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Uma obrigação é um fenômeno jurídico que ocorre a todo momento, que nasce e se extingue a
todo instante. Enquanto estamos aqui apresentando este trabalho, existem inúmeras obrigações,
contratos, atos ilícitos, etc., acontecendo lá fora na rua em qualquer lugar. Vocês hoje, por
exemplo, celebraram algum contrato, assumiram alguma obrigação, compraram alguma coisa,
tomaram algo emprestado de alguem, tambem usaram o telefone? Bom acredito que sim, então
vocês hoje fizeram acontecer uma obrigação jurídica.
Conceito: num conceito mais simples, pagamento é a morte natural da obrigação, ou a realização
real da obrigação, mas nem sempre em dinheiro (ex: A paga a B para pintar um quadro, de modo
que a obrigação de B será fazer o quadro, o pagamento de B será realizar o serviço). O leigo
tende a achar que todo pagamento é em dinheiro, mas nem sempre, pois em linguagem jurídica
pagar é executar a obrigação, seja essa obrigação de dar uma coisa, de fazer um serviço ou de se
abster de alguma conduta (não-fazer).
Num conceito mais completo, pagamento é o ato jurídico formal, unilateral, que corresponde à
execução voluntária e exata por parte do devedor da prestação devida ao credor, no tempo, modo
e lugar previstos no título constitutivo. Vamos comentar este conceito:
- formal: o pagamento é formal pois a prova do pagamento é o recibo; tal recibo em direito é
chamado de quitação, e deve atender às formalidade do art. 320. Muitas vezes, em pequenos
contratos, nós não pedimos recibo pra não perder tempo, é um hábito que nós temos e vocês
sabem que o costume é também uma fonte do direito. Falaremos mais da quitação adiante.
- prestação: é o objeto da obrigação, e vocês já sabem que tal prestação é uma conduta humana,
pode ser um dar, um fazer ou um omitir-se (não-fazer). Pagar é cumprir esta prestação.
- tempo, modo e lugar: o pagamento precisa atender a estas regras previstas no contrato na lei ou
na sentença que fez nascer a obrigação, respeitando a data, o lugar e a maneira de pagar.
Regras do pagamento: 1) satisfação voluntária e rigorosa da prestação (dar uma coisa, fazer um
serviço, ou abster-se de uma conduta) porque o pagamento é exato; 2) o credor não pode ser
obrigado a receber prestação diferente, ainda que mais valiosa (art. 313); o credor pode aceitar
receber prestação diferente, mas não pode ser forçado a aceitar (356); 3) o credor não pode ser
obrigado a receber por partes uma dívida que deve ser paga por inteiro (314); esta regra tem duas
exceções, no art. 962, que dispõe sobre o concurso de credores, assunto do final do semestre, e
no art. 1.997, que dispõe sobre pagamento pelos herdeiros de dívida do falecido, assunto de Civil
7.
Quem deve pagar? O devedor, mas nada impede que um terceiro pague, afinal o credor quer
receber. Se o devedor quer impedir que um terceiro pague sua dívida deve se antecipar e pagar
logo ao credor. Em geral para o credor não importa quem seja o solvens, quem esteja pagando.
Solvens é o pagador, seja ele o devedor ou não, e o accipiens é quem recebe o pagamento, seja
ele o credor ou não. Se a obrigação for personalíssima (ex: A contrata o cantor B para fazer um
show), o solvens só pode ser o devedor. Mas se a obrigação não for personalíssima, o credor vai
aceitar o pagamento de qualquer pessoa. Para evitar especulações ou constrangimentos, a lei trata
diferente o terceiro que paga por interesse jurídico do terceiro que paga sem interesse jurídico,
apenas por pena ou para humilhar. Assim, o terceiro que paga com interesse jurídico (ex: fiador,
avalista, herdeiro) vai se sub-rogar nos direitos do credor (349, veremos sub-rogação em breve).
O terceiro que paga sem interesse jurídico (ex: o pai, o inimigo, etc) vai poder cobrar do devedor
original, mas sem eventuais privilégios ou vantagens (ex: hipoteca, penhor, 305). Em suma, o
terceiro interessado tem reembolso e sub-rogação nos eventuais privilégios, já o terceiro
juridicamente desinteressado só tem direito ao reembolso.
A quem se deve pagar? Ao credor, ou a seu representante, sob pena do pagamento ser feito outra
vez, pois quem paga mal paga duas vezes (308). Se o credor é menor ou louco, pague a seu pai
ou curador, sob pena de anulabilidade (310). Credor putativo: é aquele que parece o credor mas
não o é (ex: A deve a B, mas B morre e deixa um testamento nomeando C seu herdeiro, então A
paga a C, mas depois o Juiz anula o testamento, A não vai precisar pagar novamente pois pagou
a um credor putativo; C é que vai ter que devolver o dinheiro ao verdadeiro herdeiro de B, 309).
Idem no caso do 311, pois se considera um representante do credor aquele que está com o recibo,
embora depois se prove que tal accipiens furtou o recibo do credor; neste caso o devedor não vai
pagar outra vez, o credor deverá buscar o pagamento do accipiens falso.
Como se prova o pagamento? Já dissemos, com o recibo/quitação. Quitação vem do latim
“quietare”, que significa aquietar, acalmar, tranqüilizar. Quitação é o documento escrito em que
o credor reconhece ter recebido o pagamento e exonera o devedor da obrigação. A quitação tem
vários requisitos no art. 320, mas em muitos casos da vida prática a quitação é informal/verbal e
decorre dos costumes (ex: compra e venda em banca de revista/bombom). Se o credor não quiser
fazer a quitação, o devedor poderá não pagar (319). Mas pagar não é só uma obrigação do
devedor, pagar é também um direito, pois o devedor tem o direito de ficar livre das suas
obrigações, é até um alívio para muita gente pagar seus débitos. Assim, o devedor pode
consignar/depositar o pagamento se o credor não quiser dar a quitação, e o Juiz fará a quitação
no lugar do credor. Veremos em breve pagamento em consignação. Espécies de quitação: 1) pela
entrega do recibo, é a mais comum; 2) pela devolução do título de crédito (324), assunto que
vocês vão estudar em Direito Empresarial/Comercial.
Ônus da prova: quem deve provar que houve pagamento? Se a obrigação é positiva, ou seja, de
dar e de fazer, o ônus da prova é do devedor, assim se você é devedor, guarde bem seu recibo. Se
a obrigação é negativa o ônus da prova é do credor, cabe ao credor provar que o devedor
descumpriu o dever de abstenção, pois não é razoável exigir que o devedor prove que se omitiu,
e mais fácil exigir que o credor prove que o devedor deixou de se omitir, fazendo o que não
podia, descumprindo aquela obrigação negativa
Do Pagamento em Consignação
Iniciamos o Resumo da Extinção das Obrigações no Código Civil pelo
pagamento em consignação.
Demais regras
Coisa indeterminada – escolha do credor (Art. 342): será ele citado para
esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que
o devedor escolher
Classificação
Bizu:
Sub-rogação X Cessão
A sub-rogação costumeiramente é confundida com a cessão de crédito,
vamos diferenciar os institutos de forma esquemática:
Sub-rogação X Cessão
Depende de pagamento?
Sub-rogação -> Sim
Cessão de crédito -> Não
Visa lucro?
Sub-rogação -> Não
Cessão de crédito -> Sim
Da Imputação do Pagamento
Continuemos o Resumo da Extinção das Obrigações no Código Civil.
Requisitos:
3º – Determinação legal
Da Dação em Pagamento
Sabemos do princípio da identidade do pagamento que o credor não é
obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais
valiosa (Art. 313).
Da novação
A novação possibilita às partes substituírem uma obrigação por uma
nova, nesse sentido a novação extingue os acessórios e garantias da dívida,
sempre que não houver estipulação em contrário (Art. 364), além disso ela
poderá ocorrer de forma expressa ou tácita (Art. 361).
Da Compensação
A compensação acontece quando duas pessoas são ao mesmo tempo
credor e devedor uma da outra, assim ocorre a extinção das duas
obrigações, até onde se compensarem (Art. 368)
Líquidas
Vencidas
Coisas fungíveis*
Sem prejuízo a terceiro (Art. 380)
Demais regras
Da Confusão
A confusão ocorre quando na mesma pessoa se confundam as qualidades
de credor e devedor, assim extinguirá a obrigação (Art. 381). Ex. Uma
empresa devedora é incorporada pela credora.
Não confunda:
Remissão -> Perdoar
Remição -> Pagar
Considerações Finais
Chegamos ao final do Resumo da Extinção das Obrigações no Código Civil,
espero que tenham gostado.
Vale ressaltar a importância da leitura da lei seca, assim não deixe de praticá-
la.
CC/2002