente ao credor,
como por exemplo, na consignação em pagamento. A dação
em pagamento também é uma forma de extinção do
pagamento, mas em vez de entregar o objeto pactuado, eu
entrego outra coisa e o credor aceita.

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 EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES:


 MODOS NORMAIS: são os modos quando realizado o
pagamento, seja ele direto ou indireto.
 MODOS ANORMAIS: quando a obrigação se extingue, porém
sem a realização do pagamento, como por exemplo, a
prescrição. Outro exemplo é quando existe a anulação da
obrigação.
 REQUISITOS
 EXISTÊNCIA DE VÍNCULO OBRIGACIONAL: toda e qualquer
obrigação, ela precisa ter duas fases, a da formação e da
extinção.
 INTENÇÃO DE SOLVER O DÉBITO:
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 SATISFAÇÃO EXATA DA PRESTAÇÃO;


 PRESENÇA DA PESSOA QUE PAGA (tem que ser o
devedor?)
 CONDIÇÕES DO PAGAMENTO:
 CONDIÇÕES SUBJETIVAS DO PAGAMENTO; quem deve
pagar e a quem se deve pagar.
 CONDIÇÕES OBJETIVAS DO PAGAMENTO: o objeto do
pagamento, a prova do pagamento, o lugar do pagamento e o
tempo do pagamento.

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 A1) QUEM DEVE PAGAR: o devedor principal, o terceiro


interessado ou o terceiro não interessado.
 A1.1) O DEVEDOR PRINCIPAL: ele é o principal interessado
em cumprir a obrigação, uma vez que caso não o cumpra,
poderá recair sobre ele obrigações ainda mais pesadas, ou
seja, o onere ainda mais.
 A1.2) TERCEIRO INTERESSADO ou NÃO INTERESSADO:
como a própria nomenclatura afirma, o que diferem os dois é o
interesse. Frise-se que este interesse é determinado pelo art.
304 do CC. Assim, o terceiro interessado é aquele que tem
interesse jurídico no cumprimento da obrigação, ou seja, ele faz
parte do contrato junto com o devedor, por exemplo, do
7 devedor solidário, do fiador, do avalista.
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 O estudo de ambos terceiros é feito de forma separada, pois a


conseqüência jurídica é distinta.
 Assim, caso o terceiro interessado cumpra a obrigação, surge o
instituto da SUB-ROGAÇÃO (ART. 346, III, CC/02): a sub-
rogação existe, quando existe uma troca de sujeitos, neste
caso, de credores.
 O terceiro não interessado é aquele que não tem nenhum
interesse jurídico no cumprimento da obrigação por parte do
devedor. (ART. 304, PARÁGRAFO ÚNICO, CC/02). Como ele
faz o pagamento de forma voluntária, pois sobre ele não recairá
qualquer penalidade se não o fizer, este não se sub-roga no
direito do credor.
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 Mas ele terá direito a ser restituído? Fora as questões morais,


caso o terceiro não interessado realize o pagamento e a
quitação sai em nome do devedor principal, o terceiro não
interessado nada pode reclamar. Caso contrário, tem direito a
reembolso. (ART. 305 CC/02).
 RECUSA DO CREDOR: (ART. 304 CC/02 – recusa indevida):
neste caso de recusa injustificada, caberá ao devedor ou ao
terceiro não interessado, a consignação em pagamento.
 OPOSIÇÃO DO DEVEDOR: (ART. 306, CC/02): (exemplos de
meios para ilidir a obrigação: prescrição, decadência,
incapacidade ou outra nulidade).

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 TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE: (ART. 307 CC/02):
quando a obrigação consistir em entregar uma coisa, o
pagamento só ocorrerá se quem a entregou for o seu dono, o
seu proprietário.
 A2) A QUEM SE DEVE PAGAR:
 A2.1) CREDOR (ART. 308 CC/02). Deve-se ter atenção, se o
credor inicial é o mesmo do momento do cumprimento –
cessão de crédito. Assim, juridicamente, credor é aquele que
se apresenta como tal no momento do pagamento.
 Possibilidade de ratificação (ART. 308, segunda parte. CC/02)
 PAGAMENTO INVÁLIDO: credor que não pode receber
(representação legal ou judicial). (ART. 310, CC/02)
10  CREDOR PUTATIVO: (ART.309, CC/02): parece credor, mas
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 B) CONDIÇÕES OBJETIVAS DO PAGAMENTO: vimos até o
momento as condições subjetivas do pagamento, ou seja,
vinculada aos sujeitos das obrigações, sendo estudado quem
deve pagar e a quem se deve pagar. Passaremos agora ao
estudo das condições objetivas do pagamento, isto é, o objeto
da relação obrigacional.

 B1) QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS OBJETIVOS DO


PAGAMENTO?

 B1.1) OBJETO E A SUA PROVA
 B1.2) LUGAR
11  B1.3) TEMPO
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 B1.1) O objeto do pagamento é o cumprimento da prestação
conforme foi convencionada, que pode ser uma obrigação de
dar, fazer ou não fazer. Frise-se que quando da formação da
obrigação até o seu cumprimento, podem-se mudar o credor e
o devedor (cessão de crédito e assunção de dívida,
respectivamente), porém o objeto da prestação deve
permanecer, isto é, não se pode alterar o objeto da prestação,
devendo existir o cumprimento conforme pactuado. (ART. 313
CC/02)
 OBS1: Frise-se que no mundo dos fatos isso pode acontecer
mediante concordância dos sujeitos, mas caso aconteça, estar-
se-á diante de uma forma de pagamento especial, A DAÇÃO
EM PAGAMENTO.
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 OBS2: Caso os sujeitos tenham convencionado o que a
doutrina chama de objeto complexo ou múltiplo, que nada mais
é quando os mesmos tiverem convencionado a entrega de
vários objetos ou ainda de várias prestações, o pagamento só
ocorrerá com o cumprimento integral.
 OBS3: ART. 314CC/02: Quando a obrigação for divisível, ou
seja, pode ser partilhada em várias parcelas sem alteração da
sua substancia ou do valor econômico, em tese, se poderia
realizar o pagamento de forma “parcelada”. Ocorre que, caso o
pagamento tenha sido convencionado de uma só vez, o
devedor só se exime com o pagamento integral. E se o credor
aceitar?

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 DÍVIDA EM DINHEIRO: quando a obrigação se extinguir com o
pagamento em dinheiro, a lei traz algumas peculiaridades.
Inicialmente, cumpre destacar que até o ano de 1933, era possível
o pagamento com qualquer moeda que fosse pactuada. A partir da
promulgação do decreto nº 23.501/33, a norma estipulou a
obrigatoriedade de pagamento em moeda corrente oficial (moeda
de curso forçado) – ART. 315 CC/02.
 Observe-se que a norma reafirma tal impossibilidade, conforme se
observa no art. 318 CC/02 – Lei nº 9.069/95 (moeda nacional o
real). Exceções: relações comerciais de importação e exportação
ou ainda um dos sujeitos ter domicílio em outro país.
 PRINCÍPIO DO NOMINALISMO: o referido princípio informa que a
convenção pode até ser realizado em moeda estrangeira, porém o
pagamento é obrigatório em moeda oficial do país.
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 POSSIBILIDADE DE AUMENTO SUCESSIVO (ART. 316
CC/02): o índice deve ser predeterminado (correção monetária).
 TEORIA DA IMPREVISÃO: de forma excepcional, o código
admite uma possibilidade de alteração do objeto da obrigação
contra a vontade do credor. (ART. 317 CC/02). Ocorre que, para
isto acontecer, necessário se faz a presente de alguns
requisitos, como os fatos imprevisíveis, que tornam a obrigação
do devedor excessivamente onerosa, gerando um
enriquecimento exagerado pelo credor. (Ex: ação revisional de
aluguel por conta da pandemia)
 PROVA DO PAGAMENTO: (ART. 319): é a prova do
pagamento que gera a extinção do pagamento. Isto quer dizer
que nada adianta eu pagar a pessoa certa, com o objeto
15 pactuado, se não puder provar que este pagamento foi
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 QUITAÇÃO: declaração realizada de forma unilateral pelo
credor, atestando o cumprimento da obrigação assumida pelo
devedor. Caso o credor se recuse a fornecer o recibo, surge o
direito previsto na segunda parte do art. 319 e do art. 335, I
(consignação em pagamento) ambos do CC/02.
 REQUISITOS DA QUITAÇÃO: (art. 320 CC/02): Pode ser feito
em instrumento público ou particular:
 Valor e espécie da dívida
 Nome do devedor ou do terceiro, interessado ou não, que
realizou o pagamento;
 Tempo e lugar o pagamento;
 A assinatura do credor ou do seu representante legal.
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 E se houve o pagamento e não foi pega a quitação? Em regra,
pagou mal, paga duas vezes. Porém existe o chamado
PRINCÍPIO DA RELATIVIZAÇÃO DA QUITAÇÃO (parágrafo
único, ART 320 CC/02)
 PODE HAVER A DESNECESSIDADE DA QUITAÇÃO? O CC
admite que alguns pagamentos sejam presumidos, ou seja, não
é necessária a quitação para comprovar o cumprimento da
obrigação.
 Frise-se que esta PRESUNÇÃO DE PAGAMENTO é uma
PRESUNÇÃO “JURIS TANTUM” (ADMITE-SE A PROVA EM
CONTRÁRIO)
 ART. 324 CC/02 – TÍTULO DE CRÉDITO
 OBS: ART. 321 CC/02 – O TÍTULO NÃO EXISTE MAIS
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 OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO: (ART. 322 CC/02)
 ART. 323 - se o credor passar o recibo de que o devedor
pagou o capital, presume-se que também quitou os juros.
 B1.2) LUGAR DO PAGAMENTO: A regra geral é que quando
da formação da obrigação, os sujeitos irão pactuar livremente o
lugar do pagamento.
 E SE NO ACORDO INICIAL NÃO TIVER SIDO ESTIPULADO
O LUGAR DO PAGAMENTO? (ART. 327 CC/02)

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 Inicialmente cumpre destacar que existem dois tipos de dívidas,
a QUÉRABLE (quesível), que é cumprida no domicílio do
devedor. Assim, o credor é que deve vir “buscar” o pagamento.
Isto tem total importância em relação ao inadimplemento. Este
tipo de dívida é a regra, ou seja, se nada ficar estipulado a
dívida é quesível. Por quê? O devedor já é bastante
“penalizado”, pois é ele que vai ter o ônus do pagamento.
 A dívida PORTABLE (portável) é aquela que o pagamento deve
ser cumprido no domicílio do credor. Para que esta dívida
exista, deve ser expressa no pacto.

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 FATORES QUE PODEM TRANSFORMAR O LUGAR DO
PAGAMENTO:
 A PRÓPRIA LEI: (ART. 328 CC/02): Ex: entrega do bem imóvel.
 MOTIVO GRAVE: (ART. 329 CC/02): Ex: imagine que a dívida é
portável e o devedor deve levar à fazenda do credor 50 bois.
Ocorre que a única ponte que leva à fazenda ruiu por conta das
chuvas e não consigo cumprir a obrigação naquele lugar.
 PRESUNÇÃO DA RENÚNCIA (ART. 330 CC/02): para que a
dívida seja portável, necessária a previsão expressa. Ocorre que,
por algum motivo, o credor passa a ir ao encontro do devedor,
sendo este realizado no seu domicílio. Dessa forma, presume-se
(“presunção júris tantum”) a renúncia da dívida portável. Precisa
ser reiterada. O contrário também pode acontecer.
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 MAIS DE UM LUGAR: (PARÁGRAFO ÚNICO, ART. 327 CC/02): se
for possível o pagamento em mais de um lugar, a regra é que o credor,
em tempo hábil, o escolha.
 B1.3) TEMPO DO PAGAMENTO: este tempo pode ser em dias, horas,
em horário comercial, etc. Assim, todas estas circunstâncias devem
ser observadas quando da formação da obrigação.
 OBS1: Frise-se que a data do inadimplemento ocorre no primeiro dia
após o prazo estipulado.
 OBS2: OBRIGAÇÕES A TERMO: neste tipo de obrigação, não
existem dúvidas acerca do tempo do pagamento, pois nela já está
estipulada esta questão. (evento futuro e certo)
 E SE NÃO HOUVER O TERMO NO PACTO? QUAL SERÁ O TEMPO
DO PAGAMENTO? Caso isso ocorra, o pagamento deverá ser
realizado após a notificação do devedor. (ART. 331 CC/02)
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 OBS: OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS (evento futuro e incerto) ART.
332 CC/02 – a data do pagamento ocorre quando a condição se
efetivar.
 EXCEÇÕES: (ART. 333 CC/02) Não se pode exigir que o devedor
cumpra a sua obrigação antes do vencimento, a não ser que:
 FALÊNCIA DO DEVEDOR: o devedor ser insolvente (lei de
recuperação judicial)
 BENS DADOS EM GARANTIA SENDO PENHORADO
 GARANTIAS INSUFICIENTES: ex: falecimento do fiador ou perda total
do carro dado em garantia.
 PAGAMENTO ANTECIPADO: a regra é que se o prazo foi
estabelecido em favor do devedor, esse pagamento pode ser
antecipado. Ocorre que, caso o prazo tenha sido estabelecido em
favor do credor, nessa situação, apenas se o credor aceitar. Ex:
22 compra dos móveis para a casa.

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